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RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
social. Segundo Grandesso (2000), Foucalt demonstra a importância dos discursos sobre a
realidade como prática de manutenção de verdades discursivas e de relações de poder
sobre os indivíduos e a sociedade. O construcionismo social desenvolve que a realidade de
cada indivíduo é construída a partir de sua interação discursiva com o mundo a partir da
linguagem, que é, por sua vez, construída socialmente; portanto, as narrativas são
construídas e constroem a experiência (GRANDESSO, 2000; ANDERSEN, 2002).
Nesse sentido, não existem verdades e sim múltiplas narrativas que irão competir,
algumas mais funcionais, outras precipitadoras de maior sofrimento. As próprias teorias
são entendidas como narrativas, e “uma teoria passa a ser considerada útil, conforme
ofereça subsídios para a construção de significados que façam sentido para organizar a
experiência vivida pela família e a evolução do sistema terapêutico.” (GRANDESSO, 2001
p. 7).
A clínica comportamental teve sua evolução marcada também por uma transição ao
longo das décadas. Num primeiro momento a prática da terapia comportamental emerge
sob a influencia do condicionamento pavloviano e das teorias de aprendizagem estímulo-
resposta. Terapeutas como J. Wolp, A. Lazarus, S. Rachman e H. Eysenck, dentre outros,
desenvolvem a chamada terapia comportamental, com técnicas empiricamente validadas e
um enfoque em modificar, atenuar ou eliminar respostas inadequadas e/ou mal-adaptadas.
Seus trabalhos foram determinantes em muitas das técnicas ainda hoje utilizadas em
clínica, como a dessensibilização sistemática e o contracondicionamento
(RIMM;MASTERS, 1983). A revista Behavior Research Therapy, fundada em 1963, e
posteriormente o periódico Behavior Therapy, fundado em 1970, têm seu início e
desenvolvimento marcados por este grupo (DOUGUER, 2000).
Portanto, estes autores reforçam o que está presente nos modelos pós-modernos da
terapia familiar, a concepção de um self como narrador, resultado de um processo de
interação do indivíduo com suas experiências, com a construção do significado de “si
mesmo” por meio da linguagem (GOOLISHIAN; ANDERSON, 1996). Vale salientar que
a teoria sistêmica e a terapia familiar sistêmica como um todo não apresentam um
construto conceitual acerca do que é o self, exatamente por não constar na tradição de seu
pensamento e desenvolvimento o olhar intrapsíquico mentalista de discurso essencialista.
Os modelos modernos de terapia familiar que utilizam tal conceito, o tomam emprestado
das abordagens tradicionais em psicologia humanista e/ou psicodinâmica. Os modelos pós-
modernos em terapia familiar convergem para a versão de self apresentada por Goolishian,
Anderson, Andersen e Lax, questionando a visão tradicional de um self interno, estável e
único e propõem um self construído dentro dos espaços relacionais, “apresentando-se na
expressão de nossas narrativas sempre em mudança” (GRANDESSO, 2000 p. 220).
da subjetividade via cultura, é um produto dos três níveis de seleção pelas conseqüências.”
(p. 17).
Uma distinção faz-se necessária. Para Skinner, existe uma diferença entre o
organismo, a pessoa e o self. O organismo é produto da seleção natural. A pessoa é o
organismo, com um repertório próprio de comportamentos que pode ser observado pelos
outros e produto de sua história de vida, já o self constitui-se de algumas “características”
de uma pessoa, incluindo os eventos privados (o mundo dentro da pele), o que se sente e se
percebe através da auto-observação e do autoconhecimento que só é possível através da
linguagem. O autoconhecimento para a Análise do Comportamento é um produto social,
portanto, a discriminação de si mesmo e a descrição dos eventos privados são construídas
na relação com a comunidade verbal, neste sentido o sujeito é produto de interação social
(TOURINHO, 2006). Portanto, Skinner relacionou os conceitos de organismo, pessoa e
sujeito à sua teoria consequencialista do comportamento, em que as consequências de
sobrevivência natural produzem organismos e as consequências reforçadoras e culturais
produzem respectivamente pessoas e sujeitos (ABIB, 2007).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O autor deste artigo acredita que o exercício de aproximação de duas escolas tão
semelhantes (ao menos nos aspectos analisados neste texto), mas ao mesmo tempo tão
distantes no ambiente acadêmico, pode contribuir significativamente no avanço do
conhecimento científico em psicologia e no fortalecimento das escolas em foco.
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