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UNIFAP

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ

SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA II

Prof. Msc. Andrey da Costa Lopes

2.º semestre / 2012

COLEGIADO DO CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA ELÉTRICA


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
MACAPÁ AMAPÁ
1

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 3

1.1 – INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 3


1.2 – ESTRUTURA DO SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA....................................... 3
1.3 – REPRESENTAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS ................................................. 5
1.3.1 – Valor por unidade ....................................................................................................... 5
1.3.2 – Diagrama Unifilar e por Fase...................................................................................... 9
1.3.3 – Representação de Gerador Síncrono, Transformador, Linha de Transmissão, Carga. 10
1.3.4 – Diagrama de impedância .......................................................................................... 13

CAPÍTULO 2 – COMPONENTES SIMÉTRICAS 16

2.1 – INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 16


2.2 – OPERADOR Α .......................................................................................................... 16
2.3 – SEQUÊNCIAS........................................................................................................... 17
2.3.1 – Sequência Positiva.................................................................................................... 17
2.3.2 – Sequência Negativa .................................................................................................. 18
2.3.3 – Sequência Zero ......................................................................................................... 18
2.4 – TEOREMA FUNDAMENTAL ................................................................................ 19
2.5 – MUDANÇA NO FASOR DE SEQUÊNCIA ............................................................ 21
2.6 – APLICAÇÃO AOS SISTEMAS TRIFÁSICOS....................................................... 24
2.6.1 – CONSIDERAÇÕES SOBRE COMPONENTES DE SEQUÊNCIA ZERO .............. 24
2.6.2 – Propriedade das Componentes Simétricas na Potência Elétrica Trifásica .................. 24
2.6.3 – Propriedade das Componentes Simétricas nas Equações dos Elementos Passivos da
Rede Elétrica ....................................................................................................................... 25

CAPÍTULO 3 – REPRESENTAÇÃO DE COMPONENTES PELO DIAGRAMA DE


SEQÜÊNCIA 29

3.1 – INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 29


3.2 – REPRESENTAÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO ........................................ 29
3.2.1 – IMPEDÂNCIA DE SEQUÊNCIA POSITIVA DA LINHA DE TRANSMISSÃO.... 29
3.2.2 – IMPEDÂNCIA DE SEQUÊNCIA NEGATIVA DA LINHA DE TRANSMISSÃO . 29
3.2.3 – IMPEDÂNCIA DE SEQUÊNCIA ZERO DA LINHA DE TRANSMISSÃO ........... 30
3.3 – REPRESENTAÇÃO DE CARGAS.......................................................................... 30
3.3.1 – CARGAS EM ESTRELA COM IMPEDÂNCIA DE FASE ZY E ATERRADAS POR
MEIO DE IMPEDÂNCIA ZN. ............................................................................................. 30
3.3.2 – REPRESENTAÇÃO DE CARGAS EM TRIÂNGULO E EM ESTRELA CENTRO-
ESTRELA ISOLADO.......................................................................................................... 32
3.4 – REPRESENTAÇÃO DE GERADORES.................................................................. 33
3.4.1 – MODELO DE GERADOR SÍNCRONO .................................................................. 33
3.4.2 – CIRCUITO DE SEQUÊNCIA POSITIVA ............................................................... 36
3.4.3 – CIRCUITO DE SEQUÊNCIA NEGATIVA ............................................................. 36
2

3.4.4 – CIRCUITO DE SEQUÊNCIA ZERO ....................................................................... 37


3.5 – REPRESENTAÇÃO DE MOTORES ...................................................................... 38
3.5.1 – MOTOR SÍNCRONO .............................................................................................. 38
3.5.2 – MOTOR ASSÍNCRONO ......................................................................................... 38
3.6 – REPRESENTAÇÃO DE TRANSFORMADORES ................................................. 39
3.6.1 – MODELO DE TRANSFORMADOR TRIFÁSICO DE DOIS ENROLAMENTOS.. 39
3.6.2 – MODELO DE TRANSFORMADOR TRIFÁSICO DE TRÊS ENROLAMENTOS . 42
3.7 – ASSOCIAÇÃO EM SÉRIE DE ELEMENTOS....................................................... 43

CAPÍTULO 4 – ANÁLISE DE CURTO CIRCUITO E ABERTURAS 45

4.1 – INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 45


4.2 – TRANSITÓRIOS DURANTE UMA FALTA BALANCEADA .............................. 45
4.2.1 – CORRENTE ASSIMÉTRICA DE CURTO-CIRCUITO .......................................... 45
4.2.2 – CORRENTE SIMÉTRICA DE CURTO-CIRCUITO EM ALTERNADOR
OPERANDO EM VAZIO .................................................................................................... 47
4.3 – FALTA TRIFÁSICA BALANCEADA .................................................................... 48
4.3.1 – HIPÓTESES SIMPLIFICADORAS ......................................................................... 48
4.3.2 – TEOREMAS BÁSICOS ........................................................................................... 48
4.3.3 – MODELAGEM DA REDE ...................................................................................... 49
4.3.4 – CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO SIMÉTRICO ................................................. 50
4.3.5 – POTÊNCIA DE CURTO-CIRCUITO ...................................................................... 51
4.4 – FALTA FASE-TERRA ............................................................................................. 52
4.5 – FALTA FASE-FASE ................................................................................................. 54
4.6 – FALTA FASE-FASE-TERRA .................................................................................. 55
4.7 – ABERTURA MONOPOLAR ................................................................................... 57
4.8 – ABERTURA BIPOLAR............................................................................................ 58

CAPÍTULO 5 – CÁLCULO DIGITAL DE FALTAS 60

5.1 – INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 60


5.2 – MONTAGEM DA MATRIZ YBUS ......................................................................... 60
5.3 – MONTAGEM DA MATRIZ ZBUS ......................................................................... 61
5.3.1 – INVERSÃO DE YBUS ............................................................................................ 61
5.3.2 – ELIMINAÇÃO DE BARRAS DA MATRIZ Ybarra POR ÁLGEBRA MATRICIAL
............................................................................................................................................ 61
5.3.3 – MONTAGEM DIRETA DE ZBUS .......................................................................... 61
5.4 – SOLUÇÃO DIGITAL DE EXERCÍCIOS ............................................................... 64
5.4.1 – FALTA TRIFÁSICA BALANCEADA .................................................................... 64
5.4.2 – FALTA FASE-FASE ............................................................................................... 67
5.4.3 – FALTA FASE-FASE-TERRA ................................................................................. 71
5.4.4 – ABERTURA MONOPOLAR ................................................................................... 74
5.4.5 – ABERTURA BIPOLAR........................................................................................... 74
3

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

1.1 – INTRODUÇÃO

A análise de Sistemas de Energia Elétrica (SEE) em regime permanente é de extrema


importância, pois é desta forma que as redes operam quase na totalidade do tempo.
Nos estudos de Sistemas Elétricos de Potência (SEP) envolvendo análise em regime
permanente, na maioria dos casos, tais estudos envolviam sistemas trifásicos simétricos
equilibrados, ou balanceados. Um caso típico seria a análise de Fluxo de Carga em Regime
Permanente.
Diante de tais análises, para um sistema trifásico equilibrado, os modelos utilizados
são representados por um circuito monofásico equivalente.
Em sistemas equilibrados, representa-se uma única fase do sistema em Y equivalente,
onde cada elemento (gerador, transformador, linha de transmissão, etc) é representado pelo
seu circuito equivalente por fase, conectado aos outros elementos de acordo com a topologia
do diagrama unifilar (KINDERMANN, 1997).
A operação correta dos sistemas também depende do conhecimento dos níveis de
curto-circuito em cada barramento, de modo que sistemas adequados de proteção possam ser
dimensionados. O curto, mais apropriadamente denominado falta, pode ser simétrico, como
nos casos dos curtos trifásico e trifásico-terra, ou assimétrico, como nos casos dos curtos fase-
terra, fase-fase ou fase-fase-terra.
Conduto, no caso dos curtos assimétricos, o problema se torna mais complexo, pois as
correntes em cada uma das fases serão diferentes. Felizmente, em situações de curto podemos
fazer algumas simplificações no sistema e podemos também usar o método das componentes
simétricas, o que nos permitirá conhecer correntes e potências de curto em cada uma das
barras do sistema.
Diante deste contexto, estudaremos nesta disciplina todo conjunto de teorias
envolvendo análise de curto-circuito em SEE.

1.2 – ESTRUTURA DO SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA

A estrutura de um SEE é muito grande e complexa, contudo, ela pode ser dividida nos
seguintes estágios principais:
• Geração
• Transmissão
• Distribuição
4

FIGURA 1.1 – Estrutura do Sistema Elétrico de Energia

Em geral, os SEE são representado por diagramas unifilares, onde tais diagramas
mostram a topologia da rede elétrica e fornecem concisamente os dados significativos do
SEE.
Pode-se distinguir claramente três níveis diferenciados de tensões nos sistemas
elétricos, ilustrados na Figura 1:
a) Nível de Distribuição (primário e secundário);
b) Nível de Subtransmissão;
c) Nível de Transmissão;

FIGURA 1.2 – Estrutura de um Sistema Elétrico de Potência.


5

Esses níveis, os quais são baseados na magnitude das tensões, são padronizados no
Brasil da seguinte forma:
• Transmissão: 750, 50, 230, 138, 69 kV
• Subtransmissão: 138, 69, 34,5 kV
• Distribuição primária: 34,5; 13,8 kV
• Distribuição secundária: 380/220 V, 220/ 127 V, 230/115V

a) Nível de Distribuição

Os circuitos de Distribuição constituem as malhas mais refinadas da rede total.


Usualmente são utilizados dois níveis de distribuição:
• Tensão Primária, ou de Alimentação – a exemplo : 13.800 V;
• Tensão Secundária, ou de Consumidor – a exemplos: 380/220 V ou 220/127 V;

Os circuitos a níveis de distribuição são alimentados a partir das subestações de


distribuição (estações de transformadores), fornecendo energia a consumidores pequenos
(domésticos) e médios (pequenas indústrias ou instalações comerciais).

b) Níveis de Subtransmissão

Os circuitos de subtransmissão distribuem energia às subestações de distribuição


localizadas em certa área geográfica, utilizando níveis de tensões que variam entre 11.000 e
138.000 Volts. Estes podem receber a energia diretamente da barra do gerador na estação de
geração, ou por meio de subestações de potência. Os grandes consumidores são atendidos
diretamente por estes circuitos.
O papel de um sistema de subtransmissão é basicamente o mesmo de um sistema de
distribuição, embora, a área geográfica atendida é maior e o transporte de blocos de energia é
superior.

c) Níveis de Transmissão

A rede de transmissão liga as grandes usinas de geração às áreas de grande consumo.


Em geral apenas poucos consumidores com um alto consumo de energia elétrica são
conectados às redes de transmissão onde predomina a estrutura de linhas aéreas.
A segurança é um aspecto fundamental para as redes de transmissão. Qualquer falta
neste nível pode levar a descontinuidade de suprimento para um grande número de
consumidores. A energia elétrica é permanentemente monitorada e gerenciada por um centro
de controle. O nível de tensão depende do país, mas normalmente o nível de tensão
estabelecido está entre 220 kV e 765 kV. No Brasil as tensões usuais de transmissão adotados
em corrente alternada são de 138kV e 230kV alta tensão, 345kV, 440kV e 500 kV para extra
alta tensão e 765kV para ultra alta tensão (acima de 750kV).

1.3 – REPRESENTAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS

1.3.1 – VALOR POR UNIDADE

Uma quantidade no sistema p.u. é definida pela razão entre o valor real de uma
grandeza e o valor base da mesma grandeza, selecionado como referência, isto é:
6

Valor real da grandeza (V, A, Ω, W, ...)


Valor P.U. = (1.1)
Valor base da grandeza (V, A, Ω, W, ...)

Observe que:
• A quantidade em p.u. é adimensional
• Valor base é sempre um número real
• O ângulo do valor em p.u. é sempre o mesmo do valor verdadeiro.

EXEMPLO: Referir as tensões abaixo em P.U., usando arbitrariamente como Base o valor de
120 kV.

V1 = 126 kV
V2 = 109 kV
V3 = 120 kV

Levando-se em conta os valores base das grandezas elétricas do sistema, cada ponto
do sistema elétrico fica caracterizado por quatro grandezas:
• Tensão elétrica (V)
• Corrente elétrica (I)
• Potência aparente (S)
• Impedância (Z)

Observe que, conhecendo apenas duas destas grandezas, as outras duas ficam também
definida através das equações abaixo.

V = Z ⋅I
S =V ⋅I∗
P = X ⋅I2
S = P + jQ

Basta então, escolher como base, apenas duas destas grandezas. É comum, em sistema
de potência, escolher como bases a tensão (Vbase) e a potência aparente (Sbase), ficando,
consequentemente, fixadas as bases de corrente e de impedância para o nível de tensão
correspondente.

A. SISTEMA MONOFÁSICO

É o caso de redes monofásicas ou transformadores monofásicos.

A.1. Cálculo da corrente base (Ibase)

S base
S base = Vbase ⋅ I base → I base = (1.2)
Vbase

Onde:
• Vbase – tensão base da fase no nível de tensão considerado
• Sbase – potência aparente base.
7

• Ibase – corrente base no nível de tensão da Vbase

A.2. Calculo de impedância base (Zbase)

2
Vbase Vbase Vbase
Z base = = = (1.3)
I base S base S base
Vbase

B. SISTEMA TRIFÁSICO

Um sistema trifásico de potência envolve cargas e transformadores ligados em delta e


estrela. Os cálculos de curto-circuito, para proteção, são feitos usando componentes
simétricas, que são equilibradas. Desse modo, pode-se analisar apenas uma única fase.
Portanto, toda a representação de um sistema trifásico em PU é feito numa única fase
do sistema em Y equivalente.

FIGURA 1.3 – Circuito representativo do Y equivalente

• Sbase – Potência aparente base do sistema trifásico, ou seja, é a soma das potências
aparentes base de cada fase S base(3φ ) = 3S base(1φ ) .
• Vbase – Tensão base de linha à linha, ou 3 vezes a tensão base de fase da Y
equivalente Vbase = 3Vbf .
• Vbf – Tensão base de fase

B.1. Cálculo da corrente de base (Ibase)

A corrente base é a mesma da linha do sistema trifásico original e da fase do Y


equivalente.

S base = 3 ⋅ Vbase ⋅ I base (1.4)


S base
I base = (1.5)
3 ⋅ Vbase

B.2. Cálculo da impedância base (Zbase)

A impedância base de um sistema trifásico é sempre a impedância da fase do sistema


trifásico em Y equivalente
8

Vbf
Z base = (1.6)
I bf
I bf = I base (1.7)
Vbase = 3 ⋅ Vbf (1.8)
2
Vbase V
Z base = = base
(1.9)
3 ⋅ I base S base

EXEMPLO: Um sistema de potência trifásico, tem como base 100 MVA e 230 kV.
Determinar:
a) Corrente base
b) Impedância base
c) Admitância base
d) Corrente I = 502,04 A em P.U
e) Impedância Z = 264,5 + j1058 Ω em P.U
f) Em P.U, a impedância de uma linha de transmissão de 230 kV com 52,9 km de
comprimento, tendo 0,5 Ω/km por fase.

C. MUDANÇA DE BASE DE UMA GRANDEZA (IMPEDÂNCIA)

Geralmente, os dados de placa dos transformadores não coincidem com a base na qual
o sistema está sendo calculado. A mudança de base da impedância do transformador deverá
ser efetuada como segue.

Vbase ( velho )
Z pu (velho )  (1.10)
S base ( velho )
Vbase ( novo)
Z pu ( novo )  (1.11)
S base ( novo)
2
 Vbase ( velho )  S
Z pu ( novo ) = Z pu ( velho ) ×   × base ( novo) (1.12)
V  S
 base ( novo)  base ( velho )

EXEMPLO: A placa de um gerador síncrono apresenta os seguintes dados 50 MVA, 13,8 kV


e X = 20%. Calcular a reatância da máquina em PU referiada a uma nova base de 100 MVA e
13,2 kV.

D. VANTAGENS DO SISTEMA POR UNIDADE

1. Especificando propriamente as quantidades base, o circuito equivalente do


transformador, pode ser simplificado. O transformador ideal pode ser eliminado, de
forma que as tensões, correntes, impedâncias e admitâncias externas expressas em PU
não se modificam quando referidas aos lados de AT ou BT do transformador.
2. Evitam-se erros de cálculos provenientes de se referir as grandezas a um lado ou ao
outro.
3. Fabricantes em geral especificam as impedâncias das máquinas e transformadores nos
sistemas PU ou percentual (%).
9

1.3.2 – DIAGRAMA UNIFILAR E POR FASE

Como um sistema opera normalmente equilibrado, substitui-se sua representação


trifásica, por uma representação simbólica, conhecida como diagrama unifilar. Este tipo de
diagrama deve mostrar claramente a topologia e, concisamente, os dados principais do
sistema de potência.
Os elementos do sistema, no diagrama unifilar, são representados por símbolos, onde,
por exemplo, as linhas de transmissão trifásicas são representads por um único traço. Um
exemplo de diagrama unifilar é apresentado na Figura 1.4.

FIGURA 1.4 – Representação de um diagrama unifilar

A importância do diagrama unifilar é apresentar claramente a topologia e,


concisamente, os dados significativos do SEP. O diagrama unifilar pode conter informações
diferentes, dependendo do tipo de estudo desejado, como por exemplo, diagrama unifilar para
Fluxo de Potência, Curto-Circuito, Estabilidade e Proteção.
Alguns dos símbolos utilizados nesta representação foram normalizados pela
American National Standards Institute (ANSI) e pelo Institute of Electrical and Electronic
Engineers (IEEE) e são mostrados na Tabela 1.1.

TABELA 1.1 – Simbologia adotada na representação de diagramas unifilares.


Máquina ou Disjuntor a óleo ou
armadura girante outro líquido
(básico)
Transformador de Disjuntor a ar
potência de dois
enrolamentos
Transformador de Ligação trifásica em
potência de três delta
enrolamentos
Fusível Ligação trifásica em
estrela, com neutro
não aterrado
Transformador de Conexão trifásica em
corrente estrela, com neutro
aterrado
Transformador de Amperímetro e
potencial voltímetro

Neste texto, os elementos que compõem um sistema de potência serão modelados


apropriadamente para o estudo de curto-circuito, o que será visto a seguir.
10

1.3.3 – REPRESENTAÇÃO DE GERADOR SÍNCRONO, TRANSFORMADOR, LINHA


DE TRANSMISSÃO, CARGA.

A. Modelo do gerador

A Figura 1.5 mostra o modelo do gerador síncrono de rotor cilíndrico (pólos lisos).

Figura 1.5 – Modelo do gerador de rotor cilíndrico


Onde:
• ra – resistência da armadura,
• XS – reatância síncrona, que é a soma da reatância Xa, devido a reação da armadura e
da reatância Xl devido a dispersão.

Pode-se desprezar a resistência da armadura nas máquinas em que a resistência da


armadura é muito menor que XS.

Regime permanente: XS,


Regime transitório ou dinâmico: reatância transitória (x'd) ou sub-transitória (x''d).

B. Modelo de transformador

Os modelos de transformadores monofásico e trifásico de dois enrolamentos possuem


a mesma estrutura, visto que para o transformador trifásico sua representação é dada pelo
modelo monofásico equivalente.
A Figura 1.6 mostra o modelo completo de um transformador monofásico de dois
enrolamentos.

Figura 1.6 – Modelo completo do transformador monofásico de dois enrolamentos

A Figura 1.7 mostra o modelo completo do transformador monofásico de dois


enrolamentos com todos os parâmetros referidos ao primário, onde a grandeza com primo
designa grandeza refletida.
11

Figura 1.7 – Modelo completo do transformador com parâmetros referidos ao primário

Considerando-se que a corrente de magnetização do transformador é muito menor que


a corrente de carga, e também considerando-se que o transformador é um equipamento de
rendimento elevado, maior que 98%, pode-se, sem perda de exatidão, desprezar o ramo
paralelo e a resistência série do transformador, resultando no modelo da Figura 1.8, onde xeq
= x1 + x'2 .

Figura 1.8 – Modelo do transformador monofásico desprezando-se o ramo paralelo e a resistência dos
enrolamentos.

C. Modelo de linha de transmissão

O modelo da linha de transmissão depende do comprimento da mesma. A seguir a


modelagem de cada um dos três comprimentos típicos.

Modelo da linha curta (até 80 km)

Neste caso a capacitância da linha, por ser pequena, é desprezada, sendo a linha
representada pelos parâmetros série, ou seja, a resistência e a indutância. A Figura 1.9 mostra
o modelo da linha curta.

Figura 1.9 – Modelo de linha curta.


12

Modelo de linha média (entre 80 km e 240 km)

Neste caso considera-se a capacitância da linha concentrada em ambas as


extremidades da mesma.
A linha é representada pelo modelo pi-nominal, mostrado na Figura 1.10.

Figura 1.10 – Modelo da linha de comprimento médio.

Modelo da linha longa (acima de 240 km)

O modelo da linha longa é determinado considerando-se os parâmetros da linha


distribuídos, o que resulta em equações diferenciais parciais, as quais são ajustadas a um
modelo pi-equivalente, mostrado na Figura 1.11.

Figura 1.11 – Modelo da linha longa.

Os valores dos parâmetros da Figura 1.11 estão mostrados a seguir.

senh (γ × l )
z equivalente = Z ×
γ ×l
tanh (γ × l 2 )
y equivalente =Y ×
γ ×l 2

Onde:
• l é o comprimento da linha
• Z = z ×l
• Y = y×l
• γ = z × y , constante de propagação
13

D. Modelo da carga

A representação da carga depende muito do tipo de estudo realizado. A carga pode ser
representada por potência constante, corrente constante ou impedância constante. É
importante que se conheça a variação das potências ativas e reativas com a variação da tensão.
Em uma barra típica a carga é composta de motores de indução (50 a 70%), aquecimento e
iluminação (20 a 30%) e motores síncronos (5 a 10%). Embora seja exato considerar as
características PV e QV de cada tipo de carga para simulação de fluxo de carga e estabilidade,
o tratamento analítico é muito complicado. Para os cálculos envolvidos existem três maneiras
de se representar a carga.

Representação da carga para fluxo de potência

A Figura 1.12 mostra a representação da carga como potência ativa e reativa


constantes.

Figura 1.12 – Representação da carga com potência constante para estudo de fluxo de potência.

Representação da carga para estudo de estabilidade

Neste caso a atenção não é com a dinâmica da carga, mas sim com a dinâmica do
sistema. Por esta razão a carga é representada por impedância constante como mostra a Figura
1.13.

Figura 1.13 – Representação da carga para estudo de estabilidade com impedância constante.

Representação da carga para estudo de curto-circuito

Cargas estáticas e pequenas máquinas são desprezadas. Somente as máquinas de


grande porte contribuem para o curto, logo apenas estas máquinas são consideradas.

1.3.4 – DIAGRAMA DE IMPEDÂNCIA

Quando se deseja analisar o comportamento de um sistema em condições de carga ou


durante a ocorrência de um curto-circuito, o diagrama unifilar deve ser transformado num
diagrama de impedâncias. A partir do diagrama unifilar, fazendo uso dos modelos
representativos dos componentes do sistema elétrico, passa-se à elaboração do Diagrama de
Impedâncias (Figura 1.14), usado nos cálculos de análise de sistemas de potência.
14

FIGURA 1.14 – Diagrama de impedância para circuitos vistos

Como os modelos de todos os elementos que compõem o sistema elétrico já estão


definidos, o diagrama de impedâncias do sistema é obtido fazendo o circuito equivalente por
fase do sistema. Para isso, basta ligar em cascata os circuitos equivalentes individuais, de
acordo com a topologia indicada no diagrama unifilar.
No diagrama de impedância da Figura 1.14 (referente ao diagrama unifilar da Figura
1.4), todos os circuitos equivalentes são apresentados e referidos ao mesmo lado do
transformador (a relação de transformação é eliminada).
A utilização de hipóteses simplificadoras que incluem, entre outras providências, a
omissão de cargas estáticas, conduz, afinal, ao Diagrama de Reatâncias (Figura 1.15), bastante
empregado.

FIGURA 1.15 – Diagrama de reatância para circuitos vistos

O diagrama de reatância, representado na Figura 1.15, é caracterizado pela omissão de


cargas estáticas, todas as resistências, a corrente de magnetização de cada transformador e a
capacitância de linha de transmissão
Estas aproximações são úteis para:
• cálculo analítico de faltas nos sistemas;
• para cálculos de cargas, um modelo computacional mais complexo deve ser usado.

Na Figura 1.16, observa-se a representação de um sistema de energia elétrica através


do diagrama unifilar, do diagrama trifásico (trifilar) de impedâncias e do diagrama de
impedância por fase. No diagrama unifilar é possível representar a topologia do sistema
(ligações), os valores das grandezas elétricas dos componentes e sua forma de conexão. O
diagrama trifilar de impedâncias representa o circuito elétrico equivalente ao sistema de
energia elétrica. O diagrama de impedância por fase representa uma simplificação do
diagrama trifásico sendo utilizado para determinar os valores das grandezas elétrica do
sistema para uma fase (posteriormente, este resultado é estendido para as demais fases).
15

FIGURA 1.16 – Representação do sistema de energia elétrica.


16

CAPÍTULO 2 – COMPONENTES SIMÉTRICAS

2.1 – INTRODUÇÃO

As componentes simétricas são usadas para calcular as condições de desbalanço de um


sistema trifásico usando somente o cálculo monofásico. Isso simplifica enormemente o
processo do cálculo das grandezas de falta nos sistemas de potência.
O Método dos Componentes Simétricos foi desenvolvido pelo Dr. C. L. Fortescue, que
publicou um artigo clássico em 1918 no AIEE, denominado “Method of Symmetrical
Coordinates Applied to the Solution of Polyphase Networks”.
Este método pode ser resumido pelo seguinte enunciado: “Um sistema trifásico
desequilibrado pode se decomposto em três sistemas equilibrados e esta decomposição é
única”.
Para fins de fundamentar tal contexto, serão abortados neste capítulo os fundamentos
matemáticos utilizado na teoria de componente simétrica, como o conceito do operador α, em
seguida, alguns conceitos pertinentes às sequências de fase, por fim, a teoria de Fortescue e
suas aplicações em SEP.

2.2 – OPERADOR α

Inicialmente vamos introduzir o conceito de operador de fase. Este operador, de valor


unitário, designado por a (alguns textos o denominam por α), é análogo ao operador j,
utilizado em números complexos.

j = 1∠90° (2.1)
1 3
a=− + j = 1∠120° (2.2)
2 2

Multiplicando um fasor pelo operador j significa imprimi-lo uma rotação de 90º. A


multiplicação de um fasor pelo operador a, por sua vez, imprimirá a ele uma rotação de 120º.
Se o mesmo fasor for multiplicado por a2 irá imprimi-lo uma rotação de 240º. Se o
multiplicador for a3 a rotação será de 360º, isto é, o fasor irá voltar à sua posição original. Se
um fasor de módulo unitário for multiplicado sucessivamente por a, a2 e a3 tem-se um sistema
de fasores unitários, conforme mostrado na Figura 2.1.

FIGURA 2.1 – Sistema de fasores unitários.


17

Os fasores a, a2 e a3 podem ser representados como números complexos, nas formas


exponencial e retangular como se segue:

1 3
a = e j120° = − + j (2.3)
2 2
1 3
a 2 = e j 240° = − − j (2.4)
2 2
a 3 = e j 0° = 1 (2.5)

Uma propriedade importante de grande utilidade em circuitos triásicos é dada pela


seguinte relação:

1 + a + a 2 = 1 + 1∠120° + 1∠240° = 0 (2.6)

2.3 – SEQUÊNCIAS

A ordem na qual as tensões ou correntes atingem seus valores máximos é denominada


sequência de fase. Assim, a sequência ABC indica que a tensão VAN atinge seu valor máximo
antes da tensão VBN e esta antes da tensão VCN. O mesmo vale para qualquer outra sequência.

FIGURA 2.2 – Sistema Trifásico.

As principais sequências de fase utilizadas em estudo de componentes simétricas são:

1. Componente de sequência positiva, constituída por três fasores de módulos iguais e


defasados entre sí de 120º e tendo a mesma sequência de fases do sistema original;
2. Componente de sequência negativa, constituída por três fasores de módulos iguais e
defasados entre sí de 120º e tendo a sequência de fases inversa do sistema original;
3. Componente de sequência zero, constituída por três fasores de módulos iguais e em
fase.

2.3.1 – SEQUÊNCIA POSITIVA

A sequencia positiva ou direta (índice 1) é o conjunto de três fasores iguais em


módulo, girando no mesmo sentido e velocidade síncrona do sistema original, defasados 120°
entre si com a mesma sequencia de fases dos fasores originais. Presentes durante condições
trifásicas equilibradas.
18

FIGURA 2.3 – Sequência de fase direta ou positiva (corrigir os índices da figura!!!).

A relação entre as fases em termos de operador α são:

Va1 = Va1 (2.7)


2
Vb1 = a Va1 (2.8)
Vc1 = aVa1 (2.9)

2.3.2 – SEQUÊNCIA NEGATIVA

A sequencia negativa ou indireta (índice 2) é o conjunto de três fasores girando em


uma direção contrária ao sistema original com as fases iguais em módulo, defasadas 120°
entre si com sequencia oposta à sequencia de fases dos fasores originais. Medem a quantidade
de desbalanço existente no sistema de potência.

FIGURA 2.4 – Sequência de fase inversa ou negativa.

A relação entre as fases em termos de operador α são:

Va 2 = Va 2 (2.10)
Vb 2 = aVa 2 (2.11)
2
Vc 2 = a Va 2 (2.12)

2.3.3 – SEQUÊNCIA ZERO


19

Sequência zero (índice 0) é o sistema formado por três vetores monofásicos que são
iguais em módulo e em fase no tempo. As grandezas de seqüência-zero estão mais
comumente associadas ao fato de se envolver a terra em condições de desbalanço.

FIGURA 2.5 – Sequência zero.

A relação entre as fases em termos de operador α são:

Va 0 = Vb 0 = Vc 0 (2.13)

2.4 – TEOREMA FUNDAMENTAL

O enunciado geral do Teorema de Fortescue exprime que qualquer grupo


desequilibrado de n fasores associados, do mesmo tipo, pode ser resolvido em n grupos de
fasores equilibrados, denominados componentes simétricas dos fasores originais. Quando
aplicado a um sistema trifásico desequilibrado (Figura 2.6), pode ser resumido pelo seguinte
enunciado: “Um sistema trifásico desequilibrado pode se decomposto em três sistemas
equilibrados e esta decomposição é única”.

FIGURA 2.6 – Diagrama fasorial para um sistema trifásico desbalanceado.

A aplicação do método das componentes simétricas implica em decompor os fasores


originais, obtendo as componentes de sequências positiva (índice 1), negativa (índice 2) e
zero (índice 0), conforme mostrado na Figura 2.7.
20

(a) Sequência Positiva (b) Sequência Negativa (c) Sequência zero


FIGURA 2.7 – Diagrama fasorial para um sistema trifásico desbalanceado.

De acordo com o Teorema de Fortescue, as tensões do sistema trifásico primitivo


podem ser expressas como a soma fasorial das componentes de seqüência positiva, negativa e
zero da fase respectiva, ou seja:

Va = Va 0 + Va1 + Va 2 (2.14)
Vb = Vb 0 + Vb1 + Vb 2 (2.15)
Vc = Vc 0 + Vc1 + Vc 2 (2.16)

Utilizando as Equações (2.7) a (2.13) nas Equações (2.14) a (2.16), obtêm-se as


seguintes equações:

Va = Va 0 + Va1 + Va 2 (2.17)
2
Vb = Va 0 + a Va1 + aVa 2 (2.18)
2
Vc = Va 0 + aVa1 + a Va 2 (2.19)

Representando na forma matricial tem-se:

Va  Va 0   Va1   Va 2  1 1 1  Va 0 


     2      
Vb  = Va 0  + a Va1  +  aVa 2  = 1 a
2
a  ⋅ Va1 
Vc  Va 0   aVa1  a 2Va 2  1 a a 2  Va 2 
       

Portanto,

Va  1 1 1  Va 0 
    
Vb  = 1 a
2
a  ⋅ Va1  (2.20)
Vc  1 a a 2  Va 2 
 

ou

[V ] = [F ]⋅ [V ]
abc 012 (2.21)
21

A Equação (2.20), que permite determinar o sistema trifásico desbalanceado a partir


do conhecimento de suas componentes simétricas, é normalmente denominada Equação de
Síntese. A Matriz F, da Equação (2.21). é conhecida como Matriz de Transformação das
componentes de sequência (SAADAT, 1999), (KINDERMANN, 1997), ou Matriz de
Fortescue (ALMEIDA & FREITAS, 1995), (SAADAT, ).

1 1 1
[F ] = 1 a 2 a  (2.22)
1 a a 2 

Manipulando a Equação (2.21), obtém-se:

[V ] = [F ] ⋅ [V ]
012
−1
abc (2.23)

ou

Va 0  1 1 1  Va 
  1  
Va1  = 3 1 a a 2  ⋅ Vb  (2.24)
Va 2  1 a 2 a  Vc 
 

A Equação (2.24), que possibilita decompor em componentes simétricas o sistema


trifásico desequilibrado original, é costumeiramente chamada de Equação de Análise
(ALMEIDA & FREITAS, 1995). A inversa da matriz de Fortescue é:

1 1 1
1
a 2 
−1
[F ] = 1 a (2.25)
3
1 a 2 a 

Uma observação importante que podemos perceber sobre a equação (2.24) é que não
existem componentes de seqüência zero se a soma dos fasores desequilibrados for igual a
zero. Pois:

1 1
Va 0 =
3
[
Va + Vb + Vc ] = × 0 = 0
3
(2.26)

2.5 – MUDANÇA NO FASOR DE SEQUÊNCIA

De acordo (BARIONI DE OLIVEIRA et al, 2007) vamos analisar como variam as


componentes simétricas de uma dada sequência quando a substituímos por outra obtida por
uma rotação cíclica de seus fasores; isto é, tomemos as sequências:

Va  1 1 1  Va 0 
[V A ] = Vb  = 1 a 2  
a  ⋅ Va1 
Vc  1 a a 2  Va 2 
 
22

Vb  1 1 1  Vb 0 
[VB ] = Vc  = 1 a 2  
a  ⋅ Vb1 
Va  1 a a 2  Vb 2 
 
Vc  1 1 1  Vc 0 
[VC ] = Va  = 1 a 2  
a  ⋅ Vc1 
Vb  1 a a 2  Vc 2 
 

Determinaremos as relações existentes entre as componentes simétricas das três


sequências dadas. Para tanto, observamos que:

Va 0  1 1 1  Va  Va 


  1  2   −1  
Va1  = 3 1 a a  ⋅ Vb  = [F ] ⋅ Vb 
Va 2  1 a 2 a  Vc  Vc 
    
Vb 0  Vb 
  −1  
Vb1  = [F ] ⋅ Vc  (2.27)
V  Va 
 b 2   
V  Vc 
 c 0  −1  
Vc1  = [F ] ⋅ Va 
V  Vb 
 c 2   

Desenvolvendo o produto da primeira linha das Equações (2.27), obtemos:

 1
Va 0 = 3 (Va + Vb + Vc )

 1
Vb 0 = (Vb + Vc + Va )
 3
 1
Vc 0 = 3 (Vc + Va + Vb )

donde concluímos que

Va 0 = Vb 0 = Vc 0 (2.28)

Analogamente, desenvolvendo a segunda linha das Equações (2.27), obtemos:

 1
( 2
Va1 = 3 Va + a ⋅ Vb + a ⋅ Vc )

 1 1
( 2
) (
2
Vb1 = Vb + a ⋅ Vc + a ⋅ Va = a ⋅ Vb + a ⋅ Vc + Va ⋅ a
3 3
) 2


 1 1
( 2 2
) ( )
Vc1 = 3 Vc + a ⋅ Va + a ⋅ Vb = 3 a ⋅ Vc + Va + a ⋅ Vb ⋅ a

23

isto é,

Vb1 = a 2 ⋅ Va1 e Vc1 = a ⋅ Va1 = a 2 ⋅ Vb1 (2.29)

Desta forma, mostramos que a cada rotação cíclica na ordem dos fasores que
compõem a sequência dada, corresponde uma rotação de a2 na componente simétrica de
sequência direta.
Finalmente, desenvolvendo a terceira linha das Equações (2.27), obtemos:

 1
( 2
Va 2 = 3 Va + a ⋅ Vb + a ⋅ Vc )

 1 1 2
3
( 2
) (
Vb 2 = Vb + a ⋅ Vc + a ⋅ Va = a ⋅ Vb + a ⋅ Vc + Va ⋅ a
3
)

 1 1
( 2
) ( 2
Vc 2 = 3 Vc + a ⋅ Va + a ⋅ Vb = 3 a ⋅ Vc + Va + a ⋅ Vb ⋅ a
2
)

isto é,

Vb 2 = a ⋅ Va 2 e Vc 2 = a 2 ⋅ Va 2 = a ⋅ Vb 2 (2.30)

Desta forma, mostramos que, a cada rotação cíclica na ordem de fasores que compõem
a sequência dada, corresponde uma rotação de a na componente simétrica de sequência
inversa.
Matricialmente, teremos:

Va  1 1 1  Va 0 
[V A ] = Vb  = 1 a 2  
a  ⋅ Va1 
Vc  1 a a 2  Va 2 
 
Vb  1 1 1   Va 0  1 a2 a  Va 0 
    
[VB ] = Vc  = 1 a 2 
a  ⋅ a 2 ⋅ Va1  = 1 a a 2  ⋅ Va1 
Va  1 a
  a 2   a ⋅ Va 2  1 1 1  Va 2 
Vc  1 1 1   Va 0  1 a a 2  Va 0 
    
[VC ] = Va  = 1 a 2 
a  ⋅  a ⋅ Va1  = 1 1 1  ⋅ Va1 
Vb  1 a
  a 2  a 2 ⋅ Va 2  1 a2 a  Va 2 

Poderíamos ter chegado diretamente a esses resultados, pois, a uma rotação nos
elementos da sequência Va, deve corresponder a mesma rotação nos elementos
correspondentes da linha da matriz F.
24

2.6 – APLICAÇÃO AOS SISTEMAS TRIFÁSICOS

2.6.1 – CONSIDERAÇÕES SOBRE COMPONENTES DE SEQUÊNCIA ZERO

Algumas considerações importantes sobre componentes de sequências zero são


abordadas neste tópico, de grande aplicação no estudo de proteção de SEE. Tais
considerações são (ALMEIDA & FREITAS, 1995):
1. Não existem componentes simétricas de sequência zero se for nula a soma dos fasores
que constituem o sistema trifásico desequilibrado original. Neste caso, o sistema
original de fasores é decomposto em um sistema de sequência positiva e outro de
sequência negativa.

Supondo que I a + I b + I c = 0 . Usando a equação (2.24), tem-se:


1 1
I a 0 = [I a + I b + I c ] = × 0 = 0
3 3

2. Em sistemas trifásicos, qualquer se seja o desequilíbrio, a soma dos fasores tensões


de linha é nula e em consequência não existem componentes de sequência zero nas
tensões de linha.

Supondo que:

Vab + Vbc + Vca = (Van − Vbn ) + (Vbn − Vcn ) + (Vcn − Van ) = 0

Usando a equação (2.24), tem-se:

1 1
Va 0 =
3
[
Vab + Vbc + Vca ] = × 0 = 0
3

3. Em sistemas trifásicos, a soma das tensões de fase não é necessariamente igual a zero,
portanto, estas tensões podem conter componentes de sequência zero, mesmo
inexistindo tais componentes nas tensões de linha.

2.6.2 – PROPRIEDADE DAS COMPONENTES SIMÉTRICAS NA POTÊNCIA


ELÉTRICA TRIFÁSICA

A potência aparente pode ser expressa em termos de componentes simétricas. Para


deduzir tal afirmação, suponha a potência aparente total em um circuito trifásico expressa pela
seguinte equação:

S 3φ = Va ⋅ I a∗ + Vb ⋅ I b∗ + Vc ⋅ I c∗ (2.27)

Representando na forma matricial tem-se:


25

[S ] = [V ] ⋅ [I ] = {[F ]⋅ [V ] }⋅ {[F ]⋅ [I ]} = [V ] ⋅ [F ] ⋅ [F ] ⋅ [I ]
3φ abc
T
abc

012
T
012

012
T T ∗
abc

3 0 0 
= [V012 ] ⋅ 0 3 0 ⋅ [I abc ] = 3 ⋅ [V012 ] ⋅ [I abc ]
T ∗ T ∗

0 0 3

Portanto,

(
S 3φ = 3 ⋅ V0 ⋅ I 0∗ + V1 ⋅ I 1∗ + V2 ⋅ I 2∗ ) (2.28)

2.6.3 – PROPRIEDADE DAS COMPONENTES SIMÉTRICAS NAS EQUAÇÕES DOS


ELEMENTOS PASSIVOS DA REDE ELÉTRICA

Um elemento trifásico passivo de rede (tais como linha de transmissão e


transformador), na sua forma mais geral, pode ser modelado pelo circuito elétrico da figura x
a seguir:

FIGURA 2.8 – linha de transmissão com carga desequilibrada.

Para este elemento são observadas as seguintes propriedades:

a) A corrente de retorno é formada apenas por corrente de sequência zero;

Aplicando a Lei das Correntes de Kirchhoff para a barra Y:

In = Ia + Ib + Ic
(2.29)
( ) ( )
= (I a 0 + I a1 + I a 2 ) + I a 0 + a 2 I a1 + aI a 2 + I a 0 + aI a1 + a 2 I a 2 = 3I a 0

Isto vem caracterizar a sequência zero como uma sequência intimamente ligada à terra,
fato que não ocorre para as sequências positiva e negativa, que possuem caráter apenas aéreo,
visto que não estão presentes no retorno pela terra.
26

b) Em sistemas elétricos onde tanto as impedâncias próprias quanto às impedâncias


mútuas são iguais entre si, a matriz das impedâncias de sequência é diagonal.

Aplicando a Lei das Tensões de Kirchhoff para a fase A:

VaX = Z aa I a + Z ab I b + Z ac I c + VaY + Z n I n (2.30)

ou seja

VaX − VaY = Z aa I a + Z ab I b + Z ac I c + Z n (I a + I b + I c )
(2.31)
= (Z aa + Z n )I a + (Z ab + Z n )I b + (Z ac + Z n )I c

Para as três fases pode-se escrever:

VaX − VaY = Va = (Z aa + Z n )I a + (Z ab + Z n )I b + (Z ac + Z n )I c

VbX − VbY = Vb = (Z ba + Z n )I a + (Z bb + Z n )I b + (Z bc + Z n )I c (2.32)
V − V = V = (Z + Z )I + (Z + Z )I + (Z + Z )I
 cX cY c ca n a cb n b cc n c

Utilizando notação matricial fica

Va   Z aa + Z n Z ab + Z n Z ac + Z n   I a 
     
Vb  =  Z ba + Z n Z bb + Z n Z bc + Z n  ⋅  I b  (2.33)
Vc   Z ca + Z n Z cb + Z n Z cc + Z n   I c 
  

Em notação comprimida, tem-se que

[V ] = [Z ]⋅ [I ]
F F F (2.34)

Onde FZ é a matriz das impedâncias de fase ou em componentes de fase. Esta


equação é denominada equação primitiva de circuito em componentes de fase.
Aplicando-se a transformação de componentes simétricas tem-se que

[F ]⋅ [V ] = [Z ]⋅ [F ]⋅ [I ]
S F S (2.35)

Ou seja

[V ] = [Z ]⋅ [I ]
S S S (2.36)

Onde

[Z ] = [F ] ⋅ [Z ]⋅ [F ]
S
−1
F (2.37)

Nesta equação, ZS é denominada de matriz das impedâncias de sequência ou em


componentes simétricas.
27

Esta solução será particularmente simples se ZS for diagonal.


Mais adiante será mostrado que para que isto aconteça é necessário que o sistema seja
equilibrado, ou seja, que se verifiquem as seguintes relações:

Z aa = Z bb = Z cc = Z p
 (2.38)
Z ab = Z bc = Z ca = Z m

ou seja, que a matriz ZF seja da seguinte forma

ZP ZM Z M  Z p + Z n Zm + Zn Zm + Zn 
  
[Z F ] = Z M ZP Z M  = Z m + Z n Z p + Zn Zm + Zn  (2.39)
Z M
 ZM Z P   Z m + Z n Zm + Zn Z p + Z n 

Deste modo, a matriz ZS vai ser diagonal e terá a seguinte forma

Z P + 2Z M 0 0 
[Z S ] =  0 ZP − ZM 0

 (2.40)
 0 0 Z P − Z M 

ou ainda

 Z p + 2 Z m + 3Z n 0 0 
[Z S ] =  0 Z p − Zm 0 

(2.41)
 0 0 Z p − Z m 

Reescrevendo a equação primitiva do circuito dado pela Equação (2.36) em


componentes simétricas, de maneira não comprimida, tem-se

Va 0   Z 0 0 0  I a0 
     
Va1  =  0 Z1 0  ⋅  I a1  (2.42)
Va 2   0 0 Z 2   I a 2 
  

Onde

Z 0 = Z P + 2 Z M = (Z p + Z n ) + 2(Z m + Z n ) = Z p + 2 Z m + 3Z n

Z 1 = Z P − Z M = (Z p + Z n ) − (Z m + Z n ) = Z p − Z m (2.43)

Z 2 = Z P − Z M = (Z p + Z n ) − (Z m + Z n ) = Z p − Z m n

Pode-se ver que a transformação de componentes simétricas desacoplou as sequências


umas das outras, ou seja, a queda de tensão referente a uma das sequências só depende da
corrente daquela sequência, conforme as equações abaixo.
28

Va 0 = Z 0 ⋅ I a 0

Va1 = Z 1 ⋅ I a1 (2.44)
V = Z ⋅ I
 a2 2 a2

A razão entre a tensão e a corrente da sequência recebe o nome de impedância de


sequência, portanto se chama (ALMEIDA & FREITAS, 1995):
• Z0 – impedância de sequência zero;
• Z1 – impedância de sequência positiva;
• Z2 – impedância de sequência negativa;

Tal desacoplamento das sequências sugere o conceito de circuitos equivalentes (ou


diagramas) de sequência, vistos abaixo.

(a) Sequência zero (b) Sequência positiva (c) Sequência negativa


FIGURA 2.9 – Circuitos equivalentes de sequência.

Nota-se pela Equação (2.43) que nestes diagramas a impedância Zn já vem incorporada
na impedância Z0, aparecendo multiplicada por três, uma vez que a corrente de retorno é igual
a 3Ia0.
Se a rede não for equilibrada (impedâncias próprias e mútuas iguais entre si) irão
aparecer mútuas entre os diagramas de sequência, e o método sugerido não será mais efetivo.
Por fim, quando o elemento trifásico passivo de rede representar uma linha de
transmissão, pode-se concluir que:
• As impedâncias de sequências positiva e negativa são iguais;
• A impedância de sequência zero é função do caminho de retorno da corrente
29

CAPÍTULO 3 – REPRESENTAÇÃO DE COMPONENTES PELO DIAGRAMA DE


SEQÜÊNCIA

3.1 – INTRODUÇÃO

Para a análise de curto-circuito num SEP é necessário conhecer as impedâncias de


sequências positiva, negativa e zero dos elementos que compõem a rede elétrica. Estes
parâmetros, quaisquer que sejam os componentes, podem ser obtidos através de ensaios ou
analiticamente.
A aplicação do Teorema de Fortescue decompõe o sistema elétrico original em três
outros e exige a modelagem dos elementos de sistemas de potência para as sequências
positiva, negativa e zero. Como os componentes simétricos são sistemas trifásicos
equilibrados, costuma-se referenciar os modelos a apenas uma fase, normalmente a fase a.

3.2 – REPRESENTAÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

3.2.1 – IMPEDÂNCIA DE SEQUÊNCIA POSITIVA DA LINHA DE TRANSMISSÃO

A impedância de sequência positiva é a impedância normal da linha de transmissão


(KINDERMANN, 1997). Esta pode ser obtida por cálculos ou ensaios.

Z1 = Z LT (3.1)

O circuito equivalente por fase da sequência positiva de uma linha de transmissão é o


mesmo apresentado no item 2.6.3 (vide Figura 3.1).

FIGURA 3.1 – Circuito equivalente por fase da sequência positiva da linha de transmissão

3.2.2 – IMPEDÂNCIA DE SEQUÊNCIA NEGATIVA DA LINHA DE TRANSMISSÃO

Como a linha de transmissão é um elemento estático do SEE, o seu desempenho não


se altera com a sequência de fase de energização e o seu funcionamento é idêntico para
qualquer sequência de fase balanceada (KINDERMANN, 1997). Portanto, conclui-se que a
impedância, por fase, de sequência negativa, é a mesma da sequência positiva.

Z 2 = Z1 (3.2)

O circuito equivalente, por fase, de sequência negativa da linha de transmissão é o


apresentado na Figura 3.2.
30

FIGURA 3.2 – Circuito equivalente por fase da sequência negativa da linha de transmissão

3.2.3 – IMPEDÂNCIA DE SEQUÊNCIA ZERO DA LINHA DE TRANSMISSÃO

A impedância de sequência zero de uma linha de transmissão apresenta dificuldade no


seu cálculo analítico, pois dependendo do local do curto, a corrente de sequência zero pode
passar por vários caminhos (KINDERMANN, 1997).
Estudos para determinação analítica de impedância de sequência zero podem ser visto
nos trabalhos de John R. Carson (CARSON, 1926).
De um modo geral, a impedância total de sequência zero da linha de transmissão com
cabo de cobertura, com retorno pela terra, tem o seu valor indicado na expressão
(KINDERMANN, 1997).

Z 0 = 2 ⋅ Z LT a 6 ⋅ Z LT (3.3)

3.3 – REPRESENTAÇÃO DE CARGAS

3.3.1 – CARGAS EM ESTRELA COM IMPEDÂNCIA DE FASE ZY E ATERRADAS POR


MEIO DE IMPEDÂNCIA ZN.

Dada uma carga trifásica equilibrada com impedância de fase ZY e aterrada por meio
de uma impedância Zn, conforma mostra a Figura 3.3.

FIGURA 3.3 – Representação da carga em estrela aterrada por impedância ZN.

Em tal caso, conforme Figura 3.3, tem-se.


31

Va  Van  1


    
Vb  = Vbn  + Vn ⋅ 1 (3.4)
Vc  Vcn  1
   

Porém, seno

Vn = Z n ⋅ (I a + I b + I c ) = 3 ⋅ Z n ⋅ I 0 (3.5)

resulta

Va  1 0 0  I a  1
   
Vb  = Z Y ⋅ 0 1 0 ⋅  I b  + 3 ⋅ I 0 ⋅ Z n ⋅ 1 (3.6)
Vc  0 0 1   I c  1
 

Substituindo as tensões e correntes por suas componentes simétricas e pré-


multiplicando ambos os membros por, [F]–1 temos

Va 0  I a0  1
   
Va1  = Z Y ⋅  I a1  + 3 ⋅ I 0 ⋅ Z n ⋅ 0 (3.7)
Va 2  I a2  0
   

Finalmente,

Va 0 = (Z Y + 3 ⋅ Z n ) ⋅ I a 0

Va1 = Z Y ⋅ I a1 (3.8)
V = Z ⋅ I
 a2 Y a2

Portanto, nos diagramas de sequência zero, ligaremos, entre o ponto considerado e o


retorno, a impedância ZY + 3Zn. Nos diagramas de sequência direta e inversa, ligaremos a
impedância ZY.
A Figura 3.4 mostra os modelos de circuitos de sequência por fase.

(a) Sequência zero (b) Sequência positiva (c) Sequência negativa


FIGURA 3.4 – Modelo de circuitos de sequência por fase para carga ligada em estrela.

Para cargas ligadas em estrela, diretamente aterradas ou isoladas, os modelos


respectivos são facilmente obtidos fazendo-se Zn = 0 e Zn = ∞, conforme mostra a Figura 3.5.
32

(a) Carga ligada em estrela solidamente aterrada

(a) Carga ligada em estrela isolada


FIGURA 3.5 - Modelo de circuitos de sequência zero por fase para carga ligada em estrela

3.3.2 – REPRESENTAÇÃO DE CARGAS EM TRIÂNGULO E EM ESTRELA CENTRO-


ESTRELA ISOLADO

FIGURA 3.6 – Impedâncias simétricas conectadas em delta e seu equivalentes em estrela.

Inicialmente, observamos que uma carga ligada em triângulo pode ser substituída por
outra equivalente ligada em estrela com o centro-estrela isolado. Portanto, é suficiente
estudarmos a representação desta última.
Assim, seja uma carga equilibrada ligada em estrela com impedância de fase Z ligada
a um trifásico qualquer. Temos

Van′  Van  1  Z 0 0  I a 


        
Vbn′  = Vbn  + Vnn′ ⋅ 1 =  0 Z 0  ⋅ I b  (3.9)
Vcn′  Vcn  1  0 0 Z   I c 
   
33

Ou, ainda, sendo V0, V1 e V2 as componentes simétricas de Van, Vbn e Vcn, resulta

V0  1 1 0 0 I 0 
   
[F ]⋅ V1  + Vnn′ ⋅ 1 = Z  
⋅ 0 1 0 ⋅ [F ]⋅  I 1  (3.10)
V2  1 0 0 1  I 2 
   

Ou seja,

V0 + Vnn′ = Z ⋅ I 0

V1 = Z ⋅ I 1 (3.11)
V = Z ⋅ I
 2 2

Porém, sendo o centro-estrela isolado, devemos ter Ia + Ib + Ic = 0, e portanto, I0 = 0.


Logo, teremos que

V0 = −Vnn′

V1 = Z ⋅ I 1 (3.12)
V = Z ⋅ I
 2 2

Concluímos que
1. No diagrama de sequência zero, a carga é representada por uma impedância infinita
ligada entre o ponto N e o ponto considerado;
2. Nos diagramas de sequência direta e inversa, a carga é representada ligando-se, do
ponto considerado ao ponto N, uma impedância Z igual à impedância da fase da carga.

As componentes simétricas da tensão de fase na carga, V´0, V´1 e V´2, são dadas por

V0′ V0  1  0 


       
V1′ = V1  + Vnn′ ⋅ 0 = V1  (3.13)
V2′ V2  0 V2 
   

Portanto, sendo V´0 = 0, o ponto N´ coincidirá com o baricentro do triângulo das


tensões de linha.

3.4 – REPRESENTAÇÃO DE GERADORES

3.4.1 – MODELO DE GERADOR SÍNCRONO

A Figura 3.7 representa esquematicamente um gerador trifásico aterrado através de


uma impedância Zn, onde em cada fase tem-se uma fonte ideal de tensão em série com uma
impedância conveniente (ALMEIDA & FREITAS, 1995; SAADAT, 1999).
34

FIGURA 3.7 – Representação do gerador síncrono através de impedância

Aplicando a Lei das tensões de Kirchhoff em cada fase, tem-se:

Van = E a − Z a ⋅ I a − Z n ⋅ I n = E a − Z a ⋅ I a − Z n ⋅ (I a + I b + I c )

Vbn = Eb − Z b ⋅ I b − Z n ⋅ I n = Eb − Z b ⋅ I b − Z n ⋅ (I a + I b + I c ) (3.14)
V = E − Z ⋅ I − Z ⋅ I = E − Z ⋅ I − Z ⋅ (I + I + I )
 cn c c c n n c c c n a b c

Representando na forma matricial:

Van   E a   Z a + Z n Zn Zn  I a 
       
Vbn  =  Eb  −  Z n Zb + Zn Z n  ⋅ Ib  (3.15)
Vcn   E c   Z n Zn Z c + Z n   I c 
    

Na forma compacta, tem-se:

[V ] = [E ] − [Z ]⋅ [I ]
abc abc abc abc (3.16)

Transformando a tensão terminal e as correntes de fase nas suas componentes


simétricas, resulta:

[F ]⋅ [V ] = [F ]⋅ [E ] − [Z ]⋅ [F ]⋅ [I ]
012 012 abc 012 (3.17)

Multiplicando por [F ] , obtém-se:


−1

[V ] = [E ] − [F ] ⋅ [Z ]⋅ [F ]⋅ [I ]
012 012
−1
abc 012
(3.18)
= [E ] − [Z ]⋅ [I ]
012 012 012

O gerador é equilibrado por construção, portanto, gera tensões equilibradas somente


na sequência positiva, o que significa que E2 = E0 = 0.
35

 0 
[E012 ] =  E an  (3.19)
 0 

Para a matriz de impedâncias [Z 012 ] , tem-se:

1 1 1  Z a + Z n Zn Zn  1 1 1
1  
[Z 012 ] = 3 1 a a 2  ⋅  Z n Zb + Zn Z n  ⋅ 1 a 2 a  (3.20)
1 a 2 a   Z n Zn Z c + Z n  1 a a 2 

Resolvendo a multiplicação acima, obtém-se:

 Z a + 3Z n 0 0  Z 0 0 0
[Z 012 ] =  0 Zb 0=0
 
Z1 0

(3.21)
 0 0 Z c   0 0 Z 2 

Substituindo [E 012 ] e [Z 012 ] na Equação (3.18):

Va 0   0   Z 0 0 0   I a0 
       
Va1  =  E a  −  0 Z1 0  ⋅  I a1  (3.22)
Va 2   0   0 0 Z 2   I a 2 
  

Portanto, temos as seguintes equações:

Va 0 = 0 − Z 0 ⋅ I a 0

Va1 = E a − Z1 ⋅ I a1 (3.23)
V = 0 − Z ⋅ I
 a2 2 a2

O conjunto de Equações (3.23) resultam para o gerador síncrono os modelos por fase
de sequência positiva, negativa e zero, mostrados na Figura 3.8.

(a) Sequência direta (a) Sequência inversa (a) Sequência zero


FIGURA 3.8 – Representação de gerador em estrela aterrado por impedância ZN.
36

3.4.2 – CIRCUITO DE SEQUÊNCIA POSITIVA

De acordo com (KINDERMANN, 1997) utiliza-se a reatância sub-transitória na


modelagem do gerador síncrono, resultando numa reatância de sequência positiva dada pela
seguinte equação:

Z1 = jx d′′ (3.24)

Portanto, do ponto de vista do curto circuito, o circuito equivalente por fase do gerador
síncrono (ou motor) em Y para uma sequência positiva, está na Figura 3.9 abaixo:

FIGURA 3.9 – Circuito equivalente por fase do gerador síncrono.

Como o gerador é um elemento ativo, sua representação é feita por uma fonte de
tensão ideal, Ea1, atrás da reatância sub-transitória. A equação relacionada com o modelo da
Figura é dada por:

Va1 = E a1 − j ⋅ x ′d′ ⋅ I a1

Onde:
• E a1 – tensão de fase no terminal do gerador síncrono girando a vazio.
• Va1 – tensão da fase em relação ao neutro da sequência positiva para qualquer
situação.
• I a1 – corrente de sequência positiva da fase “a”, que sai dos enrolamentos da máquina
para o sistema.

3.4.3 – CIRCUITO DE SEQUÊNCIA NEGATIVA

Nos geradores síncronos de pólos salientes com enrolamentos amortecedores, a


reatância de sequência negativa pode ser obtida pela expressão (KINDERMANN, 1997):

x ′d′ + x q′′
Z2 = j
2

Onde:
• x ′d′ – reatância sub-transitória do eixo direto do eixo polar do gerador síncrono.
• x ′q′ – reatância sub-transitória do eixo em quadratura do gerador síncrono.
37

FIGURA 3.10 – Circuito equivalente de sequência negativa.

Como o gerador é construído perfeitamente equilibrado, não tem fonte de sequência


negativa.

V&a2 = − jX 2 I&a2

3.4.4 – CIRCUITO DE SEQUÊNCIA ZERO

Quanto à impedância de sequência zero a literatura especializada define um valor que


é dada pela seguinte faixa (KINDERMANN, 1997):

j 0,1 ⋅ x ′′ < Z 0 < j 0,7 ⋅ x ′d′

FIGURA 3.11 – Circuito equivalente por fase de sequência zero do gerador síncrono.

Dependendo do tipo de conexão dos enrolamentos da armadura do gerador, o circuito


de sequência zero pode ter as seguintes configurações, conforme mostra a Tabela 3.1:

TABELA 3.1 – Circuito de sequência zero para os tipos de conexão do gerador.


38

3.5 – REPRESENTAÇÃO DE MOTORES

3.5.1 – MOTOR SÍNCRONO

A máquina síncrona pode operar como motor ou gerador;


O motor síncrono normalmente é usado para movimentar cargas pesadas. Portanto o
motor e a carga apresentam uma grande inércia;

FIGURA 3.12 – Motor síncrono

Quando ocorre um curto-circuito a inércia mantém o motor em rotação, fazendo este


operar como um gerador. A energia armazenada (eixo e carga acoplada) é suficiente para
contribuir para os períodos subtransitório e transitório, onde após este período o motor perde
velocidade.
Portanto, durante o curto-circuito, o motor síncrono passa a operar como gerador (ver
Figura). Este gerador não é mais síncrono, pois sua velocidade vai diminuindo lentamente, até
parar.
Os modelos são idênticos ao do gerador síncrono, mas considerado apenas nos
períodos subransitório e transitório.

V1 = E1 − j. X 1 .I 1 V 2 = − j. X 2 .I 2 V0 = −( j. X 0 + 3.Z N ).I 0
(a) Sequência positiva (b) Sequência negativa (c) Sequência zero
FIGURA 3.13 – Resumo dos modelos de sequência para motor síncrono.

3.5.2 – MOTOR ASSÍNCRONO

Como o campo girante é originado pela excitação do fluxo proveniente do estator,


quando ocorre um curto-circuito a tensão é drasticamente reduzida juntamente com a
excitação do rotor.
39

O fluxo magnético residual do rotor decai rapidamente, sendo extinguido em 4 ciclos,


aproximadamente, e o motor de indução, por aproximadamente 2 ciclos funciona como
gerador só no período sub-transitório.
Se a proteção atua a mais de 2 ciclos, desconsidera-se o motor de indução. Portanto, no
período transitório e em regime não considerar nos modelos.

V1 = E1 − j. X 1 .I 1 V 2 = − j. X 2 .I 2 I0 = 0
X1 = X S + X R X2 = XS + XR
(a) Sequência positiva (b) Sequência negativa (c) Sequência zero
FIGURA 3.14 – Resumo dos modelos de sequência para motor assíncrono.

Onde:

X S – Reatância de dispersão do estator.


X R – Reatância de dispersão do rotor, referida ao estator.

Pelos modelos da Figura 3.14, observa-se que estes não possuem circuito de sequência
zero (circuito aberto).

3.6 – REPRESENTAÇÃO DE TRANSFORMADORES

3.6.1 – MODELO DE TRANSFORMADOR TRIFÁSICO DE DOIS ENROLAMENTOS

A modelagem de transformadores tem por objetivo obter seus circuitos equivalentes,


por fase, para sequências positiva, negativa e zero.
A representação dos transformadores apresenta particularidades que dependem do tipo
de transformador (núcleo envolvido e núcleo envolvente) e do esquema de ligação (ligações
delta e estrela). No entanto, para fins didáticos, nossos estudos se limitarão somente aos
transformadores de núcleo envolvido (core-type), considerando-se o esquema de ligação.
Sendo o transformador um elemento passivo e estático a impedância de sequência
negativa é idêntica a de sequência positiva, haja vista que a impedância de dispersão
(impedância série por fase do transformador) não mudará se uma sequência de fase for
trocada (SAADAT). Além disso, caso o transformador permita que correntes de sequência
zero fluam por este, as impedâncias de fase para sequência zero será igual à impedância de
dispersão, portanto, tem-se que.

Z 0 = Z 1 = Z 2 = Z TF = jxl

Os circuitos equivalentes, por fase, para sequência positiva e negativa (vide Figura
3.15) são elaborados desprezando-se resistência e corrente de excitação, e referindo as
reatâncias a um dos lados.
40

(a) Sequência positiva (b) Sequência negativa


FIGURA 3.15 – Circuito equivalente de transformador trifásico de dois enrolamentos, por fase

O tipo de conexão dos transformadores influenciará os circuitos para as sequências


zero.
No que diz respeito à sequência zero, as regras gerais, tanto para geradores quanto
para transformadores, são as seguintes:
1. A conexão estrela aterrada deixa passar corrente de sequência zero, sem restrições.
2. A conexão estrela aterrada por impedância Zn deixa passar corrente de sequência zero,
mas devemos adicionar a parcela 3Zn à impedância de sequência zero do
transformador.
3. A conexão estrela sem aterramento bloqueia completamente a passagem da corrente de
sequência zero.
4. A conexão delta bloqueia a passagem da corrente de sequência zero que sairia do
transformador, se o outro lado estiver ligado em estrela aterrada ou estrela aterrada por
impedância, a corrente de sequência zero será desviada para a terra.

Com base nas regras previamente expostas, têm-se na Tabela 3.2 os seguintes tipos de
conexão com seus respectivos circuitos equivalentes de sequência zero.

TABELA 3.2 – Circuito equivalente por fase de sequência zero de transformadores 3ϕ de núcleo
envolvente e de banco de transformador 1ϕ, considerando uma impedância de aterramento Zn.
Conexão do trafo Circuito equivalente por fase
41

TABELA 3.3 – Circuito equivalente por fase de sequência zero de transformadores 3ϕ de núcleo
envolvente e de banco de transformador 1ϕ.
Conexão do trafo Circuito equivalente por fase
42

3.6.2 – MODELO DE TRANSFORMADOR TRIFÁSICO DE TRÊS ENROLAMENTOS

Os circuitos equivalentes do transformador trifásico de três enrolamentos por fase,


para sequência positiva e negativa, são idênticos, de acordo com motivos já expostos no
tópico anterior. Na Figura 3.16 tem-se tais modelos.

FIGURA 3.16 – Circuito equivalente por fase da sequência positiva e negativa

Para obter o modelo de sequência zero do transformador de três enrolamentos, basta


aplicar na Figura, a cada enrolamento, as mesmas regras citadas no tópico precedente.

TABELA 3.4 – Circuitos equivalentes, por fase, de transformadores 3ϕ de núcleo envolvente com três
enrolamentos.
43

3.7 – ASSOCIAÇÃO EM SÉRIE DE ELEMENTOS

Já vimos que a primeira lei de Kirchhoff é válida em termos das componentes


simétricas e que podemos aplicar a segunda lei em cada sequência sem que haja interação
entre sequências (mútuas nulas) desde que a matriz de impedância seja diagonalizável pela
transformação de componentes simétricas.
Nestas condições, quando tivermos dois elementos em série, por exemplo, duas linhas,
as tensões e as correntes no fim da primeira linha são iguais àquelas do início da segunda;
consequentemente, as componentes simétricas serão iguais. Logo, os circuitos sequenciais
deverão ser associados em série.
Exemplificando: consideremos o caso de uma linha que fornece potência a um
barramento do qual são alimentados um transformador e outra linha (Figura 3.17).

FIGURA 3.17 – Trecho de rede

No barramento, a tensão é igual para as duas linhas e para o primário do


transformador. Além disso, a corrente que chega pela linha 001-002 ao barramento 002 deve
ser igual à soma das correntes que saem do barramento para o transformador e para a linha
002-004. Sendo ir, is e it as correntes, respectivamente, na linha 001-002, transformador e
linha 002-004, temos:

ir 0 = is 0 + it 0
ir1 = is1 + it1
ir 2 = is 2 + it 2

Portanto, associamos os diagramas de sequência zero, direta e inversa com o ponto


002 em comum (Figura 3.18).
44

(a) Sequência zero

(a) Sequência positiva (a) Sequência negativa


FIGURA 3.18 – Diagramas sequenciais para a rede da Figura 3.17.
45

CAPÍTULO 4 – ANÁLISE DE CURTO CIRCUITO E ABERTURAS

4.1 – INTRODUÇÃO

O curto-circuito consiste em um contato entre dois condutores sob potenciais


diferentes. Tal contato pode ser direto (metálico) ou indireto (através de arco voltáico).
Os curtos-circuitos são geralmente chamados de defeitos ou faltas (faults) e ocorrem
de maneira aleatória no SEP. Suas consequências podem ser extremamente danosas ao
sistema, se não forem prontamente eliminados pelos dispositivos de proteção.
Diante disso, estudos de curto-circuito são necessários não só em sistemas de potência,
mas também em sistemas industriais, e têm os seguintes objetivos gerais:
1. Ajustar relés de proteção e selecionar fusíveis.
2. Selecionar os disjuntores que irão interromper as correntes de curto.
3. Estimar as consequências das correntes de curto sobre cabos, transformadores,
seccionadoras, cabos para-raios, barramentos e outros equipamentos elétricos.
4. Determinar sobretensões em vários pontos do sistema.
5. Permitir o dimensionamento de malhas de terra e de cabos para-raios.
6. Determinar as impedâncias corretas dos transformadores de força.

Em sistemas de potência, compostos por geradores, transformadores, linhas e demais


equipamentos sempre equilibrados, os curtos trifásico e trifásico-terra resultam em corrente de
neutro nulo, sendo denominados faltas simétricas, por as correntes de curto são iguais em
todas as fases. O mesmo não acontece com os curtos fase-terra, fase-fase e fase-fase-terra, que
produzem correntes de curto diferentes em cada uma das fases, sendo denominados faltas
assimétricas.
O problema consiste em determinar as tensões de barra e as correntes nas linhas de
transmissão para diferentes tipos de faltas. As faltas podem ser do tipo balanceada (trifásica) e
desbalanceada (monofásica, bifásica, bifase-terra). Os estudos de curto-circuito trifásico
servem para ajustar os relés de fase, enquanto que os monofásicos, servem para ajustar os
relés de terra.
Neste capítulos abordaremos a modelagem utilizada no cálculo de faltas simétricas e
assimétricas, além de aberturas monopolares e bipolares.

4.2 – TRANSITÓRIOS DURANTE UMA FALTA BALANCEADA

4.2.1 – CORRENTE ASSIMÉTRICA DE CURTO-CIRCUITO

A corrente assimétrica de curto-circuito pode ser entendida através da análise do


circuito RL, como da Figura 4.1 (ZANETTA, 2003; SATO).

FIGURA 4.1 – Circuito RL com excitação senoidal


46

O comportamento da corrente i(t) no circuito representado na Figura 4.1 e no qual a


chave cc fecha no instante t = 0 é descrito pela equação diferencial

di (t )
e(t ) = L + Ri (t ) (4.1)
dt

Sendo

e(t ) = E max sen(ωt + φ ) (4.2)

A solução da Equação (4.1) é dada por:

R
E max E max − t
i (t ) = ⋅ sen (ωt + φ − θ ) + ⋅ sen (θ − φ ) ⋅ e L
(4.3)
Z Z

Onde:
• Z = R + j ωL = Z ⋅ e jθ
ωL
• tan θ =
R

Na Equação (4.3), a primeira parcela do 2º membro é a corrente de regime permanente


(componente CA) e a segunda parcela é a corrente transitória (componente CC). Uma análise
detalhada dessa Equação nos permite construir as Figuras 4.2 e 4.3.

FIGURA 4.2 – Corrente assimétrica de curto-circuito (ϕ = 0º.)


47

FIGURA 4.3 – Corrente simétrica de curto-circuito (ϕ = 90º)

As Figuras 4.2 e 4.3 mostram respectivamente o que foi dito anteriormente, isto é: no
instante da ocorrência da falta, se a tensão for nula a assimetria seria máxima.

4.2.2 – CORRENTE SIMÉTRICA DE CURTO-CIRCUITO EM ALTERNADOR


OPERANDO EM VAZIO

Quando da ocorrência de um curto-circuito no sistema, a impedância vista pelo


gerador síncrono cai violentamente. Em consequência, o gerador injeta no sistema uma
corrente de curto-circuito elevada. Portanto, O gerador síncrono é o elemento ativo do
suprimento da corrente de curto-circuito (KINDERMAN).
Vamos supor que um gerador síncrono esteja funcionando a vazio quando um curto-
circuito trifásico ocorre. Vamos supor também, por simplicidade, que o curto ocorre
exatamente quando a tensão alternada do gerador é instantaneamente nula. Por causa do
caráter indutivo do gerador, a corrente não atingirá imediatamente um valor de regime
constante, mas se comportará como mostrado na Figura 4.4. A envoltória da senoide é uma
exponencial mais complexa do que o usual, pois sua taxa de decaimento não é constante.
Para evitar a dificuldade de se trabalhar com uma quantidade muito grande de
constantes de tempo, o comportamento do gerador, para estudos de faltas, pode ser dividido
em três períodos, cada um deles caracterizado por uma reatância síncrona:

1. PERÍODO SUBTRANSITÓRIO: corresponde aos primeiros ciclos após o curto,


durante os quais a corrente decai muito rapidamente; caracterizado pela reatância
subtransitória de eixo direto, x´´d.
2. PERÍODO TRANSITÓRIO: corresponde ao período após o período subtransitório e
antes da corrente ter se estabilizado, durante o qual a corrente decai mais lentamente;
caracterizado pela reatância transitória de eixo direto, x´d.
3. PERÍODO DE REGIME PERMANENTE: corresponde ao período após a corrente
ter se estabilizado; caracterizado pela reatância síncrona de eixo direto usual, xd.
48

FIGURA 4.4 – Corrente de armadura de um gerador síncrono em curto-circuito trifásico simétrico

A corrente de curto da Figura 4.4, denominada corrente de curto simétrica, é um caso


particular de um caso mais geral, o das correntes de curto assimétricas, as quais têm uma
componente contínua que as desloca para cima ou para baixo. Uma corrente assimétrica
corresponde a uma corrente simétrica mais uma componente contínua que decai
exponencialmente.

4.3 – FALTA TRIFÁSICA BALANCEADA

O cálculo de curto-circuito trifásico (também conhecido como curto-circuito


simétrico) é um caso trivial.
Não ocorre com frequência e é o tipo de falta mais severa. Considerando a rede
balanceada, este tipo de falta pode ser resolvido por fase. Nas outras duas fases, fluem
correntes com mesmo módulo, porém defasadas de 120°.

4.3.1 – HIPÓTESES SIMPLIFICADORAS

Nas simulações de curtos-circuitos são adotadas algumas simplificações que facilitam


bastante os cálculos, que, no entanto, não introduzem erros consideráveis nos valores obtidos.
Estas considerações são permitidas em virtude de as correntes de curtos-circuitos
serem muito superiores às correntes de carga.
As simplificações adotadas são (ALMEIDA; SATO):
1. Desprezam-se as resistências em presença das reatâncias, para geradores, linhas,
transformadores, etc.;
2. As máquinas síncronas operando com a tensão de 1,0 pu ∠ 0º;
3. Os parâmetros shunt das linhas são ignorados;
4. As cargas são ignoradas, ou seja, desprezam-se as correntes de cargas no sistema,
existentes antes do curto ocorrer;
5. Transformadores operando no tap nominal;
6. A rede de sequência negativa igual à rede de sequência positiva.

4.3.2 – TEOREMAS BÁSICOS

O Teorema da superposição e o Teorema de Thevènin, relembrados a seguir, são


fundamentais nos cálculos de curtos-circuitos.
49

• TEOREMA DA SUPERPOSIÇÃO – “Numa rede linear com várias fem, a corrente


(ou a ddp) entre dois pontos de um ramo qualquer é a soma das correntes (e a soma
das ddp) que resultarão da aplicação à rede de cada fem, sucessivamente, sendo as
demais fem anuladas e mantidas suas impedâncias internas”;
• TEOREMA DE THEVÈNIN – “Se entre dois pontos quaisquer de uma estrutura
linear ativa, A e B, (Figura 4.5), se colocar uma impedância exterior Z, esta
impedância será percorrida por uma corrente igual ao quociente da ddp que existe
entre A e B antes de colocar Z, pela soma de Z mais a impedância Zth equivalente da
rede vista dos pontos A e B (as fem sendo consideradas zero e substituídas por suas
impedâncias internas)”.

Portanto, a estrutura dada pode ser substituída por uma única fonte de tensão VAB =
VTH, em série com uma impedância Zth, como mostra a Figura 4.5. Chama-se Vth, tensão em
circuito aberto medida nos terminais A e B, tensão equivalente de Thevènin. É válida então a
equação seguinte:

V AB Vth
I = = (4.4)
Z + Z th Z + Z th

FIGURA 4.5 – Ilustração do Teorema de Thevènin.

4.3.3 – MODELAGEM DA REDE

As simplificações adotadas (hipóteses 2, 3, 4 e 5) permitem considerar o sistema


elétrico operando em vazio.
Seja um sistema-exemplo de 5 barras representado na Figura 4.6.

FIGURA 4.6 – Representação completa de um sistema-exemplo de 5 barras


50

Levando-se em conta as hipóteses simplificadoras 3, 4 e 5, este sistema passa a ter a


representação dada na Figura 4.7.
Considerando-se, em seguida, a hipótese simplificadora 2, o sistema pode ser
representado pela Figura 4.8.

FIGURA 4.7 – Representação do sistema-exemplo, considerando-se as hipóteses simplificadoras 3, 4 e 5

FIGURA 4.8 – Representação do sistema-exemplo, considerando-se a hipótese simplificadora 2.

4.3.4 – CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO SIMÉTRICO

Neste capítulo, abordaremos o cálculo de corrente de curto-circuito utilizando o


diagrama de impedâncias, aplicando a teoria de circuito. Pela natureza simétrica do curto,
pode-se trabalhar apenas com uma fase, reduzindo-se a um circuito monofásico através da
componente se sequência positiva.
A corrente de curto-circuito simétrico, em uma determinada barra do sistema, pode ser
determinada reduzindo-se o sistema a um equivalente Thevènin cujas respectivas tensão e
impedância são Vth = 1,0 pu ∠ 0º e Zth em pu.
Para calcular um curto-circuito trifásico na barra 5 do sistema-exemplo, tem-se a
situação representada na Figura 4.9.
51

FIGURA 4.9 – Curto-circuito trifásico no sistema de 5 barras

Para se calcular a corrente de curto-circuito na barra 5 é necessário que, por meio de


técnicas de redução de circuitos, se obtenha a impedância equivalente na barra 5 (impedância
de Thevènin), conforme mostra a Figura 4.10.

FIGURA 4.10 – Circuito equivalente

Para uma impedância de curto-circuito Zf em pu, a corrente de curto trifásico será,


portanto:

Vth 1∠0°
I cc 3φ ( pu ) = = (4.5)
Z th + Z f Z th + Z f

No caso de um curto-circuito sólido ou franco (Zf = 0), a corrente de falta é dada por:

Vth 1∠0° 1
I cc 3φ ( pu ) = = = (4.6)
Z th + Z f Z th Z th

4.3.5 – POTÊNCIA DE CURTO-CIRCUITO


52

No ponto de curto-circuito a potência é nula, por ser nula a tensão. Todavia, é praxe
definir como potência de curto circuito trifásica (ou capacidade de curto-circuito, ou
capacidade de ruptura), o produto (ALMEIDA):

S cc 3φ ( MVA) = 3 ⋅ Vl ⋅ I cc 3φ ( kA) (4.7)

Onde:
• Vl – tensão no ponto de defeio, antes do curto-circuito, em kV;
• Icc3ϕ – corrente de curto-circuito trifásico, em kA.

Em pu, tem-se:

S cc 3φ 3 ⋅ Vl ⋅ I cc 3φ ( kA) Vl ⋅ I cc 3φ ( kA)
S cc 3φ ( p.u ) = = =
S base S base Vbase
⋅ S base
3 ⋅ Vbase
(4.8)
V I cc 3φ ( kA) V I cc 3φ ( kA)
= l ⋅ = l ⋅ = V pu ⋅ I cc 3φ ( pu )
Vbase S base Vbase I base
3 ⋅ Vbase

Desprezando-se a corrente de carga pré-falta e adotando-se Vpu = 1 pu:

1
S cc 3φ ( p.u ) = I cc 3φ ( pu ) = (4.9)
Z th

4.4 – FALTA FASE-TERRA

Os circuitos de sequência e as redes de sequência abordadas no capítulo prévio serão


usados para calcular as correntes de falta, durante uma falta assimétrica.
Considere a interligação entre dois sistemas elétricos, mostrados na Figura 4.11.
Considere, ainda, que no ponto F da interligação entre os dois sistemas ocorra uma falta fase-
terra na fase a.

FIGURA 4.11 – Interligação entre dois sistemas em falta.


53

FIGURA 4.12 – Rede equivalente no ponto de falta

As condições de contorno são:

I fb = I fc = 0 (4.10)
V fa = Z f ⋅ I fa (4.11)

Transformando estas grandezas em componentes simétricas obtém-se:

I a0  1 1 1   I fa   I fa 
  1  2   1  
 I a1  = 3 ⋅ 1 a a  ⋅  0  = ⋅  I fa  (4.12)
3
I a2  1 a 2 a   0   I fa 
   

V fa = Va 0 + Va1 + Va 2 = Z f ⋅ I fa (4.13)

Das Equações (4.12) e (4.13), conclui-se que:

I fa
I a 0 = I a1 = I a 2 = (4.14)
3
V fa = Va 0 + Va1 + Va 2 = Z f ⋅ I fa (4.15)

Estas equações são representadas através do circuito equivalente da Figura 4.13, onde:
• Vth – Tensão equivalente de Thevènin no ponto F.
• Zth0, Zth1 e Zth2 – Impedâncias equivalentes de sequência zero, positiva e negativa,
respectivamente, vista do ponto F.

FIGURA 4.13 – Circuito equivalente para falta monofásica


54

Despreza-se, normalmente, a corrente de carga após a falta, uma vez que sua
intensidade é bem menor que a intensidade da corrente de curto-circuito. Por outro lado,
considera-se, para efeito de simplificação, que a tensão equivalente de Thevènin seja igual a
1,0 pu, tendo em vista que o sistema opera à tensão nominal antes da falta.

4.5 – FALTA FASE-FASE

Uma falta fase-fase ocorre quando há contato entre duas fases, como mostra a Figura
4.14 (b e c são as fases envolvidas).

(a) (b)
FIGURA 4.14 – Caso geral de falta fase-fase

As condições de contorno são:

I fa = 0 (4.16)
I fb + I fc = 0 (4.17)
V fb − V fc = Z f ⋅ I fb (4.18)

Da Equação (4.16) tem-se:

I fa = I a 0 + I a1 + I a 2 = 0 (4.19)

resultando:

I a 0 = −(I a1 + I a 2 ) (4.20)

Tomando-se a Equação (4.17) tem-se:

(I a0 + a 2 I a1 + aI a 2 ) + (I a 0 + aI a1 + a 2 I a 2 ) = 0
( ) ( )
2 I a 0 + a + a 2 I a1 + a + a 2 I a 2 = 0

resultando em

2 I a 0 − (I a1 + I a 2 ) = 0 (4.21)

Usando-se (4.20) em (4.21) encontra-se:

3I a 0 = 0; ou I a0 = 0 (4.21)
55

Logo, em faltas bifásicas não existe a componente de sequência zero e Ia1 = –Ia2,
conforme Equação (4.20).
A condição (4.18) fornece:

( ) (
V fb − V fc = Va 0 + a 2Va1 + aVa 2 − Va 0 + aVa1 + a 2Va 2 )
= (a 2
)
− a ⋅ (Va1 − Va 2 ) = Z ⋅ (a
f
2
) ( )
I a1 + aI a 2 = Z f ⋅ a 2 − a ⋅ I a1

conduzindo ao resultado:

Va1 − Va 2 = Z f ⋅ I a1 (4.22)

As Equações (4.20) e (4.22) podem ser obtidas a partir do circuito equivalente


representado na Figura 4.15.

FIGURA 4.15 – Circuito equivalente para falta fase-fase.

4.6 – FALTA FASE-FASE-TERRA

Neste tipo de curto-circuito, além de haver contato entre duas fases ocorre também,
simultaneamente, contato com a terá. A Figura 4.16 ilustra este caso.

(a) (b)
FIGURA 4.16 – Diagrama equivalente decurto-circuito falta fase-fase

As condições de contorno são:

I fa = 0 (4.23)
56

V fb = Z f ⋅ I fb + Z G ⋅ (I fb + I fc ) (4.24)
V fc = Z f ⋅ I fc + Z G ⋅ (I fb + I fc ) (4.25)

Da Equação (4.23) resulta

I a 0 + I a1 + I a 2 = 0 (4.26)

Esta equação indica que as três correntes de sequência devem e somar em um mesmo
nó. Usando as Equações (4.24) (4.25) tem-se:

( )
V fb = Z f ⋅ I a 0 + a 2 I a1 + aI a 2 + Z G ⋅ (I fb + I fc ) (4.27)
V fc = Z f ⋅ (I a0 + aI a1 + a 2 I a 2 ) + Z ⋅ (I
G fb + I fc ) (4.28)

Tendo em vista que, Ifa = 0, resulta:

I fb + I fc = 3I a 0 (2.29)
( )
V fb = Z f ⋅ I a 0 + a 2 I a1 + aI a 2 + 3 ⋅ Z G ⋅ I a 0 (4.30)

As tensões de fase em termos das tensões de sequência ficam sendo:

V fb = Va 0 + a 2Va1 + aVa 2 (4.31)


V fc = Va 0 + aVa1 + a 2Va 2 (4.32)

Desta forma, subtraindo-se (4.28) de (4.27) chega-se a seguinte expressão:

(a 2
) ( )
− a ⋅ (Va1 − Va 2 ) = a 2 − a ⋅ (Z f ⋅ I a1 − Z f ⋅ I a 2 ) (4.33)

que simplificada resulta em:

Va1 − Z f ⋅ I a1 = Va 2 − Z f ⋅ I a 2 (4.34)

Substituindo Va2 da expressão (4.34), em (4.30), resulta:

Va 0 − (Z f + 3 ⋅ Z G ) ⋅ I a 0 = Va 0 − Z f ⋅ I a1 (4.35)

As equações (4.26), (4.34) e (4.35) devem ser resolvidas ao mesmo tempo. Elas
apresentam tensões e correntes que podem ser obtidas através da rede da Figura 4.17, a qual
representa o circuito equivalente para o cálculo de curto-circuito entre duas fase e terra.
57

FIGURA 4.17 – Circuito equivalente para falta fase-fase-terra.

4.7 – ABERTURA MONOPOLAR

Considere, na Figura 4.18, a ocorrência da abertura da fase a da linha de transmissão


no trecho ED.

FIGURA 4.18 – Abertura monopolar.

As condições de contorno são:

I ED ( a ) = 0 (4.36)
VED (b ) = 0 (4.37)
VED (c ) = 0 (4.38)

A Equação (4.36) fornece:

I ED ( a 0) + I ED ( a1) + I ED ( a 2 ) = 0 (4.39)

e as Equações (4.37) e (4.38) proporcionam

V ED (b ) = VED ( a 0 ) + a 2 ⋅ V ED ( a1) + a ⋅ V ED ( a 2) = 0 (4.40)


V ED ( c ) = VED ( a 0 ) + a ⋅ VED ( a1) + a 2 ⋅ V ED ( a 2) = 0 (4.41)

Subtraindo (4.41) de (4.40), encontra-se:


58

(a 2
)
− a ⋅ (VED ( a1) − V ED ( a 2) ) = 0 (4.42)

Como (a2 – a) é diferente de zero:

V ED ( a1) = VED ( a 2 ) (4.43)

Entrando com (4.43) em (4.40), obtém-se:

( )
V ED ( a 0) + a 2 + a ⋅ V ED ( a1) = V ED ( a 0) − VED ( a1) = 0 (4.44)

encontrando-se, finalmente:

V ED ( a 0) = V ED ( a1) (4.45)

O conjunto de Equações (4.39), (4.43) e (4.45) pode ser obtido do circuito equivalente
da Figura 4.19.

FIGURA 4.19 – Circuito equivalente para abertura monopolar.

4.8 – ABERTURA BIPOLAR

A Figura 4.20 mostra a situação de abertura bipolar (fase b e c) de uma linha de


transmissão. As condições de contorno são:

V ED ( a ) = 0 (4.46)
I ED (b ) = 0 (4.47)
I ED ( c ) = 0 (4.48)
59

FIGURA 4.20 – Abertura bipolar de uma linha de transmissão.

A Equação (4.46) conduz à seguinte composição:

V ED ( a 0) + V ED ( a1) + V ED ( a 2 ) = 0 (4.49)

As Equações (4.47) e (4.48) podem ser manipuladas através da expressão:

 I ED ( a 0)  1 1 1   I ED ( a ) 
  1   
 I ED ( a1)  = 3 ⋅ 1 a a 2  ⋅  0 
 I ED ( a 2 )  1 a 2 a   0 
 

Resultando em

I ED ( a )
I ED ( a 0) = I ED ( a1) = I ED ( a 2) = (4.50)
3

As Equações (4.49) e (4.50) podem ser representadas por intermédio do circuito


equivalente apresentado na Figura 4.21.

FIGURA 4.21 – Circuito equivalente para abertura bipolar.


60

CAPÍTULO 5 – CÁLCULO DIGITAL DE FALTAS

5.1 – INTRODUÇÃO

Na análise de defeitos em sistemas elétricos de grande porte é preciso um método


poderoso e mais propício à programação digital. Esta razão deve-se, em parte, às dificuldades
para se determinar a impedância de Thevènin, vista de um ponto de defeito (parte
fundamental nos cálculos de curto-circuito, abordada em capítulos anteriores) em sistemas de
grande porte (AMEIDA).
Outra razão é a determinação da distribuição das correntes nos vários equipamentos do
sistema, uma abordagem do problema via matriz de impedância da rede (Zbarra), tem grande
aplicabilidade.
A matriz Zbarra pode ser formada para cada sistema e armazenada para análise de
faltas. Curtos-circuitos podem ser simulados por simples alterações de alguns elementos desta
matriz, permitindo assim, uma fácil análise.
Diante deste contexto, será abordado neste capítulo técnicas de construção de matriz
Zbarra, em seguida serão abordadas técnicas matriciais para cálculo de curtos-circuitos e
aberturas via matriz Zbarra.

5.2 – MONTAGEM DA MATRIZ YBUS

Para a obtenção da matriz de admitância nodal da rede (Ybarra), vale a regra já abordada
na disciplina de Sistemas Elétricos de Potência I, para o cálculo de fluxo de carga.
Portanto, com base na Figura 5.1, tem-se o seguinte algoritmo de preenchimento dos
respectivos elementos da matriz:

(a) Elemento série (b)elemento shunt


FIGURA 5.1 – Elementos série e shunt da rede.


Ykm = − y km

Ymk = − y km (5.1)

(
Ykk = jbk + ∑ jbkm + y km
sh sh
)
 m ∈ Ωk

Onde:
• ykm admitância série do ramo k-m (linha de transmissão ou transformador);
• sh
jbkm susceptância shunt da linha de transmissão;
• jbksh susceptância shunt de elemento reativo (indutor ou capacitor) ligado entre a barra
k e o nó terra.
61

5.3 – MONTAGEM DA MATRIZ ZBUS

5.3.1 – INVERSÃO DE YBUS

Uma vez calculada a matriz admitância de barras, por inversão da mesma, obtém-se a
matriz impedância de barras, conforma mostra a Equação matricial (5.2).

−1
Z barra = Ybarra (5.2)

A matriz impedância de barras é extremamente útil para cálculo de defeitos em


sistemas elétricos de potência.
Os valores na diagonal principal da matriz de impedância de barras correspondem aos
valores da impedância de Thévenin para as respectivas barras. Assim, Z11 é a impedância de
Thévenin para a barra 1, da mesma forma que Z22 é a impedância de Thévenin para a barra 2,
e assim sucessivamente. A diagonal principal da matriz impedância de barras corresponde às
impedâncias de Thévenin para cada barra.

5.3.2 – ELIMINAÇÃO DE BARRAS DA MATRIZ YBARRA POR ÁLGEBRA


MATRICIAL

Somente barras em que não entra ou sai corrente para a rede podem ser eliminadas.
A expressão matricial representada pela Equação (5.3) pode ser expressa pela Equação
(5.4), onde a matriz Ybarra é particionada de tal maneira que as barras a serem eliminadas são
representadas pelas submatrizes IX e VX.

[I barra ] = [Y ]⋅ [V ]
barra barra (5.3)

I A   K L  V A 
 = ⋅  (5.4)
 I X   LT M  V X 

A nova matriz Ybarra reduzida é calculada pela Equação matricial (5.5)

[Y ] = [K ] − [L ]⋅ [M ]⋅ [L ]
barra T (5.5)

5.3.3 – MONTAGEM DIRETA DE ZBUS

Este método possui as seguintes vantagens em relação a anterior:


a) Exige um número bem menor de operações aritméticas, portanto, permite grande
econômica de tempo de computação;
b) Permite a análise de grandes sistemas, cuja matriz Zbarra não caiba na memória do
computador. A montagem da matriz é feita salvando-se na memória apenas as barras
onde se deseja calcular curtos-circuitos, porém considerando-se também o restante do
sistema.

As desvantagens deste método são:


a) Não permite a exploração da esparsidade do sistema (Zbarra não é esparsa)
62

b) Necessita da montagem de toda a matriz Zbarra ou sua equivalente, no caso de grandes


sistemas.

Mais adiante estudaremos detalhadamente o método para a montagem direta de Zbarra.

Duas regras gerais são indispensáveis para a formação de Zbarra:


• A matriz Zbarra é montada ramo por ramo, ou seja, inicia-se por um ramo e faz-se uma
matriz Zbarra; em seguida, acrescenta-se o próximo ramo e constrói-se a próxima Zbarra.
• O primeiro ramo deve estar obrigatoriamente conectado à referência.
• Os demais ramos devem ser acrescentados um a um e sempre ligados a uma barra já
introduzida na matriz Zbarra.

Para uma maior eficiência computacional, introduzir ramos que já possuam as duas
barras na matriz Zbarra.

a) Adição de ramo entre um barramento novo e a referência

Este novo ramo possui impedância zk0. A nova matriz Zbarra fica:

 0 
 [Z ] M 
′ ]= 
[Z barra barra
(5.6)
 0 
 
0 L 0 zk0 

b) Adição de ramo entre um barramento novo e um barramento existente

Será acrescentada a impedância Zik entre a barra i já existente na matriz Zbarra e a


barra k. A nova matriz Zbarra fica:

 Z11 Z 12 L Z 1i L Z1N Z 1i 
 
 Z 21 Z 22 L Z 2i L Z 2N Z 2i 
 M M O M O M M 
 
[Z barra
′ ] =  Z i1 Z i2 L Z ii M Z iN Z ii  (5.7)
 M M O M O M M 
 
Z N1 ZN2 L Z Ni M Z NN Z Ni 
Z Z i2 L Z ii L Z iN Z ii + z ik 
 i1

c) Adição de ramo entre um barramento existente e a referência

Será acrescentada a impedância zk0 entre a barra k e a barra de referencia, ambas já


existentes na matriz Zbarra. Para obtenção da matriz final, processa-se em duas etapas, a
primeira com a inclusão de uma barra fictícia “p” e a segunda com a eliminação da barra “p”
da matriz pelo método de redução de Kron.

• PRIMEIRA ETAPA: adição da barra fictícia “p”:


63

 Z11 Z12 L Z1k L Z1N Z 1k 


 
 Z 21 Z 22 L Z 2k L Z 2N Z 2k 
 M M O M O M M 
 
[Z barra
′ ] =  Z k1 Zk2 L Z kk M Z kN Z kk  (5.8)
 M M O M O M M 
 
Z N1 ZN2 L Z Nk M Z NN Z Nk 
Z Zk2 L Z kk L Z kN Z kk + z k 0 
 k1

• SEGUNDA ETAPA: eliminação da barra “p”, o que equivale a conectar essa barra
com a referência, ou seja, Vp = 0, portanto, pelo processo de redução de Kron (ver
expressão matricial (5.5)), fica:

 Z 1k 
 
 M 
 1 
[Z barra
′ ] = [Z N ] −   ⋅  Z kk  ⋅ [Z k1 L Z kk L Z kN ] (5.9)
 Z kk + z k 0   
 M 
Z 
 Nk 

d) Adição de ramo entre dois barramentos existentes na matriz

Será acrescentada a impedância zkm entre a barra k e a barra m, ambas já existentes na


matriz Zbarra. Para a obtenção da matriz final, processa-se em duas etapas, a primeira com a
inclusão de uma barra fictícia “p”, e a segunda com a eliminação da barra “p” da matriz pelo
método de redução de Kron (ver expressão matricial 5.5).

• PRIMEIRA ETAPA: adição da barra fictícia “p”:

=
64

 Z 11 Z12 L Z 1k L Z 1m L Z1N Z1m − Z1k 


 
 Z 21 Z 22 L Z 2k L Z 2m L Z 2N Z 2m − Z 2k 
 M M O M O M O M M 
 
 Z k1 Zk2 L Z kk L Z km L Z kN Z km − Z kk 
 M M O M O M O M M 
[Z barra
′ ]=   (5.10)
 Z m1 Z m2 L Z mk L Z mm L Z mN Z mm − Z mk 
 M M O M O M O M M 
 
 Z N1 ZN2 L Z Nk L Z Nm L Z NN Z Nm − Z Nk 
Z Z m2 Z mk Z mm Z mN Z kk + Z mm −
 m1 L L L 
− Z k1 − Zk2 − Z kk − Z km − Z kN 2 Z km + z km 

Aplica-se agora o método de Kron para eliminar a última linha e a última coluna,
resultando na expressão matricial (5.11) abaixo:

T
 Z 1m − Z 1k   Z 1m − Z1k 
   
M M
    
[Z ′ ] = [Z ] −  Z
barra N
1
− 2 ⋅ Z km + z km
 ⋅  Z km − Z kk  ⋅  Z km − Z kk  (5.11)
 kk + Z mm     
 M   M 
Z − Z Nk   Z Nm − Z Nk 
 Nm

5.4 – SOLUÇÃO DIGITAL DE EXERCÍCIOS

5.4.1 – FALTA TRIFÁSICA BALANCEADA

Considere o sistema de potência composto por N barras, mostrado na Figura 5.1. Na


barra k será simulada uma falta trifásica através de uma impedância de falta Zf. As tensões
pré-faltas são obtidas pela solução de um fluxo de potência e são representadas pelo vetor das
tensões nodais pré-falta do circuito, conforme abaixo:

V1 ( 0 ) 
 
 M 
[V ]
(0)
barra = Vi ( 0 )  (5.12)
 
 M 
V ( 0 ) 
 n 

onde a notação (0) denota a condição pré-falta.


65

FIGURA 5.1 – Sistema elétrico de N barras submetido a uma falta na barra k.

Mudanças nas tensões da rede, devido a uma falta com impedância Zf, equivaleriam
àquelas causadas pela adição da tensão V0k com todas as outras fontes curto-circuitadas.
Zerando todas as fontes de tensão, e representados todos os componentes e cargas pelas suas
respectivas impedâncias, obtemos o circuito de Thevènin, como mostra a Figura 5.2.

FIGURA 5.2 – Circuito de Thevènin para o sistema de N barras.

As variações de tensões, causadas pela falta no circuito, são representadas pelo vetor
coluna abaixo:

 ∆V1 
 
 M 
[∆Vbarra ] =  ∆Vk  (5.13)
 
 M 
∆V 
 N

Empregando o princípio da superposição ao circuito, o vetor de tensões durante a falta


[V ]
(f)
barra são obtidas pela adição das tensões pré-faltas com as suas variações durante a falta.

[V ] = [V ] + [∆V ]
(f)
barra
( 0)
barra barra (5.14)

em que a notação (f) ressalta a condições de falta.


66

No circuito de Thévenin da Figura 5.2, a corrente entrando em todos os nós é zero,


exceto na barra da falta. Desde que a corrente nessa barra esteja saindo, então, ela é tomada
com o sinal negativo. Portanto, a equação nodal aplicada ao circuito é:

 0   Y11 L Y1k L Y1N   ∆V1 


 M     
   M O M O M   M 
− I k  =  Yk1
(f)
L Ykk L YkN  ⋅  ∆Vk  (5.15)
     
 M   M O M O M   M 
 0  YN 1 L YNk L YNN  ∆V N 
ou

[I ] = [Y ]⋅ [∆V ]
(f)
barra barra barra (5.16)

Resolvendo para [∆Vbarra ], tem-se:

[∆V ] = [Z
barra barra ]⋅ [I (f)
barra ] (5.17)

Onde é conhecida como matriz de impedância da rede. Substituindo a Equação (5.17)


em (5.14), obtemos:

[V ] = [V ] + [Z ]⋅ [I ]
(f)
barra
(0 )
barra barra
(f)
barra (5.18)

ou

V1 ( f )  V1 ( 0 )   Z11 L Z 1k L Z 1N   0 


       
 M   M   M O M O M   M 
Vk( f )  = Vk( 0 )  +  Z k1 L Z kk L Z kN  ⋅ − I k( f )  (5.19)
       
 M   M   M O M O M   M 
V ( f )  V ( 0 )   Z L Z Nk L Z NN   0 
 N   N   N1

Desde que exista somente um único elemento não nulo no vetor de corrente, da k-
ésima Equação em (5.19), tem-se:

Vk( f ) = Vk( 0) − Z kk ⋅ I k( f ) (5.20)

Do circuito de Thevènin, da Figura 5.2, tem-se:

Vk( f ) = Z f ⋅ I k( f ) (5.21)

Igualando as Equações (5.20) e (5.21), em seguida, isolando a corrente de falta, tem-


se:

Vk ( 0 )
I k( f ) = (5.22)
Z kk + Z f
67

Escrevemos, em termos de seus elementos, a i-ésima equação em (5.19). Assim, tem-


se:

Vi ( f ) = Vi ( 0) − Z ik ⋅ I k( f ) (5.23)

Substituindo (5.22) em (5.23), obtém-se:

Z ik
Vi ( f ) = Vi ( 0) − ⋅ Vk ( 0 ) (5.24)
Z kk + Z f

De forma mais geral tem-se o seguinte sistema:

 (f) Z1k
V1 = V1 ( 0) − ⋅ Vk ( 0 )
 Z kk + Z f
M

 (f) Z ik
Vi = Vi ( 0) − ⋅ Vk ( 0 )
 Z kk + Z f

M (5.25)
 Zf
V ( f ) = ⋅ Vk ( 0 )
 k Z kk + Z f

M
 Z Nk
V N( f ) = V N( 0) − ⋅ Vk ( 0 )
 Z kk + Z f

Com o conhecimento das tensões nodais durante a falta, as correntes de falta em todos
os elementos séries (linhas de transmissão e transformadores). Para um elemento série
conectando as barras i e j através de uma impedância zij, a corrente de curto-circuito nessa
linha (definindo o sentido positivo de i→j) é dada por:

Vi ( f ) − V j( f )
I ij( f ) = (5.26)
z ij

5.4.2 – FALTA FASE-FASE

No caso de um sistema elétrico desequilibrado, a equação nodal [Vbarra] =


[Zbarra].[Ibarra] tem que ser escrita para cada sistema de componentes, da seguinte forma:

[∆V barra ( a 0 ) ] = [Z barra ( a 0 ) ]⋅ [I (f)


barra ( a 0 )] (5.27)
[∆V barra ( a1) ] = [Z barra ( a1) ]⋅ [I(f)
barra ( a1) ] (5.28)
[∆V barra ( a 2 ) ] = [Z barra ( a 2 ) ]⋅ [I (f)
barra ( a 2 ) ] (5.29)
68

As Equações (5.27)-(5.29) podem ser agrupadas em uma única equação, em forma


geral e sistemática, como:

[∆V ] = [Z ]⋅ [I ]
barra barra
(f)
barra (5.30)

Onde

 ∆Vbarra ( a 0 ) 
[∆Vbarra ] =  ∆Vbarra( a1) 
∆Vbarra ( a 2) 
 
 I barra ( a 0) 
(f)

 (f) 
[ (f)
]
I barra =  I barra ( a1) 
 I barra
(f) 
 ( a 2) 

 Z barra ( a1) 0 0 
 
[Z barra ( a 2 ) ] = 0 Z barra ( a1) 0 
 0 0 Z barra ( a 2) 

Da mesma forma como fizemos na analise de curto-circuito trifásico, podemos aplicar


o teorema de Thevenin para este caso.
Suponhamos um curto-circuito fase-terra ocorrendo na fase a de uma barra k qualquer
de um sistema; esta situação é ilustrada na Figura 5.3.

FIGURA 5.3 – Curto-circuito fase-terra.

As correntes de falta nas três fases serão dadas por:

 I k( (fa)) = I k( f )
 ( f )
 I k (b ) = 0 (5.31)
 (f)
 I k ( c ) = 0

Utilizando a Equação (5.31), e tendo em vista a transformação inversa de componentes


simétricos, podemos escrever:

(f) (f) (f)


I k((fa))
I k ( a 0) =I k ( a1) =I k ( a 2) = (5.32)
3
69

Em termos de componentes simétricos, a aplicação do Teorema de Thevenin resulta na


expressão:

[V ] = [V ] + [Z ]⋅ [I ]
(f)
barra
(0 )
barra barra
(f)
barra (5.33)

Lembrando que o vetor refere-se às correntes de falta injetadas, podemos escrever:

1 0 
M  M 
 
k − I k( (fa)) 3
 
M  M 
N 0 
 
1 0 
M  M 
 (f) 
[I ]
(f)
barra = k − I k ( a ) 3
M  M 
 
N 0 
 
1 0 
M  M 
 (f) 
k − I k ( a ) 3
M  M 
 
N  0  (5.34)

 V1((af0))   V1((a00) )   0 1
      M
 M   M   M 
Vk(( af 0) )  Vk((0a)0)  − I k((fa)) 3 k
     
 M   M   M  M
V ( f )  V ( 0 )   0 N
 N (( af 0) )   N (( af 0) )   
 V1( a1)   V1( a1)   0 1
 M   M  Z 0 0   M  M
     barra ( a1)   (f) 
(f) ( 0)
 Vk ( a1)  =  Vk ( a1)  +  0 Z barra ( a1) 0  ⋅ − I k ( a ) 3 k
    
 M   M   0 0 Z barra ( a 2)   M  M
 
V N((fa)1)  V N((0a)1)   0 N
 (f)   (f)   
 V1( a 2)   V1( a 2)   0 1
 M   M   M  M
 ( f )   ( 0)   (f) 
V k ( a 2 )  V k ( a 2 )  − I k ( a ) 3 k
 M   M   M  M
 ( f )   ( 0)   
V N ( a 2)  V N ( a 2)   0  N (5.35)
70

Para uma barra i genérica do sistema, a equação (5.33) fornece 3 componentes que
são:

 (f) (0 ) 1 (f)
Vi ( 0) = Vi ( 0) − 3 Z ik ( a 0 ) ⋅ I k ( a )
 1
(f) ( 0) (f)
Vi (1) = Vi (1) − Z ik ( a1) ⋅ I k ( a ) (5.36)
 3
V ( f ) = V ( 0) − 1 Z (f)
ik ( a 2 ) ⋅ I k ( a )
 i ( 2 ) i (2)
3

Para a barra k temos, portanto:

 (f) ( 0) 1 (f)
Vk ( 0) = Vk ( 0 ) − 3 Z kk ( a 0 ) ⋅ I k ( a )
 1
(f) ( 0) (f)
Vk (1) = Vk (1) − Z kk ( a1) ⋅ I k ( a ) (5.37)
 3
V ( f ) = V ( 0) − 1 Z (f)
kk ( a 2 ) ⋅ I k ( a )
 k ( 2) k ( 2)
3

Somando os 3 componentes de (5.37) obtemos:

1
(V (f)
k ( 0) + Vk((1f)) + Vk(( 2f )) ) = (Vk((00)) + Vk((01)) + Vk((02)) ) − ⋅ I k((fa)) ⋅ (Z kk ( a 0) + Z kk ( a1) + Z kk ( a 2 ) )
3

ou

1
Vk(( af )) = Vk((0a)) − ⋅ I k( (fa)) ⋅ (Z kk ( a 0 ) + Z kk ( a1) + Z kk ( a 2 ) ) (5.37)
3

Porém:

Vk(( af )) = Z f ⋅ I k((fa)) (5.38)

Logo:

1
Z f ⋅ I k( (fa)) = Vk((0a)) − ⋅ I k((fa)) ⋅ (Z kk ( a 0) + Z kk ( a1) + Z kk ( a 2) ) (5.39)
3

E a expressão de I k( (fa)) será:

Vk((0a))
I k((fa)) = (5.40)
1
Z f + ⋅ (Z kk ( a 0) + Z kk ( a1) + Z kk ( a 2 ) )
3

Que pode ainda ser escrita como:


71

(f)
3 ⋅ Vk((0a))
I k (a) = (5.41)
3 ⋅ Z f + Z kk ( a 0) + Z kk ( a1) + Z kk ( a 2)

Uma vez calculado o valor de I k((fa)) , podemos calcular os valores das tensões pós-falta
em todos os nós do sistema, usando as Equações (5.36) e a transformação inversa de
componentes simétricos. Assim teremos:

 (f) (0 )
Z ik (0 )
Vi ( a 0 ) = Vi ( a 0) − ⋅ Vk((0a))
 3 ⋅ Z f + Z kk ( a 0 ) + Z kk ( a1) + Z kk ( a 2 )

 (f) (0)
Z ik (1)
Vi ( a1) = Vi ( a1) − ⋅ Vk((0a)) (5.42)
 3 ⋅ Z f + Z kk ( a 0 ) + Z kk ( a1) + Z kk ( a 2 )
 Z ik ( 2)
Vi ((af2)) = Vi ((a02) ) − ⋅ Vk((0a))
 3 ⋅ Z f + Z kk ( a 0) + Z kk ( a1) + Z kk ( a 2)

Como o sistema antes da falta é equilibrado temos: Vi ((a00) ) = Vi ((a0)) , Vi ((a01)) = Vi ((a02) ) = 0 e a
Equação (5.42) pode ser escrita, em forma matricial como:

Vi ((af0))   0   Z ik ( 0) 
 ( f )   ( 0)  Vk((0a))  
V = V −
 i ( a1)   i ( a )  3 ⋅ Z + Z ⋅  Z ik (1)  (5.43)
kk ( a 0 ) + Z kk ( a1) + Z kk ( a 2 )
Vi ((af2))   0  f
 Z ik ( 2 ) 
   

Usando a relação abaixo, têm-se as tensões de fase:

Vi ((af))  1 1 1  Vi ((af0)) 


 (f)   
Vi (b )  = 1 a
2
a  ⋅ Vi ((af1))  (5.44)
Vi ((cf) )  1 a a 2  Vi ((af2)) 
 

As contribuições nos ramos podem ser calculadas através das expressões:

Vi ((af0)) − V j(( af 0) )
I ij( (fa)0) = (5.45)
z ij ( a 0 )
Vi ((af1)) − V j(( af 1))
I ij( (fa)1) = (5.46)
z ij ( a1)
Vi ((af2)) − V j(( af 2) )
I ij( (fa)2) = (5.47)
z ij ( a 2)

Onde z ij (a 0) , z ij (a1) e z ij (a 2) são as impedâncias de sequência zero, positiva e negativa


do ramo ij.

5.4.3 – FALTA FASE-FASE-TERRA


72

Da mesma forma como fizemos na analise de curto-circuito fase-fase, podemos aplicar


o teorema de Thevenin para este caso.
Suponhamos um curto-circuito fase-terra ocorrendo na fase a de uma barra k qualquer
de um sistema; esta situação é ilustrada na Figura 5.4.

FIGURA 5.4 – Falta fase-fase-terra

As condições de contorno para a falta fase-fase-terra serão dadas por:

I k((fa)) = 0 (5.48)
(
Vk((bf )) = Z f ⋅ I k((fb)) + Z G ⋅ I k( (fb)) + I k( (fc)) ) (5.49)
V (f)
k (c) = Zf ⋅I (f)
k (c) + ZG ⋅ (I (f)
k (b ) +I (f)
k (c) ) (5.50)

Aplicando a transformação direta de componentes de sequência para as correntes de


falta na barra k, tem-se:

 I k((fa))  1 1 1   I k((fa)0 ) 
 (f)    
 I k (b )  = 1 a
2
a  ⋅  I k((fa)1) 
 I k((fc))  1 a a 2   I k((fa)2) 
  (5.51)

Onde

I k((fa)) = I k( (fa)0 ) + I k((fa)1) + I k((fa)2) = 0

Portanto,

I k((fa)0) = −(I k( (fa)1) + I k((fa)2 ) ) (5.52)


73

Substituindo os termos das Equações (5.49) e (5.50) por suas respectivas componentes
simétricas, tem-se:

( ) (
Vk(( af 0) ) + a 2 ⋅ Vk(( af 1)) + a ⋅ Vk(( af 2) ) = Z f ⋅ I k((fa)0) + a 2 ⋅ I k((fa)1) + a ⋅ I k((fa)2 ) + Z G ⋅ 3 ⋅ I k((fa)0) ) (5.53)
Vk(( af 0) ) + a 2 ⋅ Vk(( af 1)) + a ⋅ Vk(( af 2) ) = Z f ⋅ (I (f)
k ( a 0) + a 2 ⋅ I k((fa)1) + a ⋅ I k((fa)2 ) ) + Z ⋅ (3 ⋅ I
G
(f)
k ( a 0) ) (5.54)

Subtraindo a Equação (5.53) de (5.54) pode-se obter:

Vk(( af 1)) − Z f ⋅ I k((fa)1) = Vk(( af 2) ) − Z f ⋅ I k((fa)2) (5.56)

Substituindo a Equação (5.56) em (5,53) tem-se:

Vk(( af 0) ) − (Z f + 3 ⋅ Z G ) ⋅ I k((fa)0) = Vk(( af 2) ) − Z f ⋅ I k((fa)1) (5.57)

Usando a expressão geral, semelhante à Equação (5.33), tem-se:

[V ] = [V ] + [Z ]⋅ [I ]
(f)
barra
(0 )
barra barra
(f)
barra (5.58)

Fornecendo para a barra de falta k as seguintes equações:

Vk(( af 0) ) = Vk((0a)0 ) − Z kk ( a 0) ⋅ I k((fa)0)


 ( f ) ( 0) (f)
Vk ( a1) = Vk ( a1) − Z kk ( a1) ⋅ I k ( a1) (5.59)
 (f) ( 0) (f)
Vk ( a 2) = Vk ( a 2 ) − Z kk ( a 2) ⋅ I k ( a 2)

Semelhantemente para uma barra i qualquer, tem-se:

Vi ((af0)) = Vi ((a00) ) − Z ik ( a 0 ) ⋅ I k((fa)0)


 ( f ) ( 0) (f)
Vi ( a1) = Vi ( a1) − Z ik ( a1) ⋅ I k ( a1) (5.60)
 (f) (0 ) (f)
Vi ( a 2 ) = Vi ( a 2) − Z ik ( a 2 ) ⋅ I k ( a 2)

As correntes são obtidas como:

I k((fa)0 ) =
 
 
 − (Z f + Z kk ( a 2) )   (0 )
Vk ( a )  (5.61)
 ⋅
 2 ⋅ Z f + 3 ⋅ Z G + Z kk ( a 0) + Z kk ( a 2 )   Z + Z (Z f + 3 ⋅ Z G + Z kk (a 0) )⋅ (Z f + Z kk ( a 2) ) 
f kk ( a1) +
 2 ⋅ Z f + 3 ⋅ Z G + Z kk ( a 0 ) + Z kk ( a 2) 
 
 ( 0) 
(f)  Vk ( a ) 
I k ( a1) = (5.62)
 ( Z f + 3 ⋅ Z G + Z kk ( a 0) ) ⋅ (Z f + Z kk ( a 2 ) ) 
 Z f + Z kk ( a1) + 
 2 ⋅ Z f + 3 ⋅ Z G + Z kk ( a 0) + Z kk ( a 2) 
74

I k((fa)2 ) =
 
 
 − (Z f + 3 ⋅ Z G + Z kk ( a 0) )   (0 )
Vk ( a )  (5.63)
 ⋅
 2 ⋅ Z f + 3 ⋅ Z G + Z kk ( a 0) + Z kk ( a 2 )   (Z f + 3 ⋅ Z G + Z kk (a 0) )⋅ (Z f + Z kk ( a 2) ) 
Z f + Z kk ( a1) +
 2 ⋅ Z f + 3 ⋅ Z G + Z kk ( a 0 ) + Z kk ( a 2) 

5.4.4 – ABERTURA MONOPOLAR

5.4.5 – ABERTURA BIPOLAR


75

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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teoria e ensaios. Brasília. Ed. FINATEC, 1995.

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76

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