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Implicações do Sistema Serotoninérgico no

Exercício Físico revisão

RESUMO Luciana Rossi


Julio Tirapegui
Este trabalho revisa as alterações cerebrais de serotonina quando da
oferta de nutrientes (carboidratos, proteínas e aminoácidos) durante
atividade física. Utilizando a estratégia nutricional, o foco é o aminoáci-
do precursor da serotonina cerebral: o triptofano; sendo um aminoáci-
do essencial, é possível sua modulação via dieta. Uma abordagem
emergente e polêmica está relacionada à fadiga durante atividade de
curta e longa duração e sua relação com a função serotoninérgica
cerebral. Os mecanismos propostos para o desenvolvimento de fadiga
precoce durante o exercício se apresentam amplamente inexplorados.
Assim serão discutidos os prováveis mecanismos envolvidos na “hipótese
da fadiga central” e a oferta de carboidratos e aminoácidos como
estratégia para retardar este fato durante atividade física e alcançar
melhora no rendimento esportivo. (Arq Bras Endocrinol Metab
2004;48/2:227-233)

Descritores: Proteínas; Exercício; Suplementação; Aminoácidos de


cadeia ramificada; Triptofano; Serotonina

ABSTRACT

Serotoninergic System and Its Implications on Physical Exercise. Departamento de Alimentos e


There are two major aspects focused in the present work. The first one Nutrição Experimental, Faculdade
concerns the tryptophan: a cerebral serotonin precursor aminoacid that
de Ciências Farmacêuticas,
alters serotonin and its relation to the offer of nutrients (carbohydrates,
proteins and aminoacids). As an essential aminoacid it can be modulat- Universidade de São Paulo,
ed through diet, having its physiological and behavioral effects São Paulo, SP.
changed, as it can be learned in the present study. The second aspect
is related to the precocious fatigue during sports and activities of short
and long duration and its relation with the serotoninergic cerebral func-
tion. What causes this precocious fatigue and how it is developed is yet
largely unknown. The present work reviews the mechanism involved in
the “central fatigue hypothesis” and the offer of carbohydrates and
aminoacids as a strategy to retard this effect during physical activity.
(Arq Bras Endocrinol Metab 2004;48/2:227-233)

Keywords: Proteins; Exercise; Supplementation; Branched-chain


aminoacids; Tryptophan; Serotonin

A SEROTONINA OU 5-HIDROXITRIPTAMINA (5-HT) compõe o grupo das


aminas biogênicas (neurotransmissores), que incluem também as cate-
colaminas (adrenalina, noradrenalina e dopamina). Estes compostos pos-
suem grupos funcionais amina e regulam importantes vias do metabolismo
dos mamíferos. São sintetizados na sua grande maioria a partir da decar-
boxilação de aminoácidos aromáticos (fenilalanina, tirosina e triptofano). A Recebido em 25/04/03
tirosina pode ser obtida da fenilalanina e é o aminoácido precursor das cate- Revisado em 05/09/03
colaminas; já a serotonina é obtida do aminoácido essencial triptofano (1). Aceito em 04/11/03

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Sistema Serotoninérgico e Exercício Físico
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Os níveis de serotonina cerebrais estão rela-


cionados a alterações de comportamento e humor,
ansiedade, agressividade, depressão, sono, fadiga,
supressão de apetite, etc. Os mecanismos bioquímicos
precisos pelos quais os neurônios serotoninérgicos
controlam estas funções ainda não estão totalmente
esclarecidos (2). Existem, tanto em humanos como em
animais (ratos e macacos), evidências de que a síntese
de serotonina cerebral possa ser modulada dietética-
mente através da oferta de macronutrientes, destacan-
do-se principalmente a ingestão de carboidratos, pro- Figura 1a: Captação de triptofano e metabolismo de sero-
tonina no repouso (TRP/• AN)
teínas e aminoácidos isoladamente (3-6).
Este trabalho revisa os mecanismos, durante
exercício de curta e longa duração, relacionados à
modulação da serotonina cerebral através dos quais
uma manipulação nutricional pode afetar o rendimen-
to, pela redução dos sintomas de fadiga.

Triptofano e Serotonina
O triptofano é um aminoácido aromático essencial, tanto
para homens como animais. Sua essencialidade não se
restringe apenas à sua contribuição no crescimento nor-
mal e síntese protéica, mas também na regulação de
importantes mecanismos fisiológicos. Entre suas diversas Figura 1b: Captação de triptofano e metabolismo de sero-
tonina durante exercício de longa duração (Hipótese da
funções temos: precursor do neurotransmissor serotoni- Fadiga Central).
na (5-hidroxitriptamina: 5-HT), e sua influência no so- (A=albumina; AGL=ácido graxo livre; ACR=aminoácidos de
no, comportamento, fadiga, ingestão alimentar entre cadeia ramificada; AN=aminoácidos neutro; TRP=tripto-
fano; 5-HT=serotonina).
outras. Além disto, o triptofano é precursor da vitamina
B3 (niacina) e é um dos aminoácidos que estimula a (AN): (TRP/≤ AN). Os mecanismos que aumentam a
secreção de insulina e hormônio do crescimento (7). concentração de TRP, sobre a soma de seus competi-
O triptofano, não podendo ser produzido pelo dores, são prováveis de aumentar a síntese de sero-
organismo, é obtido da degradação das proteínas cere- tonina cerebral (12). Outro aspecto da competição
brais ou da circulação plasmática (pool aminoacídico), pela barreira hematoencefálica é o aumento da con-
sendo este fornecido através da ingestão dietética nor- centração da parcela livre do triptofano. A albumina
mal ou degradação protéica corporal (8). No plasma, também transporta ácidos graxos livres, quanto
o triptofano pode circular livre (10%), ou, principal- maior sua concentração plasmática mais triptofano
mente, ligado a uma proteína de transporte: a albu- livre é deslocado, melhorando sua captação cerebral
mina (90%). Na barreira hematoencefálica, o tripto- (13). É aceito que a taxa de síntese de serotonina é
fano livre (TRPL) compete com outros cinco aminoá- dependente da disponibilidade do substrato (tripto-
cidos (aminoácidos neutros: AN) para seu transporte e fano livre) no plasma, uma vez que a enzima limi-
conseqüente síntese de serotonina cerebral (9). Os tante do processo no sistema nervoso central (tripto-
cinco aminoácidos competidores pela passagem através fano hidroxilase) (14) está cerca de 50% saturada (8).
da barreira hematoencefálica são: leucina, isoleucina e Abordagens indiretas, para a medida da concentração
valina (aminoácidos de cadeia ramificada: ACR), além de serotonina cerebral, são utilizadas principalmente
da tirosina e fenilalanina (aminoácidos aromáticos) em humanos, devido à impossibilidade de determi-
(10) (figura 1a). Entre os cinco aminoácidos competi- nações diretas da mesma.
dores, o que possui a menor concentração plasmática
é o triptofano (50µM). É estimado que a razão entre Modulação Dietética da Serotonina e Fadiga
TRP:AN seja de 1:100 (11). A síntese de serotonina cerebral pode ser modulada por
Uma abordagem utilizada na investigação da três fatores: quantidade de triptofano total no plasma
captação cerebral de triptofano é a proporção plas- (proporção entre a parcela livre e a ligada à albumina);
mática entre TRP e a soma dos aminoácidos neutros transporte de triptofano livre pela barreira hematoence-

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fálica contra seus competidores (TRP/≤ AN) e a ativi- cia que ocorre é independente da ação neuronal; e a
dade da enzima triptofano hidroxilase. Os dois primeiros central, que é uma redução progressiva do direciona-
mecanismos possuem possibilidade de manipulação mento voluntário para os neurônios motores durante
dietética. o exercício. Na periférica, ocorreriam nos músculos
Cunliffe e cols., em diversos experimentos em atividade diversas alterações, tais como: depleção
(3,5), propuseram testes para determinar fadiga subje- de fosfocreatina; acúmulo de prótons e fosfato. Já na
tiva mediada pela alteração da concentração da sero- central, os mecanismos relacionados à fadiga seriam a
tonina cerebral: a denominada fadiga central. Em um hipoglicemia e alteração plasmática na concentração
primeiro experimento para avaliar a relação entre alte- aminoacídica, principalmente em relação à razão
ração da composição de refeições e da proporção TRP/≤ AN (19). A vantagem da abordagem bio-
TRP/≤ AN em humanos, foram feitos diversos testes química da fadiga central é que há a possibilidade de,
para acessar a fadiga central e periférica. A fadiga peri- através do binômio duração do exercício-e-nutrição,
férica seria aquela relacionada ao cansaço ou incapaci- influenciar o metabolismo serotoninérgico central
dade muscular para realização da tarefa, e a fadiga cen- pela manipulação do seu precursor, o triptofano.
tral aquela relacionada ao sistema nervoso central
(SNC). Os indivíduos que consumiram dietas hiper- Atividade Física de Alta Intensidade e Curta
glicídicas apresentaram mais sintomas subjetivos de Duração
fadiga e menor tempo de reação, ocasionando uma O uso de triptofano era muito comum na década de 80,
piora no estado de alerta e atenção para este grupo. principalmente associado ao tratamento de insônia,
Em um segundo estudo, a oferta direta de triptofano depressão e síndrome pré-menstrual, entre outros. Entre
(30mg/kg) para indivíduos saudáveis também apre- atletas, seu uso era direcionado na tentativa de aumentar
sentou resultados semelhantes aos anteriores, porém a secreção do hormônio do crescimento (GH) (20).
com redução de sensação de desconforto em teste Ainda diversos estudos apontavam que a serotonina (5-
ergométrico. O efeito opióide e analgésico da admi- HT) poderia estar relacionada à determinação do limiar
nistração de triptofano seria a razão do maior rendi- de dor e respostas comportamentais ao estímulo
mento. Há uma aplicação direta destes estudos sobre doloroso (3,21). Baseados nesta última visão, Segura &
fadiga central ou cerebral na atividade física como ve- Ventura (22) conduziram um experimento com a suple-
remos a seguir. mentação de 1,2g de triptofano em 20 atletas durante
corrida de esteira a 80% do VO2máx. Os indivíduos suple-
Serotonina e Atividade Física mentados foram capazes de, em um segundo teste,
Tanto a fadiga central como a periférica podem ocor- aumentar em 49,4% seu tempo total de exercício em
rer em indivíduos que se exercitam em alta intensidade relação ao grupo placebo. Os autores atribuíram este
(15). As modificações nutricionais envolvendo princi- aumento acentuado no rendimento aos efeitos do tripto-
palmente carboidratos, proteínas e aminoácidos, fano e da serotonina no sistema opióide cerebral, fazen-
podem, junto com outros fatores, alterar a neuro- do com que houvesse uma menor percepção do esforço.
química cerebral (16). Assim, a fadiga central pode ser Nos anos subseqüentes, diversas críticas foram feitas em
tanto relacionada à nutrição como a certas desordens relação a este estudo, como o fato de dois atletas terem
como depressão, síndrome pré-menstrual, insônia um aumento de rendimento de 160 e 260% (11,23), e
(17), entre outras. Com relação à sua associação com também ao fato dos autores não discutirem os potenciais
atividade física, a fadiga central possui mecanismos efeitos tóxicos do triptofano (24). No início da década
ainda mais promissores. de 90, o Food and Drug Administration (FDA) ordenou
a retirada do mercado de suplementos e fórmulas com
Fadiga Periférica x Central altas doses de triptofano. O banimento do aminoácido se
Para efeito de discussão, definiremos fadiga como um deu devido ao aumento no número de casos da sín-
conjunto de manifestações produzidas por trabalho drome da Eosinofilia-Mialgia (SEM) como conseqüên-
ou exercício prolongado, que tem como conseqüên- cia do consumo de suplementos com triptofano (12). A
cia redução ou prejuízo na capacidade funcional de SEM é caracterizada pela eosinofilia e severas mialgias
manter ou continuar o rendimento esperado (18). A generalizadas. Houve, segundo registro da FDA, 21
fadiga é um sinalizador de que a intensidade de treina- casos de mortes confirmadas. Contaminantes presentes
mento previamente tolerada deve ser reduzida. No nos suplementos de triptofano, formados durante o seu
nível bioquímico podemos considerar a fadiga pe- processo de purificação, foram identificados como a
riférica, como aquela onde a perda da força e potên- causa da doença e mortes (20).

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Atividade Física de Longa Duração glicemia e interrupção do exercício. A maioria dos


Desde que o grupo de Eric Newsholme, em 1987, estudos na área utilizam soluções de 6% de glicose
propôs a chamada “hipótese da fadiga central” durante (28,31).
atividades de longa duração, o triptofano como precur- Na suplementação com ACR, o objetivo é
sor da serotonina tem recebido especial atenção por manter a concentração aminoacídica dos competi-
pesquisadores da área. Segundo esta hipótese, o aumen- dores do triptofano. Estudos realizados tanto em
to na atividade serotoninérgica cerebral teria conseqüên- ratos como em seres humanos, têm demonstrado
cia no desenvolvimento de fadiga precoce durante a rea- boas evidências para reduzir os sintomas de fadiga
lização do exercício de longa duração em atletas. central (27,31). Em nosso laboratório, ratos Wistar
treinados por 6 semanas em natação e suplementa-
Mecanismo da Fadiga Central Durante o dos na ração com 50% a mais de ACR foram sub-
Exercício metidos a teste de exaustão. O grupo suplementado
Durante a atividade de longa duração, dois eventos teve tempo médio até a exaustão de 345min, que foi
contribuem para o maior influxo de triptofano pela 29% maior em relação ao do controle. Este mesmo
barreira hematoencefálica. Primeiro, os ACR seriam grupo apresentou, no momento da exaustão, con-
captados pelo músculo esquelético para serem oxida- centração de serotonina cerebral 33,3% menor, con-
dos para fins energéticos, concomitantemente à queda firmando o efeito positivo da suplementação no
da glicemia, efeito comum durante tais eventos. Com rendimento e retardo da fadiga central (32). Estes
a redução da competição na barreira hematoencefálica, resultados estão de acordo com Calders e cols. (33),
aumentaria a captação de triptofano e seu influxo que utilizaram 30mg de ACR e obtiveram melhora
cerebral (13). Em segundo lugar, com o prossegui- de 30,8% no rendimento dos ratos suplementados
mento do exercício, o organismo também começa a em teste exaustivo na esteira. Embora os experimen-
mobilizar para fins energéticos ácidos graxos (AGL) tos utilizando animais indiquem o grande potencial
do tecido adiposo. Os AGL competem pelo transporte da “hipótese da fadiga central”, estudos laboratorial-
com o triptofano, sendo que esta competição pelos mente controlados com humanos não têm confirma-
locais de ligação da albumina faz com que ocorra do a hipótese (11,28) (tabela 1). Várias questões
maior disponibilidade de triptofano livre (25). A albu- metodológicas são apontadas para resultados nega-
mina humana possui apenas um local de ligação para o tivos a respeito, mas, recentemente, um estudo con-
triptofano, já a bovina possuí dois (26). O sinergismo duzido por Welsh e cols. (35) levantou uma questão
entre deslocamento da parcela livre, mediada por importante a respeito desta problemática. Os
AGL, e menor competição, mediada pela redução plas- pesquisadores infundiram soluções contendo ACR,
mática dos ACR, tem como conseqüência maior pro- carboidratos ou água no estômago de ratos durante
dução de serotonina cerebral e desencadeamento de teste em esteira. Não foi observada alteração de sero-
fadiga central precoce (figuras 1a e 1b). tonina cerebral nos animais que foram sacrificados
após 60 e 90min de exercício. No experimento, os
Modulação Dietética da Serotonina Cerebral animais não foram submetidos à fadiga. Porém, após
Com respeito à fadiga central, algumas estratégias 120 minutos, o grupo que recebeu tanto carboidra-
nutricionais têm sido experimentalmente empregadas to como ACR apresentou menores concentrações
nesta área. Elas basicamente envolvem a suplemen- cerebrais de serotonina. Estes resultados mostram a
tação com ACR e/ou carboidratos durante o exercí- importância da duração do exercício para que ocor-
cio (27,28). Na suplementação com carboidratos, o ram alterações significativas do metabolismo sero-
foco é atenuar o aumento na concentração plasmáti- toninérgico.
ca de AGL induzido pelo exercício e elevação dos
hormônios contra-regulatórios (catecolaminas) (29).
Os AGL possuem maior afinidade pela albumina do CONSIDERAÇÕES FINAIS
que o triptofano, assim o seu aumento disponibi-
lizaria mais triptofano livre para a passagem pela bar- O triptofano é um aminoácido essencial tanto para hu-
reira hematoencefálica. Durante a atividade física, há manos como animais, porém sua importância não se
diminuição na concentração de insulina, para não restringe apenas à contribuição no crescimento e sín-
haver aumento na sua secreção pancreática, soluções tese protéica. Como precursor da serotonina cerebral,
com até 12% de carboidrato são oferecidas (12,30). o triptofano exerce papel fundamental em diversos
Uma concentração maior teria como efeito hipo- mecanismos fisiológicos e comportamentais como

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Tabela 1. Revisão da literatura sobre manipulações dietéticas do sistema serotoninérgico e sua influência na fadiga e rendimento em humanos.
Referência Indivíduos Protocolo exercício Protocolo nutricional Atividade 5-HT Efeito no Rendimento
Blomstrand Homens: I: 30km de corrida I: 7,5g ACR ↓ [TRP] cerebral I: ↑
et al, 1991. I: n = 8 cross-country II: 16g ACR II: ↑ corredores mais lentos
II: n = 96 II: maratona (durante a prova)
Blomstrand Mulheres: Jogo de futebol I: bebida 6% CHO e 7,5g/L I: ↓ [TRP] cerebral I: ↑
et al, 1991. n = 6 ACR II: sem alterações
II: bebida 6% CHO
Davis et al, Homens: Ciclo ergômetro até Bebida com 6 ou 12% I: ↓ [TRP Livre] cere- Manutenção do trabalho, sem
1992. n = 10 fadiga CHO durante prova bral alterações no rendimento.

De Palo et Homens: Teste de Conconi 1 mês de consumo ACR: ↓ [TRP] cerebral II: ↑ durante teste de Con-
al, 1993. I: n = 7 antes e após período I: 0,2g/d por kg coni
II: n = 7 de tratamento II: placebo
Galiano et Humanos 70% VO2máx em bicicle- Bebida com 6% de CHO ↓ [TRP] cerebral Sem efeito no exercício e
al, 1991. ta acima de 225min com ou sem ACR após oferta ACR. rendimento mental

Hefler et al, Homens: 40km prova de tempo Dieta normal + 16g ↓ [TRP] cerebral ↑ após 14 dias somente
1995. n = 10 em ciclo ergômetro ACR/dia por 2 semanas com ACR
em 2 ou 14 dias

Lambert et Homens: 4h de ciclismo a 55% I: solução 10% CHO ↓ [TRP] cerebral Sem influência do ACR no
al, 1994. n=8 VO2máx mais 40km de II: I mais ACR rendimento físico ou mental
prova tempo

Madsen & Homens: 100km prova tempo I: 87,5g maltrodextrina e ↓ [TRP Livre] cere- Sem alteração no rendi-
Christense, n = 9 em bicicleta 87,5g de glicose; bral mento
1994. II: I + 18g ACR

Mittleman Mulheres: Exercício até exaustão Calor mais ingestão de I: II: ↓ [TRP] cerebral II: ↑ exercício, mas sem
et al, 1998. n = 6 a 40% do VO2máx 5ml/kg placebo efeito em dados fisiológicos.
Homens: II: bebida com 5,88g/L de
n=7 ACR

Newsholme Homens: 24km de corrida cross- Consumo de placebo ou ↓ [TRP] cerebral Menor percepção do
et al, 1991. n = 8 country ACR antes e após 13km após consumo esforço físico e mental após
de corrida ACR consumo de ACR

Segura e Homens: Corrida em esteira a 300mg TRP noite anterior ↑ [TRP] cerebral ↑ 49,4% tempo total exercí-
Ventura, n = 12 80% VO2máx (5% grau) teste, no café, almoço e cio;
1988. até exaustão 1h antes teste. ↓ percepção esforço

Stensrud et Homens: Corrida em esteira a 240mg TRP noite antes do ↑ [TRP] cerebral Sem alterações no tempo
al, 1992. n = 24 100% VO2máx (3% grau) teste. 360mg manhã, de corrida em teste com
até exaustão 240mg no almoço e 360mg suplementação de TRP
1h antes do teste.

Stüder et Homens: 4h de partida de tênis Durante partida consumo: III: ↓ [TRP] cerebral II e III: sem valor ergogênico
al, 1998. n=8 I: placebo e na percepção do estado
II: 364g cafeína emocional
III: 243g CHO

Stüder et Homens: Corrida em esteira até I: infusão aminoácidos I: ↓ ou Sem diferença na per-
al, 1996. n = 10 90 minutos neutros II: ↑ da [TRP] cere- cepção de esforço entre as
II: 30 U heparina/kg bral provas
durante os 30 min exercício.

Van Hall et Homens: Exercício em ciclo Solução 6% sacarose + I: ↑ 8 – 12% [TRP] O tempo até exaustão não
al, 1995. n = 10 ergômetro a 70 - 75% I: 3g/L TRP cerebral foi diferente entre as provas
VO2máx até exaustão II: 6g/L ACR II/III: ↓
III: 18g/L ACR

Varnier et Homens: Teste gradual de exer- I: infusão de ACR (260mg/ I: ↓ [TRP] cerebral Infusão de ACR não teve
al, 1994. n = 10 cício até exaustão em kg/h por 70 minutos) efeito no rendimento
estado de depleção II: salina
de glicogênio
Adaptado de Strüder & Weicker, 2001 (26,34)

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sono, depressão, ingestão alimentar, fadiga, entre ou- 12. Fernstrom JD. Dietary amino acids and brain function. J
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duração. Nos exercícios de longa duração, foi propos- Sports Nutr 1995;5:S29-38.
to o mecanismo da “hipótese da fadiga central” que se
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encontra até agora inexplorado. As dificuldades no between stress hormones and central serotoninerg sys-
estudo da determinação da serotonina residem na tem. Brain Res Rev 1993;18:1-31.
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Arq Bras Endocrinol Metab vol 48 nº 2 Abril 2004 233

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