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IDENTIDADE DOCENTE E AS METODOLOGIAS ATIVAS: O SER PROFESSOR

EM QUESTÃO

Teaching Identity: The Various Faces Of The Constitution Of Being A Teacher


Ivandilson Miranda Silva 1,
Lília Bittencourt Silva 2
1 Professor Doutor Unisba Salvador, e-mail: ivandilson.silva@professorunisba.com.br,
2 Professora Doutora Unisba Salvador, e-mail: lilia.silvia@professorunisba.com.br

INTRODUÇÃO

Ser professor num contexto de crises que produz negacionismo, Fake News,
“googlelização”, nos causa impactos significativos. Escola, universidade, qual o seu papel
nesse tempo? Ainda acreditamos na educação? Essas questões nos acompanha o tempo todo
ao logo da carreira docente.
O processo de fragmentação da identidade docente impõe um dilema Shakespeareano:
“Ser ou não Ser (professor), eis a questão”. Ser professor sobrante X professor cientista, pois
o sobrante é uma espécie de tarefeiro da educação, reprodutor de conteúdos apenas. O
professor cientista precisa estar atento aos processos e transformações do seu tempo, precisa ir
além do estabelecido, mas precisa de tempo e apoio institucional para não ser reflexo da
padronização do mercado. Essas são as questões discutidas neste trabalho.

MATERIAL E MÉTODOS

O desenvolvimento dessa pesquisa será produzido através de material de referência


bibliográfica que conforme GIL (2010, p. 31) “a pesquisa bibliográfica é elaborada com base
em material já publicado. Tradicionalmente, esta modalidade de pesquisa material impresso
como livros, revista, jornais, tese, dissertações e anais de eventos científicos”. A pesquisa
bibliográfica é essencialmente teórica e esse tipo de pesquisa tem importância fundamental
para a universidade e o desenvolvimento científico.
A pesquisa bibliográfica é uma etapa fundamental em todo trabalho científico que
influenciará todas as etapas de uma pesquisa, na medida em que der o embasamento teórico
em que se baseará o trabalho. Consistem no levantamento, seleção, fichamento e
arquivamento de informações relacionadas à pesquisa. (AMARAL, 2007, p.5)
A pesquisa considerada bibliográfica é aquela que é produzida através de registro
disponíveis, diante de pesquisas realizadas, através de documentos impressos, já publicados,
reconhecidos e trabalhados por outros autores. Esses dados teóricos são transformados como
principais fontes dos temas a serem pesquisados.
A pesquisa aborda a metodologia qualitativa, desta forma existe uma aproximação
entre realidade e objeto, pois visa “compreender melhor a manifestação geral de um
problema, as ações, as percepções, os comportamentos e as interações do que já foi escrito”.
(LUDKE; ANDRÉ, 1986, p.18-19).
RESULTADOS E DISCUSSÃO

Depois de 26 anos se dedicando ao ofício de educar, percebo que as mudanças na área


são fundamentais e importantes para situar professores e estudantes na caminhada do
conhecer.
As Metodologias Ativas, a exemplo da Sala de Aula Invertida, estimulam os
estudantes a assumirem seu protagonismo, buscando a interação com os colegas e professores.
Esse processo redefine a sala de aula como um lugar democrático, de troca de saberes onde
literalmente “ninguém solta a mão de ninguém”.
Outra importante metodologia ativa é a Gamificação que se caracteriza pela aplicação
de jogos em situações de ensino. Jogos tradicionais como xadrez ou jogos de aplicativo de
celular ou computador podem estimular a aprendizagem.
Temos, também, a Aprendizagem Baseada em Problemas que fortalece o trabalho em
equipe, a Aprendizagem Baseada em Projetos desafiando os estudantes para elaboração de um
projeto e da resolução de um problema. Um bom exemplo é pensar sobre as questões
ambientais, o racismo ou a situação dos povos indígenas no nosso país, temos muitos
problemas e a escola ou universidade são locais privilegiados para essa reflexão e tomada de
decisão.
Percebam como essas mudanças na educação são necessárias e mesmo depois de
muito tempo em sala de aula e as vezes até resistindo às transformações, entendo que a
docência no século XXI é interativa e integrativa e como nos fala sabiamente o mestre Paulo
Freire na Pedagogia da Autonomia (1996), “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar
as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”.
Nesse sentido, a identidade docente é um processo de construção social, dialético e
nesse sentido Kuenzer (1999, p.172) nos convida a pensar que em face da complexidade da
formação docente, o professor precisa “ser um profundo conhecedor da sociedade de seu
tempo, das relações entre educação, economia e sociedade, dos conteúdos específicos, das
formas de ensinar, e daquele que é a razão do seu trabalho: o aluno”.
O desafio enorme da profissão docente em pleno século XXI é ser formador de futuras
gerações e dessa maneira a experiência e o saber da experiência como aponta Bondía (2002.
p.21) é fundamental para garantia desse processo. Experiência aqui significa aquilo que nos
“passa” (em espanhol) e o que nos “acontece” (em português); mas, para o autor,
“experiência” não pode ser apenas isso, pois “a cada dia se passam muitas coisas, porém, ao
mesmo tempo, quase nada nos acontece”.
Bondía (2002) elenca quatro questões para demonstrar que, atualmente, a experiência
é cada vez mais difícil, havendo uma crescente pobreza de experiência. A primeira questão é
o excesso de informação, a segunda questão que impossibilita a experiência é a opinião, a
terceira questão é a falta de tempo, a quarta questão é o excesso de trabalho. A experiência
sugere parar, pensar, olhar, sentir, ouvir. Em suma, é preciso desacelerar para dar espaço e
tempo à experiência.
É de fundamental importância valorizar as experiências que marcam a ação docente,
vivenciar situações, refletir, analisar o que acontece no ambiente acadêmico é importantíssimo
para formação do educando e da constituição da identidade docente. Portanto, a canção da
banda Cidade Negra nos faz pensar sobre as questões tratadas aqui: “você não sabe o quanto
eu caminhei pra chegar até aqui “ (Cidade Negra).
Que possamos fazer esse diálogo entre o “velho” e o “novo” nos espaços de saber e
que a experiência como nos propõe Jorge Larrosa Bondía (2002) possa fazer sentido para o
educar, contrapondo-se ao modo de pensar a educação apenas como relação fria entre ciência
e técnica.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O SER professor nesse contexto de intensas transformações, sobretudo com a


intensificação de novas formas de aprendizagem como as metodologias ativas, nos desafia a
cada dia. É preciso está aberto para aprender a aprender, para viver a experiência de SER
professor, para entender a missão do magistério, para perceber que o ato de educar significa
muito para o desenvolvimento de uma sociedade, para a reafirmação da nossa humanidade.
SER professor é ter esse compromisso de abraçar a educação como meta para um futuro
possível e melhor que o presente.

AGRADECIMENTOS

Agradeço o apoio das professoras Priscila Luciene Santos de Lima, Carolina Orrico
Santos e Ana Paula Rodrigues por estarem sempre estimulando nossa produção acadêmica.

REFERÊNCIAS

AMARAL, João. Como fazer uma pesquisa bibliográfica. Fortaleza.2007.


BONDÍA, Jorge Larossa. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. In: Revista
Brasileira da Educação, N° 19, Jan/Fev/Mar/Abr, Rio de Janeiro: ANPED, 2002.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São
Paulo: Paz e Terra, 1996. – (Coleção Leitura).
GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2010.
KUENZER, Acacia Zeneida. As políticas de formação: A constituição da identidade do
professor sobrante. Educação & Sociedade, ano XX, nº 68, Dezembro/99.
LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas.
São Paulo: EPU, 1986.

MUSICOGRAFIA
Cidade Negra. A Estrada. Álbum: Quanto Mais Curtido Melhor, Nova York, EUA:
Gravadora Epic Records, 1998. 1 CD (46:51 MIN).

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