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Apostilamandioca 200629184625 PDF
Apostilamandioca 200629184625 PDF
Embrapa
Belém, PA
2014
Embrapa Amazônia Oriental
Tv. Dr. Enéas Pinheiro, s/n. CEP 66095-903 – Belém, PA.
Caixa Postal 48. CEP 66017-970 – Belém, PA.
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Supervisão editorial
Luciane Chedid Melo Borges
Revisão de texto
Narjara de Fátima Galiza da Silva Pastana
Normalização bibliográfica
Andréa Liliane Pereira da Silva
Foto da capa
Everaldo Nascimento
1ª edição
1ª impressão (2014): 80 exemplares.
Cultura da mandioca: apostila / Moisés de Souza Modesto Junior, Raimundo Nonato Brabo
Alves, editores técnicos. – Belém, PA : Embrapa Amazônia Oriental, 2014.
197 p. : il.
© Embrapa 2014
Autores
PARCAGEM ................................................................................................................................. 85
Raimundo Nonato Brabo Alves
Moisés de Souza Modesto Júnior
MANEJO DAS PRINCIPAIS DOENÇAS DA CULTURA DA MANDIOCA NO ESTADO DO PARÁ ............... 115
Célia Regina Tremacoldi
INTRODUÇÃO
No dia 25 de maio de 2012, a presidenta Dilma Rousseff (1947) assinou a Lei 12.651,
que substituiu o Código Florestal (Lei 4.771 de 15 de setembro de 1965). No período de 13 a
22 de junho de 2012, foi realizada a Rio + 20, duas décadas depois da Rio 92, realizada no
período de 3 a 14 de junho de 1992. São dois eventos emblemáticos para o País, sobretudo
para a Amazônia. Quais seriam as consequências para a região, sobretudo para o setor
agrícola?
Neste interregno de 47 anos entre a edição do Código Florestal de 1965 e o “Novo
Código Florestal”, a área desmatada da Amazônia Legal, que antes se constituía de
desmatamentos esparsos ao longo dos cursos de rios, do início da ocupação da Rodovia
Belém-Brasília inaugurada em 1960 e de algumas rodovias estaduais e municipais, passou de
quase 3 milhões de hectares em 1975 (0,586%) para mais de 75 milhões de hectares (2013)
ou 17% da Amazônia Legal. Essa área desmatada representa três Estados de São Paulo ou
quase a metade do Estado do Amazonas. A população da Amazônia Legal passou de mais de
11 milhões para 24,8 milhões de habitantes e a população rural passou de 6 milhões para 7
milhões de habitantes, indicando forte urbanização e tendência da redução relativa e
absoluta da população rural (HOMMA, 2003).
Neste espaço de cinco décadas, a região amazônica sofreu grandes transformações
econômicas, sociais, políticas e ambientais. A repercussão internacional do assassinato de
Chico Mendes (1944-1988) constituiu-se em um divisor de águas sobre o modelo de
desenvolvimento que vinha sendo seguido na Amazônia. A realização da Rio 92 colocou a
questão ambiental da Amazônia na agenda mundial, na qual a redução dos desmatamentos
e queimadas passou a ser cobrada em todos os fóruns internacionais.
Em 1998, o Estado de Mato Grosso tornou-se o maior produtor de algodão do País,
em 2000, de soja; em 2007, segundo maior de milho, sem falar de outras atividades. A
pecuária na Amazônia Legal alcança a cifra de 77 milhões de cabeças, representando 36% do
rebanho nacional. O saldo positivo da questão ambiental na Amazônia foi chamar a atenção
para as frutas regionais, que antes tinham consumo local e restrito ao período da safra que
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foi estendido para o ano inteiro e com exportações para outros Estados e para o exterior.
Entre as frutas, destacam-se açaí, pupunha, cupuaçu e castanha-do-pará e, dentre as
hortaliças, o jambu, despontou como nova iguaria amazônica.
A extração madeireira, a pecuária e a soja passaram a ser considerados os grandes
vilões dos desmatamentos e queimadas na Amazônia, impulsionados pelo crescimento do
mercado. Os consumidores locais, nacionais e externos têm uma parcela de culpa no atual
quadro de destruição ambiental. A violência no campo, com o assassinato de lideranças
rurais, passa a constituir em manchetes na mídia mundial, agilizadas no tempo real pela
internet, a partir da segunda metade da década de 1990.
Em termos de avanço tecnológico, a entrada da motosserra, no início da década de
1970, aumentou a produtividade da mão de obra no desmatamento em 700% e da extração
madeireira em 3.400%. Grandes obras, como a abertura da Rodovia Transamazônica (1972),
a inauguração da Hidrelétrica de Tucuruí (1984), a ponte sobre o Rio Guamá, inaugurada
pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 2001, e a ponte sobre o Rio Negro,
inaugurada pela presidenta Dilma Rousseff em 2011, atestam a modernidade na Amazônia.
Comprova-se que não existem desafios para as grandes obras de engenharia enquanto
prevalecem as dificuldades para superar os problemas da pobreza, da educação, da saúde,
da tecnologia agrícola e ambiental, muitas ainda utilizando tecnologias neolíticas ou do
século 19.
A Amazônia utilizou diversos sistemas de uso da terra ao longo dos últimos quatro
séculos, sobretudo pela experiência das últimas cinco décadas, que tem sido pontuada com
grandes custos sociais e ambientais, o que fez com que a região nunca fosse tão questionada
e desafiada como no presente. Estaramos diante de uma encruzilhada, em que novos
desafios científicos e tecnológicos apresentam-se para conciliar o desenvolvimento agrícola
com a conservação ambiental. Há necessidade de utilizar, de forma mais sustentável, o solo,
a biodiversidade e a água, que compõem o ecossistema amazônico, por meio do manejo
florestal, da silvicultura, da fruticultura tropical, entre outros.
áreas para projetos agrícolas e para a construção de novas rodovias induzirá a manutenção
das atuais áreas agrícolas restritas à fronteira interna já conquistada. A saída seria aumentar
a produtividade, tanto da terra como da mão de obra, mas isso provocaria o alijamento
daqueles agricultores menos competentes, o aumento nos custos de produção e o
abandono das atividades intensivas em mão de obra e incapazes de absorver economias de
escala.
O conceito de Hayami e Ruttan (1988), que explicaram o desenvolvimento agrícola
com a superação dos recursos escassos na economia, tende a ser revertido na Amazônia. Em
uma região com abundância de terra, esta passa a ser considerada restrita. A abundância de
mão de obra despreparada sujeita aos impositivos da legislação trabalhista cede lugar a
práticas mais intensivas, tanto na agricultura, como no setor industrial e de serviços.
Ao lado desses cenários acrescenta o desafio dos movimentos sociais e ambientais
que lutam pela sobrevivência e de realizações competitivas, procurando angariar vantagens
e oportunidades da conquista de espaço político e dos recursos financeiros nacionais e
externos postos à disposição. Muitas empresas mimetizam-se em projetos ambientais e
sociais que nem sempre se coadunam com os propósitos do desenvolvimento, seja pela
escala do empreendimento seja pelo enfoque equivocado. Podemos dizer que ocorreu uma
grande evolução se considerarmos o fingimento que prevalecia na fase pré Rio 92 com o
atual cenário.
No contexto internacional, a proposta é do Mecanismo do Desenvolvimento Limpo
(MDL) que, aprovado no Protocolo de Quioto, em 1997, teve forte participação para
projetos de energia no País. O fracasso do MDL para projetos no âmbito das florestas
tropicais levou à criação da Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação
Florestal (REDD), que surgiu na 11ª Reunião das Partes sobre o Clima (COP 11), em Montreal,
em 2005, e foi aprovada na COP 13, em Bali. A REDD reflete no governo brasileiro com a
criação do Fundo Amazônia, Decreto 6.527, de 1º de agosto de 2008, abrigado no âmbito do
BNDES. No período de 7 a 18 de dezembro de 2009, representantes de 193 países, estiveram
reunidos em Copenhague, Dinamarca, para discutirem sobre o futuro das negociações
climáticas (COP-15) para reduzir as emissões de carbono. O governo brasileiro comprometeu
uma redução voluntária de 36,1% a 38,9% até 2020, representando 15% ou 20% em relação
a 2005, que já está praticamente cumprida com a redução dos desmatamentos e queimadas.
A orientação dessas propostas para a Amazônia recai na ótica dos doadores externos, na
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concepção da utilização da “floresta em pé”, com a valorização dos produtos extrativos, dos
“povos da floresta”, comunidades tradicionais e indígenas, ribeirinhos, etc. (HOMMA, 2011).
Para os países desenvolvidos, a forma mais barata para reduzir as emissões de
carbono seria suprimir os desmatamentos e queimadas nos países tropicais. Dessa forma, a
região amazônica deve receber especial atenção por parte dos promotores do REDD em
razão das perdas de florestas e das possibilidades de mitigação das alterações climáticas,
sobretudo por meio do desmatamento evitado. Muitas dessas propostas não passam de um
assistencialismo ambiental e, se estes recursos forem efetivamente colocados à disposição, a
internacionalização branca da Amazônia estará em marcha, transformando-a em paraíso
para as ONGs, em obediência a agendas externas dos doadores internacionais e à tênue
separação entre o Estado e os movimentos sociais e ambientais, prescindindo dos parcos
investimentos federais, estaduais, municipais e privados na região.
As limitações em relação às propostas internacionais para a Amazônia recaem com
a desconsideração da magnitude da economia amazônica, da especificidade social,
econômica, histórica e política dos Estados componentes, do processo de urbanização com
perda relativa e absoluta da sua população rural, da escassez de tecnologia, da corrupção,
entre outros.
A Amazônia Brasileira não é homogênea. Ela é dividida em nove estados e cada
estado, como se fosse um país, apresenta diferentes tipos de atividade econômica, formação
histórica, social e política, exigindo tratamento diferenciado. No Estado de Mato Grosso, a
agricultura representa 24,1% do PIB estadual (2011). Já no Estado do Amapá a participação
da agricultura é de apenas 3,3%, Amazonas 6,9%, Roraima 4,5%, Pará 6,1%, Maranhão
17,5%, Acre 17,7%, Tocantins 17,1% e Rondônia 20,2%. Ressalta que a participação da
agricultura no PIB estadual no Estado do Pará está sendo mascarada pela forte influência do
setor mineral.
Outro fenômeno em curso refere-se à mudança na estrutura da população
brasileira que iniciou a partir da década de 1970. Na Amazônia, mais de 75% da população já
vive nas cidades. A partir de 1970, a população rural brasileira vem decrescendo a cada ano
e este mesmo fenômeno está ocorrendo com a população rural da Amazônia Legal desde
1991. Isto é uma indicação de que é necessário aumentar a produtividade da terra e da mão
de obra, o que não coaduna com atividades de baixa produtividade, como o extrativismo
vegetal, e com muitas atividades da pequena produção.
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Outro aspecto está relacionado com o fato de que na Amazônia os problemas não
são independentes. Muitos problemas ambientais constituem o efeito de problemas
econômicos e sociais e dependem de soluções externas à região. O contínuo fluxo de
migrantes em direção à Amazônia na busca de sonhos e esperanças decorre da pobreza do
Nordeste Brasileiro, da falta de alternativas econômicas nos seus locais de origem, do
crescimento de mercados, da falta de terras, da implantação de obras de infraestrutura, etc.
A conclusão deste desafio pode ser expressa na seguinte pergunta: dar atenção
para 83% da Amazônia com floresta ou para 17% que já foram desmatados? Este texto
defende que a proteção da floresta vai depender muito mais de ações concretas para as
áreas que já foram desmatadas.
verificar-se-ia que seria necessário investir mais de 4,2 bilhões de reais por ano. Esse valor
seria equivalente a 60% do que o Estado de São Paulo investe em Ciência e Tecnologia, ou
8,4% do total nacional.
Em dezembro de 2013, haviam 6.726 doutores cadastrados para ensino e pesquisa
na Plataforma Lattes na Amazônia Legal, para uma população de 109.799 doutores no País
para todas as atividades, o que representa 6,12%, para uma região que concentra 12,9% da
população do País. Em 2013, o Brasil graduou 13.367 doutores e 33.608 mestrados,
indicando que o número de doutores na Amazônia Legal constitui a safra de um semestre e
é inferior ao contingente de professores da Universidade de São Paulo (7.808 doutores). Há
uma assimetria tecnológica com relação às regiões Sudeste e Sul, necessitando duplicar o
número de doutores e de investimentos em C&T na Amazônia. Ressalta-se que a atual
estrutura de C&T na Amazônia não tem condições de comportar essa magnitude de
investimentos no momento, que precisa ser gradativo, uma vez que apresenta limites físicos
e gerenciais. A criação da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e da Universidade
Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) sinaliza mudança neste sentido. Há necessidade
de criar novos Centros de Pesquisa Agrícola em Santarém, Marabá e Imperatriz, bem como
novas Universidades Federais, uma vez que com os recursos humanos disponíveis não
adianta efetuar programas de transversalidade ou cooperação, pois estão no limite de sua
capacidade. Está se discutindo muito sobre C&T apenas no contexto de colocar mais verbas
e doutores, mas não existe um projeto ou programa sobre a Amazônia (ACADEMIA
BRASILEIRA DE CIÊNCIAS, 2008). O custo social da falta de um agressivo sistema de pesquisa
agrícola e de extensão rural é bastante elevado e pode ser traduzido pela destruição dos
recursos naturais até o momento.
dendê, produtos orgânicos, etc.) e da pecuária quando em 10 de junho de 2009 o Grupo Pão
de Açúcar, Carrefour e Walmart estabeleceu normas quanto à aquisição de carne bovina
procedente da Amazônia.
A responsabilidade da redução dos impactos ambientais na Amazônia pelos
consumidores constitui a nova vertente que deverá crescer nos anos futuros, cuja
fiscalização será efetuada por grandes ONGs ambientais, que passam a atuar tanto no
âmbito do produto (soja, pecuária, madeira de florestas nativas e plantadas, dendezeiro,
etc.) como no âmbito territorial, como ocorre com o Programa Municípios Verdes, criado
pelo Decreto 54, de 29 de março de 2011, pelo governo do Estado do Pará. A crítica ao
Programa Municípios Verdes decorre da falta de percepção com relação às forças de
mercado, assumindo uma postura excludente no curto e médio prazo, de expulsar ou
paralisar atividades que provoquem desmatamentos e queimadas ou extração madeireira
predatória para municípios vizinhos ou apoiada com recursos de grandes empresas
mineradoras. Municípios que tiveram todo o estoque madeireiro extraído no passado, com a
cobertura florestal destruída e com a introdução de atividades produtivas dinâmicas, têm
maiores chances dessa conversão. A redução no preço do calcário, de fertilizantes químicos,
da oferta de serviços de mecanização, de outros insumos agrícolas (sementes, etc.), da
oferta de tecnologia e de assistência técnica, a melhoria de infraestrutura de estradas e a
criação de mercados agrícolas teria um efeito positivo e silencioso dessa reconversão para a
criação de uma Nova Natureza na Amazônia.
A recomposição das ARL e APP implica em grandes custos para os agricultores, os
quais nem sempre podem ser aproveitados do ponto de vista econômico. São áreas de difícil
recuperação, sem condições de efetuar plantios, pedregosas, alagadas, etc., nas quais há
necessidade de tratamento de longo prazo. Para isso, é importante desenvolver métodos e
procedimentos mais rápidos e baratos, apoiar com programas paralelos de aproveitamento
do lixo urbano para compostagem, entre outros.
Para os agricultores, o crescimento no longo prazo vai depender essencialmente da
inovação, conforme preconizado pelo mecanismo da destruição criadora desenvolvida pelo
austríaco Joseph Schumpeter (1883-1950). Ele descreve o processo de inovação, que tem
lugar numa economia de mercado em que novos produtos destroem empresas velhas e
antigos modelos de negócios. Para Schumpeter, as inovações dos empresários são a força
motriz do crescimento econômico mais sustentado em longo prazo, apesar de que poderia
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destruir empresas bem estabelecidas, reduzindo desta forma o monopólio do poder. Para
isso, é indispensável que a geração de tecnologias e conhecimentos seja assegurada em
fluxo contínuo. O grande recado da Rio + 20, refere-se à mudança schumpeteriana que
precisa ser incutida no setor produtivo, não somente relacionada à questão ambiental, mas
ao aumento da produtividade, reduzindo os desperdícios.
Para a Amazônia, a geração de tecnologia tem sido um grande desafio. Até o
momento, a comunidade científica nacional e local não conseguiu produzir a grande
transformação que está necessitando para resolver os problemas sociais, econômicos e
ambientais. Os recursos do FNO e do Pronaf, o esforço da extensão rural, os incentivos
econômicos e a redução dos prejuízos ambientais e sociais teriam tido um impacto mais
relevante se a oferta tecnológica e científica fosse maior, com efeitos positivos no meio rural
(EUCLIDES FILHO et al., 2011).
Willard Wesley Cochrane (1914–2012) em clássico livro publicado em 1958 já
chamava a atenção para três tipos de agricultores. Existem os agricultores que adotam a
última palavra em tecnologia (early bird farmer) constataram que seus custos de produção
unitários foram, de fato, reduzidos. Como resultado dessa adoção, aumenta a produção e
como não afeta sensivelmente a oferta, obtém maiores lucros. Com a disseminação da
informação sobre a nova tecnologia (average farmer), aumentará a oferta, fazendo pressão
para a queda dos preços e reduzindo os lucros. Os prejudicados pelo avanço tecnológico
serão os agricultores mais retardatários (laggards), que não adotaram a tecnologia
(COCHRANE, 1958; VEIGA, 1991). O maior entrave na Amazônia se constitui na limitação da
oferta de tecnologia, em que o lucro das atividades depende muito mais da apropriação dos
recursos naturais, introdução de novas atividades, substituição por alternativa mais
lucrativa, entre outros, do que da competição entre a mesma atividade. Tanto os
competentes como os menos competentes terminam sobrevivendo.
Na escassez destas informações para ganhar tempo enquanto estas tecnologias e
conhecimento científico não estiverem disponíveis, uma solução em curto e médio prazo
seria utilizar o conhecimento gerado pelas experiências exitosas dos agricultores. Verifica-se
que existe uma grande heterogeneidade tecnológica para qualquer atividade produtiva na
Amazônia, de modo que a sua homogeneização pela eficiência/eficácia já traria
consideráveis benefícios para a sociedade. Essas “ilhas de eficiência” estão disponíveis
mesmo nas atividades com mais simples padrão tecnológico, denominando-se
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“etnotecnologia”. São aqueles conhecimentos gerados pelos próprios agricultores por meio
de tentativas e transmitidos ao longo do tempo de geração a geração, ordinariamente de
maneira oral e desenvolvidos à margem do sistema de pesquisa formal. São conhecimentos
dinâmicos, que se encontram em constante processo de adaptação, com intervenções da
extensão rural, da rede bancária, dos compradores, das tecnologias utilizadas para outros
produtos e em outros locais, do aparecimento de pragas e doenças e do mercado de
insumos.
A opção pela tecnologia mecânica, constituída por máquinas e implementos, é mais
fácil de ser transferida e necessária para aumentar a produtividade da mão de obra, com a
tendência da redução absoluta da população rural. Já a tecnologia biológica, representada
por plantas com maior produtividade, tratos culturais, etc. necessita pesquisa adaptativa ou
desenvolvida no próprio local, exigindo mais tempo. Muita tecnologia biológica tem sido
transferida de outras regiões, como a adoção de técnicas de inseminação artificial, sementes
e mudas melhoradas, técnicas universais como poda, enxertia, entre outros. Muitos dos
grandes empreendimentos agrícolas na Amazônia têm sido realizados com tecnologia
adaptada de outras regiões. A perda de espaço da pequena produção decorre da
incapacidade de ajustar-se aos avanços tecnológicos.
Com o fenômeno da urbanização e da redução absoluta da população rural, a força
política do meio rural vem decrescendo. A região Nordeste constitui o maior reservatório de
população rural do País, com mais de 14 milhões de habitantes, sempre vulnerável e em
busca de oportunidades em novos locais. Dessa forma, a solução dos problemas ambientais
na Amazônia vai depender da melhoria da qualidade de vida nos locais de expulsão de
migrantes, bem como de programas de reflorestamento em outras regiões do País para
reduzir a pressão madeireira sobre a Floresta Amazônica.
6. SISTEMAS AGROFLORESTAIS
Outra solução está relacionada com a implantação de sistemas agroflorestais, que
consiste na combinação de cultivos perenes, baseada na experiência da imigração japonesa
em Tomé-Açu. Trata-se de um sistema adequado para ocupar as áreas degradadas e o seu
sucesso vai depender do mercado das plantas componentes, tais como cacaueiro,
seringueira, castanheira-do-pará, cupuaçuzeiro, açaizeiro, árvores madeireiras, bacurizeiro,
etc. Muitas plantas precisam ser plantadas em monocultivos pela incompatibilidade, excesso
de sombreamento, redução da eficiência econômica, entre outros. Não se pode esquecer
que as culturas anuais e a pecuária extensiva exigem grandes extensões de área para
atender ao mercado; no caso de cultivos perenes, um décimo dessa área é suficiente para
garantir o abastecimento interno, suprimir as importações e gerar excedente para
exportação (BARROS et al., 2009).
9. REFLORESTAMENTO OU MANEJO
Na Amazônia encontram-se somente 7,56% da área reflorestada do País, um pouco
mais de 492 mil hectares de eucalipto e pinus. Isto representa uma área reflorestada inferior
à de Santa Catarina. É possível duplicar o reflorestamento e substituir o modelo de extração
de florestas nativas, sobretudo por meio de concessões florestais manejadas (Lei
11.284/2006). Não se trata apenas de reflorestar, pois isto tem custos, mas de garantir a
oferta de madeira e celulose, além de promover a verticalização do setor, com a
implantação da indústria moveleira. Na Amazônia Legal destacam-se os plantios da Jari
(1967) no Estado do Pará, da Amcel (1976) no Estado do Amapá, de reflorestamento com
paricá no Pará, Maranhão e Tocantins, atingindo 87.901 ha (2012), de teca no Pará, Mato
Grosso e Roraima (67.329 ha), de Acacia mangium em Roraima e de mogno-brasileiro,
mogno-africano, em diversos municípios da região (HOMMA, 2011).
supera a da soja em até dez vezes além do fato de ser cultivo perene. Em 2013, como
biocombustível, considerando a mistura de 7%, seriam necessários mais de 500 mil hectares
de dendezeiros para substituir, principalmente, o óleo de soja (69,6%) e sebo bovino
(14,7%).
A existência de uma xenofobia botânica e da ojeriza à plantation tende a prejudicar
a expansão de dendezeiro, soja, eucalipto, mogno-africano, etc. na Amazônia (JESUS, 2012).
É interessante frisar que não existe ojeriza com pimenta-do-reino, juta, jambeiro,
mangueira, cafeeiro, laranjeira, etc., todas exóticas. As oportunidades que se apresentam
para a lavoura de biomassa, como substitutos para a gasolina e o óleo diesel, colocam a
agricultura nacional como privilegiada no desenvolvimento de culturas agroenergéticas.
Considerando as possibilidades do dendezeiro, é possível cultivar uma área equivalente à da
Malásia, com mais de 5 milhões de hectares, conforme estudos de zoneamento ecológico-
econômico realizados, desde que outras culturas ou atividades sejam alijadas (RAMALHO
FILHO et al., 2010; SOUZA, 2010). O custo social reside na substituição de áreas da pequena
produção para o plantio dessa cultura, expulsando as famílias para outros locais. Os
americanos utilizam a gigantesca produção de milho superior mais cinco vezes à produção
brasileira, em que mais de um terço é consumido como ração animal, 40% para produção de
etanol, outros 13% são exportados para consumo animal e apenas 14% para consumo
humano e na fabricação de bebidas.
Há dezenas de produtos da biodiversidade, como fruteiras, plantas medicinais e
aromáticas, que poderiam ser incentivados nas áreas desmatadas, recuperando áreas
degradadas. É necessário plantar açaizeiro, castanheira-do-pará, pau-rosa, bacurizeiro, entre
dezenas de outras. O preço do açaí, que já chegou a atingir R$ 17,00 a R$ 27,00/litro,
constitui uma indicação de que é necessário plantar pelo menos 50 mil hectares nas áreas
apropriadas em consórcio com cacaueiro ou outra planta.
municípios de Pratânia, Botucatu, Ribeirão Preto e Jaboticabal, em São Paulo, para atender à
indústria de cosméticos da Natura. Isso repete o que ocorreu com cacaueiro, seringueira,
guaranazeiro, pupunheira, etc., com perdas de oportunidades locais.
15. REFERÊNCIAS
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SOUZA, I. S. F. Rumo a uma sociologia da agroenergia. Brasília, DF: Embrapa, 2010. 259 p. (Textos para
discussão, 38).
VEIGA, J. E. O desenvolvimento agrícola: uma visão histórica. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo:
HUCITEC, 1991. 219 p. (Estudos Rurais, 11).
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INTRODUÇÃO
Com o aumento da população mundial, a demanda cada vez maior de alimentos tem
levado o homem a utilizar as terras sem os cuidados necessários para que elas produzam
bem sem os riscos de desperdícios dos recursos naturais. Diante desta perspectiva
tecnológica, o País se defronta, por um lado, com os benefícios da agricultura moderna e
avançada e, por outro, com a mecanização intensiva dos solos, que se apresentam, por isso,
vulneráveis à ação dos agentes intempéricos que atuam das mais diversas formas,
proporcionando a perda de grandes quantidades de solo fértil da camada arável.
No Brasil, muitas áreas já apresentam sinais evidentes de depauperamento em seus
solos, apesar da vastidão do território e de não estar sujeito à grande demanda de alimentos
e a excesso de população. Valendo-se de sua grande área territorial, a agricultura brasileira
tem caminhado, descuidadamente, em busca de outras terras, ao invés de melhorar as já
desgastadas.
Os recursos naturais têm sido impiedosamente dilapidados por uma agricultura de
exploração, na qual há uma tendência, pelos agricultores, de ver a fertilidade natural
inesgotável, conduzindo assim a exploração agrícola na direção do extrativismo predatório.
Isto leva ao depauperamento que, muitas vezes, é causado pela erosão em consequência do
mau uso do solo.
A improdutividade de muitos solos tem vindo como consequência da erosão hídrica,
facilitada e acelerada pelo homem por meio de práticas agrícolas incorretas, como o plantio
contínuo e inadequado de culturas esgotantes e pouco protetoras do solo, o plantio em
linha a favor do declive, a queimada drástica e repetitiva, o pastoreio excessivo, etc.
Na destruição da fertilidade, a erosão hídrica não é o único agente a se fazer
presente. A ela está aliada a lavagem dos nutrientes pela percolação que os coloca em
profundidades inadequadas às plantas; a combustão da matéria orgânica proporcionada
pela ação das condições climáticas ou das drásticas e impiedosas queimadas, e, finalmente,
o consumo dos elementos minerais nutritivos extraídos pelos produtos agropecuários, sem
que haja reposição da fertilidade do solo.
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A mandioca é considerada a mais brasileira das culturas, por ser originária do Brasil e
cultivada em todo o território nacional. Vem sendo explorada, basicamente, por pequenos
produtores, em áreas marginais de agricultura, em razão da sua rusticidade e da capacidade
de produzir relativamente bem em condições em que outras espécies sequer sobreviveriam.
Tendo suas raízes usadas como alimento básico por largas faixas da população e
consumidas como farinha, amido ou cozido (in natura), a mandioca apresenta elevada
importância sociocultural para as populações que a cultivam. Contudo, por sua capacidade
produtiva, pela qualidade do seu amido e da sua parte aérea, alcança novos mercados, tanto
na indústria (alimentícia e química) quanto na alimentação animal (raízes e parte aérea).
Atualmente, a ciência agronômica brasileira vem demonstrando ser possível
conservar as propriedades produtivas das terras, desde que seja assegurado aos solos o
emprego de medidas simples, exequíveis e econômicas de manejo.
ou rasteira, não existe a preocupação de sua conservação. Hoje, entretanto, são bastante
conhecidos os prejuízos causados pela erosão, principalmente a encontrada na forma
laminar, que remove dos solos as suas camadas superficiais.
PRINCÍPIOS BÁSICOS
Dentre os princípios fundamentais da conservação do solo, destaca-se um maior
aproveitamento das águas das chuvas. Evitando-se perdas excessivas por escoamento
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superficial, podem-se criar condições para que a água pluvial se infiltre no solo. Isto, além de
garantir o suprimento de água para as culturas, criações e comunidades, previne a erosão,
evita inundações e assoreamento dos rios, assim como abastece os lençóis freáticos que
alimentam os cursos de água.
Uma cobertura vegetal adequada assume importância fundamental para a
diminuição do impacto das gotas de chuva. Há redução da velocidade das águas que
escorrem sobre o terreno, possibilitando maior infiltração de água no solo e, diminuição do
carreamento das suas partículas.
Práticas utilizadas:
1) Práticas vegetativas:
Florestamento e reflorestamento
Plantas de cobertura
Cobertura morta
Rotação de culturas
Formação e manejo de pastagem
Cultura em faixa
Faixa de bordadura
Quebra-vento e bosque sombreador
Cordão vegetativo permanente
Manejo do mato e alternância de capinas
2) Práticas Edáficas
Cultivo de acordo com a capacidade de uso da terra
Controle do fogo
Adubação: verde, química, orgânica
Calagem
3) Práticas Mecânicas
Preparo do solo e plantio em nível
Distribuição adequada dos caminhos
Sulcos e camalhões em pastagens
Enleiramento em contorno
Terraceamento
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Subsolagem
Irrigação e drenagem
A escolha dos métodos/práticas de prevenção à erosão é feita em função dos
aspectos ambientais e socioeconômicos de cada propriedade e região. Cada prática, aplicada
isoladamente, previne apenas de maneira parcial o problema. Para uma prevenção
adequada da erosão, faz-se necessária a adoção simultânea de um conjunto de práticas.
Apresentam-se, a seguir, comentários resumidos acerca de algumas destas práticas
conservacionistas:
Plantio em nível – neste método, todas as operações de preparo do terreno, balizamento,
semeadura, etc., são realizadas em curva de nível. No cultivo em nível ou contorno criam-se
obstáculos à descida da enxurrada, diminuindo a velocidade de arraste e aumentando a
infiltração d’água no solo. Este pode ser considerado um dos princípios básicos,
constituindo-se em uma das medidas mais eficientes na conservação do solo e da água.
Porém, as práticas devem ser adotadas em conjunto para a maior eficiência
conservacionista.
Cultivo de acordo com a capacidade de uso – as terras devem ser utilizadas em função da
sua aptidão agrícola, que pressupõe a disposição adequada de florestas/reservas, cultivos
perenes, cultivos anuais, pastagens, etc., racionalizando, assim, o aproveitamento do
potencial das áreas e sua conservação.
Reflorestamento – áreas muito susceptíveis à erosão e de baixa capacidade de produção
devem ser mantidas recobertas com vegetação permanente. Isto permite seu uso
econômico, de forma sustentável, e proporciona sua conservação. Este cuidado deve ser
adotado em locais estratégicos, que podem estar em nascentes de rios, topos de morros
e/ou margem dos cursos d’água.
Plantas de cobertura – objetivam manter o solo coberto no período chuvoso, diminuindo os
riscos de erosão e melhorando as condições físicas, químicas e biológicas do solo.
Pastagem – o manejo racional das pastagens pode representar uma grande proteção contra
os efeitos da erosão. O pasto mal conduzido, pelo contrário, torna-se uma das maiores
causas de degradação de terras agrícolas.
Cordões de vegetação permanente – são fileiras de plantas perenes de crescimento denso,
dispostas em contorno. Algumas espécies recomendadas: cana-de-açúcar, capim-vetiver,
erva-cidreira, capim-gordura, etc.
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Controle do fogo – o fogo, apesar de ser uma das maneiras mais fáceis e econômicas de
limpar o terreno, quando aplicado indiscriminadamente é um dos principais fatores de
degradação do solo e do ambiente.
Correção e adubação do solo – como parte de uma agricultura racional, estas práticas
proporcionam melhoramento do sistema solo, no intuito de se dispor de uma plantação
mais produtiva e protetora das áreas agrícolas.
Roça sem fogo – consiste no preparo de área sem uso do fogo, com corte da vegetação de
capoeira de até 10 anos de idade rente ao solo, com ferramentas manuais, seguido do
inventário das espécies de valor econômico, como fruteiras e essências florestais, para
preservação no roçado e posterior retirada do material lenhoso, picotamento da copa das
árvores na superfície do solo e aceiro, finalizando com o plantio de mandioca ou espécies
perenes. As vantagens desse sistema estão relacionadas com a redução da erosão pela
preservação da matéria orgânica com a liberação gradual de macro e micronutrientes,
melhora a estrutura física do solo, promove maior retenção de umidade, aumenta a
atividade microbiana, entre outros.
ESCOLHA DA ÁREA
Na escolha da área para o plantio da cultura da mandioca, é importante levar em
consideração não só as condições climáticas da região e os mercados dos produtos finais,
mas também outros fatores de produção, como as características topográficas, físicas e
químicas do solo.
A mandioca é cultivada em regiões de clima tropical e subtropical, com precipitação
pluviométrica variável de 600 mm a 1.200 mm de chuvas bem distribuídas e uma
temperatura média de em torno de 25 ºC. Temperaturas inferiores a 15 ºC prejudicam o
desenvolvimento vegetativo da planta. Pode ser cultivada em altitudes que variam de
próximo ao nível do mar até mil metros. É bem tolerante à seca e possui ampla adaptação às
mais variadas condições de clima e solo. Os solos mais recomendados são os profundos com
textura média de boa drenagem.
Outros fatores do solo, como as características físicas, topográficas e químicas,
devem ser considerados na escolha das áreas para o plantio do mandiocal. De modo geral, a
mandioca se adapta melhor em solos arenosos ou de textura média, onde se tem melhor
condição para produção de raízes uniformes e com boa estrutura, o que facilita a colheita. Já
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os solos argilosos devem ser usados com restrições, pois podem prejudicar o crescimento,
causar o apodrecimento em consequência do encharcamento e ainda dificultar a colheita
das raízes.
Ainda sobre as características físicas, é importante observar o solo em profundidade,
pois a presença de uma camada argilosa ou compactada imediatamente abaixo da camada
arável pode limitar o crescimento das raízes, além de prejudicar a drenagem e a aeração do
solo, portanto evitar sucessivas operações de preparo do solo com grade aradora.
Outro fator são as condições topográficas da área. A mandioca possui brotação e
desenvolvimento lentos na fase inicial da cultura, o que acarreta pouca proteção ao solo e,
consequentemente, deixa os mandiocais sujeitos a acentuadas perdas de solo e água por
erosão. Dessa forma, deve-se buscar os terrenos planos ou levemente inclinados, com no
máximo 10% de inclinação, e evitar áreas de baixadas com pouca drenagem ou sujeitas a
alagamentos periódicos, que prejudicam o desenvolvimento das plantas e causam o
apodrecimento das raízes por anoxia.
Quanto às características químicas do solo, de modo geral são as menos
problemáticas para a escolha da área, já que essas características podem ser corrigidas para
atender às necessidades da cultura, por meio do uso de corretivos e fertilizantes e adição de
matéria orgânica. Além disso, a cultura da mandioca é mais tolerante aos solos ácidos e de
baixa fertilidade. Assim, uma das formas de reduzir os custos de plantio é o aproveitamento
residual da cultura anterior, escolhendo áreas onde foram feitas correções e adubações.
Plantio em nível: o plantio deve seguir curvas de nível previamente marcadas. (Figura
1).
• Cultivo em faixas: em uma mesma área, são plantadas faixas alternadas com cultivos
diferentes, em que a cultura a ser alternada com a mandioca protege mais o solo e,
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Figura 2. Plantio de mandioca em sistemas de cultivo em faixa com as culturas de milho e feijão.
Fonte: Fialho e Vieira (2011).
Figura 3. Plantio de mandioca em sistemas de fileiras simples consorciada com milho e feijão (a), em sistemas
de fileiras duplas consorciada com milho (b) e em sistemas com culturas perenes ou fruteiras (c).
Fonte: Fialho e Vieira (2011).
• Rotação de culturas: consiste em alternar o tipo de cultura em uma mesma área, a cada
ciclo das culturas, com o objetivo de reduzir a ocorrência de pragas e doenças e contribuir na
manutenção ou melhoria das características físicas, químicas e biológicas do solo. A cultura
da mandioca não deve ser plantada mais de duas vezes consecutivas em uma mesma área –
é necessária a rotação com outra cultura.
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declividade, como já mencionado, deverão ser usadas com restrições, por exigirem, além das
práticas citadas anteriormente, outras práticas de conservação do solo mais onerosas, como
terraços em nível ou com inclinações e canais escoadouros. Vale ressaltar que devemos
evitar o plantio de mandioca em áreas com declividade superior a 10%.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As vantagens da conservação do solo nos mais diversos locais mostram a viabilidade
técnica, econômica e social desse sistema quando adequadamente inserido nos diferentes
sistemas de produção regionais.
Para que haja uma constante sensibilização principalmente por parte dos agricultores
e técnicos, é necessário desenvolver estratégias técnicas e operacionais com o intuito de
atingir e sensibilizar um maior número de agricultores possíveis, levando as vantagens da
conservação do solo e buscando meios efetivos de se reproduzir as experiências já validadas
em algumas regiões para outras regiões vizinhas.
REFERÊNCIA
FIALHO, J. F.; VIEIRA, E. A. Mandioca no Cerrado: orientações técnicas. Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 2011.
208 p.
LITERATURA CONSULTADA
AMABILE, R. F.; CORREIA, J. R.; FREITAS, P. L. de; BLANCENEAUX, P.; GAMALIEL, J. Efeito do manejo de adubos
verdes na produção de mandioca (Manihot esculenta Crantz). Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 29, n. 8, p.
1193-1199, 1994.
CARVALHO, M. A.; ANDRADE, A. M. S. Calagem para a cultura da mandioca. Informe Agropecuário, v. 15, n.
171, p. 10-14, 1991.
FIDALSKI, J. Respostas da mandioca à adubação NPK e calagem em solos arenosos do noroeste do Paraná.
Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 34, n. 8, p.1353-1359, 1999.
MODESTO JÚNIOR, M. de S.; ALVES, R. N. B. Sistema agroecológico de roça sem fogo para produção de
mandioca em Moju. Amazônia: Ciência & Desenvolvimento, v. 7, n. 14, p. 59-68, jan./jun. 2012. Disponível em:
http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/73359/1/N-14-Sistema-Agroecologico.pdf. Acesso em:
23 abr. 2014.
SOUZA, L. S.; FIALHO, J. F. Sistema de produção de mandioca para a região do Cerrado. Cruz das Almas, BA:
Embrapa Mandioca e Fruticultura, 2003. 61 p.
Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”_45
17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA_
INTRODUÇÃO
Figura 1. Parte do banco de germoplasma da Embrapa Amazônia Oriental localizado em Belém, PA, contendo
variedades de mandioca de diferentes locais do Estado do Pará.
As pesquisas no BAG iniciam com a catalogação das variedades por local e ano de
coleta. As plantas são avaliadas quanto às suas características gerais e ao final de 12 meses,
quanto à produção de raízes e porcentagem de fécula na raiz. As variedades também são
avaliadas quanto à quantidade de nutrientes na raiz, resistência a doenças e pragas e
quantidade de compostos cianogênicos. Aquelas que têm melhor desempenho são levadas
para experimentos em locais específicos. A Embrapa vem trabalhando com ensaios de
competição de variedades em Altamira, Igarapé-Açu, Santa Luzia do Pará, Tracuateua e
Santarém. Há previsão de ampliação para Marabá. Além da análise de melhor desempenho
agronômico, informações como resistência a doenças, precocidade e teor de vitaminas na
raiz também são importantes para a escolha dos materiais a serem testados. Desses
trabalhos, algumas cultivares já foram recomendadas e outras estão em fase de registro.
TIPOS DE MANDIOCA
As variedades de mandioca são divididas em: mandioca-brava, que dá origem aos
produtos farinha, tucupi, goma, entre outros, e a mandioca-mansa ou macaxeira, aipim, que
é usada para consumo in natura. Os agricultores têm conhecimento que essa divisão é feita
Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”_47
17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA_
mandiocas com raiz amarela são mais comuns na Amazônia e os bancos de germoplasma do
Pará e do Amazonas contêm grande número de variedades com essa característica (Figura
2). Produtores que cultivam mandioca para produção de tucupi e farinha amarela preferem
variedades com polpa amarela, e essa prática deve ser continuada para evitar a maior adição
de corantes tóxicos ao produto final. Assim, ressalta-se que a identificação de mandioca
“brava” ou “mansa” depende de análises laboratoriais ou deve-se levar em conta a
informação fornecida pelo produtor que cultiva e conhece os materiais por mais tempo.
Figura 2. Raiz de mandioca com coloração amarela intensa, de variedade conservada no banco de
germoplasma da Embrapa Amazônia Oriental.
vitamina A, visando o consumo de macaxeiras de cor amarela. Esse trabalho vem sendo
realizado na Bahia e alguns materiais já vem sendo testados em fase inicial no Estado do
Pará.
Além das variedades de mandioca-brava e mandioca-mansa, no Estado do Pará
também existe a conhecida mandiocaba, variedade de mandioca que, ao invés de acumular
goma nas raízes, acumula açúcares. Esse tipo de variedade costuma ocorrer no Nordeste
Paraense e é colhida na época da “iluminação”, no dia de finados, para preparo de mingau
ou bebida alcoólica. Alguns agricultores ainda mantém essa tradição, mas ela vem
diminuindo ao longo do tempo. A Embrapa mantém em seu BAG amostras de mandiocaba e
vem estudando essa variedade. Foi verificado que ela possui baixos teores de compostos
cianogênicos e possui teor de açúcar em torno de 6% do peso total da raiz.
Outro material diferente é um material conhecido como “maniçobeira”, cujas folhas
são usadas para preparo da maniçoba, prato típico da região Amazônica, por comunidades
do Município de São Antônio do Tauá, no Pará. A maniçobeira possui caule retorcido e folha
com forma distinta do observado na mandioca comum (Figura 3). Apesar das características
diferentes, comparações entre a maniçobeira e as mandiocas comuns usando testes de DNA
identificaram que a maniçobeira também é uma variedade de mandioca.
Figura 4. Exemplos de duas macaxeiras denominadas “Água Morna”, mostrando ser materiais diferentes, visível
na forma e tamanho da folha e porte das plantas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O melhoramento genético da mandioca é necessário para selecionar as variedades
mais produtivas e adaptadas a determinada localidade, associando a produção de raízes com
qualidade nutricional e características que sejam interessantes para a obtenção dos
diferentes produtos que são gerados no estado. No Estado do Pará, há grande variação
genética da mandioca, em grande parte pelo esforço da manutenção das variedades pelos
agricultores ao longo dos anos.
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, A. S. Cultivar de mandioca BRS Poti. Belém, PA: Embrapa Amazônia Oriental, 2008a. 3
p.(Embrapa Amazônia Oriental. Comunicado técnico, 204).
ALBUQUERQUE, A. S. Cultivar de mandioca BRS Mari. Belém, PA: Embrapa Amazônia Oriental, 2008b. 3 p.
(Embrapa Amazônia Oriental. Comunicado técnico, 205).
Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”_53
17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA_
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos têm sido divulgados na mídia diversos estudos enfatizando o aumento da
temperatura média global do ar e dos oceanos, secas persistentes, enchentes calamitosas,
derretimento generalizado da neve e do gelo e elevação do nível do mar ameaçando a
segurança alimentar e comprometendo os esforços para a redução da pobreza e do
desenvolvimento sustentável. O aquecimento global tem sido apontado como principal
evidência dessa mudança do clima devido às emissões de gases de efeito estufa.
As emissões de gases de efeito estufa ocorrem praticamente em todas as atividades
humanas e setores da economia: na agricultura, principalmente por meio das queimadas por
ocasião do preparo da terra para plantio e aplicação excessiva de fertilizantes; na pecuária,
pelo não tratamento de dejetos animais e pela fermentação entérica do gado que produz
gás metano no sistema digestivo que é exalado no ambiente; no transporte, pelo uso de
combustíveis fósseis, como gasolina, diesel e gás natural; no tratamento dos resíduos
sólidos, pela forma como o lixo é tratado e disposto; nas florestas, pelo desmatamento e
degradação de florestas; e nas indústrias, pelos processos de produção, como cimento,
alumínio, ferro e aço (BRASIL, 2013).
Entre esses fatores que provocam mudanças climáticas destacam-se as queimadas e o
desmatamento das florestas para agricultura e pecuária que ocorrem na Amazônia,
incluindo os incêndios florestais, as queimadas das capoeiras e savanas, sendo responsável
por cerca de 75% das emissões brasileiras de GEE (gases de efeito estufa), de acordo com Sá
et al. (2007). Somente o desmatamento representa 55% das emissões de GEE e os setores da
agricultura e pecuária representam 25% (CAMINHOS..., 2009).
No Brasil, são devastadas imensas áreas de cobertura vegetal todos os anos, sendo
registrados mais de 249 mil focos de fogo em 2010 (INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS,
2010). Na literatura disponível, o que se lê sobre os efeitos negativos do uso do fogo está
associado à redução da fertilidade dos solos com redução da produtividade dos cultivos,
degradação florestal, aumento da frequência de chuvas ácidas, doenças pulmonares,
54__Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”
_17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA
Como alternativa para o sistema de produção de mandioca para agricultura familiar pode-se
adotar as técnicas do Trio da Produtividade da Mandioca que trata-se de uma marca criada
num processo pedagógico desenvolvido para facilitar o entendimento e a adoção de
tecnologias de processos pelos agricultores familiares (ALVES et al., 2008), consistindo em
três componentes que mais impactam na produtividade da mandioca, que são:
a. Seleção e corte reto de manivas-sementes.
b. Plantio no espaçamento de 1 m x 1 m.
c. Controle de plantas daninhas durante os 150 dias após plantio da mandioca, por
ser o período crítico da cultura, que é a época de formação das raízes. Na roça
sem fogo, o controle das plantas daninhas (mato) é feito com facão por meio de
duas desbrotas de tocos remanescentes aos 30 e 60 dias e pelo menos uma capina
manual aos 150 dias após o plantio da mandioca.
Os agricultores que adotaram essa técnica nos municípios de Moju e Acará, obtiveram em
2007 uma produtividade média da ordem de 27,64 t/ha, cerca de 60% a mais que a média
estadual (ALVES et al., 2008).
a.Eliminar as plantas doentes e atípicas: a área escolhida para retirada de matrizes deve passar por
inspeção de campo rigorosa para eliminação de todas as plantas não pertencentes à variedade de
interesse, assim como as plantas atacadas por pragas e doenças que possam comprometer a
qualidade das manivas-semente.
b. Selecionar as plantas matrizes: as matrizes que irão fornecer as manivas-semente devem ser as
plantas mais vigorosas, oriundas de um mandiocal com 10 a 12 meses de idade. Se não coincidir a
época de colheita com a de plantio da safra seguinte, selecione as plantas mais vigorosas e
mantenha-as no campo para serem colhidas assim que a nova área estiver totalmente preparada
para plantio.
c. Selecionar as ramas: para obter plantas mais vigorosas, retire as ramas do terço médio das plantas,
eliminando a porção lenhosa rente ao solo (20 cm) por ter gemas mortas, e as partes verdes
superiores das plantas, que possuem poucas reservas e resultam em plantas raquíticas. Amarre as
ramas selecionadas em feixes de 50 ramas, que devem ser etiquetados, anotando-se nome da
variedade, data da colheita e nome do proprietário.
e. Preparo das manivas-semente: com uso de facão bem amolado ou com uma serra fina, faça o
corte reto das manivas-semente, que resultará na menor exposição a fungos de solo e distribuição
mais uniforme das raízes, quando comparado com o corte em bisel. A maniva-semente deve ter
tamanho de 20 cm – aproximadamente um palmo. O corte das ramas em manivas-semente só
deve ser feito para o plantio no mesmo dia. Nessa etapa, a atenção deve ser redobrada, o material
deve estar sadio, ou seja, livre de pragas, doenças, danos ou ferimentos Se for observada
coloração marrom-escura no cerne da maniva-semente, ela deve ser descartada, por estar
infectada por doenças ou por broca.
com tamanho médio de 1 m. Porém, sugere-se adicionar 20% a título de reserva técnica, em
virtude de possíveis perdas durante a etapa de preparo e seleção da maniva-semente, resultando
em 2,4 mil ramas ou 48 feixes por hectare.
g.Escolha de área para cultivo: faça opção por capoeiras de 5 a 10 anos de idade com preparo de área
sem uso do fogo, em solos bem drenados e declividade de até 5%, em área de fácil acesso. Evite
usar áreas cultivadas com mandioca em anos anteriores no mesmo local. Os resíduos vegetais
(cepas e/ou ramas) do plantio de mandioca do ano anterior deverão ser eliminados.
i. Tratos culturais: mantenha o roçado isento de mato, por meio de capinas manuais, durante 150
dias após o plantio da mandioca.
Em julho de 2013, foi instalada uma unidade demonstrativa envolvendo o preparo de área
seguindo os procedimentos da Roça sem Fogo e o cultivo da mandioca conforme as
orientações do Trio da Produtividade, numa área de mil metros quadrados, na Comunidade
Miritipitanga, Município de Tomé-Açu, Estado do Pará. Plantou-se a variedade Chico-Vara,
de raízes de cor branca, porte médio e hábito de crescimento ramador. Por ocasião do
plantio efetuou-se a aplicação de 50 g/cova de calcário dolomítico e aos 30 dias após o
plantio, efetuou-se a primeira desbrota com uso de facões para controle das plantas
daninhas, seguida de uma adubação química com NPK formulação 20-28-20 na dosagem de
20 g/planta. Aos 45 dias após o plantio constatou-se uma taxa de germinação na ordem de
93,12%.
Foram anotados todos os custos de produção, incluindo a colheita da mandioca efetuada aos
13 meses de cultivo (Tabela 1), avaliando-se a produtividade de raízes de todas as plantas
contidas em quatro parcelas amostrais de 20 m², determinadas ao acaso na unidade
demonstrativa. Os resultados foram submetidos à análise financeira para determinação da
relação benefício/custo obtida pela divisão entre a receita bruta e o custo total da produção.
O ponto de nivelamento em dinheiro, que é o momento quando despesas e lucros se
igualam, ou seja, quando o produto deixa de custar e passa a dar lucro , foi obtido pela razão
entre o custo total e o número de sacos de 60 kg produzidos e o ponto de nivelamento em
sacos de farinha obtido pela razão entre o custo total e o preço do saco de farinha de 60 kg
60__Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”
_17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA
TABELA 1. Custo de produção de 1 ha de mandioca cultivada no sistema de Roça sem Fogo e Trio da
produtividade da Mandioca, em Tomé-Açu, Estado do Pará. Valores em reais (R$) relativos a agosto/2014.
Valor (R$)
Descrição Unidade Quantidade (%)
Unitário Total
1. Preparo do solo - - - 2.110,00 46,84
(1)
Demarcação: abertura de picadas Hd 02 35,00 70,00 1,55
Broca e corte rente ao solo Hd 35 35,00 1.225,00 27,19
Retirada da lenha Hd 05 35,00 175,00 3,88
Operação de motosserra Hd 04 160,00 640,00 14,21
2. Insumos e Plantio - - - 1.205,00 26,75
Seleção de manivas-semente Hd 02 35,00 70,00 1,55
Calcário dolomítico t 0,5 150,00 75,00 1,66
Adubo químico NPK 10-28-20 saco 04 90,00 360,00 7,99
Aplicação dos fertilizantes Hd 04 35,00 140,00 3,11
Plantio manual Hd 16 35,00 560,00 12,43
3. Tratos culturais - - - 140,00 3,11
Duas desbrotas com facão Hd 04 35,00 140,00 3,11
4. Colheita e Transporte - - - 1.050,00 23,11
Colheita e transporte até a casa de Hd 30 35,00 1.050,00 23,11
farinha
SUBTOTAL - - - 4.505,00 100,00
5. Custo de produção e
- - - 2.924,00 -
comercialização da farinha
(2)
Processamento da farinha saco 86 30,00 2.580,00 -
Sacaria saco 86 1,00 86,00 -
Frete para comercialização saco 86 3,00 258,00 -
6. Custo Total - - - 7.429,00 -
7. Receita Bruta - - - 8.640,00 -
Venda de farinha (saco de 60 kg) saco 86 90,00 7.740,00 -
Lucro da venda de carvão saco 180 5,00 900,00 -
8. Margem Bruta - - - 1.211,00 -
9. Relação Benefício/Custo - - - 1,16 -
10. Ponto de Nivelamento R$ - - 86,38 -
11. Ponto de Nivelamento saco - - 82,54 -
12. Margem de Segurança % - - -14,02 -
(1)
Hd: homem/dia.
(2)
Estimativa com base em 25% de rendimento na transformação de raiz de mandioca em farinha seca.
A produção de lenha foi cubada totalizando 50 m3.ha-1, equivalente a uma receita líquida de
R$ 900,00, pela comercialização de 180 sacos de carvão. A produtividade da mandioca foi
20,76 t.ha-1, quase o dobro da produtividade média do Município de Tomé-Açu na ordem de
12 t.ha-1 (IBGE, 2012).
Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”_61
17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA_
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Roça sem Fogo e o Trio da Produtividade da Mandioca são consideradas como tecnologias
de processos e no caso típico da pequena produção de mandioca, dizem respeito às
tecnologias que trabalham preferencialmente a informação, e portanto são adequadas ao
método de extensão rural, que devem interferir nos sistemas de produção, especificamente
na mudança de procedimento dos agricultores, visando à execução e controle das práticas
agrícolas e do número e época das operações. Por isso sua adoção não depende da compra
de insumos externos à propriedade, ao passo que para a adoção das tecnologias de insumos
há necessidade de capital, muitas vezes de crédito rural para compra de fertilizantes,
agrotóxicos, sementes, caracterizando-se como método típico de assistência técnica.
O principal benefício da Roça sem Fogo é a redução das queimadas e redução da emissão de
gases de efeito estufa que provocam o aquecimento global.
O agricultor pode produzir a mandioca em capoeiras de até 10 anos de idade, tendo como
sequência a implantação de SAFs, pois além da receita auferida com a cultura da mandioca,
adiciona-se a receita com a venda de produtos madeireiros (moirões para cercas, caibros
para construção civil, lenha e carvão) e não madeireiros (óleos, sementes, artefatos para
artesanatos) e posteriormente das espécies frutíferas perenes (açaizeiros, cupuacuzeiros,
bananeiras, pupunheiras, laranjeiras, castanheiras, ipê, mogno, andirobeira, entre outras),
mantendo-se a biodiversidade com conservação de solo. A copa das árvores, que permanece
na área triturada como cobertura do solo, protege contra a erosão e aumenta a fertilidade
pelo fornecimento de nutrientes para as plantas após o processo de decomposição.
REFERÊNCIAS
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Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”_63
17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA_
1. INTRODUÇÃO
das chuvas durante o ano, o que afeta o rendimento de raízes da mandioca (10,4 t ha -1). Por
sua vez, na região Norte, embora com boa oferta de água durante a maior parte do ano, os
solos são pobres e ácidos (FALESI, 1986) e os agricultores cultivam a mandioca, na maioria
dos casos, sem uso de qualquer insumo, o que também prejudica a produtividade de raízes
de mandioca (15,4 t ha-1). Nas demais regiões, geralmente há boa oferta de água e, na
maioria dos sistemas de produção, a fertilidade do solo é corrigida, o que redunda em
rendimentos de raízes mais elevados, como demonstrados pelos dados do IBGE (2014).
Esses fatos demonstram que a cultura da mandioca, embora possa produzir em
condições adversas, em termos de oferta de água e nutrientes (FAO, 2013), responde em
termos de aumento de produtividade, quando esses fatores de produção são adequados às
suas exigências, permitindo a expressão de seu potencial produtivo, como constatado na
África e na Ásia (FAO, 2013) e no Brasil (CRAVO et al., 2008; MIRANDA et al., 2005; SOUZA et
al., 2009).
2.2. Principais tipos de solos utilizados para cultivo de mandioca no Pará e suas
características físico-químicas
Como principais tipos de solos e os de maior ocorrência no Estado do Pará, que são
utilizados para o cultivo de mandioca, destacam-se os classificados como Latossolos e
Argissolos. Conforme dados da Tabela 1 (GAMA et al., 2010), observa-se que essas duas
classes, juntas, cobrem mais de 80% da superfície do estado, sendo as mais frequentes nas
principais regiões produtoras de mandioca do estado.
Trata-se de solos que ocorrem em áreas com relevo plano a suave ondulado,
facilitando os trabalhos de mecanização; apresentam textura média a argilosa, são
profundos a muito profundos (+ 2 m), bem a moderadamente drenados, bastante porosos e
permeáveis, características essas muito favoráveis ao cultivo de mandioca. Contudo, são
solos destituídos de minerais primários facilmente intemperizáveis, que são as fontes
naturais de nutrientes dos solos e, por isso, considerados solos envelhecidos, bastante
intemperizados e lixiviados (FALESI, 1986).
Em razão dessas características, esses solos geralmente apresentam-se, em seu
estado natural, com baixa fertilidade e normalmente ácidos (Tabela 2), havendo necessidade
de correção da acidez e melhoria da fertilidade, para que culturas como a mandioca possam
expressar seu potencial produtivo.
Conforme Souza et al. (2009), a faixa favorável de pH para mandioca é de 5,5 a 7,0,
sendo 6,5 o ideal, embora ela seja menos afetada pela acidez do solo do que outras culturas.
A mandioca produz bem em solos de alta fertilidade, apesar de que rendimentos
satisfatórios também possam ser obtidos em solos degradados quimicamente, com baixos
teores de nutrientes, onde a maioria dos cultivos tropicais não produziria satisfatoriamente
(SOUZA et al., 2009).
3. CALAGEM E ADUBAÇÃO
Sua capacidade de produzir rendimentos razoáveis em solos pobres deu origem à
crença de que a mandioca não requer fertilizantes minerais, nem responde a eles, mas os
resultados de extensa revisão de dados feita pela FAO (2013) mostraram que muitas
Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”_67
17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA_
Neste cultivo (Figura 1), foi utilizado o equivalente a 1 t ha-1 de calcário dolomítico,
na área “com calagem” e ausência na “sem calagem”. Embora ambos os plantios tenham
recebido o equivalente a 250 kg ha-1 da fórmula NPK 10-28-20, por volta dos 60 dias após o
plantio, nota-se melhor desenvolvimento vegetativo na área que recebeu calagem e,
segundo informações do produtor, o rendimento de raízes de mandioca obtido da área com
calagem foi muito maior do que o da área sem calagem.
Em experimento instalado em área recém-desmatada e queimada, do Município de
Terra Alta (CRAVO, 2007) também foi observada tendência de reposta positiva na produção
de raízes e parte aérea de macaxeira, até a dose de 1 t ha-1 de calcário (Tabela 3). Foi
observado também que, nas doses mais elevadas de calcário, as plantas mostraram
sintomas de deficiência de micronutrientes, o que, provavelmente, provocou decréscimo na
produtividade tanto de raízes como da parte aérea (Tabela 3), demonstrando a
inconveniência de se usar doses muito elevadas de calcário para essa cultura.
Esse fato está relacionado com a disponibilidade de micronutrientes no solo, em
função do aumento do pH, provocado pela calagem. Isso porque, com o aumento do pH do
solo há um decréscimo progressivo dos teores de Fe, Cu, Mn e Zn (CAMARGO et al., 1982) e
aumento dos teores de Mo e Cl, especialmente em valores de pH acima de 6,5, o qual
normalmente é atingido com doses de calcário acima de 2 t ha-1. Esse aspecto é agravado
em solos arenosos – os mais utilizados para o cultivo da mandioca – pois, nesses solos, a
disponibilidade de micronutrientes catiônicos (metais) é menor do que em solos argilosos.
Por isso, é muito importante que esses fatos sejam levados em consideração, por ocasião
das recomendações de calagem para cultura da mandioca.
Tabela 3. Rendimento de raízes e parte aérea de mandioca de mesa (macaxeira), em resposta a doses de
calcário aplicadas em Latossolo Amarelo. Terra Alta, PA, 2004.
Dose de Calcário Produtividade (kg ha-1)
(t ha-1) Raízes Parte Aérea
0 19.917 18.833
1,0 24.250 22.833
2,0 22.250 16.667
3,0 18.250 15.500
4,0 21.500 20.833
Fonte: Cravo (2007).
70__Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”
_17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA
4.1. Calagem
É recomendável que a calagem seja aplicada com certa antecedência do plantio,
normalmente entre 20 dias (CRAVO et al., 2010) e 60 dias (MATTOS; CARDOSO, 2003; RAIJ et
al., 1996; RIBEIRO et al., 1999) para haver tempo suficiente para reação no solo, sendo
utilizados diversos métodos para o cálculo da necessidade de calagem. No Pará, tomando-se
como base os resultados de análise do solo, os cálculos são feitos com o objetivo de baixar a
saturação por alumínio para 30%, podendo ser calculada a necessidade de calcário pela
seguinte equação:
Quando o potássio vem expresso em mg dm-3, na análise do solo, deve ser convertido
em cmolc dm-3 pela fórmula: cmolc dm-3 de K = mg dm-3 x 0,02556, ou cmolc dm-3 de K = mg
dm-3 ÷ 39,102 para empregar na equação acima.
Para solos argilosos, usar 1,8 para o fator multiplicativo da equação, em vez de 1,5.
Não aplicar mais do que 2 t ha-1 de calcário (PRNT ajustado para 100%) mesmo que os
72__Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”
_17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA
cálculos forneçam valores mais elevados, sendo recomendável o uso de calcário dolomítico,
principalmente em solos com teor de magnésio inferior a 0,5 cmolc/dm3.
O calcário deve ser dividido em duas partes iguais e a primeira metade, aplicada na
superfície do terreno e incorporada a uma profundidade de 20 cm, preferencialmente com
arado ou, na falta, usar grade aradora. A segunda metade deve ser aplicada antes da
gradagem e incorporada, de preferência no mesmo dia, para evitar perdas provocadas pelo
vento e pela chuva. Esperar pelo menos 20 dias, após a aplicação do calcário, para fazer o
plantio.
4.2. Nitrogênio
A mandioca, mesmo em solos com baixos teores de matéria orgânica, tem
apresentado baixa resposta à adubação nitrogenada, fato este atribuído à presença de
bactérias diazotróficas fixadoras de nitrogênio atmosférico no solo (FAO, 2013; MATTOS;
CARDOSO, 2003). Por isso, recomenda-se aplicar uma dose de 40 kg ha-1 de N, em cobertura,
30 a 60 dias após a brotação.
covas, por ocasião do plantio. Já o potássio deve ser aplicado em cobertura, 30 a 60 dias
após a brotação das plantas, juntamente com a adubação nitrogenada.
Tabela 4. Sugestões de adubação fosfatada e potássica para produção de mandioca, com base na análise do
solo, para uma produtividade de 30 t ha-1 a 40 t ha-1 de raízes.
Disponibilidade de Textura do Solo P2O5 Teor de K K2O
P e K no solo
Argilosa Média Arenosa a aplicar no Solo a aplicar
Media 6 – 10 9 – 15 11 – 18 40 41 – 60 40
Alta 11- 15 16 – 20 19 – 25 20 61 – 90 20
4.4. Micronutrientes
Raros estudos com micronutrientes foram realizados para mandioca no Brasil
(OLIVEIRA et al., 2008). Contudo, sabe-se que na Amazônia os agricultores vêm utilizando as
mesmas áreas para o plantio de mandioca, no sistema de derruba-e-queima, sem utilização
de fertilizantes, especialmente micronutrientes (CRAVO et al., 2005). Nos solos mais
arenosos, a deficiência de zinco tem sido a mais frequente em mandioca.
Em razão disso, e para evitar possíveis limitações na produção, em solos com indícios
de deficiência de micronutrientes, detectada por meio da análise de solo, ou em áreas que já
vêm sendo utilizadas seguidamente com a cultura da mandioca, sem adubação com
micronutrientes, recomenda-se aplicar, no sulco de plantio, o equivalente a 30 kg ha-1 de FTE
BR 12, juntamente com a adubação fosfatada, e só fazer novas aplicações caso os resultados
de análise do solo indiquem deficiência de micronutrientes (CRAVO et al., 2010). Esse
procedimento é especialmente importante em áreas que vêm recebendo ou que irão
receber calagem para o cultivo da mandioca.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A mandioca é uma cultura de extrema importância no cenário mundial, pois é
cultivada em toda a faixa tropical do mundo, constituindo-se em um dos principais alimentos
74__Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”
_17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA
6. REFERÊNCIAS
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133).
Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”_77
17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA_
INTRODUÇÃO
O Município de Castanhal possui uma área de 1.029 km² e uma população estimada de
186.895 habitantes (IBGE, 2014) e está localizado na região Nordeste do Pará, distante cerca
de 70 km da capital Belém. A economia do município tem como base os setores de serviços
e indústria, enquanto o setor agropecuário foi responsável por apenas 1,84 % do Produto
Interno Bruto em 2011 (IBGE, 2011).
Com relação ao uso da terra, predomina a agricultura permanente e temporária e
pecuária de pequena escala, extração vegetal de palmito de açaí e extração de madeira em
tora para lenha e carvão vegetal (IBGE, 2012). As culturas de pimenta-do-reino, dendê,
maracujá e mamão destacaram-se com 91,41% do valor da produção total de culturas
permanentes produzidas no Município de Castanhal (Tabela 1).
Apesar de o Pará ser o maior produtor de mandioca do Brasil, em 2012 a farinha ficou
escassa à mesa do paraense e foi o produto da cesta básica que mais elevou seu preço, com
92% de aumento em todo o País (GUNDALINI; SAKATE, 2012), tornando a cesta básica local a
mais cara de todos os estados da federação. A alta demanda pelo produto, aliada à falta de
farinha no mercado, contribuiu para elevar o preço da farinha ao consumidor na ordem de
139,81%, passando de R$ 3,09 em março de 2012 para R$ 7,41 o quilo em março de 2013,
segundo o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos
(Dieese/PA), enquanto a inflação para o mesmo período ficou em 7,22% (INPC/IBGE). Nessa
época a farinha deixou de ser um produto de subsistência para ser um produto de luxo, que
tinha preço 3,11 vezes mais elevado que o arroz (R$ 2,38/kg), 1,54 vezes mais que o frango
congelado (R$ 4,80) e 1,45 vezes maior que o preço do feijão (R$ 5,11/kg), em março de
2013 (ALVES; MODESTO JÚNIOR, 2012).
Nesse período atípico de elevação do preço da farinha, o agricultor familiar do
Município de Castanhal chegou a comercializar o saco de 60 kg ao preço médio de R$ 280,00
e, desde o início de 2014, tem-se observado uma queda muito acentuada no preço da
farinha, chegando a ser comercializada pelo agricultor por R$ 90,00 o saco, em agosto de
2014, influenciando inclusive no rendimento do agricultor familiar.
Contudo, neste cenário de flutuação de preços da farinha de mandioca, alguns
produtores se destacam não pelo volume da produção, mas pelo nível tecnológico aplicado
Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”_79
17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA_
na cultura da mandioca, obtendo produtividade acima de 40 t, 2,6 vezes maior que a média
do município. A produção de mandioca do município destina-se ao abastecimento da Região
Metropolitana de Belém, transformada em farinha e tapioca (goma). Parte da produção
também é comercializada em farinha, para os mercados dos estados do Amapá, Amazonas e
para a região Nordeste do País.
Não é tarefa fácil estimar a rentabilidade de produção artesanal proveniente da
agricultura familiar, sendo difícil afirmar com qualquer grau de precisão se existe viabilidade
econômica dos empreendimentos, incluindo a remuneração da mão de obra familiar.
Portanto, diante deste ambiente de grande incerteza, tornam-se relevantes estudos
econômicos para determinação de coeficientes técnicos de produção que resultem em
racionalização das atividades para maximizar a produtividade e minimizar os custos de
produção. Estudos de análises econômica do cultivo da mandioca e de agroindústrias
familiares para determinação da receita bruta, margem bruta e ponto de equilíbrio têm sido
realizados no Estado da Paraíba por Souza et al. (2013) e no Pará por Alves e Modesto Júnior
(2012), Modesto Júnior e Alves (2013).
Este estudo caracteriza o sistema de produção semimecanizado de mandioca no
Município de Castanhal, PA e apresenta seus principais indicadores de rentabilidade.
MATERIAL E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Preparo de área
Plantio
Tratos culturais
São realizadas três capinas químicas, uma por ocasião do plantio e as demais aos 60 e
120 dias após o plantio. Uma capina manual se faz necessária para complementar os tratos
culturais. No município ainda não foram observadas ocorrência de pragas ou doenças que
justifiquem as práticas de pulverizações como medidas de controle.
Colheita e beneficiamento
A colheita da mandioca é feita dos 12 aos 18 meses após o plantio, de acordo com a
necessidade de comercialização. A produtividade média de raiz de mandioca obtida por
estes agricultores foi de 30 t/ha. Parte da produção é comercializada em raiz e o restante é
transformado em farinha. O tipo de farinha predominante é a farinha mista produzida em
casas de farinhas rudimentares e de baixa eficiência e a maior parte do produto é
comercializada com os intermediários.
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_17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA
Custo de produção
Tabela 3. Custo de produção de raiz de mandioca em sistema semimecanizado no Município de Castanhal, PA, 2013.
Valor (R$)
Descrição Unidade Quantidade (%)
Unitário Total
1. Preparo do solo - - - 400,00 12,82
Gradagem hm 4,0 100,00 400,00 12,82
2. Plantio - - - 450,00 14,43
Seleção e preparo das manivas hd 3,0 30,00 90,00 2,89
Plantio hd 12,0 30,00 360,00 11,54
3. Tratos culturais/fitossanitários - - - 1.519,00 48,70
Herbicida l 2,0 17,00 34,00 1,09
Herbicida g 250,0 0,12 30,00 0,96
Herbicida l 3,0 35,00 105,00 3,37
Capina química (glifosato+flumyzin) hd 2,0 30,00 60,00 1,92
Capina química (Gramocil) hd 2,0 30,00 60,00 1,92
Capina manual hd 15,0 30,00 450,00 14,43
Adubo orgânico saco 25kg 50,0 4,00 200,00 6,41
Distribuição do adubo orgânico hd 4,0 30,00 120,00 3,85
Adubo químico saco 4,0 100,00 400,00 12,82
Adubação química hd 2,0 30,00 60,00 1,92
4. Colheita - - - 750,00 24,05
Colheita manual t 30,0 25,00 750,00 24,05
Subtotal - - - 3.119,00 100,00
5. Outros custos - - - 171,55 -
Assistência técnica - 1,5% - 46,79 -
Juros de custeio - 4,0% - 124,76 -
Total geral - - - 3.290,55 -
Fonte: Dados da pesquisa. Valores de maio de 2013.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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americano, município de Santa Isabel do Pará, Pará. Amazônia: Ciência & Desenvolvimento, Belém, PA, v. 8, n. 15, p. 7-12,
jul./dez. 2012. Disponível em: http://www.bancoamazonia.com.br/bancoamazonia2/Revista/revistaamazonia15.htm.
Acesso em: 23 jul. 2013.
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2013. Disponível em:
<http://www.diadecampo.com.br/zpublisher/materias/Newsletter.asp?data=28/05/2013&id=28374&secao=Artigos%20Es
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84__Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”
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Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/protabl.asp?c=1612&z=t&o=11&i=P. Acesso em: 15 mar. 2013.
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SOUZA, R. F.; SILVA, I. F.; SILVEIRA, F. P. M.; DINIZ NETO, M. A.; ROCHA, I. T. M. Análise econômica no cultivo de mandioca.
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http://www.gvaa.com.br/revista/index.php/RVADS/article/viewFile/2250/pdf_709. Acesso em: 30 jun. 2014.
PARCAGEM
Raimundo Nonato Brabo Alves
Moisés de Souza Modesto Júnior
INTRODUÇÃO
A parcagem é um processo milenar de agricultura que tem suas raízes históricas no
Brasil Colonial. No Estado do Pará, foi introduzida na Região Bragantina para o cultivo de
fumo, feijão-caupi e mandioca. O sistema de parcagem consiste basicamente na aplicação
localizada de esterco de gado (bovino, bubalino, ovino, aves e outros) para fertilização do
solo, feito por determinado número de animais que ficam confinados durante a noite numa
área reduzida.
A passagem da biomassa pelo trato gastrointestinal dos ruminantes promove a
fragmentação e decomposição parcial da matéria orgânica que, na forma de estercos
aplicados ao solo, permite a liberação gradativa de nutrientes para as culturas (POWELL et
al., 1994).
A maioria dos agricultores/criadores familiares da Amazônia desconhece que a
aplicação de esterco de curral no solo, além da adição de alguns macros e micronutrientes,
melhora a estrutura física, funcionando como condicionador de solo para o aumento da CTC,
retenção de umidade e estimulador da atividade microbiana. Enquanto isso, milhões de
agricultores, nas regiões mais populosas do mundo, utilizam o esterco de animais como um
indispensável insumo agrícola. No Vietnã e no Sul da China, muitos fazendeiros aplicam de 5
t a10 t de esterco de porco por hectare. Na Indonésia, os agricultores aplicam 9 t de esterco
de gado por hectare. Em Cauca, uma província da Colômbia, os produtores aplicam de 4 t a 5
t de esterco de aves por hectare (HOWELER, 2002).
Estercos de animais tendem a ter baixo conteúdo de nutrientes (menos de 10% em
compostos fertilizantes), mas contêm Ca, Mg, S e alguns micronutrientes não encontrados
nos fertilizantes químicos (HOWELER et al., 1982). O processo de parcagem com a deposição
na superfície do solo de fezes e urina, ricos em nitrogênio e potássio, contribui para
neutralizar a acidez do solo (SOMDA et al., 1997; STILWELL; WOODMANSEE, 1981), mas uma
parte importante do nitrogênio da urina é perdida por lixiviação ou volatilização (RUSSELLE,
1992; STILWELL; WOODMANSEE, 1981).
Na Bahia, Gomes et al. (1983) obtiveram altos rendimentos com a cultura da
mandioca (38,6 t.ha-1 de raízes), utilizando o sistema de parcagem. Eles calcularam que 30
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_17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA
média de 2,5 mil milímetros anuais, temperatura média de 27,7 °C e umidade relativa média
do ar de 84%. Predomina o solo do tipo Gleissolo Háplico, mal drenado, desenvolvido de
sedimentos recentes, sob a influência do lençol freático (OLIVEIRA JUNIOR et al., 1999).
Amostras de solo coletadas na profundidade de 20 cm, analisadas no Laboratório de Solos
da Embrapa Amazônia Oriental pelo método Mehlich-1, indicaram pH em água de 5,3, 0,27%
de N, 26,68 g/kg de MO, 10 mg/dm³ de P, 20 mg/dm³ de K, 13 mg/dm³ de Na, 0,6 cmolc/dm³
de Ca, 1,4 cmolc/dm³ de Ca+Mg, 1,0 cmolc/dm³ de Al e 6,94 cmolc/dm³ de H+Al.
Nesta região os cultivos são sucessivos na mesma área por mais de cinco gerações,
uma vez que os agricultores utilizam a parcagem para fertilização dos solos. Estes criam o
gado (bovinos e bubalinos) em pastagens extensivas em que o rebanho transita livremente
durante o dia pelos campos naturais, alimentando-se de forragem constituída
essencialmente de junco. Ao final da tarde, o gado é recolhido para pernoite nas áreas de
parcagem. Os animais são utilizados basicamente para trabalho e a parcagem para
fertilização dos solos. Foram poucos os relatos de agricultores que criam gado para
produção de leite ou carne em razão da falta de boas pastagens (MODESTO JUNIOR et al.,
2011).
As precárias condições socioeconômicas e ambientais da maioria dos assentamentos
de reforma agrária paraense são consequências do modelo de uso da terra, respaldado na
pecuária com baixos índices de produtividade como principal atividade. O desconhecimento
e as limitadas condições de acesso à informação fazem com que os pequenos produtores
não manejem nem os recursos naturais que lhes são disponíveis, como é o caso do esterco
de curral. A alternativa de curto prazo é a diversificação da propriedade com a integração
agricultura/pecuária. Como ponto de partida, pode-se sugerir a introdução do método da
parcagem para exploração das culturas de mandioca e feijão-caupi, inicialmente como
subsistência e posteriormente como geradora de excedente para o mercado.
O MÉTODO DA PARCAGEM
Para o cultivo de mandioca, recomenda-se escolher uma área plana ou com
declividade moderada, de modo a evitar a lavagem do esterco pela enxurrada, com solo bem
drenado e sem ocorrência de pedras ou tocos.
Demarcar a área a ser cultivada com uma cerca definitiva com cinco fiadas de arame
farpado ou liso para protege-la dos animais. Como em Tracuateua o plantio da mandioca é
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_17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA
feito a partir de maio, então nos meses de setembro a dezembro inicia-se o preparo de uma
cerca móvel para realização da parcagem. Essa cerca móvel se deslocará na área a ser
cultivada, com objetivo de uniformizar a distribuição do esterco feita pela parcagem, com a
contenção de 30 animais por caixinha de 25 m x 25 m. Ainda não existe uma definição
quanto ao número de animais a confinar por unidade de área, o que irá depender do
número de animais que o produtor disponha. Esta correlação é apenas uma referência. Se
aumentar o número de animais, reduz o número de pernoites ou aumenta-se a área. Caso
utilize menor número de animais, aumenta-se o número de pernoite ou se reduz a área de
contenção. Os agricultores denominam esta cerca móvel de “caixinha”, a qual pode ter a
dimensão de 25 m X 25 m, o equivalente a 1/16 de hectare (Figura 1). Pode ser feita de varas
retiradas na propriedade (caiçara), com arame liso ou, se o produtor dispuser de mais
recursos, pode ser uma cerca elétrica.
Figura 1. Rotação nos piquetes para o preparo de 1 ha no sistema de parcagem, mostrando as áreas das
caixinhas (25 m x 25 m).
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17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA_
Figura 2. Três juntas de dois bovinos acoplados com arado de aiveca reversível preparando o solo para cultivo
de mandioca na região dos lagos de Tracuateua, 2011.
90__Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”
_17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA
agricultor fez seleção de manivas-semente. Todos eles utilizaram a prática de corte em bico
de gaita nas manivas que, segundo Takahashi (2002), proporciona muitas perdas na
armazenagem e no plantio. O corte reto seria o mais recomendado por possibilitar a
produção mais uniforme e maior número de raízes que o formato em bico de gaita
(MATTOS; CARDOSO, 2003), e por isso influenciaria, diretamente, na produção de raízes.
Tabela 3. Custo de produção de 1 hano sistema de cultivo da mandioca com área fertilizada com parcagem e
preparo do solo com tração animal. Valores em reais (R$) relativos a junho/2013.
Valor (R$)
Na análise financeira, a receita bruta foi dividida pelo custo total da produção para
determinação da relação benefício/custo. O ponto de nivelamento em dinheiro obtido pela
razão entre o custo total e o número de sacos de 60 kg de farinha produzidos. A margem de
segurança do sistema foi gerada pela diferença entre o custo total e a receita bruta,
dividindo-se pela receita bruta em percentagem.
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17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA_
Tabela 4. Indicadores econômicos do sistema de cultivo da mandioca com área fertilizada com parcagem e
preparo do solo com tração animal. Valores em reais em junho/2013.
Especificações Indicadores
Receita bruta (R$) 25.000,00
Custo operacional (R$) 7.770,00
Margem bruta (R$) 17.230,00
Relação Benefício/Custo (B/C) 3,22
Ponto de nivelamento (R$) 77,70
Ponto de nivelamento (Sacos) 31,1
Margem de segurança (%) (68,92)
Tabela 5. Custo de produção de mandioca em sistema de parcagem para fertilização do solo e preparo de área
com formação de leiras, na região dos lagos de Tracuateua, 2013.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Alguns cuidados devem ser observados quando da aplicação do método. Precaução
deve ser considerada com a aplicação de esterco de gado que pasta na forragem em que
ocorre controle de invasora com herbicida, pois esse pode estar ativo, dependendo da
concentração de agrotóxico no esterco, podendo provocar injúria na cultura. Não efetuar o
método no período chuvoso para evitar a formação de atoleiros, apodrecimento do casco
dos animais, verminoses e outros. A quantidade de estrume que pode ser aplicada por
hectare depende do tipo de solo e deve ter por limite não mais do que o equivalente a 150
kg de N por hectare.
Os impactos ambientais positivos podem estar relacionados com a produção de
biofertilizante, redução da emissão de amônia, redução da emissão de gás metano,
melhoramento da fertilidade do solo, potencial produção de biogás e a comercialização de
produtos orgânicos de alto valor agregado. Como impacto negativo, pode-se considerar o
odor desagradável causado pela concentração de animais próximo de residências, o risco de
poluição da água de igarapés ou de fontes de água e o aumento da população de insetos.
REFERÊNCIAS
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1986. 104 p.
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MATTOS P. L. P.; CARDOSO, E. M. R. Cultivo da mandioca para o estado do Pará. Cruz das Almas: Embrapa
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Desenvolvimento, Belém, PA, v. 6, n. 12, p. 57-67, jan./jun. 2011.
OLIVEIRA JUNIOR, R. C.; SANTOS, P. L.; RODRIGUES, T. E.; VALENTE, M. A. Zoneamento agroecológico do
município de Tracuateua, Estado do Pará. Belém, PA: Embrapa Amazônia Oriental, 1999. 45 p. (Embrapa
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96__Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”
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PENTEADO, A. R. Problemas de colonização e de uso da terra na região Bragantina do Estado do Pará. Belém,
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RUSSELLE, M. P. Nitrogen cycling in pasture and range. Jornal of Production Agriculture, n. 5, p. 13-23, 1992.
SILVEIRA, I. M. da. Quatipuru: agricultores, pescadores e coletores em uma vila amazônica. Belém, PA: MPEG,
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SOMDA, Z. C.; POWELL, J. M.; BATIONO, A. Soil pH and nitrogen changes following cattle and sheep urine
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1. INTRODUÇÃO
Na América Latina, houve um retrocesso nos volumes de produção de mandioca,
principalmente após a década de 1970, quando a participação passou de 30% para apenas
15% sobre o total mundial. Sem dúvida, o principal responsável por essa redução da América
Latina foi o Brasil que, após produzir 30 milhões de toneladas, contabilizou apenas 25
milhões durante as últimas safras (PARANÁ, 2013). Atualmente o Brasil é apenas o quarto
maior produtor mundial de mandioca, com uma produção estimada para 2014 de 23,4
milhões de toneladas, com rendimento médio de 14,7 t ha-1. A região Norte, principal
produtora do País, tem uma estimativa de produção de 7,4 milhões de toneladas, tendo o
Pará como o maior produtor nacional, com 6,3 milhões de toneladas e produtividade média
de 15,7 t ha-1, participando com 85,1% da produção da região Norte e 26,9% da produção
nacional (IBGE, 2014).
Antigamente a mandioca era conhecida como uma cultura tipicamente da agricultura
familiar ou de subsistência de pequenos produtores. Contudo, a partir da década de 90 esse
cenário mudou consideravelmente, tanto na produção como na indústria da mandioca, em
várias regiões do País, principalmente no Centro-Sul, onde a mecanização do plantio, da
colheita e do processamento da mandioca se tornaram realidades, favorecendo o produtor
(ROYO, 2010).
Nos últimos anos, o Brasil avançou consideravelmente nas pesquisas, tanto agrícola
como industrial, fabricando máquinas para plantio e para colheita mecanizada, esta última
sendo considerada, até pouco tempo atrás, como um dos principais pontos de
estrangulamento para o plantio em larga escala dessa cultura (PARANÁ, 2013), pela falta de
mão de obra para colheita.
Em passado recente, o agricultor tinha que preparar, manualmente, o material de
plantio, cortando as hastes do caule em pequenos pedaços de aproximadamente 15 cm a 20
cm de tamanho, chamados de estacas. Também tinha que abrir covas ou sucos
manualmente, plantar essas estacas, adubar e cobrir. Atualmente o plantio e a colheita de
grandes áreas são feitos de maneira quase completamente mecanizada, com todas essas
98__Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”
_17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA
tarefas sendo feitas de uma só vez, com uso de máquinas apropriadas, desenhadas para esse
fim. Essas máquinas facilitam muito os trabalhos, diminuem o sacrifício do produtor,
garantem um plantio bem feito, aumentam a produtividade e diminuem os custos de
produção, porém ainda são caras.
No comércio são encontrados diversos tipos de máquinas, desde as mais simples,
acopladas a um trator ou à tração animal, para plantar uma linha, bem como para plantar 2,
4 e 6 linhas, simultaneamente. Essas plantadeiras mecanizadas fazem, ao mesmo tempo, as
operações de sulcamento, adubação, corte, plantio e cobertura da maniva (MATTOS;
CARDOSO, 2003). Assim sendo, o plantio mecanizado da cultura da mandioca está se
difundindo cada vez mais no Brasil (FUKUDA; OTSUBO, 2003) e no mundo (FAO, 2013), onde
diversos produtores vêm acompanhado a evolução desta tecnologia, considerando suas
vantagens e benefícios, destacando-se: a) rapidez no plantio e economia de tempo; b)
redução dos custos; c) uniformidade e qualidade do plantio; d) aumento de produtividade e
competitividade; e) uniformidade na distribuição das estacas e na dosagem de fertilizantes.
Diante desses fatos, fica evidente que a mandioca continua podendo ser plantada
manualmente e com pequenas máquinas por produtores da agricultura familiar, mas se o
objetivo é plantar em larga escala, para fins industriais, não há como dispensar o uso de
máquinas apropriadas, tanto para o plantio como para a colheita, desenhadas com
dimensões adequadas para o tamanho do empreendimento.
2. PREPARO DE ÁREA
Uma das etapas mais importantes do plantio da mandioca é o preparo da área, para se
obter o máximo desempenho da máquina plantadeira, um bom stand e elevado rendimento de
raízes.
O preparo do solo visa melhorar as suas condições físicas, tais como aeração, infiltração
e armazenamento de água, o que facilita a brotação das manivas, o crescimento das raízes e
das partes vegetativas em razão, principalmente, da redução da resistência do solo ao
crescimento radicular. O preparo adequado do solo permite, ainda, o uso mais eficiente da
calagem, da adubação e de outras práticas agronômicas, melhorando o desenvolvimento e o
desempenho produtivo das culturas.
Em caso de áreas onde seja feito o desmatamento, quando for fazer a destoca deve-se
movimentar o mínimo possível a camada superficial, a fim de evitar a desestruturação do solo e
Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”_99
17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA_
3.4. Plantio
A operação de plantio pode iniciar de 2 a 3 dias após a última gradagem ou até 10 a 15
dias após, quando o solo ainda se encontra solto, o que facilita o plantio com a máquina
plantadeira. Esse repouso de 10 a 15 dias após a gradagem niveladora é tempo suficiente para
que a maior parte das plantas daninhas, do banco de sementes do solo, germine ficando em
condições de ser controlada por meios químicos ou mecânicos (MATTOS; CARDOSO, 2003).
O espaçamento varia em função do hábito de crescimento das cultivares e do arranjo
das linhas de plantio, se em fileiras simples ou em fileiras duplas. No Nordeste do Pará os
plantios totalmente mecanizados vêm sendo feitos em fileiras duplas, com o cálculo da
Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”_101
17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA_
Para cultivares de porte ereto (por exemplo, Manivão, Jurará-creme, Poty, etc.), o
espaçamento utilizado é de 1,30 m (entre fileiras duplas) x 0,70 m (entre linhas) x 0,65 m (entre
plantas), com uma densidade de plantio total de 15.384 plantas ha-1 e 13.076 plantas úteis,
considerando-se uma viabilidade das manivas-semente (estacas) de 85%. Utilizando-se essas
mesmas cultivares de porte ereto (Manivão, Jurará-creme, Poty, etc.), mas com espaçamento
de 1,20 m x 0,70 m x 0,65 m, ter-se-ia uma densidade de plantio total de 16.194 planta ha-1 e
13.765 plantas úteis, considerando-se uma viabilidade das manivas-semente (estacas) de 85%.
Com base nessas densidades de plantio e dependendo das condições climáticas, do
nível de adubação e do controle de plantas daninhas, é esperada uma produtividade média de
raízes-tubérculo variando de 2,0 kg a 2,5 kg planta-1, ou seja, de 26,2 t ha-1 a 34,4 t ha-1, em
plantios com 12 a 14 meses de idade.
Para cultivares de hábito de crescimento enramador (por ex: Inha, Chico-vara, Mary,
Pacajá, Pecuí, Maranhense, Jabuti, Chapéu-de-sol, Branquinha, etc.) o espaçamento utilizado,
com plantios em fileiras duplas é de 1,70 m (entre fileiras duplas) x 0,70 m (entre linhas) x 0,65
m (entre plantas), com uma densidade de plantio total de 12.282 plantas ha-1 e 10.897 plantas
úteis, considerando-se uma viabilidade das manivas-semente (estacas) de 85%.
Neste caso, embora a densidade de plantio seja mais baixa, a produtividade média
esperada por planta, em condições adequadas de manejo da cultura, é de 3 kg a 4 kg planta-1, o
que proporcionaria um rendimento médio aproximado de raízes de 30 t a 40 t ha-1, em plantios
com 14 a 18 meses de idade.
O rendimento médio de plantio de uma plantadeira mecanizada de mandioca, com
duas linhas é de 0,5 ha hora-1, com uso de material ereto, podendo ser feito o plantio de dia e
de noite, bastando trocar as equipes operadoras.
102__Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”
_17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA
dos produtores que usam esse sistema não faz todas as capinas necessárias, havendo a
infestação das roças por plantas daninhas e contribuindo para baixar a produtividade de
raízes.
Esse sistema (derruba-e-queima), além de normalmente apresentar baixa
produtividade, ainda apresenta outras limitações (CRAVO et al., 2005a), tais como: a) ser
possível somente em pequenas áreas (até 3 ha ou menos); b) não permitir o cultivo
contínuo na mesma área, por causa do esgotamento das reservas nutricionais do solo no
primeiro cultivo, havendo necessidade de derrubada de nova área de floresta a cada ano; c)
uso do fogo, que causa fortes impactos ambientais, até mesmo com emissão de gases de
efeito estufa.
Tomando-se como base esses coeficientes, produtividades obtidas e custos de
produção, em ambos os sistemas de cultivo, considera-se como da mais alta prioridade para
a pesquisa, a busca de meios para diminuir esses custos ou aumentar a produtividade da
cultura, a fim de tornar essa atividade do agronegócio mais atrativa e rentável.
quando a densidade foi de 20 plantas por metro linear, tanto em monocultivo como em
consórcio com a mandioca.
Para as condições da região Sudeste do Brasil uma escolha interessante para o
consórcio com a mandioca, conforme Soares et al. (2011) pode ser a cultura do amendoim
(Arachis hypogaea L.), pois embora haja um pequeno decréscimo na produtividade, quando
consorciada, essa cultura apresenta ciclo curto, rusticidade e é de fácil comercialização na
região.
que traga um melhor retorno econômico, gerando mais emprego e sendo menos danoso ao
ambiente, aproveitando áreas já alteradas.
Diversos testes de uso desse sistema na região mostram resultados extraordinários, em
termos de melhoria da fertilidade do solo, após a “adubação de fundação” (Tabela 3) e da
produtividade das culturas de arroz, milho, feijão-caupi e mandioca (Tabela 4), o que
demonstra a viabilidade de uso do sistema na região e a possibilidade de reintegração de
áreas já alteradas ao processo produtivo, com baixo impacto ambiental (CRAVO et al., 2008).
Vale ressaltar que a produtividade média de arroz e milho no sistema de derruba-e-queima
na região gira em torno de 500 kg ha-1, a de feijão-caupi 800 kg ha-1 e da mandioca 12 t ha-1.
Assim, o aumento da produtividade de arroz foi de 430%, a do feijão-caupi foi de 28,75%, a
do milho foi de 537,4% e a da mandioca foi de 226,7%, o que qualifica o Sistema Bragantino
como de alta viabilidade agronômica e econômica.
Tabela 3. Características químicas médias dos solos das áreas onde foram implantadas as unidades
demonstrativas do Sistema Bragantino, antes e depois da “adubação de fundação”.
Época de pH P K Ca Mg Al m
Amostragem (H2O) mg dm-3 cmolc dm-3 (%)
Antes 4,6 3 29 0,8 0,4 0,7 35
Depois 6,1 44 32 2,2 0,8 0,1 3
Fonte: Cravo et al. (2008).
Além dos aumentos verificados nas produtividades das culturas individuais, deve-se
considerar que, na maioria dos casos, foram feitos cultivos de três culturas por ano na
mesma área (Tabela 4), havendo a produção de feijão-caupi, milho e mandioca, sem,
entretanto, aumentar a área de plantio. Neste caso, os esforços físicos e dispêndios
financeiros do produtor para o preparo da área foram únicos para as três culturas (CRAVO et
al., 2008).
Estudo da viabilidade econômica desse sistema (NICOLI et al., 2006) mostrou que o
Sistema Bragantino apresentou vantagens econômicas, sociais e ambientais e que, em
termos comparativos com os sistemas de produção de feijão-caupi e mandioca em
monocultivo, o Sistema Bragantino alcançou uma rentabilidade bastante superior, na
agricultura familiar e na agricultura empresarial. Isto foi possível graças à redução do custo
em algumas atividades, como o preparo de área, e à obtenção de maior produtividade na
cultura da mandioca, associada à receita gerada também com o feijão-caupi. Aliado a isso,
Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”_109
17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA_
Tabela 4. Produtividade média de arroz, feijão-caupi, milho e mandioca, em diversos municípios do Nordeste do
Estado do Pará, utilizando as técnicas do Sistema Bragantino, 2008.
Município Arroz Feijão-caupi Milho Mandioca(1)
kg ha-1 t ha-1
Mãe do Rio - 800 2.000 78,7
Santa Maria do Pará 2.300 1.120 3.270 34,4
Augusto Corrêa - 980 - 26,3(2)
Castanhal - - 2.650 24,7(3)
Bragança - 1.000 - 42,4
Terra alta - 925 3.175 42,0
Tracuateua - 1 - 1.186 - 32,0
Vigia - 1.027 4.840 34,5
Tracuateua - 2 - 1.200 - 37,5
(4) (4)
Tomé-Açu 3.000 -
Média 2.650 1.030 3.187 39,2
(1) -1
produtividade média do Estado do Pará = 12 t ha ; produtividade de mandioca obtida = 3,27 vezes a do
Estado do Pará.
(2)
mandioca colhida aos 10 meses, ainda imatura.
(3)
mandioca mansa ou de mesa (macaxeira), colhida aos 8 meses de idade.
(4)
o feijão-caupi e a mandioca ainda se encontravam no campo em Tomé-Açu, na época de avaliação.
Fonte: Cravo et al. (2008)
6.3. Permite o cultivo de até três culturas diferentes por ano, na mesma área, ao invés de
uma, diminuindo os riscos da atividade agrícola.
Essa afirmativa pode ser constatada observando-se os dados da Tabela 4, onde, nas
rotações e consórcios, foram plantados, na maioria dos casos, o arroz ou milho, o feijão-
caupi e a mandioca. Com isso, os riscos da atividade agrícola são diminuídos, uma vez que se
uma cultura não produz bem ou ocorre um ataque inesperado de pragas, ou ainda, se o
preço do produto “cai” no mercado, as outras culturas poderão cobrir os prejuízos e, até
mesmo, pagar todo o financiamento bancário.
Uma vez que, a partir do segundo cultivo do consórcio e rotação de culturas, adota-
se a prática do plantio direto, elimina-se a necessidade de mecanização da área e seus
custos para o próximo plantio. No entanto, com o controle de plantas daninhas, antes do
plantio de feijão-caupi, não haverá necessidade de capinas durante o ciclo da cultura,
contribuindo, também, para a diminuição dos custos de produção.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
8. REFERÊNCIAS
CRAVO, M. S.; CARDOSO, E. M. R.; BOTELHO, S. M. Mandioca. In: CRAVO, M. S.; VIÉGAS, I. J. M.; BRASIL, E. C.
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sustentável para a Amazônia. Belém, PA: Embrapa Amazônia Oriental, 2005a. 93 p. (Embrapa Amazônia
Oriental. Documentos, 218).
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produção de alimentos em áreas degradadas na Amazônia. Amazônia: Ciência & Desenvolvimento, Belém, PA,
v. 4, n. 7, p. 221-239, jul./dez. 2008.
114__Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”
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no Nordeste do Estado do Pará. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 30., Recife, 2005. Resumos
Expandidos... Recife, 2005b.
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raízes de mandioca consorciada com milho e caupi em sistema orgânico. Bragantia, Campinas, v. 68, n. 1, p.
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2013. (Informe de Política). Disponível em: http://www.fao.org/ag/save-and-Grow/cassava/pdf/FAO-
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FUKUDA, C.; OTSUBO, A. K. Cultivo da mandioca na região centro sul do Brasil. Cruz das Almas: Embrapa
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de safras agrícolas. Rio de Janeiro, 2014. 89 p.. Disponível em:
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Recife, 1982.
Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”_115
17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA_
INTRODUÇÃO
As doenças estão entre as principais causas da queda de produção e de
produtividade da cultura da mandioca, sendo as podridões radiculares as responsáveis pelas
maiores perdas no Estado do Pará. Outras doenças de etiologia fúngica, bacteriana e viral
ocorrem em menor escala, mas também podem levar a perdas consideráveis de produção.
Assim, serão apresentadas as principais doenças observadas na cultura da mandioca,
com ênfase para o Estado do Pará, e opções de manejo para seu controle e prevenção.
PODRIDÃO RADICULAR
A podridão radicular é um dos fatores limitantes da produção de mandioca nas
principais áreas produtoras da região Norte, em especial para os estados do Pará, Amazonas
e Amapá. Estima-se que, na região Amazônica, as perdas chegam a mais de 50% na várzea,
podendo atingir acima de 30% em plantios de terra firme. Em alguns casos, tem-se
observado prejuízo total, principalmente em plantios conduzidos em solos com má
drenagem da água da chuva, sujeitos a constantes encharcamentos.
A sintomatologia observada nas raízes permite distinguir dois grupos de podridões: a)
podridão-mole; b) podridão-seca.
a) podridão-mole
2), que são sintomas reflexos do apodrecimento das raízes, geralmente podem ser
observados a partir de 2 ou 3 meses de intensa ocorrência de chuvas. Costumam levar a
perdas superiores a 50% da produção, não sendo rara a perda total da área a ser colhida,
quando o plantio é feito com cultivares muito suscetíveis.
Figura 1. Raízes de mandioca apresentando total desintegração dos tecidos de reserva, sintoma característico
da podridão-mole. Foto: Célia R. Tremacoldi.
Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”_117
17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA_
Figura 2. Amarelecimento e murcha das folhas de mandioca em decorrência do apodrecimento das raízes.
Foto: Célia R. Tremacoldi.
b) podridão-seca
Espécies de Fusarium, Scytalidium, Lasiodiplodia e Diplodia são os principais agentes
etiológicos da podridão-seca nos plantios paraenses, a qual se caracteriza pela ocorrência de
áreas necróticas secas e/ou pontuações enegrecidas nos tecidos internos das raízes (Figura
3) e também na casca. Este tipo de podridão costuma ser notado em áreas menos sujeitas
ao encharcamento, durante os meses do verão amazônico, com menor precipitação, mas
também pode ser observada nos meses de maior intensidade pluviométrica, sendo os
sintomas observados na parte aérea muito semelhantes àqueles decorrentes da podridão-
mole das raízes. Apenas a observação dos sintomas nas raízes é que permite a diferenciação
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_17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA
entre os tipos de podridão. Em relação a perdas da produção, estas costumam ser menores
para a podridão-seca, quando comparada à podridão-mole, mas em alguns plantios há perda
quase total das raízes, se as cultivares plantadas forem muito suscetíveis aos patógenos.
Figura 3. Raiz de mandioca apresentando área necrótica seca, com aspecto de carvão, característica da
podridão-seca. Foto: Célia R. Tremacoldi.
Medidas de controle
Quanto às medidas de controle, envolvem a integração do uso de cultivares
resistentes e/ou tolerantes com práticas culturais adequadas, como o plantio sobre leiras
para se evitar o acúmulo de água junto às plantas, adubação adequada, não ferir as raízes
durante capinas e, também, a rotação de culturas com milho, arroz, feijão, entre outras. As
cultivares BRS-Poti, Maranhense e Kiriris têm apresentado boa resistência ou tolerância,
tanto à podridão-mole quanto à seca, dependendo das condições ambientais e dos tratos
culturais a que estão sujeitos os plantios.
A Embrapa Amazônia Oriental vem desenvolvendo pesquisas para avaliação das
cultivares de seu Banco Ativo de Germoplasma (BAG) quanto à resistência às podridões
radiculares. Das 500 cultivares existentes, 295 já foram testadas via inoculação de Pythium
sp. (isolado de plantas sintomáticas da região Nordeste Paraense) nas raízes e observadas
quanto à ocorrência de podridão-seca também, em casa de vegetação e, destas, 19
cultivares mostraram-se resistentes aos dois tipos de podridão ou, pelo menos, a um dos
tipos (Figura 4 – A, B, C). Esses materiais genéticos promissores, selecionados nos testes de
Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”_119
17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA_
Figura 4. Avaliação de cultivares do Banco Ativo de Germoplasma da Embrapa Amazônia Oriental quanto à
resistência à podridão das raízes, por meio de inoculação com Pythium sp. em casa de vegetação. A, B, C –
Raízes de três cultivares que foram resistentes à inoculação com o patógeno; D, E – Raízes de duas cultivares
que foram suscetíveis. Foto: Célia R. Tremacoldi.
120__Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”
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ANTRACNOSE
No Brasil, a doença está presente em todas as regiões produtoras, podendo ocorrer
no final do ciclo da cultura ou logo no início do plantio. No Pará, observa-se baixa incidência
da doença, sem causar danos significativos.
O agente etiológico é o fungo Colletotrichum gloeosporioides Penz., também
patogênico a várias outras culturas agrícolas. Os sintomas aparecem na forma de cancros
elípticos e profundos nas hastes jovens e pecíolos. Em condições de alta umidade, nos
centros das lesões aparecem estruturas róseas, correspondentes à fase de reprodução do
patógeno. Ocorre a desfolha e os ponteiros morrem. O plantio de manivas contaminadas
pode resultar em falhas na germinação e redução do número de plantas por hectare (KIMATI
et al., 2005).
Medida de controle
Recomenda-se o plantio de manivas-semente sadias.
SUPERALONGAMENTO
O superalongamento, cujo agente etiológico é Sphaceloma manihoticola Bitanc. &
Jenkins, é uma das doenças de origem fúngica mais importantes da cultura da mandioca. No
Brasil, a sua ocorrência foi constada pela primeira vez em 1977, na região Norte, em
lavouras dos estados do Amazonas e Pará (TAKATSU; FUKUDA, 1977). Atualmente, a doença
encontra-se sob controle, não constituindo problema para a mandioca nos plantios
paraenses.
Os principais sintomas da doença são o alongamento exagerado das hastes tenras ou
em desenvolvimento, provocado pelo ácido giberélico induzido pelo fungo, formando ramas
finas com longos entrenós. Em casos severos, as plantas afetadas podem ser identificadas
pelas lesões típicas de verrugoses nas hastes, pecíolos e nervuras; também é comum
observar retorcimento das folhas, desfolhamento e morte dos tecidos. Durante a estação
chuvosa, a disseminação da doença é bastante rápida, pois os esporos são facilmente
transportados a longa distância pela ação do vento e da água. O estabelecimento da doença
em uma área anteriormente livre ocorre, principalmente, por meio de manivas-semente
contaminadas.
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Medidas de controle
A principal medida para o controle do superalongamento é a seleção de manivas-
semente sadias para o plantio, de preferência oriundas de cultivares resistentes ou
tolerantes. A rotação de culturas é outra boa técnica a ser adotada, em áreas onde a doença
já ocorre.
FERRUGEM
A ferrugem da mandioca é muito comum em áreas de clima frio e em regiões de
altitude elevada na Colômbia, mas também ocorre em áreas de clima tropical do Brasil,
como o Estado da Bahia. O agente etiológico é o fungo Uromyces manihotis Henn. No Pará, a
doença foi relatada pela primeira vez em 2011 (SIVIERO; TREMACOLDI, 2011), pela presença
de pústulas de ferrugem em folhas, pecíolos e ramos de brotações novas em plantas adultas,
nos municípios de Acará e Barcarena, importantes produtores de mandioca. No entanto,
plantas sintomáticas são encontradas em pequeno número, em alguns plantios do Nordeste
Paraense, não representando danos à cultura, até o momento.
Os sintomas caracterizam-se pela formação de pústulas (concentração de
uredósporos, que são esporos que causam a infecção) de coloração alaranjada a marrom, na
face inferior das folhas, principalmente as mais jovens, nos pecíolos, nos caules e frutos.
Tecidos infectados podem sofrer deformações e, eventualmente, podem ocorrer
amarelecimento e seca dos ponteiros (RODRIGUEZ et al., 2008).
Medidas de controle
O fungo causador da ferrugem sobrevive em plantas de mandioca deixadas na
propriedade, em plantios velhos, mantidos com a finalidade de obtenção de manivas-
semente para novos cultivos, mas esse material não deve ser utilizado pelo produtor. O
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controle das ferrugens é normalmente obtido por meio de cultivares resistentes, mas, como
no caso da mandioca ainda não se trata de doença responsável por perdas expressivas na
maioria dos cultivos brasileiros, não há essas cultivares disponíveis.
BACTERIOSE
A bacteriose, causada por Xanthomonas axonopodis pv. manihotis, é uma das
principais doenças da mandioca em várias regiões do País. A doença foi relatada pela
primeira vez em 1912, no Estado de São Paulo e, atualmente, pode ser encontrada em quase
todo o território nacional. Além do Brasil, a bacteriose tem sido relatada causando surtos
epidêmicos em outros países da América do Sul, América Central, África e Ásia (KIMATI et al.,
2005). Os sintomas caracterizam-se por manchas angulares nos folíolos, de cor de palha na
face superior e azulada na face inferior, de aparência aquosa (Figura 5), murcha das folhas e
pecíolos, morte descendente e exsudação de goma nas hastes, além de necrose dos feixes
vasculares e morte da planta. Os prejuízos causados pela bacteriose variam com as
condições climáticas, suscetibilidade ou tolerância dos genótipos, práticas culturais
empregadas, épocas de plantio e nível de contaminação do material de plantio. Quanto às
condições climáticas, a variação brusca de temperatura entre o período diurno e noturno é o
fator mais importante para a manifestação severa da doença. Considera-se a amplitude
diária de temperatura superior a 10 ºC, mantida por um período constante acima de 5 dias,
condição ideal para o pleno desenvolvimento da doença. No Pará, em razão da pequena
variação de temperaturas diurnas e noturnas, as condições ambientais são desfavoráveis
para que a doença se manifeste de forma severa. Até o momento, observa-se uma baixa
incidência da doença e apenas na forma de manchas angulares nas folhas, o que não leva a
perdas de produção em plantios paraenses.
Em geral, as perdas de produção podem ser estimadas em 30%, mas em cultivos
implantados com variedades suscetíveis e em locais com condições favoráveis para o
desenvolvimento da doença, os prejuízos podem ser totais. No entanto, em genótipos
tolerantes, mesmo com a ocorrência de condições favoráveis, as perdas de produção não
costumam ultrapassar os 30%.
Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”_123
17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA_
Medidas de controle
A utilização de cultivares resistentes é a medida mais eficiente para o controle da
bacteriose. Também contribuem as práticas culturais como a seleção de material
propagativo sadio e a adequação das épocas de plantio.
VIROSES
As viroses mais importantes para a cultura da mandioca no Brasil são o mosaico-das-
nervuras (Cassava vein mosaic virus), o mosaico-comum (Cassava common mosaic virus -
KITAJIMA et al., 1965) e a couro-de-sapo, que podem reduzir a produtividade da cultura.
Embora não sejam encontradas causando danos em plantios paraenses, as viroses são
consideradas como potencialmente importantes, pois se ocorrerem de maneira severa
podem levar à perda drástica de produção, estimada em 70%, ou até mesmo a perdas totais
em variedade suscetível.
Medidas de controle
REFERÊNCIAS
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Curso intensivo nacional de mandioca, 1986, Cruz das Almas.
KIMATI, H.; AMORIM, L.; REZENDE, J. A. M.; BERGAMIM FILHO, A.; CAMARGO, L. E. A. (Ed.). Manual de
Fitopatologia: Doenças das Plantas Cultivadas. 4. ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 2005. v. 2, 663 p.
KITAJIMA, E. W.; WETTER, C.; OLIVEIRA, A. R.; SILVA, D. M.; COSTA, A. S. Morfologia do vírus do mosaico
comum da mandioca. Bragantia, v. 24, n. 1, p. 247-260, maio 1965.
MEISSNER FILHO, P. E.; VELAME, K. V. C. O vírus do couro de sapo da mandioca. Infobibos, 2006. Disponível
em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2006_3/CouroSapo/index.htm>. Acesso em: 29 set. 2014.
RODRIGUEZ, M. A. D.; OLIVEIRA A. M. G.; DINIZ, M. S.; ALVES, A. C. C. Ferrugem da mandioca. Cruz das Almas:
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foco, 37).
ROSSMAN, A. Y.; PALM, M. E. Why are Phytophthora and other Oomycota not true Fungi? Pest Management,
v. 17, p. 217-219, 2006.
SIVIERO, A.; TREMACOLDI, C. R. Ocorrência da ferrugem da mandioca causada por Uromyces manihotis no
Estado do Pará. Tropical Plant Pathology, v. 36, p. 924, ago. 2011. Suplemento. 1 p. Edição dos resumos do 44º
Congresso Brasileiro de Fitopatologia, 2011, Bento Gonçalves. Resumo 1467.
MANDAROVÁ
O mandarová, Erinnys ello, é uma das pragas de maior importância para a cultura da
mandioca, não somente por sua ampla distribuição geográfica, como também por sua alta
capacidade de consumo foliar, especialmente nos últimos ínstares larvais (Figura 1). As
lagartas, que vivem de 12 a 15 dias e alimentam-se das folhas, podem causar severo
desfolhamento, o qual, durante os primeiros meses de cultivo, pode reduzir o rendimento e
até mesmo, ocasionar a morte de plantas jovens. É de ocorrência esporádica. Ataques da
praga são comuns nos mandiocais brasileiros, geralmente cíclicos, podendo não ocorrer em
alguns anos, sendo mais frequente em períodos chuvosos. A forma adulta do mandarová é
uma mariposa de cor acinzentada, de hábito noturno, capaz de voar a grandes distâncias
(AGUIAR et al., 2010; FARIAS; BELLOTTI, 2006; OLIVEIRA, 2009).
126__Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”
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Manejo: O manejo integrado utiliza diversas técnicas de controle (BELLOTTI et al., 1989;
FARIAS; BELLOTTI, 2006; OLIVEIRA, 2009):
- Controle cultural: É recomendado arar o terreno após a colheita, para eliminação de pupas
do inseto; a eliminação das plantas invasoras presentes na plantação principalmente as da
família da mandioca, as euforbiáceas, que servem de hospedeiras; e em caso de ataques
contínuos em uma região, é recomendado realizar a rotação de culturas.
- Controle físico: Com a utilização de armadilhas para a captura de adultos, o que permite
reduzir a população, prevenindo o agricultor contra ataques intensos. A contagem de
adultos com armadilha luminosa mostrou-se eficiente na identificação de revoadas de E. ello
Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”_127
17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA_
- Controle biológico: O mandarová tem uma série de inimigos naturais que são capazes de
exercer um bom controle, seja com parasitoides ou com predadores de ovos e larvas. O
inseticida biológico seletivo à base de Bacillus thuringiensis tem mostrado grande eficiência
no controle do mandarová, principalmente quando aplicado em lagartas jovens. O controle
também pode ser feito pela aplicação de Baculovirus erinnyis, que é um vírus de ocorrência
natural que ataca as lagartas, ocasionando infecção generalizada nas larvas. Após inspeções,
no mínimo semanais, em plantios com até 5 meses, a aplicação do B. erinnyis deve ser feita
quando forem encontradas de cinco a sete lagartas pequenas por planta. O B. erinnyis pode
ser obtido pela maceração de lagartas infectadas na lavoura, as quais se apresentam
descoradas, com perda dos movimentos e da capacidade de se alimentar, encontrando-se
dependuradas nos pecíolos das folhas. Para o preparo da “calda”, utilizar apenas as lagartas
recém-mortas. As lagartas não usadas de imediato devem ser conservadas em congelador
ou freezer e descongeladas antes do preparo da calda. A dose para pulverizar 1 ha é obtida
usando-se: 8 lagartas grandes (7 cm a 9 cm de comprimento); 22 lagartas médias (4 cm a 6
cm); 30 lagartas pequenas (até 4 cm) ou 18 g de lagartas ou 20 mL de líquido (lagartas
esmagadas). Para o preparo da “calda”, proceder da seguinte forma: 1) esmagar bem as
lagartas infectadas, juntando um pouco de água para soltar o vírus; 2) coar tudo com um
pano limpo ou passar em peneira fina, para não entupir o bico do pulverizador; 3) misturar o
líquido coado numa quantidade de 200 L de água por hectare a ser pulverizado; 4) aplicar o
Baculovirus nas primeiras horas da manhã ou à tardinha. Deve-se levar em consideração que
as lagartas infectadas levam cerca de seis dias para morrer, porém a partir do quarto dia elas
deixam de se alimentar. A partir da utilização de armadilha luminosa, é possível o controle
das infestações de E. ello em grandes áreas, com a utilização do B. erinnyis (AGUIAR et al.,
2010).
ÁCAROS
Os ácaros são uma das pragas mais severas que atacam a cultura da mandioca.
Frequentemente atacam o cultivo durante a estação seca do ano, sendo encontrados em
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_17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA
grande número na face inferior das folhas. Os sintomas típicos do dano são pontuações e
manchas cloróticas, morte das gemas, algumas vezes deformações e queda das folhas, como
consequência ocorre redução da área foliar e taxa fotossintética, ocasionando prejuízos à
produção (FLECHTMANN, 1989; MORAES; FLECHTMANN, 2008).
Dentre as espécies de ácaros fitófagos associadas com a cultura da mandioca, as mais
comuns e causadoras de problemas pertencem aos gêneros Mononychellus, Tetranychus e
Oligonychus (BELLOTTI et al., 1983). Os ácaros mais importantes para a cultura da mandioca
no Brasil são o ácaro-verde (Mononychellus tanajoa) e o ácaro-rajado (Tetranychus urticae),
sendo a primeira espécie de maior importância, com a qual estudos têm sido realizados
visando seu controle (NORONHA, 2001).
O ácaro-verde Mononychellus tanajoa (Acari: Tetranychidae) é considerado uma das
principais pragas da cultura da mandioca. Esse ácaro é provavelmente nativo do Nordeste do
Brasil (BELLOTTI et al., 1999), descrito originalmente em 1938, a partir de espécimes
coletados em mandioca no Estado da Bahia, encontrando-se presente em várias regiões do
Brasil (ALBUQUERQUE; CARDOSO 1980; FLECHTMANN, 1989), sendo de ocorrência comum
na região Nordeste. É encontrado na superfície inferior das folhas de mandioca,
alimentando-se do conteúdo celular, através da introdução do estilete no interior das células
(MORAES; FLECHTMANN, 2008).
Os sintomas do ataque do ácaro-verde são mais evidentes na região apical, nos
brotos, gemas e folhas novas. Os danos causados pelo ácaro iniciam com pequenas
pontuações amareladas que afetam a formação das folhas, as quais se tornam reduzidas em
plantas severamente atacadas, apresentando-se deformadas; com o encurtamento dos
entrenós, as hastes tornam-se ásperas e de cor marrom, podendo haver o desfolhamento e
morte do ápice dos ramos com redução na produtividade, além de afetar a quantidade e
qualidade de material para plantio (Figuras 2 e 3) (MORAES; FLECHTMANN, 2008;
NORONHA, 2001).
Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”_129
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Figura 2. Ataque de ácaro-verde com folhas deformadas e apresentando pontuações amareladas. Belém, PA.
Figura 3. Ataque de ácaro-verde com encurtamento dos entrenós e hastes ásperas e de cor marrom. Ilha de
Marajó, PA.
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- Controle biológico: Os inimigos naturais dos ácaros fitófagos que ocorrem na cultura da
mandioca agrupam os patógenos e predadores. Estudos têm sido conduzidos com o fungo
Neozygites manihotae, encontrado em associação com o ácaro-verde (DELALIBERA JUNIOR
et al., 2004). Entre os artrópodes predadores temos os ácaros e insetos. Os ácaros
predadores da família Phytoseiidae, conhecidos como fitoseídeos, são considerados
primordiais no controle da população da praga e tidos como mais eficientes que os insetos
predadores, por seu baixo requerimento alimentar (MORAES, 1991). Um dos programas de
controle biológico bem sucedido é o controle do ácaro-verde M. tanajoa na África com a
introdução de ácaros fitoseídeos (MORAES; FLECHTMANN, 2008).
132__Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”
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MOSCA-BRANCA
- A pulverização das plantas atacadas com detergente neutro adicionado ao óleo vegetal,
ambos a 1% de concentração, dirigindo o jato para a porção inferior das folhas e repetindo a
operação em intervalos de 5 dias, até minimizar a presença de adultos/ninfas.
CUPINS
Manejo: Recomenda-se a manutenção das áreas limpas com eliminação dos restos culturais
(BELLOTTI; SCHOONHOVEN, 1978).
FORMIGAS
As formigas (Atta spp. e Acromyrmex spp.) podem desfolhar rapidamente as plantas
quando ocorrem em populações altas e/ou não controladas. Fazem um corte semicircular na
folha, podendo também atingir as gemas quando os ataques são severos. Os formigueiros
podem ser distinguidos facilmente no campo, pelos montículos de terra que são formados
em volta do orifício de entrada. Em geral, os ataques ocorrem durante os primeiros meses
de desenvolvimento da cultura. Sabe-se que a acumulação de carboidratos nas raízes
depende da atividade fotossintética que ocorre no sistema foliar e, assim, qualquer distúrbio
nessa parte da planta pode prejudicar a quantidade de substâncias amiláceas elaboradas
(BELLOTTI et al., 1983; FARIAS; BELLOTTI, 2006).
Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”_135
17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA_
Manejo: Deve-se efetuar o controle logo que se observem plantas com folhas e pecíolos
cortados. O formicida a ser utilizado vai depender das condições climáticas: Os insetos
podem ser destruídos dentro do ninho, por meio de fumigação, feita nas épocas chuvosas.
Em épocas secas, o uso de isca granulada colocada ao longo dos caminhos deixados pelas
formigas é uma boa medida de controle (MATOS; CARDOSO, 2003).
A utilização de manipueira (subproduto da industrialização da mandioca) no controle de
formigas cortadeiras foi testada na cultura da mandioca (FARIAS et al., 2007). O
procedimento para a utilização da manipueira consta de: limpeza da área externa de cada
formigueiro; depósito de 3 L do produto no olheiro principal; vedação do olheiro principal e
dos demais olheiros do formigueiro para evitar a fuga das formigas.
BROCAS-DO-CAULE
As brocas-do-caule ou brocas-da-haste causam danos esporádicos ou localizados. As
fêmeas da broca ovipositam em várias partes da planta. As larvas, com coloração branca,
amarela ou marrom-clara, penetram na haste, fazem túneis e debilitam a planta (Figura 6).
Assim, a presença no plantio tem como aspecto os excrementos ou exsudatos deixados
junto à base da planta ou próximo aos orifícios nas ramas (Figura 7). As hastes podem secar
e se partir, ocorrendo redução na qualidade e quantidade do material de propagação
(manivas-semente). Nos períodos secos, as plantas atacadas podem perder as folhas e secar
(FARIAS; BELLOTTI, 2006). No Brasil, as espécies mais comuns pertencem à ordem
Coleoptera. A presença de coleobrocas em genótipos de mandioca foi observada na coleção
de M. esculenta da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém, PA, com o registro das espécies
Pappista granicollis (Curculionidae) e Anisopodus lignicola (Cerambycidae) (NORONHA et al.,
2013; OLIVEIRA et al., 2014).
Figura 7. Excrementos de broca-do-caule próximo aos orifícios na haste de mandioca. Igarapé-Açu, PA.
Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”_137
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INTRODUÇÃO
diferença entre a receita operacional e o custo variável, dividindo-se pela receita operacional
em percentagem, que é quantia que irá garantir a cobertura do custo fixo e do lucro, após a
empresa ter atingido o ponto de equilíbrio. Lucratividade indica o percentual de ganho
obtido sobre as vendas realizadas e taxa interna de retorno (TIR) valor que aplicado a um
fluxo de caixa, faz com que os valores das despesas, trazidos ao valor presente, seja igual aos
valores dos retornos dos investimentos, também trazidos ao valor presente e foi obtida pela
razão entre o lucro líquido e o investimento inicial em percentagem. A TIR expressa em
meses significa o tempo necessário para retorno do investimento inicial, obtido pela divisão
entre investimento inicial e o lucro líquido (MARTINS, 2003).
Figura 1. Farinheira de porte médio produtora de farinha seca e farinha d’água no Município de Castanhal, PA,
2014. Foto: Moisés Modesto.
Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”_143
17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA_
tipo 1. A comercialização é feita de modo coletivo com mais agricultores, que entregam o
produto a um produtor de farinha de mesa com maior capacidade de produção, o qual se
incumbe de colocar no mercado o produto embalado em pacotes de 1 kg com código de
barra e logomarca.
Os custos operacionais médios mensais da agroindústria de farinha de mesa são
descritos na Tabela 1. O lucro líquido mensal ficou na ordem de R$ 1.628,55 e a margem de
contribuição se estabilizou em R$ 2.781,00, que representa quanto a empresa dispõe para
pagar as despesas fixas e gerar o lucro líquido.
Considerando o preço de venda do saco da farinha em junho de 2014 em R$ 85,00,
o ponto de equilíbrio foi de 267,18, que corresponde à quantidade mínima de sacos de
farinha que o empreendedor deve comercializar por mês para cobrir as despesas fixas e
variáveis. Com esta receita, o retorno do investimento ocorre em 23,45 meses, considerando
a taxa 4,27.
Figura 5. Fluxograma de fabricação de farinha de tapioca feita pela agroindústria familiar do Distrito de
Americano, em Santa Isabel do Pará, 2014.
Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”_149
17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA_
Figura 6. Betoneira elétrica de aço inox sem as aletas de turbilhonamento utilizada para encaroçamento da
massa, 2014. Foto: Moisés Modesto.
Figura 7. Forno mecânico utilizado para torragem e espocamento da farinha de tapioca, 2014. Foto: Moisés
Modesto.
150__Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”
_17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”_153
17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA_
INTRODUÇÃO
e 1,4 kg para o Centro-Oeste. Essa pesquisa mostra que a soma do consumo das regiões
Norte e Nordeste corresponde a 92% do consumo nacional (Figura1).
Figura 1. Estimativa da participação das regiões no consumo total de farinha de mandioca para a alimentação
humana. Fonte: IBGE (2009).
Prédio
A agroindústria de processamento da mandioca deverá ter muito bem definida suas
divisões de acordo com a escala de produção e o processo de fabricação, mantendo espaço
adequado entre os equipamentos para facilitar o trânsito da equipe de trabalho.
Área de recepção
Destina-se ao recebimento das raízes de mandioca, onde é procedido seu
descascamento e lavagem para ser encaminhada à área de processamento. Recomenda-se
que seja pavimentada e revestida, assim como o tanque de lavagem.
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Área de processamento
Nesta área a mandioca é triturada, prensada, torrada, classificada, pesada e
embalada. É também nesta área, que se obtêm os subprodutos.
Instalações sanitárias
Em número suficiente para ambos os sexos, devidamente isolados dos
compartimentos de manipulação dos produtos, de acordo com legislação específica.
Higiene do estabelecimento
Como toda indústria alimentícia, tanto as instalações quanto equipamentos devem
ser devidamente higienizados antes, durante e após a jornada de trabalho.
Higiene pessoal
Todo pessoal deverá trajar uniforme do tipo avental, touca para prender o cabelo,
luvas, botas de borracha branca, máscara para nariz e boca, entre outros, conforme a
legislação específica, bem como, manter a máxima higiene pessoal possível.
Descascamento
Lavagem
Trituração
Prensagem
Esfarelamento
Cozimento
Uniformização
Torração
Esfriamento
Classificação granulométrica
Empacotamento
Colheita
A mandioca pode ser colhida com 1 ou 2 ciclos de cultivo (Figura 3, 4 e 5). O
pedúnculo, ou pequenos caules remanescentes, deve ser eliminado, pois sua presença
dificulta o descascamento e aumenta o teor de fibra no produto final.
O transporte deve ser feito no período máximo de 24 horas após a colheita, após esse
período, já começam a ocorrer os ataques de microrganismos e patógenos, principalmente
fungos.
Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”_159
17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA_
Descascamento
O descascamento das raízes pode ser feito mecanicamente, por um equipamento
chamado de lavador-descascador (Figura 6), que possibilita simultaneamente a lavagem com
fluxo contínuo de água e o descascamento das raízes. Se o descascamento for manual, deve
ser feito, preferencialmente, com o raspador ou faca de aço inox (Figura 7).
Figura 6. Descascamento mecanizado. Foto: Rosival Figura 7. Descascamento manual. Foto: Rosival
Possidonio. Possidonio.
Nesta etapa, os cuidados com a higiene são fundamentais para que as bactérias não
iniciem seu processo de proliferação. As cascas devem ser eliminadas da área de trabalho
para evitar o aparecimento de insetos indesejáveis.
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Figuras 8 e 9. Cascas de raízes de mandioca secas ao sol prontas para Alimentação animal. Fotos: Rosival
Possidonio.
Lavagem
Concluído o descascamento manual, é necessário fazer uma lavagem para remoção
de cascas ou impurezas remanescentes. Após a lavagem, as raízes limpas devem ser imersas
em solução 0,5% de água clorada, o que dificultará o surgimento de bactérias e fungos
contaminantes (Figura 10).
Figura 10. Lavagem das raízes de mandioca imersas numa solução de 0,5% de água clorada. Fotos: Rosival
Possidonio.
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Trituração/Ralação
Esta etapa consiste na transformação das raízes em massa. As raízes limpas devem ser
levadas para o triturador (Figura 11 e 12), constituído por cilindros providos de lâminas
serrilhadas, fixadas paralelamente entre si.
Prensagem
A prensagem tem a função de comprimir a massa e reduzir ao máximo sua umidade,
facilitando a mão de obra do torrador e diminuindo o tempo de duração do processo de
torragem. Existem vários tipos de prensas, sendo mais recomendadas as prensas de fuso e
hidráulica (Figuras 13, 14 e 15).
Figuras 13 e 14. Exemplos de prensas manuais; Figura 15. Exemplo de prensa hidráulica. Fotos: Rosival
Possidonio.
Nesta etapa ocorre a maior produção de manipueira, a qual deve ser drenada para
tanques com o objetivo do aproveitamento da fécula e do tucupi.
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Esfarelamento da massa.
Ao sair da prensa, a massa apresenta-se na forma de blocos compactos. Por isso,
antes do cozimento, deve-se efetuar o esfarelamento por processo manual (Figura 16) ou
mecânico (Figura 17).
Figura 16. Esfarelamento da massa manualmente; Figura 17. Esfarelamento mecânico. Fotos: Rosival
Possidonio.
Cozimento
O período de escaldamento dura em torno de 20 a 30 minutos, e consiste em ir
colocando gradativamente a massa triturada no forno previamente aquecido. O forneiro
com o auxílio de um rodo vai mexendo a massa até atingir o ponto ideal.
Para que se tenha uma farinha torrada é necessário que a massa passe pelo processo
de cozimento, do contrário ela não torra e sim seca ao forno. O sabor e textura dependem
diretamente do grau de escaldamento.
Durante este processo, acontece a formação de grumos por causa da fécula. Por isso,
esta etapa tem a finalidade de dar uniformidade à granulometria da farinha. A malha da
peneira será determinada pelo tamanho dos grãos que se quer obter (Figuras 18 e 19).
Figuras 18 e 19. Peneiramento mecânico e peneiramento manual da massa escaldada. Fotos: Rosival
Possidonio.
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Torração
A massa esfarelada deve ser levada ao forno até ficar bastante seca, apresentando
aspecto crocante. Na maioria das casas de farinha, essa operação é realizada em 40 minutos
(Figuras 20, 21 e 22).
(Fig.12).
Figura 20. Torração da farinha e forno mecânico; Figuras 21 e 22. Torração da farinha em forno manual. Fotos:
Rosival Possidonio.
Classificação
A farinha de mandioca é classificada com o objetivo de atender as exigências do
mercado consumidor e, por meio da oferta de produtos de melhor qualidade, obter maior
valor comercial.
A classificação da farinha obedece aos seguintes critérios: grupo, granulometria, classe e
tipo.
Grupo: seca, d’água e bijusada.
Tipo: 1, 2 e 3.
Embalagem
O uso da embalagem contribui para a conservação da qualidade da farinha e proteção
contra contaminação, dá maior durabilidade ao produto e atende à preferência do
consumidor, indicando qual é o tipo, a classe, a qualidade e a quantidade.
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São utilizados sacos de polipropileno com capa impermeável de proteção interna para
dar durabilidade e proteger a farinha de contaminações. Os pesos mais utilizados são de 30
kg, 50 kg e 60 kg. São feitas embalagens em sacos plásticos resistentes e transparentes com
1 kg ou 2 kg, que são acondicionados em sacos de polipropileno de 30 kg.
Armazenamento
É muito importante ter local adequado e protegido para armazenagem da farinha, usando
estrado de madeira, evitando, assim, o contato com solo e paredes (Figura 23).
Nota importante
Vários fatores de qualidade e ambientais estão envolvidos na produção da farinha,
devendo-se, antes da produção, obedecer às normativas ambientais e sanitárias da
legislação brasileira, sobretudo da Anvisa e do Mapa.
REFERÊNCIAS
IBGE. –LSPA: Levantamento Sistemático da Produção Agrícola: pesquisa mensal de previsão e
acompanhamento de safras agrícolas. Rio de Janeiro, 2014. 89 p. Disponível em:
ftp://ftp.ibge.gov.br/Producao_Agricola/Levantamento_Sistematico_da_Producao_Agricola_%5Bmensal%5D/F
asciculo/lspa_201401.pdf. Acesso em: 27 set. 2014.
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1. INTRODUÇÃO
Existe uma série de empresas nas regiões Norte e nordeste que fabricam linhas para
processamento de farinhas de mesa e fécula. O mesmo já não ocorre para os demais
produtos derivados, como farinha de tapioca, tucupi e maniva. Em ambos os casos, as linhas
são encomendadas a essas empresas ou confeccionadas pelos proprietários de acordo com
as suas condições financeiras e necessidades de produção. Observa-se nestes equipamentos
e utensílios que as peças que entram em contato com a matéria-prima são confeccionadas
em chapas de ferro carbono, ferro galvanizado ou madeira (CRUZ et al., 2005). Outro fator
limitante de alguns equipamentos é a sua dificuldade de operação no que diz respeito às
etapas de limpeza e sanificação, que são responsáveis por quase um terço do tempo de
produção de uma indústria alimentícia (ANDRADE; MACÊDO, 1996).
Recomenda-se a alteração das especificações dos materiais utilizados por outros mais
adequados. De uma maneira geral, uma alternativa de menor custo seria a adoção de
revestimentos e materiais poliméricos, como pinturas em epóxi ou substituição por
materiais de plásticos como tanques de PVC (cloreto de polivinila) ou PEAD (polietileno de
alta densidade) e PP (polipropileno), que permitem a ação de substâncias sanificantes. As
peças de madeira podem ser substituídas por peças de teflon ou náilon. Contudo, o aço
inoxidável é a melhor das opções, mas de custo mais elevado.
2.5. Microrganismos
Figura 1. Fluxograma adaptado de produção para farinhas seca e de tapioca, fécula, maniva e tucupi (CEREDA,
2005a, 2005b; CRUZ et al., 2005; FOLEGATTI et al., 2005).
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3) Ralação
As raízes limpas e descascadas são levadas a raladores, popularmente chamados de
caititus, que irão reduzir a mandioca a uma massa. Assim como foi relatado para os
descascadores contínuos, deve-se ter os mesmos cuidados de higiene com os raladores,
antes e após o seu uso. Ainda existem raladores confeccionados quase em sua totalidade em
madeira, o que deve ser evitado ao máximo.
A massa ralada deve ser recebida em um tanque de alvenaria e revestido, ou ainda
em carros de armazenagem com rodas, que são particularmente mais indicados, pois
facilitam o transporte de uma etapa a outra. É imprescindível que as superfícies de contato
dos materiais sejam lisas e sem porosidade, higienizáveis e sanificáveis.
Nesta etapa, normalmente é incorporado o corante para farinhas amarelas. É
necessário que seja feito o cálculo da quantidade de corante necessário para a quantidade
de massa a ser triturada, respeitando os limites máximos especificados, quando forem
utilizados corantes artificiais. O uso de corantes naturais também é possível, contudo,
pesquisas são necessárias para determinar as quantidades ideiais, características sensoriais e
de estabilidade.
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4) Prensagem
A massa ralada é extremamente úmida e este excesso de água é retirado na etapa de
prensagem. Existem vários equipamentos disponíveis no mercado para este fim, nos quais
há uma compressão da massa e o líquido retirado é chamado de manipueira. A manipueira é
rica em amido e é a partir de seu tratamento que será obtida a fécula (goma) e a farinha de
tapioca. A massa compactada segue para a obtenção de farinha seca.
Nesta etapa, é usual a utilização de sacas de ráfia (polipropileno trançado), que são,
muitas vezes, inapropriadamente reutilizadas. Para esta reutilização seria imprescindível
garantir a higienização e sanificação destas, bem como a secagem, entre os processamentos,
para evitar a proliferação de microrganismos e contaminação de uma batelada para a outra.
Isto pode ser feito a partir da lavagem em água corrente seguida da imersão em solução de
hipoclorito de sódio a 100 ppm, por 30 minutos. Esta solução pode ser utilizada para a
sanificação dos mais diferentes utensílios e equipamentos, mas não pode ser reaproveitada,
pois após o uso perde seu poder de ação.
5) Desintegração da massa
O uso de trituradores ou desintegradores visa desagregar o bloco compacto de massa de
mandioca que sai após prensagem. Essa etapa é também conhecida por esfarelamento da
massa e visa prepará-la para as etapas de escaldamento e torração. Deve-se ter os mesmos
cuidados de higiene com os desintegradores, antes e após o seu uso.
6) Secagem e Torração
Na produção da farinha de mandioca, o escaldamento e a torração tem os mesmos
objetivos, que são: eliminar água, dar sabor característico e desenvolver uma cor adequada.
Existem formas manuais e mecanizadas de revolver a massa nos fornos. Utensílios de
madeira, como pás, rodos e vassouras de palha (piassava), ainda são comuns nos produtores
artesanais, mas são materiais inadequados pois não permitem a constante higienização. Nos
sistemas mecanizados, algumas pás ainda são de madeira, recomendando-se também a
Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”_175
17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA_
mudança de tipo de material. Além de não serem higienizáveis podem incorporar resíduos
no produto.
É necessário que a farinha seca e torrada seja resfriada para evitar a aglomeração e o
emboloramento devido à alta temperatura em que sai do processo de torração. O
resfriamento pode ser realizado ao natural, com revolvimentos da farinha,
acondicionamento em depósitos próprios ou carros de armazenagem com rodas. A simples
retirada da farinha do forno de aquecimento para outro local já ajuda neste processo.
É comum verificar nas unidades produtoras resíduos de farinha nos torradores, de
processos anteriores. A limpeza e a higienização são recomendadas logo após o
processamento.
Nesta etapa, também ocorre a intensa liberação do cianeto para o ambiente de
produção, expondo os manipuladores periodicamente à ação deste gás tóxico. É necessário
o uso de equipamentos de proteção coletiva e individual, como, exaustores, máscaras e
óculos de proteção, a fim de evitar a ocorrência de doenças crônicas graves.
7) Peneiragem e Classificação
A peneiragem auxiliará na classificação da farinha em função do tamanho dos grânulos.
Os caroços ou aglomerados de farinha resultantes da peneiragem podem ser triturados
em moinhos e em seguida, podem ser novamente peneirados, para se enquadrarem na
classificação desejada. Caso a agroindústria realize essa etapa, deve-se ter o cuidado para
triturar adequadamente a farinha, para não pulverizá-la.
Como esta é a última etapa de processamento pela qual passa a farinha, antes da
embalagem, é importante que os trituradores estejam limpos, para evitar incorporação de
sujidades grosseiras e microrganismos indesejáveis.
8) Acondicionamento
O tipo de embalagem irá depender do mercado que se quer atender. Usualmente se
comercializa a farinha seca e torrada, para venda no atacado, em sacos de polipropileno
trançado de 50 kg. No comércio varejista, sacos de plásticos de polietileno de 0,5 kg ou 1 kg
são comumente utilizados.
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A farinha deve estar em temperatura ambiente para ser acondicionada, para evitar-
se a condensação de vapores dentro da embalagem, que pode ocasionar a perda de
crocância e também sua deterioração por microrganismos incorporados durante o processo.
As embalagens, antes de serem utilizadas, devem ser armazenadas adequadamente
em locais que garantam sua integridade e evitem a contaminação. A reutilização de sacos de
ráfia não é recomendada, nem de sacos de tecido, pois os mesmos incorporam sujidades e
microrganismos que irão contaminar novos produtos a serem embalados.
A etapa de acondicionamento de um produto é extremamente importante, contudo,
muitas vezes negligenciada. Qualquer sujidade ambiente poderá ser incorporada ao produto
quando for embalado, sem a possibilidade de correção desta falha, detectada quase sempre
pelo consumidor final.
Observa-se que ambientes de casas de farinha são muito contaminados e sem
cuidados com a limpeza periódica de equipamentos, móveis, tetos, pisos e paredes. Pessoas,
maquinários de produção e estrutura de construção geram contaminação, que podem ir de
um microrganismo aderido a uma partícula de poeira no ar, até pedaços de equipamentos e
partes de insetos. Portanto, os ambientes de acondicionamento, assim como todo o
estabelecimento de produção, devem ser mantidos limpos e com a menor incidência de
partículas no ar.
9) Decantação da Manipueira
Na fabricação da farinha, o processo de prensagem elimina, aproximadamente, 60%
da água existente na raiz, juntamente com cerca de 10% de amido. Essa água liberada
(manipueira) é levada para tanques de decantação, para obtenção da fécula úmida. Os
tanques de decantação são geralmente de alvenaria, com revestimento de azulejo. Neles, a
manipueira permanece de 8 a 12 horas, quando o amido se decanta e pode ser separado da
água e das outras impurezas. A água é eliminada para as lagoas de estabilização e a fécula
úmida pode ser recolhida manualmente dos tanques.
Por ser uma etapa em que existe um alto teor de umidade, a proliferação de
microrganismos é favorecida. Portanto, a limpeza e sanificação destes tanques antes e após
o processo é de extrema importância. Como a fécula será comercializada ainda parcialmente
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10) Esfarelamento
A fécula úmida deve passar por um processo de peneiramento (malha de 2 mm a 2,5
mm), trituração, ou qualquer outro meio que permita destorroar a fécula. É uma etapa de
pré-preparo para a formação dos grânulos.
11) Encaroçamento
Tradicionalmente é feito em panos, para confecção dos grânulos característicos deste
tipo de produto. Entretanto, existem casas de farinha que têm utilizado com sucesso a
adaptação do equipamento da construção civil conhecido por betoneira para fazer os
grânulos. O tempo de permanência no equipamento deverá ser ajustado, para que haja a
formação dos grânulos desejados. Após a formação dos grânulos, a farinha passa por uma
peneira de malha de cerca de 2,8 mm, para padronização.
Em termos sanitários, a betoneira confeccionada em material liso, sem porosidade e
passível de higienização é a forma mais recomendada de encaroçamento. No arranjo
produtivo de farinha de tapioca do Distrito de Americano, Município de Santa Isabel do Pará,
já existem farinheiras que adotam betoneiras feitas de aço inoxidável. No caso de uso de
telas de material polimérico, estas devem ser higienizadas e sanificadas periodicamente. O
uso de panos de algodão é desaconselhável pela dificuldade na manutenção da sua limpeza
entre processos.
Os locais onde serão armazenados devem ser limpos e protegidos de sujidades, de fácil
lavagem, podendo ser utilizados os carros de armazenamento diversas vezes mencionados
neste capítulo.
Após o descanso, os grânulos escaldados voltam ao forno para a etapa conhecida por
espocagem. Nessa operação, a temperatura do forno deve ser bem mais elevada que no
escaldamento e, ao entrarem em contato, os grânulos expandem-se como pipocas, ficando
brancos e opacos e com a aparência de isopor. Recomendam-se os mesmos cuidados de
limpeza e higienização mencionados para os fornos de farinha de mesa, bem como
substituição de utensílios e materiais de fabricação dos seus componentes.
14) Lavagem
Nesta etapa recomenda-se o uso de aspersão para evitar desperdício de água e para
auxiliar na remoção de sujidades. O uso de chuveiros e a distribuição destas folhas em
esteiras ou caixas, ambas passíveis de higienização, também são recomendados.
15) Moagem
Existem dois modos de produção de maniva, moer as folhas antes ou depois do seu
cozimento. Contudo, o modo tradicional e mais utilizado é a moagem anterior ao cozimento.
As folhas lavadas são colocadas em moedores elétricos podendo ou não ter a adição de
água.
A manutenção dos moedores é uma etapa que precisa de cuidados, para evitar
contaminação cruzada entre processos. Normalmente são utilizados moedores elétricos de
carne. Atualmente, existem moedores confeccionados em aço inoxidável, que são os mais
recomendados. O uso de utensílios de ferro carbono que entram em contato com as folhas
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17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA_
podem causar seu escurecimento por oxidação de pigmentos. Estes equipamentos são
facilmente desmontáveis, devendo-se higienizar e sanificar as peças entre os processos.
16) Cozimento
O tempo de cozimento das folhas da mandioca são convencionados tradicionalmente
em 7 dias, o que equivaleria teoricamente a 168 horas. Contudo, em avaliações de campo
observa-se que os tempos de cozimento variam entre 8 a 12 horas, por dia, no máximo, o
que daria em torno de 56 a 84 horas de cozimento. Estes tempos são variados, mas
costumam atender aos 7 dias. Além da questão de segurança alimentar, em eliminar todo o
ácido cianídrico das folhas, existe a questão sensorial que seria a eliminação do sabor
característico de folhas verdes e melhoria da palatabilidade e digestibilidade, além da
tradição que deve ser considerada, afinal a maniçoba é uma iguaria de festa e seu preparo
na Amazônia segue um ritual herdado dos ancestrais indígenas.
Nesta etapa, também ocorre intensa liberação do cianeto para o ambiente de produção,
recomendando-se os mesmos cuidados tomados na etapa de secagem e torração da farinha
de mesa.
Peso de Corante (g) = Peso de farinha (kg) x 1.000 x 0,03 = 300 x 1000 x 0,03/100 = 90 g
100
20) Acondicionamento
São utilizadas garrafas de plástico como embalagem para o tucupi, contudo, não é
recomendada a reutilização de garrafas de refrigerantes e outros produtos. Garrafas de
vidro e de plástico novas são preferidas. O envase a quente é uma prática aconselhável,
considerando que serve para eliminar uma possível contaminação da garrafa e o oxigênio
dissolvido, mas deve ser seguida de um rápido resfriamento. Neste caso, forma-se vácuo no
resfriamento causando a colapsagem (deformação) de garrafas plásticas.
Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”_181
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
5. REFERÊNCIAS
AGÊNCIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA DO ESTADO DO PARÁ. Instrução Normativa 001/2008, de 24 de junho de
2008. Estabelece Padrão de Identidade e Qualidade do Tucupi para comercialização no Estado do Pará. Diário
Oficial do Estado do Pará, Belém, PA, 26 jun. 2008, Pag. 7. Executivo 3.
AGÊNCIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA DO ESTADO DO PARÁ. Tucupi. Belém, PA: Gerência de Inspeção de
Produtos de Origem Vegetal, 2012. 13 p.
ANDRADE, N. J.; MACÊDO, J. A. B. Higienização na Indústria de Alimentos. São Paulo: Livraria Varela, 1996. 182
p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária - SVS/MS. Portaria nº 326, de 30 de julho de 1997.
Aprova o regulamento Técnico sobre Condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para
Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos. Diário Oficial da União, 1 ago. 2001.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Resolução RDC nº 12, de 02 de janeiro de 2001. Aprova o
Regulamento Técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos. Diário Oficial da União, Poder Executivo, 10
jan. 2001.
CEREDA, M. P. Fabricação de farinha de tapioca na Vila de Americano, Município de Santa Izabel do Pará, PA:
um estudo de caso. In: SOUZA, L. S.; FARIAS, A. R. N.; MATTOS, P. L. P.; FUKUDA, W. M. G. (Ed.). Processamento
e utilização da mandioca. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, 2005. Cap. 4.
CEREDA, M. P. Produtos e Subprodutos. In: SOUZA, L. S.; FARIAS, A. R. N.; MATTOS, P. L. P.; FUKUDA, W. M. G.
(Ed.). Processamento e utilização da mandioca. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical,
2005. Cap. 1.
CRUZ, R.; RIBEIRA, H. H. P.; FERNANDES, A. R.; SILVA, C. A. B. Processamento de mandioca: Produção de farinha
seca, raspas e amido em dois tamanhos de empreendimento. In: SILVA, C. A. B.; FERNANDES, A. R. Projetos de
empreendimento agroindustriais: Produtos de origem vegetal. Viçosa: UFV, 2005. v. 2, 459 p.
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_17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA
FOLEGATTI, M. I. S.; MATSUURA, F. C. A. U.; FILHO, J. R. F. A indústria da farinha de mandioca. In: SOUZA, L. S.;
FARIAS, A. R. N.; MATTOS, P. L. P.; FUKUDA, W. M. G. (Ed.). Processamento e utilização da mandioca. Cruz das
Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, 2005. Cap. 2.
MASSAGUER, P. R. Microbiologia dos Processos Alimentares. São Paulo: Livraria Varela, 2005. 258 p.
MONTAGINAC, J. A.; DAVIS, C. R.; TANUMIHARDJO, S. A. Processing techniques to reduce toxicity and
antinutrientes of cassava for use as a staple food. Comprehensive Reviews in Food Science and Food Safety,
Oxford, v. 8, n. 1, p. 17-27, 2009.
1. ASPECTOS GERAIS
Matérias-primas
Pesagem
Condicionamento
Homogeneização
Extrusão
Secagem
Figura 3. Cereal matinal extrudado sabor canela. Foto: Ana Vania Carvalho.
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O mercado de chips vem ocupando um espaço cada vez maior, particularmente nos
centros urbanos. Grande parte desses produtos são chips de batatas ou outras matérias-
primas ricas em amido como banana e mandioca. O termo chips é originalmente americano
e refere-se a fatias finas de uma matéria-prima frita em óleo ou gordura (GRIZOTTO;
MENEZES, 2003, 2004).
De acordo com Carvalho e Abreu (2009) e Carvalho et al. (2010), para o
processamento do chips de macaxeira devem ser utilizadas raízes de macaxeira da variedade
‘Água Morna’. As raízes devem ser lavadas em água limpa e de boa qualidade para remoção
da terra aderida à superfície e em seguida sanitizadas com solução de hipoclorito de sódio a
100 ppm, durante 20 minutos. O descascamento é realizado com auxílio de facas de aço
inoxidável e as raízes descascadas são fatiadas no sentido transversal em cortador de frios
(do tipo rotatório) com espessura de aproximadamente 1 mm.
Após o corte, as fatias de macaxeira são fritas em óleo de soja utilizando-se fritadeira
a gás, com temperatura do óleo em 180 °C (±5 °C) e tempo de fritura de cerca de 70
segundos. Após a fritura, drena-se o excesso de óleo dos chips em papel absorvente e
adiciona-se 1,5% de sal, sendo estes embalados em embalagem flexível laminada (BOPP
metalizado/ PE/BOPP) e encaminhados para comercialização. O rendimento médio do
processo é de 40%, ou seja, para cada 10 kg de raízes obtém-se cerca de 4 kg de chips de
macaxeira.
O fluxograma para obtenção do chips de macaxeira está descrito na Figura 5.
Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”_191
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Colheita
Lavagem
Sanitização
Descascamento
Fatiamento
Fritura
Drenagem e salga
Embalagem
O processo para obtenção dos chips de macaxeira é um método simples, que permite
a obtenção de um produto final com ótima aparência, coloração, crocância e tempo de vida
útil de 15 dias. Além disso, representa uma boa alternativa para a conservação das raízes
que, por apresentarem elevado teor de umidade, possuem reduzida vida pós-colheita
(CARVALHO; ABREU, 2009).
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Como uma alternativa para as pessoas que procuram opções para uma alimentação
saudável, as barras de cereais foram lançadas no mercado. Elas foram introduzidas no Brasil
há cerca de uma década, direcionadas inicialmente aos adeptos de esportes e com o passar
do tempo foram aumentando o seu público, conquistando até executivos (FREITAS;
MORETTI, 2006). Elas são populares como alimentos portáteis e podem ser consumidas
entre as refeições ou junto com o almoço ou jantar (PALLAVI et al., 2013). Representam um
alimento nutritivo com vários ingredientes, incluindo cereais, frutas, castanhas e açúcar
(LOBATO et al., 2012).
O processamento das barras ocorre em duas fases: fase sólida, compactação de grãos
(cereais), castanhas e frutas secas em uma variedade de combinações; e fase contínua,
quando ocorre a adição de substâncias vinculativas, tais como: mel, melaços, açúcar
mascavo, sacarose, xarope de glucose, açúcar invertido, lecitina de soja, glicerina, pectina
cítrica, óleos, gordura vegetal e outros (MENDES et al., 2013).
Para a formulação da barra de cereal à base de farinha de tapioca são utilizados os
seguintes ingredientes: farinha de tapioca, aveia em flocos, quinoa, castanha-do-brasil,
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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CARVALHO, R. V.; ASCHERI, J. L. R.; CAL-VIDAL, J. Efeito dos parâmetros de extrusão nas propriedades físicas de
pellets de misturas de farinhas de trigo, arroz e banana. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 26, n. 5, p. 1006-
1018, set./out. 2002.
CARVALHO, A. V.; VASCONCELOS, M. A. M.; SILVA, P. A.; ASCHERI, J. L. R. Produção de snacks de terceira
geração por extrusão de misturas de farinhas de pupunha e mandioca. Brazilian Journal of Food Technology, v.
12, n. 4, p. 277-284, 2009.
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Apostila do Curso “Cultura da Mandioca”_145
17 a 21 de novembro de 2014 / Castanhal, PA_
Figura 5. Fluxograma de fabricação de farinha de tapioca feita pela agroindústria familiar do Distrito de
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CGPE 11557