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Sandra Mara Dobjenski

1. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL


1.1. Legalidade: Art. 1º CP - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há
pena sem prévia cominação legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
(anterioridade da lei penal)
Art. 5º, XXXIX CR - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal;
1.2. Intervenção mínima e fragmentariedade: o Direito Penal, por ser
demasiado rigoroso, não pode intervir sempre, mas apenas em último caso (“ultima
ratio”) e apenas para proteger os bens jurídicos mais relevantes para determinada
sociedade (ou seja, não deve proteger todos os possíveis bens jurídicos)
1.3. Lesividade: O DP só deve intervir quando há lesão (real ou potencial) à bem
jurídico de outrem. Deste modo, entende-se que a autolesão e o pensamento são
criminalmente impuníveis.
1.4. Culpabilidade: é o fundamento e o critério de balizamento da pena criminal.
Nestes termos, um cidadão só poderá ser criminalmente sancionado se constatada
a culpabilidade.
1.5. Pessoalidade: Art. 5º, XLV CR/88 - nenhuma pena passará da pessoa do
condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento
de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas,
até o limite do valor do patrimônio transferido;
1.6. Individualização: Orienta a construção dos ditames penais e também a
dosimetria da pena. Art. 5º, XLVI - a lei regulará a individualização da pena e
adotará, entre outras, as seguintes:

a) privação ou restrição da liberdade;

b) perda de bens;

c) multa;

d) prestação social alternativa;

e) suspensão ou interdição de direitos;


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1.7. Proibição do bis in idem: fruto da legalidade penal e da segurança jurídica


Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo
mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (Pena cumprida no estrangeiro)
Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o
tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e
o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo
anterior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (Detração)
Ninguém pode ser duplamente punido por um mesmo caso.
1.8. Humanização: respeito a dignidade da pessoa humana - Art. 3º Constituem
objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais;
1.9. Insignificância: (bagatela) Consagra que as condutas devem ser consideradas
atípicas se não gerarem efetiva lesão a determinado e relevante bem jurídico
tutelado. A irrelevância da lesão em alguns casos não justifica a utilização da
máquina estatal – aplicação da lei aos casos concretos. Requisitos para
reconhecimento da insignificância (STF)
1.9.1. Mínima ofensividade da conduta
1.9.2. Ausência de periculosidade
1.9.3. Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento
1.9.4. Inexpressividade da lesão jurídica.
1.10. Adequação Social: indica que apesar de uma conduta se subsumir ao modelo
legal (tipo formal), não deverá ser considerada materialmente típica se for
socialmente adequada, tolerável ou reconhecida.
Súmula 502 do STJ - Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em
relação ao crime previsto no art. 184, § 2º, do CP, a conduta de expor à venda CDs
e DVDs piratas.
TEORIA DA NORMA
1. Incriminadoras – descrevem a infração penal e sua respectiva sanção.
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Ex.: Art. 121 CP – Matar alguém (conduta proibida) e a pena aplicável em caso de
infringência da norma – reclusão de 06 a 20 anos. Possuem dois preceitos:
1.1. Preceito primário – define a infração
1.2. Preceito secundário – estabelece a sanção.
2. Não incriminadoras – descrevem as formas de aplicação da pena,
procedimentos, critérios ou meras explicações. Subdivididas em:
2.1. Normas permissivas – aquelas que prevêem uma causa de excludente
do crime. Ex. Art. 23 CP - Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o
fato: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
II - em legítima defesa; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de
direito.
2.2. Normas explicativas – conceituam ou explicam o significado de algo. Ex.:
Art. 327 CP traz o conceito de funcionário público para fins penais.
2.3. Normas complementares – tem a função de complementar outra norma.
Ex.: Art. 59 CP – fala das circunstâncias judiciais, complementa o Art. 68
do CP – que estabelece o critério trifásico para aplicação da pena.
2.3.1. Norma penal em branco - é aquela em que a descrição da conduta punível
se mostra incompleta ou lacunosa, necessitando de outro dispositivo legal
para a sua integração ou complementação (ex: como ocorre com o crime
de peculato do art. 312 do CP, cujo complemento é ofertado pelo art. 327
do CP).
Subespécies de normas penais em branco:
A. Homogêneas – impróprias/homólogas ou normas penais em branco e
sentido lato – complemento é oriundo de uma mesma fonte legislativa
(ex: o art. 339 do CP depende do conceito de investigação policial, o
qual só é ofertado pelo art. 4º do CPP).
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B. Heterogêneas – próprias/heteróloga ou normas penais em branco em


sentido estrito – complementação é oriunda de uma fonte diversa da
que editou a norma a ser complementada. (Ex: art. 33 da Lei de
Drogas, que só se complementa com a Portaria SVS/MS 344 de 1998,
da ANVISA).
2.3.2. Tipo aberto - é aquele que descreve apenas parte da ação proibida, e que
deve ser completado pelo julgador diante do caso concreto (ex: o crime de
‘ato obsceno’ do art. 233 do CP).

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