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Victoria Isca Viriato Cumbane

Licenciatura em Educação e Assistência Social

4º Ano laboral

Antecedentes históricos da pedagogia social na Alemanha, Itália, Finlândia e Brasil.

Universidade Pedagógica

Maputo

2020
Victoria Isca Viriato Cumbane

Licenciatura em Educação e Assistência Social

Antecedentes históricos da pedagogia social na Alemanha, Itália, Finlândia e Brasil.

Trabalho a ser entregue na Faculdade de


Ciências de Educação e Psicologia, para
efeito de avaliação na cadeira de Pedagogia
Social.

Docente: Dionísio Tumbo

Universidade Pedagógica
Maputo
2020
INTRODUÇÃO

O presente trabalho surge como proposta de consolidação da matéria de introdutória da


disciplina de Pedagogia Social e visa elaborar um pequeno resumo sobre os antecedentes
históricos da mesma na Alemanha, Itália, Finlândia e Brasil.

Pedagogia se origina do grego antigo “paidos” que significa criança e “gogía” que significa
conduzir ou acompanhar. Constituindo o conceito paidagogós, ou seja, pessoas incumbidas de
cuidar e ensinar as crianças. Fazia menção ao escravo que levava os meninos à escola e era
encarregado também de dar formação (Paidéia), intelectual e cultura. Social é aquilo que se
refere a relações, sociabilidade, viver e actuar no colectivo.

A Pedagogia Social apresenta-se de maneira diversificada nos diferentes países. Em relação à


nomenclatura referente ao profissional da área não existe consenso. A forma mais difundida
para identificar o profissional é Educador Social. Em países como Alemanha, Portugal,
Espanha e Dinamarca, a denominação de Educador Social associa-se à de Pedagogo Social.
Em geral, representa a figura única e polivalente do educador que articula prevenção primária
e secundária e além de recuperação dos indivíduos com dificuldades, a atenção sócio-cultural.

ALEMANHA

O conceito de Pedagogia Social foi usado pela primeira vez em 1835 pelo pedagogo alemão
Diesterweg, na obra Bibliografia para a Formação dos Mestres Alemães, porém o termo
Pedagogia Social já havia sido utilizado por Magwer em 1844, na "Pädagogische Revue",
uma publicação alemã.

A primeira obra que sistematiza a Pedagogia Social foi à publicada em 1898, escrita pelo
filósofo neokantiano Paul Natorp, reconhecido como o fundador da Pedagogia Social, e
intitula-se Pedagogia Social. Teoria da educação e da vontade sobre a base da comunidade.

A Alemanha é considerada o berço da Educação Social e da Pedagogia Social, tanto no


sentido de elaboração das terminologias e sua fundamentação, como também na organização e
reconhecimento social.

O período em que surgiu a Pedagogia Social na Alemanha torna-se referencial para a área,
coincide com o crescimento e a consolidação das Ciências Sociais, com a racionalização e
análise objectiva da vida social. Reflete também os efeitos da Revolução Industrial e da
Francesa, com o reconhecimento dos movimentos populares que reivindicam liberdade e
direitos humanos.

A crise econômico-industrial da Alemanha, acentuada no final do século XIX, leva a


Pedagogia a atender à necessidade de intervenção sócio-educacional. A partir desse período,
pressionados pela realidade, educadores avançam na conceituação da Pedagogia Social ao
mesmo tempo em que ampliam as acções práticas. A Pedagogia Social atende a situações
contraditórias, tendo tanto o sentido de impulsionar a renovação social por intermédio da
educação como o de reduzir os conflitos políticos de socialistas e comunistas.

Considerando o contexto social e histórico em que surge a Pedagogia Social, esta defendia
que:

 O Trabalho Social tenha um enfoque pedagógico, educacional, e;


 A atuação pedagógica, educacional tenha o enfoque do social, dirigida aos diferentes
grupos em alguma situação de risco.

A Pedagogia Social cresceu muito e se expandiu, institucionalizando-se profissionalmente e


estruturando-se como responsável pela formação e capacitação de sujeitos para actuarem
como pedagogos sociais nas diferentes áreas em que a pedagogia social actua.

ITALIA

Na Itália a Pedagogia Social foi definida como uma ciência prática, social e educativa, não
formal, que justifica e compreende em termos mais amplos, a tarefa da socialização, e, de
modo particular, a prevenção e a recuperação no âmbito das deficiências da socialização e da
falta de satisfação das necessidades fundamentais.

Neste país a Pedagogia Social adquire uma forma própria, associada à ciência da educação
social produzida pelos meios de comunicação e extraescolares. Está mais relacionada à
educação informal do que a não formal. Os estudos sobre o tema, para a maioria dos
pedagogos italianos, apesar de interpretados sob diferentes concepções, apresentam uma
tendência dominante, comum, a defesa da teoria da sociedade educadora, ou seja, de que a
educação ocorre a partir da sociedade, no sentido de fora para dentro, da comunidade para o
indivíduo, como aponta. Dessa forma, a Pedagogia Social é entendida como ciência
pedagógica da inadaptação social, da luta por uma escola europeísta, da educação para a paz,
da educação cívica e política, sobre a acção educativa nos serviços sociais, da marginalização
social e dos meios de comunicação social.

A Pedagogia Social italiana defende uma educação para a democracia, a liberdade e a


igualdade. Envolve-se família, escola, igreja, estado, governo, magistratura, exército,
associações culturais e profissionais, sindicatos, rádios, televisão e demais meios de
comunicação, como partes da realidade social, responsáveis pela educação social de seus
participantes, o que permite que seja interpretada como uma interação entre Sociologia e
Pedagogia.

FINLANDIA

Na Finlândia, não há tradição acadêmica baseada sobre o conceito de pedagogia social.


Entretanto, desde as últimas décadas do século XIX, houve diversos tipos de movimentos
visando fins sociais por meio de actividades educacionais.

O conceito de pedagogia social foi mencionado em alguns livros finlandeses mais antigos
sobre política social como Nieminen, 1955 e educação como por exemplo, Koskenniemi,
1952, mas o desenvolvimento da pedagogia social como uma disciplina acadêmica começou
tão tarde, apartir da década de 1990.

Na Finlândia, a educação para o trabalho profissional em instituições infantis começou após a


Guerra Civil em 1918 e o título profissional de "educador social" foi estabelecido.
Paralelamente a isso, em 1927, um programa de trabalho profissional de bem-estar infantil foi
estabelecido no colégio civil, que foi estabelecido há alguns anos anteriormente, mas os
termos ‘pedagogia social’ e ‘educação social’ não foram usados.

A partir do final do século XIX e início do século XIX deu-se início movimentos sociais que
promoveram o estabelecimento de novas instituições sociais e educacionais combinando
perspectivas sociais e educacionais, preocupou-se com o desenvolvimento de escolas
primárias, jardins de infância, lares infantis e outras actividades de cuidados infantis,
atividades relacionadas ao trabalho juvenil, educação de pais, organizações de temperança, o
movimento de liquidação e educação em saúde. Essas e outras actividades correspondentes
não eram chamadas de pedagogia social ou educação social, embora a ideia de pedagogia
social possa ser claramente encontrada lá.
No início da década de 1980, a pedagogia social foi introduzida em um livro sueco como uma
especial abordagem ao serviço social em termos de fortalecimento espírito comunitário e
mobilização de actividades comuns em comunidades locais (Ronnby, 1982).

Alguns anos mais tarde, este livro foi traduzido para o finlandês e publicado na Finlândia.
Mas a pedagogia social não foi significativamente desenvolvida como um paradigma do
trabalho social por os estudiosos finlandeses de serviço social e o conceito da pedagogia
social não foi substancialmente adoptada em teoria do serviço social, embora o conceito de
trabalho comunitário tenha sido adoptado.

Desde a década de 1990, a pedagogia social tem sido desenvolvida como uma disciplina
acadêmica na Finlândia como um campo de pesquisa e construção de teoria e um ramo de
estudos academicos. O conceito foi adotado e trabalhado por acadêmicos em ciências sociais
e educacionais. Foram desenvolvidos conceitos da pedagogia social em algumas
universidades de pesquisa e em muitas universidades de ciências aplicadas

BRASIL

A Pedagogia Social surge no Brasil com ênfase no assistencialismo das políticas públicas, a
partir das quais a sociedade civil começa a entrar nos debates realizados, mesmo que
restritamente, assumindo responsabilidades nos projectos sociais. Um dos grandes
representantes da pedagogia social no Brasil foi o pensador Paulo Freire, o qual criou a
educação para adultos na década de 60. Essa criação de Paulo Freire influenciou as
campanhas gerando a conscientização para a área da alfabetização, mobilizando assim a
sociedade para a transformação social da educação como um todo.

Desde a década de 60 existem estudos relacionados à pedagogia social, porém no Brasil


persiste a carência nessa área. Consequentemente outras organizações na sociedade tentam
suprir as falhas governamentais. Desta forma Paulo Freire se consolidou como precursor da
Pedagogia Social no Brasil, fazendo com que seu trabalho social fosse reconhecido
internacionalmente, tornando-se referência na formação social e educacional do indivíduo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MARTINS, E. C. (2013). A Pedagogia social/Educação social nos meandros da comunidade e


da escola. Educare educere, 5-24.

ROMANS, M., PETRUS, A. & TRILLA, J. (2003). Profissão: Educador Social. Porto Alegre
(p. 16).

MACHADO, É. R. (2015). Fundamentos da pedagogia social

MACHADO, É. R. (2008). A pedagogia social: diálogos e fronteiras com a educação não-


formal e educação sócio comunitária.

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