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Evolução Estelar
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Condições Físicas no Interior Estelar

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Edson Pereira Gonzaga

Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Condições Físicas no Interior Estelar

Fonte: Getty Images


Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Introdução;
• Equilíbrio Hidrostático;
• Energia Estelar;
• Estado Físico da Matéria;
• Matéria Degenerada.

Objetivos
• Compreender o equilíbrio hidrostático. Recordar os estados físicos da matéria visando ao
entendimento da matéria contida nas estrelas.

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Condições Físicas no Interior Estelar

Contextualização
A vida como a conhecemos é devida, parcialmente, ao Sol, que fornece luz, aquece e
tem mantido a Terra girando em sua órbita por mais de 4,5 bilhões de anos.

Sabemos que o Sol é uma estrela e por definição, as estrelas são bolas de gás que
emitem grande quantidade de energia; portanto, o Sol fornece energia para todo o sis-
tema Solar.

Então, tudo que os astrônomos sabem sobre as estrelas surgiu com o estudo do Sol,
e mesmo para o Sol só se pode medir sua massa, sua luminosidade, seu raio e sua com-
posição química nas camadas externas. Ainda assim, é possível pensar na estrutura de
uma estrela com estes parâmetros, porque dispomos da constância das estrelas por lon-
gos períodos de tempo. Mesmo as estrelas variáveis apresentam estabilidade da estrutu-
ra média por longos anos. A existência de algas fósseis na Terra com mais de 1 bilhão de
anos e fósseis de até 3,5 bilhões de anos são evidências de que a temperatura da Terra
não pode ter mudado muito em relação à temperatura atual. Portanto, o interior das
estrelas precisa estar em equilíbrio para que as características mencionadas ocorram.

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (BRASIL, 1998) constam a evolução


das estrelas, anãs brancas, gigantes vermelhas, estrelas de nêutrons e buracos negros
como conteúdos a serem abordados na educação básica.

A ideia de compreender as estrelas e a relação com os demais corpos celestes é algo


que intriga e que permite estudos desde os mais simples aos mais complexos, já que são
muitos os questionamentos, como, por exemplo: qual a origem do carbono? O Sol não
é responsável por isto, pois ao que consta, os elementos em sua superfície já estavam lá
desde sua origem.

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Introdução
De acordo com Smirnov e Oliveira (2015), uma estrela é considerada como uma
esfera massiva de plasma, mantida pela força de gravitação própria. A estrutura interna
das estrelas é complexa e depende de sua massa estelar.

Para esse estudo, precisamos compreender alguns aspectos, por isso a maneira como
Smirnov e Oliveira (2015) mencionaram uma estrela anteriormente pode ser explorada
melhor ao se pensar na gravitação própria de uma estrela e em sua massa.

Então, podemos afirmar que as estrelas se mantêm por gravitação? De certa maneira
sim, existe em seu interior uma atração exercida em cada ponto da estrela por todos os
outros pontos. É claro que se essa fosse a única força atuando, todas as estrelas teriam
se colapsado ou estariam se colapsando em direção ao centro. Então, a gravitação não
é a única força existente em seu interior.

Podemos dizer que ao mesmo tempo em que ocorrem ações de forças gravitacionais
em seu interior, ocorrem também as resistências devido à pressão térmica interna. Essas
duas forças são basicamente o que determina a estrutura estelar: elas devem estar em
equilíbrio para que a estrela se mantenha estável, ou seja, quando uma aumenta a outra
também aumenta e quando uma diminui a outra também diminui.

Na classificação de estrelas, conforme o Diagrama Hertzsprung-Russell (H-R), fora da sequ-


ência principal são distinguidas estrelas de tipos: subgigantes, gigantes, gigantes verme-
lhas, supergigantes, gigantes brilhantes e anãs brancas. Nas estrelas destes tipos, a energia
é gerada principalmente pelo mecanismo de fusão nuclear.

Considerando que uma estrela com 1,0 massa solar é uma estrela, em termos de mas-
sa, correspondente ao Sol, podemos pensar que um dos critérios para a organização das
estrelas no Diagrama Hertzsprung-Russell (H-R) é a utilização da massa solar (M). Estre-
las de massa solar entre 0,5 M e 1,5 M são estrelas similares ao Sol e fazem parte da se-
quência principal do Diagrama H-R, incluindo em sua estrutura interna estelar: um núcleo,
uma zona de radiação e uma zona de convecção. As estrelas chamadas de massivas, por
exemplo, maiores que 1,5 M, possuem núcleo convectivo acima. Nas estrelas de massa
menor de 0,5 M, a zona de radiação é ausente (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2014).

Vale dizer que nas estrelas da sequência principal a energia está sendo gerada pela
reação nuclear de hidrogênio em hélio através de fusão nuclear em seu núcleo. Por isso
que átomos, ou elementos, a partir dos quais a vida como a conhecemos foi criada, não
podem ter surgido das reações nucleares no interior do Sol.

As partes mais internas das estrelas funcionam como poderosos reatores de fusão
nuclear. Os processos de fusão, como o nome indica, fundem núcleos de elementos,
transformando-os em novos núcleos, ou novos elementos.

Veja o diagrama H-R mais detalhado, disponível em: http://bit.ly/2XcaEH1

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UNIDADE
Condições Físicas no Interior Estelar

Equilíbrio Hidrostático
Por analogia, em Biologia, para contar a história evolutiva de uma determinada es-
pécie, é adequado primeiramente descrever as características da espécie propriamente
dita. Após este passo, é importante saber do que ela se alimenta e como funciona seu
metabolismo. Portanto, aqui discutiremos as características internas das estrelas.

A primeira condição que precisa ser cumprida pelo interior estelar é a condição de
equilíbrio hidrostático, ou seja, todas as forças atuando em qualquer elemento de volume
dentro da estrela têm que ser compensadas, já que uma força resultante não nula impli-
caria movimentos e, portanto, mudanças na estrutura. As únicas forças que precisamos
considerar são a força gravitacional, para dentro, e a força de pressão, para fora.

De acordo com Arany-Prado (2017, p. 94), “O Sol transforma, em seu centro, várias
centenas de milhões de toneladas de hidrogênio em várias centenas de milhões de tone-
ladas de hélio, a cada segundo”.

A Figura 1 a seguir representa com setas as forças de contração gravitacional e de


pressão, com isso a energia liberada da queima nuclear de uma estrela produzirá uma
pressão que fará parar, ou diminuir, o processo de contração gravitacional; é pratica-
mente uma luta entre as forças.

PRESSÃO
(para fora)

GRAVIDADE
(para dentro)

Figura 1 – Ação das forças no interior estelar


Fonte: Adaptado de ARANY-PRADO, 2017

Podemos imaginar que as estrelas aumentam e diminuem de tamanho, isso pode


ocorrer várias vezes durante sua existência. No entanto, é imperceptível para nós por
não possuirmos tempo de vida suficiente para acompanhar essa oscilação.

Nas fases estáveis de sua existência, a pressão fora, devida à energia liberada pela
queima nuclear, está equilibrada com a pressão dentro, causada pela autogravidade.
Este equilíbrio ocorre para cada ponto por toda a estrela.

A estrutura estelar é complexa. Sendo assim, para descrevê-la com precisão são uti-
lizados conceitos de termodinâmica, física atômica, física nuclear e teoria da gravitação.

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As variáveis para realizar os cálculos são: pressão, densidade, temperatura e luminosi-
dade da estrela. No entanto, com algumas simplificações, é possível considerar algumas
hipóteses acerca de seu equilíbrio hidrostático, sua simetria esférica, sua ausência de
rotação e ausência de campos magnéticos.

Vimos que para o equilíbrio hidrostático, a cada raio, as forças devidas à pressão e à
gravidade se equilibram. Podemos verificar também que a massa total da estrela é a soma
de todas as camadas de seu interior, valendo, assim, a lei de conservação da massa.

Podemos pensar também na lei de conservação da energia e dizer que a cada raio, a
variação no fluxo de energia é igual à taxa de energia liberada pela estrela, e pela equação
de transporte temos a relação entre o fluxo de energia e o gradiente de temperatura local.

Logo, para compreendermos a estrutura estelar, é preciso saber que a pressão de


um gás pode ser expressa em função de sua densidade e temperatura, é possível medir
quão opaco é um gás ao campo de radiação e é possível calcular a taxa de geração da
energia nuclear.

Leia textos atualizados no Grupo de Reelaboração do Ensino de Física.


Disponível em: http://bit.ly/2Juy2tK

Para compreender melhor a estrutura estelar, vejamos o que Smirnov e Oliveira (2015)
realizaram ao considerarem um volume de gás esfericamente simétrico de raio R em
estado de equilíbrio. A coordenada radial r dentro de uma esfera varia como 0 ≤ r ≤ R.
Os autores escolheram um fragmento de volume dentro da esfera da forma de um para-
lelepípedo retângulo na condição dV = dr · ∆s com base ∆s e de altura .

No fragmento de volume, atuam a força superficial de pressão das camadas adjacen-


tes de gás e a força gravitacional volumétrica. Para garantir o equilíbrio do fragmento
dentro da esfera de gás, a força gravitacional Fg deve ser equilibrada pelas forças de
pressão que atuam na face inferior do fragmento Fp1 e na face superior do fragmento
Fp2; portanto, os autores chegaram à equação diferencial ordinária:

dP M ⋅ρ
=−G ⋅ r 2
dr r

Onde, no primeiro termo da equação temos a força devida à variação da pressão


interna com o raio, e no segundo termo da equação, a força gravitacional. Nessa equa-
ção, P é pressão, r é a distância ao centro da estrela, Mr é a massa, ρ é a densidade
m3
da estrela e G é a constante gravitacional e vale 6, 67 × 10−11 (GARDELLI, 2010).
s 2 kg
Mas neste caso os astrônomos usam Dina no sistema Centímetros-Gramas-Segundos
(CGS) em vez de Newton no Sistema Internacional (SI) de unidades de medidas; portan-
to, com a conversão fica: 6,67 × 10–8dyn·cm2/s2.

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UNIDADE
Condições Físicas no Interior Estelar

Verifique as informações sobre o sistema CGS de unidades para saber sobre:


1 Newton (N) = 100.000 dyn = 10⁵ dyn
1 m² = 10.000 cm² = 10⁴ cm²
1 kg² = 1.000 g² = 10⁶ gramos

Assista ao vídeo sobre o ciclo de vida das estrelas de Pedro Loos.


Disponível em: https://youtu.be/1wPSGIV84aI
Aprofunde o conhecimento sobre Equilíbrio Hidrostático.
Disponível em: http://bit.ly/2FBsqLR

Energia Estelar
Vimos que no interior de uma estrela a força gravitacional tenta comprimir a massa da
estrela, enquanto que a reação de fusão nuclear gera uma pressão no sentido oposto ao
da força gravitacional, tentando fazer sua massa expandir. Esse é o equilíbrio hidrostático.

Podemos dizer que o combustível de uma estrela é o hidrogênio. Portanto, podemos pen-
sar que quanto mais hidrogênio uma estrela possui, maior será seu tempo de existência;
em contrapartida quanto menos hidrogênio, menor será sua existência, certo?

O que ocorre é que se uma estrela possui mais hidrogênio, ela também possui mais
massa, logo a força gravitacional e a pressão interna são maiores; sendo assim, o processo
de fusão nuclear ocorre mais rápido, então o tempo de existência dessa estrela é menor.

De acordo com Arany-Prado (2017), uma estrela com 8 M tem sua existência por
apenas cerca de dezenas de milhões de anos; uma de 10 M passa sua existência com
duração de cerca de 10 milhões de anos; uma de 20 M somente cerca de 1 milhão de
anos. A autora menciona ainda que este último caso corresponde a apenas 0,0001 do
tempo de existência do Universo, que é estimado em 14 bilhões de anos.

Estrelas como o Sol, por exemplo, considerado uma estrela de baixa massa, tem sua
existência programada para cerca de 10 bilhões de anos, estando, portanto, na metade dela.

Durante a fase de queima do hidrogênio e dependendo da massa estelar, os raios estela-


res, conforme Arany-Prado (2017), podem variar entre cerca de 0,2 raio solar (R) e 13 R.
Entretanto, após a fase de queima do hidrogênio, uma estrela pode aumentar muito de
tamanho. Portanto, seu tamanho varia conforme o estágio de evolução da estrela.

Na Figura 2 mostram-se comparativamente as distâncias estimadas para algu-


mas estrelas, distância astronômica, órbita de Marte e dimensão em raio de Júpiter.

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Nessa figura, o Sol, que é a referência com 1,0 R é tão pequeno, se comparado com
Betelgeuse, que é necessário ampliar a área ocupada pelo desenho do Sol para visua-
lizar o tamanho relativo de Júpiter.

Distância à
órbita de
Marte
325 R

Uma Unidade
Astronômica
Ómicron Ceti 215 R
80 R

Betelgeuse
300 R
Arcturus
23 R Capela
10 R Vega
Sírius
1R
4R 2R
SOL
Júptiter
0,1R
1R

Figura 2 – Distâncias comparativas em raios solares (R)


Fonte: Adaptado de Arany-Prado, 2017

Quando se descobriu o tempo de existência da Terra, durante o século XIX, as tenta-


tivas de explicar a fonte de energia do Sol se mostraram extremamente difíceis. O maior
problema não era identificar a taxa de produção de energia do Sol, mas sua duração.

Sabemos que o Sol possui a mesma luminosidade por pelo menos 3,5 bilhões de
anos, de acordo com evidências geológicas atuais, e sabemos que a radiação eletromag-
nética carrega energia; sendo assim, a luminosidade depende fortemente da temperatu-
ra, além de depender do tamanho de uma estrela (ARANY-PRADO, 2017).

Na metade do século XIX, tanto Hermann Von Helmholtz (1821-1894) quanto William
Thomson (1824-1907), chamado de Lord Kelvin, propuseram que o Sol brilhava porque es-
tava liberando energia gravitacional. Isto é, a contração gravitacional converteria energia
potencial gravitacional em energia radiativa: metade era liberada na forma de calor e a
outra metade formaria a luz. Imagine se isso fosse verdade!

Seguindo o raciocínio anterior, a energia gravitacional armazenada no Sol duraria


por aproximadamente 50 milhões de anos, que é maior que a idade estimada para a
Terra. Isso mudou quando as investigações geológicas expandiram a idade da Terra para
bilhões de anos, então foi percebido que apenas os recursos de energia gravitacional do
Sol não eram suficientes para explicar o brilho do Sol.

No começo do século XX, Albert Einstein explicou a energia proveniente do Sol por
meio da teoria da relatividade especial, em que a massa e a energia estão relacionadas
pela famosa equação:

E = mc2

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Condições Físicas no Interior Estelar

Onde E é a energia, em joules (J), liberada na conversão da massa , em quilogramas


(km), e c é a velocidade da luz, em metros por segundo (m/s). Considerando que o quadra-
do da velocidade da luz (c2) é um número grande, com aproximadamente 9 × 1016, enten-
demos que uma pequena fração de massa armazena uma grande quantidade de energia.

A fissão nuclear e a fusão nuclear são dois tipos de reações na natureza que liberam a ener-
gia presa no núcleo de um átomo. No caso da fissão nuclear, o núcleo do átomo se separa
em dois núcleos mais leves e essa reação libera energia. Na fusão nuclear, os núcleos de
átomos são fundidos para criar o núcleo de um elemento mais pesado e energia é liberada
após a reação nuclear.

Na Terra, parte da energia é produzida por meio da fissão nuclear, o problema é o que
fazer com o resíduo radioativo desse processo. Nas estrelas, a energia é produzida por
meio da fusão nuclear. A fusão de dois núcleos de hidrogênio produz hélio, liberando cerca
de 4,2 × 10–12 de energia. Na Terra, não existem condições físicas e tecnológicas para
produzir energia por meio da fusão nuclear, por isso os estudos continuam avançando.

Mas essa energia é produzida nas estrelas por estas possuírem as condições de tem-
peraturas ideais. A equação que descreve a taxa de produção de energia nas estrelas é:

dL ⋅ r
4 ⋅π r²ρ ⋅ε
=
dr

Onde L é a luminosidade da estrela, r é a distância ao centro, ρ é a densidade da


estrela e ε é a taxa de produção de energia na região central.

A fusão nuclear explicada: energia do futuro? Disponível em: https://youtu.be/cXarvv2j9WI

Estado Físico da Matéria


Sabemos que a matéria pode ser encontrada na forma líquida, sólida e gasosa, ou
seja, encontramos a água, por exemplo, nos três estados físicos.

Agora, a questão é: quais são as condições no interior de uma estrela para a existência de
átomos? E qual o estado físico dos elementos encontrados no interior de uma estrela?

No exemplo da água, podemos pensar que quando ela está no estado líquido o
volume ocupado pela quantidade de elementos (H2O) é maior do que quando está no
estado sólido, o mesmo para quando está no estado gasoso em relação ao estado líqui-
do. Isso nos faz imaginar que os átomos que compõem a água, ou seja, o hidrogênio e
o oxigênio, possuem mais espaço para se movimentar quando estão no estado gasoso,
menos no estado líquido e por assim dizer, no estado sólido possuem menos espaço de
movimentação do que no estado líquido.

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Compreendendo os três estados físicos para elementos em um determinado mate-
rial, podemos pensar no plasma, que é denominado o quarto estado da matéria e é,
portanto, diferente dos três conhecidos, no sentido de que os átomos da matéria que o
compõem estão ionizados.

De acordo com Mourão (1995), a definição de plasma é:


Gás composto de cargas positivas (prótons, íons, etc.) e de cargas ne-
gativas (elétrons, etc.) em número igual e portanto globalmente neutro.
Por extensão, denomina-se plasma uma mistura diluída de partículas
neutras. Em síntese, o plasma é um gás de partículas ionizadas e neu-
tras sujeitas às leis da magnetoidrodinâmica. A física do plasma é uma
ciência jovem que surgiu com os problemas da astrofísica. O nome
plasma, de origem grega, significa formação e foi usado pela primeira
vez, em 1913, pelo físico norte-americano Langmuir para designar
o estado gasoso ionizado. Tal estado se encontra nas chamas, no
relâmpago, nos tubos luminosos e descarga elétrica, na ionosfera. As
estrelas devem ser constituídas de plasmas muito quentes, no interior
dos quais se produziriam as reações de fusão nuclear. Atualmente
procura-se reproduzir plasmas semelhantes em laboratório visando à
produção controlada de energia termonuclear [...] (MOURÃO, 1995,
p. 633)

Os átomos no interior de substâncias em estado sólido e líquido formam estruturas


com ligações bem definidas. Sendo assim, atualmente o comportamento de um plasma
pode ser descrito com o mesmo formalismo de um gás perfeito, em que as partículas
pontuais se movem aleatoriamente e não interagem. Os gases perfeitos obedecem à
seguinte equação:

P=n·k·T

Onde P é a pressão do gás, n é a densidade de partículas, k é uma constante de


Boltzman (k = 1,38 × 10–23 m2kg/s2K) e T é a temperatura. Esta equação significa que
se a pressão for alta, a temperatura e a densidade também devem ser. No caso das es-
trelas, vimos que o equilíbrio hidrostático requer uma pressão alta para contrabalancear
a força gravitacional da estrela. Assim, nas estrelas, a temperatura e a densidade devem
ser muito altas, por isso não possuímos tecnologia para replicar uma fusão nuclear como
ocorre nas estrelas (HALLIDAY, 2009).

A partícula fantasma da Física. Disponível em: https://youtu.be/Dak0s_5gs9E

Matéria Degenerada
Vimos que o processo de reação nuclear de hidrogênio em hélio no interior estelar
ocorre por muito tempo e depende da quantidade de hidrogênio que a estrela possui.
Este processo continua até a exaustão do combustível nuclear, no caso o hidrogênio.
Quando isso acontece, a pressão da radiação gerada no núcleo diminui, aquela pressão

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que ocorre no sentido oposto da força gravitacional, como visto na figura 1; portanto, a
força gravitacional se torna maior.

Quando a força gravitacional supera a pressão que a mantinha em equilíbrio hidros-


tático, o núcleo da estrela começa a se contrair, aumentando sua densidade. Segundo
a equação em que é a pressão, é o volume, é a temperatura na escala Kelvin, é a
constante universal dos gases e vale e é o número de do gás, esse aumento na densi-
dade deve levar a uma pressão mais alta e, por sua vez, a uma temperatura mais alta.
Porém, existe um limite na densidade no centro estelar, em que a matéria sofre uma
transformação e se torna degenerada.

De acordo com Mourão (1995), a definição de matéria degenerada é:


Estado da matéria, em que ela é muito densa e formada quase ex-
clusivamente de núcleos atômicos. Deve ocorrer numa anã-branca e
noutros objetos extremamente densos, onde há um desvio muito forte
das leis clássicas da física. Como a densidade decresce para uma de-
terminada temperatura, a pressão se eleva mais e mais rapidamente,
até se tornar independente da temperatura e unicamente dependen-
te da densidade. Nesse ponto, o gás diz-se em estado degenerado
(MOURÃO, 1995, p. 512)

Então, quando a matéria é condensada em densidades muito altas, ela não se com-
porta mais como um gás perfeito, passa para o estado degenerado da matéria. Em
um gás normal, por exemplo, as partículas estão amplamente separadas, e quando se
chocam umas nas outras elas são lançadas em sentidos contrários. Por isso, em um
material altamente comprimido, não há espaço suficiente entre as partículas para que
elas se movam.

Os astrônomos preveem que o Sol vai atingir esta fase daqui a mais de 5 bilhões de
anos, a temperatura no centro do Sol atingirá cerca de 100 milhões de graus Kelvin, e a
reação , descoberta pela americano Edwin Ernest Salpeter (1925-2008), pela previsão,
iniciar-se-á combinando três núcleos de hélio em um núcleo de carbono. O Sol será,
então, uma gigante vermelha.

As gigantes vermelhas transformam, em seus núcleos, hélio em carbono e hidrogênio


em hélio em uma fina camada mais externa. A massa do Sol não é suficiente para que a
temperatura do núcleo alcance um bilhão de Kelvin, necessária para queimar o carbono.
Desta forma, provavelmente a estrutura final do Sol será de um pequeno núcleo de car-
bono e oxigênio, com uma camada externa de hélio e outra mais externa de hidrogênio.

Como pela previsão o Sol pode não sustentar a posição de gigante vermelha por
muito tempo, ele, conforme a figura 3 no Diagrama H-R, pode evoluir para a região das
anãs brancas, com raio próximo ao raio da Terra e densidade com várias toneladas por
centímetro cúbico.

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10.000 Supergigantes

Gigantes
Vermelhas

LUMINOSIDADE (em unidades solares)


Subgigantes
100

Sequência
Principal

0,01 Anãs
Brancas

10.000 3.500
TEMPERATURA (em graus Kelvin)

Figura 3 – Diagrama H-R


Fonte: Adaptado de Arany-Prado, 2017

Veja o diagrama H-R mais detalhado. Disponível em: http://bit.ly/2XcaEH1

Mourão (1995) descreve o Princípio da Exclusão de Pauli, que estabelece que duas
partículas com a mesma velocidade e o mesmo spin (que em inglês significa fazer girar,
ou seja, momento angular de uma partícula em relação ao seu centro de massa, veloci-
dade na qual ela gira ao redor do seu próprio eixo de rotação) não podem ocupar o mes-
mo lugar ao mesmo tempo. Esse princípio se aplica somente para os férmions e não
para os bósons e foi enunciado em 1925 por Wolfgang Pauli (1900-1958) (HALLIDAY,
2009; OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2014).

Princípio da Exclusão de Pauli em homenagem ao físico suíço de origem austríaca Wolf-


gang Pauli (1900-1958), que recebeu o prêmio Nobel de Física em 1945 pelos seus trabalhos
sobre os elétrons (MOURÃO, 1995, p. 609).

Para exemplificar melhor, imagine um balão de ar quente, desses em que as pesso-


as podem comprar um passeio e voar com certo controle. Se o balão estiver cheio de
um dado gás normal, numa temperatura ambiente, o seu volume será menor do que
sua capacidade, pois a temperatura no interior do balão não é suficiente para enchê-lo.
Se acendermos sua chama, o calor produzido provocará um aumento no seu volume,
consequência do aumento da temperatura do gás no interior do balão. Mas, em condi-
ções degeneradas, o gás terá um comportamento diferente, ou seja, a pressão do gás
deixa de ser função da temperatura do gás. No caso do balão, por exemplo, se fosse
possível enchê-lo com gás degenerado, poderíamos verificar que ele não aumentaria de
volume ao aumentarmos a temperatura de seu interior.

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Portanto, quando o gás se encontra degenerado, os elétrons não permanecem mais


em torno de um núcleo, mas encontram-se comprimidos, ou seja, sem espaço para se
movimentarem. Uma vez que eles têm que obedecer ao Princípio de Exclusão de Pauli,
quando todo o espaço está ocupado, haverá elétrons nos estados mais altos de energia,
“pressionados” pelos elétrons ocupando os níveis de energia mais baixos (OLIVEIRA
FILHO; SARAIVA, 2014).

Assista ao vídeo da palestra do Prof. Dr. Roberto Boczko, do Instituto de Astronomia, Geofí-
sica e Ciências Atmosféricas da USP. Disponível em: https://youtu.be/izEdcPqPxJE

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Sociedade Brasileira de Física
http://bit.ly/2olisJA
Sociedade Astronômica Brasileira
http://bit.ly/2PrhwhS
The Hertzsprung Russell Diagram
http://bit.ly/2XcaEH1
Simulador – Diagrama Hertzsprung-Russell
http://bit.ly/2CFGzXd

Vídeos
A Fusão Nuclear Explicada: Energia do Futuro?
https://youtu.be/cXarvv2j9WI
De Poeira Estelar a Supernovas: O Ciclo de Vida das Estrelas
https://youtu.be/1wPSGIV84aI
Equilíbrio Hidrostático
Vídeo da palestra do Prof. Dr. Roberto Boczko, do Instituto de Astronomia, Geofísica e
Ciências Atmosféricas da USP.
https://youtu.be/izEdcPqPxJE

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Referências
ARANY-PRADO, L. I. À luz das estrelas. São Paulo: DP&A, 2017. 117 p.

BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros


Curriculares Nacionais (Ensino Médio). Ciências da Natureza, Matemática e suas
Tecnologias, Brasília, DF, 1998.

GARDELLI, D. A indução gravitacional. Cad. Bras. Ens. Fís., v. 27, n. 3: p. 584-598,


dez. 2010.

HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física, óptica e física


moderna. Tradução e revisão técnica de Ronaldo Sérgio de Biasi. V. 4, 9ª ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2009.

MOURÃO, R. R. F. Dicionário enciclopédico de astronomia e astronáutica. Rio de


Janeiro: Nova Fronteira, 1995. 925 p.

OLIVEIRA FILHO, K. de S.; SARAIVA, M. de F. O. Astronomia e astrofísica.


Departamento de Astronomia – Instituto de Física, Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, Porto Alegre, 2014, 768 p.

SMIRNOV, A.; OLIVEIRA, R. M. M. Esferas de gás em estado de equilíbrio sob a ação


da gravitação própria. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 37, n. 1, p. 1308-1
– 1308-9, 2015.

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