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Ciencia Politica Ficha de Trabalho Nº 3
Ciencia Politica Ficha de Trabalho Nº 3
Tarefa:
A partir da análise do texto, elabore um quadro síntese comparativo com as
características da Direita da Esquerda. Os itens a considerar são os seguintes: 1.
2. 3. 4. Conceção da natureza humana Valores fundamentais Perspetiva do devir
histórico Organização da sociedade
DIREITA E ESQUERDA
DIREITA
1. Noções prévias
«Se o vocábulo direita deriva do latim directa, que significa certa, a terminologia
dicotómica direita/esquerda tem raízes nos alvores das modernas instituições
parlamentares e toma por critério histórico original a localização espacial de
grupos ou tendências nas assembleias legislativas. Na Grã-Bretanha, a partir de
1730, os deputados do partido governamental sentam-se, em Westminster, à direita do
speaker, enquanto os da oposição tomam os seus lugares à esquerda deste; na França,
depois de 1789, os indivíduos ou grupos moderados ou conservadores ocupam a bancada
à direita do presidente da Assembleia, enquanto os mais radicais ou revolucionários
se situam à esquerda. Bastaria a enunciação desta origem «geométrica» para dar
conta da relatividade histórico-espacial destas noções, que, além disso, têm
assumido uma forte carga polémica, pelo que muitos politólogos as acham
«ultrapassadas», equívocas, imprecisas e sempre de desaconselhável e cauteloso
manejo, como todos os conceitos meramente formais. Nestas circunstâncias, uma
resenha histórica da questão parece necessária, como preliminar a qualquer
conceptualização.
2. História
Para Raymond Aron, a França é a pátria do antagonismo direita/esquerda,
identificadas ali, historicamente, a: primeira com os princípios monárquicos,
católicos, tradicionalistas, contra-revolucionários, a segunda com os princípios
republicanos, anticlericais, progressistas, revolucionários. Segundo o mesmo Aron,
os fundamentos ou raízes desta dicotomia (…) filiam-se no carácter violento, de
ruptura institucional, que marca o ciclo histórico-institucional e ideológico
francês a partir de 1789.
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Daqui advém a possibilidade de admissão e extrapolação de tal dicotomia como
compreendendo «tipos de mentalidade", ou «modelos", de conteúdos, estilo e valores
contrapostos (…). A direita, partido da tradição e dos privilégios, contra a
esquerda, partido do futuro e da inteligência» (Aron). Na tradição histórica e
politológica anglosaxónica a terminologia é diversa, centrada na contraposição
inicial tories-whigs, conservadores liberais, ou, para os Founding Fathers
americanos, no maior ou menor valor relativo dos termos dos binómios religião-
razão, ou tradiçãoluzes; ali, a terminologia direita-esquerda é recente e de
importação continental (…). No continente europeu (…) essa dicotomia sofreu a
evolução determinada pelo fluxo das ideias, doutrinas, movimentos e revoluções,
sobretudo a partir de 1848, com o alongamento do leque de alternativas e da
conflitualidade de projectos ideológicos(…) com as áreas mais vastas, sociológica e
eleitoralmente, ocupadas por jacobinos, liberais, nacionalistas, conservadores e
católicos.
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ESQUERDA
1. Conceito e matriz ideológica
Como conceito formal, de relação e de oposição, a esquerda será, numa primeira
aproximação, a negação e o contrário do que entendemos e significamos por D.,
sendo-lhe aplicável tudo o que de característico se afirmou quer quanto à origem
histórica dos vocábulos quer quanto à sua distinção. (…) A terminologia
direita/esquerda tem um carácter essencialmente moderno e, nesta perspectiva, a
matriz ideológica e intelectual da E. encontra-se na «revolução iluminista»,
extrapolada historicamente para um voluntarismo racionalista que aponta para a
possibilidade e a excelência da utopia. A razão humana, poderosa e sem limites,
impulsionada pela ciência, pela técnica e pelo decurso do próprio tempo histórico,
podia e devia fazer tábua rasa das sociedades tradicionais e construir,
normativamente, sociedades perfeitas, de homens iguais, livres e vocacionados para
a felicidade (…), ou integrar-se nos mecanismos necessaristas que aí conduziam.
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f) Economicismo. A tradição da E. (…) privilegiou os factores de produção,
repartição e consumo de bens e as virtualidades da evolução tecnológica como
conduzindo a uma racionalização e desdramatização progressivas da História. O
saint-simonismo foi a primeira ideologia sistemática «economista», ao proclamar que
o fim do poder político deve ser não o governo das pessoas mas a administração das
coisas (…) O marxismo, quer na sua versão soviética quer na versão do socialismo
evolucionista, acentuou também esta prioridade lógica e histórica dos factores
económicos, na génese das superstruturas políticas e ideológicas (…) g) Socialismo.
Não podemos considerar o socialismo um atributo exclusivo da E., [mas] a ideia de
uma sociedade de tipo comunista integralmente planificada – com o desaparecimento
do mercado e da propriedade privada – é um dos mitos fundacionais da E. marxista e
está hoje em dia associada a todas as formas de E. radical; nos sectores da E.
democrática e pluralista caracteriza-se pela burocratização parcial da economia e
pelo controlo progressivo do mercado através da planificação pública. h)
Internacionalismo. A E., desde a «comunidade de sábios» da Ilustração até às
modernas formas de internacionalismo proletário ou partidário, retomou a ideia de
um mundo sem fronteiras, que teoricamente ainda mantém (…). i) Democratismo. A
crença rousseauniana – possibilidade de determinação do bem e da justiça por uma
vontade geral quantitativamente definida pela maioria transformada em critério de
verdade – é outra característica do pensamento de E.(…). O discurso da E. manteve,
como dogma teórico, a soberania popular, se bem que, nas fórmulas revolucionárias e
ditatoriais de tipo iluminista, caiba à «inteligência» – intelectual, burocrática
ou revolucionária profissional – encarnar e interpretar historicamente, através do
partido, tal vontade e utilizar e instrumentalizar o Estado ao seu serviço. j)
Humanitarismo. (…) considerar a Humanidade como valor primeiro e superior às
colectividades ou comunidades históricas nacionais e concretas, o humanitarismo é
uma característica da E. histórica, utilizado (…) contra os poderes
tradicionalistas e autoritários conservadores.» Jaime Nogueira Pinto in
Enciclopédia Polis, Lisboa: Verbo. (adaptado).