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Barbitúricos

Anestésicos Prof. José Afonso Corrêa da Silva

Opioides
Barbitúricos Prof. José Afonso Corrêa da Silva
O ácido barbitúrico foi descoberto em dezembro de 1864,
pelo químico alemão Adolf Von Baeyer, seguindo um
procedimento reacional de condensação envolvendo ureia
e o ácido malônico, conforme representado na figura
baixo:

Ações:
▪ Sedativos;
▪ Hipnóticos;
▪ Anticonvulsivos; Anestésicos;
▪ Ansiolíticos;
▪ Diversas desordens
psiquiátricas como a epilepsia.

BARBITÚRICOS HISTÓRIA
De modo geral os compostos derivados do ácido barbitúrico são chamados de “barbitúricos”, uma expressão
que ficou muito conhecida para designar drogas sintéticas, contudo, o termo barbitúrico é empregado para
designar o grupo de substâncias derivadas do ácido barbitúrico (López-Muñoz et al., 2005).

A anestesia venosa moderna


teve seu início com a introdução
na prática clínica de um composto
chamado tiopental, descrito em
1934, e bastante utilizado durante
a segunda guerra mundial.

BARBITÚRICOS HISTÓRIA
Em 1952 é descoberto o tiamilal, um importante anestésico
venoso. O estudo das propriedades observadas do tiamilal e a
administração conjunta do tiopental direcionaram as pesquisas
para a criação de uma série de outras drogas anestésicas
importante.

Tiopental Tiamilal

BARBITÚRICOS HISTÓRIA
O que a cantora Elis Regina, a atriz Brittany Murphy, o cantor
Michael Jackson, o cantor Prince e o ator Heath Ledger, tem
em comum?

Elvis Presley, morreu aos 42 anos. A causa oficial da morte foi


arritmia cardíaca, mas o exame toxicológico comprovou a A dosagem indicada, geralmente, se limita a
existência de 14 outras substâncias prescritas em seu corpo, 100 e 200 miligramas ao dia. Dosagens que
incluindo morfina, barbitúricos, codeína e diazepam. ultrapassam tais valores, utilizadas por período
contínuo, propiciam a tolerância, causando
também dependência física e psicológica, e
problemas como anemia, depressão, falta de
Ansiedade, sudorese, perda de apetite, hiperatividade, coordenação motora, irritabilidade e confusão
convulsões, paranoia, câimbras, dentre outros são os sintomas mental; sendo que, aliados ao álcool e a
de abstinência destas substâncias; e podem durar até duas anfetaminas, o risco de morte é muito alto.
semanas. Esta situação requer tratamento médico e
hospitalização.

BARBITÚRICOS HISTÓRIA
De maneira semelhante aos
benzodiazepínicos, aumentam a ação do
GABA, via de regra, um neurotransmissor
inibitório do SNC. Esse aumento é feito por
uma ligação em um sítio específico do receptor
de GABA tipo A, porém em local diferente dos
benzodiazepínicos, com ação menos
específica (são receptores alostéricos: ligam-se
a um sítio diferente do GABA no receptor,
aumentando a afinidade do neurotransmissor a
seu sítio ativo do receptor).

BARBITÚRICOS MECANISMO
O tiopental e o metohexital, são os barbitúricos mais comumente usados na indução de anestesia clínica,
devido à alta lipossolubilidade (Log P) e ao valor da constante de dissociação (pKa) ligeiramente alcalino,
que aumenta a quantidade da forma protonada em pH fisiológico.

A rápida recuperação da consciência após injeção única de tiopental reflete a redistribuição da droga do
cérebro para outros tecidos do organismo. Entretanto, a meia-vida sensível ao contexto do tiopental é longa.

Apresenta 83% de ligação proteica, meia-vida de eliminação de 11 horas e, após dose única de 3 a 5 mg/kg,
tem duração de ação de 5 a 10 minutos. O tiopental é metabolizado no fígado e seus metabólitos são inativos.

BARBITÚRICOS FARMACOCINÉTICA
Este equilíbrio ácido-base é fortemente dependente da posição e da natureza do substituinte. A constante de
dissociação ácida (pKa) do ácido barbitúrico não substituído é de 4,10, um valor relativamente baixo quando
comparado com outras formas substituídas como o 5,5-di-substituídos, cujo pKa varia em média de 7,41 - 8,7.

BARBITÚRICOS EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE


As formas não substituídas, a 1-substituída, a 1,3-substituída e a 1,5-substituída, são fortemente
ácidas, exibindo em alguns casos comportamento de ácidos fortes (pKa = 0).
Este comportamento de ácido forte é observado em relação à completa dissociação do hidrogênio na
posição do carbono de número 5 do anel, que ocorre com facilidade. Os sais de ácido barbitúricos se
formam facilmente por tratamento com bases fortes

Apenas os ácidos barbitúricos 5,5-di-substituídos ou os 5,5-


tiobarbitúricos (ácidos fracos) apresentam propriedades
hipnóticas, anticonvulsivantes e anestésicas. A natureza dos
substituintes em C5 influencia no tempo de meia-vida.

OBS: o tempo de meia-vida curto ou muito curto são


alcançados com substituintes insaturados ou
halogenados. Alifáticos saturados (cadeias de carbono)
ou aromáticos conferem propriedades de meia-vida
longa.

BARBITÚRICOS QUÍMICA
Alquila (-CH2-CH3)

potência

BARBITÚRICOS QUÍMICA
BARBITÚRICOS QUÍMICA
Qual tem a ação
mais curta?
Amobarbital Fenobarbital

BARBITÚRICOS QUÍMICA
Crie uma questões envolvendo LogP:

BARBITÚRICOS QUÍMICA
Anestésicos Locais Prof. José Afonso Corrêa da Silva
Dioscórides (40-90 d.C.),
médico grego dos exércitos de
Tibério e Nero, tinha já utilizado
o termo “anestesia” e também
descreveu as propriedades
medicinais de inúmeras plantas,
nomeadamente os efeitos da
mandrágora.

A mandrágora fazia parte duma


preparação, que incluía meimendro,
papoila e vinho, em que se embebia uma
esponja soporífera, com a qual, muito
antes, também Hipócrates (460-377 AC),
anestesiara os doentes que submetia a
cirurgias

ANESTÉSICOS LOCAIS HISTÓRIA


Raimundo Lúlio, Alquimista
espanhol do século XII,
sintetizou o éter, mas somente
séculos depois este foi utilizado
como anestésico.

Composição foi utilizada em animais


pelo suíço e também alquimista
Paracelso e, só depois, usado em
humanos.

ANESTÉSICOS LOCAIS HISTÓRIA


Além do éter, outro grande
avanço foi dado quando, no
ano de 1772, o químico inglês
Joseph Priestley (1733-1804)
identificou o óxido nitroso.
Este foi primeiro utilizado
como droga de abuso e, por
isso, ficou conhecido como gás
hilariante ou gás do riso,
registando-se em 1844, a sua
primeira aplicação em
pacientes, quando o dentista
americano Horace Wells (1789-
1869) extraiu um dente depois
de ter inalado o gás.

Horace Wells

ANESTÉSICOS LOCAIS HISTÓRIA


Apesar dos passos dados ao longo de vários séculos nesta área, o
primeiro anestésico relatado foi a cocaína. As propriedades
estimulantes e euforizantes da cocaína, provenientes das folhas do
arbusto Erythroxylon coca são conhecidas, há vários séculos, pelos
povos dos Andes.
Foi isolada pela primeira vez, em 1860, por Albert Niemann, que
observou os seus poderes de causar entorpecimento

ANESTÉSICOS LOCAIS HISTÓRIA


Em 1886, Carl Koller introduziu a cocaína na prática clínica como
anestésico oftalmológico tópico para cirurgia de um glaucoma.
Outro grande progresso da anestesiologia deu-se quando Heinrich
Braun, em 1897, adicionou uma solução de epinefrina à cocaína.

Até ao início do século XX, podiam encontrar-se produtos


com a cocaína como princípio ativo.

ANESTÉSICOS LOCAIS HISTÓRIA


No entanto, experiências posteriores, realizadas por Sigmund
Freud e outros, demonstraram o grande potencial da cocaína para
desenvolvimento de dependência química, o que levou à sua
proibição em 1914, tendo sido necessária a pesquisa de substitutos
para esta molécula.

A procaína o primeiro desses substitutos, foi sintetizada


em 1905 pelo químico alemão Alfred Einhorn. Foi
introduzida na atividade médica pelo cirurgião Heinrich
Braun (1862-1934).

ANESTÉSICOS LOCAIS HISTÓRIA


Em 1943, Loefren sintetizou a lidocaína, derivada do ácido dietilaminoacético, com maior estabilidade e
menos potencial alergénico.

Mais recentemente, em 1996, foi sintetizada a ropivacaína que apresenta como principais vantagens a
sua menor cardiotoxicidade em relação à bupivacaína e em 2000 a levobupivacaína

ANESTÉSICOS LOCAIS HISTÓRIA


Os AL não são seletivos para as fibras de dor; bloqueiam
também outras fibras sensoriais, motoras e autônomas, bem
como os potenciais de ação no músculo esquelético e no
músculo cardíaco. BLOQUEIAM O PROCESSO DE
EXCITAÇÃO-CONDUÇÃO

Os AL’s atuam através da ligação ao lado citoplasmático do canal


de sódio regulado por voltagem e inibem a despolarização da
membrana, impedindo a passagem de Íons sódio pelos canais.
Impregnação no miocárdio
Os AL são bases fracas que, em geral, estão clinicamente disponíveis sob a forma de sais para aumentar a solubilidade
e a estabilidade. Como o pKa da maioria dos AL se situa entre os 8,0 e 9,0. São molécula anfifílicas e por isso tem alta
afinidade com as membranas celulares.
A molécula de um anestésico local é constituída, numa das extremidades, por um grupo aromático que influencia a
hidrofobicidade do fármaco, a parte lipossolúvel, responsável pela penetração no nervo e, na outra extremidade, por uma
amina terciária ou secundária, grupo hidrofílico que é a parte ionizável da molécula, que vai sofrer a influência do pH,
além de determinar a velocidade de início de ação e a potência do anestésico local.

ÉSTER
Ionização
Penetra na célula (protonação em
pH do meio
interno da célula)

AMIDA

Potência
metabolismo e
toxicidade
ANESTÉSICOS LOCAIS QUÍMICA
PROTONAÇÃO
ANESTÉSICOS LOCAIS QUÍMICA
-A introdução de um grupamento na
posição PARA do anel fenílico aumenta a
polarização se for um doador de
elétrons (NH).
- O metabolismo dos AL’s do tipo éster,
resulta na produção do ácido-amino-
benzóico (PABA) que pode ser associado
a reações alérgicas
- + hidrolisados, menor tempo de ação e
met.por estearases plasmáticas.

BUTILA (ALTA POTÊNCIA, AÇÃO PROLONGADA)

ANESTÉSICOS LOCAIS QUÍMICA


O pKa dos anestésicos locais determina a quantidade de droga existente na forma ionizada em um
determinado pH. No pH fisiológico (7,4) todos os anestésicos locais apresentam sua forma ionizada
em maior proporção, visto que o pKa de todos os AL é maior que 7,4. Todavia, como cada droga
possui um pKa diferente, a proporção da forma ionizada e não-ionizada (molecular) presentes no
local apresenta variabilidade. A lidocaína possui pKa de 7,9, por isso em pH fisiológico apenas 25% da
droga apresenta-se na sua forma não-ionizada. A bupivacaína possui pKa de 8,1, por isso em pH
fisiológico haverá uma fração ainda menor da forma não-ionizada, aproximadamente 15%. A droga
deve atravessar a membrana lipídica da célula para no meio intracelular atuar nos canais de sódio. A
porção não-ionizada atravessa a membrana mais facilmente que a ionizada. Assim, a droga com
maior fração não-ionizada em pH fisiológico alcança seu sítio efetor de forma mais rápida. Isso
explica porque a lidocaína tem menor tempo de latência que a bupivacaína.

O pH da solução diluente é ácida (3,5 -5,5), principalmente em soluções contendo epinefrina.


O fato relevante em relação aos tecidos infectados é que eles tendem a ser um meio mais ácido que o
habitual. Como há redução no pH local, há menor fração não-ionizada de anestésico local e por isso o
efeito será mais lento e reduzido. Tecidos infectados também podem apresentar maior fluxo
sanguíneo local, levando à maior remoção do anestésico local antes que ele atue sobre os neurônios.
Características físico-químicas como a estrutura do anel aromático e o comprimento da cadeia de
hidrocarbonetos determinam a lipossolubilidade do anestésico local, relacionada com sua potência.
Drogas lipossolúveis penetram mais facilmente na membrana celular para exercer seu efeito. Quanto
mais potente, menor a quantidade de droga necessária para ocasionar o mesmo efeito. Assim, a
bupivacaína – altamente lipossolúvel – é aproximadamente quatro vezes mais potente que a
lidocaína. Isso se reflete nas preparações de drogas comercialmente disponíveis, pois como a
bupivacaína é mais potente, suas apresentações são em soluções de 0,1 a 0,5%, enquanto a lidocaína
é geralmente apresentada em soluções de 1 a 2%.
A duração da ação do anestésico local está relacionada à sua estrutura molecular, principalmente ao
comprimento da cadeia intermediária que liga o anel aromático ao grupo amina, e ao grau de ligação
protéica da droga. Entre os diferentes anestésicos locais existe uma grande variabilidade de cadeias
intermediárias e do grau de ligação protéica. Quanto maior a ligação protéica, maior o tempo de
duração do anestésico. Assim, como exemplo, o grau de ligação protéica da lidocaína é 65%,
enquanto o da bupivacaína é 95%, pode-se prever que a bupivacaína possua maior duração de ação
que a lidocaína – o que de fato ocorre. A procaína (éster) tem baixo grau de ligação protéica, apenas
6%, por isso possui ação ultra rápida. É importante ressaltar que o tempo de duração dos efeitos
colaterais da droga também está relacionado ao grau de ligação protéica, por isso a bupivacaína é
considerada mais tóxica que a lidocaína.
Anestésicos gerais Prof. José Afonso Corrêa da Silva
COMPONENTES:
Amnésia, imobilidade em resposta a estímulo nocivo, atenuação das reações autonômicas aos
estímulos nocivos, analgesia, inconsciência.
Evolução dos agentes anestésicos:

• Minimizar os efeitos diretos e indiretos potencialmente deletérios dos


agentes e técnicas anestésicas;

• Manter a homeostase fisiológica durante o procedimento cirúrgico –


diminuindo perda de sangue, isquemia tecidual, reperfusão de tecidos
isquêmicos, desvio de líquidos e comprometimento da coagulação;

• Melhorar os desfechos pós-operatórios (estresse cirúrgico e recuperação).


Efeitos hemodinâmicos da anestesia geral:

• A maioria dos anestésicos causam a redução da pressão arterial. As causas


incluem ação vasodilatadora direta, depressão do miocárdio, embotamento
do controle dos barorreceptores e uma diminuição do tônus do simpático.

ALERTA: vítimas de traumatismo nos quais a depleção do volume sanguíneo


está sendo compensado pelo simpático.
Efeitos respiratórios da anestesia geral:

• É essencial manter a desobstrução das vias respiratórias após a indução da


anestesia, já que quase todos os anestésicos reduzem ou eliminam o impulso
ventilatório e o reflexo de desobstrução.
• Perde-se o reflexo do vômito e da tosse. Regurgitação pode ocorrer, pois o
esfíncter esofágico inferior está com tônus reduzido.
• Intubação endotraqueal, introduzida por Kuhn em 1900.
• Necessidade de utilizar bloqueadores neuromusculares.
Hipotermia

• Durante uma cirurgia os pacientes comumente desenvolvem hipotermia;


• Razões: baixa temperatura do ambiente, exposição das cavidades corporais,
líquidos intravenosos frios, alteração da termorregulação e redução da taxa
metabólica.
• Os anestésicos grais diminuem o ponto de regulação, ocorre vasoconstrição
termorregulatória, a vasodilatação anestésica, combate esse efeito e assim
diminui a temperatura central.
Náusea e vômito

• Náusea e vômito pós-operatória, devido a ação dos anestésicos gerais na


zona quimiorreceptora do gatilho e nos centros do vômito no tronco
cerebral.
(modulação por serotonina, histamina, acetilcolina e dopamina)
Anestésicos voláteis Prof. José Afonso Corrêa da Silva
CAM para impedir o movimento em resposta à
estimulação cirúrgica em 50% dos indivíduos
Vantagem de utilizar CAM como unidade de medida:

• As concentrações alveolares podem ser monitoradas continuamente;


• Correlaciona-se com a concentração livre do anestésico no local ou locais
de ação no SNC.
SNC e vísceras
Os anestésicos limitados pela ventilação: apresentam um τ{Palv→PI} longo e limitador de velocidade,
dado seu elevado λ(sangue/gás): a alta taxa de captação do anestésico na corrente sanguínea impede
a rápida elevação da Palv. Por conseguinte, o equilíbrio lento e limitador de velocidade entre a pressão
parcial alveolar e a pressão parcial inspirada resultam em indução lenta e recuperação também lenta da
anestesia.
- éter dietílico, enflurano, isoflurano e halotano

Os anestésicos limitados pela perfusão: Com o menor λ(sangue/gás) dos anestésicos limitados pela
perfusão, a corrente sanguínea remove menos anestésico dos alvéolos; por conseguinte, a pressão
parcial alveolar aumenta mais rapidamente, e a indução é mais rápida
- óxido nitroso, desflurano e sevoflurano
Elevado de λ(sangue/gás) e λ(óleo/gás):
O odor não irritante do halotano o torna útil em anestesia pediátrica, porém ele está
sendo cada vez mais substituído pelo sevoflurano nesse tipo de anestesia. Uma
desvantagem do halotano é que seus metabólitos tóxicos podem causar
hepatotoxicidade fatal.

- Hipertermia maligna (mutação autossômica dominante no canal de Ca2+ do


retículo sarcoplasmático (também conhecido como receptor de rianodina).
TRATAMENTO: dantroleno

Menor λ(sangue/gás) e λ(óleo/gás):


O enflurano libera metabolicamente fluoreto em maior grau que o isoflurano, e
pode, por conseguinte, acarretar maior risco de toxicidade renal.
São anestésicos mais recentes que, em decorrência de sua concepção,
apresentam baixo λ(sangue/gás); os tempos de equilíbrio entre as pressões
parciais alveolar e inspirada são quase tão curtos quanto o de óxido nitroso. Além
disso, eles são muito mais potentes que óxido nitroso, porque seus coeficientes de
partição óleo/gás são mais altos.

Todavia, desflurano é um agente de pobre indução, uma vez que seu odor
penetrante irrita as vias respiratórias, podendo causar tosse ou laringospasmo.
Sevoflurano tem sabor adocicado, mas pode ser quimicamente instável quando
exposto a alguns adsorventes de dióxido de carbono no aparelho de anestesia,
sendo decomposto em um produto olefínico, que é potencialmente nefrotóxico.
Efeito simpaticomimético, profunda analgesia
Opioides Prof. José Afonso Corrêa da Silva
Este grupo de fármacos foi anteriormente
denominado de hipnoanalgésicos ou narcóticos,
sendo atualmente utilizado o termo opioide para
todos os fármacos naturais ou sintéticos, agonistas
ou antagonistas, semelhantes a morfina.

A morfina é obtida de uma planta chamada


Papaver somniferum, conhecida como
papoula do oriente.

Ao se fazer cortes na cápsula da papoula, quando


ainda verde, obtém-se um suco leitoso, o ópio.
Quando seco, este suco passa a se chamar pó de
ópio, onde existe várias substâncias com grande
atividade, sendo a mais conhecida a morfina.

Os fármacos sintéticos chamados opiáceos são


também classificadas como narcóticos.
CLASSIFICAÇÃO

Podem ser classificados em 4 grupos:

• Compostos naturais do ópio;


• Compostos semissintéticos;
• Compostos sintéticos;
• Antagonistas opioides.
- A codeína que é 15% menos analgésica que a morfina,
devido ao grupo metóxi em C3.

- A morfinona é 2 vezes menos potente que a morfina,


devido ao grupo cetona em C6.

- A hidromorfona tem sua atividade analgésica


aumentada pelo grupo cetona em C6 e pela retirada
ligação dupla entre C7 e C8.

- A heterocodeína é 6 vezes mais potente para a


atividade antitussígena, devido ao grupo metóxi em
C6.

- A heroína é 3 vezes mais potente que a morfina, além


de possuir maior lipossolubilidade e com grande poder
de penetração no SNC, devido aos grupos acetóxi em
C3 e C6.

- Ocorre redução da atividade analgésica em 90%, com


a quebra da ligação etér do anel tetrahidrofurano e com
a adição de um grupo OH em C4 do anel
aromático.
O aumento na atividade ocorre devido a:
 Retirada da dupla ligação entre C7 e C8.
 Retirada da dupla ligação entre C7 e C8 e a adição de um grupo metóxi em C3.
 Retirada da dupla ligação entre C7 e C8 e a adição de um grupo cetona em C6.
Modifique a molécula da Morfina dando a origem a opioides com atividades diferentes:

1- O rompimento da ponte etérea (anel tetrahidrofurano) e a adição


de uma hidroxila (OH) em C4, reduz em 90% a atividade.

2- A adição de uma OH em C14 e saturação da ligação dupla entre


C7 e C8,
aumenta em 10 X a analgesia da molécula (oximorfona).

3- A adição de uma OH em C14, de um grupo OCH3 em C3 e


saturação da ligação dupla entre C7 e C8 gera a oxicodona com
atividade igual a da morfina.

4- A adição de um CH2, de uma dupla ligação em C6 e a retirada da


dupla ligação entre C7 e C8, aumenta em 80 X a atividade da
molécula.
OPIOIDES SEMISSINTÉTICOS

CODEÍNA (metilmorfina):
Tem como ação mais específica de deprimir os acessos de tosse,
sendo por essa razão usada como antitussígeno.
É também usada como hipnoanalgésico em doses de 5 - 10
vezes maior que a morfina para produzir o mesmo efeito.
A dependência à codeína ocorre quando é ingerida em grandes
quantidades e por período bastante longo.
HEROÍNA (diacetilmorfina):
OPIOIDES SEMISSINTÉTICOS
É sintetizada a partir da morfina.
Ambas são tão relacionadas que a heroína, ao penetrar na
corrente sangüínea e ser processada pelo fígado, é transformada
em morfina. Em 1898, a Bayer, na Alemanha, acreditou na
época ser ela o substituto ideal da morfina, por ser 3 vezes mais
potente que a morfina.
Devido a essa potência, considerada "heróica", a Bayer decidiu
batizar oficialmente a nova substância com o nome de heroína.
Nunca é vendida pura: os traficantes adicionam ao pó lactose,
bicarbonato, farinha etc., e a taxa de pureza é de 5 - 10%.
A heroína adicionada à cocaína constitui uma mistura tóxica
forte, sendo usada frequentemente nos Estados Unidos, onde é
conhecida por speedball.

Possui ação depressora respiratória acentuada, de maneira que 4


mg de heroína corresponderiam ao uso de 10 mg de morfina.
Sua capacidade euforizante, juntamente com a qualidade de
produzir uma excelente sensação de bem estar, confere-lhe a
condição de droga extremamente perigosa em produzir hábito e
vício, além de tolerância e crise de abstinência.
OPIOIDES SEMISSINTÉTICOS
HIDROMORFONA:
Possui propriedade analgésica bem mais potente do que a
morfina, da ordem de 5 a 10 X mais.
Embora possua os efeitos farmacológicos mais ou menos
semelhantes aos da morfina, a sua ação sedativa e capacidade
em produzir euforia são bem menores. Possui também efeito
antitussígeno.

OXMORFONA:
Possui a mesma fórmula estrutural da hidromorfona, a única
diferença é a introdução de uma hidroxila no carbono 14. A sua
ação analgésica é 10 X maior que a da morfina.
OPIOIDES SINTÉTICOS:
MORFINÂMICOS

LEVORFANOL:
Resultante de uma simplificação molecular da morfina pela
perda do anel C.
Possuem excelentes propriedades analgésicas e uma boa
característica destes fármacos é seu emprego por via oral com
atividade analgésica prolongada.
OPIOIDES SINTÉTICOS:
BENZOMORFANO
Resultante de uma simplificação molecular da morfina pela perda de um núcleo hexagonal. Pertencem a este
grupo a fenazocina e a pentazocina.

FENAZOCINA:
É um poderoso analgésico sintético. Possui ação bastante parecida com a da morfina, diferenciando-se por ser mais poderoso
como analgésico e por possuir efeito depressor bem mais acentuado.

PENTAZOCINA:
Foi um dos primeiros fármacos a ser comercializado com ação mista agonista-antagonista.
Devido à sua ação mista, a pentazocina tem menor capacidade de provocar dependência do que a morfina, entretanto, tem
sido reportada dependência física e psíquica após administração parenteral do fármaco.
É empregada como analgésico no alívio de dores crônicas e de grande intensidade.
OPIOIDES SINTÉTICOS:
FENILPIPERIDÍNICOS
Os derivados deste grupo são obtidos por substituições em um dos 3 hidrogênios do grupo piperidínico.

MEPERIDINA:
Conhecida como petidina, demerol, dolosal, dolantina. Substância sintética de grande aceitação e superando muitas vezes a
morfina. Descoberta em 1939, quando procuravam novas drogas anticolinérgicas. Posteriormente, verificou-se sua atividade
analgésica, se bem que inferior à da morfina, porém com uma atividade espasmolítica que lhe conferiu qualidades originais
nos grupos dos analgésicos centrais. É um dos substitutos analgésicos para a morfina mais frequentemente usados

ALFAPRODINA (Nisentil):
Resulta da introdução de um grupo metila na meperidina. É dotada de maior potência analgésica do que a meperidina, embora
inferior à da morfina.
OPIOIDES SINTÉTICOS:
DIFENILPROPILAMINA
METADONA:

É primeiro opioide de síntese a perder o anel piperidínico, caracteriza-se por


possuir uma potência analgésica capaz de elevar o limiar da dor de 100%.
É usada sob a forma de cloridrato racêmico porque possui dois isômeros: a
L-metadona, responsável pela ação analgésica e sedativa, e a D-metadona,
com atividade antitussígena.

O isômero levógero (L-metadona) é o mais ativo. É usada no alívio de dores


como do câncer e muito utilizada para o tratamento de viciados em
narcóticos (morfina, heroína), aliviando os sintomas de abstinência
provocados por esses NARCÓTICOS.
ANTAGONISTAS
Os antagonistas opioides são usados no tratamento da toxicidade induzida por opioides, principalmente na
depressão respiratória e no diagnóstico da dependência física dos opioides.

As substituições químicas promovidas no nitrogênio do anel piperidínico da molécula da morfina são


capazes de fornecer substâncias de ação antagonistas.

A nalorfina, o levalorfan e a naloxona compartilham as seguintes características:


1. Não desencadeiam dependência física semelhante à da morfina;
2. São considerados pelos ex-dependentes como substâncias neutras ou desagadáveis;
3. Não produzem um tipo de dependência física que leve ao comportamento de busca compulsiva da droga.
Barbitúricos, anestéricos Prof. José Afonso Corrêa da Silva
locais e gerais e opioides

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