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02-CAPELANIA PASTORAL

Muitas pessoas pensam que para ser capelão só é necessário conhecer a


Bíblia.

Entretanto, tal consideração não condiz com a realidade, nem atende as


necessidades.

Pelo contrário, além de conhecer a Bíblia, também é necessário saber visitar e


possuir a qualificação técnica, o aprimoramento e orientação psicológica. O
trabalho do “capelão” cristão, através da Ajuda Espiritual a enfermos, a
encarcerados, desamparados e necessitados em geral é um trabalho belo,
maravilhoso, por vezes chocante, mas extraordinariamente necessário.

Mas é imprescindível destacar, que somente através do dom da misericórdia o


capelão poderá realizar esta tão grande obra.

A ajuda Social e Espiritual a estas classes de pessoas, realizada através da


misericórdia e plena espontaneidade em ajudar a outros, traz consigo o
privilégio de aconselhar, auxiliar, consolar, confortar e evangelizar as pessoas
que tão terrivelmente atravessam uma fase difícil e as vezes complicada em
sua vida.

CAPÍTULO 1

O QUE É CAPELANIA CRISTÃ

Dentro de um contexto geral podemos definir Capelania como a ação de dar


assistência de caráter espiritual aos necessitados ou às pessoas que solicitam
tal ajuda. Essa assistência espiritual deve sempre focar a pessoa de nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo dentro do contexto do Reino de Deus e sem
nenhuma tendência religiosa ou denominacional.

A Capelania visa proporcionar ao ser humano oportunidades de uma formação


integral dentro dos princípios éticos cristãos norteados de acordo com a Bíblia
Sagrada.

O principal serviço da Capelania é levar a esperança e esperança é esperar o


que se deseja. Segundo Hebreus 11.1 - “... a fé é a certeza daquilo que
esperamos ...” (NVI), então, podemos afirmar que o objetivo da Capelania é
levar o ser humano a uma fé ativa diante do Criador, através da qual a pessoa
consegue se aproximar de Deus e desenvolver um relacionamento pessoal
com Ele, entregar-se a Ele e viver esperando Nele.

Esperar com confiança, esperar esperando, esperar confiando foi esse o


sentido que podemos aprender com o Rei Davi no Salmo 40.1 - “Esperei com
paciência pela ajuda de Deus, o SENHOR. Ele me escutou e ouviu o meu
pedido de socorro”(NTLH), esse é princípio ativo do significado da palavra fé
nas Escrituras.

Vale também lembrar o que diz Hebreus 11.6 - “Sem fé ninguém pode agradar
a Deus, porque quem vai a ele precisa crer que ele existe e que recompensa
os que procuram conhecê-lo melhor” (NTLH).

Podemos então afirmar que o objetivo da Capelania consiste em lançar a


semente da fé bíblica no coração do próximo promovendo de forma
sobrenatural a esperança viva da fé em Deus.

Uma vez que uma fé viva está fundamentada nas Escrituras e as Escrituras
tem centro a pessoa de Jesus Cristo, a Capelania vai ajudar cada ser humano
que for alcançado por ela a ter um encontro pessoal com Cristo aproximando-
se assim de Deus conhecendo o melhor.

Vale ressaltar que a Capelania não é uma atividade pertencente ou exclusiva a


nenhuma instituição ou convenção. É uma atividade voluntária e livre,
excetuando, é claro, os concursados nas forças armadas, unidades militares e
afins. A Capelania é a atividade que oferece oportunidades de conhecimento,
reflexão, desenvolvimento e aplicação de valores e princípios ético-cristãos e
da revelação de Deus. É nas adversidades que o ser humano precisa de ser
consolado, confortado e orientado para superar as agruras da vida, quer num
leito de hospital, numa creche, orfanato, presídio, asilo, ou quaisquer outros
lugares, onde uma palavra de consolo, ou um ouvido atento faz a diferença,
dando ao necessitado a força de superação eficiente para colocá-lo em
consonância com o poder e a vontade de Deus.

Conforto espiritual e esperança são encontrados quando o Capelão, ao levar a


sua mensagem ao necessitado, explicita que é o Senhor Jesus quem nos
conforta, liberta e nos salva. Capelania é, antes de tudo, levar Jesus às
pessoas, independentemente de bandeira religiosa. A palavra de Deus é,
destarte, uma turbina que gera vida; e vida em abundância.

CAPÍTULO 2

BREVE HISTÓRICO

A história da origem de Capelania segue diferentes caminhos. A Encyclopaedia


Britanica (em inglês), registra o que resumimos a seguir: Na França
costumava-se levar uma relíquia de capela ou oratório de São Martin de Tours,
preservada pelo rei da França, para o acampamento militar, em tempos de
guerra.

A relíquia era posta numa tenda especial que levava o nome de capela. Um
sacerdote era mantido para o ofício religioso e aconselhamento. A ideia
progrediu e mesmo em tempo de paz, a capela continuava no reino, sempre
com um sacerdote que era o conselheiro. O costume passou a ser observado
também em Roma. Em 1789, esse ofício foi abolido na França, mas
restabelecido em 1857, pelo Papa Pio IX. À esta altura, o sacerdote que
tomava conta da capela, que era chamado capelão, passava a ser o líder
espiritual do Soberano Rei e de seus representantes.

O serviço costumava estender-se também a outras instituições: Parlamento,


Colégios, Cemitérios e Prisões. Tudo isto porque para o catolicismo, existem as
igrejas matrizes em cada lugar e as paróquias para atendimento geral dos fiéis.
Um serviço religioso particular, não era comum. Assim, surgia a figura da
capela.

I. O MOVIMENTO MODERNO DE CAPELANIA

Mas o movimento moderno e mais definido de capelania, com tendências à


institucionalização da atividade, começou a surgir no final do século 19, com
uma acirrada discussão sobre psicologia pastoral, nos Estados Unidos e na
Inglaterra.

O principal protagonista da ideia foi um pastor congregacional de Columbus, no


Estado de Ohio, Estados Unidos, Washington Gladden, que insistia na
necessidade de cooperação entre o clero (líderes religiosos) e a classe médica
(A Árvore da Cura, p. 246). Gladden, em seu livro The Christian Pastor (O
pastor cristão), evidenciou os vínculos entre a saúde mental e a saúde física.
Por este tempo, principalmente na virada do século 19 para o século 20,
eclodiu uma forte discussão sobre experiência religiosa. Nesta discussão
juntavam-se psicólogos, teólogos, clérigos, médicos e psicoterapeutas. O tema
principal era: “cura para todos”, e o objetivo maior era buscar saúde para “o
homem inteiro”.

Logo surgiu outro luminar do movimento, que era Anton Boisen (1876-1966).
Dedicou-se com muito sucesso à teologia pastoral. Formado pela Universidade
de Harvard, e depois de muitas lutas e discussões, assumiu uma capelania no
Hospital Estadual de Worcester, para doentes mentais. Boisen foi o primeiro a
introduzir estudantes de teologia num hospital psiquiátrico para treinamento
pastoral clínico, o que fazia parte dos trabalhos normais do hospital. Este
trabalho cresceu e se estabeleceu durante dez anos. Boisen é considerado
pela literatura moderna um dos fundadores do treinamento pastoral clínico.
Enquanto Boisen atuava nos Estados Unidos, surgia outro grande protagonista
do movimento, no Reino Unido, Leslie Weatherhead. Leslie era pastor
Metodista, e em 1916 foi para a Índia como missionário.

Trabalhando em Madras, ingressou no oficialato militar da reserva do exército


da Índia e foi enviado para o deserto da Mesopotâmia, para ajudar na guarda
do porto de Basra.

E então foi nomeado capelão do exército. Durante esse trabalho na


Mesopotâmia, conheceu um médico que atuava como psicoterapeuta, que
compartilhou com ele muitas ideias sobre “natureza psicossomática” de boa
parte das doenças conhecidas como físicas. Esse médico tinha a forte
convicção de que eram os capelães religiosos que deveriam ajudar as pessoas
enfermas a se recuperarem. O médico morreu logo, mas conseguiu provocar
uma verdadeira revolução na vida espiritual de Leslie, que passou a estudar
profundamente o assunto. De volta à Inglaterra alguns anos depois, Leslie criou
seminários de debates envolvendo psicologia, medicina e psicanálise. Todo o
trabalho de Leslie, que foi muito intenso, contribuiu para firmar as atividades de
Capelania hospitalar daquele tempo.
É bom lembrar à esta altura, que o trabalho de Capelania estava muito ligado à
psicologia, principalmente a emergente disciplina denominada psicologia
pastoral.

II. CAPELANIA NO BRASIL

No Brasil, o ofício de Capelania começou também na área militar, em 1858,


com o nome de Repartição Eclesiástica, evidentemente só com a Igreja
Católica. O serviço foi abolido em 1899. Durante a Segunda Grande Guerra
Mundial, em 1944, o serviço foi restabelecido com o nome de Assistência
Religiosa das Forças Armadas.

Na mesma época foi criada também a Capelania Evangélica para assegurar a


presença de Capelães Evangélicos na FEB. O grande Capelão Evangélico que
marcou época durante a Segunda Guerra Mundial, foi o Pastor João Filsen
Soren, que era pastor da Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro, e depois
que voltou, são e salvo, ainda permaneceu no pastorado daquela igreja por
mais de 50 anos. Faleceu recentemente (2002). Pena que não nos deixou um
livro sobre o assunto.

CAPÍTULO 3

AMPARO JURÍDICO

I. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas


entidades civis e militares de internação coletiva.

II. LEI FEDERAL Nº 9.982 - 14/07/2000 Dispõe sobre a prestação de


assistência religiosa nas entidades hospitalares públicas e privadas, bem como
nos estabelecimentos prisionais civis e militares.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA - Faço saber que o Congresso Nacional
decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º - Aos religiosos de todas as confissões assegura-se o acesso aos


hospitais da rede pública ou privada, bem como aos estabelecimentos
prisionais civis ou militares, para dar atendimento religioso aos internados,
desde que em comum acordo com estes, ou com seus familiares no caso de
doentes que já não mais estejam no gozo de suas faculdades mentais.

Art. 2º - Os religiosos chamados a prestar assistência nas entidades definidas


no art. 1º deverão, em suas atividades, acatar as determinações legais e
normas internas de cada instituição hospitalar ou penal, a fim de não pôr em
risco as condições do paciente ou a segurança do ambiente hospitalar ou
prisional.

Art. 4º - O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de noventa dias.

Art. 5º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 14 de julho
de 2000;

179º da Independência e 112o da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

José Gregori, Geraldo Magela da Cruz Quintão, José Serra

III. LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA - Faço saber que o Congresso Nacional


decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO I Do Objeto e da Aplicação da Lei de Execução Penal

Art. 1º - A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença


ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração
social do condenado e do internado.

Art. 2º - A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em


todo o Território Nacional, será exercida, no processo de execução, na
conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal.
Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório e ao
condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a estabelecimento
sujeito à jurisdição ordinária.

Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não


atingidos pela sentença ou pela lei. Parágrafo único. Não haverá qualquer
distinção de natureza racial, social, religiosa ou política.

Art. 4º - O Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas atividades


de execução da pena e da medida de segurança.

Da Assistência - SEÇÃO I - Disposições Gerais

Art. 10º - A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando


prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade. Parágrafo
único. A assistência estende-se ao egresso.

Art. 11. A assistência será: I - Material; II - À saúde; III - Jurídica; IV -


Educacional; V - Social; VI - Religiosa.

SEÇÃO VII - Da Assistência Religiosa

Art. 24º - A assistência religiosa, com liberdade de culto, será prestada aos
presos e aos internados, permitindo-se-lhes a participação nos serviços
organizados no estabelecimento penal, bem como a posse de livros de
instrução religiosa.

§ 1º No estabelecimento haverá local apropriado para os cultos religiosos.

§ 2º Nenhum preso ou internado poderá ser obrigado a participar de atividade


religiosa.

IV. DIREITOS E DEVERES DO CAPELÃES

Dentre os principais podemos destacar os seguintes:

1. Ter acesso garantido àqueles que por ele solicitam ou procuram.

2. Ser respeitado no exercício de sua função.


3. Não ser discriminado em razão de sexo, raça, cor, idade ou religião que
professa.

4. Obedecer e respeitar determinações legais e as normas internas de cada


instituição onde exercer a Capelania, a fim de colocar em risco as condições da
pessoa assistida ou a segurança do ambiente no qual desempenhe a sua
atividade.

5. Respeitar as regras de higiene e vestuário de cada ambiente onde venha


exercer a Capelania.

6. Exercer a Capelania sem nenhum tipo de discriminação de raça, sexo, cor,


idade ou religião, sempre tendo por foco sua missão de confortar e consolar a
pessoa assistida, seja ela quem for.

CAPÍTULO 4

CAPELANIA PASTORAL

Juridicamente o Capelão é uma pessoa preparada e legalmente habilitada para


ministrar assistência religiosa em regimentos militares (Marinha, Exército,
Força Aérea, Polícias Civil e Militar), escolas em seus mais variados níveis,
internatos, orfanatos, asilos, hospitais, presídios, etc.

Já espiritualmente o serviço de Capelania é uma chamada Bíblica geral que


envolve todos os cristãos. O maior exemplo que temos é a pessoa de Jesus
Cristo e ninguém é maior que Ele e como seus seguidores cada cristão deve
emprenhar-se ao máximo nesse serviço. João 20.21-22 - “Então Jesus disse
de novo: - Que a paz esteja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu
também envio vocês. 22 Depois soprou sobre eles e disse: - Recebam o
Espírito Santo”. (NTLH)

Do mesmo jeito e na mesma autoridade de Jesus, cada cristão foi


comissionado para essa nobre missão espiritual. É importante notar que todos
os ensinos de Jesus são práticos e nunca teóricos. Ele nunca mandou alguém
fazer algo que Ele não fizesse e nunca falou para não fazer o que Ele não fez.
Somos comissionados por Jesus e temos a mesma unção que havia sobre Ele
que é a unção do Espírito Santo.
É na autoridade do Rei e na força do Espírito Santo que a Igreja Corpo de
Cristo vai realizando a Obra de Deus na face da terra. A Igreja é a prova viva
da presença e da manifestação de Cristo nesse mundo. Fundamentado então
na vida de Cristo o cristão deve observar o que a Bíblia fala que Ele fez e mirar
nos seus exemplos maravilhosos toda a conduta cristã.

Podemos entender então que o principal requisito para se tornar um Capelão é


a pessoa ser um cristão totalmente convertido e praticante da Palavra de Deus.

Vale também citar que nos moldes do Novo Testamento o sacerdócio espiritual
é universal, ou seja, independente se a pessoa é do sexo masculino ou
feminino, ela pode e tem o direito de ser capelão. Veja que podemos aprender
isso no texto abaixo (o grifo é meu):

1 Pe 2.9 – “Mas vocês são a raça escolhida, os sacerdotes do Rei, a nação


completamente dedicada a Deus, o povo que pertence a ele. Vocês foram
escolhidos para anunciar os atos poderosos de Deus, que os chamou da
escuridão para a sua maravilhosa luz”. (NTLH)

O Capelão é uma pessoa capacitada espiritual e emocionalmente sensível às


necessidades das pessoas. É alguém sempre disposto a ouvir, aliás esse é o
predicado número um de quem se prontifica a essa missão. É um amigo
disposto a ouvir e encorajar pessoas ajudando-as a enfrentar, muitas vezes o
pior momento de suas vidas. É o ajudante da vida humana encorajando gente
com a viva esperança. Oferece suporte e ajuda espiritual, apoio emocional a
própria pessoa e seu familiares e amigos e casos institucionais também aos
profissionais atuantes. Cumpre sua missão de todo o coração e sem nenhum
interesse material.

Anda sempre preparado, conhece bem a Palavra de Deus: 2 Tm 2.15 - “Faça


todo o possível para conseguir a completa aprovação de Deus, como um
trabalhador que não se envergonha do seu trabalho, mas ensina corretamente
a verdade do evangelho”. (NTLH)

Seguindo o princípio cristão do voluntariado o Capelão desempenha sua


função não objetivando e nem impondo condições materiais ou financeiras para
desempenhar sua missão.
Esse princípio não se aplica aos Capelães empossados na forma da Lei
mediantes concurso público nas instâncias federais, estaduais ou municipais.
Transcrevo a seguir a Lei que trata acerca do voluntariado:

LEI Nº 9.608, DE 18 DE FEVEREIRO DE 1998 Dispõe sobre o serviço


voluntário e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional


decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Considera-se serviço voluntário, para fins desta Lei, a atividade não
remunerada, prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer
natureza, ou a instituição privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos
cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social,
inclusive mutualidade.

Parágrafo único. O serviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem


obrigação de natureza trabalhista previdenciária ou afim.

Art. 2º O serviço voluntário será exercido mediante a celebração de termo de


adesão entre a entidade, pública ou privada, e o prestador do serviço
voluntário, dele devendo constar o objeto e as condições de seu exercício.

Art. 3º O prestador do serviço voluntário poderá ser ressarcido pelas despesas


que comprovadamente realizar no desempenho das atividades voluntárias.
Parágrafo único. As despesas a serem ressarcidas deverão estar
expressamente autorizadas pela entidade a que for prestado o serviço
voluntário.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 5º Revogam-se as disposições em contrário.

COMENTÁRIO DO COMPILADOR: Cumpre acerca da Capelania como dever


cada Capelão estar informado sobre as Leis estaduais e municipais em vigor
em sua região. Somos ensinados na Palavra dessa forma pelo Apóstolo Paulo:
Tt 3.1 - “Recomende aos irmãos que respeitem as ordens dos que governam e
das autoridades, que sejam obedientes e estejam prontos a fazer tudo o que é
bom”. (NTLH)
CAPÍTULO 5

POSTURA DO CAPELÃO

O Capelão cristão deve estar ciente que seu trabalho é uma vocação espiritual
acima de tudo. Esse ministério é desenvolvido de forma voluntária.
Espiritualmente a recompensa do Capelão será concedida naquele dia: 2 Co
5.10 - “Porque todos nós temos de nos apresentar diante de Cristo para
sermos julgados por ele. E cada um vai receber o que merece, de acordo com
o que fez de bom ou de mau na sua vida aqui na terra”. (NTLH)

Vamos entender o que é um trabalho voluntário e qual deve ser a postura


desse serviçal do Reino de Deus aqui na terra.

Segundo o dicionário Aurélio trabalho voluntário é aquele que é feito sem


constrangimento ou coação, espontâneo. Veja também o que disse o
Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon (5 de dezembro de 2009): “O trabalho
voluntário é uma fonte de força comunitária, superação, solidariedade e coesão
social. Ele pode trazer uma mudança social positiva, promovendo o respeito à
diversidade, à igualdade e à participação de todos. Está entre os ativos mais
importantes da sociedade.”

I. COMO SER UM BOM VOLUNTÁRIO? Nem sempre uma boa intenção é


seguida de uma atitude correta. É preciso informação para uma boa ação. Isso
ajuda muito no serviço voluntário e chama-se responsabilidade. Qualquer
pessoa que se preste a algum serviço voluntário deve ter boa vontade e
responsabilidade. Gostaria de enumerar algumas virtudes que são
imprescindíveis ao Capelão cristão:

1. Seja humilde: As vezes pode acontecer de haver críticas, não se deve


esperar tapinhas nas costas.

2. Existem regras: Cada Instituição que for atuar tem seus regimentos internos,
seu códigos e regras.

3. Esteja aberto para aprender: Novas experiências promovem uma renovação


na mente que nos ajuda a crescer como pessoa. O Capelão nunca deve se
posicionar como dono da verdade.
4. Coloque-se na condição de servo: Esqueça a autopromoção ou fama.
Lembre-se do princípio do Reino de que o maior é aquele que serve.

5. De sempre o melhor: Nunca atenda alguém pura e simplesmente por


obrigação. Lembre-se que deve haver harmonia entre o que falamos com
nossa boca e o que expressamos com o corpo. O corpo nunca mente. As
pesquisas mostram que voluntários vivem mais e também com mais saúde. A
sensação de utilidade faz um bem enorme na alma do voluntário.

II. ACERCA DA ÉTICA

A Capelania cristã deve ser exercida sem nenhuma conotação religiosa ou


sectária. Religião está fora de questão, quando falo de religião incluo qualquer
instituição eclesiástica, inclusive àquela que o Capelão porventura pertença. A
missão do Capelão é estritamente espiritual e durante o seu exercício deve
esquecer sua e qualquer religião. Deus quando observa as pessoas não as
observa segundo a religião dessa pessoa e da mesma maneira deve agir o
capelão. Particularmente, tenho aprendido nos últimos dias que a principal
característica do amor é o respeito.

O próprio Cristo desenvolveu seu ministério espiritual sem vínculo religioso,


embora religiosamente pertencesse a religião judaica. O alvo do Capelão no
exercício da Capelania é suprir espiritualmente o necessitado. É preciso
discernir que emocionalmente existe a psicologia e fisicamente a medicina.
Deve-se ter cuidado para não invadir outra área a qual não é o alvo.

III. CAPELÃO NÃO É PASTOR E NEM TERAPÊUTA

É muito importante diferenciar as funções e as responsabilidades pertinentes a


cada uma delas. O curso e a credencial de Capelão não evoca ao seu
possuidor nem a chamada e nem a unção pastoral ou terapêutica. O Capelão
caracteriza-se por um trabalho voluntário, não possui rebanho ou característica
eclesiástica e que circunstancialmente atende pessoas carentes de assistência
espiritual. Lida individualmente com pessoas, cada uma com seus problemas e
na área espiritual sem ministrar doutrina denominacional alguma.

O Capelão é apenas um pronto socorro espiritual. Em caso de “tratamento”


deve encaminhar a pessoa a alguém melhor qualificado. Se fosse em um
hospital, seria apenas um residente que nunca faria nenhuma cirurgia e apenas
encaminharia o paciente sob seus cuidados para o especialista.

Gostaria de deixar como exemplo a seguinte passagem bíblica:

Lc 10.30-37 - “Jesus respondeu assim: - Um homem estava descendo de


Jerusalém para Jericó. No caminho alguns ladrões o assaltaram, tiraram a sua
roupa, bateram nele e o deixaram quase morto.

31 Acontece que um sacerdote estava descendo por aquele mesmo caminho.


Quando viu o homem, tratou de passar pelo outro lado da estrada.

32 Também um levita passou por ali. Olhou e também foi embora pelo outro
lado da estrada.

33 Mas um samaritano que estava viajando por aquele caminho chegou até ali.
Quando viu o homem, ficou com muita pena dele.

34 Então chegou perto dele, limpou os seus ferimentos com azeite e vinho e
em seguida os enfaixou. Depois disso, o samaritano colocou-o no seu próprio
animal e o levou para uma pensão, onde cuidou dele.

35 No dia seguinte, entregou duas moedas de prata ao dono da pensão,


dizendo: - Tome conta dele. Quando eu passar por aqui na volta, pagarei o que
você gastar a mais com ele.

36 Então Jesus perguntou ao mestre da Lei: - Na sua opinião, qual desses três
foi o próximo do homem assaltado?

37 - Aquele que o socorreu! - respondeu o mestre da Lei. E Jesus disse: - Pois


vá e faça a mesma coisa”.

Nos moldes Bíblicos eu diria que a ação capelânica abrange uma boa parte no
cumprimento do segundo e grande mandamento: Mc 12.29-31 - “Jesus
respondeu: - É este: "Escute, povo de Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único
Senhor. 30 Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma,
com toda a mente e com todas as forças. 31 E o segundo mais importante é
este: Ame os outros como você ama a você mesmo. Não existe outro
mandamento mais importante do que esses dois”. Já é conhecido e entendido
por muitos que o amor é muito superior a qualquer sentimento. Muito mais que
isso amor na prática significa cuidado. Deus não ama a raça humana apenas
sentimentalmente, pelo contrário, o amor de Deus é algo prático e que visa,
além de um relacionamento pessoal entre Ele e cada ser humano, também a
provisão das necessidades humanas.

Concluo afirmando que amar é suprir necessidades e só descobrimos as reais


necessidade através de relacionamentos com as pessoas. Para encerrar esse
capítulo gostaria de dar um exemplo prático dessa verdade. Como
descendentes de Adão toda a raça humana é pecadora por causa do pecado
adâmico. A principal consequência do pecado de Adão sobre a raça humana é
a morte espiritual. Dessa forma o homem sem Cristo Jesus em sua vida é
espiritualmente morto. Jesus tratou esse assunto com Nicodemos em João 3.3
e Paulo também falou sobre ele em Ef 2.1. Dessa forma o homem se tornou
um necessitado espiritual. Deus em seu grande amor (cuidado) deu
providência para essa necessidade. Jesus Cristo tem sido essa providência de
Deus e é por Ele que somos salvos e herdeiros da vida eterna. João 3.16 -
“Porque Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para que todo
aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna”. (NTLH)

CAPÍTULO 6

CONHECENDO O SER HUMANO

Um bom capelão precisa ter conhecimentos e discernimentos acerca da


formação ou constituição do ser humano, caso contrário, poderá cometer
equívocos espirituais que podem provocar sérios danos à pessoa assistida.
Vale lembrar que o foco do ministério de capelania é a assistência espiritual.
Como nossa proposta é prestar a assistência espiritual dentro da visão cristã,
nada melhor do que recorrer às Escrituras sagradas para saber o que elas no
ensinam acerca da composição do ser humano e poder dessa forma focar
diretamente o alvo da capelania de prestar assistência espiritual. Meu
pensamento nesse capítulo não é apresentar um estudo acerca da
antropologia Bíblica em sua essência, pelo contrário, é dar uma pequena noção
Bíblica acerca do ser humano.
I. O QUE O NOVO TESTAMENTO FALA ACERCA DA CONSTITUIÇÃO DO
SER HUMANO

1) Mt 10.28 - “E não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a
alma; Temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo”.

2) 1 Ts 5.23 - “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo vosso


espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a
vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”.

3) Hb 4.12 - “Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do


que espada alguma de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e do
espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e
intenções do coração”.

4) Tg 2.26 - “Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim
também, a fé sem obras é morta”.

5) Atos 20.10 - “Paulo, porém, descendo, inclinou-se sobre ele e, abraçando-o,


disse: Não vos perturbeis, que a sua alma nele está”. Podemos afirmar que
basicamente o homem é composto de duas partes, sendo uma imaterial e
invisível e outra física e visível. A parte imaterial possui duas características
que é o espírito e a alma. Já a parte física é composta pelo corpo. Então o ser
humano pode ser definido como sendo um ser ESPIRITUAL que possui uma
ALMA e que habita em um CORPO.

II. O ESPÍRITO HUMANO O ser humano é um ser espiritual porque foi criado
por Deus segundo a sua imagem e semelhança (Gn 1.26. Jo 4.24) e é nessa
dimensão que ele é capaz de ter conhecimento acerca de Deus e comunhão
com o Altíssimo. O Espírito Santo habita no cristão regenerado em seu espírito
humano. É no espírito humano que acontece a ministração do Espírito Santo
acerca das coisas espirituais (Pv 20.27; Jo 3.6; 1 Co 3.16), inclusive a
confirmação da salvação (Rm 8.16).

Assim como temos nossas necessidades físicas, temos também nossas


necessidades espirituais que são expressas através de nossa alma (veremos
na sequência acerca da alma humana).
Veja o clamor do salmista no Salmo 42.2 - “A minha alma tem sede de Deus,
do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus”? O
espírito humano é invisível ao homem, mas é a porta de entrada de Deus de
onde o ser humano pode sentir a realidade espiritual de Deus (1Co 2.10,11; Jo
4. 23,24).

É através de nosso espírito que nos relacionamos com Deus e somos distintos
do restante da criação, somos os único criados a imagem e semelhança de
Deus. É o espírito humano o lugar onde a santidade de Deus chega primeiro na
vida de uma pessoa (1Ts 5.23). Sem uma renovação promovida pelo Espírito
Santo espiritualmente o espírito humano está morto, ou seja, sem comunhão
ou comunicação com Deus (Lc 15.24,32; Cl 2.13; 1Tm 5. 6;). Isso quer dizer
que tal pessoa não tem dentro de si a vida com Deus (Ef 4. 18; Tt 1.15),
portanto, não pode entrar na presença e nem ver a Deus. (2Co 4.4). Através da
salvação que por meio de Cristo Jesus esse homem que estava
espiritualmente morto é vivificado (Ef 2.1-10) e um despertamento espiritual
começa no seu interior (Ef 2.5; Cl 2.13). Uma das mais importantes faculdades
do espírito do homem é a consciência. Ela é como uma janela, pela qual Deus
olha para o interior do homem (Rm 2.15,16). É como uma espiã de Deus, que
persegue o homem quando faz o mau, mas que lhe fala com uma voz elogiosa
quando faz o bem (At 24.16).

III. A ALMA HUMANA O ser humano possui uma alma e através dela que ele
tem sua individualidade, personalidade e caráter. A alma é a sede dos sentidos
humanos e o local onde está armazenada nossa inteligência, vontade,
sentimentos e razão. É o local de onde vem nossas decisões e escolhas sendo
a fonte de nossos relacionamentos com Deus, as pessoas e a criação. A alma
interligada com o espírito humano forma nosso “homem interior”: 2 Co 4.16,18 -
“Por isso não desfalecemos; mas ainda que o nosso homem exterior se esteja
consumindo, o interior, contudo, se renova de dia em Dia”.

Note que mesmo sendo inseparavelmente unidos espírito e alma existe


distinção entre eles. Por exemplo: Um cristão nascido de novo é salvo e
espiritualmente santo (Rm 1.7), entretanto, no que tange a alma esse cristão
ainda não alcançou a santificação perfeita e está caminhando rumo a ela
através de sua consagração a Deus mediante a Bíblia Sagrada, isso é
processo contínuo e gradativo (Fp 3.12-14).
Veja a junção da alma e do espírito no cântico de Maria Lc 1.46-47 - “Disse
então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, 47 E o meu espírito se
alegra em Deus meu Salvador”. Através da alma há vida no corpo e contato
com o mundo ao seu redor.

Para isso acontecer a alma usa os sentidos do corpo, então a alma é a sede
dos sentidos humanos (Jó 24.12; Sl 35.9; Sl 119.20; Mc 14.34; Mt 22.37). O
intelecto humano e suas faculdades está armazenado na alma. Pensamentos,
entendimentos, discernimentos (Sl 139.14; Pv 19.2; Is 53.11). Os desejos e as
paixões em relação a essa vida natural e física também estão armazenados na
alma (Lc 12.19; Ap 18.14). A alma é o meio através do qual todas as
necessidades humanas são expressadas, sejam elas espirituais ou
emocionais.

Afirmam alguns teólogos que o espírito e a alma são inseparáveis e


interligados entre si vindo dessa essência a imortalidade da alma. A Bíblia fala
da salvação da alma (Mt 10.28; Tg 5.20). Jesus disse que não adianta o
homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma (Mc 8.36,37). Devemos,
pois encomendar nossas almas ao Deus Criador (1Pe 4.19).

IV. O CORPO HUMANO

O corpo humano é simplesmente a casa da alma, é o lugar físico onde habita a


parte imaterial do ser humano. É a morada terrena do ser humano que é
essencialmente espírito e alma como vimos anteriormente.

1. Casa ou Tabernáculo: 2º Co 5.1 nos ensina que o corpo é um local de


habitação temporária que nos é dado pelo Criador, provisoriamente enquanto
peregrinamos na terra rumo a eternidade. Com a morte física que é a
separação da parte imaterial de nosso ser da parte física, essa tenda é
desarmada e a alma parte em rumo a sua morada eterna (Is 38.12; 2Pe
1.13,14). Alguém certa vez disse: “O homem é um embrulho postal que o
médico ou parteira despachou ao coveiro”.

2. Templo: Templo é um lugar consagrado para e pela presença de Deus.


Religiosamente falando na cultura ocidental, templo é o local onde se reúne os
devotos para prestarem um homenagens a Deus. Do ponto de vista bíblico o
cristão é em tese a morada de Deus (1Co 3.16,17; 6. 19,20; 2Co 6. 16). É o
lugar onde Deus manifesta sua presença ou um lugar onde a presença de
Deus é localizada (1Rs 8.27,28).

3. Vaso: Muitos filósofos pagãos tratam o corpo com desprezo pois o


consideram um empecilho para o aperfeiçoamento da alma. A Bíblia porém
afirma que ele foi formado por Deus direto do pó da terra (Gn 2.7) e que uma
de nossas atribuições espirituais é apresentá-lo a Deus (Rm 12.1) e outra é
usá-lo para a glória de Deus (1 Co 6.20, 1 Ts 4.4). Durante esse processo
podemos glorificar ou desonrar o Criador através do nosso corpo (2 Tm 2.20-
21).

Assim, o corpo é o elemento essencial do existir, viver, conhecer, desejar,


fazer, e, sem ele o homem não seria capaz de alimentar, reproduzir, aprender,
comunicar, trabalhar, etc. É através do corpo que o homem se torna um ser
social. Será pelas obras praticadas por meio do corpo que o homem será um
dia julgado (2Co 5.10; Ap 20.11-15).

CAPÍTULO 7

JESUS CRISTO: O CAPELÃO POR EXCELÊNCIA

A Bíblia em sua plenitude nos revela a fantástica e maravilhosa narrativa


acerca da vida de Jesus, seria ele o maior exemplo de capelão para nós na
antiguidade e também na atualidade. O maior segredo de todos os tempos
para todas as conquistas está dentro dos Princípios do Reino de Deus. Quando
nos atentamos a estes princípios descobrimos um universo muito mais real do
que o que costumamos viver. Pensar nos cuidados oferecidos por Jesus aos
que tiveram a oportunidade de caminhar com Ele nessa terra é uma fonte
inesgotável de exemplos, vida e amor.

Durante todo o seu ministério, Jesus nos demonstrou como cuidar do físico,
emocional, moral, social bem como do espiritual. E todos esses cuidados não
eram dissociados uns dos outros. Um bom exemplo é o texto de Mateus 14.13-
21 e João 6. Em um primeiro momento, Jesus se preocupa em ensinar a
multidão por que se compadecia dela, o que podemos destacar como um
cuidado espiritual. Com o avançar das horas, Jesus se preocupou com a fome
do povo, afinal, já se fazia tarde.
Então, cuidou da multidão providenciando alimento para todos indistintamente
e também curou os enfermos, o que é um cuidado com o físico. Jesus também
se preocupava com a saúde moral e social daqueles que o Pai lhe havia
confiado.

Vejamos o exemplo de João 4 e João 8. Em ambos os casos, Jesus se


preocupou em devolver a dignidade, a identidade dessas mulheres para com
Deus e para com a sociedade sem se compactuar com o pecado, mas amando
intensamente todas as pessoas. Em todos os evangelhos, podemos
acompanhar o amor e a compaixão como as características marcantes de seu
ministério. Todos os que buscavam a Jesus encontravam respostas, aceitação
e cura. Ricos ou pobres, a todos Jesus cuidou com deferência e respeito, zelo
e carinho.

Jesus nos chama a fazer o mesmo que Ele fez, a seguir suas orientações e
ensinar a outros as boas novas de salvação. Esse é o cuidado integral que nos
desafia e nos chama através do exemplo de Jesus: enxergar o outro, o nosso
próximo por fora e também por dentro. Cuidar do físico, mas não esquecer dos
cuidados com o coração atormentado, a fé abalada, a dignidade perdida. Jesus
Cristo, nosso maior exemplo de cuidado integral! Sejamos como Ele.

I. EXEMPLOS DE CAPELANIA NA VIDA DE CRISTO

Nenhum serviço aos necessitados foi maior do que aquele que foi prestado
pelo Senhor Jesus Cristo. Ele é o nosso exemplo maior e devemos imitar suas
obras de compaixão.

1º) Capelania infantil (Mt 19.13-15)

2º) Capelania social (Mt 14.15-16).

3º) Capelania hospitalar (Mt 14.14; Mc 6.55).

4º) Capelania com os desprezados (Jo 5.2-9).

5º) Capelania fúnebre (Lc 7.12-16)

6º) Através do escritor do livro de Hebreus nos ordena a praticar a capelania


prisional (Hb 13.3).
Prestar auxílio espiritual, visitação é, portanto, o ato de juntar-se a uma pessoa
em crise com o objetivo de fortalecê-la, consolá-la e acompanhá-la no
momento difícil.

Encontramos exemplo de "visitação" já no Jardim do Éden, quando Deus


passeava e visitava a Adão e Eva (Gn 3.8).

Assim sendo, "visitar" foi uma ação que começou com nosso Deus, o qual
também visitou a Israel várias vezes de forma direta: Abrão (Gn 12.1, 15.1-21,
17.1-22, 18.1, 22.1), Sara (Gn 21.1), Moisés (Ex 3.1-5, 3.16, 6.1-3), Josué (Js
1.1-9), Gideão (Jz 6.11), Samuel (1Sm 3.4, 15.10,11), Isaías, Jeremias (Jr 1.4-
10; 33.6).

A visita divina ao seu povo se tornou completa com a vinda de Jesus Cristo na
plenitude do tempo (Jo 3.16,17). No Evangelho de Mateus 1.23 lemos: “Eis que
a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamá-lo-ão pelo nome de
EMANUEL, que traduzido é: Deus é Conosco”.

No Evangelho de João 1.14 temos o relato da visita quando “o verbo se fez


carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória,
como a glória do unigênito filho de Deus”.

Este Verbo divino nos disse que não veio para os sãos, mas para os doentes
(Mc 2.17) e ainda nos diz “eu irei e lhe darei saúde” (Mt 8.7). Então, a visita de
Deus através de Jesus Cristo é fundamental para toda a humanidade porque
através dela temos a saúde eterna. O Senhor Jesus também treinou seus
discípulos para que visitassem ( Mt 9.35, 10.6) e deu seu exemplo quando foi a
casa de Zaqueu (Lc 19.5), quando visitou com Tiago a casa de Pedro (Mc 1.29-
31) nessa ocasião curou a sogra de Pedro Jesus também visitou a casa do
principal da sinagoga (Mc 5.38-43).

Convém também lembrarmos que o primeiro milagre foi numa casa, quando o
Mestre transformou a água em vinho (Jo 2.1-9). Por todas estas evidências
percebemos que Jesus dava enorme importância à visitação. Este ato cristão
de "visitar" também era percebido na Igreja Primitiva, Paulo foi convidado a ir a
casa de Lídia (At 16.15), Paulo e Silas foram a casa do carcereiro (At 16.31-
33), Pedro foi visitar a casa do centurião Cornélio por ordem divina (At 10.1-
48).
Precisamos como Igreja do Senhor, levar uma palavra de paz para as pessoas
que vivem enfermas, em dificuldades, sobrecarregadas e oprimidas.
Precisamos anunciar o amor e o zelo de Deus pelas suas vidas. Imitando a
Jesus Cristo que sempre ouvia o clamor dos enfermos (Mt 9.1-8). O amor que
moveu Jesus a morrer por nós, será o principal elemento a movernos neste
ministério de apoio e consolação aos necessitados. Portanto, visitar, prestar um
auxílio espiritual e confortar são:

. Empatizar com os que sofrem.

. Levar uma palavra de esperança aos desesperados.

. Dizer que vale a pena viver apesar das dificuldades existentes na vida.

. Amar a Deus e ao próximo.

. Levar alguém a ter alegria de aceitar o que é e, se conformar, com o que tem.

. Fazer uma vida feliz e ser feliz também.

. Compartilhar o amor, a paz e realização que Deus nos dá.

. Excluir da nossa vida as palavras: Derrota e Desesperança.

. Levar aos pés de Cristo, toda causa dos oprimidos, amargurados,


desesperançosos.

. Compartilhar com alguém, que o sofrimento, as dificuldades da vida é um


meio pelo qual crescemos em direção a Deus, do próximo, e de nós mesmos.

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