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Roberto José Carvalho Junior

Análise do Livro “A Estrutura das


Revoluções Científicas” de Thomas S.
Kuhn – Capítulo 1: A rota para a ciência
normal
Paradigmas
• Definem um conjunto-padrão de métodos e
concepções fundamentais que são basilares
para os trabalhos posteriores.
• Não necessariamente deve explicar todos os
fenômenos relacionados à sua área.
• Seus êxitos são, caracteristicamente,
importantes o bastante para atrair um grupo
grande e duradouro de novo de cientistas
partidários.
Ciência normal
• A ciência normal é aquela que
encontra-se firmemente baseada em
uma ou mais realizações científicas
passadas. Essas realizações são
reconhecidas durante algum tempo por
alguma comunidade científica
específica, proporcionando os
fundamentos para sua prática
posterior.
• É definida pelo paradigma vigente.
Revoluções científicas
• No decorrer do desenvolvimento científico, anomalias podem
acontecer dentro de um paradigma específico.
• Quando estas ocorrem em grande quantidade, a comunidade
trabalha no sentido de construir novas bases metodológicas e
teóricas. Esses processos levam à criação de um outro paradigma e
são chamados revoluções científicas.
Cronologia das ciências
Pré-ciência

Mudança no paradigma Ciência normal

O ciclo
Revolução científica
de Kuhn Anomalias

Crise
A ótica pré-newtoniana
• Entre a antiguidade remota e o • Para uns, a luz como sendo
fim do seculo XVII não se tinha composta de partículas que
uma concepção única da emanavam dos corpos materiais;
natureza da luz que fosse para outros, era a modificação
amplamente aceita. do meio que intervinha entre o
• Escolas e subescolas em corpo e o olho; haviam outras
competição → variantes das concepções similares.
teorias de Epicuro, Aristóteles ou • Cada uma das escolas retirava
Platão. forças de sua relação com
alguma metafísica determinada.
A ótica pré-newtoniana
• Não havia uma metodologia comum
e nem um conjunto de fenômenos
básicos que cada teoria deveria
explicar.
• Esse cenário mudou no século XVIII
com o trabalho de Isaac Newton.
Criação do paradigma de Newton
• Os conhecimentos acumulados pelas escolas
anteriores serviram como ponto de partida para
que Newton pudesse desenvolver suas teorias.
• Newton postulou que a luz era composta de
corpúsculos de matéria com velocidade infinita.
• Seu rigor metodológico e o sucesso em explicar
um grande número de fenômenos fez com que
sua teoria se tornasse o primeiro paradigma
(quase) uniformemente aceito na Ótica.

Isaac Newton
Primeiras ideias sobre os fenômenos elétricos
• Na primeira metade do séc. XVII os inúmeros conceitos de
eletricidade tinham algo em comum — eram parcialmente derivados
da filosofia mecânico-corpuscular que orientava a pesquisa científica
da época.

Francis Hauksbee William Watson Benjamin Franklin


Evolução dos conceitos elétricos
• O primeiro grupo de • O segundo grupo • O terceiro grupo
teorias considerava a considerava a considerava a
atração e a geração atração e a repulsão eletricidade como
por fricção como os como manifestações um tipo de “fluido”.
fenômenos elétricos igualmente • Explicava a condução
fundamentais. elementares. elétrica, porém não
• Foram ineficazes para • Foram igualmente explicava a repulsão
explicar a condução ineficazes para e atração.
elétrica. explicar a condução
elétrica.

Embora a maioria dos experimentadores lessem os trabalhos uns dos outros, suas teorias não
tinham uma metodologia nem um conjunto básico de crenças em comum que as permitisse
dialogar.
O paradigma atual
• Com base nos trabalhos desses
grupos, foi possível o
desenvolvimento de uma teoria
que explicasse os fenômenos da
atração, repulsão e condução
elétrica, que se tornou o primeiro
paradigma da eletricidade.

James Clerk Maxwell

• No século XIX, Maxwell compilou o trabalho os


trabalhos de seus antecessores e deu a forma
final ao paradigma atual do eletromagnetismo,
que une eletricidade, magnetismo e ótica.

Garrafa de Leyden
Tecnologia e ciência
• Muitas vezes, a tecnologia permite
que os cientistas tenham contato
com fenômenos que não seriam
acessíveis aos sentidos humanos.

Ciência Tecnologia
A importância do método
• Na ausência de um corpo de crenças e
metodologias, a atividade do cientista
aproxima-se de uma mera coleção de fatos “A verdade surge mais
de pouca profundidade e com pouca facilmente do erro do
coerência entre si → confusão que da confusão.”
• Pessoas diferentes confrontadas com a - Francis Bacon

mesma gama de fenômenos os descrevam


e interpretem de maneiras diversas.
• Tanto a acumulação de fatos como a
articulação da teoria tornaram-se
atividades altamente orientadas.
Estabelecimento de uma ciência
• Quando um cientista pode considerar um paradigma como certo, não
tem mais necessidade, nos seus trabalhos mais importantes, de tentar
construir seu campo de estudos começando pelos primeiros princípios e
justificando o uso de cada conceito introduzido.

• A existência de um paradigma vigente


permite um aprofundamento maior dentro
do campo de estudos.

PARADIGMA
Experimentos como divisores de água
• Experimentos constituem uma importante forma de pôr à prova as teorias científicas e
extrair novos dados de um determinado fenômeno.

Máquina de fricção de Balança de torção de Cavendish Observatório de Ondas Gravitacionais Grande Colisor de Hádrons - LHC
Hauksbee por Interferômetro Laser – LIGO

Os exemplos são praticamente incontáveis.


Pesquisa científica
• Diferentemente do período da pré-ciência, onde a investigação da
natureza era feita com experimentos não-orientados, a ciência normal
é caracterizada por paradigmas que norteiam essas investigações,
dando assim maior coerência aos resultados obtidos.
• A exemplo dos eletricistas que na
segunda metade do séc. XVIII,
com seu primeiro paradigma,
puderam desenvolver trabalhos
mais complexos e específicos que
só poderiam ser entendidos pelos
seus pares e não mais pela
população geral.
A comunidade científica
• Homens cuja pesquisa está baseada
em paradigmas compartilhados
estão comprometidos com as
mesmas regras e padrões para a
prática científica.
• O maior contato entre os
profissionais de uma mesma área
permite uma troca de valores,
ideias e tecnologias que enriquece
os trabalhos da área → surgimento
das sociedades e revistas científicas.
A comunidade científica
• O problema de comunicação entre o progresso
científico e a comunidade leiga, distanciou os
novos avanços científicos do conhecimento
vulgar.
• O hiato entre as diferentes ciências (e mesmo
entre diferentes linhas de pesquisa numa
mesma área) também aumenta com a
progressão de novos paradigmas, que criam
comunidades hiperespecializadas que são
leigas em relação umas às outras.
Qualquer definição do cientista que exclua os
membros mais criadores dessas várias escolas
[antecessoras], excluirá igualmente seus
sucessores modernos.
Thomas S. Kuhn

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