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Apresentação
Seja bem-vindo!
Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá as funções fisiológicas dos subtipos de receptores
adrenérgicos nos diversos órgãos-alvo, o mecanismo de ação, efeitos farmacológicos e usos
terapêuticos, efeitos adversos e contraindicações dos fármacos adrenérgicos e antiadrenérgicos.
Bons estudos.
Lucimar Filot da
Silva Brum
Adrenérgicos e
antiadrenérgicos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
O sistema simpático é um importante sistema nervoso, regulador de
praticamente quase todos os sistemas fisiológicos, e os efeitos de-
correntes da estimulação simpática são mediados pela liberação da
norepinefrina (ou noradrenalina), que então ativa α-adrenorreceptores
ou β-adrenorreceptores (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016). Os
fármacos que mimetizam as ações da epinefrina (ou adrenalina) ou nore-
pinefrina são denominados fármacos simpatomiméticos (ou adrenér-
gicos), enquanto os fármacos que bloqueiam a ativação dos receptores
adrenérgicos são denominados simpaticolíticos (ou antiadrenérgicos)
(BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016).
Na terapêutica clínica, antagonistas de α-adrenorreceptores não
seletivos são usados no tratamento de feocromocitomas, enquanto
antagonistas α1-seletivos são empregados no tratamento da hipertensão
primária e hiperplasia prostática benigna. Já os fármacos antagonistas de
β-adrenorreceptores são úteis em inúmeras condições clínicas e têm sido
utilizados no tratamento de hipertensão, cardiopatia isquêmica, arritmias,
distúrbios endocrinológicos e neurológicos e glaucoma.
Neste capitulo, serão abordadas as funções fisiológicas dos subtipos
de receptores adrenérgicos nos diversos órgãos-alvo, o mecanismo de
2 Adrenérgicos e antiadrenérgicos
Neurotransmissão noradrenérgica
Catecolaminas são substâncias químicas que contêm um anel benzênico com
dois grupos hidroxila adjacentes (catecol) e uma cadeia lateral amina. Do ponto
de vista farmacológico, as catecolaminas mais importantes são a norepinefrina,
a epinefrina e a dopamina (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016),
que são as mais encontradas do corpo.
Essas catecolaminas mais encontradas no corpo são formadas pela hidro-
xilação e descarboxilação do aminoácido tirosina (Figura 1), em que parte
da tirosina é formada a partir da fenilalanina (a maioria é oriunda da dieta)
por ação da enzima fenilalanina hidroxilase, encontrada sobretudo no fígado.
A tirosina é transportada para neurônios secretores de catecolaminas por
intermédio de um transportador dependente de Na+. Ela é convertida a di-
-hidroxifenilalanina (DOPA) e, então, a dopamina no citoplasma das células
pelas enzimas tirosina hidroxilase e DOPA descarboxilase, respectivamente.
Importante ressaltar que a etapa limitante de celeridade na síntese das cateco-
laminas é a conversão da tirosina em DOPA, pois a tirosina hidroxilase está
sujeita à inibição por retroalimentação, pela dopamina e pela norepinefrina,
proporcionando, assim, controle interno do processo sintético. Depois, a
norepinefrina deixa as vesículas, é convertida em epinefrina (citoplasma)
Adrenérgicos e antiadrenérgicos 3
e, então, entra em outras vesículas para ser armazenada até ser liberada por
exocitose (BARRETT et al., 2014).
Figura 2. Destino das catecolaminas secretadas nas fendas sinápticas. Em cada neurô-
nio secretor de amina, esta é sintetizada no citoplasma e nos grânulos secretores, e sua
concentração em grânulos secretores é mantida pelos dois transportadores vesiculares
de monoaminas (VMAT). A monoamina é secretada por exocitose dos grânulos e atua
nos receptores acoplados à proteína G. Nesse exemplo, a monoamina é a noradrenalina
atuando em adrenorreceptores. Vários desses receptores são pós-sinápticos, mas alguns
são pré-sinápticos e outros estão localizados nas células da glia. Além disso, há extensa
recaptação de monoamina para o citoplasma do terminal pré-sináptico por intermédio
de um transportador de monoamina, nesse caso, o transportador de noradrenalina (NAT).
Fonte: Barrett et al. (2014, p. 140).
Receptores adrenérgicos
Conforme descrito, a neurotransmissão simpática secreta as catecolaminas que
se ligam a receptores adrenérgicos nas células-alvo. Os receptores adrenérgicos
são divididos em dois tipos: receptor α (alfa) e receptor β (beta), e cada tipo
tem subtipos (Quadro 1) (SILVERTHORN, 2017):
Efeito sobre
os sistemas
Receptor Encontrado em Sensibilidade
de segundos
mensageiros
Próstata Contração
Plaquetas Agregação
β3 Bexiga Relaxamento do
músculo detrusor
Fármacos adrenérgicos
Os simpaticomiméticos constituem um grupo bastante importante de agonis-
tas utilizados para condições cardiovasculares, respiratórias e outras. Esses
fármacos são divididos em subgrupos primários, com base na seletividade
10 Adrenérgicos e antiadrenérgicos
Química e farmacocinética
Atividade Duração
Fármaco Aplicações clínicas
oral de ação
Catecolaminas
Outros simpaticomiméticos
Efeitos farmacológicos
Fármacos antiadrenérgicos
Os fármacos simpaticolíticos, também chamados bloqueadores adrenérgicos ou
antiadrenérgicos, causam interferência na ação da epinefrina/norepinefrina e
são classificados em bloqueadores α-adrenérgicos, bloqueadores β-adrenérgicos
e fármacos que interferem na liberação de norepinefrina.
Há duas classes de antagonistas de receptores α clinicamente relevantes:
os antagonistas α não seletivos (como fentolamina e fenoxibenzamina) e os
antagonistas α1-seletivos.
Adrenérgicos e antiadrenérgicos 17
Afinidade pelos
Fármaco
receptores
Antagonistas α
Fenoxibenzamina α1 > α2
Fentolamina α1 = α2
Antagonistas mistos
Antagonistas β
Efeitos farmacológicos
Usos terapêuticos
Ativida- Ação
Lipos- Meia-vida
Seleti- de ago- anes-
Fármaco solubi- de elimi-
vidade nista tésica
lidade nação
parcial local
Uso terapêutico
BARRETT, K. E. et al. Fisiologia médica de Ganong. 24. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
(Lange).
BRUNTON, L. L.; CHABNER, B. A.; KNOLLMANN, B. C. As bases farmacológicas da tera-
pêutica de Goodman & Gilman. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016.
KATZUNG, B. G.; TREVOR, A. J. Farmacologia básica e clínica. 13. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2017. (Lange).
LÜLLMANN, H.; MOHR, K.; HEIN, L. Farmacologia: texto e atlas. 7. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2017.
MUELLER, U. R. Cardiovascular disease and anaphylaxis. Current Opinion in Allergy and
Clinical Immunology, v. 7, p. 337-341, 2007.
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2017.
WHALEN, K.; FINKEL, R.; PANAVELLI, T. A. Farmacologia ilustrada. 6. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2016.
Leituras recomendadas
FUCHS, F. D.; WANNMACHER, L. Farmacologia clínica: fundamentos da terapêutica
racional. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
SILVA, P. Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Dica do professor
Os fármacos que mimetizam as ações da norepinefrina são denominados fármacos adrenérgicos
enquanto os fármacos que bloqueiam a neurotransmissão adrenérgica são denominados
antiadrenérgicos. Assista à Dica do Professor, em que são abordados os principais efeitos adversos
e contraindicações dos fármacos adrenérgicos e antiadrenérgicos.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Na prática
A interrupção abrupta do uso da clonidina pode desencadear a “síndrome de retirada”,
caracterizada por uma crise hipertensiva de rebote.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Farmacologia ilustrada
Leia o capítulo 6, "Agonistas adrenérgicos", e o capítulo 7, "Antagonistas adrenérgicos", para
informações relativas ao mecanismo de ação, indicações terapêuticas e efeitos adversos, e
contraindicações de fármacos adrenérgicos e antiadrenérgicos.