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Prática como Componente Curricular

Curso de Licenciatura em Física

Prática 2

Proposta de ensino de Gravitação Universal

para alunos do Ensino Médio

Aluno: Rodolfo Teixeira Martins

RA: 1941625
Introdução

Dentro dos conteúdos de física abordados no ensino médio, o estudo da Gravitação


Universal ocupa um lugar de destaque, pois trata de um assunto que transcende a mera explicação
de fenômenos naturais e adentra a relação subjetiva entre homem e mundo. A transição da teoria
heliocêntrica para a geocêntrica, seguida pelo estabelecimento de um dos mais sólidos paradigmas
em toda a história da ciência, a teoria Newtoniana, é um ótimo exemplo de como avança o
conhecimento científico: não através de verdades imutáveis e pré-estabelecidas, mas da
observação, experimentação e erro. Uma proposta do ensino da gravitação que inclua história da
ciência deve permitir não apenas uma melhor compreensão dos conceitos físicos a serem
abordados, como do método científico em geral.

Desse modo, propõe-se a realização de um curso voltado para os alunos do primeiro ano
do ensino médio, inicialmente previsto para seis aulas de cinquenta minutos cada, podendo esta
duração ser posteriormente revista a fim de melhor se adaptar à disponibilidade de tempo do
professor que estiver ministrando o projeto. Neste curso, o conteúdo programático de gravitação
para o ensino médio será desenvolvido de maneira integrada com alguns tópicos da história da
gravitação.

Objetivos

Como objetivos principais, deseja-se ao final do curso que:

1) Os alunos abandonem antigas concepções errôneas sobre gravitação, tornando-se


capazes de explicar, em suas próprias palavras, alguns fenômenos naturais.

2) Os alunos saibam o que é um paradigma na ciência e de que maneira se comporta, de


modo geral, o conhecimento científico.

Além disso, espera-se que os alunos sejam capazes, ao final do curso, de resolver
exercícios teóricos e numéricos envolvendo as três leis de Kepler e a lei de Newton da
Gravitação Universal.
Proposta

A proposta de ensino será desenvolvida em seis aulas, sendo cada uma delas detalhadas
nos tópicos a seguir. Ao final, na Tabela 1, encontra-se um resumo do curso previsto, contendo
os objetivos, as atividades, a avaliação e o dever-de-casa previstos para cada aula.

1ª aula

Nesta aula, será feita uma motivação inicial para o estudo da disciplina. Serão feitas aos
alunos as perguntas “o que é gravitação?” e “por que estudar gravitação?”, visando mapear suas
concepções e expectativas sobre o tema. Será feita uma breve introdução histórica, apresentando
alguns modelos do cosmos de civilizações antigas. Caso a escola possua equipamento audiovisual,
será exibido um trecho do primeiro episódio do seriado Cosmos, com narração do astrofísico Neil
DeGrasse. No trecho escolhido, a série trata sobre as contribuições de Giordano Bruno para a
astronomia. Ao final da aula será aplicado o seguinte questionário de avaliação inicial, o qual
deverá ser retomado na aula 4:

Questionário inicial

1) O que diz a lei da gravitação?

2) Existe gravidade no espaço?

3) Por que existem as estações do ano?

4) Qual o formato da órbita da Terra ao redor do Sol?

Tarefa da 1ª aula: Cada grupo deverá construir um dos modelos antigos (desenho ou
maquete simples). Poderão ser escolhidos os seguintes modelos: civilizações antigas (babilônica,
hebraica), Ptolomeu, Aristóteles, Newton.

2ª aula

Na segunda aula, serão introduzidas as leis de Kepler. O professor deverá levar um barbante
ou equivalente para a sala e pedir a ajuda dos alunos para construir uma elipse, permitindo que
visualizem e entendam o que é uma elipse. Serão passados os significados de órbita,
excentricidade, periélio e afélio. Devido à grande quantidade de conteúdos desta aula, os exercícios
sobre o assunto deverão ficar para casa ou para uma futura aula de exercícios.

3ª aula

Nesta aula, serão abordadas as contribuições históricas de Galileu e Aristóteles, deixando


claro que, apesar de muitos conceitos defendidos por eles terem sido substituídos posteriormente,
foi graças a essas ideias “erradas” que muito da ciência se desenvolveu.

Para ilustrar a queda de corpos no vácuo, o professor deverá mostrar uma pena
(preferencialmente grande o suficiente para ser vista por todos os alunos) e perguntar qual objeto
cai primeiro, a pena ou o caderno, procedendo com o simples experimento em sala de aula,
mostrando que os corpos caem juntos (basta colocar a pena sobre o caderno).

Após o experimento da queda dos corpos, o texto O que é um paradigma? (anexo) deverá
ser lido pelos alunos, para que compreendam um importante conceito, estabelecido pela primeira
vez por Thomas Kuhn em A Estrutura das Revoluções Científicas (1962). Ao final da aula, será
enunciada a lei de Newton da gravitação, contudo sem resolver exemplos numéricos. Não haverá
tarefa para a casa nesta aula.

4ª aula

Na quarta aula será apresentado o modelo de Newton, explicando como acontecem as


estações do ano e o movimento de marés. Caso a escola possua equipamento audiovisual, deverá
ser exibido um vídeo curto sobre o experimento de Cavendish, que comprovou a lei newtoniana e
calculou o valor da Constante da Gravitação Universal. Ao final da aula, o professor deverá
selecionar e resolver alguns exercícios do assunto e, por último, passar novamente o questionário
inicial, a fim de avaliar a evolução dos alunos ao longo do curso. Como atividade para casa, serão
escolhidos exercícios do material didático.

5ª aula

Na quinta aula, o assunto abordado ainda será a teoria newtoniana. Deve ser uma aula com
uma boa quantidade de exercícios resolvidos (recomenda-se um mínimo de 3). Para tornar a aula
mais atrativa, o professor pode fazer a pergunta “estamos todo caindo?” e introduzir, a partir daí,
os conceitos de velocidade de escape e movimento orbital. Novamente, exercícios do material
didático serão escolhidos para a tarefa-de-casa.

6ª aula

Na última aula prevista do curso, deverá ser concluída a exposição da teoria newtoniana.
Caso ache necessário, o professor poderá falar da força centrífuga e sua relação com a variação do
peso aparente conforme se varia a latitude. Para concluir, deve ser feita uma revisão dos conceitos
abordados no curso e a apresentação de alguns problemas que não podem ser resolvidos pela teoria
newtoniana, a fim de deixar claro as limitações de uma teoria científica. Uma prova teórica poderá
ser marcada após a conclusão do curso, a fim de avaliar os alunos. É importante que a prova
contenha problemas teóricos e numéricos.

Tabela 1 - Resumo do curso

Aula Objetivos Conteúdo e atividades Avaliação Dever-de-casa


1 • Despertar o • Introdução histórica. Questionário A turma será
interesse sobre o • Modelos do cosmos de inicial. dividida em grupos e
tema. civilizações da cada grupo deverá
• Mostrar como as Antiguidade. construir um modelo
concepções • Exibição de trecho do planetário (desenho).
evoluíram. seriado Cosmos.
2 • Introduzir as Leis • Desenho de elipses na Exercícios do
de Kepler. sala de aula usando um material didático
• Explicar o que é barbante. (livro ou apostila) –
uma elipse. • Enunciado das 2 Leis de Kepler.
primeiras Leis de Kepler.
• Excentricidade das
órbitas, conceito de
periélio e afélio.
• 3ª Lei de Kepler.
3 Explicar o • As contribuições de
surgimento do Aristóteles e Galileu.
paradigma • Experimento: pena e
newtoniano. caderno.
• Leitura: o que é um
paradigma?
• Formulação da Lei da
Gravitação de Newton.
4 • Apresentar o • 3 em 1: todas as Leis de Repetição do Exercícios do
modelo de Newton. Kepler podem ser questionário material didático
• Explicar como derivadas da Lei da inicial para (livro ou apostila).
ocorre o movimento Gravitação de Newton. avaliar a
das marés e as • Testando a gravidade: evolução dos
estações do ano. experimento de alunos.
Cavendish.
• Exercícios resolvidos.
5 Mostrar como a • Estamos todos caindo? Exercícios do
teoria de Newton Conceito de velocidade de material didático
responde a várias escape e velocidade (livro ou apostila).
perguntas. orbital.
• Campo gravitacional e
energia gravitacional.
6 • Concluir a • Força centrífuga – Prova escrita
exposição da teoria variação do peso com a teórica
newtoniana. latitude.
• Apresentar • O que é um buraco
problemas que não negro?
podem ser • Revisão dos conceitos.
resolvidos pela • Perguntas ainda não
teoria vigente. respondidas.
Anexo

O que é um paradigma?

A palavra paradigma tem sua origem no grego parádeigma (παράδειγμα), que significa
modelo ou padrão. Uma das pessoas responsáveis por popularizar o uso desta expressão foi o
historiador e físico Thomas Kuhn, que definiu que “no seu uso estabelecido, um paradigma é um
modelo ou padrão aceito”.

A pesquisadora Renata Rodrigues de Araújo escreve em seu artigo, sobre o conceito de


paradigma: “(..) o homem lê o mundo conforme seus paradigmas e consegue, com essa ‘lente’,
distinguir o certo e o errado, ou ainda, saber o que é cientificamente aceito ou não pela comunidade.
Os paradigmas sempre orientaram nossas escolhas, nossos olhares.

A ciência é uma das formas, não a única, do conhecimento produzido pelo homem no
decorrer de sua história, sendo, portanto, determinada pelas condições materiais do homem. Nas
sociedades mais remotas, a ciência caracteriza-se por ser a tentativa do homem compreender e
explicar racionalmente a natureza. Esta forma de compreender e explicar é que muda de tempos
em tempos.

O primeiro paradigma da ciência é marcado por um período caracterizado pelos mitos,


cujas explicações dos fenômenos naturais eram atribuídos ao divino, aos deuses, e a verdade era
uma revelação divina incontestável. (...) Posteriormente, esse paradigma deu lugar a outro
pensamento que marcou os séculos VIII a VI a.C. na Grécia Antiga, denominado de Era da Teoria
do Conhecimento Clássico. Nesse período acreditava-se que natureza tem uma ordem, uma causa
e um efeito e tudo podia ser explicado como parte dela, pois a verdade está nela contida. A verdade,
portanto, se daria pelo uso da razão. Desta forma, a ciência caracteriza-se pela abordagem racional,
discursiva e demonstrativa.”

Exemplos de paradigmas na ciência atual:

- Na biologia: Evolucionismo (Darwin).

- Na física: Relatividade (Einstein).

- Na economia: Lei da oferta e da demanda.

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