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Artículo de Investigación
RESUMO: Estudo quantitativo realizado com 45 profissionais dos serviços de endoscopia no Município de Goiânia,
no ano de 2007, com objetivo de verificar a adesão dos profissionais ao uso dos equipamentos de proteção individual
na realização do exame de endoscopia e no reprocessamento do endoscópio. Os dados foram obtidos por meio de
observação, utilizando um check-list e analisados por meio de estatística descritiva. Os resultados revelaram que as
luvas de procedimentos, avental de tecido e sapatos fechados obtiveram maior adesão pelos profissionais durante a
realização dos exames de endoscopia, limpeza e desinfecção do endoscópio. Porém, os óculos protetores, máscara
química e avental impermeável obtiveram baixos índices. Concluímos que os profissionais estão expostos tanto ao
risco biológico quanto químico devido ao uso indevido dos equipamentos de proteção individual, sendo necessária
uma educação permanente, buscando desenvolver competências cognitivas, psicomotoras e atitudinais para vencer
os obstáculos à adesão às precauções padrão.
Palavras-Chave: Riscos ocupacionais; exposição a agentes biológicos; equipamentos de proteção; endoscopia.
ABSTRACT
ABSTRACT:: Quantitative study with 45 professionals of the endoscopy services in Goiânia, GO, Brazil, in 2007. It
aimed at verifying the adherence of professionals to the use of personal protective equipment during the procedure of
endoscopy and the reprocessing of the endoscope. Data were obtained through observation, on a check-list basis, and
were analyzed through descriptive statistics. Results show that procedure gloves, cloth aprons, and closed shoes had
greater adherence by professionals during the procedure of endoscopy and the cleaning and disinfection of the
endoscope. However, protective glasses, chemical masks, and impermeable aprons had low adherence rates.
Conclusions show that professionals are exposed to both biological as chemical risk due to inadequate use of the
personal protective equipment. Permanent education is necessary to ensure the development of cognitive, psychomotor,
and attitudinal skills to overcome obstacles to abiding by standard precautions.
Keywords: Occupational risks; exposure to biological agents; protective devices; endoscopy.
RESUMEN
RESUMEN: Estudio quantitativo con 45 profesionales de los servicios de endoscopía en la ciudad de Goiânia, GO,
Brasil, en 2007, con el objetivo de verificar la adhesión de los profesionales al uso del equipamiento de protección
individual durante el examen de endoscopia y el reprocesamiento de los endoscopios. Los datos fueron obtenidos por
medio de observación, utilizando un check-list y analizados por medio de estadística descriptiva. Los resultados revelaron
que los guantes de procedimiento, guardapolvo de tejido y zapatos cerrados tuvieron mayor adhesión por parte de los
profesionales durante los exámenes de endoscopia, limpieza y desinfección del endoscopio. Sin embargo, las gafas
protectoras, máscara química y guardapolvo impermeable tuvieron bajos índices. Se concluye que los profesionales
están expuestos a los riesgos químicos y biológicos debido a la utilización indevida de los equipamientos de protección
individual, siendo necesaria una educación permanente, buscando desarrollar competencias cognitivas, psicomotoras
y de actitud para superar los obstáculos a la adhesión a las precauciones estándares.
Palabras Clave: Riesgos laborales; exposición a agentes biológicos; equipos de seguridad; endoscopia.
I
Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Professora Assistente da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Goiânia, Goiás, Brasil. E-mail:
nynne_cunha@yahoo.com.br.
II
Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Associada da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Goiânia, Goiás, Brasil. E-mail:
adeniciafen@gmail.com.
III
Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Enfermeira da Secretaria Municipal de Saúde do município de Goiânia. Goiânia, Goiás, Brasil. E-mail:
jackelinemaciel@uol.com.br.
IV
Acadêmica do curso de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Goiânia, Goiás, Brasil. E-mail: luaufg@yahoo.com.br..
V
Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Adjunto da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Goiânia, Goiás, Brasil. E-mail:
anaclara.fen@gmail.com.
VI
Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação em Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Goiânia, Goiás, Brasil.
E-mail: sergianebisinoto@yahoo.com.br.
VII
Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Professora Assistente da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Goiânia, Goiás, Brasil. E-mail:
Karina@fen.ufg.br.
Recebido em: 19.08.2009 – Aprovado em: 20.12.2009 Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2010 jan/mar; 18(1):61-66. • p.61
O uso de EPI em endoscopia Artigo de Pesquisa
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p.62 • Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2010 jan/mar; 18(1):61-66. Recebido em: 19.08.2009 – Aprovado em: 20.12.2009
Artigo de Pesquisa Neves HCC et al.
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Hospital Materno-Infantil, sob protocolo no 001/07. TABELA 1: Distribuição dos profissionais da unidade
endoscópica segundo os procedimentos realizados. Goiânia,
Após autorização dos responsáveis pelas unidades 2007. (N=45)
endoscópicas, teve início o trabalho de campo.
Pré-
Os dados foram obtidos mediante a observação Exame lavagem Limpeza Desinfecção
Exame
Profissional
direta da realização do procedimento endoscópico e do f % f % f % f %
reprocessamento dos artigos e registrados em um check- Profissionais
list. O instrumento foi construído conforme as normas de medicina 21 46,6 7 50 7 31,8 6 27,2
de uso de EPI preconizadas pelos CDC4,5 e validado por Profissionais
três pesquisadores da área de controle de infecção. de enfermagem 22 48,8 7 50 15 68,1 16 72,7
A observação foi realizada em quatro momen- Outros 2 4,4 - - - - - -
tos: durante o exame, durante a pré-lavagem do Total 45 100 14 100 22 100 22 100
endoscópio, durante a limpeza e durante a desinfec-
ção do endoscópio, sendo três exames de endoscopia
e reprocessamento dos endoscópios em cada serviço, e outros fluidos corpóreos. O EPI é um dos métodos de
totalizando 60 procedimentos observados. barreiras mais eficientes para minimizar a exposição
Foram incluídos no estudo todos os profissio- potencial a materiais e agentes infectantes, proporcio-
nais que atuavam no serviço, presentes no dia da co- nando proteção para ambos, profissional e paciente6.
leta de dados e participantes da assistência durante o As luvas de procedimentos, avental de tecido e
exame de endoscopia e do reprocessamento do sapatos fechados, 97,7%, 86,6% e 75,5% respectiva-
endoscópio. Após os esclarecimentos da pesquisa, eles mente, obtiveram maior adesão pelos profissionais
foram convidados a participar, e os que aceitaram fo- durante a realização do exame de endoscopia, con-
ram incluídos no estudo após a assinatura do Termo forme Tabela 2. Os dados encontrados possuem coe-
de Consentimento Livre e Esclarecido. rência com o estudo de Souza et al.10, nos quais luvas
Os dados oriundos da coleta foram processados e avental foram os EPI mais utilizados. Em outro es-
no programa Epi-Info versão 3.3(2004), dispostos em tudo identificou-se que mais da metade - 57,6% - dos
tabelas e analisados por meio de estatística descritiva. profissionais utilizaram as luvas em todos os procedi-
mentos, 22,9% usaram máscara e somente 3,7%, os
óculos protetores11.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
É recomendado o uso do avental para os profis-
Observou-se 60 procedimentos em 20 serviços sionais da unidade de endoscopia para prevenir con-
de endoscopia, nos quais 45 profissionais participa- taminação resultante de respingos de sangue ou ou-
ram da amostra, sendo 22(48,8%) profissionais de tros fluidos corporais, e sua frequência de troca é a
enfermagem (técnico e auxiliar de enfermagem), cada paciente8. A literatura evidencia que uma pe-
21(46,6%) médicos e 2(4,4%) recepcionistas. quena redução na transmissão de MRSA é atribuída
Verificou-se a predominância dos profissionais ao aumento do uso do avental12.
da área de enfermagem quanto ao manuseio do Apesar de 75,5% usarem os sapatos fechados, ain-
endoscópio durante a limpeza e desinfecção, confor- da há os que não os utilizam, sendo que um profissional
me Tabela 1. Esses profissionais estão mais susceptí- fez uso do propé sobre a sandália, ficando exposto ao
veis tanto ao risco biológico predominante na limpeza risco biológico. A Norma Regulamentadora no 32/2005,
do endoscópio quanto ao risco químico devido ao ma- do Ministério do Trabalho, inclui o calçado fechado
nuseio do glutaraldeído, sendo importante salientar o como EPI obrigatório para os profissionais da área da
uso correto dos equipamentos de segurança. saúde com a finalidade de eliminar risco de exposição a
Vale a pena destacar o fato de que em dois servi- material biológico13. A Occupational Safety and Health
ços a função de auxiliar o médico durante o exame de Act14 (OSHA) e a Norma Regulamentadora no 32 esta-
endoscopia foi exercida por recepcionistas. Ressalta-
se que neste caso, apesar de não serem da área da saú- TABELA 2: Distribuição dos profissionais da unidade
de, também estão expostas aos riscos. Destaca-se que endoscópica segundo o EPI utilizado no exame. Goiânia,
o exercício ilegal da profissão, aliado ao desconheci- 2007. (N=45).
mento da cadeia epidemiológica das infecções e a Tipo de EPI F %
pouca consciência sobre as possibilidades dos riscos
Luvas de Procedimentos 44 97,7
pode tornar a exposição ocupacional ainda maior. Avental de Tecido 39 86,6
Sapatos Fechados 34 75,5
Exame de Endoscopia Máscara Descartável 17 37,7
Os profissionais envolvidos nesse contexto de- Gorro 9 20
vem rotineiramente utilizar métodos de barreiras apro- Óculos protetores 2 4,4
priados para a prevenção de contaminação pelo sangue Outros 3 6,6
Recebido em: 19.08.2009 – Aprovado em: 20.12.2009 Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2010 jan/mar; 18(1):61-66. • p.63
O uso de EPI em endoscopia Artigo de Pesquisa
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mostra a Tabela 3, como recomendado para este pro- seus locais de trabalho e são regulamentados pela NR
cedimento20. Os demais 19(86,3%) profissionais uti- 32/2005, do Ministério do Trabalho e Emprego13.
lizaram luvas de procedimentos. Essas luvas não são Verificou-se que 18(81,8%) dos profissionais
recomendadas para realizar a limpeza8, pois, além de utilizaram as luvas de procedimentos durante o ma-
serem muita finas, possuem um cano curto, expondo nuseio do glutaraldeído, Tabela 3. O uso de luvas de
o trabalhador a um risco maior. látex não é adequado devido à absorção do produto
pelas mesmas, expondo o profissional. O ideal são as
TABELA 3: Distribuição dos profissionais da unidade de luvas de borracha ou de polietileno20 sendo que ape-
endoscopia segundo o EPI utilizado na limpeza e desinfecção. nas 4(18,1%) profissionais as utilizaram.
Goiânia, 2007. (N=22).
Durante a desinfecção, 9(40,9%) faziam uso de
Durante a Durante a máscaras descartáveis, que não oferecem proteção
Tipo de EPI limpeza desinfecção contra vapores químicos20. Salienta-se ainda que em
f % f % todas as unidades de endoscopia não havia sistema
Avental de tecido 19 86,3 20 90,9 de ventilação, que, somado ao ambiente pequeno e
Luvas de procedimentos 19 86,3 18 81,8 fechado, aumentam ainda mais o risco químico a que
Sapatos fechados 16 72,7 16 72,7 estes trabalhadores estão expostos.
Gorro 9 40,9 10 45,4 Apenas 5(2,27%) profissionais faziam uso dos
Máscara descartável 11 50 9 40,9 óculos protetores durante a etapa de desinfecção do
Óculos protetores 4 18,1 5 22,7
endoscópio. Esse dado corrobora um estudo22, no
Máscara química 1 4,5 4 18,1
Luvas de borracha 3 13,6 4 18,1
qual somente 15% dos profissionais utilizavam esse
Outros 2 9 3 13,5 equipamento.
Os dados desta pesquisa mostram o quanto estes
profissionais estão expostos aos riscos biológicos e quí-
Destacou-se que apenas 4(18,1%) profissionais micos não utilizando adequadamente os EPI recomen-
utilizaram os óculos protetores, sendo estes da área da dados para a realização das atividades nos serviços de
enfermagem. Nenhum dos médicos observados utilizou endoscopia digestiva alta. Os profissionais estão ne-
óculos protetores, avental impermeável e gorro e ape- gligenciando o uso e subestimando o risco, evidenci-
nas três utilizaram a máscara descartável. Percebeu-se ando a vulnerabilidade no exercício da profissão.
que esses profissionais subestimam o risco, ficando, as- Para que haja ampla proteção tanto para o pro-
sim, expostos e mais propícios à contaminação. fissional quanto para o paciente, os trabalhadores dos
Fica evidente que para esses profissionais há a cren- serviços de endoscopia devem aderir às práticas re-
ça de que o risco está presente apenas quando se tem comendadas para propiciar um trabalho seguro no
contato direto com o paciente, fonte do material biológi- ambiente dessas unidades e seguir as recomendações
co. Contudo, durante o manuseio dos equipamentos e padronizadas para o controle de infecção8.
instrumentais utilizados para o diagnóstico ou terapêuti-
ca, esse risco permanece, uma vez que neles fica retido
material biológico. Por outro lado, há uma cultura da não CONCLUSÃO
utilização dos óculos protetores justificada pelo incômo-
do, pela dificuldade de ajuste e até mesmo pela estética. Com o objetivo de verificar a adesão dos profissio-
Estas justificativas constituem-se em barreiras para a não nais ao uso do EPI na realização do exame de endoscopia
adesão a este equipamento de proteção21. e no reprocessamento dos artigos endoscópicos, o estudo
Observou-se que durante a limpeza o avental evidenciou que, nos serviços pesquisados, houve maior
impermeável não foi utilizado por nenhum profissi- adesão às luvas de procedimentos, avental de tecido e
onal. A não adesão pode ser explicada pelo fato des- sapatos fechados, tanto na realização do exame quanto
ses EPI causar incômodo, calor, ser mais pesado, nem no reprocessamento. A adesão aos óculos protetores foi
sempre estar disponível, questões estéticas e até mes- baixa nas duas situações.
mo o não reconhecimento do avental impermeável Observou-se que os profissionais fazem uso dos
como equipamento de segurança. EPI de forma inadequada. Isso evidencia a falta de co-
No serviço de endoscopia, os profissionais estão nhecimento em relação ao risco e ao EPI indicado para
expostos tanto ao risco biológico quanto ao químico. cada tipo de procedimento. Essa inconsistência de co-
Na etapa da limpeza, a não adesão aos equipamentos nhecimentos, somada às barreiras como ausência de
de segurança expõe os profissionais ao risco biológico, determinados equipamentos, incômodo no uso e o
enquanto durante a desinfecção, o risco químico é evi- comportamento encontrados no cotidiano dos servi-
denciado pelo manuseio do glutaraldeído. ços de endoscopia, tem contribuído para a construção
O uso de EPI é uma das medidas de segurança de um ambiente de trabalho inseguro, revelando a
preconizadas para os profissionais da área da saúde em vulnerabilidade no exercício da profissão.
Recebido em: 19.08.2009 – Aprovado em: 20.12.2009 Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2010 jan/mar; 18(1):61-66. • p.65
O uso de EPI em endoscopia Artigo de Pesquisa
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E para que esses profissionais possam transfor- cases. Am J Infect Control. 2006; 34(6):367-75.
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assistencial, estarem cientes e reconhecerem os ris-
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