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1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 1
2. OBJETIVOS .................................................................................................................................. 7
1. INTRODUÇÃO
A causa da depressão varia de indivíduo para indivíduo, podendo ou não estar ligada a
fatores genéticos, além de também poder ser secundária a doenças neurodegenerativas,
como, por exemplo, esclerose múltipla e degeneração muscular.2,3 Entretanto, sabe-se que
a depressão está diretamente relacionada com o estresse emocional causado pela rotina de
cada pessoa. E com o advento da sociedade pós-moderna, a rotina de cada pessoa, desde
crianças a pessoas idosas, vem se tornando cada vez mais estressante. Por isso, casos de
depressão tem se tornado consequentemente mais frequentes.4-6
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Figura 1. Estrutura química dos principais ISRS utilizados no tratamento da depressão, (a) Fluoxetina, (b)
Paroxetina, (c) Sertralina, (d) Fluvoxamina, (e) Citalopram.
TPH AADC
serotonina
triptofano 5-hidroxiltriptofano
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(a) (b)
(c)
em suas estruturas (Figura 1), que potencializam a interação dos mesmos com os SERTs.
Por outro lado, ainda não se sabe quais são as interações que explicam a especificidade
dos SERTs por essa classe de antidepressivos, o que torna difícil o desenvolvimento de
antidepressivos ainda mais seletivos.18
O caráter hidrofóbico da FLU explica o fato dela ser administrada como cloridrato de
fluoxetina, isso porque na forma de sal, sua solubilidade em água aumenta, facilitando seu
transporte até as fibras nervosas, onde ela exerce sua atividade biológica.21
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CYP
norfluoxetina
A FLU possui um tempo de meia-vida longo, que varia de 1 a 4 dias, já seu metabólito
possui um tempo de meia-vida ainda maior, que varia de 7 a 15 dias. Como a cinética da
fluoxetina não é linear, pode ocorrer um aumento desproporcional em sua concentração na
corrente sanguínea quando administrada em doses elevadas, o que pode levar ao
aparecimento dos efeitos colaterais comuns dos ISRS.10,12,22 Apesar disso, possuir um tempo
de meia-vida longo também pode ser vantajoso, pois a FLU é geralmente administrada
apenas uma vez ao dia e, caso o paciente, por algum motivo, fique alguns dias sem tomar a
medicação, a eficiência da fluoxetina não será afetada, já que parte dela ainda não foi
eliminada do organismo. Outra vantagem, é que, caso o uso da FLU, em doses elevadas,
seja interrompido abruptamente, a chance do paciente desenvolver síndrome de abstinência
é reduzida.23
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2. OBJETIVOS
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Confôrmero 1 Confôrmero 2
Confôrmero 3 Confôrmero 4
Figura 6. Confôrmeros mais estáveis obtidos por meio da análise conformacional via MM.
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partir dos valores energéticos obtidos, foi possível plotar um diagrama de energia potencial
relativa (Figura 8), que relaciona as energias das 4 conformações da FLU.
Confôrmero 1 Confôrmero 2
Confôrmero 3 Confôrmero 4
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2,84 2,84
2,62
0,00
Quando uma molécula, ou íon, é envolvido por moléculas de solvente, formando uma
camada sobre o soluto, ocorre o processo de solvatação. Esse envoltório, definido como
camada de solvatação, é mantido por interações intermoleculares que são estabelecidas
entre o soluto e as moléculas do solvente.40 Como esse fenômeno interfere tanto nas
propriedades do soluto quanto na termodinâmica e cinética de reações, podendo alterar os
produtos, a modelagem computacional do efeito do solvente é de extrema importância.41
Nesse modelo, o soluto é inserido no centro de uma cavidade, como mostra a Figura 9, e a
interação da cavidade com o contínuo é calculada.40-42
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obtidas para a FLU em distintos solventes, além das respectivas constantes dielétricas ().
Tabela 1: Energias eletrônicas relativas (ΔΔE) obtidas via cálculos DFT/B3LYP/6-31G(d,p) para a
FLU em diferentes solventes e suas respectivas constantes dielétricas.
Figura 10. Superfície acessível ao solvente (clorofórmio) para a geometria otimizada da FLU via
cálculos DFT/ B3LYP/6-31G(d,p).
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Sabe-se que quanto maior o valor da constante dielétrica () de um solvente, maior é o
seu caráter polar. Com isso, pode-se sugerir, com bases nos resultados obtidos, que a FLU
deve ser mais estável em solventes de polaridade intermediária. Observa-se na Tabela 1
uma menor estabilidade da FLU tanto em solventes com menor constante dielétrica (tolueno
e cicloexano), ou seja, com um maior caráter apolar, quanto em solventes com maior
constante dielétrica (DMSO e água), que possuem um maior caráter polar.
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Como pode ser visto, as geometrias são muito semelhantes, ou seja, não há mudança
significativa na estrutura da FLU devido ao efeito do solvente (clorofórmio). Esse
procedimento de comparação geométrico foi realizado para outros solventes e constatou-se
o mesmo comportamento, ou seja, não se detecta mudança drástica na geometria da FLU
em qualquer solvente estudado, em comparação com a geometria obtida na fase gasosa.
Um dipolo elétrico consiste em duas cargas parciais contrárias, +Q e -Q, separadas por
uma distância r, sendo essa configuração de cargas representada por um vetor μ. A melhor
abordagem para se determinar o momento de dipolo de uma ligação química é levando-se
em consideração a localização e o módulo das cargas parciais sobre o átomo. Dessa forma,
para se determinar a componente x do momento de dipolo, por exemplo, é preciso saber a
carga parcial sobre cada átomo e a componente x da posição do átomo relativa a um ponto
na molécula, utilizando a Equação 2:
𝜇𝑥 = ∑𝐽 𝑄𝐽 𝑥𝐽 (2)
1
𝜇 = (𝜇𝑥2 + 𝜇𝑦2 + 𝜇𝑧2 )2 (3)
Ao analisar a Figura 12, é possível observar que o vetor μ tem origem na região de
menor densidade eletrônica e aponta para a região de maior densidade eletrônica,
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indicando, dessa maneira, o aumento da polaridade, assim como sua magnitude, nesse
sentido. O valor teórico do momento de dipolo encontrado para a FLU foi de 4,6 Debye. Não
foi possível comparar o valor teórico obtido com o valor experimental, já que não foram
encontrados dados experimentais do momento de dipolo para a FLU na literatura.
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FLU; (ii) regiões onde há uma maior concentração da nuvem eletrônica, onde estão
localizados o grupo éter e o grupo haleto de alquila (-CF3), do anel aromático substituído; (iii)
região na qual está contida o grupo amina da FLU.
Figura 13. Mapa do potencial eletrostático da FLU obtido via DFT/B3LYP/6-31G(d,p) em duas visões.
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Cada tipo de ligação química entre pares atômicos terá um modo de vibração
específico, e conjunto de todos os modos vibracionais de uma molécula nos fornece o
chamado espectro IV. Contudo, certos grupos de átomos darão origem a bandas de
absorção com frequências semelhantes, que serão característicos para a molécula como um
todo, o que permite a identificação de grupos funcionais da molécula. Por isso, a
espectroscopia IV é considerada uma impressão digital da molécula, auxiliando na
identificação de sua estrutura molecular.28,49
aromático, como as bandas em 1291 cm-1 e em 1030 cm-1, referentes aos estiramentos
assimétrico e simétrico, respectivamente, do grupo éter. A presença dos anéis aromáticos
da FLU também é confirmada pela presença da banda de estiramento C=C, em 1669 cm-1.
Figura 14. Espectro de IV para a FLU, na fase gasosa, obtido via DFT/B3LYP/6-31G(d,p).
Bandas referentes ao grupo amina também podem ser observadas, como a banda em
3208 cm-1 referente ao estiramento N-H, que por se tratar de uma amina secundária,
aparece como apenas uma banda. Também é observada uma banda em 1336 cm-1,
referente ao estiramento C-N, e a banda em 1561 cm-1, que representa o dobramento N-H,
além do dobramento N-H para fora do plano em 805 cm-1.
As bandas na região entre 3118-2965 cm-1 representam os estiramentos C-H sp2 e sp3,
que indicam a presença tanto dos anéis aromáticos, quanto de alcanos. A presença de
alcanos também é evidenciada pela banda pouco intensa em 1426 cm-1, referente ao
dobramento C-H. Também é observada uma banda intensa em 1174 cm-1, característica de
estiramento C-F.
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A partir dos cálculos considerando o efeito implícito do solvente (SMD), foi possível
sugerir que a FLU possui uma maior afinidade por solvente de polaridade intermediária e
que o processo de solvatação exerce pouca influência na geometria espacial da molécula.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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