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HU/UFJF
2020
LIVRO DE
PROTOCOLOS
HU/UFJF
Índice
1) Folha de Parada Cardiorrespiratória
2) Alergia Alimentar
3) Antibióticos
4) Anticoagulação
5) Artrites
6) Asma
7) Cetoacidose Diabética
8) Colestase
9) Constipação Intestinal e Impactação Fecal
10) Derrame Pleural
11) Desnutrição Proteico-calórica
12) Diarreia Aguda
13) Diarreia Crônica
14) Distúrbios do Equilíbrio Ácido-básico e Interpretação da Gasometria
15) Distúrbios Eletrolíticos do Sódio e Potássio
16) Doença Falciforme - Crise Álgica
17) Doença Falciforme - Eventos Agudos
18) Doença Metabólica
19) Dor
20) Encefalites Virais
21) Estado de Mal Epilético
22) Febre sem Sinais de Localização e Febre de Origem Indeterminada
23) Fibrose Cística
24) Hidratação Venosa
25) Hipertensão e Crises Hipertensivas
26) Imunodeficiências Primárias
27) Imunoglobulinas
28) Infecção do Trato Urinário e Pielonefrite
29) Intoxicações Exógenas
30) Kawasaki
31) Lesão Renal Aguda
32) Linfonodomegalias
33) Meningite Bacteriana
34) Neutropenia Febril
35) Osteomielite e Artrite Séptica
36) Paracoccidioidomicose
37) Pneumonias
38) Rinossinusites Agudas
39) Sedação e Analgesia
40) Sepse e Choque Séptico
41) Sepse Neonatal
42) Síndrome Nefrítica
43) Síndrome Nefrótica
44) Transfusão de Hemocomponentes
45) Tuberculose
46) Urticária, Angioedema e Anafilaxia
Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica
Parada
Cardiorrespiratória
Versão 1.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de
Atenção à Saúde da
Criança e Adolescente
HU-UFJF
H ospital
U niversitário
-‐
U F J F
Adrenalina A partir de
(1/1000=amp de 1mg/ml) 12 anos Adrenalina--------- 1ml
EV-IO 1:1000 Lavar com 5ml de SF0,9%
Amiodarona 5mg/Kg
50mg/ml Fazer 0,1ml/Kg IV
Dose máx: 300mg Lavar com 5ml de SF0,9%
DROGAS PARA INTUBAÇÃO / AMINAS / OUTROS
Dose
Droga e Apresentação Preconizada: Prescrição: Dose:
Bolus: Diluir 2ml + 8ml SF0,9% e fazer 0,2ml/Kg
2microg/Kg lento IV
Lavar com 5ml de SF0,9% lentamente
Infusão contínua:
Dose inicial: Fentanil 50 mcg/ml ------------------ ml
Fentanil 1 mcg/kg/hora Soro Fisiológico 0,9% --------------- ml
Apresentação: 50mcg/ml VT= ml
Aumentos de Correr EV a ml/hora= mcg/Kg/h
0,1mcg/kg/h por
vez até 5
mcg/kg/hora
Rocurônio------------------ ml
1mg/Kg Puro fazer em 3 min
Rocurônio Lavar com 5ml de SF0,9%
10mg/ml
1mg/Kg Diluir 2ml + 8ml SF0,9% e fazer 0,1ml/Kg
Cetamina lento IV
50mg/ml Lavar com 5ml de SF0,9%
Midazolan Bolus: Diluir 2ml + 8ml SF0,9% e fazer 0,2ml/Kg
Dormonid 3ml=15mg 0,2mg/Kg Lavar com 5ml de SF0,9%
Infusão contínua:
Dose inicial: Midazolan 5mg/ml -------------------- ml
0,1 mg/kg/hora Soro Fisiológico 0,9% --------------- ml
VT= ml
Correr EV a ml/hora= mg/Kg/h
Aumentos de
0,1mg/kg/h por
vez até 1mg/Kg/h
Dopamina Dose beta: 5-
1fr=50mg=10ml 10mcg/kg/min Dopamina 5mg/ml ------------------ ml
Soro Fisiológico 0,9% ---------------- ml
Dose alfa: 10- VT= ml
15mcg/Kg/min Correr EV a ml/hora = mcg/Kg/min
Aumentos de
0,05-
0,1mcg/kg/min a
cada 15 minutos
Dobutamina Dose: 5 a
12,5mg/ml 20mcg/kg/min Dobutamina 12,5mg/ml---------- ml
Soro Fisiológico 0,9% ---------------- ml
Aumentos de VT= ml
0,05- Correr EV a ml/hora = mcg/Kg/min
0,1mcg/kg/min a
cada 15 minutos
Adrenalina Dose inicial:
1mg/ml 0,05mcg/kg/min Adrenalina 1mg/ml ----------------- ml
Dose: 0,05- Soro Fisiológico 0,9% ---------------- ml
1mcg/kg/min VT= ml
Correr EV a ml/hora =
Aumentos de mcg/Kg/min.
0,05-
0,1mcg/kg/min a
cada 15 minutos
Noradrenalina Dose inicial: Noradrenalina 1mg/ml ----------------- ml
Apresentação: 4mg/ml, mas 0,1 mcg/Kg/min Soro Fisiológico 0,9% ---------------- ml
usamos a noradrenalina base Aumentos de VT= ml
1mg/ml 0,05- Correr EV a ml/hora =
0,1mcg/kg/min a mcg/Kg/min.
cada 15 minutos
Milrinona Dose inicial:
Apresentação: (1mg/ml) 0,5mcg/Kg/min Milrinona 1mg/ml ----------------- ml
Soro Fisiológico 0,9% ---------------- ml
Dose: 0,375- VT= ml
1mcg/kg/min Correr EV a ml/hora= mcg/Kg/min
Volume da medicação para 24h= Peso x dose desejada (em mcg/kg/min)x1440 ou Peso x dose desejada (em mcg/kg/min)x1.44
Concentração da droga (em mcg) Concentração da droga (em mg)
Concentração Dopamina = 5000 mcg
Concentração Dobutamina=12500 mcg
Concentração Adrenalina=1000 mcg
Concentração Noradrenalina= 1000 mcg
Fator de correção: Volume do equipo (20 ou 24) + 1
Vol. Total a ser infundido
O valor encontrado deve ser multiplicado por cada item da solução
Ex: peso 3Kg e adrenalina na dose de 0,1 mcg/Kg/min
Adrenalina ( 1mg/ml)------0,4 ml
SF0,9%---------------------- 23,6 ml
VT: 24 ml (esta solução vai ficar toda no equipo!!!!)
1ml/h = 0,1 mcg/Kg/min
Fator de correção: 24__ + 1 = 2,0
24
Adrenalina ( 1mg/ml)------0,8 ml
SF0,9%---------------------- 47,2 ml
VT: 48 ml
Mas manter 1ml/h = 0,1 mcg/Kg/min
Para saber se está correto:
48ml -24 ml a ser infundido= 24 ml( 0,4 + 23,6)
Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica
Alergia Alimentar
1.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de Atenção
à Saúde da Criança e
Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Cria o Protocolo Clínico e Dr Willian José Araújo
Diretriz Terapêutica de Dr Willian José Pereira e Residente
16/01/2019 1.0
‘Alergia Alimentar” Araújo Pereira Guilherme Gomide Cabral
Objetivos:
- Definir alergia alimentar
- Reconhecer clinicamente os pacientes com quadro de alergia alimentar
- Exemplificar os casos mais comuns de alergia alimentar, destacando a alergia à proteína do leite de vaca
Introdução
Definição
Alergia alimentar é uma resposta imunológica atípica ocorrida pós ingesta e/ou contato com
determinado(s) alimento(s)¹.
Revisão teórica
Epidemiologia
Dados sobre prevalência de alergia alimentar, no Brasil, são deficientes e restritos a grupos
populacionais, o que impossibilita uma aferição aproximada da realidade. Gastroenterologistas
pediátricos em estudos demonstram que a alergia alimentar é mais comum entre 0 e 2 anos de vida,
sendo a incidência de alergia às proteínas do leite de vaca em 2,2% e a prevalência em 5,4% nos
serviços avaliados².
Classificação
Diagnóstico
Manifestações clínicas
Reações mediadas por IgE: acontecem minutos pós exposição ao alimento
Reações não-mediadas por IgE e as formas mistas: acontecem de horas até dias pós exposição
ao alimento 15.
Diagnósticos diferenciais16
Intolerâncias alimentares
Alterações anatômicas do trato digestório e respiratório
Erros inatos do metabolismo
Doença celíaca
Fibrose cística
Insuficiência pancreática
Linfangiectasia intestinal
Imunodeficiências
Infecções (trato digestório e sepse)
Doença inflamatória intestinal
Anamnese6,17,18
Investigar:
-Recordatório alimentar
-Associação dos sintomas ao alimentos
-Se a reação é reproduzível
-Intervalo de tempo entre a ingestão do alimento suspeito e os sintomas
-História gestacional (parto cesárea)
-Predisposição familiar
-Tempo de aleitamento materno
Exame físico19
Observar/questionar:
-Estado geral da criança
-Ganho / perda ponderal
-Presença de sangue nas fezes (tipo, cor, tempo de sangramento)
-Lesão de pele
-Alteração respiratória (angioedema)
Diagnóstico laboratorial20,22
Dosagem de IgEs nos casos de IgE Mediada apenas:
-IgE Total
-IgE especificas para:
-Ovo
-Leite (Caseína, alfa Lactoalbumina, Beta Lactoglobulina)
-Soja
-Amêndoas e frutos do mar (em geral)
-Prick Test*
*O teste cutâneo de hipersensibilidade imediata (teste de puntura ou prick test) auxilia na
investigação alérgica (presença de anticorpo IgE específico para determinada proteína alimentar). A
idade não é fator limitante, porém crianças abaixo de dois anos podem ter pápulas com diâmetros
menores se comparadas a crianças maiores. Quanto maior o diâmetro da pápula formada, maior é a
probabilidade de o indivíduo apresentar sintomas quando exposto ao alérgeno.
Para realizar o prick test coloca-se gotas do alérgeno na face do antebraço e com uma lanceta
alcança-se a região epicutânea. Aguardar 15 minutos e verificar formação de pápulas. O surgimento
com diâmetro maior ou igual a 3mm sugere reação de hipersensibilidade.
Figura 1 – Classificação, mecanismos e manifestações clínicas das reações ao alimentos20
Tratamento
Situações Especiais
Alergia à proteína do leite de vaca (APLV)
A beta lactoglobulina, a alfa lactoalbumina e a caseína são as proteínas do leite de vaca com elevada
capacidade alergênica e também são encontradas em alimentos como as fórmulas infantis para
lactentes, iogurtes, queijos e outros produtos industrializados ou caseiros. A fervura demorada do
leite não é eficiente para inativar ou reduzir a qualidade alergênica dessas proteínas. Baixas doses
delas podem ser encontradas no leite de mulheres que ingerem leite de vaca e são responsáveis por
provocar manifestações clínicas no lactente, especialmente colite e cólica21.
Atenção:
Por deficiência de digestão e/ou absorção da lactose, há quem desenvolva manifestações clínicas
após a ingestão desse açúcar, de modo temporário ou definitivo, sendo considerado intolerante à
lactose20. Na falta ou na deficiência de lactase (enzima), a lactose não é fragmentada e a sua
permanência na luz intestinal propicia20:
Aumento da formação de gases;
Borborigmo;
Flatulência;
Distensão abdominal;
Dor abdominal;
Náusea;
Diarreia.
Na intolerância à lactose as fezes são líquidas e explosivas, com carga osmótica aumentada e baixo
ph. As fezes ácidas podem ocasionar dermatite perianal. Em situações graves pode ocorrer
desidratação e acidose metabólica20.
ALERGIA AO OVO
O aparecimento de alergia ao ovo é mais comum nos primeiros anos de vida, normalmente devido às
proteínas da clara23. A ovoalbumina (Gal d 1), o ovomucóide (Gal d 3) e a conalbumina (Gal d 2),
que constituem 54%, 11% e 12% da proteína total da clara, respectivamente são os alérgenos mais
importantes23.
Pacientes alérgicos a proteínas de ovo de galinha reagem à clara de ovo de outras aves. E quando
alérgicos à gema, podem apresentar reação à carne de frango8,12.
Referências Bibliográficas
2 - Vieira MC, Morais MB, Spolidoro JV, Toporovski MS, Cardoso AL, Araujo GT, et al. A survey
on clinical presentation and nutritional status of infants with suspected cow' milk allergy. BMC
Pediatr. 2010 Apr 23;10:25. doi: 10.1186/1471-2431-10-25.
3 - Sampson HA. Food allergy: past, present and future. Allergol Int. 2016;65(4):363-9.
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5 - Tordesillas L, Berin MC, Sampson HA. Immunology of Food Allergy. Immunity. 2017;47(1):32-
50.
6 - Boyce JA, Assa'ad A, Burks AW, Jones SM, Sampson HA, Wood RA, et al. Guidelines for the
diagnosis and management of food allergy in the United States: report of the NIAID-sponsored
expert panel. J Allergy Clin Immunol. 2010;126(6 Suppl.):S1e58.
7- Sicherer SH, Sampson HA. Food allergy. J Allergy Clin Immunol 2010; 125:S116-25
08 – Cianferoni A, Spergel JM. Food allergy: review, classification and diagnosis. Allergol Int. 2009
Dec; 58(4):457-66.
09 – Sicherer SH, Sampson HA. Food allergy: recent advances in pathophysiology and treatment.
Annu Rev Med. 2009; 60: 261-77.
10 - Matricardi PM, Kleine-Tebbe J, Hoffmann HJ, Valenta R, Hilger C, Hofmaier S, et al. EAACI
Molecular Allergology User's Guide. Pediatr Allergy Immunol. 2016; 27 (S23):1-250.
12 - Sicherer SH, Sampson HA. Food allergy: a review and update on epidemiology, pathogenesis,
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13 - Nwaru BI, Hickestein L, Panesar SS, Roberts G, Muraro A, Sheikh A, et al. Prevalence of
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16 – Vandenplas Y, Koletzko S, Isolauri E, Hill D, Oranje AP, Brueton M, et al. Guidelines for the
diagnosis and management of cow’s milk protein allergy in infants. Arch Dis Child. 2007 Oct;
92(10): 902-8.
17 - Fiocchi A, Brozek J, Schünemann H, Bahna SL, von Berg A, Beyer K, et al. World Allergy
Organization (WAO) Diagnosis and Rationale for Action against Cow’s Milk Allergy (DRACMA)
Guidelines. Pediatr Allergy Immunol 2010:21:1-125.
18 - Johnson CC, Ownby DR, Alford SH, Havstad SL, Williams LK, Zoratti EM, et al. Antibiotic
exposure in early infancy and risk for childhood atopy. J Allergy Clin Immunol 2005;115:1218-24.
19 – Carvalho E, Ferreira CT. Alergia alimentar. In: Carvalho E, Silva LR, Ferreira CT.
Gastroenterologia e nutrição em pediatria. Barueri: Manole; 2002. P.267-315.
20 – Carvalho E, Ferreira CT. Alergia alimentar. In: Sociedade Brasileira de Pediatria; Oliveira Filho
EA, Nobrega M, organizadores. PROPED Programa de Atualização em Terapêutica Pediátrica: Ciclo
1. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2014. p. 9-57. (Sistema de Educação Continuada a Distância,
v.3)
21 – Toporovski MS, Vieira MC, Spolidoro JVN, Morais MB, Fagundes Neto U. Alergia ao leite de
vaca. In: Lopez FA, Campos Jr. D. Tratado de pediatria – Sociedade Brasileira de Pediatria. Barueri:
Manole; 2007. P.863-71.
22 - Solé D, Amancio OMS, Jacob CM, Cocco RR, Sarni ROS, Suano F, et al. Guia Prático de
diagnóstico e tratamento da Alergia as Proteínas do Leite de Vaca mediada pela imunoglobulina E.
Rev Bras Alerg Imunopatol. 2012;35(6):203-33.
23 - Pereira AC, Moura SM, Constant PB. Alergia alimentar: sistema imunológico e principais
alimentos envolvidos. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde. 2008; 29 (2): 189-200.
24 - Koletzko S, Niggemann B, Arato A, Dias JA, Heuschkel R, Husby S, et al. Diagnostic Approach
and Management of Cow`s-Milk Protein Allergy in Infants and Children: ESPGHAN GI Committee
Practical Guidelines. JPGN 2012;55:221-9.
Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica
Antibióticos
Versão 1.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de
Atenção à Saúde da
Criança e Adolescente
HU-UFJF
Serviço de Pediatria HU-UFJF
Elaborado em:
Julho/2015
ANTIBIÓTICOS
Revisado em:
Amicacina
Apresentação do HU Ampola de 100mg/2ml
Obs.: ampola de 500mg/2ml deve ser poupada para uso
inalatório na UTI
Doses a) Dose usual: 5 – 7,5 mg/kg/dose de 8/8h
b) Infecção SNC:
- Meningite em crianças: IV 20-30 mg/kg/dia 8/8h
- Meningite em adolescente: IV 15mg/kg/dia 8/8h
c) Infecção pulmonar na Fibrose Cística:
dose usual: IV,IM: 10mg/kg/dose 8/8h
- Dose estendida: IV 30mg/kg/dose 24/24h
d) Complicações de infecção intra-abdominal:
- IV: 15-22,5mg/kg/dia 8/8h-24/24h
e) Infecção por Mycobacterium avium:
- IV 15-30mg/kg/dia 12/12 ou 24/24h
f) Drogas resistentes na Tuberculose:
<14 anos: IM,IV: 15-30mg/kg/dose
>14 anos:15mg/kg/dose
g) Em RN prematuros:
<27 semanas:15-20mg/kg/dose - 48 horas
28-33 semanas:15-20mg/kg/dose -36 horas
>34 semanas: 15mg/kg/dose – 24 horas
Fonte: Taketomo, Pediatric & Obs.: Para pacientes obesos, use o peso corporal
Neonatal Dosage Handbook ajustado ao invés do peso corporal real. Peso corporal
with International Trade
Names Index. 21st Ed. 2014-
ajustado=peso corporal ideal +0,4(peso corporal total –
2015. peso corporal ideal)
Preparo da medicação - IM: não há necessidade para reconstituição e fazer no
máximo de 3,0ml por vez de volume intramuscular
- IV: não se aplica
Diluição final Reconstituição em SF0,9% ou SG5%.
Não exceder concentração final de 10mg/ml.
Administração por infusão: 30 a 60minutos
Serviço Pediatria 1
Exemplo de cálculo P=10 kg
Dose: 5 mg/kg/dose (50 mg/dose) de 8/8h
Reconstituição:
Amox + clav 500mg/100mg ---------- 10 ml ABD
250mg/50mg ------------ x = 5mL
Diluição final:
No caso do frasco-ampola de 500mg: 50mL de solução
fisiológica, água para injeção ou Ringer Lactato.
Ampicilina
Apresentação do HU Pó para solução injetável de 500mg (em falta no serviço) e 1 g
(contendo 3mL de diluente próprio)
Serviço Pediatria 3
Doses a) Infecções de leve a moderada (IM/IV): 100-150
mg/kg/dia a cada 6 horas
Fonte: Taketomo, Pediatric & b) Infecção grave (IM/IV): 200-400 mg/kg/dia a cada 6
Neonatal Dosage Handbook horas
with International Trade c) Meningite (IV): 200-400 mg/kg/dia a cada 6 horas
Names Index. 21st Ed. 2014-
2015. d) Pneumonia (IV): 150-200 mg/kg/dia a cada 6 horas
Preparo da medicação - IM: reconstituir com água para injetáveis 2 ml ( frasco 500
mg) e com 3 ml ( frasco de 1 g). Aplicar IM profundo
- IV: diluir em ABD 5 ml
Diluição final Diluir o reconstituído em SF 0,9% ou SG 5% para atingir
concentração final de 30 mg/ml.
Velocidade de infusão: 30 minutos
OBS: Soluções para infusões intravenosas são mais estáveis
quando se emprega SF 0,9% como diluente.
Exemplo de cálculo P=10 kg
Dose: 200 mg/kg/dia a cada 6 horas
Dose por dia: 2000 mg 500 mg/dose
Diluição a 30mg/ml
30mg -----------1ml
500mg-----------x = 17ml
Diluir uma ampola em 3 ml de diluente, pegar 1,5ml e rediluir
em 17 ml de SF 0,9%. Correr IV em 30 minutos de 6/6 horas.
*Volume de expansão:
- Ampicilina Eurofarma: 5 ml diluente = 6,2 ml da solução
- Ampicilina Teuto: 5 ml diluente = 5,8 ml da solução
Estabilidade - IM: Deve ser usada em 1 hora (máximo 25ºC)
- IV: Soluções reconstituídas devem ser usadas dentro de 24
horas, desde que mantidas sob refrigeração (entre 2 a 8ºC). À
temperatura ambiente, com SF 0,9% é de 8 horas e com SG
5% é de 2 horas.
Interações Pacientes recebendo alopurinol parecem estar predispostos ao
medicamentosas desenvolvimento de erupções cutâneas induzidas pela
Ampicilina. Sua atividade sofre interferência do ácido
acetilsalicílico e de soluções bicarbonatadas. Não infundir EV
junto com: adrenalina, amicacina, anfotericina, bicarbonato,
clindamicina, cloranfenicol, dexametasona, difenidramina,
dopamina, dobutamina, fenobarbital, fluconazol, gentamicina,
heparina, hidralazina, hidrocortisona, insulina, lidocaína,
metilprednisolona, metronidazol, midazolam, tobramicina e
verapamil.
Efeitos adversos Cefaleia, febre, rash cutâneo, urticária, diarreia, glossite, colite
pseudomembranosa, candidíase oral, vômitos, eosinofilia,
Serviço Pediatria 4
anemia hemolítica, trombocitopenia, neutropenia. Pacientes
com EBV, CMV ou LLA tem maior probabilidade de
desenvolverem rash maculopapular.
Custo por ampola R$ 15,80 (1 grama)
Ampicilina + Sulbactam
Apresentação do HU Pó para solução injetável com 1000mg de ampicilina +
500 mg de sulbactam
Doses - 50-100 mg/kg/dia de ampicilina e 50mg/kg/dia de
sulbactam divididos de 6 em 6 horas ou 8 em 8 horas
Fonte: Taketomo, Pediatric &
Neonatal Dosage Handbook
with International Trade
Names Index. 21st Ed. 2014-
2015.
Preparo da medicação - IM: Adicionar 3,2 ml de água para injeção ou lidocaína 0,5%
concentração máxima:250/125mg/ml
Reconstituição:
Ampi + sulb 1000mg + 500mg---------- 3,2ml ABD
250 + 125 --------- x = 0,8mL
Diluição final:
Diluir o reconstituído em 13ml de SF 0,9% ou SG 5%.
(20mg/ml de ampi)
Serviço Pediatria 5
Efeitos adversos Anemia, leucopenia, trombocitopenia, eosinofilia,
agranulocitose,choque anafilático e reação anafilactóide,
convulsão, flebite, diarréia, vômito, epigastralgia, glossite,
estomatite, enterocolite ,hiperbilirrubinemia, hepatite
colestática, icterícia, rash, prurido, Stevens-Jhonson, nefrite e
dor local
Custo por ampola R$ 36,69
Anfotericina B
Apresentação do HU Pó para solução injetável 50 mg
(contendo 10 ml diluente próprio)
Doses As doses variam conforme patologia e quadro clínico.
(Consulte o Handbook para certificar-se da dose de acordo
com a patologia que deseja tratar).
Fonte: Taketomo, Pediatric & - Se a primeira dose não entrar pela manhã, tentar ajustar o
Neonatal Dosage Handbook horário para que seja infundido pela manhã. Essa medida é
with International Trade utilizada para padronizar o horário, uma vez que a medicação
Names Index. 21st Ed. 2014- apresenta muitos efeitos indesejáveis que devem ser
2015.
monitorados pela rotina.
Preparo da medicação A diluição inicial de 50 mg da ampola, deve ser feita em 10 ml
do diluente próprio (ou se não disponível, com ABD).
Não diluir em SF 0,9% pois precipita.
Diluição final Diluir o reconstituído em SG 5% para atingir uma
concentração final 0,1 mg/ml.
Não diluir em SF 0,9% pois precipita.
- Tempo de infusão: 4 horas, podendo chegar até 6 horas.
Exemplo de calculo P=10 kg
Frasco-ampola = 1g
Dose: 1 mg/kg/dose de 24/ 24 h = 10 mg/dose
Reconstituição:
Anfo B - 50 mg ________________10 ml (diluente próprio)
10 mg________________ X = 2mL
Serviço Pediatria 6
Estabilidade - Reconstituído: 24 horas ( temperatura ambiente e
protegido da luz) ou 7 dias (entre 2 a 8° C).
OBS: A forma em pó não possui estabilidade fora da geladeira.
- Diluído: Administrar imediatamente e descartar o volume
não utilizado.
Interações Não infudir no mesmo acesso com nutrição parenteral ( parar a
medicamentosas NPT). Agentes antineoplásicos, fármacos eliminadores de
potássio, medicamentos nefrotóxicos(aminoglicosídeos e
ciclosporina), agentes cujos efeitos ou toxicidades possam
ser aumentados pela hipocalemia( Glicosídeos, digitálicos,
relaxantes musculares e anti-arrítmicos) e corticóides e
corticotoifina (ACTH) podem potencializar a hipocalemia
induzida pela anfotericina.
Efeitos adversos Anemia, trombocitopenia, náuseas, vômitos, diarréia, rash,
prurido, arritimias, dor generalizada, elevação das enzimas
hepáticas, alteração da função renal.
ATENÇÃO: Hipopotassemia e hipomagnesemia - MUITO
COMUM.
Azitromicina
Apresentação do HU Pó para solução injetável 500 mg
Doses 10 mg/kg/dia no 1º dia
5 mg/kg/dia nos dias subsequentes
Fonte: Taketomo, Pediatric &
Neonatal Dosage Handbook
with International Trade
Names Index. 21st Ed. 2014-
2015.
Preparo da medicação Reconstituir em 4,8 ml de água para injeção (expansão de
0,2mL).
Concentração de 100 mg/ml.
Diluição final
Diluir o reconstituído em SF 0,9%, glicose 5% ou ringer lactato
para produzir uma solução de concentração igual a 1 a
mg/ml.
A solução de 1 mg/ml deve ser infundida por 3 horas e a de 2
mg/ml durante 1 hora.
Serviço Pediatria 7
Exemplo de calculo P=10 kg
Frasco-ampola = 500mg
Dose: 10 mg/Kg/dose (= 100mg/dose) no primeiro dia
Reconstituição:
Azitromicina 500mg ---------- 4,8 ml ABD ( 5mL)
100mg --------- x = 1 mL
Diluição: 2mg/mL
2mg ---------- 1mL SF 0,9%
100mg---------- x= 50mL
Diluir um frasco em 4,8 ml de ABD, aspirar 1 mL e rediluir em
50 mL de SF 0,9%. Correr IV em 1 hora, 1 vez ao dia.
Estabilidade - Reconstituído: 24 h (temperatura ambiente)
Cefazolina
Apresentação do HU Ampola 1000mg (pó solúvel)
Doses a) Infecções moderadas:
25 - 50 mg/kg/dia de 8/8h IV
Dose máxima: 1000 mg
b) Infecções graves:
100 - 150 mg/kg/dose de 8/8h IV
Fonte: Taketomo, Pediatric & Dose máxima: 2000 mg
Neonatal Dosage Handbook
with International Trade c) Profilaxia cirúrgica:
Names Index. 21st Ed. 2014- 25 - 30 mg/kg/dia de 8/8h por 24 horas
2015.
Preparo da medicação - IV: Diluir em 10mL de ABD
- IM: Diluir em 2,5mL de ABD
Serviço Pediatria 8
Reconstituição:
Cefepime 1000 mg ________ 10 mL ABD
167 mg ________ x = 1,6 mL
Cefepime
Apresentação do HU Frasco - ampola 1g (pó para solução injetável)
Doses a) Infecções leves a moderadas (ex. infecção intra
abdominal complicada, neutropenia febril, pneumonia
moderada a grave, ITU):
50 mg/kg/dose de 12/12h IV
Reconstituição:
Cefepime 1000 mg ________ 11,4 ml (10 ml de ABD + pó)
500 mg ________ x = 5,7 mL
IM:
Dose: 50 mg/kg/dose (500 mg/dose) de 12/12 horas
Cefepime (1g/1,5ml de diluente + 1,5 ml de lidocaina 2%
sem vaso) = 4,4 ml (expansão volumétrica)
Serviço Pediatria 10
Ceftazidima
Apresentação do HU Frasco ampola com pó para solução injetável 1 g
Doses Neonatal
a) Dose usual
< 1 Kg:
<= 14 dias: 50 mg/Kg/dose a cada 12 horas
14 a 28 dias: 50 mg/Kg/dose a cada 8 ou 12 horas
1 a 2 Kg:
<= 7 dias: 50 mg/Kg/dose a cada 12 horas
8 a 28 dias: 50 mg/Kg/dose a cada 8 ou 12 horas
> 2 Kg:
<= 7 dias: 50 mg/Kg/dose a cada 12 horas
8 a 28 dias: 50 mg/Kg/dose a cada 8 horas
b) Meningite:
<= 7 dias: 100 a 150 mg/Kg/dia dividido a cada 8 ou 12 horas
> 7 dias: 150 mg/Kg/dia dividido cada 8 horas
Crianças e adolescentes
a) Dose usual (IM ou IV):
30 a 50 mg/Kg/dose a cada 8 horas
c) Meningite:
Fonte: Taketomo, Pediatric & 150 mg/Kg/dia dividida a cada 8 horas
Neonatal Dosage Handbook
with International Trade d) Infecções severas:
Names Index. 21st Ed. 2014- 200 a 300 mg/Kg/dia dividida a cada 8 horas
2015.
Dose máxima: 6g/dia
Preparo da medicação - Após reconstituição, há expansão de 1,1mL. Na marca
Cellofam há expansão de 0,6mL.
Reconstituição:
Ceftazidima 1000mg ---------- 10 ml ABD 11,1mL*
500mg --------- x = 5,55 mL
*Considerando a expansão (10 ml 11,1mL)
Ceftriaxone
Apresentação do HU Frasco com pó para solução injetável 1g IM ou IV
Doses a) Meningoencefalite: 100mg/kg/dia de 12/12 ou de 24/24
horas
Fonte: Taketomo, Pediatric &
Neonatal Dosage Handbook b) Oftalmia neonatorum (causada pelo gonococo): dose
with International Trade única 125mg pó via IM
Names Index. 21st Ed. 2014-
2015.
Preparo da medicação - Após reconstituição, há expansão de 0,7 a 0,8mL (marcas
Rocefim e Cellofam).
Serviço Pediatria 12
- IM: Diluir 1 frasco em 2,6 mL de lidocaína 1% sem
vasoconstritor e fazer IM profundo no glúteo
Ceftriaxona-----1 frasco
Lidocaína 1%---2,6 mL (expansão para 3,4mL)
Fazer IM profundo de 24/24 horas.
IV:
Dose: 1000mg/dia ou 500mg/dose de 12/12 horas
Reconstituição:
Ceftriaxona 1000mg ---------- 10 ml ABD ( 10,8mL)
500mg --------- x = 5,4 mL
Serviço Pediatria 13
Ciprofloxacino
Apresentação do HU Bolsa (200mg/100ml) - já resconstituído
Doses a) Dose usual:
EV: 20-30mg/Kg/dia 12/12h (máx: 800mg/dia)
b) Fibrose cística:
Fonte: Taketomo, Pediatric & EV: 30mg/Kg/dia 12/12h ou 8/8h (máx: 1,2g/dia)
Neonatal Dosage Handbook
with International Trade c) Recém nascido:
Names Index. 21st Ed. 2014- - EV: 10mg/kg/dose 12/12h
2015.
Preparo da medicação Pronto para uso, não precisa diluir.
Diluição final Manter diluição 2mg/1ml (já diluído).
Exemplo de calculo P=10 kg
Dose: 30 mg/Kg/dia (150mg/dose) de 12/12 horas.
Serviço Pediatria 14
Claritromicina
Apresentação do HU Frasco pó 500mg
Doses 15mg/kg/dia de 12/12h (máximo de 500mg/dose)
- 7 a 14 dias dependendo a infecção
Fonte: Taketomo, Pediatric & - IV em 30 a 60minutos
Neonatal Dosage Handbook
with International Trade ERRADICAÇÃO DO H. PYLORI: 20mg/kg/dia 12/12h
Names Index. 21st Ed. 2014-
2015.
Preparo da medicação Primeira diluição: 10ml de ABD
Diluição final 2mg/mL SF 0,9%
Se restrição hídrica, usar concentração até 10mg/mL
Exemplo de calculo P=10 kg
Dose: 15 mg/kg/dia (150 mg/dia – 75 mg/dose) de 12/12
horas
Reconstituição:
Claritromicina 500 mg ________ 10mL ABD
75 mg ________ x = 1,5 mL
Diluição final:
2mg_________ 1mL
75mg_______37,7mL SF 0,9%
Clindamicina
Apresentação do HU Solução injetável 150mg/ml (ampola de 2 ml e de 4 ml)
Doses a) Infecções sistêmicas leves: 20 mg/kg/dia - 6/6 horas
b) Infecções sistêmicas graves: 40 mg/kg/dia – 8/8 horas
c) OMA: 30-40 mg/kg/dia – 8/8 horas
d) Endocardite com alergia a penicilina – Profilaxia para
procedimentos:
a. IM ou IV: 20 mg/kg 30 minutos antes do
procediemento
b. VO: 20 mg/kg 1 hora antes do procedimento.
Serviço Pediatria 15
e) Infecção intraabdominal: 20-40 mg/kg/dia – 6/6 horas ou
8/8 horas (combinado com Gentamicina ou Tobramicina)
f) Malária:
a. sem complicações: VO – 20mg/kg/dia 8/8 horas 7
dias.
b. Grave: IV – 10 mg/kg DU + 15 mg/kg/dia 8/8 horas.
Diluição: 18 mg/ml
18mg ------- 1 ml SF 0,9%
60mg ------- x = 3,3 ml
Serviço Pediatria 16
Aminofilina, Ampicilina, antibióticos aminoglicosídeos e
barbitúricos quando associados a Clindamicina ambos perdem
seus efeitos devido à incompatibilidade química. Cloranfenicol
possui antagonismo com Clindamicina. Metronidazol possui
sinergismo com Clindamicina contra Bacterióides e Clostridium.
Efeitos adversos Hipotensão, eritema multiforme, prurido, rash, Sd de Stevens
Johnson, urticária, dor abdominal, diarreia, esofagite, náusea,
colite pseudomembranosa, vaginite, agranulocitose, eosinifilia,
neutropenia, trombocitopenia, aumento de provas de função
hepática, tromboflebite, poliartrite, insuficiência renal, reação
anafilática.
Custo por frasco R$13,40
Fluconazol
Apresentação do HU Bolsa de 100 mL, concentração de 2 mg/mL
Doses Neonatal
a) Candidíase
- Doença sistêmica:
12 mg/Kg/dose 1 vez ao dia por 21 dias
- Doença esofágica:
<= 14 dias de vida: iniciar com 6 mg/Kg/dose seguido por 3
mg/Kg/dose a cada 24 a 72 horas, por no mínimo 14 a 21 dias
> 14 dias de vida: iniciar com 6 mg/Kg/dose seguido por 3
mg/Kg/dose uma vez ao dia, por no mínimo 14 a 21 dias
b) Infecção criptocócica:
Iniciar com 12 mg/Kg/dose seguido por 6 a 12 mg/Kg/dose,
uma vez ao dia
Crianças e adolescentes
a) Dose usual (VO ou IV):
Iniciar com 6 a 12 mg/Kg/dose seguido por 3 a 12
mg/Kg/dose, uma vez ao dia
b) Candidíase:
- Profilaxia:
6 mg/Kg/dose, uma vez ao dia
- Doença esofágica:
Iniciar com 6 mg/Kg/dose seguido por 3 mg/Kg/dose, uma vez
ao dia
- Infecção orofaríngea:
Iniciar com 6 mg/Kg/dose seguido por 3 mg/Kg/dose, uma vez
ao dia
- Infecção sistêmica (paciente estável):
Iniciar com 12 mg/Kg/dose seguido por 12 mg/Kg/dose, uma
vez ao dia ou 6 mg/Kg/dose, duas vezes ao dia
Serviço Pediatria 17
c) Infecção criptococica:
- Geral:
6 mg/Kg/dose, uma vez ao dia
- SNC:
Iniciar com 12 mg/Kg/dose seguido por 6 mg/Kg/dose, uma
vez ao dia
d) Histoplasmose:
200 a 800 mg/Kg/dose, uma vez ao dia
Fonte: Taketomo, Pediatric &
Neonatal Dosage Handbook e) Profilaxia cirúrgica: 6 mg/Kg, dose única, 1 a 2 horas
with International Trade antes do procedimento
Names Index. 21st Ed. 2014-
2015.
Dose máxima: 400 - 600 mg/dia
Atenção: todas as doses acima citadas são recomendadas
para pacientes HIV negativos
Preparo da medicação Não se aplica
Diluição final - A infusão intravenosa não deve ser menor que 2 horas,
com taxa de infusão não excedendo 200 mg/hora.
- Em pacientes recebendo dose menor que 6mg/Kg, a
infusão pode ser entre 1 e 2 horas.
Exemplo de calculo P =10 kg
Frasco = 100mL (conc. 2mg/mL)
Dose: 6mg/Kg/dose (60mg/dose), 1 vez ao dia
ATENÇÃO:
- Cada 200 mg (100 mL de solução) contém 15 mmol de
Na+ e Cl- .
Estabilidade Quando preparado, deve ser administrado
imediatamente. Porções não utilizadas devem ser
descartadas.
Importante proteger a bolsa da luz direta.
Interações - Atenção: este fármaco apresenta número elevado de
medicamentosas interações medicamentosas. Checar possíveis interações
antes de administrá-lo.
Efeitos adversos - Cardiovascular: Angioedema (raro)
- SNC: cefaleia, vertigem
- Dermatológico: rash
- TGI: diarreia, dor abdominal, dispepsia, náuseas e vômitos
- Hepático: aumento de FA, TGO e TGP, hepatite, icterícia,
falência hepatica (raro)
- Miscelânea: reação anafilática (raro)
Custo por bolsa R$2,49
Serviço Pediatria 18
Gentamicina
Apresentação do HU Ampola 80mg/2ml.
Doses a) Dose usual: 7,5 mg/kg/dia 8/8h. Fazer em 1 hora.
Infecção SNC:
- criança: IV: 7,5 mg/kg/dia 8/8h
- adolescente: IV : 5mg/kg/dia 8/8h
b) Infecção pulmonar na Fibrose Cística:
- dose usual: 3,3mg/kg/dose 8/8h
- dose estendida: 10-12mg/kg/dose 24/24h
Fonte: Taketomo, Pediatric & c) Tratamento na Endocardite (IM,IV):
Neonatal Dosage Handbook - 3mg/kg/dia,dividido em 1-3 doses (combinado a
with International Trade outro antibiótico)
Names Index. 21st Ed. 2014- d) Infecção intra-abdominal complicada:
2015.
- 3 a 7,5mg/kg/dia 8/8h a 24/24h
Preparo da medicação - IM: Aplicação sem diluição, é liquida e segundo
fabricante, a dor é tolerável e não há estudo que
recomende uso com lidocaína
- IV: vide abaixo
Diluição final Reconstituição IV SF0,9% ou SG5%.
Concentração máxima=10mg/ml
Administração por infusão: 30 a 120 minutos
P=10 kg
Exemplo de cálculo Dose: 7,5 mg/kg/dia (75 mg/dose – 25mg/dose) 8/8h
Reconstituição:
Meropenem 500mg ---------- 10 ml ABD
200mg --------- x = 4mL
Metronidazol
Apresentação do HU Bolsa com solução injetável 500 mg/100 ml
Doses a) Infecção por anaeróbio: 30 mg/kg/dia a cada 6 horas
Oxacilina
Apresentação do HU Frasco-ampola 500mg
Doses 200 mg/Kg/dia de 6 em 6 horas
Fonte: Taketomo, Pediatric & Consultar doses específicas para período neonatal e adultos.
Neonatal Dosage Handbook Dose máxima diária: 12g/dia (sugere-se que 4g/dia são
with International Trade suficientes para tratatamento de infecções graves em adultos)
Names Index. 21st Ed. 2014-
2015.
Preparo da medicação - IM: Diluir em 2,7ml em crianças, na face lateral da coxa
(expande 0,3mL). Não injetar mais que 2 g de produto de
cada vez; colocar gelo no local da injeção para diminuir a dor.
Oxacilina 500mg-------------10ml
400mg-------------x = 8ml
Sífilis congênita:
Fonte: Taketomo, Pediatric & - RN 50 mil U/kg/dia 12/12h durante 14 dias
Neonatal Dosage Handbook - Lactente: 200 mil UI/Kg/dia 6/6h durante 14 dias
with International Trade
Names Index. 21st Ed. 2014- Pneumonia comunitária: 200 mil U/kg/dia 6/6h por 7 a 10 dias
2015.
Pneumococo resistente: 400 mil U/kg/dia
Preparo da medicação - IM: Reconstituir cada frasco-ampola com um volume de 3,2
ml de ABD. Pode-se utilizar lidocaina 1% e 2%.
Reconstituição:
Pen G cristalina 5.000.000UI ---------- 8 ml ABD ( 10mL)
500.000 UI --------- x = 1mL
Reconstituição:
Piperacilina 4000mg ________ 20mL ABD ( 22ml)
1000 mg ________ x = 5,5mL
Sulfametoxazol + trimetoprim
Apresentação do HU Concentração de 80 + 16 mg/mL, ampola de 5 mL
Doses a) Dose usual (ex. ITU): 8-12 mg TMP/kg/dia de 6- 12 horas.
b) Meningite: 10-20 mg TMP/kg/dia de 6-12 horas.
Fonte: Taketomo, Pediatric & c) Pneumocistose: 15-20mg/Kg TMP divididos a cada 6 a 8
Neonatal Dosage Handbook horas.
with International Trade - Dose máxima: TMP 160 mg
Names Index. 21st Ed. 2014-
2015.
Serviço Pediatria 25
Preparo da medicação Não se aplica
Diluição final:
SMT + TMP (80 + 16/ml)-------------------- 1,2 ml
SF 0,9% --------------------------------------- 30 ml
Teicoplamina
Apresentação do HU Pó para solução injetável 400 mg + 3 mL do diluente próprio.
Doses a) Crianças maiores de 12 anos:
- Dose inicial: 12mg/kg/dia de 12/12 horas por 2 a 4 dias
- Dose de manutenção: 6mg/kg/dia de 24/24 horas
Vancomicina
Apresentação do HU - Frasco-ampola contendo pó liofilizado com 500mg
- Diluente: água para injeção 10mL
Doses - 40 mg/kg/dia 6/6h ou 10-15mg/Kg/dose 6/6h
Serviço Pediatria 27
Reconstituição:
Vancomicina 500mg ---------- 10 ml diluente → 10,2ml
100mg --------- x = 2 mL
Serviço Pediatria 28
Omeprazol
Apresentação do HU Frasco de 40mg em 10ml de diluente próprio
Doses IV: 0,7-3,3mg/kg/dia (máximo 20mg/dia)
- Diluído:
SF0,9% - 12h em temperatura ambiente
SG5% - 6h em temperatura ambiente
Interações Benzodiazepínicos, antagonistas vit K, carvedilol, delarvidine,
medicamentosas erlatinib, mesalasina, nifenavir
Efeitos adversos Taquicardia, bradicardia, hipertensão, cefaléia, alucinação,
rash, Stevens-Jhonson, eritemamultiforme, hipoglicemia,
hiponatremia, ginecomastia, diarréia, náusea, dor abdominal,
vômito, flatulência, atrofia gástrica, pancreatite, anorexia,
agranulocitose, pancitopenia, trombocitopenia,
hipersensibilidade
Custo por frasco R$25,15
Ranitidina
Apresentação do HU Cloridrato de Ranitidina 28 mg (25 mg de ranitidina base)/ ml
– ampola de 2 ml.
Doses a) Gastrite/úlcera duodenal:
EV: 2 – 4 mg/kg/dia 8/8 horas.
Serviço Pediatria 29
Preparo da medicação Não se aplica.
Diluição final Concentração final:
- EV: 0,5 mg/ml SF 0,9% (15 – 30 minutos)
- IM: 25 mg/ml.
Exemplo de calculo P=10 kg
Dose: 4 mg/kg/dia de 6/6h (40mg/dia – 10mg/dose)
Diluição final:
Ranitidina 0,5mg ----------- 1 ml SF0,9%
10mg ------------ x = 20ml
Aspirar 0,4mL, diluir em 20mL de SF 0,9% e fazer EV, em 15
minutos, de 6/6 horas.
Estabilidade Diluído, 24 horas em ar ambiente.
Interações Inibição do sistema oxigenasse de função mista associado ao
medicamentosas citocromo P450, competição pela secreção tubular renal,
alteração do pH gástrico.
Efeitos adversos Assistolia. Bloqueio átrio-ventricular, bradicardia, taquicardia,
vasculite, agitação neuropsicomotora, depressão, alucinações,
cefaleia, insônia, comfusão mental, sonolência, vertigens,
alopecia, eritema multiforme, rash, hiperprolactinemia, dor
abdominal, constipação intestinal, diarreia, náuseas,
enterocolite necrotizante, pancreatite, anemia hemolítica
autoimune, agranulocitose, anemia aplástica, leucopenia,
pancitopenia, trombocitopenia, colestase, insuficiência
hepática, hepatite, dor local, artralgia, distúrbios motores
involuntários, mialgia, turvação visual, nefrite, aumento da
Creatinina, pneumonia, anafilaxia, angioedema, reações de
hipersensibilidade.
Custo por frasco R$3,20
Dexametasona
Apresentação do HU Frasco ampola 4mg/ml
Doses a) Antiemético (antes da quimioterapia):
- 10mg/m²/dose, de 12/12 horas
- Dose máxima 20mg
Fonte: Taketomo, Pediatric &
b) Anti-inflamatória: 0,08 – 0,3 mg/kg/dia, dividida
Neonatal Dosage Handbook
with International Trade em 4 doses
Names Index. 21st Ed. 2014- c) Exacerbação da asma: 0,6mg/kg
2015. - Dose máxima 16mg
d) Meningite Bacteriana: 0,15mg/kg/dose, de 6/6 hrs
e) Edema Cerebral
- Dose inicial: 1 -2 mg/kg/dose
- Manutenção: 1 – 1,5mg/kg/dia , dividida
6/6horas ( Dose máxima: 16mg/dia)
Serviço Pediatria 30
f) Crupe : 0,6mg/kg ,uma vez
- Dose máxima: 16mg
Preparo da medicação Não se aplica.
Diluição final Concentração final: manter diluição 4mg/mL
- Doses acima de 10mg devem ser diluídas em SF ou SG
e correr em 30 min.
Exemplo de calculo P=10 kg
Exacerbação de asma
Dose: 0,6 mg/kg (6 mg/dose)
Hidrocortisona
Apresentação do HU Pó para solução injetável de 100mg e 500mg
Doses a) Anti – inflamatória OU Imunossupressora:
- 1 a 5mg/kg/dia OU 30 – 150 mg/m2/dia, de
12/12horas
Serviço Pediatria 31
Fonte: Taketomo, Pediatric & b) Asma:
Neonatal Dosage Handbook - ataque: 10mg/kg/dose
with International Trade
Names Index. 21st Ed. 2014-
- manutenção:20 mg/kg/dia de 6/6 h
2015. c) Insuficiência Adrenal: 1 – 2 mg/kg/dose
d) Hipoglicemia refratária: 1-2 mg/kg/dose , de
6/6horas
e) Choque Séptico: 1 -2 mg/kg/dia
Preparo da medicação Reconstituição IV ou para uso IM:
- Frasco de 100mg ------ 2ml de ABD ou SF0,9%
-Frasco de 500mg ------ 4ml de ABD ou SF 0,9%
Diluição final - Concentração máxima: 50mg/ml
Exemplo de calculo P=10 kg
Asma (dose de ataque )
Hidrocortisona(500mg/4ml) -------0,8ml
SF 0,9% ----------------------------2ml
Fazer IV lento (não precisa de rediluição)
Estabilidade - Com água para injeção: 12 horas em temperatura
ambiente ou refrigeração.
- Com água para injeção +SG 5%: 6 horas em
temperatura ambiente ou refrigeração.
- Com água para injeção +SF 0,9%: 24 horas em
temperatura ambiente ou refrigeração.
Interações - Nãoinfundir com: Fenitoína,Fenobarbital, Efedrina,
medicamentosas Rifampicina, Cetoconazol , Anfoteericina B
- Evitar uso concomitante com vacinas vivas.
Efeitos adversos Hipertensão , edema, euforia, insônia, cefaleia, HIC,
psicose, nervosismo, pseudotumor cerebral, acne,
dermatite, atrofia de pele, hiperglicemia, Síndrome de
Cushing, retenção de sódio e água, úlcera péptica,
náuseas, vômitos, osteoporose, fraturas, catarata,
glaucoma, reação anafilática.
Custo por frasco - 100mg: R$2,80
- 500mg: R$6,53
Serviço Pediatria 32
c) Nefrite Lúpica: Pulsoterapia 30mg/kg/dose ou 600-
1000 mg/m2/dia (Dose máx:1000mg)
d) Lesão Medular Aguda: 30mg/kg
e) Rejeição à enxerto:1-2mg/kg/dose , uma vez /dia
Preparo da medicação Reconstituição para IV e preparo IM :
- Frasco de 125 mg: 2 ml de diluente próprio
- Frasco de 500mg: 8 ml de diluente próprio
Diluição final Diluir em SF 0,9% ou SG 5% para concentração final: 2,5
mg/mL
Serviço Pediatria 33
Referências bibliográficas:
- Serviço de Informação sobre medicamentos do HU-UFJF
- Formulário Terapêutico Nacional (RENAME), 2010 .
- Taketomo, Pediatric & Neonatal Dosage Handbook with International Trade Names
Index. 21st Ed. 2014-2015.
Aprovado por:
_________________________ _________________________
Dra. Aydra Mendes Almeida Bianchi Dra. Sabrine Teixeira Ferraz Grunewald
Serviço Pediatria 34
Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica
Anticoagulação em
Pediatria
Versão 1.0
Versão Preliminar
Previsão de apresentação em 10/04/2018
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de Atenção
à Saúde da Criança e
Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
A heparina de baixo peso molecular (HBPM) traz menor risco de sangramentos, possuir via de administração
subcutânea e maior intervalo na coleta de exames para controle laboratorial. Por isso deve ser preferida, exceto
quando há indisponibilidade do controle laboratorial da HBPM com a dosagem do fator Xa, o que é o caso do
HU-UFJF. A HBPM também deve ser evitada em pacientes com extremos de peso, com necessidade de
intervenção com procedimentos invasivos durante internação ou condição clínica instável. Nesses casos,
iniciar com heparina não-fracionada (HNF), devido ao seu menor tempo de meia-vida.
Sempre infundir a heparina em acesso venoso exclusivo. É necessário também, antes de início da infusão,
coleta de exames basais do paciente: hemograma, TTPa, TP.
1. Anticoagulação para profilaxia primária em pediatria
Não existem, em pediatria, protocolos claros de anticoagulação para profilaxia primária, ou seja,
naqueles pacientes que nunca apresentaram evento tromboembólico documentado. A decisão deve
ser individualizada, e escores de risco, como o exemplo apresentado no Anexo 1, podem ser úteis
para a definição do risco-benefício de cada paciente.
Uma vez optado por iniciar a profilaxia primária, há preferência pelo uso da HBPM, pela melhor
posologia e facilidade de aplicação. No entanto, a HNF pode ser utilizada em casos selecionados, ou
quando a HBPM não estiver disponível.
Doses: HBPM: 0,5 a 1mg/kg/dia, no máximo 40mg/dia, preferencialmente em dose única subcutânea.
HNF: 100 a 150UI/kg/dose a cada 8 ou 12 horas, máximo 5000UI/dose, subcutânea profunda.
Usar preferencialmente a apresentação 5000UI/0,25ml (menor volume).
A anticoagulação profilática deve ser mantida por um mínimo de 7 dias, pois não há estudos que
mostrem a segurança da interrupção do uso com um período menor de tempo.
Diluição e Administração:
De preferência diluir numa concentração de 100 U/mL (25000 U de heparina com 250 mL de
SF 0,9%). Podem ser também utilizadas diluições de 50 U/mL e de 10 U/mL.
Prescrever o volume para 12 horas, pois há perda de estabilidade após esse período.
Deve ser administrada por bomba de infusão, e a solução precisa ser homogeneizada a cada 4
horas pela equipe de enfermagem.
Controle Laboratorial:
O controle laboratorial da HNF para ajuste da dose é feito com o TTPa. A coleta deve ser
realizada 4 horas após dose inicial e 4 horas após cada ajuste. O ajuste será realizado de acordo
com a tabela abaixo. Não se deve realizar a coleta utilizando o acesso venoso utilizado para a
infusão da heparina, nem outra veia do mesmo membro utilizado.
Deve-se lembrar de solicitar novo TTPa 4 horas após cada alteração. Após atingir valor esperado
(entre 60 e 85 segundos), realizar coletas apenas de 24 em 24 horas. Atenção para pacientes com
função renal comprometida, plaquetopenia ou coagulopatia – eles podem necessitar de doses
menores ou interrupção do tratamento.
Antídoto:
Caso seja necessária a suspensão da medicação, o fato de interromper a infusão já deverá ser
suficiente, devido à meia vida curta da heparina (30 a 180min). Se, ainda assim, necessitar de
suspensão mais rápida do efeito, utilizar Sulfato de Protamina de acordo com tabela abaixo. A
dose é calculada a partir da quantidade de heparina recebida nas últimas 2 horas: 1 mg de sulfato
de protramina para cada 100 U de heparina infundidas nas últimas 2 horas.
A HBPM tem sido usada preferencialmente na maioria dos serviços, mas as limitações da necessidade de
controle laboratorial impedem seu uso com segurança no HU-UFJF. Além disso, em pacientes com extremos de
peso (considerado <45kg), os estudos mostram uma farmacodinâmica mais instável, com um efeito maior que
o esperado mesmo com o uso das doses recomendadas.
Controle Laboratorial:
No caso da heparina de baixo peso molecular, o controle laboratorial é realizado com a dosagem
do Antifator XA (indisponível no HU-UFJF no momento de elaboração deste protocolo), e seu
valor esperado é de 0,5 a 1,0 U/mL. A coleta deverá ser realizada 24 a 48 horas após primeira
infusão e, após isso, a cada 24 horas.
Na anticoagulação profilática temporária (exemplo: paciente imobilizado em pós-operatório), a
HBPM pode ser utilizada sem controle por dosagem de Antifator Xa, na dose de 0,5 a 1 mg/kg
(até 40 mg/dose).
3. Anticoagulação Oral
O anticoagulante oral mais utilizado é a Varfarina. A dose inicial de Varfarina a ser utilizada é
de 0,1 mg/kg, dose máxima de 10 mg.
A varfarina só deve ser iniciada após se alcançar anticoagulação plena com a heparina, por pelo
menos 48 horas. A heparina precisa ser mantida por pelo menos 5 dias após o início da varfarina,
ou após o RNI se manter acima de 2,0 por 2 dias consecutivos, no mínimo.
Controle Laboratorial:
O controle laboratorial da Varfarina é feito com o RNI (tempo de protrombina) e o ajuste da
dose de acordo com o resultado do exame segue a tabela abaixo.
Tabela 5: Ajuste de dose da Varfarina de acordo com valor de RNI
RNI Δ Dose (em %)
1,1 a 1,4 Aumentar dose em 20%
1,5 a 1,9 Aumentar dose em 10%
2,0 a 3,0 Manter dose
3,1 a 3,5 Reduzir dose em 10%
> 3,5 Suspender até RNI menor que 3,5 e reduzir dose em 20%
Após cada ajuste de dose, novas dosagens de RNI devem aguardar pelo menos 48-72 horas. O paciente
deve ser orientado a tomar o medicamento todos os dias no mesmo horário, de preferência às 18 horas,
antes do jantar.
O tempo recomendado de tratamento para episódios não complicados de TVP é de 3 a 6 meses.
Justifica-se a anticoagulação perene em pacientes com trombofilias documentadas, ou, até remoção da
causa, em pacientes com síndrome nefrótica, malignidades, doença inflamatória intestinal, hipertensão
pulmonar tromboembólica.
Interações Medicamentosas:
Várias medicações interagem com a Varfarina, aumentando ou reduzindo seu efeito (vide Anexo 3).
De acordo com a necessidade de uso dessas drogas, é recomendado nova avaliação da dose necessária,
de forma a evitar possibilidade de formação de trombos por diminuição do efeito ou possibilidade de
sangramentos por aumento do efeito.
O paciente em uso de varfarina deve ser orientado a evitar alimentação com excesso de vitamina K
(verduras de folhas escuras, repolho, alface). Esses alimentos podem ser consumidos em pequena
quantidade e de forma constante.
4. Investigação de Trombofilias
Indicações de investigação
- Paciente com trombose venosa profunda não relacionada a cateter venoso central, independente da
presença de outros fatores de risco;
- Pacientes com trombose recorrente;
- Pacientes com trombose e história familiar sugestiva de trombofilia.
Em pacientes com anemia falciforme e primeiro episódio de trombose relacionada a cateter venoso
central é contraindicada a investigação de trombofilias hereditárias nos pacientes pediátricos.
1. CARNEIRO, Jorge David Aivazoglou. Doença Tromboembólica na Infância. In: JORGE DAVID
AIVAZOGLOU CARNEIRO. Hematologia Pediátrica. São Paulo: Manole, 2008. p. 137-151. (Coleção
Pediatria).
2. HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN. Protocolo para uso de Heparina em Pacientes Pediátricos.
São Paulo, fevereiro de 2012.
3. HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN. Protocolo de Anti-coagulação Oral. São Paulo, fevereiro
de 2012.
4. MONAGLE, Paul et al. Antithrombotic Therapy in Neonates and Children. Chest, [s.l.], v. 141, n. 2,
p.737-801, fevereiro de 2012.
5. CAMPOS, Leonardo Rodrigues; SZTAJNBOK, Flávio Roberto. Trombose em crianças - quem, quando e
como investigar? Residência Pediátrica 2014;4(1):10-3.
6. Cincinnati Children's Hospital Medical Center, 2014; Venous Thromboembolism (VTE) Prophylaxis in
Children and Adolescents.
ANEXO 1 – Risco de trombose em pediatria
O escore abaixo foi elaborado para crianças de 10 a 17 anos, e sua extrapolação para outras faixas etárias deve
ser cuidadosa. Avaliar e quantificar a presença dos fatores de risco do quadro abaixo, e interpretar o resultado
levando em consideração a previsão de imobilização da criança:
Interpretação:
Sugestão de condutas:
Baixo risco: estimular deambulação precoce e reduzir os fatores de risco, quando possível;
Risco moderado: estimular deambulação precoce; reduzir os fatores de risco, quando possível;
considerar uso de meias de compressão.
Alto risco: estimular deambulação precoce; reduzir os fatores de risco, quando possível; considerar uso
de meias de compressão; considerar profilaxia farmacológica.
ANEXO 2 – Exemplos de cálculo das medicações usadas no protocolo
Exemplo: Criança de 20 kg recebendo dose de 30 U/kg/hora, que precisa de reversão imediata (a heparina foi
suspensa há 1 hora)
Dose de heparina recebida nas últimas 2 horas: 30 x 20 x 1 = 600 U
Dose de protamina: 1 mg para cada 100 U = 6 mg, multiplicado por 0,5 ou 0,75 (60 minutos desde a última
dose de heparina)
ANEXO 3 – Drogas com interação medicamentosa com a varfarina
Potencializam Inibem
Sulfametoxazol + Trimetropim Nafcilina
Eritromicina Rifampicina
Fluconazol Griseofulvina
Isoniazida Colestiramina
Metronidazol Inibidores da Recaptação de Serotonina
Miconazol Barbitúricos
Amiodarona Clordiazepóxido
Propranolol Carbamazepina
Omeprazol Sucralfato
Cimetidina
Fenilbutazona
Piroxicam
Sulfinpirazona
Lovastatina
Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica
Artrites: Diagnóstico e
manejo da criança
hospitalizada
Versão 1.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de
Atenção à Saúde da
Criança e Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Cria o Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica de
Dra. Viviane Souza
Artrite: Diagnóstico e Dr. Lúcio
Setembro/2017 1.0 Dra. Mariana Celestino Silva
manejo da criança Henrique Oliveira
– Residente de pediatria
hospitalizada
Objetivos: Abordagem do paciente com Artrite na enfermaria
Local de aplicação: Enfermaria de Pediatria do Hospital Universitário - EBSERH/UFJF
Forma que será gerado: Eletrônico e impresso
Local onde poderá ser encontrado: Enfermaria de Pediatria e mídias eletrônicas
Freqüência de atualização: A cada dois anos
CID: - M13 Outras artrites
- M13.0 Poliartrite não especificada
- M13.1 Monoartrites não classificadas em outra parte
- M13.8 Outras artrites especificadas
- M13.9 Artrite não especificada
Introdução
Artrite é a inflamação em uma ou mais articulações, definida pela presença de derrame articular ou de dois
dos seguintes sinais:
Limitação do movimento
Dor durante a palpação ou movimentação
Calor local
São manifestações clínicas de uma série de doenças. A incidência de artrite na faixa etária pediátrica é de 20 a
40 casos para 100 mil crianças e adolescentes abaixo de 16 anos, para artrite aguda. A forma crônica é cerca
de quatro vezes menor.
A artrite pode ser classificada como mostrado na Tabela 1.
Critérios Classificação
Duração dos sintomas Agudo: 4 a 6 semanas
Crônico: > 6 semanas
Número de articulações Monoartrite: 1 articulação
Oligoartrite: 2 a 4 articulações
Poliartrite: > 4 articulações
Distribuição Simétrica
Assimétrica
Localização Axial: Coluna, articulações temporomandibular sacroilíaca, esternoclavicular e
manúbrio esternal.
Periférica: Grandes articulações, coxo femorais, joelhos, tornozelos. Pequenas
articulações, interfalangeanas, metacarpofalangeanas.
Ambas
Ritmo da dor Mecânica: Piora com movimento.
Inflamatória: Piora após longos períodos de inatividade, geralmente acompanhada de
rigidez matinal.
Padrão evolutivo Migratório: Processo inflamatório melhora ou regride em uma articulação, enquanto se
inicia progressivamente em outra articulação.
Aditivo: Processo inflamatório estende-se para outras articulações.
Intermitente: Intercala períodos de remissão e atividade dos sinais sintomas articulares.
Dor
Calor
Rubor
Edema articular
Crepitação
Febre
Alterações mucocutâneas
Linfonodopatia e hepatoesplenomegalia
Diagnóstico
Anamnese:
2- Número de articulações
O paciente tem uma única articulação, algumas articulações ou múltiplas articulações envolvidas?
O número de articulações tem um significado diagnóstico na classificação da Artrite Idiopática
Juvenil como oligoarticular ou poliarticular. O número de articulações envolvidas também ajuda a
compreender a extensão do envolvimento das articulações e sobre o diagnóstico alternativo.
6- Dor noturna
Queixa de dor à noite, que causa o despertar do sono. Esse sintoma nunca deve ser ignorado. A dor
óssea é um sintoma freqüente em crianças com hematologia de malignidade e também outras condições como
o osteoma osteóide, osteomielite crônica e anemia hemolítica.
Procurar história de infecção pelo HIV na família, pois as crianças com infecção por HIV às vezes
podem apresentar apenas artrite. Da mesma forma, a história de infecções recorrentes na criança, juntamente
com uma história familiar sugestiva de imunodeficiência primária.
Avaliação física
1) Um exame sistêmico detalhado da cabeça aos pés, procurando outras características e envolvimento
sistêmico: presença de erupções cutâneas e alterações nas unhas (doença do tecido conjuntivo ou psoríase),
úlceras orais, genitais ou cutâneas, nódulos de pele, alterações oculares (será necessário exame por um
oftalmologista), alopecia, linfadenopatia associada e hepatoesplenomegalia.
2) Triagem do exame do sistema músculo-esquelético utilizando o pGALS, são manobras no exame
físico que podem evidenciar as partes do sistema músculo-esquelético onde a patologia existe para que
possam ser examinadas em maior detalhe (Quadro 1)
3) Após o exame de triagem, um exame detalhado de articulações ou áreas individuais delineadas por
pGALS.
4) Exame de enteses: vários pontos de inserção dos tendões nos ossos são examinados aplicando uma
pressão suave sobre eles. Os pontos comuns testados são a tuberosidade tibial, os côndilos tibiais e as cabeças
dos metatarsos e sobre o calcâneo.
5) Exame das articulações sacroilíacas. É provocada compressão direta sobre a articulação sacroilíaca
Ou
Flexão lombar restrita
Ou
Teste positivo de Patrick - Com o paciente em decúbito dorsal (posição supina), o joelho do lado
testado é flexionado noventa graus e o pé é apoiado sobre o joelho da perna oposta. Segurando
a pelve firmemente contra a mesa de exame, o joelho testado é empurrado em direção à mesa, realizando,
portanto, rotação externa e abdução da coxa na articulação do quadril. Se houver dor, o teste é considerado
positivo. A interpretação depende da localização da dor: caso a dor seja em localização posterior,
uma sacroileíte é mais provável; se a dor for anterior no lado testado, provavelmente trata-se de lesão da
articulação do quadril.
7) Exame de marcha: A criança deve caminhar para cima e para baixo, avaliar presença de distorções
anormais, como curvar-se, curvar pernas, pés planos, tocar os joelhos, perda muscular, discrepâncias do
comprimento dos membros e deformidades. A caminhada na ponta do pé ou com calcanhar podem expor
anormalidades.
Tabela 2: Características que ajudam a distinguir as dores articulares benignas e graves em crianças.
Causas de monoartrite aguda e crônica
Aguda Crônica
Trauma Artrite idiopática juvenil
Artrite séptica Artrite tuberculosa, fúngica, micobactérias
atípicas, doença de Lyme, HIV
Hemofilia Sinovite vilonodular
Sinovite transitória do quadril Sinovite por incubação de corpo estranho
Neoplasias Osteonecrose
Neoplasias
Causas de Poliartrite:
Poliartrite Simétrica Assimétrica
Exames laboratoriais:
A investigação laboratorial deve ser analisada de modo crítico e principalmente como um complemento ao
conjunto de sinais e sintomas de cada paciente. Os principais são:
Hemograma
Prova de fase aguda: VHS, PCR, eletroforese de proteínas
Anticorpo antiestreptocócicos: ASLO
Fator nuclear (FAN)
Auto-anticorpo : Anti-DNA NATIVO, Anti-ENA, Anti-SSA (RO), Anti-SSB
(LA), Anti-SM , Anti-RNP, Antinucleossomo, Anticorpo anticitoplasma de
neutrófilos (ANCA)
Fator reumatóide (FR)
Exames de imagem:
Referências:
1- Gedalia, A. Joint pain in children: an algorithmic approach. Isr Med Assoc J. 2002;4:837–42.
3- Kordi, R; Rostami, M. Low Back Pain in Children and Adolescents:an Algorithmic Clinical Approach.
Clinical Approach 2011;Vol 21 : 259-270.
4- Spencer, C.H; Patwardhan, A. Pediatric Rheumatology for the Primary Care Clinicians-Recognizing
Patterns of Disease. Curr Probl Pediatr Adolesc Health Care 2015;45:185-206.
5- Almeida, S.C.L. et al. Avaliação do paciente com artrite. Medicina (Ribeirão Preto)2010;43(3): 283-91.
6- Stinson, A. et al. Developing a standardized approach to the assessment of pain in children and youth
presenting to pediatric rheumatology providers: a Delphi survey and consensus conference process followed
by feasibility testing. Stinson et al. Pediatric Rheumatology 2012, 10:7.
7- Carvalho, M.A. et al. Reumatologia Diagnóstico e tratamento. 4. ed. São Paulo. Copyright 2014.
8- Morais, M.B; Campos, S.O; Hilário MOE. Pediatria Diagnóstico e tratamento. 1. ed. São Paulo. Manole
2013.
9- Olivira, S.K.F; Azevedo, E.C.L. Reumatologia Pediátrica. 2 ed. Rio de Janeiro. Revinter 2001.
10- Sen, E. S. et al. The child with joint pain in primary care. Best Practice & Research Clinical
Rheumatology 28 (2014) 888e906.
ANEXO 1 – FEBRE REUMÁTICA
Febre reumática (FR) é uma doença inflamatória que se apresenta como sequela tardia de uma
faringoamigdalite causada pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo A de Lancefield, em indivíduos
geneticamente predispostos. Acomete as articulações, o coração, o sistema nervoso central (SNC), a
pele e o tecido subcutâneo. A doença é mediada por resposta autoimune celular e humoral, o
comportamento clínico e evolutivo baseia-se em mecanismos de hipersensibilidade. A evolução se
processa em 3 fases distintas: a infecção estreptocócica, a fase intermediária assintomática e a terceira
fase, que surge como uma complicação tardia, ligada à formação de anticorpos.
A incidência da doença é rara abaixo dos 3 anos de idade, o que é condizente com o tempo de
desenvolvimento dos órgãos formadores de anticorpos.
Diagnóstico:
O diagnóstico é clínico. Não existe exame laboratorial ou de imagem patognomônico da doença. O
padrão ouro para o diagnóstico do primeiro surto da doença são os Critérios de Jones. A divisão dos
critérios maiores e menores é baseada na especificidade e não na frequência da manifestação.
O diagnóstico de FR aguda é sugerido na presença de 2 critérios maiores, ou 1 critério maior e 2
menores, associados a uma evidência de infecção prévia pelo estreptococo betahemolítico do
grupo A.
Exames complementares:
ASLO elevado ou em elevação ou outro anticorpo antiestreptocócico. Cultura de orofaringe ou
teste rápido de estreptococo positivo.
Provas de atividade inflamatória: VHS ( aumento precoce e acentuado), PCR ( elevado nas 2
primeiras semanas), Alfa-1 glicoproteina ácida aumento precoce e permanece enquanto a
doença se mantém, bom exame para acompanhar a atividade da doença).
ECG; ECO.
Tratamento:
3- Profilaxia secundária: aplicação continuada de antibióticos, tem objetivo de evitar novas infecções,
prevenindo assim novos surtos de FR que poderiam provocar lesões valvares, ou agravar as seqüelas
cardíacas já existentes. A droga de escolha é Penicilina Benzatina IM em intervalos de 21 dias.
Duração da profilaxia:
Sem doença cardíaca: Até os 18 anos de idade ou 5 anos após o ultimo surto. Respeitar o
período mais longo.
Cardite documentada sem seqüela: até os 25 anos de idade ou 10 anos após o ultimo surto.
Cardite crônica: por toda vida
Valva artificial: por toda vida
ANEXO 2 – ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL
É a denominação para um grupo de doenças distintas que ocorre em crianças menores de 16 anos e se
manifesta principalmente por artrite persistente, durante seis ou mais semanas.
Classificação das Artrites Juvenis proposta pela Liga Internacional de Associações para o Reumatismo
1- Artrite sistêmica: também conhecida como doença de Still, acomete em qualquer número de
articulações, febre cotidiana pelo menos durante 2 semanas e ao menos uma das seguintes
características: rash típico, linfadenomegalia generalizada, hepato e/ou esplenomegalia, serosite.
2- Oligoartrite : artrite em 4 ou menos articulações durante os primeiros 6 meses de doença
Persistente : nunca mais de 4 articulações acometidas.
Estendida: mais de 4 articulações acometidas após os primeiros 6 meses de doença.
3- Poliartrite com fator reumatóide negativo: artrite afetando cinco ou mais articulações com a pesquisa
de fator reumatóide negativa.
4- Poliartrite com fator reumatóide positivo: artrite afetando cinco ou mais articulações nos seis
primeiros seis meses de evolução da doença, com pesquisa positiva para fator reumatóide em pelo
menos duas ocasiões, com intervalo mínimo de três meses.
5- Artrite psoriática: artrite associada à psoríase ou como artrite associada a pelo menos duas das
características seguintes: dactilite, alterações ungueais (pitting ou onicólise), história familiar de
psoríase confirmada por dermatologista em pelo menos um parente de primeiro grau. A presença de
artrite sistêmica ou pesquisa positiva para o fator reumatóide exclui o paciente desta categoria.
6- Artrite relacionada à entesite: definida com artrite ou entesite associada à pelo menos duas das
características seguintes: dor nas articulações sacroilíacas, dor lombar inflamatória ou ambas; presença
de HLA B27; histórico familiar confirmado por médicos, de doença associada à HLA B27; uveíte
anterior aguda; doença de inicio após os 8 anos de idade.
7- Outras:
Não preenche nenhuma das categorias anteriores
Preenche mais de uma categoria anterior
Exames:
Tratamento:
Baseado no tratamento farmacológico: Antiinflamatório Não Hormonal, corticosteróides,
agente biológicos.
Terapias físicas e ocupacionais
Suporte psicológico
Quadro 1: Manobras de exame físico musculoesquelético. Fonte: http://www.pmmonline.org/
Imagem Manobras O que está sendo Imagem Manobras O que está Imagem Manobras O que está
avaliado sendo avaliado sendo avaliado
Observe a Postura e hábito; “Toque a ponta dos Destreza manual “Tente tocar seu Flexão lateral da
criança de pé Erupções cutâneas seus dedos” Coordenação das ombro com sua coluna cervical
(de frente, de (por ex., psoríase) pequenas articulações orelha”
costas, de lado) Deformidades dos dedos
(diferença no
comprimento e
alinhamento de MMII Pressione as Articulações “Abra bem a Articulação
(joelho varo e valgo, articulações metacarpofalangeanas boca e coloque temporomandibular
p.ex.), escoliose, metacarpofalangeanas três de seus e avaliação de
edema de articulação, para avaliar dor dedos dentro desvios de
atrofia muscular, pé dela” mandíbula
caído
Observe a Articulações do “Junte suas mãos Extensão das Procure por Edema de joelho
criança andando tornozelo e pequenas palma com palma” pequenas articulações edema no joelho
e peça para articulações do pé; “Junte suas mãos dos dedos (sinal da tecla,
“andar sobre o Postura do pé e dorso com dorso” Extensão do pulso flutuação da
calcanhar” e presença dos arcos Flexão do cotovelo patela)
“andar sobre a plantares normais.
ponta dos pés”
“Mantenha suas Flexão dos ombros; Movimentação Flexão e extensão
mãos bem a sua Extensão de cotovelo ativa dos joelhos do joelho
frente” e punho; (flexão e
Extensão de pequenas extensão) e
articulações de dedos pesquisa de
crepitação
“Feche suas Supinação de punho e “Levante as mãos em Extensão do cotovelo Movimentação Flexão e rotação
mãos formando cotovelo direção ao céu” e e punho passiva do interna do quadril
um punho” Flexão de pequenas “Olhe para o teto” Abdução do ombro quadril (joelho
articulações dos dedos Extensão do pescoço fletido em 90° e
rotação interna
do quadril)
“Junte o polegar Destreza manual; “Ponha suas mãos Abdução e rotação Incline-se para Flexão de coluna
e o indicador” Coordenação das atrás do seu pescoço” externa do ombro frente e toque os torácica e lombar e
pequenas articulações Flexão do cotovelo dedos do pé pesquisa de
do polegar e indicador escoliose
Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica
Asma: da internação à
alta hospitalar
Versão 2.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de Atenção
à Saúde da Criança e
Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Dra. Marta Cristina Duarte;
Dra. Tânia Mara Baraky
Dra. Marta Cristina
Bittar; Dra. Teresa Cristina
Revisão do Protocolo Clínico e Duarte; Dra. Tânia
Ribeiro Lopes
Novembro/2015 1.0 Diretriz Terapêutica de Mara Baraky Bittar;
Dra. Ana Paula da Rosa
Asma aguda Dra. Teresa Cristina
Pereira – Residente R2 de
Ribeiro Lopes
Pediatria
I - Asma
CID: J45
Código da internação: 03.03.14.004 - 6
Introdução
A asma é uma das principais doenças crônicas da infância e é considerada a principal doença crônica
respiratória em crianças e adolescentes. No Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e
Tisiologia, estima-se que a prevalência de asma em crianças e adolescentes (< 18 a) seja de 20%. Em Juiz de
Fora, em 2002/2003, a asma aguda foi responsável por 11,1% do total de consultas pediátricas (Projeto
Suspirar).
Apesar dos avanços no tratamento e manejo da asma, esta continua sendo pouco controlada. Essa
situação poder ser explicada por vários fatores como:
Falta de acesso dos pacientes ao sistema de saúde;
Falta de diagnóstico;
Tratamento de forma inadequada, ou a não utilização correta da medicação prescrita, seja por
falta de entendimento ou por falta de aderência, apesar da orientação recebida.
A adesão ao tratamento é o fator mais importante para garantir o sucesso do controle da asma e aliado
a esta situação, temos como indispensável, a abordagem sobre o automanejo.
Revisão Teórica
Asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas, caracterizada por uma hiperresponsividade
das vias aéreas inferiores a variados estímulos, levando a episódios recorrentes de TOSSE, sibilos, dispneia,
opressão torácica, particularmente à noite ou no início da manhã. Esses sintomas são uma consequência da
obstrução do fluxo de ar (principalmente à saída) por broncobstrução, tampões mucoides e ativação da cascata
inflamatória.
Etiologia:
Lactentes e pré-escolares:
Lactentes e pré-escolares sibilantes são as crianças menores de 5 anos de idade, com 3 ou mais episódios
de sibilância, em um período mínimo de 2 meses, ou então com sibilância superior a 1 mês de duração. Pode
ser classificado de três formas: sibilância transitória precoce; sibilância persistente; sibilância tardia/asma. A
persistência de Sibilância após os 5 anos e a presença um critério maior e /ou dois critérios menores em
lactentes sugerem o diagnóstico de asma:
História parental de asma;
CRITÉRIOS MAIORES
Dermatite atópica
Rinorréia sem resfriado (Rinite alérgica)
CRITÉRIOS MENORES
Sibilância sem resfriado;
Eosinofilia > 4%
Fonte: ASTHMA PREDICTIVE INDEX – API - . https://www.mdcalc.com/asthma-predictive-index-api#next-steps
Asma Aguda:
São episódios caracterizados por um aumento progressivo dos sintomas de tosse, falta de ar, chiado
ou aperto no peito e diminuição progressiva da função pulmonar;
Ocorrem geralmente em resposta à exposição a um agente externo (vírus, poeira, poluição...) e/ou
pobre adesão ao tratamento de controle;
Sibilância expiratória, fase expiratória prolongada, diminuição do MV (principalmente em lobo
posterior inferior – hipoventilação regional por obstrução), estertores crepitantes (ou subcrepitantes)
e roncos podem ser auscultados decorrentes do excesso de produção de muco e exsudato inflamatório
(diagnóstico diferencial com atelectasia e broncopneumonia);
As medidas seriadas de PFE têm pouca confiabilidade em crianças e adolescentes (depende do valor
prévio do paciente), pois a dispneia impede verificações confiáveis dessa manobra esforço-
dependente*¹. Por outro lado, a oximetria de pulso (< 90%) deve ser adotada em todas as faixas
etárias para a avaliação acurada da gravidade, mas nunca interpretada de maneira exclusiva e isolada
do contexto clínico;
A avaliação da exacerbação se inicia pela gravidade e deve ser feita antes do uso das medicações,
logo que a criança é internada (Tabela 1). Uma breve história é importante para caracterizar a
gravidade de crises pregressas quanto ao uso de corticoide sistêmico, às hospitalizações/UTI e à
necessidade de oxigenioterapia.
ASMA QUASE
LEVE MODERADA GRAVE
FATAL
SINTOMAS:
Dispneia Ao andar; Ao repouso (choro Ao repouso (perda de
Consegue ficar em suave, curto; apetite); prefere
decúbito dorsal; dificuldade de sentar-se com tronco
alimentar); inclinado para frente;
Prefere ficar sentado;
Estado geral Pode estar agitado; Geralmente agitado; Geralmente agitado; Sonolento, confuso;
SINAIS:
Frequência Aumentada Aumentada Geralmente maior
respiratória/SatO2: que 30 irpm; <90%(>
6 anos); <92% (< 5
anos)
Frequência cardíaca: Menor de 100 100 – 200 Maior que 120 Bradicardia
Não realizar rotineiramente radiografia de tórax, gasometria e antibiótico terapia para crise de asma!!
Tratamento
2) Corticoide sistêmico:
Devem ser usados na primeira hora;
Não há diferença significativa entre fazer via oral ou intravenoso, portanto, é preferível administrar
via oral;
Prednisolona 1-2 mg/kg/dia – dose máxima 40 mg/dia (>6 anos) (Dose máxima por faixa etária nos
Anexos)
Metilprednisolona IV 1 mg/kg/dose de 6 em 6 horas;
Hidrocortisona IV 4 mg/kg/dose de 6 em 6 horas
3) Oxigenioterapia:
A FiO2 ofertada deverá ser suficiente para manter: < 5 anos 94 – 98%; e > 5 anos 93 – 95%;
Posicionamento de vias aéreas: estão pérvias?
Manter boa respiração;
Cateter nasal de O2;
O considerar posições mais confortáveis para a criança. Se estável, deixe permanecer no colo da mãe;
Será considerada oxigenioterapia de alto fluxo o uso de máscara com reservatório não reinalante com
fluxo de O2 a 10-15 L/min, hood a 100% e a máscara de Venturi 50%;
As reavaliações, quando em vigência de oxigenioterapia, deverão ser feitas da seguinte maneira;
i) FiO2 > 35% - Reavaliar em oxigenioterapia, utilizando alto fluxo, reduzindo a FiO2
gradativamente, em cera de 10% a cada reavaliação para o uso do hood ou iniciar o processo de
desmame utilizando-se da máscara de Venturi, que fornece FiO2 de 50%, 40%, 35%, 28% e 24%;
ii) FiO2<35% - Trocar máscara de Venturi por cânula nasal. Reavaliar
5) Anticolinérgicos:
Brometo de ipratrópio:
i) Dose : menor que 10 kg – 10 gotas (125 mcg = 0,5 ml) // maior ou igual a 10 kg – 20 gotas (250
mcg = 1 ml) de 20 em 20 minutos por uma hora apenas
ii) É menos eficaz que os SABA no controle da exarcebação;
iii) É importante como última medida para evitar hospitalização do paciente;
iv) Indicado na primeira nebulização quando for asma severa ou quase fatal, ou então, no segundo
ciclo quando não houver resposta satisfatória à nebulização com broncodilatador isolado;
v) Não deve ser repetido, nem mantido como medicamento regular!!!!
6) Epinefrina:
Se houver presença de anafilaxia, hipotensão e/ou angioedema;
Dose: 10kg – 0,1 ml // 20 kg – 0,2 ml // 30 kg – 0,3 ml a cada 5 ou 10 minutos, IM
8) Aminofilina:
Não é citado no GINA;
Pelo British Guideline é considerada a última opção;
Dose: 5mg/kg correr em 20 minutos. Se já estiver em uso de terapia oral com aminofilina fazer
infusão contínua de 0,5 a 0.7 mg/kg/hora;
Se já em uso de oral, manter controle diário dos níveis séricos;
Efeitos adversos: arritmias e vômitos.
Apresentações:
6-11 anos: 100-200 mcg; 200-400 mcg; > 400 mcg;
50 mcg/jato
250 mcg/jato
12/12h 500-1000 mcg > 1000 mcg
>12 anos: 200-500 mcg
Fonte: GINA 2017
1. NELSON. Tratado de Pediatria - Richard E. Behrman, Hal B. Jenson, Robert Kliegman. 20ª Edição.
Elsevier. 2016.
4. The international study of asthma and allergies in childhood (ISAAC) phase three: A global synthesis,
Disponível em: http://www.elsevier.es , acessado dia 19/06/2017;
7. Pediatria Instituto da Criança Hospital das Clínicas – Doenças Respiratórias – 2 edição. Cap. 23.
Pag.392-411
ANEXO 1 - Uso correto dos sprays
O objetivo dessa limpeza além de higienização do material é de reduzir a carga eletrostática que pode
comprometer a quantidade de medicação que passa pelo espaçador. Não utilizar esponjas ou material
abrasivo para não arranhar o espaçador e também comprometer o deslizamento da medicação dentro do
mesmo.
Anexo 2 – Avaliação do controle dos sintomas de asma
< 2 anos: 20 mg
2 – 5 anos: 30 mg
> 6 anos: 40 mg
Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica
Cetoacidose Diabética
Versão 3.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de Atenção
à Saúde da Criança e
Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
Introdução
I – Cetoacidose Diabética
CID10:
E 10.1: Diabetes mellitus insulinodependente – com cetoacidose
E 11.1: Diabetes mellitus não insulinodependente – com cetoacidose
E 12.1: Diabetes mellitus relacionado com a desnutrição – com cetoacidose
E 13.1: Outros tipos especificados de diabetes mellitus – com cetoacidose
E 14.1: Diabetes mellitus não especificado – com cetoacidose
Código da internação: 03.03.03.003-8
Revisão Teórica
Definição:
Distúrbio decorrente da descompensação do diabetes onde alteram-se os metabolismos de proteínas, lipídeos,
carboidratos, eletrólitos e água. É caracterizada pela tríade: hiperglicemia, acidose metabólica com elevação
do ânion-gap e cetonemia. Por vezes é a primeira manifestação clínica do diabetes melitus tipo I.
Tal descompensação se dá por deficiência absoluta ou relativa de insulina, mas também pelo aumento de
hormônios contrarreguladores (glucagon, catecolaminas, cortisol e hormônio do crescimento). Estes se elevam
em situações de infecção e estresse e frequentemente precipitam o quadro de CAD em pacientes diabéticos.
Paralelamente a hiperglicemia, a desidratação, a hiperosmolaridade, os distúrbios eletrolíticos e acidobásicos
perpetuam a liberação dos hormônios contrarreguladores, criando um perigoso ciclo vicioso que pode levar o
paciente ao óbito.
Diagnóstico
Quadro Clínico
Sinais Sintomas
Dor abdominal Poliúria
Desidratação Polidipsia
Taquipneia Polifagia
Hálito cetônico Perda ponderal
Taquicardia Vômitos
Hipotensão Câimbras
Alteração do nível de consciência Fadiga
Como na CAD ocorre cetogênese marcante, a procura pelo serviço médico costuma ser mais precoce devido à
clínica mais exuberante, ocorrendo náuseas, vômitos, dor abdominal e taquipnéia (desde leve até respiração de
Kussmaul), rubor facial, hálito cetônico, além da desidratação.
Deve-se suspeitar de CAD em todo paciente que apresentar quadro de depressão do sensório com ou sem sinais
clínicos de acidose, devendo-se sempre realizar glicemia capilar e ou pesquisa de cetonúria na avaliação inicial
Diagnóstico Laboratorial:
Glicemia plasmática superior a 200 mg/dL associada à Glicosúria
Gasometria:
o pH venoso < 7,25 ou arterial < 7,3
o e/ou HCO3- < 15 mmol/l com elevação do ânion-gap
o Cetonemia > 3 mmol/l, associada a cetonúria
Medidas iniciais:
Avaliação Primária
Avaliação Secundária
História e Exame Físico dirigidos
Avaliação Terciária
Exames iniciais:
Hemograma, PCR, Glicemia capilar (15% inferior à plasmática) e Glicemia plasmática
Gasometria Venosa, eletrólitos (Sódio, Potássio, Cálcio iônico, Magnésio, Cloro, Fósforo)
Ureia e creatinina, corpos cetônicos (cetonemia)
Pesquisa de corpos cetônicos na urina
Urina: EAS PHQ.
Considerar outros exames de acordo com suspeitas clínicas e co-morbidades
Cálculo do ânion-gap:
Se houver sinais de
choque, infundir 50 ml/kg
na primeira hora. Não
ultrapassar 1000 ml/h
SC = (Peso x 4)+ 7
Peso + 90
Observação 1: Pode-se optar por infundir 2/3 do volume calculado para a manutenção (e reposição, se
houver) nas primeiras 12 horas e 1/3 nas últimas 12 horas
Observação 3: Ficar atento aos sinais de hipervolemia como rebaixamento do fígado, congestão pulmonar
(crepitações). Estes devem ser monitorados de 4/4 horas e, se necessário, fazer a redução da
taxa hídrica de manutenção. Risco de edema cerebral !!!!
Importante! Quando a glicemia cair a 250mg%, modificar a solução fisiológica para glicofisiológica (SG 5%
e SF 0,9% na proporção 1:1). Basta acrescentar 100ml de glicose a 50% em cada 900 ml de S.F. 0,9%. Essa
solução de 1.000 ml terá 5g de glicose para cada 100ml (o que corresponde a uma TIG 2,5 – 3mg/kg/min).
A administração da HV de manutenção deve ser mantida até que haja boa aceitação por via oral devendo ser
estabelecida a oferta de líquidos por via oral assim que o paciente apresentar melhora clínica e recuperação da
integridade neurológica (ou seja, assim que sair do quadro de cetoacidose, comprovado laboratorialmente).
Após iniciar a ingesta oral, reduzir a HV para 50 a 75% do volume previamente calculado, até que seja possível
suspendê-la completamente, quando o paciente estiver em dieta oral plena.
Reposição de Potássio:
O potássio deve ser reposto a partir da segunda hora de tratamento da CAD, desde que a função renal
esteja preservada, presença de diurese e potassemia < 6,0. (Quando a dosagem inicial de K+ já estiver
reduzida, pode-se repor o potássio na primeira hora assim que houver diurese satisfatória).
KCl a 19,1%: acrescentar 40 mEq/l na HV de manutenção, se paciente com diurese e K+ sérico
< 6,0 mEq/l.
Objetivo: manter K entre 4-5 mEq/l.
Somente a insulina de curta duração é eficaz na cetoacidose (insulina regular). Se utiliza inicialmente a via
endovenosa. Iniciar a insulina somente após a fase de expansão, quando o paciente já estiver hidratado. Utilizar
um acesso venoso específico para insulina.
Lavar o equipo com 50 ml da solução, devido a ligação da insulina à parede do frasco de soro.
Trocar frascos de 6/6 horas. Não esperar terminar para trocar. Sempre lavando o equipo como descrito.
NÃO fazer dose de ataque, pois pode induzir a uma queda muito acentuada na glicemia e na osmolaridade,
principal fator associado ao edema cerebral.
Importante! A queda desejada da glicemia é de 75-100 mg/dL por hora. Se a resposta for < 50 pode-se
aumentar a velocidade de infusão de insulina (titulando até 2U/kg/hora) e se a queda for rápida, diminuir a
velocidade de infusão de insulina (reduzir para 0,05U/kg/hora) e se necessário aumentar a infusão de glicose
(solução glicofisiológica 2:1, 3:1).
Alguns autores propõem a utilização de um sistema com duas bolsas, que têm idêntico conteúdo eletrolítico
(NaCl = 150 mE/L e KCl = 40 mEq/L), diferindo na concentração de glicose (0 e 10%), colocadas em "Y" em
um único acesso venoso no paciente. As variações no aporte de glicose infundida se dariam apenas pelo ajuste
do gotejamento de cada uma das bolsas, mantendo o aporte hídrico estimado previamente. Esse sistema permite
ajustes rápidos de acordo com a glicemia, sendo possível infundir soluções com concentrações entre 0 e 10%
de glicose, de forma a individualizar a terapia às necessidades de qualquer paciente.
A queda muito rápida da glicemia (mais de 100mg/dL/hora) não é desejada pois pode levar a queda rápida da
osmolaridade plasmática com edema cerebral.
Monitorização Laboratorial:
Glicemia capilar A cada uma hora
Glicemia plasmática Até a correção da Acidose, controle sérico a cada 2h
Na+, K+, Cai , Mg, Cl e P Até a correção da Acidose, controle sérico a cada 2h
Gasometria venosa Repetir após a expansão e manter controle sérico a cada 2h
Cetonemia Só na internação
Cetonúria Em toda micção
Uréia Controle sérico a cada 4h
Sinais vitais, Glasgow, exame neurológico sumário e diurese de 1/1 hora
Glicemia capilar (é 15% inferior à plasmática) à admissão e repetida de hora em hora, até resolução da
CAD
Na suspeita infecciosa, após a hidratação inicial, pode-se realizar rastreio: hemocultura, urocultura,
radiografia de tórax...
Pârametros para suspensão da infusão contínua de insulina venosa
pH > 7,3 e Anion gap entre 8 e 12 Ânion gap = [Na+] - ([Cl-] + [HCO3-])
Bicarbonato > 15 Osmolalidade plasmática entre 280 e 300 mOsm/l
Glicemia < 250 mg/dl Paciente se alimentando
Posm = [(2 x Na+)+ Glicose/18 + Uréia/6] Posm = [2(Na+k)+ glicemia/18 + uréia/3,2 (Normal: 280 a 300 mOsm/l)]
Glicemia plasmática
Na+, K+, Ureia
Gasometria venosa
A prescrição do paciente deve conter os horários das refeições e das glicemias capilares.
A glicemia da madrugada é para ajuste de doses no dia seguinte, e NÃO deve ser realizada insulina ou bolus
de glicose nesse horário, exceto se hipoglicemia sintomática (convulsão, sudorese ou coma). Na prescrição
também deverá constar orientações para que não seja realizada insulina durante a madrugada.
Na manhã seguinte à correção da CAD, iniciar insulina NPH na dosagem já utilizada (quando utilizada
anteriormente pelo paciente) ou calcular 0,3 a 0,5 U/Kg/dia, fracionando 2/3 de manhã e 1/3 à noite (ou 2/4, ¼
e ¼). No prontuário, anexar tabela com os controles glicêmicos, esquema de insulina realizado e alimentação
da criança, diariamente.
Condução do paciente após suspensão de insulina venosa:
Idade Glicemia alvo pré-refeição (mg/dl) Antes de dormir/ madrugada Hb A1c alvo (%)
(mg/dl)
< 6 anos 100-180 110-200 >7,5 e <8,5
6 a 12 anos 90-180 100-180 < 8,0
13 a 19 anos 90-130 90-150 < 7,5
Alterações Eletrolíticas
Distúrbios do sódio:
Na CAD, podemos ter hiponatremia ou hipernatremia, ou mesmo sódio sérico normal. Porém o "pool" total de
sódio no organismo é diminuído. Calcula-se uma redução de 1,6 mEq/L no sódio sérico a cada 100mg/dL de
glicose acima do limite de100mg/dL. Na hipernatremia, tolerar sódio sérico entre 150-160mEq/l, pois mantém
efeito protetor contra edema cerebral.
A hiponatremia (<135mEq/l) deve ser evitada e combatida prontamente.
Primeira escolha: utilizar NaCl 0,9%, que aumenta o volume circulante e corrige mais lentamente a
osmolaridade. Nunca fazer NaCl 0,45% (aumenta o risco de edema cerebral).
Na hipernatremia, tolerar sódio sérico entre 150-160mEq/l, pois mantém efeito protetor contra edema
cerebral.
Hipopotassemia:
Indicação de correção rápida: Se K+ sérico ≤ 3,3mEq/l.
KCl 19,1% - 0,4 a 0,6 mEq/Kg/h em 6 horas.
Reposição de Fosfato:
▪ Não há benefícios na reposição de fosfato, já que são raros os efeitos clínicos.
▪ Indicação de correção: Fosfato < 1,0 mg/dL (VR: 4,0-7,1) em pacientes com disfunção cardíaca, anemia ou
depressão respiratória
▪ Dose: 1 a 2 mmol/Kg/dia de fosfato monobásico ou dibásico de fosfato (1mmol=1ml)
Complicações
Hipoglicemia
O tratamento da hipoglicemia tem como objetivo a normalização da glicemia por meio do adequado
fornecimento de glicose por via oral ou parenteral.
▪ Prescrever apenas alimentos: 150ml de suco de laranja + 1 colher de sopa rasa de acúcar (equivale a
30g de carboidratos) ou biscoito de maisena com 150 ml de suco. Não há necessidade de bolus de
glicose ou glicemia capilar de controle após.
▪ Checar a glicemia após 20 minutos, repetindo a conduta se necessário.
Os episódios de hipoglicemia grave sintomática (crise convulsiva e/ou perda de consciência) devem ser
tratados por meio de infusão de 2 mL/kg de glicose a 10% durante 10 minutos (TIG = 20 mg/kg/minuto), não
se recomendando o uso de soro com maiores concentrações de glicose.
Quando o paciente estiver em condições clínicas de receber glicose por via oral, devem ser oferecidos 30 g de
carbohidratos (ex.: um copo de suco de laranja adoçado com açúcar) verificando-se a glicemia após 20 minutos
e repetindo-se o procedimento se a glicemia for inferior a 40 mg/dL.
Edema Cerebral
Fatores de risco para Edema Cerebral
- Idade < 5 anos (especialmente < 2 anos);
- Duração e gravidade dos sintomas antes do tratamento;
- Ausência de aumento dos níveis de Na+ durante o tratamento;
- Baixos níveis de PaCO2;
- Altos níveis de ureia;
- Tratamento com bicarbonato;
- Uso de soluções hipotônicas;
- Administração de grande quantidade de volume (maior que 4.000ml/m2/dia);
- Hipoperfusão cerebral.
Treinamento Familiar:
✓ Educar o paciente já portador de diabetes e sua família sobre os fatores precipitantes da
Cetoacidose, ilustrando especificamente o motivo que o fez descompensar nesta hospitalização.
✓ Ao paciente recém diagnosticado:
▪ Ensinar, orientar e assistir a aplicação de insulina SC
▪ Ensinar, orientar e assistir a utilização do aparelho de glicemia capilar
▪ Orientar quanto a dieta correta para pacientes com diabetes
▪ Tratamento para hipoglicemia
▪ Aquisição de fitas e aparelho para glicemia capilar
Critérios de alta:
▪ Normalização dos parâmetros hemodinâmicos
▪ Estabilidade cardiocirculatória, neurológica e respiratória
▪ Criança hidratada e com diurese normal
▪ Ausência de distúrbios hidroeletrolíticos
▪ Melhora da acidose com pH > 7,3 e BIC > 15mMol/l
▪ Resolução de situações de estresse que desencadearam a crise hiperglicêmica
▪ Alimentação adequada
▪ Continuidade do tratamento ambulatorial assegurado
▪ Se primodiagnóstico, assegurar que o paciente/família já tem em mãos as insulinas e sabe manejar os
insumos
Prescrição na Alta
✓ Educar o paciente recém-diagnosticado e sua familia sobre o diabetes: o que é, como se adquire e como
tratá-lo no dia a dia.
✓ Orientar sobre a dieta (3 refeições e 3 lanches, evitar açúcares simples, frituras, etc.)
✓ Ensinar como evitar, reconhecer sintomas e tratar episódios de hipoglicemia e hiperglicemia.
✓ Pacientes com diagnóstico prévio, prescrever a dose anterior de insulina: NPH: em geral 2/3 da dose, antes
do desjejum e 1/3 da dose, ao deitar (ou de 8/8 horas: 2/4, ¼ e ¼)
✓ Orientar automonitorização da glicemia capilar, para acompanhamento:
✓ Dosar glicemia capilar antes das refeições principais e aplicar insulina regular 30 minutos antes de cada
refeição ou insulina ultra-rápida no momento da refeição, de acordo com glicemia capilar
✓ Seguir orientações do serviço de endocrinologia e/ou ligar para o endocrinologista do paciente.
✓ Fornecer informações sobre a técnica de aplicação domiciliar de insulina
✓ Fornecer informações sobre o manejo e conservação domiciliar de insulina
✓ Orientações em caso de necessidade: UPAS, UBS, PAI...
REFERÊNCIAS:
PIVA, Jefferson Pedro; SOLEDADE, Maria Antônia; CZEPIELEWSKI, Mauro Antônio. Cetoacidose
Diabética. In.: Medicina Intensiva em Pediatria. Orgs.: PIVA, Jefferson Pedro; GARCIA, Pedro Celiny
Ramos. 2ª edição, Rio de Janeiro/Revinter, 2015.
PIVA, Jefferson Pedro; CZEPIELEWSKI, Mauro Antônio; GARCIA, Pedro Celiny Ramos;
MACHADO,Denise. Cetoacidose Diabética. In.: PROTIPED: Programa de Atualização em terapia
Intensiva pediátrica. Ciclo 1, Volume 3, Porto Alegre / Artemed Panamericana, 2010.
FARHAT, Sylvia Costa Lima; MANNA, Thais Della. Cetoacidose Diabética e Estado Hiperosmolar
Hiperglicêmico. In.: Pronto-Socorro: Pediatria Instituto da Criança Hospital das Clínicas FMUSP.
Orgs.: SCHVARTSMAN, Claudio; REIS, Amélia Gorete; FARHAT, Sylvia Costa Lima. 1ª edição,
Barueru / Manole, 2009.
SALVOLDELLI, Roberta Diaz; SILVA, Mariana Moraes Xavier da; MENEZES Filho, Hamilton Cabral
de; DICHTCHEKENIAN, Vaê, DAMIANI Durval. Emergências em Endocrinologia Pediátrica. In:
Endocrinologia na Prática Pediátrica: Pediatria Instituto da Criança Hospital das Clínicas FMUSP.
Org.: DAMIANI Durval. 1ª edição, Barueri / Manole, 2008.
ANEXOS
▪ Recomenda-se que a última dose de NPH do dia seja administrada antes de dormir, próximo das 22h, de
modo a equilibrar o “fenômeno do alvorecer”, que é a tendência à hiperglicemia nas primeiras horas da
madrugada, decorrente dos picos de secreção do hormônio de crescimento e cortisol. Já a utilização de doses
de NPH antes do jantar pode causar o efeito somogyi : hipoglicemia na madrugada e, consequentemente,
provocar a liberação de hormônios contra-reguladores que diminuirão a sensibilidade à insulina causando
hiperglicemia no jejum
Insulina NPH
Ação Começa em 2 horas
Pico 4 horas
Duração Máx: 8 horas
Glargina:
Insulina Glargina
Ação 2 a 4 horas
Pico Sem pico de ação
Duração Em media 10.8 ->24h
▪ A primeira dose será iniciada 1 hora antes de se suspender a insulina venosa e os demais horários
deverão ser administrados em horários pré-prandiais.
▪ A insulina regular deve ser aplicada, além da dose preconizada para o dia (de acordo com o esquema
acima), também de acordo com a glicemia capilar, sempre antes das refeições. Checar a tabela abaixo.
Insulina Regular
Insulina Aspart
Insulina Lispro
Ação Ultra-rápida início menos 15 min
Pico 30 a 90 min
Duraçãoo Máx: 4 a 6 horas
ANEXO 2
Exemplo de prescrição:
1) Dieta suspensa
3) SF 0,9% --------------------------------- x ml
20ml/kg se não houver choque ou 50ml/kg se choque; não excedendo 1000ml/h.
Repetir se necessário até melhora da desidratação
APÓS RESOLUÇÃO DA DESIDRATAÇÃO - FASE DE MANUTENÇÃO + INSULINOTERAPIA
1) Dieta suspensa
2) Monitorização continua
Glicemia capilar 1/1h
Controle de diurese 2/2h
Sinais vitais de 4/4h
3) HV manutenção : 1800 a 2000 ml/m₂/dia SF0,9% + KCl 40 mEq/L
Exemplo de prescrição:
Colestase Neonatal
Versão 2.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de
Atenção à Saúde da
Criança e Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Cria o Protocolo Clínico e Dr(a) Lucélia Schimidt e
Diretriz Terapêutica de Drª Lucélia Residente Maria Fernanda
Julho/2012 1.0
„Colestase Neonatal” Schimidt Bessa Peres
CID:
Procedimentos:
Justificativa:
Espera-se que o médico generalista ou o pediatra geral possam fazer a detecção precoce da colestase,
com encaminhamento em tempo hábil para um diagnóstico precoce, favorecendo um tratamento de
sucesso.
Objetivos:
Definição:
- É caracterizada pela redução na síntese dos ácidos biliares ou do bloqueio (intra ou extra
hepático) da excreção dos componentes biliares.
- Pode ser classificada em biliar (obstrutiva) ou hepatocelular.
- Principal manifestação da doença hepatobiliar, com incidência estimada de 1:2500 nascidos
vivos;
- Laboratorialmente, é definida como BD maior que 1 mg/dl ou maior ou igual a 20% o valor
da BT. Há divergência na literatura sobre os valores, porém segundo a Sociedade Brasileira de
Pediatria e o ESPGHAN, atualmente, utiliza-se a referência de BD maior que 1 mg/dl.
- Enquanto a hiperbilirrubinemia indireta pode ser considerada fisiológia, a colestase é sempre
patológica;
- Atenção especial é dada aos prematuros, os quais possuem imaturidade do sistema
imunológico, já que tendem a responder às agressões infecciosas, toxinas ou metabólicas com
colestase.
Abordagem inicial:
Causas:
1. Atresia Biliar:
2. Cisto de colédoco:
- A sua importância está no fato de que o diagnóstico pode ser feito durante o pré natal
Abordagem diagnóstica:
1. Anamnese:
- História Familiar:
Consanguinidade;
Abortos de repetição;
Colestase neonatal;
Esferocitose ou outras doenças hemolíticas;
Alterações/más-formações cardíacas ;
- História Pré-natal:
Achados ultrassonográficos (cisto de colédoco, colelitíase, anormalidades de vesícula
biliar, alterações morfológicas);
Colestase na gravidez;
Esteatose hepática na gestação;
Infecções maternas;
- História neonatal:
Idade gestacional;
Hemólise (hemólise autoimune, deficiência de G6PD, hidropsia fetal);
Infecção neonatal;
Teste do pezinho (galactosemia, fibrose cística...);
Tipo de alimentação (seio materno, fórmula infantil, NPT);
Crescimento, visão, audição;
Presença de vômitos;
Padrão evacuatório (constipação – FC, pan-hipopituitarismo / diarreia – infecções,
doença metabólica), cor das fezes (acolia fecal), urina (avaliar cheiro – doenças
metabólicas / e cor – colúria);
Hemorragia intracraniana (pela deficiência de vitamina K);
Cirurgia abdominal prévia.
2. Exame físico:
- Estado geral: aparência doente geralmente indica infecção ou doença metabólica, o
RN com atresia biliar geralmente encontra-se em bom estado geral;
- Antropometria: avaliar com rigor ganho ponderal e velocidade de crescimento;
- Fisionomia: os dismorfismos faciais característicos da síndrome de Alagille geralmente
aparecem aos seis meses de idade – face triangular, olhos encovados, nariz achatado;
- Auditivo: verificar teste da orelhinha devido às infecções congênitas;
-Pele e fâneros: icterícia, prurido;
- Cardiovascular: sopro, IVD, má-formação cardíaca congênita – Alagille, Atresia biliar
sindrômica com malformação esplênica;
- Abdome: presença de ascite, circulação colateral, tamanho e consistência hepática e
esplênica, massas abdominais, hérnia umbilical;
- Genitália: hipoplasia;
-Fezes: acolia ou hipopigmentação fecal(importante verificar coloração com a cartela de
cores, mesmo com o relato dos pais);
- Urina: coloração e odor;
- Neurológico: avaliar tônus.
Guia Prático de Atualização: Colestase em lactentes, um tema do pediatra- Departamento Científico de Hepatologia da
SBP, Março/2017
(A) – Fezes normais;(B1 e 2)–Acolia fecal; (C) - Colúria.
3. Avaliação complementar:
- Primeira avaliação: identificar etiologias tratáveis e definir a severidade da lesão hepática;
- Segunda e terceira avaliações: investigação etiológica completa com especialista (
gastro/hepatologista pediátrico ).
*: Considerar culturas bacterianas de sangue, urina e outros fluidos, especialmente se
criança clinicamente “doente”;
***: Cultura, bioquímica e pesquisa de bile em líquido ascítico;
****: Importante para o perfil de metabólitos do sal biliar;
*****: TSH, T4L, ACTH, GH, cortisol e insulina.
ANEXO:
Doenças hepatocelulares
(colestasesamiliares) Deficiência de alfa-1-antitripsina
Alteração na síntese dos ácidos biliares
Defeito na conjugação dos ácidos biliares
Colestases intra-hepáticas familiares 1, 2, 3, 4 e 5
Colestase neonatal transitória
Doençasmultissistêmicas
Síndrome de Alagille
Síndrome da artrogripose-disfunção renal
Distúrbio congênito da glicolisação
Fibrose cística
Doença mitocondrial
Síndrome colangiteesclerosante neonatal com ictiose
Pan-hipopituitarismo
Trissomia 21
Causas infecciosas
Infecção do trato urinário
Sífilis
Toxoplasmose
Rubéola
Citomegalovirus
Herpes vírus
Vírus das hepatites A, B e C
Referências Bibliográficas:
1. Fawaz R, Baumann U, Ekong U, et al. Guideline for the Evaluation of Cholestatic Jaundice
in Infants: Joint Recommendations of the North American Society for Pediatric
Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition and the European Society for Pediatric
Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition. J PediatrGastroenterolNutr. 2017;64(1):154-
168.
2. Departamento científico de hepatologia da SBP, Colestase neonatal: Um tema do pediatra.
Disponível em <www.sbp.com.br/departamentos-cientificos/hepatologia/>. Acessado em 14
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3. JessiErlichman, MPH, Kathleen M Loomes, MD. Causes of cholestasis in neonates and
young infants. UpToDate. 2017. Disponível em: < http://www.uptodate.com/online>. Acesso
em: 19/01/2018.
4. Kathleen M Loomes, MD, JessiErlichman, MPH. Approach to evaluation of cholestasis in
neonates and young infants. UpToDate. 2017. Disponível em: <
http://www.uptodate.com/online>. Acesso em: 19/01/2018.
5. Roquete MLV. Colestase Neonatal. Jornal de Pediatria 2000;76(2):187-197.
6. NASPGHAN. Guideline for the Evaluation of Cholestatic Jaundice in Infants:
Recommendations of the North American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology
and Nutrition. Journal of Pediatric Gastroenterology and Nutrition 2004;39(2):115-128.
Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica
Constipação intestinal:
Abordagem da criança
com impactação fecal
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de Atenção
à Saúde da Criança e
Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Introdução
A constipação intestinal é sintoma frequente na faixa etária pediátrica, sendo responsável por 3% das
consultas nos ambulatórios de pediatria geral e 25% das consultas referenciadas ao gastroenterologista
pediátrico. Na maioria dos casos (90 a 95%), é de origem funcional, com menor percentual tendo como causa
uma doença orgânica.
Se o sintoma não é identificado e há retardo no início do tratamento, as complicações se instalam; por isso é
necessário a compreensão das causas com o objetivo de se ter uma abordagem racional tanto no diagnóstico,
quanto no tratamento.
Pode ser conceituada como eliminação de fezes endurecidas, na forma de cíbalos ou cilíndricas com
rachaduras, associada a dor, dificuldade ou esforço, ou a ocorrência de escape fecal secundário á retenção fecal
ou por aumento no intervalo entre as evacuações (menos de três vezes por semana).
I – Constipação Intestinal
CID: K59.0
Código da internação: 03.03.07.011-0
Revisão Teórica
Conceitos:
Constipação Aguda
Caracteriza-se pela mudança brusca do hábito intestinal que ocorre nos processos febris e pós-operatórios, por
exemplo, durante os quais há diminuição da atividade física, menor ingesta de alimentos e líquidos, uso de
drogas e posição antifisiológica para defecação. A recuperação é espontânea, concomitante à melhora do
quadro clínico de base.
Constipação Crônica
Definida de modo arbitrário quando o sintoma está presente de forma contínua por mais de 8 semanas. Pode
ser caracterizada pela presença isolada de suas complicações:
• escape fecal
• dor abdominal recorrente
• sangramento retal
• enurese
• infecções do trato urinário de causa não estrutural
Crianças maiores e adolescentes podem referir sensação de esvaziamento retal incompleto após evacuar.
Disquesia do Lactente
Caracterizada pela ocorrência de, pelo menos, 10 minutos de esforço e choro que antecedem a eliminação de
fezes moles. Ocorre no primeiro semestre de vida. Trata-se de uma situação transitória que desaparece
espontaneamente quando a lactente adquire a capacidade de relaxar o esfíncter anal e a musculatura pélvica ao
se estabelecer a prensa abdominal no momento da evacuação. O exame físico é normal. A condição não
requer tratamento.
Pseudoconstipação
Ocorre em lactentes que recebem aleitamento materno exclusivo ou predominante. Caracteriza-se pela
eliminação de fezes amolecidas em intervalos superiores a três dias e que, às vezes, podem atingir duas a três
semanas
Escape fecal ou soiling: perda involuntária de parcela de conteúdo fecal, consequente a fezes impactadas no
reto.
Comportamento de retenção
Caracteriza-se por tentativas de evitar a eliminação de fezes quando elas atingem o reto e se inicia o processo da
evacuação. Assim, contraem-se os músculos voluntários do assoalho pélvico, incluindo o esfíncter externo do
ânus e os músculos da região glútea, com a criança assumindo posições típicas até que ocorra o esgotamento da
contração da musculatura estriada sob controle voluntário.
1) C.I Funcional:
Critérios Diagnósticos para a Constipação Funcional – ROMA IV 2016
Deve incluir duas ou mais das seguintes ocorrências pelo menos uma vez por semana durante um mínimo de 1
mês com critérios insuficientes para o diagnóstico de síndrome do intestino irritável:
1. Duas ou menos defecações no banheiro por semana em uma criança com idade de desenvolvimento
de pelo menos 4 anos
2. Pelo menos 1 episódio de incontinência fecal por semana após a aquisição do controle do esfíncter anal
3. História da postura remanescente ou retenção excessiva de fezes
4. História dos movimentos intestinais dolorosos ou duros
5. Presença de uma grande massa fecal no reto
6. História de fezes de grande diâmetro que podem entupir o vaso sanitário
Após uma avaliação apropriada, os sintomas não podem ser explicados por outra condição médica.
2) C.I Anatômica:
Ânus imperfurado
Estenose anal
Ânus anteriorizado
3) C.I Extra-intestinal
Diagnóstico
O diagnóstico é essencialmente clínico e regido pela definição de Constipação Intestinal, por uma anamnese
detalhada e exame físico completo. Exames radiológicos não estão indicados de rotina, exceto na suspeita de
abdome agudo ou patologia orgânica.
Caracterizar o hábito intestinal: definir frequência e aspecto das fezes (Escala de Bristol em anexo);
Questionar há quanto tempo a criança apresenta sintomas de constipação, se é desde o nascimento e
com quanto tempo de vida eliminou mecônio;
Saber quando foi a última evacuação e o aspecto das fezes;
Perguntar se há escape fecal;
Dependendo da idade da criança, perguntar se já usa o vaso sanitário;
Abordar se a criança queixa-se de dor ao evacuar;
Questionar se já houve sangramento ao evacuar;
Saber se já foi feito uso de algum medicamento para a queixa, por quanto tempo e qual a resposta;
Saber se a criança usa alguma medicação habitualmente;
Se a criança for portadora de algum problema neurológico, abordar a história da neuropatia e se já
precisou de tratamento para desimpactação outras vezes.
Descrever hábito alimentar
Exame físico:
Sinais e sintomas
Relacionados ao volume e consistência das fezes
• Sangramentos
• Fissuras
• Plicomas
Relacionados ao tempo de doença
• Fecaloma
• Escape fecal
• Dor abdominal recorrente
Relacionados à retenção fecal
• Inapetência e saciedade precoce
• Náuseas e vômitos
• Sintomas urinários
Exames complementares:
• Radiografia Simples de Abdome: útil para avaliar impactação fecal e eficácia do tratamento
inicial. Não é considerado necessário para o diagnóstico.
• USG abdominal: avaliação de retenção fecal e medição do diâmetro transverso do reto. Não é
essencial uma vez que a alteração no diâmetro retal não é preditor para presença de constipação
Tratamento
Os objetivos do tratamento das crianças com constipação estão voltados para restaurar o padrão rotineiro das
evacuações (fezes pastosas e evacuações indolores), desaparecimento do escape fecal e prevenção de
recidivas. Há quatro passos importantes a serem dados durante o processo terapêutico, a saber:
1. Mudança comportamental;
2. Desimpactação fecal;
3. Prevenção retenção das fezes;
4. Acompanhamento clínico.
A desimpactação fecal deve ser realizada antes de se iniciar a terapia de manutenção, pois a remoção das fezes
retidas reduz as possíveis alterações secundárias à retenção fecal, como incontinência fecal crônica, dor
abdominal e alteração da motilidade colônica, além de ser causa frequente de falha terapêutica em
consequência de suas repercussões.
A respeito da desimpactação hoje sabe-se que a utilização de enemas diários e polietilenoglicol (PEG) (1,5
g/kg/dia) durante seis dias consecutivos se mostram igualmente eficientes no tratamento da impactação fecal
em crianças com constipação funcional. Como o uso de PEG está associado a um maior número de escapes
fecais, deve-se dar preferência à utilização de enemas retais para obter melhor resultado no sentido de debelar
a impactação fecal e dar seguimento ao tratamento da constipação com o uso de PEG diário, promovendo
redução gradual da dose conforme resposta individual.
Tabela 1: Medicamentos para tratamento da impactação fecal e constipação crônica.
Fonte: Adaptado de Constipation Guideline Committee of the North American Society for Pediatric Gastroenterology,
Hepatology and Nutrition (2006), Tablers e colaboradores (2014), PROPED vol 4 (2015).
Orientações Gerais
Referências
1. MORAIS MB. Constipação intestinal. In: Sociedade Brasileira de Pediatria; Oliveira Filho EA, Nobrega M,
organizadores. PROPED Programa de Atualização em Terapêutica Pediátrica: Ciclo 1. Porto Alegre:
Artmed Panamericana; 2015. P 33-59 ( Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 4)
2. Tabbers MM, Boluyt N et al. Clinical Practice. Diagnosis and treatment of functional constipation. Eur
Journal Pediatric 2011; 1-9.
3. ZASLAVSKY C, Ávila EL, Araújo MA, Pontes MRN, Lima NE. Constipação Intestinal da Infância. Um
Estudo de Prevalência. Rev AMRIGS 1988; 32:100-2.
4. Evaluation and treatment of constipation in children: summary of update recommendations of the North
American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology and Nutrition. J Pediatr Gastroenterol Nutr
2006; 43:405-7.
5. MORAIS, Mauro Batista; TAHAN, Sonia. Constipação Intestinal. In.: Pediatria: Diagnóstico e Tratamento.
Orgs.: MORAIS, Mauro Batista de; CAMPOS, Sandra de Oliveira; HILÁRIO, Maria Odete Esteves. 1ª
edição, Barueri/Manole, 2013.
6. MOTTA, Maria Eugênia; SILVA, Gisele Alves. Constipação Crônica. In.: Tratado de Pediatria: Sociedade
Brasileira de Pediatria. Orgs.: CAMPOS Júnior, Dioclécio; BURNS, Dennis Alexander Rabelo; LOPEZ,
Fabio Ancona. 3ª edição, Barueri/Manole, 2014.
7. Bekkali NL, Van den Berg MM et al. Rectal fecal impaction treatment in childhood constipation: enemas
versus high doses oral PEG. Pediatrics 2009; 124:e1108-e1115
8. DEL CIAMPO, Ieda Regina; SAWAMURA, Regina; SILVEIRA, Emanuele Alves Baltazar;
FERNANDES, Maria Inez Macha. Protocolo Clínico e de Regulação para Constipação Intestinal Crônica na
Criança 109
9. RODA, Juliana; RUBINO, Gina; LAPA, Patrícia; OLIVA, Mónica. Obstipação e Incontinência Fecal na
Criança. Saúde Infantil, setembro 2011; 32 (1).
10. FAGUNDES, Ulysses Neto. Constipação funcional na infância: diagnóstico e tratamento. Instituto de
Gastroenterologia Pediátrica de São Paulo (I-Gastroped). Pediatria Moderna, julho 2014, vol 50, n 7, págs:
316-324
ANEXO 1 – Escala de Bristol
A escala de Bristol (em Inglês: Bristol Stool Chart), desenvolvida por KW Heaton i SJ Lewis na Universidade
de Bristol. Publicada en el Scandinavian Journal of Gastroenterology el 1997.
Derrame Pleural
Versão 2.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de
Atenção à Saúde da
Criança e Adolescente
HU-UFJF
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UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
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HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
CID 10:
Código de Internação:
Introdução
Derrame pleural é o acúmulo anormal de líquido entre os folhetos parietal e visceral das
pleuras, é a complicação mais freqüente da pneumonia bacteriana (derrame parapneumônico) e ocorre
em torno de 40% das crianças hospitalizadas por pneumonias. É mais comum em bebês e crianças mais
jovens (menores de 4 anos), com prevalência aumentada para o sexo masculino, e um pico de
incidência no inverno e primavera.
Revisão Teórica
Fisiopatologia:
O espaço pleural normalmente contém 0,3 ml / kg de peso corpóreo de líquido pleural. Existe
uma circulação contínua desse fluido e os vasos linfáticos podem lidar com várias centenas de
mililitros de líquido extra por 24 horas. Entretanto, um desequilíbrio entre a formação do líquido
pleural e a drenagem resultará em derrame pleural. Na saúde, o líquido pleural contém um pequeno
número de células (principalmente células mesoteliais, macrófagos, linfócitos) com uma baixa
concentração de proteínas (0,1 g / l), bem como proteínas de grande peso molecular, como a
desidrogenase láctica (LDH). Em comparação com o soro, o líquido pleural tem níveis mais elevados
de bicarbonato, níveis mais baixos de sódio e níveis semelhantes de glicose.
Esses parâmetros são alterados quando processos de doenças, como infecção, afetam o pulmão
adjacente ou o tecido vascular e ativam uma resposta imune e inflamação pleural. O aumento da
permeabilidade vascular permite a migração de células inflamatórias (neutrófilos, linfócitos e
eosinófilos) para o espaço pleural. O processo é mediado por várias citocinas - como a interleucina IL -
1, IL-6, IL-8, fator de necrose tumoral (TNF-α) e fator ativador de plaquetas - liberadas pelas células
mesoteliais que revestem o espaço pleural. O resultado é o estágio exsudativo de um derrame pleural.
Isso progride para o estágio fibropurulento devido ao aumento do acúmulo de líquido e invasão
bacteriana através do epitélio danificado. A migração de neutrófilos ocorre assim como a ativação da
cascata de coagulação levando à atividade pró-coagulante e fibrinólise diminuída. A deposição de
fibrina no espaço pleural leva a septação ou loculação. O pH do líquido pleural e o nível de glicose
diminuem, enquanto os níveis de LDH aumentam.
Classificação:
O derrame pleural é dividido em 3 diferentes fases ou estágios; caso não seja tratado corretamente,
pode evoluir para uma fase mais avançada e necessitar de tratamento mais agressivo. Sendo assim,
classificamos da seguinte forma:
Fase fibrinopurulenta: Essa fase tem início cerca de 2 a 10 dias após o inicio do derrame, e
caracteriza-se pelo aumento do volume do líquido pleural e sua conseqüente “invasão” por
bactérias. Como conseqüência, há um aumento das células (PMN), formação e depósito de
fibrina entre as pleuras (septos e lojas), diminuição do pH e glicose ee aumento do LDH. O
fluido torna-se mais espesso (derrame parapenumonico complicado) ou purulento, o que
chamamos de Empiema.
Diagnóstico:
História Clínica
Exame físico
Ao examinarmos estes pacientes, devemos ficar atentos quanto aos sinais sugestivos do derrame, como:
diminuição da expansibilidade torácica em um hemitórax, redução ou abolição do murmúrio vesicular do lado
acometido em comparação ao contralateral, macicez à percussão, diminuição da saturação periférica de
oxigênio – o que configura sinal de gravidade para esta criança. O exame também deve incluir avaliação do
estado de hidratação da criança, sua altura e peso e presença de quaisquer distúrbios subjacentes. A avaliação
da gravidade é a mesma que para qualquer pneumonia infantil (tabela 1)
1. Radiografia de tórax
A obliteração do ângulo costofrênico é o sinal mais precoce de um derrame pleural, e uma borda de
fluido pode ser vista subindo a parede torácica lateral (sinal do menisco) em uma radiografia em PA ou AP.
Quando a radiografia é tirada em decúbito dorsal, o líquido pleural se “espalha” entre as pleuras e dá uma
aparência de um aumento homogêneo da opacidade em todo o campo pulmonar sem atenuação do ângulo
costofrênico. Quando há um "white out", nem sempre é possível diferenciar a consolidação no pulmão
subjacente de um grande derrame. As radiografias isoladamente não podem diferenciar um empiema de um
derrame parapneumônico. A radiografia de tórax lateral não deve ser realizada de rotina, pois raramente
acrescenta informação extra, é útil apenas na dúvida diagnóstica, como diferenciação entre sombras pleurais e
intrapulmonares e, na presença de derrame, para traçar conduta quanto ao volume do derrame.
A ultrassonografia de tórax pode detectar a presença de líquido no espaço pleural, por isso é
particularmente útil quando há um "white out" na radiografia de tórax. Embora ele não possa estabelecer com
segurança o estágio da infecção pleural, pode estimar o volume de líquido presente, detectar existência de
loculações ou septações, determinar a ecogenicidade do líquido, demonstrar espessamento pleural e auxiliar
no diagnóstico de derrame secundário à tuberculose (por exemplo, a presença de pequenos nódulos difusos na
superfície pleural). Pode ainda orientar na inserção de dreno torácico ou na toracocentese marcando o local
ideal para a drenagem na pele. Por esses motivos e devido ao fato de não necessitar de sedação e não envolver
radiação, a USG é sempre preferida em relação à tomografia computadorizada.
A radiação de um exame de TC é alta, e varia entre o equivalente de 20 a 400 radiografias de tórax por
isso não é indicada para diagnóstico inicial e manejo de derrames pleurais não complicados. Embora seja
desnecessário para a maioria dos casos de empiema pediátrico, ela tem um papel importante em casos onde o
quadro clínico se arrasta, principalmente para identificação de complicações como necrose pulmonar,
pneumatocele, abscesso pulmonar, fístula broncopleural. Além disso também é utilizada para descartar outras
doenças como abscesso subdiafragmático, outros derrames causados por tumores de origem pulmonar,
mediastinal ou da parede torácica. Por fim, podem também auxiliar no manejo pré operatório - quando
indicado - toracotomia ou toracoscopia, delineando a anatomia e verificando a presença de complicações.
A análise do líquido pleural é um exame de extrema importância e é obtida através da punção do espaço
pleural e retirada de pequena quantidade de líquido (5 ml), a este procedimento damos o nome de
toracocentese. Esse procedimento é utilizado para identificar e isolar o agente causador da infecção, analisar a
composição do líquido e assim auxiliar no diagnóstico e tratamento da criança.
Idealmente a toracocentese deve ser realizada antes do início da terapia com antimicrrobianos,
especialmente quando evidenciado na radiografia de tórax em decúbito lateral, uma coluna de líquido maior
que 1 cm entre o pulmão e a parede torácica. Este fluido coletado deve ser enviado para análise que envolve a
observação de seu aspecto e coloração, análise bioquímica, bacteriológica e citológica.
4.1 Bioquímica
A análise bioquímica do líquido pleural desempenha um papel importante no manejo dos derrames
pleurais, fazem parte dessa análise a dosagem de LDH no líquido pleural e plasmática, proteínas no líquido
pleural e plasmática, pH e glicose. Utilizamos os critérios de Light (tabela 2) para diferenciar os exsudatos dos
transudatos, e os níveis de LDH e glicose como auxílio quando há suspeita de infecção bacteriana no líquido.
Em termos de tratamento, o pH pode até mesmo guiar a necessidade de drenagem tubular, sugerido por pH <
7,2 em um derrame infectado, porém não vemos isso na prática médica.
4.2 Microbiologia
Embora o líquido pleural seja freqüentemente estéril devido à administração prévia de antibióticos,
sempre deve ser enviado para cultura. No entanto, estão disponíveis técnicas alternativas adicionais, podem
auxiliar na detecção de bactérias; são elas:
• Cultura e PCR para micobactérias e tuberculose (baixa sensibilidade, mas mais rápida que a
cultura padrão).
4.3 Citologia
A obtenção de líquido pleural apenas para fins de análise citológica isolada raramente é necessária em
crianças, mas é feita de rotina quando uma toracocentese diagnóstica é realizada. No entanto, a citologia deve
ser realizada, mesmo que isoladamente, se houver alguma característica atípica que sugira a presença de
malignidade, como ausência de febre aguda ou pneumonia, ou evidência de uma massa subjacente mediastinal
ou linfadenopatia. Sabemos também que na maioria dos derrames malignos em crianças, o exame citológico
pode não revelar células malignas, na suspeita diagnóstica devemos solicitar uma TC para investigação.
Sempre que o líquido pleural tiver sido aspirado, uma amostra deve ser enviada para contagem
diferencial de células e coloração de Gram. Um resultado clássico de cocos Gram positivos com 90% de
leucócitos PMN no diferencial é suficiente para tornar a análise citológica completa desnecessária, e indica
para nós que este é um derrame parapneumômnico. Quando temos o predomínio de linfócitos em um
exsudato, devemos nos alertar quanto à possibilidade de tuberculose ou malignidade. De qualquer forma,
coloração e cultura para BAAR devem ser realizadas em todas as amostras, um teste de Mantoux deve ser
considerado quando há predomínio de linfócitos, principalmente quando há suspeita epidemiológica de TB.
No entanto, até 10% dos derrames pleurais tuberculosos são predominantemente neutrofílicos, por isso a
importância da epidemiologia.
Tratamento
O manejo do derrame pleural vai depender de alguns critérios para definir entre tratamento
conservador ou invasivo. Tais critérios perfazem: tamanho do derrame, presença de sintomas e evidência
de loculações nas imagens. O tratamento inicial é válido para todos os casos, enquanto os critérios vão
sendo estabelecidos. É também crucial que o tratamento inicie-se o mais rápido possível, levando em
conta o estágio de desenvolvimento da doença.
Tratamento inicial
Analgesia e antipiréticos
a) Antibioticoterapia:
O uso de antibióticos parenterais é sempre indicado, seja como tratamento isolado ou associado a outras
medidas. A seleção do antibiótico deve ser adaptada para cada população/tipo de paciente, de acordo com os
microorganismos aos quais são expostos. Primeiramente iniciamos o tratamento com antibióticos de largo
espectro, e de acordo com o resultado da cultura do líquido pleural, fazemos o ajuste específico de acordo com
o antibiograma. Porém em paciente com cultura negativa, a manutenção do tratamento com o antibiótico
empírico inicial é recomendada, especialmente se o paciente apresenta melhora clínica. A duração do
tratamento difere entre os centros, mas a maioria dos centros médicos mantém a criança doente com
antibióticos intravenosos até que o paciente esteja afebril ou quando o dreno torácico for removido, após esse
período é realizada terapia de troca para antibióticos por via oral para a alta hospitalar.
O tratamento empírico com antibióticos pode ser iniciado com Cefotaxime ou Cetriaxona enquanto são
aguardados os resultados da cultura. Clindamicina ou Vancomicina podem ser associados quando há suspeita
de infecção comunitária por MRSA. A Ampicilina ou a Penicilina G também podem ser consideradas drogas
de primeira linha em crianças imunizadas em áreas onde cepas de pneumococo resistente à penicilina são
incomuns. Podemos considerar também uma antibioticoterapia especifica para a pneumonia de base de a faixa
etária, levando em consideração a prevalência dos patógenos mais comuns em cada idade (tabela 3).
Para pacientes alérgicos a penicilinas, uma boa opção seria a Clindamicina e Meropenem nos casos onde
não for observado melhora após 48-72 horas. Em crianças com risco de broncoaspiração, a cobertura de
anaeróbios é recomendada. Crianças com derrame pleural devido à infecção nosocomial devem ter cobertura
de germes gram-negativos.
Em alguns casos será necessário intervir através de toracocentese ou instalação do dreno de tórax,
combinados com antibioticoterapia. As indicações usualmente estão relacionadas a casos mais graves ou com
evolução desfavorável. É também relevante considerar que nos casos em que seriam necessárias múltiplas
toracocenteses, a instalação de dreno de tórax precoce apresenta vantagem. As indicações para drenagem
torácica são diversas entre a literatura:
Quando há opacidades maiores que metade do hemitórax, com quantidade de fluidos de maiores que
10 mm e compatível com empiema em crianças com dificuldade respiratória.
c) Fibrinolíticos
Vários estudos mostraram que os fibrinolíticos são preferíveis sobre a utilização do tubo torácico isolado.
A Associação Americana de Cirurgia Pediátrica e o British Thoracic Society (BTS) recomendam a terapia
fibrinolítica como parte da terapêutica para pacientes com derrames parapneumônicos complicados, loculados
e empiema, pois seu uso melhora a drenagem do líquido pleural e diminui o tempo de internação. Esses
medicamentos agem destruindo os cordões de fibrina que se formam no espaço pleural e, assim, desobstruem
os poros linfáticos, e restabelecem a filtração e reabsorção normal do líquido pleural. Os três fibrinolíticos
usados são a Estreptoquinase, Ativador de Plasminogênio Tecidual (tPA) e Uroquinase.
d) Procedimentos Cirúrgicos:
A falha em obter uma resposta clínica e radiológica à estratégia inicial de tratamento médico (drenagem
torácica, antibióticos e fibrinolíticos), a presença de empiema complexo com patologia pulmonar significativa,
fístula broncopleural com pneumotórax e empiema secundário, devem levar a uma discussão precoce com um
cirurgião torácico quanto à necessidade de procedimentos cirúrgicos mais invasivos, porém, não existem
critérios baseados em evidências para orientar essa decisão. A experiência em muitos centros respiratórios
pediátricos é que a cirurgia tem sido necessária com muito menos frequência em crianças que instituíram um
tratamento inicial adequado. A decisão de envolver um cirurgião torácico no início do processo de tomada de
decisão deve ser encorajada e o encaminhamento não deve significar automaticamente que a cirurgia é
inevitável.
Existem 3 tipos de cirurgias mais comuns que podem ser realizadas, e em todas elas um dreno torácico é
deixado após cada procedimento para drenagem adicional de fluido / pus:
A Decorticação envolve uma toracotomia póstero-lateral aberta e a excisão pleura fibrosa espessa com
a evacuação do material piogênico. É um procedimento mais longo e complicado, deixando uma
cicatriz linear maior ao longo da linha da costela.
Referências
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2. Islam S, Calkins CM, Goldin AB, et al. The diagnosis and management of empyema in children: a
comprehensive review from the APSA outcomes and clinical trials committee. J Pediatr Surg.
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4. Fraga JC, Kim P. Surgical treatment of parapenumonic pleural effusion and its complications. Jornal
de Pediatria. 2002; 78(sup 2): S161-S170.
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Literature Review. International Journal of Medical Reviews. 2016; 3(issue 1) 365-370.
Fluxograma
Anexos
Antibioticoterapia Recomendada
Medicamento Dose
Manejo da Criança
Hospitalizada com
Desnutrição Proteico-
Calórica
Versão 1.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de
Atenção à Saúde da
Criança e Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Objetivos
▪ Apresentar diretrizes que contribuam para a assistência a crianças com desnutrição grave em nível hospitalar
e para a promoção de sua reabilitação nutricional, incluindo:
▪ Avaliação nutrológica clínica e laboratorial;
▪ Classificação do estado nutricional;
▪ Definição de conduta a ser tomada em cada caso durante a internação;
▪ Orientação nutricional na alta hospitalar;
▪ Redução do tempo de permanência da criança no hospital;
▪ Redução da morbimortalidade;
▪ Rápida retomada do ganho pôndero-estatural da criança.
Introdução
Toda criança atendida em nível hospitalar deve ter de início, seu estado nutricional criteriosamente avaliado.
As crianças com desnutrição grave devem ter atendimento e cuidado especializado imediatos, devido à sua
maior susceptibilidade a complicações graves e risco de morte. Assim que é admitida no hospital, a criança com
desnutrição grave deve passar imediatamente por uma avaliação quanto ao risco de morte. Se houver sinais
gerais de alarme (hipoglicemia, desidratação, hipotermia, anemia grave, sinais de infecção ou outros), o
tratamento deve começar o mais rápido possível, para redução do risco de morte. Nesse primeiro momento, as
perguntas dirigidas à mãe ou ao responsável pela criança devem ser sumárias e precisas e o exame físico dirigido
de modo a fornecer informações suficientes que permitam diagnóstico e conduta rápidos e eficazes. Anamnese
e Exame Físico completos só devem ser feitos após superada a fase do risco imediato de morte.
Avaliação do Estado Nutricional
Anamnese
a) História gestacional
▪ Estado nutricional prévio e ganho de peso durante a gestação
▪ Doenças associadas (hipertensão, diabetes, hemorragias, anemia e infecções)
▪ Uso de medicamentos e de suplementos vitamínicos e minerais
▪ Tabagismo, etilismo ou uso de drogas ilícitas
b) Período neonatal
▪ Peso, comprimento e perímetro cefálico ao nascer
▪ Intercorrências ou doenças no primeiro mês de vida
▪ Aleitamento materno
c) Fase de lactente
▪ Aleitamento materno
▪ Intercorrências (doenças, internações e cirurgias, entre outras)
▪ História alimentar detalhada (introdução da alimentação complementar,diversidade e quantidade da
alimentação oferecida, cuidados higiênicos com a preparação dos alimentos)
▪ Uso de suplementos vitamínicos e minerais (ferro, flúor, vitamina D)
▪ Condições de habitação e saneamento
▪ Atividades da vida diária [incluindo-se as lúdicas (tipo e tempo destinado) e as sedentárias (TV, videogame
e computador)]
▪ Desenvolvimento neuropsicomotor, cognitivo e social
d) Fase pré-escolar e escolar
▪ Hábitos alimentares (qualidade e quantidade da alimentação oferecida)
▪ Atividade física curricular e extracurricular (incluir atividades dos períodos de lazer)
▪ Internações e doenças (infecciosas, anemia, desnutrição)
▪ Presença de risco familiar de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (obesidade, diabetes,
doenças cardiovasculares e neoplasias, entre outras)
e) Adolescência
▪ Avaliação do estadiamento puberal
▪ Percepção da imagem corporal
▪ Comportamento: relacionamento com amigos e parentes, rendimento escolar, atividades físicas e de lazer e
frequência em fast-foods e praças de alimentação
▪ Hábitos alimentares
▪ Atividade física curricular e extracurricular
▪ Consumo de álcool, anabolizantes e suplementos, tabagismo e uso de drogas ilícitas
Anamnese Nutricional
Nessa etapa deve ser realizada uma avaliação quantitativa e qualitativa da alimentação do paciente. Se paciente
em aleitamento materno exclusivo, perguntar número de amamentações, tempo de cada mamada e se há
esvaziamento e revezamento das mamas.
Caso paciente não esteja em aleitamento materno exclusivo, proceder com recordatório de 24 horas, sempre que
possível, realizando uma entrevista com questionamentos sobre todos os alimentos que o paciente recebeu nas
últimas 24 horas. Tentar relacionar os horários de atividades diárias com a alimentação para ajudar (ex.: “Assim
que acordou, qual foi a primeira refeição do paciente? ”)
Caso não seja possível realizar o recordatório de 24 horas, procurar questionar sobre a frequência com que
determinado alimento ou grupo é ingerido.
Exame Físico
a) Peso
Importante para avaliar alterações nutricionais agudas. Em caso de condições que alterem o valor do peso como
desidratação, edema, tumores sólidos ou visceromegalias volumosas etc, preferir o peso usual ao peso atual para
a avaliação.
Aferição: Em lactentes pesas, preferencialmente, diariamente ou, no mínimo, três vezes por semana. Em
crianças e adolescentes pesar três vezes por semana. Utilizar um gráfico para acompanhar a evolução do peso
do paciente.
b) Estatura
Importante para avaliar alterações nutricionais crônicas. Caso a solução do agravo nutricional seja realizado até
os dois anos de idade se espera recuperação completa.
Aferição: Até dois anos de idade, utilizar régua com cursor, estando o paciente em posição supina. Nas crianças
e adolescentes, utilizar cursor acoplado à balança ou estadiômetro, estando o paciente em posição ereta. Realizar
aferição da estatura uma vez por semana.
c) Perímetro Cefálico
d) Situação Especial
Pacientes com problemas ou limitações neurológicas: A avaliação de estatura nesses pacientes é muitas vezes
dificultada pois não conseguem permanecer em posição ereta ou possuírem articulações contraídas, espasmos
musculares involuntários, escolioses e serem pouco cooperativos. Nesses casos, podem ser utilizados medidas
de segmentos corporais para estimativa da estatura.
▪ Comprimento Superior do Braço (CSB): distância entre o acrômio e a cabeça do rádio medido com o
membro superior fletido a 90º.
▪ Comprimento Tibial (CT): medida da borda súpero medial desde a tíbia até a borda do maléolo medial
inferior.
▪ Comprimento do membro inferior a partir do Joelho (CJ): comprimento do joelho ao tornozelo.
Medida do Segmento Medida da Estatura DP
Avaliação Laboratorial
Podem ser úteis para o diagnóstico de problemas associados à desnutrição. Contudo, é importante destacar que
alguns exames podem ter seus resultados alterados pela desnutrição. Assim, devem ser solicitados apenas em
condições específicas com vistas a esclarecer situações suspeitadas no exame clínico.
Hemograma completo, proteína C reativa (PCR), proteína total e frações, transferrina, ferritina, ureia e
creatinina, cálcio, fósforo, potássio, magnésio e fosfatase alcalina, dosagem de vitaminas e oligoelementos,
função hepática, lipidograma e glicemia. Realizar culturas (hemo, copro, uro e nasofaringe) antes do início de
antibioticoterapia. Sorologia para HIV, PPD. Parasitológico de fezes seriado para todas as crianças. Radiografia
de ossos longos e de tórax em caso de suspeita de escorbuto e/ou raquitismo.
Exame radiológico de tórax: pode ser útil no diagnóstico de pneumonia, na avaliação do volume do coração nos
casos de insuficiência cardíaca e em casos de suspeita de tuberculose.
A desnutrição pode ser classificada em leve, moderada ou grave e aguda ou crônica, conforme tabela abaixo.
Desnutrição
Índice
Leve Moderada Grave Aguda Crônica
≥ Escore Z - 2 ≥ Escore Z - 3
P/E < Escore Z - 3 --- ---
< Escore Z - 1 < Escore Z - 2
≥ Escore Z - 2 ≥ Escore Z - 3
IMC/I < Escore Z - 3 --- ---
< Escore Z - 1 < Escore Z - 2
f) Índices antropométricos e valores críticos para crianças e adolescentes (OMS 2006, 2007)
A classificação do estado nutricional baseado nos índices antropométricos será realizada de acordo com
tabela a seguir.
Em paciente com desnutrição, considera-se hipoglicemia valores de glicose plasmática menor que 54 mg/dL. O
tratamento deve seguir o seguinte caminho:
▪ Solução de glicose a 10% ou Preparado Alimentar Inicial (escolher o que está ao alcance mais rapidamente).
▪ Reavaliar a glicemia após 30 minutos.
▪ Repetir conduta até normalização do valor da glicemia. Manter Preparado Alimentar Inicial de 2 em 2 horas
durante 48 horas para prevenir novas crises.
Índices Antropométricos
Valores Críticos Crianças menores de 5 anos Crianças entre 5 e 10 anos incompletos Adolescentes
Muito baixo Muito baixa Muito baixo Muito baixa Muito baixa
< Percentil 0,1 < Escore Z - 3 Magreza Magreza Magreza Magreza
peso para a estatura para peso para a estatura para estatura para
acentuada acentuada acentuada acentuada
idade a idade idade a idade a idade
≥ Percentil 0,1 ≥ Escore Z - 3 Baixa Baixa Baixa
Baixo peso Baixo peso
Magreza Magreza estatura para Magreza estatura para Magreza estatura para
< Percentil 3 < Escore Z - 2 para a idade para a idade
a idade a idade a idade
≥ Percentil 3 ≥ Escore Z - 2
< Percentil 15 < Escore Z - 1
Eutrofia Eutrofia Eutrofia Eutrofia
≥ Percentil 15 ≥ Escore Z - 1 Peso Peso
adequado adequado
< Percentil 85 < Escore Z + 1
para a idade para a idade
≥ Percentil 85 ≥ Escore Z + 1 Estatura Estatura Estatura
Risco de Risco de
adequada Sobrepeso adequada Sobrepeso adequada
< Percentil 97 < Escore Z + 2 sobrepeso sobrepeso
para a idade para a idade para a idade
≥ Percentil 97 ≥ Escore Z + 2
Sobrepeso Sobrepeso Obesidade Obesidade
< Percentil 99,9 < Escore Z + 3
Peso elevado Peso elevado
para a idade para a idade
≥ Percentil 99,9 ≥ Escore Z + 3 Obesidade Obesidade
Obesidade Obesidade
grave grave
Considera-se hipotermia quando a temperatura axilar do paciente encontra-se abaixo de 35,0ºC. Para o
tratamento da hipotermia, utilizar as seguintes condutas:
▪ Colocar a criança sobre a pele despida do tórax ou abdome materno ou cuidador da criança e manter os
dois cobertos;
▪ Agasalhar bem a criança (inclusive a cabeça);
▪ Aproxima um aquecedor ou lâmpada da criança com cuidado para não aproximar muito a fonte de
aquecimento;
▪ Colocar a criança em um leito localizado em um local mais quente da enfermaria, longe de correntes de
ar, portas e janelas;
▪ Trocar o mais rapidamente possível fraldas, lençóis e roupas molhadas para evitar perda de calor;
▪ Evitar exposição ao frio;
▪ Deixar a criança dormir junto à mãe para receber aquecimento durante à noite;
▪ Monitorar a temperatura ambiente para que permaneça entre 25 e 30ºC.
Crianças com deficiência de vitamina A podem apresentar alterações oftalmológicas como cegueira noturna,
xerose conjuntival, xerose corneana ou ulceração de córnea, que pode levar a cegueira permanente. Nesse caso,
repetir a dose do 1º dia de internação nos dois dias seguintes.
II – Ácido fólico: administrar 5 mg no primeiro dia e 1 mg por dia por, no mínimo, duas semanas.
III – Ferro: Não iniciar tratamento com ferro no primeiro dia de internação. Aguardar criança apresentar bom
apetite e ganho de peso. Realizar tratamento com 3 a 4 mg/kg/dia, via oral.
IV – Outras vitaminas: Se disponíveis, essas vitaminas devem ser administradas conforme tabela abaixo:
Nessa fase, a oferta líquida total (incluindo os soros e preparados orais e venosos) não deve ultrapassar 120 a
140 ml/kg/dia. Os preparados alimentares iniciais devem fornecer 80 a 100 kcal/kg/dia e 1 a 1,5 g/kg/dia de
proteínas. Devem também possuir baixa osmolaridade (280 mmol/litro) e baixo teor de lactose (13g/l). Se
criança em aleitamento materno, manter aleitamento, fornecendo o preparado antes. Administrar o preparado
em pequenas porções a cada duas horas, inclusive durante a noite e madrugada nos dois primeiros dias, a cada
três horas entre o 3º e 5º dia e a cada quatro horas no 6º e 7º dia. Esse preparado possui 75 kcal/100 ml e 0,9 g
de proteína/100 ml.
Caso o paciente apresente melhora significativa do estado geral e apetite antes dos sete primeiros dias, a fase
de estabilização pode ser interrompida antes do término da primeira semana de internação.
Síndrome de Realimentação
É muito importante estar atento ao aparecimento da Síndrome de Realimentação quando se inicia a terapia
nutricional num paciente desnutrido grave. Mas, mais importante ainda, é preveni-la! A Síndrome de
Realimentação é uma manifestação clínica complexa, abrangendo alterações hidroeletrolíticas, associadas a
anormalidades metabólicas, alterações respiratórias, arritmias e insuficiência cardíaca, hepatomegalia,
sudorese profusa, que ocorre em consequência de aporte nutricional em pacientes com desnutrição grave,
poucos dias após o início da reintrodução alimentar.
Pode ocorrer em casos de administração de aporte energético excessivo, na falta de reposição adequada de
eletrólitos, minerais e vitaminas. Quando pacientes desnutridos graves começam a receber reposição
nutricional, ocorre expansão do volume extracelular (balanço hídrico positivo) com retenção de sódio; A
ativação da demanda metabólica, oferece ao miocárdio um súbito trabalho adicional, podendo levar a um
quadro de insuficiência cardíaca. A oferta de suplementos energéticos e proteicos provoca armazenamento de
glicogênio e retenção de nitrogênio, síntese de proteínas celulares e movimento de água para o interior das
células, eventualmente causando edema celular e suas consequências. O aporte energético excessivo poderá
levar à esteatose hepática. A secreção de insulina é estimulada nessa fase, resultando em aumento da captação
celular de glicose, fósforo, água e outros minerais, como potássio e magnésio.
Por essas razões, o aporte nutricional e a restauração do volume circulatório devem ser instituídos lentamente
e concomitantemente à administração de vitaminas e eletrólitos, sobretudo o fósforo, o potássio e o magnésio
(com restrição do aporte de sódio). O paciente em recuperação nutricional deve ser monitorado rigorosamente
à procura de anormalidades, particularmente durante a primeira semana.
b) Fase 2 – Reabilitação
Nessa fase, ocorre um crescimento rápido do paciente, e para tanto é necessária alta ingestão proteico e
calórica.
Passo 8: Reconstruir os tecidos perdidos
Substituir o Preparado Alimentar Inicial pelo Preparado Alimentar para Crescimento Rápido que possui 100
kcal/100ml e 2,9 g de proteína/100 ml. Deve-se manter o mesmo volume e frequência por 48 horas. Após as
primeiras 48 horas, aumentar 10 ml do preparado a cada refeição até que a criança deixe sobras (o que deve
acontecer quando estiver recebendo em torno de 200 ml/kg/dia). Deve-se manter o preparado alimentar para
crescimento rápido até o paciente estiver com o escore Z > -1 no peso/estatura. As necessidades do paciente
nessa fase são de 150 a 220 kcal/kd/dia e 4 a 5 g de proteína/kg de peso/dia.
A avaliação do ganho de peso esperado segue a tabela abaixo:
Classificação do ganho de peso Valor de referência
Insuficiente < 5g/kg de peso/dia
Moderado Entre 5 e 10 g/kg de peso/dia
Bom > 10 g/kg de peso/dia
Quadro 7 – Referências para avaliação de ganho ponderal diário
Causas de ganho de peso insuficiente ou moderado: alimentação inadequada, infecção, intolerância à lactose
e problemas psicossociais.
c) Fase 3 – Acompanhamento
Passo 10: Preparar a alta e o acompanhamento após a alta
Para recuperação da desnutrição, é necessário que o escore Z do índice peso/estatura seja maior que – 1 DP,
fato que ocorre em média após 4 a 8 semanas de internação. A criança pode ter alta hospitalar mesmo antes da
total recuperação da desnutrição, desde que preenchidos os critérios abaixo:
▪ Ter mais de 12 meses de idade;
▪ Ter completado o esquema antibiótico;
▪ Boa aceitação da dieta oferecida;
▪ Apresentar ganho de peso bom (> 10 g/kg de peso/dia) por 3 dias consecutivos;
▪ Não apresentar edema;
▪ Ter recebido suplementos de potássio, magnésio e de outros minerais e vitaminas por duas ou mais
semanas;
▪ Mãe ou responsável tenha condições de seguir tratamento e acompanhamento;
▪ Estar recebendo a dieta adequada para a idade por, no mínimo, dois dias antes da alta e o responsável estar
participando da preparação da dieta.
O paciente deve, após alta, ser encaminhado para acompanhamento ambulatorial na primeira semana após a
alta (marcar a consulta antes da alta).
Fluxograma
Referências
2) WHO. Guideline: Updates on the management of severe acute malnutrition in infants and children. Geneva:
Nutrologia, DIAS MCG, Van AANHOLT DPJ, CATALANI LA, et al. Triagem e avaliação do estado
nutricional. In: Associação Médica Brasileira, Conselho Federal de Medicina, editores. Projeto Diretrizes. São
5) LIMA AM et al. Desnutrição energético proteica grave durante a hospitalização: aspectos fisiopatológicos
criança e do adolescente – Manual de Orientação. São Paulo: Sociedade Brasileira de Pediatria. 2009. 112p.
7) BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Protocolos
Saúde, 2008. 61 p.
Alimentação e Nutrição. Manual de atendimento da criança com desnutrição grave em nível hospitalar /
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição.
Exemplo de cálculo de velocidade de administração do RESOMAL por via EV, oral ou SNG para
criança com 10 kg de peso.
1ª HORA:
2ª A 10ª HORA:
80 ml ------------- 60 min
x ml -------------- 1 min
x = 1,3 ml/minuto de RESOMAL por via oral ou SNG por até 10 horas, se necessário.
Anexo II
Exemplo de cálculo de volume a ser administrado do Preparado Alimentar Inicial em uma criança de
10 kg de peso.
Volume do preparado alimentar inicial que a criança estava recebendo: 217 ml de 4 em 4 horas.
1º e 2º dia: manter o volume e frequência (217 ml de 4 em 4 horas), substituindo a preparado alumentar inicial
pelo de crescimento rápido.
A partir do 3º dia: aumentar 10 ml por refeição até a criança deixar sobras.
A
B
O
R
D
Protocolo Clínico e
A
G
Diretriz Terapêutica M
E
D
A
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Abordagem da
RI
A
Aguda
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A
Versão 1.0
C
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GERÊNCIA DE R
ATENÇÃO À SAÚDE EI
A
Unidade de Atenção
A
à Saúde da Criança e
Adolescente G
U
D
A
VE
RSÃ
HU-UFJF
O
2.0
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Introdução
Caracterização:
Três ou mais evacuações líquidas ou amolecidas em um período de 24 horas.
É causada por diferentes agentes etiológicos (bactérias, vírus e parasitas), sendo as bactérias e parasitas
entéricos os agentes predominantes nos países em desenvolvimento. Algumas outras causas de origem não
infecciosa são ingestão demasiada de alguns alimentos, gorduras não absorvidas, entre outros.
Classificação:
▪ Aguda: Duração de até 14 dias
▪ Persistente: Duração ≥ 14 dias e < 30 dias
▪ Crônica: Duração > 30 dias
Quadro 1 – Principais agentes bacterianos causadores de diarreia aguda (Guia de Vigilância Epidemiológica,
2016)
3 a 7 dias
Rotavírus grupo C Aquosa Ignorado
Quadro 2 – Principais agentes virais causadores de diarreia aguda (Guia de Vigilância Epidemiológica, 2016)
Após a introdução da vacinação para rotavírus, o principal agente etiológico viral causador de gastroenterite
aguda passou a ser o Calicivírus humano.
Principais agentes parasitários:
Abundante e
Cryptosporidium Rara 4 dias a 3 semanas
aquosa
Eventualmente
Entamoeba histolytica com muco e Variável Semanas a meses
sangue
Incoercíveis fezes
Giardia lamblia claras e Rara Semanas a anos
gordurosas
Quadro 3 – Principais agentes parasitários causadores de diarreia aguda (Guia de Vigilância Epidemiológica,
2016)
A identificação do agente etiológico não é importante na condução e tratamento dos casos, visto que a
maioria dos parasitas encontrados nas fezes não são os verdadeiros causadores da doença diarreica aguda.
Modo de Transmissão:
▪ Transmissão direta: pessoa a pessoa.
▪ Transmissão indireta: ingestão de água e alimentos ou contato com objetos contaminados.
Epidemiologia
Responsável por altas taxas de internações e óbitos em menores de 5 anos.
No Brasil, figura em terceiro lugar entre as causas de morbidade infantil em crianças menores de 5 anos,
correspondendo a 30% dos casos por 1.000 nascidos vivos.
Taxa média mundial de mortalidade infantil de aproximadamente 72 óbitos por mil nascidos vivos.
Manifestações clínicas
Início abrupto, etiologia presumivelmente infecciosa, autolimitada, com duração clínica de 14 dias e
aumento do volume e/ou na frequência de evacuações com fezes de consistência diminuída. As formas
variam desde leves (sem desidratação) até formas graves (com desidratação e distúrbios hidroeletrolíticos,
principalmente quando associados a desnutrição).
Em alguns casos pode haver a presença de muco e sangue (disenteria) e ser acompanhada de náuseas,
vômitos, febre e dor abdominal. Outros sinais e sintomas ao exame físico incluem distensão abdominal,
anorexia, tenesmo, flatulência, disúria, cãibras, tosse e coriza.
O primeiro passo para o diagnóstico é a realização de anamnese bem direcionada, atentando para algumas
informações fundamentais como idade do paciente, duração da doença diarreica atual, características das
fezes (consistência, presença de sangue ou muco, frequência e volume das evacuações).
Atentar para história epidemiológica e social, como local onde o paciente reside, suas condições sanitárias,
história de viagem recente a locais endêmicos. É importante excluir causas não infecciosas, como uso
recente de medicações (ex: laxativos, antibióticos), excesso de bebidas lácteas.
Infelizmente não é possível estabelecer uma etiologia precisa apenas pela apresentação clínica, visto que
existe uma grande superposição entre os sintomas dos quadros causados pelos vários agentes viras e
bacterianos. A distinção de maior importância prática é entre os agentes que costumam causar diarreia
aquosa e aqueles que podem ser causa de disenteria.
Avaliação clínica
O principal ponto relacionado ao manejo dos casos de diarreia aguda é o diagnóstico e tratamento correto
dos quadros de desidratação.
Assim a avaliação clínica deve focar na gravidade da doença, na necessidade de reidratação e na
identificação do plano terapêutico mais adequado para cada caso; identificar causas prováveis com base na
história e achados clínicos.
Fatores de Risco:
Diagnóstico Etiológico
Coprocultura (não necessita técnica asséptica; em lactentes coletar fezes das fraldas); pesquisa de vírus nas
fezes; EPF (3 amostras). Nos casos mais graves: Hemograma, PCR, hemocultura, eletrólitos, gasometria
venosa. A maior parte do tratamento independe da identificação precisa do agente etiológico. Não são
necessárias coproculturas nos pacientes imunocompetentes. Deve-se obter amostra fecal para análise
apenas nos casos de diarreia grave, sanguinolenta, inflamatória, persistente ou se há suspeita de surto. A
medição de eletrólitos séricos só será necessária nas crianças com desidratação grave ou moderada ou com
história clínica e achados atípicos; em alguns casos selecionados, considerar realização de USG abdominal
ou tomografia computadorizada nos diagnósticos diferenciais com abdome agudo.
Tratamento
Observe
Bebe normal, sem Sedento, bebe rápido Bebe mal ou não é capaz de
▪ Sede
sede e avidamente beber*
Explore
Decida
Trate
A perda de peso aguda ocorrida durante o episódio diarreico também é um importante parâmetro para
avaliar a desidratação. De acordo com a perda, a desidratação é classificada em leve (<5% do peso),
moderada (5 a 10% do peso) e grave (> 10% de perda de peso).
Plano A: Para prevenir a desidratação no domicílio. Destina-se a pacientes sem sinais de desidratação.
1) Oferecer ou ingerir mais líquidos que o habitual para prevenir a desidratação (o paciente deve tomar
líquidos caseiros como água de arroz, chás, sucos, soro caseiro ou solução de reidratação oral após
cada evacuação diarreica).
Quantidade de líquido a ser oferecida após as evacuações de acordo com a faixa etária:
3) Atentar para os sinais de perigo, como piora da diarreia, vômitos repetidos, recusa de alimentos,
sangue nas fezes e diminuição da diurese.
O uso de zinco suplementar reduz a duração e gravidade dos episódios de diarreia aguda, assim como a
incidência de diarreias subsequentes e as taxas de mortalidade infantil das crianças com doença diarreica
persistente.
Dieta
Antibióticos
Disenteria por
Amebíase Giardíase Cólera Salmonella*
Shigella
Ciprofloxacino Metronidazol Metronidazol Eritromicina Amoxicilina
15 mg/kg de 12/12 30 mg/kg/dia de 8/8 15 mg/kg/dia de 8/8 12,5 mg/kg/dose de 50 mg/kg/dia de
horas, VO, por 3 dias. horas, VO, por 5 dias. horas, VO, por 5 dias. 6/6 horas, VO, por 3 12/12 horas, VO, por
Azitromicina dias. 7 dias.
10 a 12 mg/kg, VO, Azitromicina Sulfametoxazol-
no primeiro dia e 5 a 20 mg/kg, VO, dose trimetoprim
6 mg/kg por mais 4 única. 50 mg/kg/dia de
dias. 12/12 horas, VO, por
5 dias.
Alternativa: Alternativa: Alternativa:
2 a 4 mg/kg, VO,
dose única.
Antiparasitários
O tratamento quase nunca é indicado, exceto em pacientes imunodeprimidos.
Probióticos
Efeito benéfico quanto a redução do tempo de hospitalização, redução das perdas fecais e duração do
episódio diarreico.
Antissecretório
Nos quadros em que o mecanismo secretório está envolvido e as perdas diarreicas são importantes, o uso
da racecadotrila pode trazer benefícios para o paciente. Nesses casos, tem sido recomendado como
terapêutica adjuvante a TRO embora ainda não haja evidências se o seu uso reduz a necessidade de
hidratação venosa.
Medicamentos contraindicados:
Observação:
Complicações
▪ Desidratação;
▪ Desnutrição;
▪ Distúrbio hidroeletrolítico;
▪ Choque hipovolêmico;
▪ Retardo do desenvolvimento de peso e estatura;
▪ Retardo do desenvolvimento intelectual;
▪ Diarreia de repetição ou persistente;
▪ Sepse
▪ Óbito;
Prevenção
▪ Vacinação;
▪ Amamentação exclusiva para lactentes até o 6º mês;
▪ Ingerir apenas água tratada, filtrada ou fervida;
▪ Saneamento básico adequado;
▪ Higienização adequada das mãos e alimentos;
▪ Proteger os alimentos de insetos;
▪ Não tomar banho em rio, açude ou piscina contaminada;
Fluxograma 1
Referências
Diarreia Crônica
Versão 1.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de
Atenção à Saúde da
Criança e Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Dra Fernanda Marques
Cria o Protocolo Clínico e Lemonge (residente de
Diretriz Terapêutica de Dra Lucelia Paula Gastroenterologia Pediátrica)
01/05/2017 1.0 / Dra Lucelia Paula Cabral
‘Título do Protocolo’ Cabral Schimdt
Schimdt (professora/staff
Gastroenterologia Pediátrica)
Introdução
Definição de diarreia: aumento da frequência e/ou diminuição da consistência das fezes; pelo menos 3
vezes em 24 horas.
Etiologia
Doenças Manifestações
Alergias alimentares Alergia às proteínas da dieta (leite de vaca, soja, ovo, etc)
Doenças Doença celíaca
autoimunes/inflamatórias Enteropatia autoimune
Doença inflamatória intestinal (colite ulcerativa, Doença de Crohn, Colite indeterminada)
Doença do enxerto versus hospedeiro
Alterações da microflora Enteropatia ambiental
intestinal Supercrescimento bacteriano de intestino delgado
Colite pseudomembranosa
Parasitoses intestinais
Alterações da motilidade Aganglionose
intestinal Pseudo obstrução intestinal crônica
Síndrome do Intestino Irritável
Infecções em Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (AIDS)
imunodeficientes Imunodeficiências (déficit de IgA secretora, agamaglobulinemia, etc)
Miscelânea Drogas, radiação, disfunções psiquiátricas, neoplasias
Insuficiência pancreática exócrina (exceto Fibrose Cística)
Hepatopatias, principalmente colestáticas
Tabela 2: Manifestações clínicas das etiologias mais comuns de diarreia.
Diagnóstico
1- História clínica e exame físico orientam para hipótese diagnóstica bem fundamentada. Faça a triagem I
e seletivamente o exame que dará o diagnóstico nos exames das triagens II e III.
a. Triagem I: Hemograma, plaquetas e VHS, parcial de urina, coprocultura, ph, substâncias redutoras,
leucócitos, sudam III, IgA total, IgA e IgG anti Transglutaminase e anti Gliadina (doença Celíaca).
b. Triagem II: D-xilosemia, teste do hidrogênio expirado com lactose, biópsia duodenal ou dos cólons
por via endoscópica.
c. Triagem III: Exames direcionados a etiologia: Ex.: fibrose cística (teste de suor), Deficiência
imunológica (avaliar imunidade sérica, celular e HIV), intolerância à lactose e intestino delgado
contaminado (teste do hidrogênio c/ lactose), alergia à proteína alimentar (clínica, teste de supressão e
enfrentamento à proteína), acrodermatite enteropática (dosagem sérica do zinco), Doença de inclusão
micro-vilositária (microscopia eletrônica demostra microvilosidade alteradas em biópsia duodenal), etc.
a. Diarreia colônica:
i. Além da coprocultura para bactéria comuns solicitar cultura para Campylobacter ,Yersínia
enterocolítica, Elisa-toxina, Clostridium difficile, parasitológico de fezes seriado (Objetivo:
amebíase e tricocefalíase).
ii. Se os exames forem negativos solicitar retoscopia ou retosigmoidoscopia com biópsia
(Objetivo: doença de Crohn, retocolite ulcerativa inespecífica, gastroenterite eosinofílica,
hiperplasia linfóide do cólon).
b. Diarreia do delgado:
i. Fezes com aspecto oleoso e sudam III (+): Solicitar Dxilosemia. Se estiver alterado = má-
absorção por alteração da mucosa intestinal, fazer biópsia duodenal endoscópica. (Objetivo:
doença celíaca, abetalipoproteinemia, linfangiectasia congênita, giardíase). Se a D-
xilosemia e a biópsia são normais, solicitar dosagem de eletrólitos no suor. Se alterados =
fibrose cística. Se normal pensar em insuficiência pancreática de outra origem: pancreatite
crônica ou Síndrome de Schwasman.
ii. Fezes homogêneas cremosas, odor acético, dermatite, ph 90 mEq/l = diarréia osmótica por
intolerância a lactose. Fazer teste do hidrogênio expirado c/ lactose e/ou retirada da lactose
com cura clínica.
iii. Fezes com aspecto variável: mucóide, com restos alimentares, grumos, sem esteatorréia ou
fermentação = diarréia benigna inespecífica. (reflexo gastrocólico exacerbado).
iv. Fezes líquidas volumosas: Sem aspecto esteatorréico ou fermentativo = Diarréia secretora.
Não há melhora com jejum, sódio fecal > 90 mEq/l. Deve-se descartar diarréia crônica de
causa tumoral. (ácido vanilmandélico na urina, dosagem sérica de VIP e gastrina, estudos de
imagem para localizar o tumor)
Tratamento
Específico: Ex.(s): Doença celíaca (retirar glúten da dieta), Alergia à proteína alimentar (retirar leite ou proteína
desencadeante), Mucoviscidose (repor enzimas pancreáticas), Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa
(corticóide, 5 ASA encaminhar ao especialista), etc.
Referências:
2. Schiller, Lawrence R., Darrell S. Pardi, and Joseph H. Sellin. "Chronic diarrhea: diagnosis and
management." Clinical Gastroenterology and Hepatology 15.2 (2017): 182-193.
3. Schiller LR, Pardi DS, Spiller R, et al. Gastro 2013 APDW/WCOG Shanghai working party report:
chronic diarrhea – definition, classification, diagnosis,. J. Gastroenterol Hepatol 2014;29:6-25.
4. Diarréia crônica na criança – Investigação diagnóstica. Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul –
www.sprs.com.br
Fluxograma 1: Investigação da diarreia crônica
Distúrbios do
Equilíbrio Ácido-Básico e
Interpretação da
Gasometria
Versão 1.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de Atenção
à Saúde da Criança e
Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor de
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Dra. Teresa Cristina Ribeiro
Lopes; Dra. Marta Cristina
Protocolo Clínico e Diretriz
Dr. Lúcio Henrique Duarte
Julho/2017 1.0 Terapêutica dos Distúrbios
de Oliveira Dra. Gabriela Alvim Pereira da
Ácido-Básico e Interpretação
Silva - Residente R1 de
da Gasometria
Pediatria
Objetivos:
• Contextualizar uma breve revisão sobre a fisiologia do equilíbrio ácido-básico;
• Abordar os tipos, fisiopatologia e tratamento dos distúrbios ácido-básicos;
• Contemplar a interpretação das principais alterações, repercussões e manejo clínico das gasometrias;
• Auxiliar em melhores desfechos clínicos dos pacientes com as alterações em questão.
Introdução
Distúrbios do equilíbrio ácido-básico são alterações clínicas comuns resultantes de uma série de condições
fisiopatológicas que podem ter causas primárias ou secundárias. São facilmente suspeitos através da história e do
exame físico; a análise gasométrica, juntamente com avaliação da função renal permitem a identificação do tipo de
distúrbio e das causas mais frequentes, que são fundamentais para o tratamento adequado.
Revisão Teórica:
Para compreendermos os principais distúrbios, devemos ter o conhecimento claro da fisiologia envolvida. A
concentração de íons hidrogênio (H+) no fluido extracelular é extremamente baixa, quase um milhão de vezes menor
que a concentração de bicarbonato (HCO3-). O H+ tem alta afinidade de ligação às proteínas e quando sua concentração
aumenta, estas sofrem alterações em sua carga, forma e, possivelmente, sua função. Portanto, é importante que as
concentrações de H+ sejam mantidas em valores muito baixos. O sistema de tamponamento do H+ protege o organismo
dessas variações e é realizado principalmente por sua ligação ao bicarbonato (Equação 1).
Eliminado pelos rins HCO3- + H+ H2CO3 H2O + CO2 Eliminado pelos pulmões
Equação 1
Quando ocorre excesso de H+, o Ácido Carbônico (H2CO3) formado na reação H+ + HCO3- durante o controle do pH
plasmático, terá concentrações desprezíveis já que o mesmo se dissocia facilmente formando água e dióxido de
carbono (desvio da equação para direita) por ação da enzima anidrase carbônica. Da mesma forma, quando ocorre
excesso de CO2, o Ácido Carbônico (H2CO3) formado na reação CO2 + H2O por ação da enzima anidrase carbônica, se
dissocia em H+ e Bicarbonato (desvio da equação para esquerda). Fica claro então que essa "via de mão dupla" é um
dos principais mecanismos para manter a homeostase do pH plasmático: Se aumentarmos o bicarbonato e/ou
reduzirmos a pCO2 teremos um pH mais alcalino, já no caso contrário um pH mais ácido.
Em condições fisiológicas o tampão sanguíneo é capaz de manter a normalidade do pH (7,35-7,45), já na vigência de
algum distúrbio, contaremos com mecanismos compensatórios específicos de cada condição patológica.
Equação 2
Um dos principais exames laboratoriais que irão auxiliar no diagnóstico dos distúrbios ácido-básicos é a gasometria
(arterial e venosa), que será abordada de forma mais específica no decorrer do presente protocolo, entretanto, para
compreendermos os distúrbios precisamos conhecer os valores normais da gasometria arterial, descritos na Tabela 1.
pH 7,4 7,35-7,45
Tabela 1
Para realizar diagnóstico dos distúrbios ácido-básico é necessária na maioria das vezes uma avaliação sistemática da
gasometria combinada com a história clínica detalhada do paciente. Primeiramente devemos analisar a gasometria e
identificar o distúrbio ácido-básico apresentado pelo paciente, logo após a identificação do distúrbio, devemos
proceder à coleta de uma história clínica bem detalhada, a fim de identificar doenças e fatores de riscos para
determinado distúrbio.
De acordo com a história clínica, e a presença de doenças, alguns exames devem ser solicitados para ajudar a
esclarecer a causa. Quando estamos frente a uma alcalose metabólica a dosagem urinária de cloreto é o exame de
maior utilidade para diagnosticar a causa do distúrbio, e conforme a causa a dosagem de renina, aldosterona e cortisol
urinário também são úteis na confirmação diagnóstica. Já na acidose metabólica, partindo do pressuposto que já temos
o valor do bicarbonato na gasometria, a dosagem sérica de sódio, potássio e cloro são mandatórios, pois são estes os
envolvidos no ânion-gap, que irá permitir estratificar os diagnósticos diferenciais. Na acidose respiratória exames de
imagem podem ser úteis também no diagnóstico diferencial, como RNM ou TC para identificar causas centrais, ou
radiografia de tórax na identificação de causas pulmonares. Já na alcalose respiratória a saturação periférica e arterial
de oxigênio associadas à história clínica e exame físico detalhado são o ponto forte na identificação da causa.
Fluxograma 1 – Diagnóstico dos Distúrbios do Equilíbrio Ácidobásico
(*)
(*)
(*)
(*)
(*)
(*)
(*) Em relação ao Bicarbonato esperado
Definição:
Situação quando encontramos pH < 7,4 e HCO3 < 22 mEq/L. É o DAB mais frequente em crianças gravemente
doentes. Acúmulo de ácidos fixos no organismo causando diminuição do pH por aumento primário de H+ e redução na
concentração de HCO3-. Em resposta ocorre hiperventilação e hipocapnia compensatórias. Se a PaCO2 for maior que a
esperada: (1,5 x HCO3-) + 8 + 2 significa acidose respiratória associada (acidose mista), se for menor há alcalose
respiratória primária compensatória associada.
Causas:
Aumento na produção de ácidos endógenos (ácido lático, cetoácidos...), fonte exógena (hipercloremia) ou perda de
bases (de causa renal nas tubulopatias ou extra renal em casos de diarreia ou drenagem por fistulas) ou ainda pela
retenção de ácidos (insuficiência renal).
Para se entender os mecanismos envolvidos na origem da acidose metabólica, é necessário compreender o conceito de
ânion gap (AG): Lacuna aniônica, ou seja, diferença entre a quantidade de cátions e ânions do organismo. Para que
haja o equilíbrio eletroquímico do plasma, as cargas positivas (cátions) devem ser iguais às cargas negativas (ânions).
O principal cátion plasmático é o sódio e os principais ânions são o cloro e bicarbonato. Porém sabemos que existem
íons não mensurados nos exames rotineiramente, pois tem valores quase desprezíveis (ex.: potássio, cálcio, etc.). Estes
íons não mensurados são em sua maioria positivos, o que culminará em um valor plasmático positivo, dando origem ao
conceito de lacuna iônica. O organograma abaixo facilita o entendimento do conceito.
O conceito de AG será útil no diagnóstico diferencial das acidoses, já que sabemos que toda acidose metabólica é
acompanhada de redução do bicarbonato, e consequentemente, das cargas negativas. Sendo assim para que o equilíbrio
seja mantido, outras cargas negativas teriam que aumentar como forma de compensar. Se fizermos uma simples
inversão da fórmula do AG, ficará definido que: [Na = HCO3 + Cl + AG]. Portanto, só existem duas formas possíveis
de compensarmos a redução de bicarbonato: Aumentar o cloro ou aumentar o AG.
AG = Na – Cl – HCO3
(Valor normal = 8-12 mEq/L)
Esquema 1
Causas de Acidose Metabólica
Redução na excreção de Acidose tubular renal tipo I e tipo IV Insuficiência Renal instalada (síndrome urêmica)
ácidos
Existem algumas controvérsias em relação ao uso de álcalis para a correção da acidose metabólica, isso se deve ao fato
de existirem os seguintes riscos relacionados principalmente a infusão rápida e excessiva de HCO 3: hipocalemia,
sobrecarga de volume, hiperosmolaridade, perda de minerais (cálcio e fosfato pela diurese), acidose paradoxal do
SNC, superposição de uma alcalose metabólica devido à participação da reserva alcalina (isso ocorre com mais
frequência nas acidoses com AG aumentado), hipóxia tecidual e catabolismo.
No entanto, existem algumas vantagens ligadas ao uso criterioso do HCO3- como a correção do pH, melhora da
contratilidade miocárdica, aumento da sensibilidade tecidual à insulina, aumento da reatividade vascular aos
vasoconstrictores, recuperação do esforço respiratório excessivo.
Dessa forma, a administração de HCO3- só deve ser pensada após ser avaliada a etiologia da acidose metabólica e feita
a abordagem específica. Assim é essencial que sejam corrigidos déficits volêmicos antes da administração de álcalis,
pois com a correção da volemia pode ocorre compensação da acidose. Porém, vale ressaltar que um pH < 7.10 é
ameaçador à vida e exige uma intervenção terapêutica agressiva. A necessidade de álcalis é maior nas acidoses
metabólicas com AG normal (ex.: diarréia aguda) em relação às acidoses com AG aumentado (ex.: cetoacidose
diabética, IRC).
A infusão de HCO3 deve ser realizada por um período de 2 a 6 horas tendo o cálculo abaixo como princípio:
É preferível corrigir inicialmente a metade do déficit de base e repetir a gasometria a fim de evitar complicações
decorrentes do uso excessivo do HCO3-. A correção empírica da acidose metabólica se justifica somente se o paciente
estiver com quadro clínico muito sugestivo de acidose metabólica (intensa hiperventilação, e pH < 7.02) e for
impossível a realização de uma gasometria ou se a gravidade do caso não permitir a espera do resultado da gasometria.
Essa correção empírica é feita administrando-se o HCO3- na dose de 1 mEq/Kg de peso. Existem duas soluções de
NaHCO3 disponíveis: uma delas a 8.4% que contém 1 mEq de HCO3-/ml e a outra a 5% contendo 0.6 mEq de
HCO3/ml. A solução de NaHCO3 a 8.4% é mais comumente disponível. O HCO3- deve ser administrado sempre sob a
forma de solução isosmótica, sendo assim a solução de NaHCO3 a 8.4%, que possui uma osmolaridade de 2000
mOsm/l, deve ser diluída com ABD, produzindo soluções 5:1 (1 parte de NaHCO3 com 5 partes de ABD) ou 6:1 (1
parte de NaHCO3 com 6 partes de ABD), cujas osmolaridades serão, respectivamente, 333 e 286 mOsm/l. O uso de
soluções hipertônicas está justificado durante o atendimento da parada cardiorrespiratória onde se usa 1 mEq/Kg de
NaHCO3 numa solução contendo 1 parte de NaHCO3 e 1 parte de ABD.
Definição:
Trata-se de um aumento da concentração de H+ no plasma devido à retenção de CO2 com desvio da equação para a
esquerda. Há um desequilíbrio entre a produção de CO2 pelo metabolismo e sua eliminação pelos pulmões; teremos
então: pH < 7,4 e PCO2 > 40 mmHg. Pode ser dividida em dois tipos: Aguda e Crônica, sendo diferenciadas pela
forma como o organismo irá compensar o distúrbio.
Respostas Fisiológicas:
Com o aumento da PCO2, o mecanismo fisiológico é aumentar as concentrações plasmáticas de bicarbonato, sempre
buscando o pH normal. Essa resposta é gerada principalmente pela saída do HCO 3 do intracelular para a circulação
(trocado ativamente por Cl-). Existe também o gatilho para iniciar o aumento da reabsorção de bicarbonato do filtrado
glomerular. Ambos os mecanismos são considerados lentos (3 a 5 dias para conferir homeostase).
Na acidose respiratória aguda, para cada mmHg que a PCO2 aumenta acima de 40, a concentração plasmática de
HCO3- sobe 0,1 mEq/L acima de seu valor normal (25 mEq/L). Já na acidose respiratória crônica este aumento pode
ser de até 0,3mEq/L, já que a falta de equilíbrio prolongada conta com os mecanismos compensatórios mais eficientes,
além de um terceiro mecanismo tardio: Excreção renal de amônia.
Assim, de forma prática e direta, diferenciamos a acidose respiratória em aguda e crônica de acordo com a variação do
HCO3, se ele se alterar, significa que o processo já é crônico, pois a compensação metabólica leva algum tempo para
ocorrer; se não se alterar, dizemos que o processo é agudo. No entanto este raciocínio nem sempre é absoluto, pois
embora o bicarbonato seja a principal base do nosso organismo, ele não é a única disponível no “sistema tampão”, e,
porque um pequeno aumento de HCO3 pode ocorrer na acidose respiratória aguda, devido à conversão direta de CO 2
em H+ + HCO3. Tal fato pode interferir na interpretação, assim para tirar a dúvida quanto a presença ou não de
distúrbio agudo, podemos utilizar outros parâmetros como o Buffer Base (BB) ou Base Excess (BE), onde o segundo é
o mais utilizado.
▪ Buffer Base (BB): é a concentração total de bases no sangue, que normalmente é o dobro do bicarbonato
plasmático, oscilando entre 45 – 51 mEq/L.
▪ Base Excess (BE): mede simplesmente a variação do BB, sendo a faixa normal entre -3mEq/L e +3mEq/L. Um
BE mais negativo que -3mEq/L ocorre quando há um déficit real de bases no sangue; um BE mais positivo que
+3mEq/L indica um acúmulo real de bases no sangue.
Para sabermos então se um distúrbio respiratório é agudo ou crônico, temos que avaliar o BE, se estiver aumentado,
significa que o rim está trabalhando para que haja compensação metabólica, ou seja, é um distúrbio crônico; se o BE
estiver baixo, significa que não houve acúmulo de bases e ainda não iniciou a compensação metabólica pelo rim
(mesmo que o HCO3 esteja ligeiramente aumentado), ou seja, é um distúrbio agudo.
A resposta imediata mais rápida é o aumento da eliminação de CO 2 na respiração, mais expressivo nos casos agudos.
Tal aumento da eliminação vai ocorrer fisiologicamente com o aumento da freqüência respiratória (FR), porém,
dependendo da causa primária do aumento da PCO2, o aumento da FR não será tão eficiente, levando em conta o
conceito de relação ventilação-perfusão (V/Q), que estará alterado de formas diferentes a depender da etiologia.
Causas
Depressão do Centro Respiratório
Drogas (sedativos, anestésicos)
Encefalopatia hipóxico-isquêmica
Trauma crânio-encefálico
Infecções (meningites, encefalites)
Patologias Obstrutivas das Vias aéreas
Obstrução de Vias Aéreas Superiores (Laringite, Epiglotite, Corpo Estranho)
Obstrução de Vias aéreas Inferiores (Asma brônquica, Bronquiolite, Compressão extrínseca)
Patologias Restritivas do Parênquima Pulmonar
Fibrose Pulmonar
Cifoescoliose
Diminuição da Complacência Pulmonar
Edema Pulmonar
Pneumonia
Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo
Doenças Neuromusculares
Síndrome de Guillain-Barrè
Miastenia Gravis
Esclerose Lateral Amiotrófica
Distúrbios Metabólicos
Hipofosfatemia
Hipomagnesemia
Hipopotassemia
Alcalose Metabólica Grave
Patologias Abdominais
Aumento da Pressão Intra-abdominal e Elevação do Diafragma
▪ Ascites volumosas
▪ Tumores Abdominais
▪ Hemorragia intra-abdominal
▪ Obstrução do Trato Gastrintestinal
Diminuição do Transporte de CO2
Choque
Bloqueio Neuromuscular por Drogas
Tratamento da acidose respiratória:
Para controlar a acidose respiratória devemos sempre tentar tratar a causa subjacente, em alguns casos a resposta a esse
tratamento pode ser rápida ou demorar alguns dias, porém em crianças com acidose respiratória crônica não existe um
tratamento curativo.
Todos os pacientes com acidose respiratória são hipoxêmicos, portanto, todos devem receber suplementação de O 2,
seja sob cateter nasal ou até mesmo, nos casos mais graves, por ventilação mecânica. Nos pacientes crônicos, nos quais
o centro respiratório é mais responsivo à hipóxia, o uso excessivo de oxigênio pode deprimir a respiração, por isso
deve ser usado com cautela.
Em paciente com acidose respiratória crônica devemos evitar a intubação, devido à dificuldade de extubar, porém
quando esses pacientes adquirem doenças agudas que pioram a acidose respiratória, muitas vezes a ventilação
mecânica é mandatória. Nesses casos, a pCO2 deve ser reduzida de maneira gradual até o basal usual do paciente. Há
indicação de se fazer isso, pois esses pacientes têm um nível mais elevado de bicarbonato no sangue devido à
compensação metabólica, e caso a pCO2 seja corrigida rapidamente, podemos levar o paciente a desenvolver uma
alcalose metabólica grave e suas complicações como arritmias cardíacas, diminuição do débito cardíaco e diminuição
da perfusão cerebral. Além disso, a ventilação mecânica com pCO 2 normal, faz o distúrbio ácido-básico desaparecer, e
quando o paciente for extubado e voltar ao seu “normal”, pode evoluir para uma acidemia ainda mais grave, pois já
não tem o benefício da compensação metabólica.
As etiologias da alcalose podem ser divididas em duas categorias: cloreto urinário baixo ou alto.
Nesse ponto vale lembrar o equilíbrio eletroquímico:
Cargas Positivas (Na) = Cargas Negativas (HCO 3 + Cl)
Olhando para esse conceito, fica mais claro entender que a redução do cloreto no plasma irá ativar mecanismos para
aumentar o HCO3 para compensar o equilíbrio, causando a alcalinização do pH.
Causas:
Principais causas responsivas ao cloreto (cloreto urinário < 10-15 mEq/L) / Hipovolêmicas
▪ Perdas gástricas: Causa mais comum, relacionada com fatores que gerem vômitos em quantidade significativa,
onde teremos grande eliminação do HCl (Ácido Clorídrico) e consequentemente hipocloremia, mecanismo já
explicado como causa do distúrbio. Além disso, a hipovolemia mantém a alcalose por impedir a excreção renal do
excesso de bicarbonato (que foi causado pela diminuição do cloro), já que frente a hipovolemia a avidez renal por
sódio, e sabemos que a reabsorção de sódio no túbulo proximal é atrelada à reabsorção de bicarbonato, o que gera
ainda mais alcalose. Existe ainda o aumento da aldosterona durante a depleção de volume aumenta a reabsorção de
bicarbonato e a secreção de H+ no ducto coletor.
▪ Além da depleção de volume, as perdas gástricas geralmente se associam à hipocalemia (redução do potássio), não
só pela a perda gástrica do íon, mas também, e mais significativamente, por aumento das perdas por via urinária. O
aumento da secreção urinária de potássio é mediado pela aldosterona, devido à hipovolemia, e pelo aumento do K+
intracelular secundário a alcalose metabólica, que faz com que o mesmo entre nas células do rim, provocando
aumento de sua excreção. Para manter o equilíbrio iônico, as baixas concentrações de K + (principal íon intracelular),
culminam com a entrada do H+ para o meio intracelular. A hipocalemia também aumenta a secreção de H+.
▪ Síndrome Leite-Álcali: ingesta de fórmulas infantis com baixos níveis de cloreto levava à hipocloremia e depleção
de volume.
▪ Diuréticos (alça ou tiazídicos): Seu uso irá levar a depleção de volume, o que aumenta a Angiotensina II, a
aldosterona, e a estimulação adrenérgica do rim. Os diuréticos aumentam a oferta de sódio ao néfron distal,
aumentando ainda mais a excreção de ácido. Além disso, causam hipocalemia que como já vimos tem diversos
mecanismos contribuintes da alcalose. Causam também a excreção de cloreto na urina, cursando com hipocloremia
que já teve seu mecanismo abordado.
▪ Diarréia perdedora de cloretos: Trata-se de um distúrbio autossômico recessivo, onde há um defeito na troca
intestinal normal de bicarbonato, que é substituído por cloreto, determinando perdas fecais exageradas do mesmo.
Além disso, há perdas fecais de íons hidrogênio e potássio, que já ficaram definidos como causadores da alcalose.
Principais causas não responsivas ao cloreto (cloreto urinário > 15-20 mEq/L) / Normo/Hipervolêmicas
▪ Hiperaldosteronismo: Cursa com retenção de sódio e bicarbonato além de hipocalemia, além da secreção de H+.
▪ Síndrome de Cushing: Os níveis elevados de glicocorticóides, além de todos os sintomas envolvidos, estão
relacionados no equilíbrio ácido-básico. Apesar de cursar com hipoaldosteronismo, a alcalose metabólica neste caso
está relacionada com a hipocalemia, mecanismo já abordado.
▪ Hemotransfusão maciça: os derivados do sangue são anticoagulados com citrato, o qual é convertido em
bicarbonato pelo fígado.
▪ Iatrogênica: Administração excessiva de bicarbonato na recuperação de acidose orgânica, ou em pacientes que
recebem grande quantidade de bicarbonato de sódio na ressuscitação cardiorrespiratória. Outro exemplo seria a
administração de bicarbonato de sódio como “remédio caseiro” no tratamento de cólicas ou desconforto gástrico.
Tratamento da alcalose metabólica:
Crianças com alcalose metabólica leve, na maioria das vezes não necessitam correção do distúrbio, a menos que haja
algum fator que possa piorar ou agravar a alcalose.
A intervenção geralmente é necessária em pacientes com alcalose moderada ou grave, e a correção do distúrbio
adjacente também é a abordagem mais eficaz. Em algumas crianças a drenagem nasogástrica pode ser diminuída ou
interrompida, com o objetivo de diminuir a perda de HCl - e piorar a alcalose, o uso de inibidor de bomba de prótons
também pode ser uma alternativa, na tentativa de diminuir a produção de HCl -, e consequentemente, diminuir sua
perda. Em pacientes com uso de diuréticos, devemos tentar diminuir a dose ou eliminar o uso, porém algumas crianças
não toleram a diminuição da dose ou a retirada do medicamento, nesses casos a associação de diuréticos poupadores de
potássio ou a reposição oral de potássio são úteis para tratar a alcalose metabólica apresentada por elas.
Como a maioria das crianças com alcalose metabólica tem etiologias responsivas ao cloreto, a administração de cloreto
de sódio e cloreto de potássio, em quantidade suficiente para a correção da depleção de volume e o déficit de potássio,
já são o bastante para correção da alcalose metabólica. Em crianças com depleção de volume devido ao uso de
diuréticos, esta pode não ser uma boa opção, devendo apenas repor o potássio ou associar diurético poupador de
potássio, pois esses além de diminuir a excreção renal deste íon, bloqueiam a ação da aldosterona e consequentemente
diminuem a excreção de H+ no néfron distal e aumentam a excreção de bicarbonato, voltando assim ao equilíbrio
acidobásico do plasma.
Nas crianças com alcalose metabólica de etiologia resistente ao cloreto e associação com hipertensão, não podemos dar
volume, pois piora a hipertensão e ainda por cima não corrige a alcalose. O tratamento ideal para esses pacientes seria
corrigir o aldosteronismo de acordo com sua etiologia.
Definição:
É definida pela diminuição da PCO2 e da concentração de H+ no plasma decorrente da eliminação excessiva de
CO2 pelos pulmões (aumento da FR). Teremos então pH > 7,4; PCO 2 < 40 mmHg e HCO3 < 24 mEq/L.
Causas:
A redução aguda da pCO2 é geralmente pequena, decorrente, das concentrações plasmáticas aumentadas de hidrogênio
(devido à dissociação do ácido carbônico em hidrogênio e água, que trata-se do desvio da curva para a esquerda do
tamponamento sanguíneo). Essa situação já começa a ser resolvida também metabolicamente pela redução dos níveis
de cloreto a fim de aumentar os níveis de bicarbonato. É pouco observado na prática clínica, por estar muito envolvido
com ventilação mecânica e desordens psicogênicas que cursam com hiperventilação.
Raramente temos um tratamento específico para a alcalose respiratória, o tratamento deve enfocar a doença subjacente
do paciente. Casos de alcalose respiratória iatrogênica em pacientes com ventilação mecânica, os parâmetros do
ventilador devem ser ajustados para a correção, exceto em casos onde a hiperventilação tem finalidade terapêutica,
como na hipertensão intracraniana.
Causas psicogênicas que tem exacerbação simpática podem cursar com taquipnéia, mesmo o distúrbio de ansiedade ou
momentos de choro prolongado podem cursar com alcalose respiratória secundária. Os pacientes com desordem
psicogênica podem beneficiar-se do uso de benzoadiazepínicos. Durante um episódio de hiperventilação psicogênica,
respirar dentro de um saco de papel pode ser útil, pois reinalando o ar expirado, a pCO 2 do paciente aumenta e assim
os sintomas diminuem, cessando o ciclo vicioso da alcalose metabólica. Essa técnica deve ser usada somente se as
outras causas de hiperventilação tiverem sido excluídas, e realizada de preferência com oximetria de pulso durante o
procedimento.
1 - ROJAS-PÉREZ, Eduardo Martín. Factores que afectan la oximetría de pulso. Revista mexicana de
anestesiologia, México, v. 29, n. 1, p. S193-S198, abr./jun. 2016.
2 - MIYAKE, Mara Harumi; DICCINI, Solange; BETTENCOURT, Ana Rita De Cássia. Interferência da coloração de
esmaltes de unha e do tempo na oximetria de pulso em voluntários sadios. J pneumol , v. 29, n. 6, dez./dez. 2003.
3 - TUTORIAIS DE ANESTESIA. Tutorial de anestesia da semana oximetria de pulso – parte 1. Disponível em:
<http://tutoriaisdeanestesia.paginas.ufsc.br/files/2013/03/oximetria-de-pulso-parte-11.pdf>. Acesso em: 05 jul. 2017.
5 - VIEGAS, Carlos Alberto A.. Gasometria arterial. J pneumol , São paulo, v. 28, n. Supl 3, p. S 233-S 238, out./out.
2002.
6 - ROCCO, J. R.. Diagnóstico dos distúrbios do metabolismo ácido-base. Revista brasileira de terapia
intensiva, Rio de janeiro, v. 15, n. 4, p. 184-192, out./out. 2002.
7 - FURONI, R. M. et al. Distúrbios do euquilíbrio ácido-básico. Rev. fac. ciênc.méd. sorocaba, Sorocaba, v. 12, n.
1, p. 5-12, fev. 2010.
8 - PIVA, Jefferson Pedro; GARCIA, Pedro Celiny Ramos; MARTHA, Vanessa Feller. Distúrbios do euquilíbrio
ácido-básico. Jornal de pediatria, Rio de janeiro, v. 75, n. 2, p. 234-243, jan./jan. 1999.
9 - ZATZ R, Malnic G. Distúrbios do equilíbrio ácido-base. In: Ztz R (ed). Fisiopatologia renal, v. 2, p. 209-244. São
Paulo, Atheneu, 200.
Gasometria Arterial:
Local da punção:
Ao escolher o local da punção deve-se considerar a facilidade de acesso ao vaso e o tipo de tecido periarterial, já que
músculos, tendões e gordura são menos sensíveis à dor que periósteo e fibras nervosas. Deve-se também reduzir a
probabilidade de punção venosa acidental, preferindo artérias que não apresentem veias próximas importantes. Em
geral, recomenda-se como local preferencial a artéria radial ao nível do túnel do carpo, por satisfazer todos os
requisitos. Se a circulação colateral é insuficiente ou seu acesso está difícil, recomenda-se a artéria umeral, ao nível da
fossa antecubital, como segunda alternativa. A artéria femoral só deverá ser utilizada em casos excepcionais, uma vez
que abaixo do ligamento inguinal não existe circulação colateral adequada.
Manipulação da amostra
A correta manipulação da amostra sanguínea arterial por técnico qualificado é tão importante quanto a adequada
manutenção técnica dos aparelhos de medição. As condições de coleta devem ser respeitadas, é imprescindível a
anticoagulação da amostra com heparina, lembrando que uma quantidade excessiva da mesma pode alterar os
resultados, recomenda-se apenas umidificar o êmbolo e a seringa, evitando que fique heparina no interior da mesma.
Após a coleta, se observa bolhas de ar na amostra, deve-se extraí-las rapidamente com a seringa na posição vertical,
após o que se faz ligeiro movimento de rotação na seringa, assegurando o efeito anticoagulante, entre a coleta da
amostra e sua análise não devem ultrapassar 10-15 minutos em condições normais, mantendo a hermeticidade da
agulha todo o tempo. Se não há possibilidade de análise no referido tempo, a amostra arterial deve ser guardada em
gelo moído, objetivando diminuir o metabolismo eritrocitário, evitando assim a diminuição da PO2 e aumento da
PCO2.
Vantagem
A vantagem da gasometria arterial é que ela é o padrão ouro para as medidas de pH, HCO 3, PCO2, e além disso,
podemos determinar com precisão a PaO2 do paciente, porém a gasometria arterial não se faz tão necessária já que a
SpO2 medida em oxímetro de forma adequada e os valores dos exames na gasometria venosa também são adequados
para a tomada de decisões clínicas, além de ser um procedimento mais doloroso, com risco de sangramento,
pseudoaneurismas e fístulas arteriovenosas no local da punção, infecção, lesão de nervo, isquemia digital, pode haver a
necessidade de exames seriados.
Quando é necessária?
Determinar com exatidão a PaCO2 em choque grave
Determinar com exatidão a PaCO2 se hipercapnia ( PaCO2 >45 mmHg)
Determinar com exatidão lactato arterial se valores >2 mM (raramente necessário)
Diferença entre Gasometria Arterial e Gasometria Venosa
Gasometria Arterial Gasometria Venosa
pH 7.35 a 7.45 Diferença média agrupada: + 0.035 pH unidades
PCO2 35 a 45 mmHg Boa correlação quando normocapnia
Ausência de correlação em situações de choque grave
100% de sensibilidade para detecção de hipercapnia arterial nas
exacerbações de DPOC usando um ponto de corte de PaCO2 de 45mmHg
Isso quer dizer, se PCO2 se encontra normal na GSV, então, hipercapnia
está descartada
HCO3 22 – 26 mEq/L Diferença média −1.41 mmol/L
PO2 70 a 100 mmHg PO2 arterial é tipicamente 36.9 mmHg maior do que a venosa com
significante variabilidade (27.2 a 46.6 mmHg)
BE Diferença média 0.089 mmol/l
Lactato Dissociação nos valores quando acima de 2mmol/L
Diferença média 0.08
Interpretação da Gasometria:
Respostas Fisiológicas nos Distúrbios Primários do Equilíbrio Ácido-Básico
Acidose Metabólica Para cada mEq/L de queda na HCO3 abaixo de 22mEq/L, a PCO2 cai 1 mmHg
abaixo de 35 mmHg
Alcalose Metabólica Para cada mEq/L de aumento na HCO 3 acima de 26mEq/L, a PCO2 sobe 0,7 mmHg
acima de 45 mmHg
Acidose Respiratória
Alcalose Respiratória
Qual a diferença entre a informação do oxigênio mostrada pelo oxímetro e a obtida pela gasometria
arterial?
Um oxímetro mensura indiretamente a quantidade de oxigênio que é transportada pelo sangue, ao contrário da
gasometria arterial, que mensura diretamente tanto a quantidade de oxigênio transportada pelo sangue quanto a de gás
carbônico; porém como a gasometria depende de punção arterial ou venosa com agulha, muitas vezes a oximetria de
pulso já é suficiente para termos uma noção mais aproximada da SpO2.
Para que o oxímetro de pulso funcione, o sensor deve ser colocado sobre um local onde o pulso possa ser detectado. Os
LED’s devem ser posicionados de frente ao fotodetector para que este possa detectar a luz que atravessa os tecidos. O
sensor emite uma luz vermelha quando está ligado; deve-se verificar a presença dessa luz para que o sensor esteja
funcionando corretamente.
Os sensores são desenvolvidos para uso em dedos da mão, do pé ou lóbulo do ouvido. Modelos para lóbulo do ouvido
são leves e úteis em crianças ou pacientes muito vasoconstritos. Foram desenvolvidos sensores pequenos para crianças,
mas um modelo articulado de adulto pode ser utilizado no polegar ou hálux de uma criança. Nos sensores para dedos
da mão ou do pé, a orientação correta do leito ungueal é demarcada no sensor pelo fabricante. O sensor do oxímetro é
a sua parte mais delicada e é facilmente danificada. Deve-se manejá-lo com cuidado e nunca deixá-lo em local em que
possa ser derrubado no chão.
Ponto-chave: Para uma leitura adequada, o sensor deve estar emitindo a luz vermelha e deve estar corretamente
posicionado para detectar fluxo sanguíneo pulsátil.
Uso prático do oxímetro de pulso
▪ Ligue o oxímetro
▪ Selecione o sensor apropriado, com especial atenção ao tamanho e local de aferição (geralmente dedo da mão, do pé
ou lóbulo do ouvido). Se for usado em dedo da mão ou do pé, certifique-se de que a área está limpa. Remova o
esmalte das unhas.
▪ Posicione o sensor com cuidado; certifique-se de que ele se adapta facilmente sem estar muito solto ou muito
apertado.
▪ Aguarde vários segundos para que o oxímetro detecte o pulso e calcule a saturação de oxigênio.
▪ Procure a onda de pulso ou o indicador de pulso exibidos para verificar se a máquina detectou pulso. Se não houver
sinal de pulso, essas leituras não têm validade.
▪ Uma vez que um bom pulso tenha sido detectado, a saturação de oxigênio e frequência de pulso serão exibidos.
▪ Assim como todos os equipamentos, oxímetros podem ocasionalmente fornecer uma leitura falsa – caso esteja em
dúvida, confie no seu julgamento clínico, e não no equipamento.
▪ A função do sensor pode ser verificada posicionando-o no seu próprio dedo.
▪ Verifique se o débito cardíaco está diminuído, especialmente devido a hipovolemia, distúrbios cardiovasculares ou
choque séptico.
▪ Verifique a temperatura do paciente. Se o paciente ou o membro onde estiver o sensor estiver frio, suave fricção do
dedo ou do lóbulo do ouvido pode recuperar o sinal.
Disturbio Eletrolíticos:
Sódio e Potássio.
Versão 1.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de Atenção à
Saúde da Criança e
Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Cria o Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica de Dr(a). Karla G. Stroppa e Dr (a)
Dr. Lúcio Henrique
30/05/2017 1.0 ‘Distúrbio Eletrolítico: Sódio e Flávia B. Fenali- Residente R1
de Oliveira.
Potássio. de Pediatria
Objetivos:
Introdução:
Um desequilíbrio eletrolítico ocorre quando o nível de algum dos eletrólitos não está na faixa normal, ou seja,
quando o organismo perde mais eletrólitos do que ganha ou vice-versa. Qualquer tipo de desequilíbrio é
perigoso, uma vez que a homeostasia depende desse equilíbrio. O sódio e o potássio são os principais íons dos
meios extra e intracelular, respectivamente. Os distúrbios relacionados a esses íons são os mais frequentes e
podem ser causados por inúmeras condições clínicas. A fisiopatologia e a gravidade das alterações indicam o
tratamento a ser instituído.
▪ Magnésio 1,5-2,0 40
▪ Cálcio 4,5-5,3 -
▪ Fosforo 2 140
▪ Cloreto 98-106 -
Revisão Teórica
Osmolaridade plasmática efetiva ou também tonicidade, é dado pela concentração de solutos que não passam
livremente pela membrana plasmática e, portanto, podem exercer um efeito osmótico entre os compartimentos
Intracelular (IC) e Extracelular (EC). O sódio é o soluto que contribui para manutenção da tonicidade EC. A
concentração do sódio é mediada pela sede, vasopressina e pelos rins, os mesmos que contribuem para a
homeostase da água.
Osmolaridade
As alterações do sódio sérico, na verdade, são decorrentes de distúrbios no manejo da água corporal, e não do
sódio em si.
A - Hiponatremia
É definida quando o Na+ sérico < 135 mEq/L (valor normal de referência: 135-145 mEq/L)
Ela expressa, na maioria das vezes, o estado hipo-osmolar ou hipotônico. De um modo geral a hiponatremia é
secundária à retenção de água ou fluidos hipotônicos ou ainda à perda excessiva de sal em relação à água.
Hiponatremia
▪ Normovolêmica
Hiponatremia Normovolêmica com diurese
Hipotireoidismo, SIADH, Drogas: morfina, ciclofosfamida,
hipertônica: Osm urinária >100 mOsm/l; Na+
barbitúricos, carbamazepina
urinário > 20 mEq/l
Polidipsia Primária
Hiponatremia Normovolêmica com diurese
Desnutrição Protéico-Calórica
hipotônica; osm urinária <100mOsm/l
Quadro Clínico:
Normalmente, a hiponatremia costuma ser assintomática no início. A gravidade do quadro clínico depende da
rapidez da instalação da hiponatremia (mais grave se < 24-48h) e do nível sérico de sódio, mais grave se Na+ <
125 mEq/L, pois nesses níveis há encefalopatia hiponatrêmica (edema cerebral).
Sinais e Sintomas da Hiponatremia
Gerais Neurológicos Cardiorespiratório
Anorexia Letargia
Ins. Respiratória Aguda
Apatia/irritabilidade Desorientação
Taquicardia
Cefaleia Agitação
Na hipovolêmica há sinais de choque
Náuseas/vômitos Hiporreflexia
circulatório
Cãibras Convulsões
Coma
Avaliação Laboratorial:
▪ Hematócrito
▪ Ureia, Creatinina
▪ Glicemia
▪ Sódio sérico, Potássio sérico, Cálcio e Magnésio séricos
▪ Sódio urinário
▪ Osmolaridade plasmática
▪ Gasometria Arterial
▪ Osmolaridade urinária
Observação: Na+ urinário > 20 mEq/l: perdas renais; Se < 20 mEq/l: perdas extrarrenais com ávida reabsorção tubular.
Tratamento:
Hiponatremia Hipotônica
Primeiro avaliar a volemia. Na presença de hipovolemia com instabilidade hemodinâmica, a reposição volêmica
deve ser prioritária, mas iniciada juntamente com a correção da natremia. Nas hiponatremias assintomáticas
(sódio sérico 125 a 135 mEq/l), deve-se fazer reposição lenta do sódio em 24 horas.
A reposição rápida só deve ser feita quando:
▪ Sódio corporal total estiver baixo.
▪ Hiponatremia sintomática.
▪ Hiponatremia Grave (Na+ < 120 mEq/L).
▪ Hiponatremia Aguda (< 24h).
Nesses pacientes há urgência em repor sódio. Não há intenção de normalizar o sódio durante a correção, mas
sim atingir valores próximos a 125-130 mEq/l.
(*)
mEq Na+ Indica o total de sódio em mEq a ser infundido para que a natremia se eleve até 130 mEq/l.
Em casos de hiponatremia de instalação aguda grave (Na+ < 120 mEq/L), a correção rápida deve ser feita
também com NaCl 3%, mas com o cuidado de não elevar o sódio acima de 125 mEq/L.
Fórmula para Correção do Déficit de Sódio na Hiponatremia Grave:
mEq Na+ = (125(Sódio desejado) – Na+ Atual) x 0,6 x Peso
Observações:
▪ Após o sódio chegar em 125 mEq/L, suspende-se a infusão e aumenta-se a oferta de sódio.
▪ É imprescindível o monitoramento da natremia. Recomendado a dosagem seriada da natremia a cada 2-4
horas. Sempre individualizar.
Hiponatremia Hipotônica
Hipervolêmica Normovolêmica Hipovolêmica
Causas extrarrenais Causas renais
Na urinário
+
< 20 mEq/l > 20 mEq/l < 20 mEq/l > 20 mEq/l
Na+ corpóreo total Aumentado Normal Diminuído Diminuído
Hematócrito e uréia Normal ou diminuído Normal ou diminuído Aumentado Normal ou diminuído
Restrição hídrica, Restrição hídrica, Reposição volêmica, Reposição volêmica,
Tratamento
considerar diurético considerar diurético correção da natremia correção da natremia
▪ Hiponatremia Hipertônica:
A hiponatremia hipertônica ocorre em casos específicos devido a desvio de água das células para o líquido extracelular
devido à presença de solutos hipertônicos como a hiperglicemia ou a retenção de manitol hipertónico, levando a
desidratação intracelular. Aumento de 100 mg/dL na concentração de glicose no soro diminui o sódio em 1,7 mEq/L e
aumenta a osmolaridade em aproximadamente 2 mOsm/kg.
Fluxograma de Hiponatremia
Complicações: A correção muito rápida da osmolaridade sérica por meio da reposição de sódio pode causar
mielinólise bulbo-pontina, definida como lesão desmielinizante causando paraparesias, quadriplegias, disartria,
disfagia, alteração do nível de consciência e coma. Podem ser irreversíveis e diagnosticadas por RNM.
B – Hipernatremia
Definição: é quando a concentração do sódio sérico está acima de 145mEq/L. É o parâmetro laboratorial que
expressa e quantifica o estado hiperosmolar. É considerada grave quando Na+ > 160 mEq/L. Toda hipernatremia
é hipertônica.
É uma condição muito encontrada em RN, lactentes, pacientes em IOT, pacientes com neuropatias, grandes
queimados.
Causas de Hipernatremia
Perda de água livre Diabetes insipidus central ou nefrogênico, aumento de
perdas insensíveis
Incapacidade de ingerir ou ter acesso à água Hipodipsia (baixa ingesta hídrica) em lactentes, pacientes
encefalopatas...
▪ Aumento das perdas cutâneas: sudorese excessiva, febre alta persistente, queimaduras, pênfigo em
crianças, causas de desidratação hipertônica.
▪ Perdas Respiratórias: hiperpnéia ou taquipneia.
▪ Diabetes insipidus: Perda de agua livre na urina por insuficiência de ADH. Por definição a urina está
inapropriadamente diluída.
▪ Perda de fluidos hipotônicos: Apesar de serem fluidos hipotônicos, possuem uma quantidade apreciável
de eletrólitos, cursando geralmente com hipovolemia e hipocalemia.
▪ Perdas Gastrointestinais: diarreia osmótica possui baixa concentração de eletrólitos.
▪ Diuréticos de alça: isostenúria.
▪ Ganho de Sódio: Ingestão de sal, ingestão de água do mar, ou infusão hipertônica. Geralmente na pediatria
são causas iatrogênicas. As não iatrogênicas estão relacionadas ao hiperaldosteronismo primário e Síndrome
de Chushing, ou uso de medicamentos.
Quadro Clínico:
A hipernatremia aguda grave, ou seja, Na+ > 160 mEq/L, leva a desidratação neuronal e cerebral, provocando distúrbio
neurológicos. A desidratação abrupta pode levar ao rompimento de pequenas veias causando hemorragia
intraparenquimatosa, subaracnoides ou mesmo subdural, principalmente em RNs. Não há choque, pois o LEC não contrai.
Observação: Pode haver ainda hemorragia intracraniana e trombose dos seios cavernosos.
Exames Laboratoriais: Solicitar eletrólitos séricos, sódio urinário e função renal.
Tratamento:
O tratamento visa restaurar a volemia e a osmolaridade.
▪ Correção deve promover redução do sódio sérico de 0,5 mEq/L/h
▪ Variação máxima do sódio sérico - 12 mEq/L em 24h.
▪ Correção mais rápida pode precipitar ao Edema Cerebral.
▪ Preferência por via Oral.
▪ Se houver hipernatremia com hipovolemia e instabilidade hemodinâmica, indica-se ressuscitação fluídica,
administrando-se 20 ml/kg de SF 0,9% em 1 hora. Repetir até atingir a estabilidade.
Soluções mEq/L
Soro Glicosado 5% 0
Solução Salina 0,2% 34
Solução Salina 0,45% 77
Soro Fisiologico 0,9% 154
Solução Salina 3% 513
Quadro 9 - Soluções de Cloreto de Sódio: Na+(mEq/L)
Observações importantes:
1. É imprescindível o monitoramento da natremia. Recomendado a dosagem seriada da natremia a cada 4-6
horas. Sempre individualizar.
2. Antes de iniciar a reposição é importante determinar se a perda foi de água livre (perda cutâneas,
respiratório, diabetes insípidos) ou de fluidos hipotônicos (diarreia, poliúria):
▪ No primeiro caso temos que repor agua livre “pura” por via oral ou endovenoso (SG5%).
▪ No último caso, como geralmente há hipovolemia associada, temos que repor agua livre + sódio (salina
hipotônica).
[Ver exemplo de correção no Anexo 2]
Fluxograma de Hipernatremia
Introdução:
O Potássio é um cátion de extrema importância na fisiologia do organismo. Cerca de 98% do potássio corporal
está nas células e os 2% restante no meio extracelular. A faixa de normalidade estreita entre 3,5 – 5,5 mEq/L.
Mesmo as discretas variações são deletérias à homeostase do organismo. A hiper ou hipocalemia podem alterar
perigosamente a eletrofisiologia cardíaca, ao modificarem o potencial de repouso.
A - Hipocalemia
Definição:
É definida com o K+ < 3,5 mEq/L. Considera grave quando < 2,5 mEq/L (parada cardiorrespiratória). As principais causas
são a diminuição da ingesta, aumento das perdas e trocas transcelulares de potássio.
Causas:
▪ Alteração na distribuição transcelular:
✓ Alcalose: Para cada 0,1 de elevação do pH, reduz 0,3 a 0,6 mEq/l de potássio sérico.
✓ Insulina
✓ Beta-2 adrenérgico
▪ Perdas extrarrenais: (o potássio urinário fica < 20mEq/dia em urina de 24 horas): Diarreia, vômitos, fístulas...
▪ Perdas renais: (o potássio urinário fica > 20-40mEq/dia em urina de 24 horas): Diuréticos, anfotericina B,
vancomicina, manitol, acidose tubular renal.
▪ Hipomagnesemia
Quadro Clínico:
▪ Fraqueza Muscular, mialgia
▪ Fadiga, intolerância ao exercício.
▪ Dispnéia
▪ Arritmias Cardíacas, Palpitações.
▪ Parestesias, câimbras musculares, hiporreflexia.
▪ Constipação, distensão Abdominal, íleo paralítico, dor abdominal
ECG: Os achados mais comuns são: depressão do segmento ST, diminuição da amplitude e achatamento da onda T
e presença de ondas U proeminentes. Outros achados incluem ectopias ventriculares, taquicardia ventricular, torsade
des pointes e fibrilação ventricular.
Tratamento da Hipocalemia:
Objetivos:
▪ Determinação da necessidade de reposição de potássio.
▪ Identificar e, se possível, tratar a causa subjacente da hipocalemia (por exemplo, hipomagnesemia).
▪ Monitorização eletrocardiográfica para crianças sintomáticas e aquelas em que existe preocupação por arritmia
cardíaca.
Reposição de Potássio:
Dar preferência para via ORAL sempre que possível.
Observações:
▪ Concentração máxima AVP: 40 a 60 mEq/L
▪ Concentração máxima AVC: 80 a 100 mEq/L
▪ Repor K+ diluído em Soro Fisiológico 0,9%
▪ Devemos dosar o Potássio sérico em 4 horas.
▪ Se refratariedade, dosar magnésio e corrigi-lo se necessário.
▪ Tratar a causa da hipopotassemia
Definição: Quando a concentração sérica de potássio for maior que 5,5 mEq/L.
Causas:
Retenção de K+ Excreção deficiente (IRA ou IRC); Hipoaldosteronismo. Hiperplasia congênita da supra-renal
Medicações: IECAs, ARAs, Espirolactona, AINEs, Trimetoprim e Heparina.
Saída de K+ Diabetes melitus; Acidose Metabólica e Respiratória (para cada 0,1 de redução do pH, eleva
Intracelular 0,3 a 0,6 mEq/l no potássio sérico.
Rabdomiólise / Lesão Muscular extensa; Hemólise, Lise tumoral
Medicações: Penicilinas Betabloqueadores, Digoxina
Pseudo hipercalemia Hemólise de coleta; Torniquete prolongado;
Doenças Mieloproliferativas.
Plaquetose >600.000.
Iatrogênica Ingestão ou infusão aumentada
Hipercalemia grave:
K+ > 6,0 mEq/L ou qualquer hipercalemia que promova alterações eletrocardiográficas é considerada grave.
▪ Alterações no ECG: Onda T apiculada; Achatamento da onda P; Aumento do intervalo PR; Alargamento do
complexo QRS; Depressão do segmento ST; Bloqueio AV de 1o grau; Taquicardia ventricular ou supraventricular,
bradicardia e fibrilação.
3. Remover o Potássio
Sorcal (Poliestirenossulfonato de Cálcio) via oral na dose de 0,5 a 1 g/Kg em doses fracionadas durante 4 a 6 h
Apresentação: envelopes contendo 30 g de pó cada.
Observações:
Os efeitos da solução polarizante de glicose e insulina persistem por 4 a 6 horas.
Proporção sugerida: 1 ui de insulina regular para cada 20 ml de glicose 25% (1 ui insulina : 5 g de glicose)
Monitorização:
▪ pH sanguíneo: a cada 24horas. Para cada alteração de 0,1 no pH, o potássio modifica-se em 0,6 mEq/L no
sentido oposto.
▪ Glicemia Capilar: a cada 4-6 horas.
▪ Eletrólitos: a cada 2 horas de forma individualizada.
1. Lopez, FA.; Campos Jr, D. Tratado de Pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria. 2ª ed. São Paulo: Manole,
2009.
2. Kliegman, RM et al. Nelson Textbook of Pediatrics. 19th ed. Philadelphia: Elsevier Saunder, 2011.
3. Piva, JP.; Carvalho, B., PROTIPED Programa de Atualização em terapia Intensiva Pediatrica: Ciclo5 / organizado
pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira e Sociedade Brasileira de Pediatria; Porto Alegre, RS:
Artmed/Panamericanas, 2014.
4. SCHVARTSMAN, Claudio; REIS, Amélia Gorete; FARHAT, Sylvia Costa Lima. Pronto-Socorro: Pediatria
Instituto da Criança e Hospital das Clínicas. 2 ed. Barueri, SP: Manole, 2013. 829 p.
5. KALIL FILHO, WJ. PANCERA, CF. Distúrbios do Sódio e do Potássio. In: SCHVARTSMAN, BGS; MALUF
JR PT. Terapia Intensiva: Pediatria Instituto da Criança e Hospital das Clínicas. Barueri, SP: Manole, 2010. p.
193-203
6. KALIL FILHO, WJ, PANCERA, CF. Distúrbios do sódio e do potássio. In: SCHVARTSMAN, BGS; MALUF
JR, PT. Terapia Intensiva. Coleção Pediatria Instituto da Criança e Hospital das Clínicas. Barueri,
SP: Manole, 2010. cap. 17.
7. REIS, Marcelo Conrado; ZAMBON, Mariana Porto. Manual de Urgências e Emergências em Pediatria. 2.
ed. Rio de Janeiro, RJ: Revinter, 2010. 769 p.
8. PIVA, Jefferson Pedro ; GARCIA, Pedro Celiny Ramos. Medicina Intensiva em Pediatria. 1. ed. Rio de Janeiro,
RJ: Revinter, 2006. 983 p.
9. STERNS, Richard H. Treatment of hyponatremia: Syndrome of inappropriate antidiuretic hormone
secretion (SIADH) and reset osmostat.. [S.l.: s.n.], 2017. Disponível
em:<http://www.uptodate.com/contents/treatment-of-hyponatremia-syndrome-of-inappropriate-antidiuretic-
hormone-secretion-siadh-and-reset-
osmostat?source=search_result&search=hyponatremia&selectedTitle=5~150>. Acesso em: 28 maio 2017.
10. SOMERS, Michael J.; TRAUM, Avram Z. . Hypokalemia in children. [S.l.: s.n.], 2016.Disponível
em:<http://www.uptodate.com/contents/hypokalemia-in-
children?source=search_result&search=hypokalemia&selectedTitle=4~150>. Acesso em: 28 maio 2017.
11. SHANE, Elizabeth; BERENSON, James R. Treatment of hypercalcemia. [S.l.: s.n.], 2015. Disponível
em:<http://www.uptodate.com/contents/treatment-of-
hypercalcemia?source=search_result&search=hypercalcemia&selectedTitle=2~150>. Acesso em: 28 maio 2017.
12. SOMERS, Michael J. Management of hyperkalemia in children. [S.l.: s.n.], 2017. 1 p. Disponível
em:<http://www.uptodate.com/contents/management-of-hyperkalemia-in-
children?source=search_result&search=Management+of+hyperkalemia+in+children&selectedTitle=1~150>. Ac
esso em: 28 maio 2017.
Anexo 1 – Exemplo de Correção de Hiponatremia
Vamos ao exemplo:
Dados do paciente:
✓ Peso de 10Kg.
✓ Na+ atual = 120 mEq/l.
Fato ocorreu agudamente na enfermaria.
Como calcular?
1º. Calcular o sódio total a ser reposto em 24 horas para se elevar a natremia ao nível desejado
(não ultrapassar 12 mEq/l de elevação da natremia em 24 horas)
▪ Sódio a infundir (mEq Na+) = (130(Sódio desejado) - Na+(Sódio atual)) x 0,6 x Peso [Se natremia > 120]
▪ Sódio a infundir (mEq Na+) = (125(Sódio desejado) - Na+(Sódio atual)) x 0,6 x Peso [Se natremia < 120]
2º. Fazer a reposição em duas etapas: Reposição Rápida e depois Reposição Lenta
3º. Reposição Rápida: O objetivo é aumentar a natremia em 1 – 2 mEq/L por hora nas 3 primeiras horas:
a. Calcular o sódio (em mEq) a ser reposto em 3 horas:
▪ mEq Na+ = (3*) x 0,6 x Peso (*para aumentar 1 mEq/l por hora nas primeiras 3 horas), ou
▪ mEq Na+ = (6*) x 0,6 x Peso (*para aumentar 2 mEq/l por hora nas primeiras 3 horas)
b. Calcular o volume de NaCl a 3% a infundir (converter para ml 1 ml de NaCl 3% = 0,5mEq de Na+)
4º. Reposição Lenta: Infundir o restante do sódio total calculado, nas próximas 21 horas.
Então
Primeiro cálculo Na+ desejado:130 mEq/l (130 - 120) x 0,6 x 10 kg 60 mEq de Na+ = 120 ml de
NaCl 3%
(Essa é a quantidade de Na+ a ser infundida em 24 horas para se obter a elevação da natremia de 120 para
130 mEq/l)
Vai repor em duas etapas: rápida e lenta
Segundo Cálculo - Etapa Rápida Fórmula para Correção do Déficit de Sódio em 3h:
mEq Na+ = (3*) x 0,6 x 10 (* 3) é o valor desejado de elevação de sódio sérico em mEq/l, em 3 horas)
mEq Na+ = 3 x 6
mEq Na+ = 18 mEq (infundido em 3 horas irá elevar o sódio sérico em 3 mEq/l = 1 mEq/l por hora)
1 ml de NaCl 3% = 0,5 mEq de Na+ então 18 mEq = 36 ml de NaCl 3%
A reposição de 36 ml de NaCl 3% EV em 3h irá elevar a natremia em 3 mEq/l.
Terceiro Cálculo – Etapa lenta Fórmula para Correção do Déficit de Sódio nas próximas 21h:
Sódio total (em mEq/l)calculado para 24 horas – sódio já infundido nas primeiras 3 horas.
[60 – 18 = 42 mEq] Sódio para ser infundido em 21 horas. 42 mEq de Na+ = 84 ml de NaCl 3%
Vamos prescrever ?
1) NaCl 3% __ 36 ml (5.4 ml de NaCl 20% + 30,6 ml de AD) – EV em BIC a 12 ml/hora em 3 h.
2) NaCl 3% __ 84 ml (12.6 ml de NaCl 20% + 71,4 ml de AD) – EV em BIC a 4 ml/hora em 21 h.
Anexo 2 – Exemplo de Correção de Hipernatremia
Vamos ao exemplo:
Dados do paciente:
✓ Criança de 10kg
✓ Na+ sérico 158meq/l
✓ Perdas de água livre.
Ou seja, se for infundido 1 litro de soro glicosado 5% (água livre) em 24 horas, a natremia vai baixar 22,5mEq/l!
Porém só podemos corrigir no máximo: 12meq/l/
Então...
22,5meq ---------------1000ml
12meq ------------------- X
X = 533ml
Esse é o volume de soro glicosado a 5% que deverá sem infundindo em 24h. (suspender qualquer outra
infusão de sódio nesse período e monitorar a natremia a cada 4 – 6 horas).
Se a função renal estiver normal e o paciente tiver condições adequadas para ingerir líquidos, dar
preferência para a via oral.
Anexo 3 – Exemplo de Correção de Hipopotassemia
Vamos ao exemplo:
Dados do paciente:
✓ Criança de 10kg
✓ K+ sérico 2,2 mEq/l
Vamos ao exemplo:
Dados do paciente:
✓ Criança de 10kg
✓ K+ sérico 6,8 mEq/l
✓ ECG alterado
Peso 10 kg x 0,5 ml = 5 ml
Vamos prescrever:
- Gluconato de Cálcio 10% ________ 5 ml
Correr EV em BIC em 10 minutos. Repetir a critério médico.
Peso 10 kg x 0,5g = 5 g
Vamos prescrever:
- Sorcal 30 g ________ 1 envelope
Dissolver 1 envelope em 60 ml de água filtrada. Oferecer 10 ml por via oral ou por SNG. Repetir após 4 a 6h
a critério médico.
Medida 3 (se necessário) – Solução polarizante: 0,5 a 1 g/kg de glicose + insulina 1 ui: 5 g de glicose.
Vamos prescrever:
- Glicose 25% ________ 20 ml
- Insulina Regular _____ 1 ui
Correr EV em BIC em 60 minutos.
Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de
Atenção à Saúde da
Criança e Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Cria o Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica de Dra. Sabrine
Dra. Sabrine Teixeira Ferraz
31/07/2017 1.0 ‘Crise álgica na doença Teixeira Ferraz
Grunewald
falciforme’ Grunewald
Objetivos:
Introdução
CID: D57.0
A doença falciforme é a enfermidade genética mais prevalente em todo o mundo. No Brasil, ela ocorre
em um a cada 1.200 nascimentos. Por essa alta prevalência, ela representa, em nosso país, um importante
problema de saúde pública.
Além da hemólise, a vasoclusão é o achado central da doença e responsável pelas crises dolorosas.
Alguns pacientes evoluem com seis ou mais episódios dolorosos por ano. As crises graves e persistentes
constituem, nesses pacientes, fator de mau prognóstico e um fator preditivo para morte precoce.
Revisão Teórica
As crises de dor duram normalmente de 4 a 6 dias, podendo, às vezes, persistir por semanas e podem ocorrer
sem causa aparente ou ter fatores desencadeantes. As síndromes dolorosas no paciente falcêmico podem ser
agudas (crises álgicas, dactilite, síndrome mão-pé, dor torácica aguda, colecistite) ou crônicas (artropatias,
necrose asséptica avascular, úlceras de membros inferiores.
O quadro 1 destaca os principais fatores desencadeantes para as crises álgicas agudas, que devem ser
investigados durante a entrevista.
Fatores desencadeantes das crises vasoclusivas
Mudanças abruptas de temperatura – Frio Trauma
Desidratação Hipóxia
Infecções Febre
Período menstrual Consumo de álcool
Estresse físico ou emocional Sem causa aparente
Diagnóstico:
O diagnóstico da crise álgica é clínico. A avaliação médica inicial não deve ser grande, deve concentrar-se na
detecção de complicações. O quadro 2 destaca os sinais de perigo na criança com doença falciforme. Esses
sinais apontam tanto para o risco de uma maior gravidade do quadro clínico, como também para a possibilidade
de outros diagnósticos concomitantes à crise álgica.
Quadro 2: Sinais de alerta para gravidade e/ou diagnósticos adicionais em pacientes com doença falciforme e
crise álgica.
Na avaliação clínica inicial, também é essencial a classificação da crise álgica com o auxílio de uma escala de
dor (anexo 1), o que orientará o tratamento. É importante considerar que muitas vezes o paciente já recebeu
alguma medicação ao ser admitido para internação. Portanto, a dor descrita à admissão pode ser menos intensa
do que a real gravidade da crise.
Por fim, embora o diagnóstico seja clínico, é importante a realização de exames complementares, que serão
úteis para avaliação da necessidade transfusional e exclusão de causas infecciosas. O quadro 3 destaca os
principais exames complementares a serem solicitados na admissão de pacientes com crise álgica.
Exames complementares
Hemograma completo VHS de 1ª hora
Reticulócitos Bacterioscopia de urina
Bilirrubinas Radiografia de tórax
LDH Hemocultura
Proteína C reativa
OBS: A contagem de células brancas está frequentemente elevada na crise álgica e leucocitose nem sempre
equivale à infecção.
Tratamento
O tratamento deve ser instituído precocemente e ao escolher as medicações a serem utilizadas é preciso
considerar as medicações que o paciente já utilizou em domicílio e em outras unidades de atendimento médico.
Além disso, o tratamento deve ser orientado pela classificação da dor (Anexo 1), sem desconsiderar o fato de
que a dor à admissão pode ser menos intensa do que a real gravidade da crise devido as medicações já realizadas.
A analgesia deve ser iniciada dentro de 30 minutos da chegada do paciente, após uma avaliação inicial rápida.
A dor deve ser controlada dentro de 60 minutos a partir da analgesia (tempo máximo).
O tratamento da crise álgica pode ser resumido em 4 pilares: medidas não farmacológicas, hidratação venosa,
analgesia adequada e medidas adjuvantes. Esses 4 pilares serão descritos a seguir.
Dentro das limitações do ambiente hospitalar, devem ser procuradas medidas não farmacológicasde alívio da
dor, tais como:
É a etapa mais importante do tratamento da crise álgica, estando detalhada no fluxograma 1. A tabela 1 traz as
doses e posologias do arsenal terapêutico frequentemente utilizado em crianças. É importante lembrar que o
objetivo é associar as medicações em suas doses plenas de forma a deixar o paciente totalmente sem dor o mais
depressa possível.
Uma vez obtido total controle da dor, a analgesia deve ser mantida por 24 horas, e então descalonada, retirando-
se primeiramente os analgésicos mais potentes e com maior potencial de efeitos adversos. Exceção a essa regra
são os pacientes nos quais é necessário monitorar a ocorrência de febre; nesses casos, pode-se optar pela retirada
precoce dos analgésicos com efeito antitérmico.
OBS: O tramadol foi retirado do protocolo devido a recomendação de se evitar seu uso em crianças.
Tabela 1: Analgésicos disponíveis para tratamento da crise álgica em crianças e suas respectivas doses e
posologias.
• Fixar o horário dos analgésicos de forma intercalada, evitando que estes coincidam;
• O aumento da dose de opioides deve ser gradual e cuidadoso, com atenção especial para efeitos
colaterais de sedação e depressão respiratória;
• O opioide usado por até uma semana pode ser descontinuado de forma abrupta;
• O uso de opioide por mais de 7 a 10 dias exige retirada gradual, para evitar sinais e sintomas de
abstinência, devendo-se proceder à redução de 50% da dose nos primeiros dois dias, 25% nos dois dias
seguintes, e assim sucessivamente até que o opioide esteja com valor analgésico equivalente ao da
morfina (0,6 mg/kg/dia para crianças ou 30 mg/dia para pacientes acima de 50 kg). Como alternativa,
pode-se utilizar a metadona para esse desmame, mas nem sempre temos esse medicamento disponível
no hospital;
• No início do tratamento, monitorizar a dor, a sedação e a saturação de oxigênio a cada 20 minutos. Após
controle da dor, monitorizar esses itens a cada 2 horas. A frequência cardíaca e a temperatura devem
ser aferidas a cada 4h.
3. Hidratação venosa:
O objetivo da hidratação venosa é evitar a hiperviscosidade sanguínea, o que auxilia no processo de resolução
da vasoclusão. Se houver sinais clínicos de desidratação, o paciente deverá ser reidratado conforme o protocolo
correspondente. Para pacientes normohidratados, deverá ser instituída hidratação venosa de manutenção dentro
dos valores das necessidades hídricas basais para peso e idade.
Pacientes com crise álgica não necessitam de jejum. Entretanto, pode ocorrer baixa aceitação da dieta ou o
paciente pode precisar de jejum para algum procedimento ou exame. Nesses casos, pode ser necessário aumentar
o volume da hidratação venosa de manutenção para até 1,5 vezes os valores basais.
Deve ser realizado balanço hídrico do paciente no mínimo de 6 em 6 horas enquanto ele estiver realizando
hidratação venosa. Um balanço hídrico muito positivo deve ser avaliado com cuidado, especialmente em
pacientes que tenham concomitantemente um diagnóstico de síndrome torácica aguda, anemia aguda intensa ou
sinais de insuficiência cardíaca (risco de congestão pulmonar e agravamento do quadro).
Habitualmente, a hidratação venosa é mantida até 24 horas após total remissão da dor, sendo então reduzida
pela metade e depois suspensa. O paciente deve ser sempre estimulado a uma ingesta hídrica adequada, que, a
critério médico, também poderá ser acompanhada por balanço hídrico depois de a hidratação venosa for
suspensa.
4. Medidas adjuvantes:
O quadro 5 traz as principais medidas adjuvantes a serem consideradas no paciente com doença falciforme e
crise álgica.
MEDIDAS ADJUVANTES
MEDICAÇÕES ADJUVANTES
Avaliar o grau de ansiedade e utilizar, se necessário, sedativos ou ansiolíticos. Sugestão: lorazepam 0,05mg/kg/dose
(máximo 2mg/dose) até de 8 em 8 horas.
Iniciar medicamentos laxativos durante o uso de opioide para prevenção de constipação devido à redução de
motilidade do TGI (preferência pelo PEG 0,5-1,0 g/kg/dia). Evitar o uso de clister (risco de translocação bacteriana).
OXIGENOTERAPIA
Deve ser oferecida quando a SatO2 estiver abaixo de 95% ou estiver abaixo da SatO2 conhecida para o paciente. A
hipóxia é um fator desencadeante de vasoclusão e deve sempre ser monitorada.
ANTIBIOTICOTERAPIA
Deve ser iniciada antibioticoterapia de amplo espectro para os pacientes que estiverem prostrados, febris
(Tax>38ºC) e se houver suspeita de infecção sem foco.
Na síndrome torácica aguda ou na infecção sem foco, a antibioticoterapia de escolha em crianças é com ceftriaxone
+ macrolídeo. Demais focos (por exemplo, ITU, osteomielite, artrite) devem receber o tratamento com antibióticos
habituais para a respectiva infecção.
TERAPIA TRANSFUSIONAL
Geralmente a transfusão de sangue é necessária quando a hemoglobina cai mais do que 2g/dl em relação ao basal ou
quando há sinais de descompensação hemodinâmica.
A hemoglobina pode cair 1-2g/dl em uma crise álgica não complicada e a transfusão de sangue não deve ser
rotineiramente indicada.
FISIOTERAPIA
Fisioterapia tem papel importante na prevenção de infecções pulmonares e de evolução para síndrome torácica aguda
durante a internação, uma complicação não infrequente.
A espirometria de incentivo, realizada regularmente a cada 2h, tem demonstrado ser benéfica em pacientes com dor
torácica, infecção respiratória ou hipóxia e desta forma, vem reduzindo o risco de síndrome torácica aguda.
Ao término do tratamento, o paciente deverá receber alta com algumas orientações básicas (Anexo 2),
importantes para a prevenção de novos quadros e manutenção de sua boa saúde. É importante que o episódio
seja bem descrito no sumário de alta entregue para o paciente, pois a frequência e a gravidade das crises álgicas
têm valor prognóstico e podem mudar o plano terapêutico ambulatorial.
Referências
1. Guidelines for the management of the acute painful crisis in sickle cell disease. British Journal
of Haematology, 2003, 120, 744–752.
2. Lobo C, Marra VN, Silva RMG.Crises dolorosas na doença falciforme. Rev. bras. hematol. hemoter.
2007;29(3):247-258.
3. BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de eventos agudos em doença falciforme. Brasilia, DF, 2009.
Figura 1: Escala de dor com diferentes expressões faciais para crianças pequenas (Cebolinha para
meninos, Mônica para meninas)
Anemia Falciforme
1. O uso das medicações passadas pelo médico é muito importante .Não pare de dar
o remédio e nem deixe ele acabar.
3. O frio pode causar uma crise de dor e por isso deixe a criança sempre bem
agasalhada quando o tempo esfriar.
Eventos Agudos na
Doença Falciforme
Versão 1.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de
Atenção à Saúde da
Criança e Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Cria o Protocolo Clínico e Dra. Sabrine Teixeira Ferraz
Diretriz Terapêutica de Dra. Sabrine Grunewald; Dra. Silvia de
31/08/2016 1.0 ‘Eventos Agudos na Doença Teixeira Ferraz Andrade Toscano Mendes
Falciforme’ Grunewald Moreira
Objetivos:
O objetivo do presente protocolo é fornecer orientações quanto ao diagnóstico e manejo mediante aos
eventos agudos da doença falciforme, sendo eles: priapismo, crise de sequestro esplênico aguda,
síndrome torácica aguda, crise aplásica; além da conduta para preparo de cirurgias.
Introdução
A doença falciforme é um problema de saúde pública no Brasil, caracterizado por grande morbidade
já desde os primeiros anos de vida. Em crianças, suas complicações agudas são uma causa frequente
de necessidade de atendimento médico ou hospitalização, frequentemente por períodos prolongados.
É necessário que os pediatras estejam atentos ao diagnóstico e tratamento breve dessas condições, no
sentido de minimizar complicações e contribuir para a melhora na qualidade de vida desses pacientes.
1. Priapismo
CID: N48.3
Código de Procedimento: 03.03.15.001-7 (Tratamento de doenças dos órgãos genitais masculinos)
Revisão teórica:
Priapismo é uma ereção sustentada do pênis na ausência de atividade ou desejo sexual. A definição de
sustentada ainda não é clara, mas priapismo é geralmente definido por uma ereção indesejada que dura
mais de duas a quatro horas.
O priapismo ocorre quando há influxo aumentado de sangue arterial para o pênis ou obstrução
permanente da drenagem venosa levando a isquemia. Desta forma, o priapismo pode ser dividido em
alto fluxo e baixo fluxo.
O priapismo de alto fluxo é geralmente secundário a trauma sendo causa rara em pacientes com doença
falciforme. Normalmente o pênis não fica completamente rígido e não é doloroso. Esta condição não
necessita de tratamento de emergência.
Priapismo de baixo fluxo (isquêmico, venoclusivo):
Representa a grande maioria dos episódios de priapismo entre os indivíduos com doença falciforme. A
base para o priapismo de baixo fluxo na doença falciforme é a estase, hipóxia e acidose do sangue venoso
durante uma ereção normal que leva a falcização dos eritrócitos nos sinusóides venosos do corpo
cavernoso, com consequente obstrução do fluxo sanguíneo. A dor está tipicamente presente e este quadro
é considerado uma emergência médica.
Febre
Desidratação
Bexiga cheia pode ser o gatilho de um episódio de priapismo. Logo, pacientes com doença
falciforme devem ser orientados a urinar regularmente para prevenir esta complicação.
Ereção dolorosa prolongada: não detumesce por mais de algumas horas, podendo levar a
impotência parcial ou completa
Persistente: frequentemente sem dor, com aumento do pênis ou enduração que persiste por
semanas a anos. Esse padrão normalmente ocorre após ataque prolongado e está frequentemente
associado a impotência parcial ou completa.
Diagnóstico:
O diagnóstico é clínico devendo ser feita anamnese e exame físico de qualidade. Na anamnese, pesquisar os
fatores de risco acima, a hora de início dos sintomas (duração) e características (intermitente, doloroso).
O exame físico tipicamente se apresenta com ereção dolorosa do pênis com a glande amolecida, consistente
com o priapismo de baixo fluxo.
Tratamento:
O objetivo do tratamento é reverter as ereções indesejáveis, aliviar a dor e preservar a função sexual.
Concentrado de hemácias estão indicados se não houver melhora nas primeiras horas após tratamento urológico,
podendo ser necessária a transfusão de troca. Episódios prolongados podem levar a fibrose do corpo cavernoso
com consequente impotência sexual.
Fonte: Adaptado de Manual de Eventos Agudos em Doença Falciforme – Ministério da Saúde, 2009.
2. Crise de sequestro esplênico agudo (SEA)
Revisão teórica:
A crise de sequestro esplênico é definida por um aumento súbito do volume do baço, com queda de pelo menos
2g/dL da hemoglobina, com sintomas de anemia e hipovolemia. Ela ocorre por vasoclusão dentro do baço,
levando ao acúmulo de eritrócitos no mesmo. Grande percentual do volume total de sangue pode ser sequestrado
o que pode levar a um choque hipovolêmico e morte.
É a segunda causa mais comum de morte em crianças menores que 5 anos de idade portadoras de anemia
falciforme. Alguns estudos mostram uma mortalidade de 10 a 15%.
A etiologia é desconhecida, contudo infecções virais parecem preceder a maioria dos episódios.
Na anemia falciforme o sequestro esplênico pode ocorrer nos primeiros meses de idade, sendo menos frequente
após os 6 anos. Pode acontecer, acima dessa faixa etária, em pacientes nos quais a esplenomegalia é persistente,
como aqueles com Hb SC e S-talassemias.
Diagnóstico:
Trombocitopenia
Reticulocitose
Na anamnese, perguntar sobre infecções virais prévias ou algum possível gatilho para o quadro. Pesquisar
história prévia de quadro semelhante e perguntar ao responsável sobre o tamanho usual do baço da criança.
No exame físico, pesquisar sinais de anemia, hipovolemia e choque hipovolêmico rapidamente. Precisar
tamanho do baço e características do mesmo.
Os seguintes exames laboratoriais devem ser solicitados: hemograma, reticulócitos e prova cruzada para
realização de transfusão de hemoconcentrado.
Tratamento:
A hospitalização deve ser imediata. Deverá ser feito controle rigoroso do estado volêmico. Se necessário deverá
ser feita expansão venosa com solução isotônica objetivando manter o paciente euvolêmico. Transfusão de
concentrado de hemácias deverá ser feita com a finalidade de manter um nível mínimo de Hb que possibilite
estabilidade hemodinâmica. A indicação de transfusão deve ser judiciosa, pelo risco de aumento súbito da
viscosidade após resolução do sequestro. Após a resolução do sequestro, e com progressiva involução do baço,
ocorre retorno do volume sanguíneo represado para a circulação, e o paciente poderá apresentar sinais de
hipervolemia.
Segundo o Manual de Eventos Agudos em Doença falciforme de 2009, a esplenectomia eletiva deverá ser
programada após duas crises de sequestro esplênico, ou após um primeiro episódio grave. Alguns grupos devido
a alta recorrência do quadro, optam pela realização da esplenectomia após o primeiro episódio independente da
gravidade do mesmo.
Fonte: Adaptado de Manual de Eventos Agudos em Doença Falciforme – Ministério da Saúde, 2009.
3. Síndrome Torácica Aguda (STA)
Revisão teórica:
A STA é definida como a presença de um novo infiltrado pulmonar com sinais e/ou sintomas respiratórios, em
uma pessoa com doença falciforme.
Complicação comum da doença falciforme, é a segunda maior causa de internação hospitalar nos pacientes
falcêmicos e a principal causa de morte. Aproximadamente metade dos pacientes desenvolvem a STA durante
a hospitalização por outra complicação da doença falciforme, mais comumente as crises vasoclusivas.
A etiologia da STA não é definida na maior parte dos casos. Acredita-se que a ocorrência desta complicação
seja multifatorial. As principais etiologias estão assim distribuídas:
Chlamydia pneumoniae: 7%
Mycoplasma pneumoniae: 7%
Infecção mista: 4%
Outros patógenos: 1%
Diagnóstico:
Apesar da definição citada anteriormente que descreve a necessidade de exame radiológico com novo infiltrado
pulmonar para estabelecer o conceito de síndrome torácica aguda, o diagnóstico é frequentemente clínico. Um
exame clínico minucioso é essencial. As alterações radiológicas podem atrasar em relação aos achados clínicos
e a terapia deve começar tão logo o diagnóstico clínico é feito.
O fluxograma abaixo orienta o diagnóstico. Os seguintes exames laboratoriais também podem ser de utilidade:
hemograma com reticulócitos; PCR quantitativo; Hemocultura; Crioaglutininas (se disponível); Îons; Função
Renal; TGO e TGP.
Fluxograma 3: Diagnóstico da síndrome torácica aguda.
Tratamento:
O tratamento da síndrome torácica aguda consiste em medidas farmacológicas e não farmacológicas. O uso de
antibióticos de largo espectro é recomentado. Inicia-se com uma terapia empírica com cefalosporinas de terceira
geração para cobertura bacteriana e macrolideos para cobertura de germes atípicos. A clindamicina é uma opção
naqueles pacientes que tem alergia a cefalosporinas.
Transfusão de concentrado de hemácias deverá ser feito na vigência de hipoxemia ou desconforto respiratório
importante elevando a Hb até um valor máximo de 10 g/dL para evitar hiperviscosidade. Avaliar também a
queda em relação a hemoglobina basal, pois pacientes com STA e queda de 2g/dL ou mais usualmente
apresentam sinais hemodinâmicos ou alteração da oxigenação.
Alguns estudos mostraram benefício no uso de beta agonistas inalatórios de 6/6h, mesmo sem sinais clínicos de
broncoespasmo. Da mesma forma, o uso de prednisolona na dose de 2mg/kg/dia por 5 dias é colocado como
opção adjuvante no tratamento mas pode aumentar a taxa de reinternação por crise álgica. Para a Enfermaria de
Pediatria, sugerimos que, para pacientes com quadro de broncoespasmo, o uso de beta agonista inalatório e
prednisolona seja instituído. Para pacientes sem quadro de broncoespasmo, poderá ser realizada prova
terapêutica com beta agonista inalatório, mas o uso de prednisolona ainda deve ser indicado caso a caso.
Fisioterapia respiratória é indicada para todos os pacientes admitidos com dor que necessitem do uso de
opioides, de forma preventiva e como tratamento para STA.
Hidratação venosa deverá ser feita evitando a hiper-hidratação. A correção da volemia deverá ser realizada com
hidratação isotônica (150mEq/L). A manutenção da volemia pode ser realizada com hidratação isotônica
(150mEq/L) ou hipotônica (75mEq/L).
Fonte: Adaptado de Manual de Eventos Agudos em Doença Falciforme – Ministério da Saúde, 2009.
4. Crise aplásica
Revisão teórica:
Pode ser causada por diversos patógenos, sendo o Parvovírus B19 o principal. Acomete principalmente crianças
na faixa etária de 4 a 10 anos. É um vírus não encapsulado que possui tropismo pelas células precursoras
eritropoiéticas.
Diagnóstico:
A manifestações clínicas típicas são: febre variável, palidez e fraqueza, podendo evoluir para falência cardíaca
em consequência da acentuação da anemia. O laboratório mostra piora da anemia com uma baixa contagem de
reticulócitos.
Tratamento:
Fonte: Adaptado de Manual de Eventos Agudos em Doença Falciforme – Ministério da Saúde, 2009.
5. Preparo para cirurgias e procedimentos
Revisão teórica:
Durante procedimentos cirúrgicos, deve-se direcionar a atenção ao suporte clínico pré, per, e pós-operatório,
para evitar hipóxia, desidratação, acidose, hipotermia e hipertermia.
Em procedimentos cirúrgicos sob anestesia geral, com previsão de menos de duas horas de duração, há
necessidade de se elevar HB para cerca de 10g/dL, pela transfusão de hemácias. Em cirurgias com duração
prevista para mais de duas horas ou quando a intervenção envolve regiões providas de pequeno fluxo sanguíneo
ou áreas críticas (cirurgias vasculares, cardíacas, ortopédicas, neurológicas, oftalmológicas e
otorrinolaringológicas), é necessária a redução da Hb S para 30 a 40%, além da correção da hemoglobina. Deve-
se, então, proceder a transfusão de concentrado de hemácias, sem ultrapassar 10,0 a 11,0 g/dL de hemoglobina.
E para evitar hiperviscosidade sanguínea, poderá ser necessária a realização de exsanguíneotransfusão parcial.
Os mesmos cuidados são necessários em procedimentos que utilizem contrastes endovenosos.
2. Brunetta DM, Clé DV, Haes TM, Roriz-Filho JS, Moriguti JC. Manejo das complicações agudas da
doença falciforme. Medicina (Ribeirão Preto) 2010; 43(3): 231-7
3. Miller ST. How I treat acute chest syndrome in children with sickle cell disease. Blood 2011; 117(20).
4. Heeney M, Mahoney DH, Tirnauer. The acute chest syndrome in children and adolescentes with sickle
cell disease. UpToDate 2016.
5. Vichinsky PE, Tirnauer JS. Overview of the clinical manifestations of sickle cell disease. UpToDate
2016.
6. Field JJ, Vichinsky PE, DeBaun MR. Overview of the manegement and prognosis of sickle cell disease.
UpToDate 2016.
7. Field JJ, Vemulakonda VM, DeBaun MR. Diagnosis and management of priapism in sickle cell disease.
UpToDate 2016.
Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de
Atenção à Saúde da
Criança e Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Cria o Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica de
Junho/2012 1.0 ‘Erros Inatos do
Metabolismo’
Introdução
Distúrbio genético causado por um defeito específico (geralmente enzimático) que leva ao bloqueio de
uma determinada via metabólica;
Grupo heterogêneo de mais de 500 patologias em sua maioria com padrão de herança autossômica
recessiva;
Correspondem à cerca de 10% de todas as doenças genéticas;
Frequência superior a 1:1000 recém-nascidos vivos (grupos de alto risco 10-20x maior).
Revisão Teórica
metabólico;
Relação com ingesta
alimentar;
Descompensação clínica
aguda;
Podem surgir de forma
crônica;
Intervalos livres entre os
sintomas.
Diagnóstico
Odores peculiares,
Modificação alimentar
cataratas,
ou situação de
visceromegalias ou
catabolismo subjacente
dismorfias
História de recorrência
Quadro agudo de
familiar ou
deterioração geral do
consanguinidade entre
sensório
os pais
Critérios de
identificação de
risco
Anamnese
Exame Físico
Exames laboratoriais
Tabela 2: Achados Clínicos e Laboratoriais em EIM; Fonte: Mustacchi, 2000.
AA AO CUr BOx MIT CARB PEROX MPS ESF
Anorexia ++ + ++ + + + + - -
Odor + + - + - - - - -
Anormal
Letargia/ + + + + + + - - -
Coma
Convulsões + + + - + + + - +
Regressão + + + - + - + ++ +
do DNPM
Hepatomegalia + + + + + + + + +
Hepatoespleno- - - - - - - - + +
Megalia
Esplenomegalia - - - - - - - - +
Hipotonia + + + + + + + - +
Cardiomiopatia - + - + + + - + -
Fácies - - - - - - - ++ -
Defeitos ao - + - - + - + - -
Nascer
Hipoglicemia + + - + + + - - -
Acidose + ++ - + + + - - -
Hiperamonemia + + ++ + + - - - -
Cetose + + + - - + - - -
Hipocetose - - - + - - - - -
Legenda: ++ usualmente presente; + pode estar presente; - usualmente ausente; AA aminoacidopatias; AO acidemia
orgânica; CUr defeito do ciclo da ureia; BOx defeito de beta-oxidação; MIT desordem mitocondrial; CARB desordem de
carboidrato; PEROX desordem peroxissomal; MPS mucopolissacaridose; ESF esfingolipose.
Manejo Inicial na Suspeita de EIM
2. Obter acesso venoso e coletar amostras para exames antes do iniciar o tratamento (Quadro 2).
3. Iniciar infusão com solução de glicose a 10% numa taxa de 150 a 200ml/kg/dia, com eletrólitos
apropriados;
- Princípios:
Interrompa a ingesta, reduza o catabolismo;
Remova amônia (drogas, detoxificação extracorpórea);
Reponha os intermediários do ciclo da uréia com arginina ou citrulina; reforce o metabolismo
mitocondrial com carnitina nas acidúrias orgânicas;
Aumente a secreção de amônia urinária oferecendo muito líquido; considere diurese forçada.
- Primeira infusão (por duas horas):
Glicose 10mg/kg/min (solução 10%: 2mL/kg/2h) com eletrólitos apropriados;
Hidrocloreto de arginina 360mg/kg (=2mmol/kg);
Benzoato de sódio 250mg/kg;
Carnitina 100mg/kg (quando suspeita de distúrbio de oxidação de ácidos graxos, utilizar
menor quantidade);
Ondansetron 0,15mg/kg IV em bolo na criança não comatosa, se necessário.
Arginina,benzoato de sódio e carnitina podem ser misturados em glicose 10% e administrados por
um acesso venoso em infusões regulares.
Controle glicose e adicione insulina se necessária; controle o nível de amônia após 2h.
- Detoxificação extracorpórea:
Comece urgente se NH3 > 500mmol/L (> 850mg/dL) através de hemodiafiltração,
hemofiltração ou hemodiálise;
Considerede carbamil glutamato oral 100mg/kg/dia, em três doses, nos pacientes com
suspeita de deficiência de carbamil fosfato sintase I ou deficiência de N-acetilglutamato
sintase;
e. Se houver ICTERÍCIA:
- Encaminhar amostras para cromatografia de glicídios (investigar galactosemia).
Quadro 4: Análise dos Primeiros Resultados; Fonte: adaptada de Zschocke e Hoffmann, 2004
9. Após diagnóstico presuntivo ou definitivo, iniciar terapias específicas de acordo com a doença
metabólica identificada.
Amostras mais importantes (sempre coletar):
1. Urina: 30 ml ou mais, podendo reunir diversas micções; manter a -20 oC; Preferivelmente,
filtrar a urina em filtro esterilizante e armazenar/enviar em frasco plástico estéril.
2. Plasma: 5 ml de sangue com heparina, separar o plasma e manter a -20 oC; coletar antes de
transfusão sangüínea.
3. Papel filtro: colher sangue em papel filtro (cartão utilizado no teste do pezinho). Permita a
formação de uma grande gota de sangue. Encoste a gota no centro do círculo do papel filtro e deixe o
sangue preencher o círculo completamente. Não coloque mais do que duas gotas em um mesmo
círculo. Após a impregnação do papel de filtro com sangue, deixar secar ao ar a temperatura ambiente
por pelo menos 4 horas, manter a temperatura ambiente até a remessa para o laboratório.
Referências
2. CASELLA, Erasmo Barbante. Erros Inatos do Metabolismo. In: KIM, Chong Ae; ALBANO, Lilian
M. J.; BERTOLA, Débora R. Genética na Prática Pediátrica. São Paulo: Editora Manole, 2010. p.
473-502.
3. VALADARES, Eugênia R.; OLIVEIRA, Luiz R. Erros Inatos do Metabolismo. In: LEÃO, Ennio;
CORRÊA, Edison J.; MOTA, Joaquim A. C.; VIANNA, Marcos B.; VASCONCELLOS, Marcos C.
Pediatria Ambulatorial. Belo Horizonte: Editora Coopmed, 2013. p. 125-132.
7. COOK, P.; WALKER, V. Investigation of the Child with an Acute Metabolic Disorder.
Journal of Clinical Pathology, Southampton, p. 181-191, 22 jan. 2011.
8. AMÂNCIO, Fátima A. M.; SCALCO, Fernanda B.; COELHO, Cláudio A. R. Investigação
Diagnóstica de Erros Inatos do Metabolismo em um Hospital Universitário. J Bras Patol Med Lab, p.
169-174, 20 jun. 2007.
9. FLETCHER, Janice Mary. Metabolic Emergencies and the Emergency Physician. Journal of
Pediatrics and Child Health, Adelaide, p. 227-230, 3 dez. 2015.
10. SANSEVERINO, Maria T. V.; WAJNER, Moacir; GIUGLIANI, Roberto. Aplicação de um Protocolo
Clínico-Laboratorial para Identificação de Erros Inatos do Metabolismo em Crianças Gravemente
Enfermas. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, p. 375-382, 2000.
11. SCHWARTZ, Ida V.; SOUZA, Carolina F. M.; GIUGLIANI, Roberto. Tratamento de Erros Inatos do
Metabolismo. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, p. 8-19, 2008.
12. VARGAS, Carmen R.; WAJNER, Moacir. Acidúrias Orgânicas: Diagnóstico e Tratamento. Revista
AMRIGS, Porto Alegre, v.45, n.1,2, p. 77-82, jan/jun. 2001.
13. MUSTACCHI, Zan. Genética Bioquímica: Erros Inatos do Metabolismo. In:______. Genética
Baseada em Evidências- Síndromes e Heranças. Ribeirão Preto: Cid, 2000. Cap.8, p. 431-477.
Anexos
Hipoglicemia Hipotonia
Hepatomegalia Miopatia
Hiperlacticemia Convulsão
Cardiomiopatia Morte súbita
AVE Surdez
Déficit de crescimento Diabetes
Insuficiência cardíaca Hepatopatia
Alterações oculares Alterações renais
Malformação cerebral Abortos de repetição
Anexo IV – GRUPO III - Manifestações clínicas em todas as faixas de idade; Fonte: adaptada de
Martins, 2003
Gatilho Grupo de distúrbios
Vômitos, jejum, infecção, febre, vacinação, Distúrbios das proteínas, metabolismo energético
cirurgia (acidente/injúria) ou dos carboidratos, ou homeostase hormonal
Aporte proteico alto e/ou catabolismo proteico Distúrbios do metabolismo das proteínas:
aminoacidopatias, acidúrias orgânicas, defeitos do
ciclo da ureia, síndrome hiperinsulinismo-
hiperamonemia
Frutas, açúcar comum (sacarose), remédios Intolerância à frutose
líquidos
Lactose, produtos lácteos Galactosemia
Aporte elevado de gordura Deficiência de lipase lipoproteica, intolerância ao
glicerol, distúrbios da oxidação dos ácidos graxos
Fármacos Porfirias, deficiência de glicose-6-fosfato-
desidrogenase
Exercício intenso Distúrbios da oxidação dos ácidos graxos,
glicólise, glicogenólise muscular, metabolismo
das purinas e pirimidinas, cadeia respiratória
Anexo V – Gatilhos específicos da descompensação metabólica; Fonte: Zschocke e Hoffmann, 2004
Anexo VIII: Testes de triagem para EIM na urina; Fonte: adaptada de Brustolin, 2005
Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica
Abordagem da Dor na
Enfermaria
Versão 2.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de
Atenção à Saúde da
Criança e Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Cria o Protocolo Clínico e
Dra. Sabrina Jeane Prates
Diretriz Terapêutica de Dra. Sabrina
Eleutério
Novembro/2015 1.0 ‘Abordagem da Dor na Jeane Prates
Dra. Barbara Souza Cunto
Enfermaria’ Eleutério
Sobrinho
Atualiza o Protocolo
Clínico e Diretriz
Dr. Vitor Alvim
Terapêutica de
15/08/2017 2.0 Dr. Vitor Alvim Dra. Pâmela Figueiredo
‘Abordagem da Dor na
Moraes
Enfermaria’
Objetivos:
Orientar no diagnóstico e conduta frente a uma criança com dor;
Identificar a origem da dor e classificar sua intensidade;
Aplicar o tratamento adequado ao tipo de dor (aguda ou crônica);
Aplicação de práticas complementares não farmacológicas;
Código de procedimento: Código condizente com a doença de base a qual levou o paciente a internação.
Introdução
A dor é definida como uma experiência sensitiva e emocional associada a lesão real ou potencial dos
tecidos. É uma experiência subjetiva e pessoal e constitui um instrumento de proteção que possibilita a
detecção de estímulos físicos e químicos nocivos, além de sensibilizar sistemas que protegem o indivíduo
de futuras lesões de acordo com vários mecanismos.
É considerada pela Sociedade Americana de Dor como um sinal vital (quinto sinal vital), tão importante
quanto os demais sinais vitais e deve sempre ser avaliada para se empregar um tratamento ou conduta
terapêutica adequado, visto que a experiência dolorosa e a tensão a ela associada levam a danos físicos
e emocionais que podem atrasar a recuperação e inclusive aumentar a mortalidade.
Fisiopatologia:
Os receptores sensíveis à estimulação dolorosa são os nociceptores, que respondem a diversos estímulos
físicos (calor, frio e pressão) e químicos (substâncias endógenas e exógenas). Na sequência de eventos
que originam a dor, o primeiro evento é a transformação destes estímulos em potenciais de ação que são
transferidos do sistema nervoso periférico para o sistema nervoso central.
Quando há lesão tecidual os nociceptores são sensibilizados e tornam-se mais reativos, causando
hiperalgia e dores persistentes.
Tipos de dor:
As síndromes dolorosas podem ser classificadas de acordo com as estruturas que acometem (somática,
visceral, neuropática) e de acordo com a duração do quadro álgico (aguda ou crônica).
TIPOS DE DOR CARACTERÍSTICAS
Aguda Evocada por estímulos nocivos conhecidos, tem duração relativamente curta,
constitui sinal de alerta e induz reação de defesa, fuga ou remoção do agente causal.
É de suma importância conhecer os melhores métodos de avaliação da dor na criança de acordo com a sua
idade e as estratégias atualmente preconizadas para o manejo da dor nesses pacientes.
Para uma eficiente avaliação da dor é necessária a escolha de um método apropriado baseado na fase de
desenvolvimento cognitivo e comportamental da criança e na condição clínica da mesma.
1) Método do autorrelato
Retrata o que a criança diz sobre a intensidade da dor percebida. Para menores de 5 anos: Desenhos e
representações de faces de dor; Entre 6 e 7 anos: Escalas de faces; escala de palavras; escala numérica.
SEM DOR DOR LEVE DOR MODERADA DOR FORTE DOR INSUPORTÁVEL
ESCALA ANALÓGICA NUMÉRICA
Escala numérica da dor: A criança quantifica a sua dor. O número “0” significa ausência de dor e o número
“10” significa a pior dor vivenciada.
2) Medições fisiológicas
Esse método consiste na avaliação das frequências respiratórias e cardíacas, pressão arterial, sudorese. Essas
alterações são bem enfatizadas nas dores agudas, não ocorrendo nas dores crônicas.
As alterações nesses parâmetros juntamente com a observação de alterações comportamentais são as formas
mais amplamente utilizadas de avaliação da dor em recém-nascidos e lactentes.
Lembrar que podem estar alteradas em função de ansiedade, fome ou por alguma outra condição clínica.
3) Observações comportamentais
Nas crianças que ainda não se comunicam verbalmente, algumas variações no comportamento são importantes
indicativos na avaliação da intensidade da dor, como choros, caretas, determinadas posturas e a
impossibilidade de serem consoladas.
Devem ser observadas quanto a magnitude, duração e/ou frequência da:
- Vocalização (choro ou gemido);
- Expressões faciais de sofrimento;
- Movimentos e posturas do corpo e seus segmentos (atentar para duração da permanência na posição adotada
pelo paciente, seja essa reclinada, sentada ou ortostática);
- Atividades de vida diária ou prática (sono, alimentação, movimentação, recreação) e do estado do humor
(irritabilidade).
Nos recém-nascidos e lactentes a expressão facial e o choro são considerados padrão-ouro na avaliação da dor.
4) Método multidimensional
Representa a combinação de dois ou mais dos métodos anteriores, com o intuito de suprir as deficiências
intrínsecas de cada um deles.
Classificação da dor
A classificação deverá ser feita através dos métodos listados acima e de pontuações conforme abaixo:
Tratamento
Identificar o tipo de dor através de anamnese detalhada: localização, tipo de dor (aperto, queimação,
choque, pontada, etc.), irradiação, início, duração, horários de ocorrência, fatores de melhora e piora e
sintomas associados;
Avaliar a intensidade;
A dose da medicação deve ser condicionada a dor do paciente, devendo ser iniciada com pequenas
doses e sendo feito o ajuste da medicação conforme alívio ou intensificação da dor.
A dose subsequente deve ser administrada antes que o efeito da dose anterior tenha terminado;
Ao iniciar medicação opioide, acrescentar medicação e dieta laxativa à prescrição. Iniciar PEG 4000
sem eletrólitos na dose de 0,5 mg/kg/dia.
1) Tratamento não farmacológico
Oferecer sucção não nutritiva aos pacientes lactentes, como o dedo de luva, auxiliando no controle do
desconforto de procedimentos menores;
Cobrir feridas abertas/fraturas, causando efeito psicológico benéfico por diminuir o contato visual da criança
com o ferimento;
2) Tratamento farmacologico
A escala analgésica da OMS sugere que a organização e padronização do tratamento analgésico da dor seja
baseado em uma escala de dois degraus de acordo com a intensidade da dor que o paciente apresenta.
Caso não ocorra alívio da dor com os analgésicos comuns, associar dose baixa de morfina (0,05 mg/kg/dose)
para tratamento da dor moderada. Se ainda não for o suficiente, aumentar a dose da morfina gradativamente,
em associação ou não aos analgésicos simples e AINES.
Para dores intensas iniciar pelo último degrau, após controlada a dor, faz-se o descalonamento.
Observação: A dose correta dos opióides é a que causa alívio da dor com o mínimo de efeitos adversos.
Importante: Apenas um medicamento por categoria deve ser usado por vez.
ESCALA ANALGÉSICA
Classes medicamentosas
Efeitos colaterais
OPIÓIDES:
As seguintes complicações e seus efeitos adversos devem ser observados, monitorados e tratados durante todo
o tratamento com opioide:
Morfina
- Tolerância;
- Náuseas e vômitos;
- Prurido;
- Dependência física (ou abstinência);
- Dependência psicológica (vício);
- Sedação
- Constipação e retenção urinária;
- Depressão respiratória;
Fentanil
Irritabilidade, agitação, hiperreflexia, hipertonia, choro, dificuldade de ganho de peso, pouco contato, sudorese,
taquicardia, hipertensão, febre, vômitos, diarreia.
É característica a melhora dos sintomas após infusão do opioide que desencadeou o quadro.
Antagonista receptores opióides
Naloxona
Deve ser usada em caso de hipoventilação ou apnéia secundária ao uso de opioides, pois reverte prontamente
o seu efeito com o retorno da respiração espontânea em 1 a 2 minutos.
Reverte também a bradicardia e a hipotensão induzidas por esses agentes.
A dose usual é de 0,1 mg/kg, IV ou IM, com duração do antagonismo entre 20 e 40 minutos.
Seus efeitos adversos são mais brandos, como náuseas, vômitos, sudorese, nervosismo, inquietação,
irritabilidade.
FLUXOGRAMAS
Dor leve
Dor moderada
Dor intensa
ANEXO 1
Esquema de retirada de opióides
TEMPO DE USO:
- Menor que sete dias: Diminuir 50% da dose no primeiro dia, depois diminuir 20% da dose inicial a cada 8
horas. Se surgirem sinais de abstinência durante a redução, associar METADONA 0,1 a 0,2 mg/kg/dose de
12/12 horas ou até de 6/6 horas, caso necessário.
- Maior que sete dias: Diminuir 10% da dose máxima do fentanil ou morfina a cada 12 horas. Realizar o
desmame em 5 dias.
Caso o paciente se encontre muito sedado (impregnado), pode-se fazer uma redução inicial maior de 25 a 50%
no primeiro dia. Depois continuar a redução em 10% a cada 12 horas.
Se surgirem sinais de abstinência durante a redução, associar METADONA 0,1 a 0,2 mgkg/dose de 12/12
horas ou até de 6/6 horas, caso necessário, e continuar a retirada do fentanil ou da morfina 6 horas após a
primeira dose da metadona.
Após a resolução dos sintomas de abstinência, inicia-se a redução da metadona, primeiro aumentando o seu
intervalo de administração (6/6 horas – 8/8 horas – 12/12 horas – 24/24 horas) a cada dois dias e depois
reduzindo a dose em 0,05 mg/kg/dia. Caso os sintomas reapareçam, retornar para a dose anterior “de
conforto”. Aguardar 24 a 48 horas para tornar a reduzir.
Obs: A metadona por via oral é a droga de primeira escolha para abstinência de opioides.
ANEXO 2
ANALGÉSICOS SIMPLES
Dipirona
Dose usual: 20 a 25 mg/kg/dose Exemplo de cálculo em paciente com 10 kg
Dose máxima: 1 g/dose - Cálculo da dose:
Intervalo: 4/4 a 6/6 horas Dose: 20 mg/kg/dose x 10 kg = 200 mg/dose
Concentração máxima: 100 mg/mL 500 mg -------------- 1 mL
Tempo de infusão: --- 200 mg -------------- x x = 0,4 mL
Apresentação: 500 mg/mL - Diluição:
100 mg -------------- 1 mL
200 mg --------------- y y = 2 mL
- Prescrição:
Aspirar 0,4 mL, diluir em 2 mL de SF 0,9% e infundir EV lento de 6
em 6 horas.
Cetoprofeno
Dose usual: < 1 a – 1 mg/kg/dose Exemplo de cálculo em paciente de 7 anos
7 a 11 a – 25 mg/dose - Cálculo da dose:
>11 a – 50 mg/dose Dose: 25 mg/dose
Dose máxima: 300 mg/dia Diluir 1 frasco em 10 mL de ABD.
Intervalo: 8/8 horas 100 mg -------------- 10 mL
Concentração máxima: 0,5-1 mg/mL 25 mg -------------- x x = 2,5 mL
Tempo de infusão: 30 minutos - Diluição:
Apresentação: 100 mg 100 mg -------------- 1 mL
25 mg --------------- y y = 25 mL
- Prescrição:
Aspirar 2,5 mL, diluir em 50 mL de SF 0,9% e infundir EV em 30
minutos de 8 em 8 horas.
OPIÓIDES FORTES
Morfina
Dose usual: 0,05 a 0,2 mg/kg/dose Exemplo de cálculo em paciente com 10 kg
Dose máxima: < 1 a – 2 mg/dose - Cálculo da dose:
1 - 6 a – 4 mg/dose Dose: 0,05 mg/kg/dose x 10 kg = 0,5 mg/dose
7 – 12 a – 8 mg/dose 1 mg -------------- 1 mL
> 12 a – 12 mg/dose 0,5 mg -------------- x x = 0,5 mL
Intervalo: 2/2 a 4/4horas - Diluição:
Concentração máxima: 0,1 a 1 mg/mL 0,1 mg -------------- 1 mL
Tempo de infusão: 5 minutos 0,5 mg --------------- y y = 5 mL
Infusão contínua: < 50 kg – 0,01 a - Prescrição:
0,04 mg/kg/hora Aspirar 0,5 mL, diluir em 5 mL de SF 0,9% e infundir EV em 5
≥ 50 kg – 1,5 mg/hora minutos de 4 em 4 horas.
Apresentação: 1 mg/mL
Fentanil
Dose usual: Exemplo de cálculo em paciente com 10 kg
- RN e lactentes – 1 a 2 mcg/kg/dose (até 4 - Cálculo da dose:
mcg/kg/dose) de 2/2 ou 4/4 horas. Infusão Dose: 1 mcg/kg/dose x 10 kg = 10 mcg/dose
contínua de 1 mcg/kg/hora. 50 mcg -------------- 1 mL
- De 1 a 12 anos: 1 a 2 mcg/kg/dose até de 1/1 10 mcg -------------- x x = 0,2 mL
hora. Infusão contínua de 1 a 3 mcg/kg/hora. Aspirar 0,2 mL, e infundir EV em 5 minutos de 4 em 4 horas.
- Maiores 12 anos: < 50 kg – 1 a 2 mcg/kg/dose
> 50 kg – 1 a 2 mcg/kg/dose
ou 25 a 50 mcg/dose.
- Infusão contínua: < 50 kg: 1 a 2 mcg/kg/hora
>50 kg: 1 a 2 mcg/kg/hora ou
25 a 200 mcg/hora
Metadona
Dose usual: 0,03 a 0,1 mg/kg/dose Exemplo de cálculo em paciente com 10 kg
Dose máxima: 10 mg/dose - Cálculo da dose:
Intervalo: A cada 3 a 4 horas nas 3 primeiras Dose: 0,1 mg/kg/dose x 10 kg = 1 mg/dose
doses e depois a cada 8 a 12 horas. 10 mg -------------- 1 mL
Concentração máxima: --- 1 mg -------------- x x = 0,1 mL
Tempo de infusão: Lenta (30 a 60 minutos)
Apresentação: 10 mg/mL - Prescrição:
Aspirar 0,1 mL, diluir em 5 mL de SF 0,9% e fazer EV em 30
minutos de 4 em 4 horas.
Naloxona
Dose usual: Exemplo de cálculo em paciente com 10 kg
1) Intoxicação por opioide: - Cálculo da dose:
- Em ≤ 5 anos ou ≤ 20 kg: 0,1 mg/kg/dose. Dose: 0,1 mg/kg/dose x 10 kg = 1 mg/dose
Repetir a cada 2 a 3 minutos se necessário. 0,4 mg -------------- 1 mL
- Em > 5 anos ou > 20 kg e adolescentes: 2 1 mg -------------- x x = 2,5 mL
mg/dose. Repetir a cada 2 a 3 minutos se
necessário. - Prescrição:
2) Reversão da depressão respiratória por Aspirar 2,5 mL e infundir EV em bolus.
opioide:
- 0,001 a 0,005 mg/kg/dose.
Tempo de ação: 20 a 60 minutos.
Dose máxima: ---
Intervalo: Conforme necessidade.
Concentração máxima: 0,04 mg/mL
Tempo de infusão: Bolus, sem necessidade de
diluição. Para facilitar o cálculo, pode preparar
uma solução diluindo 1 mL em 9 mL de
SF0,9%, formando uma solução de 0,04
mg/mL.
Apresentação: 0,4 mg/mL
REFERÊNCIAS
OKADA, M., Teixeira, M.J., Tengan, S.K., Bezerra, S.L., Ramos, C.A. Dor em Pediatria. Rev. Med. São Paulo,
v. 80, ed. esp. pt.1, p. 135-156, 2001.
CHAVES, L. D., Dor como 5º sinal vital. In: NETO, A. O. et al. Dor, princípios e prática. 1 ed. Porto
Alegre: Artmed, 2009. p. 109-114.
TEIXEIRA, M. J., Fisiopatologia da dor. In: NETO, A. O. et al. Dor, princípios e prática. 1 ed. Porto
Alegre: Artmed, 2009. p. 145-175.
NETO, G. J. D., Dor aguda versus dor crônica. In: NETO, A. O. et al. Dor, princípios e prática. 1 ed. Porto
Alegre: Artmed, 2009. p. 319-334.
LEMOS, S., AMBIEL, C. R. Dor em pediatria: fisiopatologia, avaliação e tratamento. Revista Saúde e
Pesquisa, v. 3, n. 3, p. 371-378, 2010.
BRUNO, L., PIVA, J. P., BIRCK, G. I. Sedação e analgesia em emergência pediátrica. Protiped. Porto
Alegre, v. 4, n. 3, p. 51-76.
BARBOSA, S. M. M., Sedação e analgesia. In: SCHVARTSMAN, B. G. S. et al. Pronto-socorro. 1ed. São
Paulo: Manole, 2009. p. 32-45.
BRUNTON, L. et al. Analgésicos opioides. In: Goodman & Gilman. Manual de farmacologia e
terapêutica. 1 ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. p. 349-371.
TAKETOMO, C. K. et al. In: Pediatric & Neonatal dosage handbook with international trade names
index. 21 ed. Lexicomp, 2014.
PIVA & CELINY. In: Medicina intensiva em pediatria. 2 ed. Revinter, 2012.
Pelo software ‘Bizagi Modeler” (Pode fazer manualmente que no final eu formato no Bizagi)
Exemplo:
Encefalites Virais
1.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de Atenção
à Saúde da Criança e
Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Cria o Protocolo Clínico e Dr(a) Ivy Rosa Coelho e
Diretriz Terapêutica de Drª Ivy Rosa Residente Lívia Maria de
26/09/2017 1.0
‘Encefalites virais” Coelho Andrade Sacramento
Objetivos:
- Reconhecer clinicamente os pacientes com quadro de encefalite;
- Interpretar os exames;
- Iniciar terapia empírica;
Introdução
Definição:
Encefalite é uma inflamação aguda do parênquima cerebral causada pela ação direta do vírus, com alta
morbi-mortalidade. Pode ser de etiologia viral (infecção do SNC), autoimune (geralmente após
processos infecciosos), bacteriana, fúngica.
Epidemiologia:
Em países ocidentais, sua incidência anual varia de 6,3 a 7,4/100.000 habitantes e aproximadamente
10,5 a 13,8/100.000 crianças. O vírus herpes simplex é a etiologia mais comum de encefalite, com uma
distribuição bimodal (<20 anos e > 50 anos) e mortalidade de 70 %. Por não ser uma condição de
notificação compulsória no Brasil, não há dados sobre sua incidência em nosso país.
Sinais Clínicos:
Patogênese e fisiopatologia
Diagnóstico
Paciente apresentando alteração do estado mental (alteração do nível de consciência, letargia e/ou alteração de
personalidade) por mais de 24 horas sem causa identificável.
+
2 ou mais dos seguintes:
Critérios Menores
Febre maior ou igual a 38ºC, documentada, por pelo LCR com contagem de leucócitos > 5 cels/mm³
menos 72 horas; (80%)
Crises epilépticas sem história pregressa; (78%*) Anormalidades no parênquima cerebral ou neuroimagem
sugestiva de encefalite
Déficits neurológicos focais; (56%) Anormalidade no eletroencefalograma compatível com
encefalite e não atribuível a outras causas.
Fonte: Encephalitis International Consortium
Culturas
Hemograma¹, PCR
Função renal¹ e hepática
Sangue
Lactato
Glicemia
Gasometria
Eletrólitos
Sorologias para EBV, varicela, HSV, CMV, caxumba², influenza, enterovírus, arbovírus
Pressão de abertura
Citologia³
Glicose
Proteína
Lactato
Gram
Cultura
Líquor
O líquor apresenta pleocitose linfomononuclear e proteína elevada, porém, na fase inicial da doença, em até
10% dos pacientes pode ser normal, devendo ser repetido em 24 a 48 horas. A glicose geralmente é normal.
Na ausência de contraindicações claras, todo paciente com suspeita de encefalite deve ser submetido à punção
lombar.
A realização de imagem de encéfalo pode trazer informações sugestivas de diferentes agentes etiológicos. É
importante salientar que a RNM é o exame de imagem de escolha, pois é mais sensível e apresenta as
alterações mais precocemente do que a TC.
Eletroencefalograma:
Cerca de 80% dos pacientes apresentam alteração no EEG, como a típica atividade epileptiforme temporal
lateralizada periódica (PLEDs) ou atividade de base assimétrica em regiões temporais.
Diagnósticos diferenciais:
Tratamento
Suporte clínico
Vias aéreas pérvias
Hidratação venosa
Controle diurese
Avaliação do estado mental
Elevação da cabeceira em 45° (HIC)
Quadro 7: Medidas de suporte clínico em pacientes com encefalites virais.
Tratamento empírico
Aciclovir:
Prognóstico:
Profilaxia:
É necessário realizar profilaxia para toda criança ou adulto que tiver contato com o paciente e for
susceptível (não vacinado ou não teve varicela) em até 72 h após a exposição:
Vacina, se for imunocompetente;
Passiva, com imunoglobulina humana contra varicela zoster: 125 UI, IM, a cada 10 kg de peso.
No máximo 625 UI.
ANEXO 1: Medicamentos utilizados no tratamento das encefalites virais.
Agentes
Antiviral Mecanismo de ação Dose Efeitos adversos
etiológicos
Aciclovir Inibidor da DNA EV: 10 mg/kg de 8 em 8 horas Nefrotoxicidade, HSV – 1;
polimerase – depende (calculado pelo peso ideal para efeitos GI, cefaleia, HSV – 2;
da ação da timidina o paciente) alteração aguda do Varicela zoster
quinase Ajuste de dose para pacientes estado mental
com ClCr < 50 ml/min
Valaciclovir Inibidor da DNA VO: 1g de 8 em 8 h; Cefaleia, mialgia e HSV – 1;
polimerase – depende Ajuste de dose para pacientes aumento de HSV – 2;
da ação da timidina com ClCr < 50 ml/min transaminases Varicela zoster
quinase
Ganciclovir Inibidor da DNA EV: 5mg/kg de 12 em 12 h; Mialgias, CMV
polimerase – depende Ajuste de dose para pacientes nefrotoxicidade e HSV
da ação da enzima com ClCr < 70 ml/min sintomas GI
viral
Valganciclovir Inibidor da DNA VO: 900 mg 12 em 12h Mialgias, sintomas CMV
polimerase – depende (ataque) e 900mg 1x ao dia GI e edema HSV
da ação da enzima (manutenção/profilaxia);
viral Ajuste de dose para pacientes
com ClCr < 60 ml/min
Foscarnet Inibidor da DNA EV: 90 mg/kg de 12 em 12 Nefrotoxicidade, CMV;
polimerase horas ou 60 mg/kg de 8 em 8 h distúrbios HSV e VZV
(ataque); eletrolíticos, anemia, resistentes ao
Ajuste de dose para paciente ulceração genital aciclovir
com ClCr < 1,4 ml/min/kg
Cidofovir Inibidor da DNA EV: 5 mg/kg 1x/semana por 2 Nefrotoxicidade, CMV;
polimerase semanas (ataque), após 5mg/kg proteinúria e Poxvírus;
a cada duas semanas neutropenia BK;
(manutenção), cada dose deve Adenovírus;
ser administrada junto com Poliomavírus;
probenecida 2g 3 horas antes da HPV;
infusão e 1g 2 e 8 horas após HSV e VZV
finalizada a infusão. resistentes ao
Ajuste de dose para pacientes aciclovir
com elevação de creatinina
sérica.
IgV Anticorpos IgG, EV: 400 – 500 mg/kg por dia Reação adversa a Variado
conferindo imunidade ou em dias alternados infusão;
passiva Meningite asséptica;
hiponatremia;
pseudohiponatremia
Fonte: Journal of Central Nervous System Disease, 2017.
Referências bibliográficas:
1. Whitley RJ, Gnann JW. Herpes Simplex Encephalitis: an Update. Springer Science+Business Media
New York 2017;
2. Christo PP. Ecephalitis by dengue virus and other arboviruses. Arq Neuropsiquiatr 2015;73(8):641-
643;
3. Piquet AL, Cho TA. The Clinical Approach to Encephalitis. Springer Science+Business Media New
York 2016;
4. Halpering JJ. Diagnosis and management of acute encephalitis. Handbook of Clinical Neurology, Vol.
140 (3rd series). Critical Care Neurology, Part I. F.M. Wijdicks and A.H. Kramer, Editors.
http://dx.doi.org/10.1016/B978-0-444-63600-3.00018-0. 2017 Elsevier B.V. All rights reserved;
5. Kennedy PGE, Quan PL, Lipkin WI. Viral Encephalitis of Unknown Cause: Current Perspective and
Recent Advances. Viruses 2017, 9, 138; doi:10.3390/v9060138 www.mdpi.com/journal/viruses;
6. Silva MTT. Viral Encephalitis. Fundação Oswaldo Cruz. Arq Neuropsiquiatr 2013;71(9-B):703-709;
7. Rodrigues, MM. Tratado de Neurologia Infantil / Marcelo Masruha Rodrigues, Luiz Celso Pereira
Vilanova – 1º edição – Rio de Janeiro; Ateneu 2017;
8. Haradarson, HS. Acute viral encephalitis in children: Clinical manifestations and diagnosis, 2017
Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica
Estado de Mal
Epiléptico em Crianças
Versão 1.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de Atenção
à Saúde da Criança e
Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Introdução
▪ Crise Epiléptica:
✓ É resultado de uma descarga elétrica excessiva, súbita paroxística e geralmente autolimitada de um grupo
de neurônios que podem estar localizados em qualquer região do cérebro. Se houver atividade motora ela
poderá ser chamada de crise convulsiva.
▪ Conceito Operacional:
✓ Crises contínuas ou intermitentes com duração superior a cinco minutos, sem que haja recuperação da
consciência entre os episódios. (Na prática essas crises devem ser abordadas como EME).
Classificação:
▪ EME convulsivo:
✓ Atividade epiléptica convulsiva contínua (abalos motores) com duração maior que 30 minutos ou que
recorram durante esse período sem recuperação da consciência.
▪ EME Refratário:
✓ Atividade epiléptica clínica ou eletrográfica que não responde aos regimes de tratamento padrão com drogas
antiepilépticas de primeira e segunda linha, em doses adequadas, geralmente após 60 minutos.
I – Estado de Mal Epiléptico
CID: G41
Código da internação:03.03.04.016-5
Revisão Teórica
Diagnóstico:
O diagnóstico é clínico e deve ser confirmado, quando possível com EEG.
Etiologia
Causas de Estado de Mal Epiléptico
Infecciosas:
▪ Meningite
▪ Encefalite
▪ Abscesso cerebral
Vasculares:
▪ Acidente vascular cerebral isquêmico
▪ Hemorragia subaracnóidea
▪ Hematoma subdural
▪ Hematoma epidural
▪ Vasculite
Metabólicas:
▪ Hiponatremia
▪ Hipoglicemia
▪ Hipomagnesemia
▪ Hipocalcemia
▪ Erro inato do metabolismo
Tóxicas:
▪ Cocaína, crack
▪ Tricíclicos
▪ Anticolinérgicos
▪ Abstinência de álcool
Tumores do sistema nervoso central
Criptogênica
▪ Nível sérico de FAE Deve ser considerado quando o paciente em EME tem epilepsia e
encontra-se em uso profilático de fármacos antiepilépticos.
▪ Exames toxicológicos Devem ser considerados quando não existe etiologia aparente para o EME.
Teste urinários de rotina detectam apenas drogas de abusos.
Drogas que causam crises: cocaína, crack, ciclosporina, chumbo.
Drogas que diminuem limiar para crise: aminofilina, tricíclicos, anti-
histamínicos, clozapina, buspirona, fluroquinolonas, imipenem.
Tratamento
▪ Estabilização: Inicialmente, proceder à abordagem de rotina para qualquer urgência (ABCDE). Posicionar
vias aéreas, aspiração de vias aéreas se necessário, avaliar respiração, circulação, exame neurológico...
▪ Monitorar sinais vitais
▪ Avaliar oxigenação: manter satO2>95%, administrar O2 via cânula nasal/máscara, considerar intubação.
▪ Iniciar monitorização ECG
▪ Glicemia capilar: se glicemia <60mg/dL ou se exame não disponível: Glicose à 25% (2ml/Kg) – EV
▪ Tentar acesso EV e coletar: hemograma, Na, K, Mg, Ca, glicose, ureia, creatinina, função hepática. Se
indicados: triagem toxicológica, nível sérico de antiepilépticos. Prescrever hidratação adequada, expansão
em caso de desidratação grave.
Se, após essa fase de estabilização a crise não persiste, continuar com monitoramento e cuidados de suporte.
Entretanto, se a crise persiste, os benzodiazepínicos são a terapia inicial de escolha:
Se acesso venoso não disponível pode-se recorrer a uma das opções: Diazepam retal - 0,5mg/kg (máx. 10 mg)
OU Midazolam VO - 0,5mg/kg (máx. 10mg) OU Midazolam nasal - 0,3mg/kg (máx. 10mg) OU Midazolam
IM - 0,1-0,2mg/kg (máx. 10mg). Uma dose adicional pode ser feita após 5 minutos.
Se obtiver o controle da crise, administrar uma das seguintes drogas antiepilépticas: Fenitoína, Fenobarbital ou
Valproato de sódio (Exceto em crises febris controladas).
Se obtiver o controle da crise, proceder à internação hospitalar, investigar causas e tratar complicações,
mantendo a medicação antiepiléptica responsável pelo abortamento.
Se obtiver o controle da crise, manter o paciente hospitalizado com sedação por até 24 a 48 horas após o controle
clínico-eletroencefalográfico. Proceder à investigação de causas e tratamento das complicações. Entretanto, se
mesmo assim a crise persistir, considera-se o EME refratário e solicita-se transferência para UTI, onde será
utilizada uma quarta linha de medicação antiepiléptica.
Fenitoína 50mg/ml EV: 15-20mg/kg/dose, dose máx: 30mg/kg, dose máx. adulto: 1500mg.
Diluição: para 1 a 10mg/ml em SF0,9%
Não diluir em soro glicosado.
Velocidade de infusão: 1mg/kg/min ou 25mg/min em crianças e 5mg/min adultos.
Deve ser administrada em veia calibrosa. O extravasamento resulta em necrose
extensa, denominada “síndrome da luva púrpura”.
Em hipótese alguma deve ser administrada via IM
Monitorização cardíaca é recomendada durante a infusão (pode ocorrer prolongamento
do intervalo QT e arritmias)
Tiopental 500mg EV em bolus: 100-250mg em 20 segundos, com bolus adicionais de 50mg a cada 2-3
minutos
Manutenção: 3-5mg/kg/h
Desmame: É iniciado após 12 horas sem crise convulsiva. Deve ser realizado obrigatoriamente com
monitorização por EEG. Iniciar redução pela última droga introduzida no tratamento. O midazolam pode ser
reduzido em 0,1 mg/kg/h a cada hora até dose de 0,2 mg/kg/h, seguido da suspensão. Se paciente dependente
da droga pode ser iniciada clobazan (frisium) VR ou por SNG ou Rivotril gotas. O fenobarbital e a fenitoína
devem ser passados para via oral para alta.
Fluxograma
Referências Bibliográficas:
CARRION MJ. Síndromes Convulsivas e Estado de Mal Epiléptico Terapêutica Pediátrica. [S.l.]: Secad, 2016.
v. 3.
CENDES F; MORITA M. Guia Prático para o tratamento de epilepsias. Recomendações para tratamento de
epilepsias e síndromes epilépticas de grupo de especialistas brasileiros. 1. ed. São Paulo: [s.n.], 2016. 33-40 p.
GILIO AE et al. Urgências e Emergências em Pediatria Geral. 1ª. ed. São Paulo: Atheneu, 2015. 323-332 p.
GLAUSER T et al. Tratamento do estado de mal epiléptico em crianças e adultos: Diretriz da Sociedade
Americana de Epilepsia. [S.l.:s.n.], 2016. 48-61 p. v. 16.
REED UC; DIAS MJ. Neurologia. 1ª. ed. Fundação Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo: Manole, 2012. 187-199 p.6
RIBEIRO MV; FERREIRA LS. Condutas em Neurologia Infantil. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2010. 88-
96 p.
RODRIGUES MM; VILANOVA LC. Tratado de Neurologia Infantil. 1ª. ed. Escola Paulista de Medicina da
Universidade Federal de São Paulo: Atheneu, 2016. 59-63 p.
Exemplos de prescrição:
1. Midazolan EV 15mg/3ml
Fazer 0,2 mg/kg/dose = 2mg
15mg – 3ml
2mg – x: 0,4 ml
Fazer 0,4ml EV em bolus
2. Fenitoína EV 50mg/ml
Fazer 20mg/kg/dose
Diluir para concentração final de 10mg/ml
20mg x peso = 20 mg x 10 = 200mg
50mg – 1 ml
200mg – X
X = 4 ml de Fenitoína. Diluir em 20 ml de SF 0,9%. Velocidade infusão 1mg/kg/min.
Observação: Não diluir em soro glicosado.
3. Fenobarbital EV 200mg/2ml
Fazer 20mg/kg/dose = 200mg
200mg – 2ml.
200mg – x= 2 ml
Diluir 2 ml em 10 ml de SF 0,9% e fazer EV 1mg/kg/min
Observação: Conferir se medicação é de apresentação venosa. Jamais fazer a medicação de apresentação IM, por via
intravenosa.
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de
Atenção à Saúde da
Criança e Adolescente
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HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Cria o Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica de
‘Febre sem Sinal de Dr(a). Lúcio H. de Dr(a). Ana Lúcia Guedes e
17/10/2017 1.0 Dr(a). Maria Luiza Brito
Localização e Febre de Oliveira
Origem Indeterminada’.
Objetivos:
Definir febre sem sinais localizatórios e febre de origem obscura.
Ressaltar a importância da anamnese e exame físico na abordagem da febre sem sinais localizatórios e febre
de origem obscura.
Indicar corretamente a realização de exames laboratoriais e de imagem.
Definir as indicações de tratamento.
CID:
R50 Febre de origem desconhecida e de outras origens
R50.9 Febre não especificada
Introdução
Conceitos
- Febre: elevação da temperatura corpórea em resposta a um estímulo patológico – temperatura axilar maior ou
igual a 37,8º C;
- Febre Sem Sinais de Localização (FSSL): ocorrência de febre com duração de menos de 7 dias numa criança
em que história e exame físico cuidadosos não revelam a causa da febre;
- Bacteremia oculta (BO): presença de bactéria em hemocultura numa criança com febre, sem um foco
identificável, e que esteja clinicamente bem o suficiente para ser tratada em ambulatório;
- Doença Bacteriana Grave: são aquelas em que o atraso no seu diagnóstico pode acarretar morbidade ou até
mortalidade:
Bacteremia oculta
Meningite bacteriana
Diarreia aguda bacteriana
Pneumonia
Artrite séptica
Osteomielite
Celulite
Nos pacientes maiores que 3 meses, em populações em que a cobertura vacinal pneumocócica é maior que 80%,
a taxa de DBG nos quadros de FSSL é menor que 0,5%.
- Febre de Origem Indeterminada Clássica (FOI): febre com duração de pelo menos três semanas, presente na
maioria dos dias e sem diagnóstico após uma semana de ampla investigação diagnóstica;
- FOI nosocomial: inclui pacientes já hospitalizados, nos quais não se detectavam sinais de infecção ou
existência de febre na admissão e apresentam febre em várias ocasiões, por três dias ou mais de investigação
básica;
- FOI em Neutropênicos: febre em pacientes com contagem de neutrófilos abaixo de 500/ mm³ ou naqueles em
quem se espera uma queda para esses números dentro de 1 a 2 dias e depois de uma investigação de 3 dias;
- FOI associada ao HIV: febre registrada em várias ocasiões por um período superior a três dias durante a
internação ou maior do que quatro semanas em seguimento ambulatorial, em um paciente com infecção
comprovada pelo HIV.
Meninos Meninas
Não circuncidados (principal fator) Raça branca
Raça branca Idade inferior a 12 meses
Temperatura > ou = 39 º C Temperatura > ou = 39 º C
Febre por mais de 24 horas Febre por mais de 24 horas
Ausência de outras fontes de infecção Ausência de outras fontes de infecção
Tabela 2: Fatores de risco para ITU em crianças de 2 a 24 meses; Fonte: Cruz CR, 2014
Pneumonia:
- A maioria apresenta alterações no exame físico: taquipneia, retrações, ausculta pulmonar anormal, batimento
de aletas nasais, redução da saturação de O2;
- Pneumonia oculta: 26% das crianças com temperatura > ou = a 39 º C, leucocitose > ou = 20.000/mm³, sem
alterações clínicas sugestivas de infecção do trato respiratório inferior apresentam raio x de tórax compatível
com pneumonia.
Avaliação Clínica
Idade
Intensidade da febre e associação com calafrios
Exame físico e sinais de toxemia
Presença de outros sintomas
Atividade e estado de humor (a criança sorri?)
Aceitação de alimentos e líquidos
Fatores de risco e doenças prévias
Epidemiologia: contato com doenças infecciosas, vacinas, uso de antibiótico nos últimos três meses,
internação recente
Medicamentos: antitérmicos e antibióticos
IDADE Quanto menor a criança, maior o risco: RN tem risco maior que lactentes de 1 a 3 meses, que por
sua vez, apresenta risco maior do que as crianças de 3 a 36 meses. Acima de três anos a
importância da bacteremia oculta é menor.
INTENSIDADE O risco de BO aumenta proporcionalmente com a temperatura.
DA FEBRE Temperatura Taxa de Bacteremia
< 38,9 º C 1%
38,9 a 39,4 º C 4%
39,4 a 40,5 º C 8%
>40,5 º C 10,5%
RESPOSTA AOS Em crianças de 2 meses a 6 anos de idade, pode haver associação entre ausência de resposta a
ANTITÉRMICOS antitérmicos e presença de bacteremia.
Resposta adequada: diminuição de >= 0,8 º C da temperatura corpórea duas horas após o uso do
antitérmico.
Quadro 1: Fatores de risco para bacteremia oculta; Fonte: adaptada de Hirschheimer MR
Exame físico
- A relação entre toxemia e presença de doença bacteriana grave está bem estabelecida;
- Apesar da maioria das crianças com FSSL, não estar toxemiada, é crucial diferenciar as crianças que
necessitam de intervenções terapêuticas imediatas (principalmente antibioticoterapia) daquelas que podem ser
investigadas mais calmamente, para posteriormente decidir as intervenções terapêuticas. Sugere-se que o
profissional use a Abordagem Sistemática à Criança Gravemente Doente, do Suporte Avançado de Vida em
Pediatria;
- Criança com febre que se apresente com evidências de alteração de perfusão de órgãos com má-perfusão
periférica, alteração do estado de consciência, taquipnéia, taquicardia, hipotensão, oligúria ou evidência
de coagulopatia deve receber o diagnóstico presuntivo de sepse e ser tratada como tal;
ESCALA DE OBSERVAÇÃO CLÍNICA DE YALE
Item observado Normal (1) Alteração Moderada (3) Alteração Severa (5)
Tipo de choro Forte com timbre normal Choramingando ou Choro débil ou estridente.
ou criança ativa sem choro. soluçando.
Reações da criança e Choro breve e consolável Chora, para e chora de novo. Choro contínuo ou pouca
variações aos estímulos e, se acordado, está alerta. Fecha os olhos e acorda de resposta.
dos pais Permaneceu acordado ou novo ou só olha com Difícil de acordar.
desperta rapidamente. estímulo longo.
Cor Corado Palidez de extremidades ou Pálido ou cianótico; pele
acrocianose acinzentada ou marmórea
Hidratação Hidratado Mucosas secas Desidratado: mucosas secas,
sub-cutâneo pastoso, olhos
encovados
Aspecto geral Sorridente ou alerta Sorriso breve e fica alerta Não sorri, facies
por períodos breves inexpressivas, desinteressado
e pouco alerta
< 10: baixa probabilidade de doença grave
de 10 a 16: investigar
>16: doença infecciosa grave
Obs.: sensibilidade de 77%, especificidade de 88% e valor preditivo positivo de apenas 56%. Não é aplicável para crianças
< 3 meses.
Na avaliação das manifestações:
Procure examinar a criança verificando se ela está confortável – é importante a ajuda dos pais.
Inicie pelo segmento que incomode menos a criança, como a ausculta torácica, deixando o exame de orofaringe
por último.
Procure evidencias iniciais de doença bem definida.
Se necessário, repetir o exame físico uma a duas horas após o uso de antitérmico.
Lembrar que alguns achados clínicos devem ser considerados de acordo com a idade da criança, como sinais
meníngeos, que não devem ser considerados em crianças < 1 ano.
INDIVIDUALIZAR! Porque o mais importante é o pediatra conseguir identificar, através de sua avaliação
clínica, as crianças com bacteremia.
Avaliação Laboratorial
Exames Observação
Hemograma Exame mais utilizado para orientar necessidade de novos
exames e para decisões terapêuticas;
Leucócitos entre 5.000 e 15.000/mm³: probabilidade de não haver bacteremia é de 97%;
Neutrófilos maior que 10.000/mm³ ou neutrófilos jovens maior que 500/mm³: se
associam com doença bacteriana.
PCR Acima de 40mg/L: sugestivo de bacteremia.
Hemocultura O diagnóstico de bacteremia oculta baseia-se na hemocultura.
EAS + urocultura Presença de cinco ou mais leucócitos/campo em sensibilidade e especificidade de 80 a
85% e VPN de 91 a 99%;
Urocultura é o padrão ouro.
Radiografia de Não é necessária em todas as crianças;
Tórax Prevalência elevada de pneumonia em crianças com FSSL e leucócitos > ou = a
20.000/mm³
Sintomas respiratórios ou na criança toxemiada é obrigatório
Tabela 4: Alterações na investigação laboratorial básica; Fonte: adaptada de Trotta e Gilio, 1999
Manejo de crianças toxêmicas
- Toda criança toxêmica, independente da faixa etária, deve ser hospitalizada, investigada para sepse e tratada
com antibióticos para possível sepse ou meningite.
Fluxograma 1: Manejo das crianças toxemiadas; Fonte: Adaptado de Machado e Gilio, 2011
Fluxograma 2: Manejo das crianças de 0 a 28 dias; Fonte: Adaptado de Machado e Gilio, 2011.
Legenda: *Buscar ativamente a presença de algum fator de risco para infecção por herpes, como: alteração
liquoríca com pleocitose, infecção herpética materna, convulsões ou lesões de pele.
Manejo de crianças não toxêmicas de 28 a 90 dias de vida:
Critérios clínicos:
Previamente saudável.
Nascido a termo e sem complicações durante hospitalização no berçário.
Sem aparência tóxica e sem evidência de infecção bacteriana ao exame físico.
Sem doença crônica.
Critérios laboratoriais:
Contagem de leucócitos entre 5000 e 15000/mm³.
Contagem absoluta de neutrófilos jovens < 1500/mm³
Microscopia sedimento urinário com contagem <= 10 leucócitos/campo.
Quadro 2: Critérios de avaliação de risco de Rochester; Fonte: adaptada de Machado de Gilio, 2011
Fluxograma 3: Manejo das crianças de 28 a 90 dias; Fonte: Adaptado de Machado e Gilio, 2011
Manejo de crianças não toxêmicas de 3 a 36 meses:
Fluxograma 4: Manejo das crianças de 3 a 36 meses; Fonte: Adaptado de Machado e Gilio, 2011
Legenda do Fluxograma:
*Grupo 1 - calendário vacinal completo para HIb, meningo e pneumo:
- Observação clínica
- Antitérmico se TA >ou= 38º C
Grupo 2 - calendário vacinal incompleto para HIb, meningo e pneumo ou desconhecido e menores de 6 meses:
- Cefalosporina de terceira geração até resultado de culturas.
Análise de culturas:
- S. pneumoniae na hemocultura, criança bem e afebril: suspende ceftriaxone IM e o restante do tratamento com
penicilina ou amoxicilina por via oral;
- Criança ainda febril, não está clinicamente bem, ou crescimento de N. meningitidis, H. influenzae, ou de
qualquer outro germe que não S. pneumoniae: nova coleta de culturas e antibioticoterapia ditada pelas culturas.
FEBRE DE ORIGEM INDETERMINADA
- Muito frequentemente, a FOI é causada por uma apresentação incomum de uma doença comum, e não por
uma patologia rara.
- Cerca de 5 a 10% dos pacientes permanecem sem um diagnóstico final.
- O tratamento dos pacientes deve, sempre que possível, ser protelado até que seja identificado a causa.
Causas
Infecções
TB extrapulmonar ITU Febre tifoide
TB miliar Otite e sinusite Malária
Abscessos abdominais e pélvicos Prostatite Calazar
Síndrome de mononucleose (HIV, Outros abscessos Colangite
Infecções de vias biliares Histoplasmose Brucelose
EBV, CMV, toxoplasmose) Esquistossomose Criptococose
Paracoccidioidomicose Infecções dentárias Enterobacteriose
Osteomielit Doença de Chagas Septicêmica prolongada
Neoplasias
Linfoma de Hodgkin Leucoses Hipernefroma
Linfomas não Hodgkin Tumores do cólon Mixoma atrial
Hepatomas Tumores do TGI Tumor de Wilms
Carcinomatose Linfoadenopatia imunoblástica Retinoblastoma
Doenças inflamatórias não infecciosas
Doença de Still Artrite de células gigantes DII
LES Doença de Wegener Sarcoidose
Polimialgia reumática Poliarterite nodosa Hepatite granulomatosa
Febre reumática sem artrite Outras vasculites Artrite reumatoide
Miscelânea
Febre por droga Hematomas Síndrome Hiper IgD
Febre factícia Hipertireoidismo Doença de Kawasaki
Febre do Mediterrâneo Hipertermia habitual Síndrome de Kikuchi
TVP e EP Hepatite alcoólica Doença de Castleman
Tireoidite subaguda Síndrome de Reiter Anemias hemolíticas
Cirrose Síndrome de Sweet Febre psicogênica
Sem diagnóstico
Quadro 4: Etiologia das FOI por grupos de causas; Fonte: adaptada de Hottz e Pereira
Abordagem inicial
Avaliação laboratorial
Seguimento
Sobre o tratamento
Dê antitérmicos, conforme a prescrição médica, se ele (a) tiver febre.
Anexo 2: Dados do histórico clínico de utilidade diagnóstica na FOI; Fonte: adaptado de Jesus e Oliveira;
2008
1. Cruz CR. Manejo da febre sem sinais localizatórios. In: Sociedade Brasileira de Pediatria; Oliveira
Filho EA, Nobrega M, organizadores. PROPED Programa de Atualização em Terapêutica Pediátrica:
Ciclo 1. Porto Alegre: Artmed Panamericana, 2014. p. 77-103. (Sistema de Educação Continuada a
Distância, v. 3);
2. Machado e Gilio. Febre sem sinais de localização. In: Instituto da Criança do Hospital das Clínicas;
Marques HHS, Sakane PT, Baldacci ER, organizadores. Infectologia. São Paulo: Editora Manole
Ltda, 2011. p. 11-20. Vol 18;
3. Marques e Sakane. Febre de origem indeterminada e febre recorrente em pediatria. In: Instituto da
Criança do Hospital das Clínicas; Marques HHS, Sakane PT, Baldacci ER, organizadores.
Infectologia. São Paulo: Editora Manole Ltda, 2011. p. 21-33. Vol 18;
4. Jesus e Oliveira. Febre de origem indeterminada e febres periódicas hereditárias. In: Instituto da
Criança do Hospital das Clínicas; Silva CAA, organizadores. Doenças Reumáticas na Criança e no
Adolescente. São Paulo: Editora Manole Ltda, 2008. p. 34-64. Vol 2;
5. Machado BM, Cardoso DM, de Paulis M, Escobar AM, Gilio AE. Fever without source: evaluation of
a guideline. J Pediatr (Rio J).2009;85(5):426-432;
7. Trotta EA e Gilio AE. Febre aguda sem sinais de localização em crianças menores de 36 meses de
idade. J Pediatr (Rio J).1999;75(Supl.2):S214-S222;
8. Nascimento IR, Rodrigues JL, Aguiar PF. Febre de origem indeterminada. Relato de caso. Rev Bras
Clin Med (Montes Claros).2009;7:353-355;
9. Jhaveri R, Byington CL, Klein JO, Shapiro ED. Management of the Non-Toxic-Appearing Acutely
Febrile Child: A 21st Century Approach. Jpeds (Durham).2011;3:181-185;
10. Hirschheimer MR. Protocolo Sobre Febre Sem Sinais de Localização. Protocolo de Assistência
Médico Hospitalar do Hospital Municipal Infantil Menino Jesus;
11. Hotzz PL, Pereira NG. Diretrizes Diagnósticas para Febres Prolongadas de Origem Obscura. Serviço
de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho;
12. Stafuzza EM, Pires G. Febre sem sinais localizatórios. Diretriz Assistencial do Hospital Albert
Einstein;
13. Machado BM. Avaliação clínica de crianças de 0 a 36 meses com febre sem sinais
localizatórios.2010.142. Tese (Doutorado)- Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
São Paulo, 2010;
14. Hazinski MF, Shuster M, Donnino MW, Travers AH, Samson RA, Schexnayder SM, et al. Pediatric
Advanced Life Support, 2015. Disponível em: <https://eccguidelines.heart.org/index.php/guidelines-
highlights/ >. Acesso em: 10 Out. 2017..
Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica
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Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Atualiza o Protocolo Clínico Dra. Marta Cristina Duarte
e Diretriz Terapêutica Dr. Lúcio Dra Mariana Celestino Silva
Maio/2017 1.0 de Fibrose Cística em Henrique de – Residente R2 de Pediatria
Enfermaria. Oliveira
Objetivo: Estabelecer diretrizes que auxiliem o manejo do paciente com Fibrose Cística internado na Enfermaria
Local de aplicação: Enfermaria de Pediatria do Hospital Universitário-EBSERH/UFJF
Forma que será gerado: Eletrônico e impresso
Local onde poderá ser encontrado: Enfermaria de Pediatria e mídias eletrônicas
Frequência de atualização: A cada dois anos
CID 10: E84.0 (Fibrose Cística com manifestações pulmonares); E84.1 (Fibrose Cística com manifestações
intestinais); E84.8 ((Fibrose Cística com outras manifestações); E84.9 ((Fibrose Cística não especificada).
Introdução
A fibrose cística (FC), também chamada de mucoviscidose é uma doença de herança autossômica recessiva com
acometimento multissistêmico (sistema respiratório, gastrintestinal, hepático e genitourinário). É causada por mutações em
um gene localizado no braço longo do cromossomo 7 responsável pela codificação de uma proteína denominada proteína
reguladora da condutância transmembrana da fibrose cística (CFTR). Já são descritas mais de 2000 mutações neste gene
no ano de 2017, sendo o acometimento pulmonar responsável pela maior morbimortalidade dos pacientes. Caracterizada
pelo aumento na produção de secreções mucosas e espessas que depositadas em alguns órgãos causa doença pulmonar
obstrutiva crônica, disfunções no trato digestivo como insuficiência pancreática secundária com má digestão/má absorção
e consequente desnutrição secundária, além de aumento nos níveis de eletrólitos no suor. As alterações pulmonares iniciam
nas vias aéreas menores e são progressivas, evoluindo para o surgimento de bronquiectasias, fibrose pulmonar e cor
pulmonale, são reconhecidas como a principal causa que determina a morbidade e a mortalidade na FC.
Epidemiologia
De acordo com a Cystic Fibrosis Foundation, cerca de 70 mil pessoas no mundo vivem com Fibrose Cística. No Brasil,
no Registro Brasileiro de Fibrose Cística (REBRAFC), contabiliza-se cerca de 3.000 pessoas com a doença, mas é possível
que existam muito mais pacientes sem diagnóstico e tratamento adequados. Ainda não existe uma cura para a Fibrose
Cística, mas há muito investimento e inúmeras pesquisas em andamento. Os recentes avanços já permitem que os pacientes
vivam por mais tempo e com muito mais qualidade. Para isso, o diagnóstico precoce e a adesão ao tratamento são
fundamentais.
Apresentações clínicas da FC
▪ A triagem neonatal para FC identifica um grupo de crianças com probabilidade de apresentar a doença. Realiza a
dosagem da tripsina imunorreativa no teste do pezinho entre o 3° e 7° dia de vida, se alterado, realiza nova dosagem
até 30 dias de vida, se positivo, realiza o teste do suor para confirmação. O exame deve ser realizado precocemente,
pois os valores de IRT, mesmo nos pacientes afetados, decrescem a partir do primeiro mês de vida.
▪ Teste do suor considerado o padrão ouro, baseado na análise dos níveis de cloro no suor. Qualquer um dos critérios
clínicos, se acompanhado por níveis de cloro no suor acima de 60 mEq/l, é suficiente para confirmar o diagnóstico de
Fibrose Cística.
▪ A confirmação da doença pode ser feita também pela identificação de duas mutações genéticas para Fibrose Cistica.
▪ A presença de cepa de Pseudomonas aeruginosa mucóide em escarro/secreção traqueal de paciente com sintoma da
doença também tem sido considerado critério diagnóstico.
▪ Colonização:
1- Crônica: três culturas positivas, com intervalo maior que um mês entre elas, em um período de seis meses, por mesma
bactéria patogênica.
2- Intermitente: infecções, por mesma bactéria patogênica, que não atinjam a frequência de três episódios em seis meses.
▪ Exacerbação:
1- Exacerbação leve: isolamento da bactéria nas vias aéreas inferiores sem sinais diretos de infecção (febre, cansaço,
prostração), com repercussão discreta no quadro clínico do paciente (perda de apetite, perda de peso, aumento da
expectoração, alteração da cor do escarro).
2- Exacerbação moderada a grave: isolamento de bactéria nas vias aéreas inferiores com sinais diretos de infecção e
evidente repercussão no quadro clínico do paciente, tais como febre, cansaço, prostração, taquipnéia, desconforto
respiratório, hipoxemia, etc.
Admissão:
▪ Motivo e objetivo de internação: discutir com equipe do Centro de Referência em Fibrose Cística do HU/UFJF
(CRFC).
▪ Checar colonização e sensibilidade do agente em cultura prévia de escarro/aspirado traqueal.
▪ Identificar necessidade de isolamento (um paciente com FC não deve encontrar outro de colonização diferente). Em
caso de bactérias resistentes manter em isolamento e descolonizar os casos de MRSA.
▪ Acesso venoso prolongado: Periférico, PICC ou intracath (risco de pneumotórax); Reservar membro para PICC, sem
puncionar o membro para coleta de sangue e medicações.
Recomendações
▪ Se internação para realizar gastrostomia: fazer antibioticoprofilaxia.
▪ Manter medicações de uso contínuo (verificar prontuário do ambulatório do CR)
▪ Discutir com equipe o esquema Antibiótico proposto (Antibioticoterapia venosa / inalatória)
▪ Checar doses específicas para FC conforme tabela – (anexo 1 e 2)
▪ Acompanhamento psicológico da criança e familiares.
Doença pulmonar grave: antibioticoterapia venosa iniciada sete dias antes do procedimento e mantida por sete dias após.
Tratamento
O tratamento é multidisciplinar, pois envolve médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas e assistentes sociais e
tem o objetivo de melhorar a sobrevivência e a qualidade de vida. O principal foco no paciente é a nutrição adequada.
Seguir dietas mais calóricas e fazer reposição das enzimas do pâncreas pode ajudar o paciente a não sofrer de desnutrição,
que está associada à piora da doença pulmonar. Quanto mais desnutrido estiver o paciente, pior para o pulmão. Entre os
medicamentos utilizados para o tratamento da Fibrose Cística estão medicamentos inalatórios (broncodilatadores,
mucolíticos, soluções salinas e antibióticos em pó ou solução); medicamentos de uso oral (antibióticos, anti-inflamatórios,
enzimas pancreáticas, suplementos nutricionais, medicamentos para diminuir a acidez do estômago e para aumentar a
fluidez da bile no fígado), além de tratamentos com antibióticos intravenosos durante internações. Fisioterapia respiratória
ajuda a retardar a progressão natural da FC.
Deve ser iniciado o mais precocemente possível e implementado de maneira individualizada, levando-se em conta a
gravidade e os órgãos acometidos.
▪ Não infantilizar ou não superproteger a criança, pois essa atitude só prejudica o tratamento.
▪ É importante que ela possa vivenciar as diversas etapas de sua vida sem carregar o estigma da doença, mas ao mesmo
tempo sendo informada e participando do tratamento.
▪ Preservar as relações dentro do núcleo familiar, pois delas dependerão uma boa adesão ao tratamento e a garantia de
uma boa qualidade de vida para o paciente.
▪ Ensinar às crianças desde pequenas a saber se expressar para que possam se sentir seguras no meio social.
▪ Entre quatro e dez anos: a instauração de hábitos de cuidados é de suma importância para o desenvolvimento. Alguns
hábitos são: hábitos adequados de alimentação, realização de tratamentos respiratórios, uso de medicação, higiene
pessoal, etc.
Colimicina inalada 1 mega UI, 12/12h (<2anos) 2 megas UI, 12/12h diária
▪ Resumo de alta completo com medicamentos, doses, tempo de uso e entregar a equipe do CRFC
▪ Repetir os exames da admissão
▪ Colocar resumo de alta, exames laboratoriais e de imagem no prontuário da FC
▪ Marcar retorno no ambulatório do CRFC
Fluxograma
Referências
1. DALCIN TR, SILVA FAA. Fibrose cística no adulto: aspectos diagnósticos e terapêuticos. Jornal Brasileiro de
Pneumologia, SÃO PAULO, 2008, p. 107-117.
2. ALEXANDER SR, KHALID A, et al. Clinical Guidelines: Care of Children with Cystic Fibrosis. 7°. Disponível
em:<http://www.rbht.nhs.uk/healthprofessionals/clinical-departments/cystic-fibrosis/clinical-cf-guidelines-care-of-
children/>. Acesso em: 01 jul. 2017.
3. HOFFMANN A, PROCIANOY EFA. Cystic Fibrosis Resoiratory Infection and Treatment. Rev HCPA 2015;31(2),
P.200-205
4. CASTRO MCS, FIRMIDA MC. Tratamento na Fibrose Cística e suas complicações. Revista Hospital Universitário
Pedro Ernesto Vol 10, N.4; 2011
5. FILHO LVRF, et al. Infecção por Pseudomonas aeruginosa em pacientes com fibrose cística: evidências científicas sobre
o impacto clínico, diagnóstico e tratamento. Jornal Brasileiro de Pneumologia, SÃO PAULO, 2013, p. 495-512.
6. KLIEGMAN, ROBERT M. et al. Nelson : Tratado de Pediatria. 19. ed. SÃO PAULO: Elsevier, 2013. 520 -545 p.v. 1
7. FOKKENS WJ, LUND VJ, MULLO J, et al. European Position Paper on Rhinosinusitis and Nasal Polyps 2012. Rhinol
Suppl. 2012;(23):3 p preceding table of contents, 1-298.
8. AMAM. Associação Mineira de Assistencia a Mucoviscidose. Disponível em: <http://www.amam.org.br/>. Acesso
em: 01 jul. 2017.
9. NUPAD MG. NÚCLEO DE AÇÕES E PESQUISA EM APOIO DIAGNÓSTICO DA UFMG. Disponível
em:<http://www.medicina.ufmg.br/nupad/triagem/triagem_neonatal_fibrose_cistica_tratamento.html>. Acesso
em: 01jul.2017.
10. DERICHS N. Targeting a genetic defect: cystic fibrosis transmembrane conductance regulator modulators in cystic
fibrosis. European Respiratory Review. 2013;22(127):58-65.
Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica
Hidratação Venosa
Versão 1.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de
Atenção à Saúde da
Criança e Adolescente
HU-UFJF
Serviço de Pediatria HU-UFJF
Caracteriza-se por infusão rápida de uma solução geralmente isotônica (Na 150 mEq/l ) ou ringer lactato e
ou coloide com finalidade de expandir o espaço intravascular.
Serviço Pediatria 1
2) Hidratação venosa de manutenção:
Caracteriza-se por solução composta por água, sódio, cloro, potássio e glicose com finalidade de
repor perdas que ocorrem pela urina, fezes, além de perda de água pela pele e pulmões. Por ser uma
solução sem fonte proteica e com calorias insuficientes, a HVM não deve ser utilizada por tempo
prolongado em crianças com dieta zero. O soro glicosado a 5% utilizado, fornece 20% das necessidades
calóricas normais do paciente, suficiente para impedir que ocorra cetose e diminuir a degradação proteica10.
Este soro é destinado a pacientes:
ü Há algum distúrbio de volume? Perdas de volume excessiva, com necessidade de fazer reposição?
Há sinais de hipervolemia, com necessidade de restrição?
2.1) Consideração sobre o cálculo das necessidades hídricas de acordo com Holliday e
Segar: o uso das soluções hipotônicas de manutenção baseadas na fórmula de Holliday Segar está
relacionada com a Hiponatremia em crianças hospitalizadas5,7. Portanto, recomenda-se atualmente o uso
de soluções isotônicas na grande maioria dos pacientes hospitalizados, com poucas exceções 4,5,6,7.
2.2) Indicações para uso de uso de hidratação venosa de manutenção com a solução salina
isotônica (Na 150 mEq/l )8 :
ü Crianças cujos níveis séricos de sódio é normal (135-145) e ou possuem fatores risco elevado para
secreção SIADH;
ü Crianças em que irão coletar ou que já foram coletados os níveis de eletrólitos, porém sem
resultados disponíveis;
Serviço Pediatria 2
2.3) Parâmetros para cálculo de HVM em recém nascido 10, 14:
HVM para Recém nascido a termo (Com níveis de eletrólitos e glicose normais)
Oferta Volume Potássio* Sódio** Cálcio Glicose***
300 mg gluconato de
1° dia 70 ml/Kg/dia ---- ---- TIG 4 a
Ca/Kg/Dia
5mg/kg/min
Depende do nível TIG 4 a
2° dia 80 ml/Kg/dia ---- 1mEq/Kg/dia
sérico 5mg/kg/min
Depende do nível TIG 4 a
3° dia 90 ml/Kg/dia 1mEq/Kg/dia 2mEq/Kg/dia sérico 5mg/kg/min
Depende do nível TIG 4 a
4° dia 100 ml/Kg/dia 2 mEq/Kg/dia 3mEq/Kg/dia
sérico 5mg/kg/min
Depende do nível TIG 4 a
5° dia ao 10° dia 110 ml/Kg/dia Depende do Depende do
sérico 5mg/kg/min
nível sérico nível sérico
A partir de 10
300 mg gluconato de TIG 4 a
dias até um mês 100ml/Kg 2 mEq/Kg/dia 3mEq/Kg/dia
Ca/Kg/Dia 5mg/kg/min
de idade
Potássio* iniciar se RN com diurese;
Glicose***
ü Meta normoglicemia: acima de 40 e abaixo de 145 (considerar glicose plasmática);
ü Glicemia < 40mg/dl: aumentar a TIG de 1 em 1 ponto até atingir a meta de normoglicemia ou TIG máx12,5
mg/kg/min. (vide POP hipoglicemia), respeitando a concentração de glicose máxima: Veia periférica 12,5% e
veia central 25%;
ü Glicemia ≥ 145: Reduzir TIG de 1 em 1 ponto até atingir a meta de normoglicemia, respeitando a concentração
mínima de glicose igual a 2,5% (vide POP hipoglicemia).
2.4) Consideração sobre o cálculo das necessidades hídricas: A definição da taxa hídrica a ser
empregada deve ser individualizada de acordo com a situação clínica de cada paciente. 2,4,6,7,8.
Pacientes sem doença ou doente sem restrições e com dieta zero Iniciar com taxa hídrica basal
Ajustar a Taxa hídrica total
Pacientes com alimentação por via oral. Calcular a taxa hídrica Ex: Criança 10Kg volume dieta em 24h= 500ml. 2/3=
do volume de dieta. Contabilizar 2/3 do volume total dieta 333 ml TH basal: 2000ml/m2SC = 940ml
TH HVM= TH basal – TH dieta
TH HVM= 940 – 333= 607 ml
Serviço Pediatria 3
ser descontados da taxa hídrica total
2.5) Hidratação venosa de manutenção (HVM) com soro isotônico (Na 150 mEq/l) e com as
necessidades hidroeletrolíticas e de glicose:
OBS: para indivíduos maiores que 40Kg utilizar TH basal para adultos = 2.400 ml/dia
HVM: com restrição hídrica para crianças de um mês de idade corrigida a 18 anos
Ex: Estados de hipervolemia (cardiopatas com ICC) ou fator de risco para SIHAD (bronquiolite, meningite).
Oferta Volume Potássio Sódio*** Glicose
Restrição 1000- 1500 ml/m²/dia* Soro Glicosado a 5%
hídrica 40mEq/l** 150 mEq/l (SF 0,9%) (5g/100ml) ****
ü Glicemia ≥ 160: Reduzir TIG de 1 em 1 ponto até atingir a meta de normoglicemia, respeitando a
concentração mínima de glicose 2,5%.
Serviço Pediatria 4
A criança desnutrida pode possuir alguns sinais de confundimento semelhantes aos da desidratação (pele
com turgor diminuído, olhos encovados).
Além disso, temos que levar em consideração que por estar desnutrida a criança geralmente apresenta as
seguintes características:
Portanto, o aporte da hidratação de manutenção deve ser de 70 a 80% das necessidades de uma
criança eutrófica. Cuidado para não ofertar excesso de Na.
Indicação: pacientes que recebem soro de manutenção (que atende apenas ao metabolismo basal) e
apresentam perdas importantes, necessitando de reposição para que não volte ao estado de desidratação.
3.1) Como estimar as perdas: ao admitir crianças em estado de desidratação ou perdas prescrever
balanço hídrico e pesar todas as perdas: fezes diarreicas, vômitos, gástrica pela sonda, etc... Ideal repor a
cada 4 a 6 horas junto com HVM.
Serviço Pediatria 5
Queimaduras 140 5 110 3-5
Serviço Pediatria 6
6) Apresentação das soluções existentes no HU:
Apresentações de soluções
9,3 mg de Ca elementar
Gluconato Ca 10%--------1ml 100mg de gluconato de Ca
0,46 mEq de Ca elementar
1 mEq de Na
OBS: optamos por manter o NaCl 20% ao invés do SF0,9% como solução padrão para
calcular o aporte de sódio. Assim, teremos a certeza que a solução possui 150mEq/L de Na.
EX: criança 10 Kg, dieta zero, hidratada, sem indicação de restrição hídrica e com níveis
de eletrólitos adequados. Descrever na prescrição e prontuário o valor basal que foi
considerado 100% e parâmetros eletrólitos e TIG. Ex: TH: 1800ml/m2/dia; Na: 150mEq/L; K:
40mEq/L; TIG: TIG= 2,7.
Primeiro passo: Cálculo da superfície corpórea Segundo passo: cálculo da taxa hídrica total (THT)
SC (m2)= [ (Peso x 4) + 7 ] Taxa hídrica basal: 1800- 2000 ml/m2/dia.
Para o exemplo, calcularemos THB de 1800ml/m2/dia,
P + 90 logo:
SC (m2)= [ (10 x 4) + 7 ] = 0,47 THB: 1800 x 0,47= 846ml em 24 horas
100
Terceiro passo: cálculo do aporte de sódio para HVM com soro isotônico (150mEq/L) e
concentração de sódio respeitando concentração máxima para o tipo de acesso:
Veia periférica: 150mEq de Na / 1000 ml de solução
Concentração de sódio
Veia central: 500 mEq de Na / 1000 ml de solução
A concentração final de sódio deverá ser de Vamos utilizar solução de NaCl a 20%:
150mEq/L, assim:
Serviço Pediatria 7
150mEq ___________________ 1000ml 1 ml de NaCl 20%________ 3,4 mEq
XmEq_________________________846ml Y ml ________ 126,9 mEq
X=126,9 mEq de NaCl na solução. Y = 37,3ml NaCl 20% = 37,3ml em 24h.
Quarto passo: cálculo de aporte de KCl e a concentração de KCl respeitando a concentração
máxima para o tipo de acesso:
Concentração de potássio Veia periférica: 60 mEq de K/1000 ml de solução
Veia central: 160 a 180 mEq de K/ 1000 ml de solução
A solução deverá conter 40mEq/l de KCl, Vamos utilizar KCl a 19,1%:
logo:
1ml __________ 2,5mEq KCl
40 mEq ___________ 1000ml
Y ml__________ 33,8 mEq
X mEq ___________ 846ml (THT calculada para o
Y = 13,5ml
paciente)
KCl 19,1% = 13,5ml em 24 horas.
X = 33,8 mEq de KCl na solução.
Quinto passo: cálculo do aporte de soro glicosado (SG)
Volume de SG= THT – volume de eletrólitos
Volume de SG= THT – (volume de NaCl 20% + KCl 19,1%)
Volume de SG= 846 ml – (37,3 + 13,5)
Volume de SG= 795,2ml
Sexto passo: cálculo das gramas de glicose (GG), taxa de infusão de glicose (TIG)
e concentração de glicose respeitando a concentração máxima para o tipo de acesso.
VV periférica: 14%
Concentração
VV central: 23%
de glicose [GG%]= GG x 100___
Vol. total do soro (ml) Mínima:2,5%
Calculando as gramas de glicose (GG), utilizando Calculando a taxa de infusão de glicose (TIG):
SG5%::
GG= TIG x 1.44 x Peso (Kg)
Volume de SG= 795,2ml
TIG= GG_____
SG5% possui 5g __________100 ml
1.44 x Peso (Kg)
X (GG) __________ 795,2ml GG = 39,7
TIG= 2,7
Sétimo passo: montar HV HVM para 8h:
HVM para 24h: SG5%---------- 265 ml
SG5%----------795,2ml NaCl20%------- 12,4ml
KCl19,1%------ 4,5 ml
NaCl20%-------37,3ml
VT: 846,ml
KCl19,1%------13,5ml
volume total= 282ml. IV 35,2ml/hora de 8/8horas.
VT: 846,ml
Em caso de não atingir a TIG ideal com o SG5% deveremos fazer a misturas com SG mais
concentrados.
Como determinar uma TIG misturando os soros glicosados:
Ex: criança de 10 kg com uma HVM com seguintes parâmetros: TH:1.800 m2SC (795,2ml de SG para uma TIG
Serviço Pediatria 8
de 5) , Na 150mEq/l e K 40 mEq/l constituído da seguinte forma:
SG5%----------724,5ml SG5%----------241ml
SG50%---------70,8ml SG50%---------24 ml
NaCl20%-------37,3ml NaCl20%------- 12ml
KCl19,1%------13,5ml KCl19,1%------ 5ml
VT: 846,1ml volume total= 282ml. IV 35,2ml/hora de 8/8horas.
Serviço Pediatria 9
Outra forma de calcular o volume de Glicose, utilizando SG5% e SG50%
Para a mesma criança de 10 kg com uma HVM com seguintes parâmetros:
TH:1.800 m2SC (795,2ml de SG para uma TIG de 5)
VGT= TH total em ml – volume de eletrólitos Devo descobrir quantas GG necessito fornecer para
atingir essa TIG:
VGT= 846 – 50,8
GG= TIG x 1,44 x Peso (Kg)
VGT= 795,2 ml
GG= 5 x 1.44 x 10 GG= 72
Encontrar o volume de glicose a 50% (VG50%): Encontrar o volume de glicose a 5% (VG5%):
VG50%= (GG x 20 – VGT )÷ 9 VG5%= VGT- VG50%
VG50%= (73 x 20 – 795,2 )÷ 9 VG5%= 795,2 –71,6 ml
VG50%= 71,6 ml VG5%= 723,6ml
(GG%)= GG X 100 HVM para 24h:
Volume total da HV
SG5%---------- 723,6ml
(GG%)= 72 X 100 (GG%)= 8,5%
SG50%---------71,6ml
846 ml
NaCl20%-------37,3ml
KCl19,1%------13,5ml
VT: 846ml
REFERÊNCIAS
1- João PRD. Manutenção hidroeletrolítica no paciente criticamente enfermo. PROTIPED Programa de
Atualização em Terapia Intensiva Pediátrica: Ciclo 5, Porto Alegre, v 3, p. 11-28, 2014.
2- Ferreira LGB. Terapia de hidratação venosa. Ago 2011.
3- Carcillo JA. Intravenous fluids choices in critically ill children. V20(4), p.396-401, ago 2014.
4- Shamim A, Afzal K, Ali SM. Safety and efficacy of isotonic (0,9%) vc hypotonic (0,18%) saline as maintenance
intravenous fluids in children: a randomized controlled trial. V51, p969-74, dez 2014.
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10, 2007.
6- Wang J, Xu E, Xiao Y. Isotonic versus hypotonic maintenance IV fluids in hospitalized children: a meta-
analysis. Pediatrics, v133(1), p 105-13, dez 2013.
7- Alves JT, Troster EJ, de Oliveira CA. Isotonic saline solution as maintenance intravenous fluid therapy to
prevent acquired hyponatremia in hospitalized children. J Pediatr (Rio J) v87(6), p 478-86, Jul 2011.
8- Friedman JN. Risk of acute hyponatremia in hospitalized children and youth receiving maintenance intravenous
fluids. Paediatr child health v18(2), p102-4, Feb 2013.
9- Silva SLC, Moreira EGA, Baptista AN, et al. Nutrição parenteral em pediatria: revisão da literatura. Rev Med
Minas Gerais, v24(2), p66-74, 2014.
10- Richard E. Behrman, Hal B. Jenson, Robert Kliegman. Nelson. Tratado de Pediatria - 18ª Edição. Elsevier.
2009.
11- Kleinman ME et al. Pediatric basic and advanced life support: 2010 international consensuson cardiopulmonary
resuscitation and emergency cardiovascular care science with treatment recommendation. Circulation.2010.
12- American Heart Association. Suporte Avançado de vida em Pediatria Manual do Profissional. Artes gráficase
Editora sesil LTDA, 2012
Serviço Pediatria 10
13- Gilio.A.E; Grisi, S.; Bousso, A.; Paulis, D.M. Urgências e emergências em Pediatria. Atheneu, 2015.
14- Brasil. Ministério da Saúde. Atenção a saúde do recém nascido. Guia para Profissionais de saúde. Volume 3.
2011.
15- Piva, Jeferson Pedro Medicina Intensiva em Pediatria. Segunda edição. Revinter, 2015.
Anexos:
Serviço Pediatria 11
Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica
Hipertensão e Crises
Hipertensivas em Pediatria
Versão 1.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de Atenção à
Saúde da Criança e
Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma doença pouco frequente na pediatria e sua incidência
muitas vezes é subestimada pela dificuldade de diagnostico encontrada devido à técnica, uso correto do material
para aferição e ambiente adequado para mensuração da pressão arterial.
Trata-se de uma afecção clínica multifatorial, representando uma síndrome composta por presença de
níveis elevados de pressão arterial associados a alterações hormonais e fenômenos tróficos como hipertrofia
vascular e ventricular.
As causas de HAS nas crianças e adolescentes variam com a idade e podem assumir um caráter primário
(ou essencial) ou secundário a uma doença de base preexistente. Níveis mais elevados de PA relacionam-se
mais frequentemente com a presença de HAS de causa secundária enquanto elevações mais discretas na PA
estão mais associadas a hipertensão de causa primária. Neste último caso, a elevação da PA é preditora de HAS
na maioridade: a elevação da PA na infância desencadeia alterações crônicas no sistema cardiovascular como
mudança e aumento da massa do ventrículo esquerdo e aceleração do processo de aterosclerose com aumento
da espessura médio-intimal da artéria carótida. Diante destas constatações o “Fourth Reporton Blood Pressure
in Childrenand Adolescents” recomenda a medida da PA a partir dos três anos de idade, anualmente, ou abaixo
desta faixa etária nas seguintes situações:
História de prematuridade, muito baixo peso ao nascimento e/ou outras complicações neonatais
requerendo internação em unidade de terapia intensiva;
Cardiopatia congênita corrigida ou não;
Infecções recorrentes do trato urinário, hematúria, proteinúria;
Doença renal conhecida ou malformações urológicas;
História familiar de doenças renais congênitas;
Transplante de órgão sólido;
Neoplasias malignas ou transplante de medula óssea;
Uso de medicações que podem alterar a PA;
Presença de doenças sistêmicas que podem cursar com HAS;
Evidência de aumento da pressão intracraniana.
A pressão arterial em crianças de 1 a 17 anos é classificada com base em tabelas de percentil da pressão
arterial, baseadas em sexo, idade e percentil de estatura para crianças de 1 a 17 anos. (Anexo 2)
Essas tabelas incluem os percentis 50, 90, 95 e 99, o que permite identificar a gravidade da doença e
traçar objetivos para o manejo da doença de acordo com seu grau. O percentil de estatura é determinado pelas
curvas de crescimento do CDC (National Center for Chronic Disease Prevention and Health Promotion, 2000),
disponíveis no site: https://www.cdc.gov/growthcharts/ (Anexo 1).
A PA aferida, após análise na tabela de percentis de PA, pode ser classificada segundo o quadro a seguir:
Fonte: Report of the Second Task Force on Blood Pressure Control in Children-1987
Como medir a PA em crianças:
Para garantir a correta aferição da PA em crianças é preciso levar em conta os materiais disponíveis, o
ambiente tranquilo e a correta aplicação da técnica. O melhor aparelho para aferição é o esfigmomanômetro de
mercúrio. Aparelhos aneroides podem ser utilizados desde que sejam periodicamente testados e calibrados.
Deve-se medir a circunferência do braço da criança no ponto médio encontrado entre o acrômio e o
olecrano. A partir desta medida, escolhe-se o melhor manguito (porção inflável) que deve ter as seguintes
medidas:
Manguito Características
Comprimento 80 a 100% CB
Largura 40% CB
Se manguito menor... Aumenta a PA
Se manguito maior... Diminui a PA
CB: Circunferência do Braço
Etiologia:
Hipertensão arterial primária ou essencial: Trata-se da hipertensão que não tem uma etiologia definida,
mas apresenta fatores genéticos e ambientais associados tal como a obesidade, hiperlipidemia, alta ingesta de
sódio, estado emocional, uso de drogas. Trata-se da principal causa de HAS em crianças com mais de 10 anos
de idade e associa-se ao número crescente de casos de obesidade nesta faixa etária.
Hipertensão arterial secundária: Trata-se do aumento da pressão arterial que acontece em consequência
à uma doença de base. A doença de base causadora ao aumento pressórico varia de acordo com a faixa etária
do paciente e a anamnese e o exame físico bem realizados são fundamentais para o início da investigação
etiológica da HAS.
O primeiro passo para a propedêutica da HAS é a anamnese e o exame físico bem realizados (Quadro
3). Após este primeiro contato, deve-se averiguar a causa da hipertensão, as possíveis lesões de órgão alvo e
identificar fatores de risco para doenças cardiovasculares. Os exames complementares para investigação são
enumerados no Quadro 4, e a investigação de lesões de órgãos alvo está no Quadro 5.
Triagem inicial
Fase 1 Hemograma completo
EAS, Gram e urocultura
Sódio, potássio, ureia, creatinina, cálcio, acido úrico
Glicemia de jejum e perfil lipídico
Radiografia de tórax
USG renal com Doppler de artérias renais
Eletro e ecocardiograma
Exames indicados conforme necessidade, orientados por especialista.
Fase 2 DMSA e uretrocistografia miccional
Cintilografia renal
Dosagem de renina e aldosterona sérica
Catecolaminas em urina de 24horas
Esteroides séricos e urinários
Fase 3 Arteriografia renal e dosagem de renina em veia venal
Cintuligrafia com meta-iodo-benzil-guanidine(MIBG)
Catecolaminas em veia cava
Biópsia renal
Tratamento
Classificação Definição
Urgência Hipertensiva PA estágio 2, sem comprometimento de órgãos alvo.
Emergência Hipertensiva PA estágio 2, com comprometimento de órgãos alvo
(SNC, sistema cardiovascular, renal).
Anamnese Correlação
HPP de Tratamento de HAS Agudização de HAS crônica
Parada abrupta de tratamento anti-hipertensivo HAS rebote
Distúrbios visuais Sinais de comprometimento dos órgãos
Alterações no SNC alvo
Rubor, taquicardia
Comprometimento cardiovascular
Rubor, taquicardia Causa Endocrinológica
Alteração de peso
Cateterização umbilical Causa Renovascular/ Renal
Anormalidades urinárias
ITU de repetição
TCE Causa central
Uso de Medicações e/ou drogas de abuso Iatrogenia ou intoxicação exógena
História familiar de doença cardiovascular, Herança Genética
diabetes, AVE, dislipidemias...
Hábitos dietéticos, atividade física, tabagismo,..
Alguns sinais inespecíficos em um primeiro atendimento devem ser investigados: cefaleia, dor torácica,
dispneia aos esforços, fraqueza muscular, edema, aparecimento de rubor generalizado, palpitações/taquicardia.
Situações clínicas que podem estar presentes durante uma crise hipertensiva incluem: edema cerebral,
convulsões, insuficiência cardíaca congestiva, edema pulmonar, insuficiência renal.
O exame físico do paciente que apresenta uma crise hipertensiva deve conter:
Sinais vitais, incluindo medida de PA nos 4 membros e saturação periférica de O2
Peso e estatura
Fundoscopia
Exame neurológico completo, incluindo avaliação do estado de consciência.
Em crianças pequenas com crises hipertensivas, considerar a hipótese de TCE e maus tratos.
Na propedêutica de investigação etiológica da crise hipertensiva devem ser solicitados, após avaliação
clínica, os exames enumerados no quadro abaixo:
Tratamento
O objetivo do tratamento é diminuir os níveis pressóricos de forma efetiva e segura e reconhecer e tratar
as sequelas secundárias resultantes da crise hipertensiva. Deve ser iniciado ainda que a propedêutica para
investigação da etiologia não tenha resultados prontos, visando minimizar possíveis danos.
Na Urgência Hipertensiva, ou seja, hipertensão arterial grave SEM comprometimento de órgão-alvo, o
tratamento pode ser feito com anti-hipertensivos por via oral, sem necessidade absoluta de internação hospitalar.
Nesses casos, o plano de tratamento deve ser de 1/3 da redução total da PA em 6 a 8 horas, outro terço durante
24 a 36 horas e o terço final em 24 a 96 horas de tratamento e manter PA no percentil 95.
Queda de •6 a 8
1/3 da PA horas
Queda de • 24 a 48
2/3 da PA horas
Exemplo 1:
Menino de 8 anos, com estatura no percentil 50. PA no momento da consulta igual a 146 x 90 mmHg.
Meta = P95 de PA: 116 x 78mmHg
O tratamento das urgências hipertensivas deve ser direcionado de acordo com a etiologia mais provável
da mesma, se ainda não confirmada. As medicações são as mesmas usadas na hipertensão arterial (Tabela 5).
Na Emergência hipertensiva, ou seja, hipertensão arterial grave COM comprometimento de órgãos alvo
o tratamento deve ser realizado de forma imediata visando evitar danos em órgãos vitais. Assim, deve ser
providenciado assistência ventilatória e/ou hemodinâmica adequadas (suporte básico de vida – ABC),
monitorização cardiorrespiratória, controle de diurese e balanço hídrico, monitorização contínua da PA e tratar
complicações (convulsão, ICC) e início da medicação anti-hipertensiva.
A medicação anti-hipertensiva deve ser usada por via parenteral (melhor absorção) e em infusão
contínua (melhor titulação). Deve-se escolher a medicação com início de ação rápido e curta duração (meia-
vida curta) e poucos efeitos colaterais (toxicidade), levando-se em consideração para a escolha se há
insuficiência renal e/ou hepática, se a etiologia da crise é conhecida (e se sim, direcionar o tratamento da mesma
de acordo com a causa) e se existem contraindicações importantes à medicação, individualizando o tratamento.
O plano de tratamento na emergência hipertensiva deve ser de uma queda na PA de 25% nas primeiras
2 horas, seguindo de redução gradual nas próximas 24 a 48 horas até alcançar o P90. Essa redução deve ser
lenta para evitar uma redução brusca de PA, que pode levar à hipoperfusão tecidual devido a não ativação dos
mecanismos contra-reguladores em situações de hipertensão arterial prolongada.
Redução
•24 a 48
gradativa da PA
horas
até chegar ao P90
Exemplo 2:
Menino de 8 anos, com estatura no percentil 50. PA no momento da consulta igual a 156 x 90 mmHg. Ao exame
de fundo de olho, apresenta papiledema e hemorragia retiniana.
Meta = P90 de PA:112x73 mmHg
A Tabela 6 resume as características dos principais medicamentos indicados para o tratamento das
emergências hipertensivas. Além disso, de acordo com as situações clínicas relacionadas à emergência
hipertensiva, certos medicamentos podem ser mais apropriados, conforme resumido no Quadro 9.
Quadro 9: Tratamento das crises hipertensivas em situações clínicas específicas.
Tratamento das situações específicas relacionadas à Emergência Hipertensiva
Encefalopatia hipertensiva
Ocorre perda da auto-regulação dos vasos cerebrais, com consequente hiperperfusão e edema cerebral
Quadro clínico: sinais e sintomas de hipertensão intracraniana
Primeira linha de tratamento: labetalol; alternativa: nitroprussiato de sódio, nicardipina
Retinopatia hipertensiva
Referências:
1. LOPES, A.A. “Cardiologia Pediátrica”. Coleção Pediatria – FMUSP. Editora Manole, 2011.
2. PIRES, M.S.G.P. et al. “Hipertensão arterial em crianças e adolescentes - Diretrizes para o diagnóstico e
tratamento”. Sociedade Beneficente Israelita Brasileira – Hospital Albert Einstein. Disponível em
https://medicalsuite.einstein.br/pratica-medica/Paginas/diretrizes-
assistenciais.aspx?Especialidade=Pediatria, Acesso em 25/06/2017, as 16:59.
3. PIRES, M.S.G.P. et al. “Crise Hipertensiva em crianças e adolescentes - Diretrizes para o diagnóstico e
tratamento. Sociedade Beneficente Israelita Brasileira – Hospital Albert Einstein. Disponível em
https://medicalsuite.einstein.br/pratica-medica/Paginas/diretrizes-
assistenciais.aspx?Especialidade=Pediatria, Acesso em 02/07/2017, as 22:28.
4. SALGADO, C.M.; CARVALHAES, J.T.A. “Hipertensão Arterial na Infância” Jornal de Pediatria
Pediatr (Rio de Janeiro)2003;79(Supl.l):Sl15-S124:
5. SCHARTSMAN, C; REIS, A.G.; FARHAT, S.C.L. “Pronto Socorro”. Coleção Pediatria – FMUSP.
Editora Manole, 2013.
6. TOPOROVSKI, J. et al. “Nefrologia Pediátrica”. Editora Guanabara Koogan, 2ª Edição, 2006.
Fluxograma 1: Algoritmo do manejo de HAS em crianças
Fonte: Hipertensão arterial em crianças e adolescentes - Diretrizes para o diagnóstico e tratamento. Sociedade
Beneficiente Israelita Brasileira – Hospital Albert Einstein. Disponível em
https://medicalsuite.einstein.br/pratica-medica/Paginas/diretrizes-assistenciais.aspx?Especialidade=Pediatria,
Acesso em 25/06/2017, as 16:59.
Fluxograma 2: Algoritmo do manejo de Crise Hipertensiva em crianças.
ANEXO 1: Curvas de estatura (CDC)
ANEXO 2: Tabelas de percentil de pressão arterial por sexo e percentil de estatura
ANEXO 3: Medicações
1) Diuréticos
OBS: O uso contínuo de diuréticos requer Efeitos colaterais: Secura de mucosas, bradicardia,
coleta periódica de eletrólitos. erupções cutâneas ou insônia
Contraindicações: asma, bloqueio cardíaco,
1.1) Tiazídicos = Hidroclorotiazida insuficiência cardíaca, acidose metabólica.
Dose: 1 a 3 mg/kg/dia Apresentação: Comprimidos de 40 e 80mg
Dose máxima: 100mg/dia Atenolol
Fracionamento: uma a duas vezes ao dia Dose: 1 a 1,2mg/kg/dose
Efeitos colaterais: hipocalemia, Dose máxima: 3mg/kg/dia; adultos: 200mg/dia
hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia, Fracionamento: uma ou duas vezes ao dia
hiperglicemia, hiperuricemia, erupção cutânea e Efeitos colaterais: bradicardia, hipotensão,
discrasias sanguíneas. bloqueio átrio ventricular de segundo e terceiro
Apresentação: comprimidos de 25 e 50mg. graus, tontura, cansaço, letargia, cefaleia, dispneia.
Menor penetração liquorica que o propranolol.
1.2) De Alça = Furosemida Evitar suspensão abrupta.
Dose: 0,5 a 4 mg/kg/dia Contraindicações:
Dose máxima: 600mg/dia (adultos) Apresentação: Comprimidos de 25, 50 e 100mg.
Fracionamento: uma a duas vezes ao dia.
(Endovenoso pode ser administrado em infusão 2.2) Ação Central:
contínua) Não devem ser suspensos abruptamente devido a
Efeitos colaterais: Ototoxicidade, hipocalemia, alta incidência de hipertensão rebote.
alcalose, desidratação, hiperuricemia, aumento da Alfa-metildopa
excreção de cálcio, nefrocalcinose em prematuros. Dose: 10 a 30mg/kg/dia
Apresentação: comprimidos de 40mg ou de longa Dose máxima: 65mg/kg/dia ou 3g/dia; adultos:
duração de 60 mg. 3g/dia
Fracionamento: duas a quatro vezes ao dia
1.3) Poupador de Potássio = Efeitos colaterais: hipotensão postural,
Espironolactona ginecomastia, língua preta, interferência na
Dose: 1 a 5 mg/kg/dia dosagem sérica de creatinina e catecolaminas
Dose máxima: 200mg/dia (adultos) urinárias.
Fracionamento: uma a duas vezes ao dia Contraindicações: Feocromocitoma, doença
Efeitos colaterais: pode potencializar o bloqueio hepática ativa, anemia hemolítica, Coombs
ganglionar e de outros anti-hipertensivos, positivo, febre, leucopenia, sedação, distúrbios
hipercalemia (principalmente se associado a gastrointestinais.
inibidores da ECA ou bloqueadores do receptor da Apresentação: comprimidos de 250 e 500mg
AT), gastrite, “rash” e ginecomastia. α- 1 Bloqueador: Prazosina
Contraindicações: contra indicado na insuficiência Dose: 25 a 150 μg/kg/dia
renal aguda. Dose máxima: 20mg/24h
Apresentação: Comprimidos de 25, 50 ou 100mg Fracionamento: uma (apresentação retard) a duas
vezes ao dia.
2) Inibidores Adrenérgicos Efeitos colaterais: síncope, taquicardia, hipotensão,
tontura, náuseas, cefaleia, fadiga, efeitos
2.1) β-Bloqueador: anticolinérgicos, hipotensão postural
Contraindicados na asma e na insuficiência (principalmente na primeira dose).
cardíaca. A frequência cardíaca é o limitante da Apresentação: SR cápsulas de liberação lenta de 1,
dose. Não devem ser usados em pacientes com 2 e 4 mg.
diabetes insulinodependentes.
Cloridrato de Propranolol 3) Antagonistas de Canais de Cálcio
Dose: 0,5 a 8 mg/kg/dia (dose inicial: 20 a Podem causar taquicardia.
40mg/kg/dia) Nifedipina
Dose máxima: 160mg/dia (até 480mg/dia) Dose: 0,5 a 2 mg/kg/dia; adultos: 10 a 20mg/dia
Fracionamento: duas vezes ao dia Dose máxima: adultos: 120mg/dia
Fracionamento: uma a duas vezes ao dia, até três, se
necessário. 5) Inibidores da Angiotensina II
Efeitos colaterais: cefaleia, rubor facial, sensação Contraindicados na gestação. Monitorizar níveis
de calor, náuseas, diarreia, tontura, sanguíneos de potássio e creatinina. Aprovados
prurido,parestesia, hipotensão, taquicardia, dor pelo FDA para crianças ≥ 6 anos de idade e com
torácica tipo angina. cleareance ≥30ml/min/1,73m².
Contra indicações: infarto agudo do miocárdio, Losartan Potássico
insuficiência cardíaca, angina instável, angina pós Dose: 0,5 a 1,2mg/kg/dia
infarto, hipersensibilidade, gestação e lactação. Dose máxima: 100mg/dia
Apresentação: Comprimidos retard de 10, 20 Fracionamento: uma a duas vezes por dia
(pouca informação na literatura). Adalat CR - Efeitos colaterais: hipotensão ortostática, erupção
comprimidos de 30mg cutânea, hipersensibilidade
Besilato de Amlodipina Contra indicações: hipersensibilidade. Evitar na
Dose: 0,1 a 0,6mg/kg/dia; Adultos: 5 a 10mg/dia gestação e na lactação
Dose máxima: Adultos 20mg/dia Apresentação: Comprimidos de 12,5 e 50mg
Fracionamento: uma a duas vezes ao dia *Pode ser usado na forma de solução
Efeitos colaterais: cefaleia, náuseas e vômitos, Valsartan
fadiga, cansaço físico, edema, vermelhidão, tontura, Dose: 80mg/dia
palpitação, dor abdominal, sonolência, dispneia, Dose máxima: 320mg/dia
epistaxe. Fracionamento: uma vez ao dia
Contra indicações: hipersensibilidade à formula. Efeitos colaterais: cefaleia, vertigens, fadiga, tosse
Evitar durante a gestação e lactação. Contra indicações: hipersensibilidade ao produto,
Apresentação: comprimidos de 5 e 10mg insuficiência hepática grave, insuficiência renal,
*Pode ser usado em forma de solução. gestação e lactação
Apresentação: comprimidos de 80 e 160mg
4) Inibidores da Enzima Conversora da
Angiotensina 6) Vasodilatadores diretos
Contraindicados na gestação. Monitorizar níveis Efeitos colaterais comuns: taquicardia e retenção de
sanguíneos de potássio e creatinina(promovem líquido.
redução do ritmo de filtração glomerular). Hidralazina
Aprovados pelo FDA para crianças ≥ 6 anos de Dose: 0,75 a 3 mg/kg/dia
idade e com cleareance ≥30ml/min/1,73m². Dose máxima: 7,5mg/kg/dia ou 200mg/dia;
Captopril adultos: 300mg/dia.
Dose: 0,5 a 6 mg/kg/dia; adultos: 25 a 100mg/dia Fracionamento: duas a quatro vezes ao dia. Efeito
Dose máxima: 6mg/kg/dia; adultos: 450mg/dia máximo em 3 a 4 dias.
Fracionamento: uma a duas vezes ao dia Efeitos colaterais: Síndrome “lúpus like” em
Efeitos colaterais: erupções cutâneas, prurido, pacientes com insuficiência renal crônica,
artralgia, hipotensão, taquicardia, dores precordiais, taquicardia reflexa.
angina, angioedema, astenia, ginecomastia, anemia, Contra indicações: Usar com cautela em doenças
mialgia, miastenia, tosse, broncoespasmo, cardíacas e renais graves.
hipercalemia, insuficiência renal. Apresentação: comprimidos de 25 e 50mg.
Contra indicações: hipersensibilidade à formula, Minoxidil
angioedema, gravidez, lactação Dose: 0,2 a 5mg/kg/dia
Apresentação: comprimidos de 12,5, 25 e 50mg Dose máxima: 50mg/dia; adultos: 100mg/dia
Maleato de Enalapril Fracionamento: uma a duas vezes ao dia
Dose: 0,1 a 0,5mg/kg/dia; adultos: 10 a 20mg/dia Efeitos colaterais: hisurtismo, retenção de sal e
Dose máxima: 80mg/dia agua, angina, insuficiência cardíaca congestiva,
Fracionamento: uma a duas vezes ao dia infarto agudo do miocárdio, derrame pericardico
Efeitos colaterais: tontura, cefaleia, fadiga, astenia, Apresentação: comprimidos de 10mg.
hipotensão postural, sincope, câimbras, erupções *Indicado em hipertensão resistente a outras classes
cutâneas, tosse, hipercalemia, insuficiência renal. de anti-hipertensivos.
Contra indicações: hipersensibilidade a formula,
angioedema associado a inibidores da ECA,
gravidez e lactação.
Apresentação: comprimidos de 5, 10 e 20mg.
Tabela 6: Medicamentos utilizados no tratamento das emergências hipertensivas.
Triagem de
Imunodeficiências
Primárias
Versão 1.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de
Atenção à Saúde da
Criança e Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Dra. Patrícia Cristina
Dr. Lúcio Gomes Pinto
Henrique de (Profa. do Departamento
Cria o Protocolo Oliveira Materno Infantil da
Clínico e Diretriz (Chefe da Faculdade de Medicina
Terapêutica Unidade de da UFJF)
Maio/2018 1.0 Triagem das Assistência à Dra. Fernanda Souza
Imunodeficiências Saúde da Salles
Primárias Criança e do (Médica Residente do
Adolescente Programa de Residência
do HU- Medica em Pediatria do
UFJF) HU-UFJF)
Objetivos:
Introdução
A prevalência das IDPs é estimada em aproximadamente 1 em cada 2.000 nascidos vivos e mais de
300 distúrbios distintos com base genética definida foram identificados2,3. A prevalência das IDPs
tem grande variabilidade em diversos países, com predominância no sexo masculino e em populações
com maior frequência de consanguinidade4. Sua classificação e distribuição estão representadas no
gráfico a seguir.
Distribuição das IDPs
Deficiências predominantemente de anticorpos (56,66%)
Síndromes autoinflamatórias
Infecções recorrentes são a principal causa de suspeita de IDP na infância e são definidas como duas
ou mais infecções graves em um ano, três ou mais infecções respiratórias (sinusite, pneumonia, otite)
em 1 ano ou aquelas que necessitam de antibióticos por 2 meses por ano5. No entanto, quando
avaliamos uma criança com infecções recorrentes ela pode ser considerada normal (50%), portadora
de atopia (30%), portadora de doença crônica (10%) ou apresentar diagnostico de imunodeficiência
primaria ou secundaria (10%)6.
Há de se considerar que crianças até o sexto ano de vida tem, em média, quatro a oito infecções
respiratórias por ano. Outras criancas podem ter de 10 a 12 infecções por ano, especialmente se
tiverem irmãos mais velhos, frequentarem creches ou aquelas sujeitas ao tabagismo passivo. Estas
infecções são, em geral, de vias aéreas superiores, virais, autolimitadas, sem complicações e que não
comprometem o crescimento6,7,8.
O diagnóstico e o tratamento oportunos das IDPs são essenciais para investir na melhoria da qualidade
de vida e na prevenção de sequelas. Além disso, a identificação do defeito genético responsável pela
IDP torna possível o aconselhamento destas famílias, o diagnóstico pré-natal e do estado de portador
do defeito4.
Características das IDPs de acordo com o compartimento do sistema imunológico afetado9,10:
Com o objetivo de chamar a atenção dos profissionais de saúde para as IDPs e promover o diagnóstico
oportuno, a Fundação Jeffrey Modell, em parceria com a Cruz Vermelha Americana publicaram os
10 Sinais de Alerta para IDP na criança, adaptados para nosso meio pelo Grupo Brasileiro de
Imunodeficiências Primárias (Bragid) e estão listados no Quadro 1.
Quadro 1. Sinais de alerta para IDPs em crianças*
1. Duas ou mais pneumonias no último ano
2. Quatro ou mais novas otites no último ano
3. Estomatites de repetição ou monilíase por mais de dois meses
4. Abscessos de repetição ou ectima
5. Um episódio de infecção sistêmica grave (meningite, osteoartrite, septicemia)
6. Infecções intestinais de repetição/ Diarreia crônica
7. Asma grave, Doença do colágeno ou Doença autoimune
8. Efeito adverso ao BCG e/ou infecção por micobactéria
9. Fenótipo clínico sugestivo de síndrome associada à imunodeficiência
10. História familiar de imunodeficiência
Fonte: Grupo Brasileiro de Imunodeficiência (Bragid), adaptado da Fundação Jeffrey Modell e da Cruz
Vermelha Americana.
No primeiro ano de vida, as infecções de repetição podem ainda não estar presentes ou se
manifestarem de forma muito grave. Assim e que foram propostos 12 Sinais de Alerta para IDP,
especificamente para essa faixa etária, destacados no Quadro 2.
Anamnese:
História vacinal: Reações vacinais (ex.: BCG e vacinas de vírus vivos atenuados
(febre amarela, Sabin);
Anemia;
Dismorfismos faciais associados ou não a síndromes: síndrome de Digeorge, síndrome
de Wiskott Aldrisch, Sindrome de Chediak Higashi, Sindrome de Griscelli;
Linfadenopatias; ausência ou aumento de linfonodos e tonsilas;
Hepatoesplenomegalia;
Gengivoestomatite grave; úlceras orais; candidíase persistente, atraso no
desenvolvimento da dentição;
Pele e anexos: lesões de difícil cicatrização, albinismo, eczema grave, telangiectasia,
verrugas extensas, cabelos prateados;
Retardo mental, déficit cognitivo, ataxias;
Cardiopatias congênitas (grandes vasos da base);
- Sorologia anti-HIV
- Hemograma
- Eletroforese de proteínas/ bandas oligoclonais
- Imunoglobulinas (IGG, IGM, IGA, IgE) com subclasses de IgG
- RX tórax PA + perfil: ver o timo.
- RX seios da face e cavum: adenoide.
- Exame parasitológico de fezes – 3 amostras
- Grupo sanguíneo + Rh
- Isohemaglutinina anti-A e anti-B (em > 1ano de idade)
- Ácido úrico
- Dependendo da condição clínica, avaliar função hepática e renal.
- Muito importante: avaliar, cuidadosamente, os exames anteriores do paciente!
Protocolo de investigação laboratorial de IDPs de acordo com o compartimento imunológico,
apresentação clínica e diagnósticos prováveis11:
Compartimento Defeitos
afetado Deficiências Humorais Deficiências Celulares Defeitos de Fagócitos do
Complemento
- Infecções graves e/ou -Atraso do - Infecções Piogênicas - Infecções por
de repetição por crescimento desde o de repetição ( Neisseria,
Apresentação bactérias capsuladas primeiro ano de vida Estafilococo) - Doenças
clínica - Infecções de -Infecções graves/de - Infecções por autoimunes
repetição das vias repetição por Candida ou outro - Angioedema sem
aéreas quaisquer germes fungo urticária
inclusive oportunistas - Abcesso pulmonar
Hipogamaglobulinemi
a transitória da - SCID - Neutropenias - Angioedema
infância, - SWA (clinica, congênita) hereditário
Diagnósticos agamaglobulinemia, - Deficiência de - DGC - Deficiências de
prováveis ICV, deficiência de CD40L - Hiper IgE componentes do
IgA, deficiência de complemento
anticorpos específicos,
deficiência de
subclasses de IgG
- Dosagem de - Dosagem de
imunoglobulinas imunoglobulinas - Dosagem de - CH50, C3, C4
- Resposta vacinal a - CD3, CD4, CD8, imunoglobulinas - AH50
Protocolo de antígenos proteicos e CD19, CD16/56 -DHR - dosagem de
investigação polissacarídeos - HVI -Mielograma componentes
laboratorial (tétano, rubéola, - PPD específicos
hepatite - Resposta a antígenos
B/pneumococo) vacinais
- Subclasse de IgG - Rx de tórax
- CD19 -WASP
- CH50 - CD40L
Observações:
1. Outros exames específicos para determinadas doenças deverão ser realizados na investigação
mais avançada e especifica para cada doença. Um protocolo para cada uma destas patologias
deverá ser construído.
3. Testes de triagem neonatal para IDP são disponíveis em alguns países e estão em
implementação em alguns serviços de Imunologia do Brasil.
Diagnósticos diferenciais: Será mesmo uma IDP?
A dificuldade e os desacertos na investigação de IDP pode se relacionar a falta de
escalonamento na propedêutica de cada caso individualizado. Portanto, os diagnósticos
diferenciais mais comuns devem ser descartados antes e/ou durante a investigação de IDPs4,16.
ANEXO 2
Lista de CIDs das doenças que tem liberação da Secretaria de Saúde do Estado de
Minas Gerais para uso de Imunoglobulina Venosa.
CID Descrição
D80.0 Hipogamaglobulinemia hereditária
D80.1 Hipogamaglobulinemia não familiar
D80.3 Deficiência seletiva de subclasses de imunoglobulina G (IgG)
D80.5 Imunodeficiência com aumento de imunoglobulina M (IgM)
D80.6 Deficiência de anticorpos com imunoglobulina próxima do normal ou com
hiperimunoglobulinemia
D80.7 Hipogamaglobulinemia transitória da infância
D80.8 Outras imunodeficiências com predominância de defeitos de anticorpos
D81.0 Imunodeficiência combinada grave (SCID) com disgenesia reticular
D81.1 Imunodeficiência combinada grave (SCID) com números baixos de células T
eB
D81.2 Imunodeficiência combinada grave (SCID) com com números baixos ou
normais de células B
D81.3 Deficiência de adenosina-deaminase (ADA)
D81.4 Síndrome de Nezelof
D81.5 Deficiência de purina-nucleosídeo fosforilase (PNP)
D81.6 Deficiência major classe I do complexo de histocompatibilidade
D81.7 Deficiência major classe II do complexo de histocompatibilidade
D81.8 Outras deficiências imunitárias combianadas
D82.0 Síndrome de Wiskott-Aldrich
D82.1 Síndrome de Di George
D83.0 Imunodeficiência de variável comum com predominância de anormalidades
do número e da função das células B
D83.2 Imunodeficiência de variável comum com auto anticorpos às células B ou T
D83.8 Outras imunodeficiências de variável comum
ANEXO 5
Imunodeficiências Primárias e Especialidades - Fonte: Site da Bragid
(www.imunopediatria.org.br)
Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica
Infusão Intravenosa de
Imunoglobulinas
2.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de Atenção à
Saúde da Criança e
Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Atualiza o Protocolo Clínico
e Diretriz Terapêutica de Drª Patrícia Drª Patrícia Cristina Gomes
17/09/2018 2.0 ‘Infusão Intravenosa de Cristina Gomes Pinto
Imunoglobulinas” Pinto
Objetivos:
- Promover a infusão segura de imunoglobulina intravenosa em pacientes internados na enfermaria de
pediatria ou atendidos no hospital dia do HU-CAS.
Ao diagnostico da imunodeficiência primária (IDP), será realizada uma solicitação ao SUS/SES para a
aquisição da imunoglobulina a ser infundida na criança portadora da imunodeficiência primária. Após
o diagnóstico firmado, não se deve retardar o início da reposição de imunoglobulina, portanto, há
necessidade de checar na farmácia do HU a disponibilidade para a infusão logo ao diagnóstico, tendo
em vista as complicações que uma criança não tradada pode apresentar. Preencher laudo para autorização
de mudanças de procedimentos e para Procedimentos Especiais.
Se for a primeira vez de infusão: fazer um relatório para anexar na pasta (arquivo)
Após a aquisição da imunoglobulina pelo SUS/SES, a mãe deverá trazer a imunoglobulina em todas
as infusões, conforme receita médica anterior.
MUITO IMPORTANTE!
Conhecer o diagnóstico da criança. Há uma pasta na enfermaria do HU e no Hospital dia com relatórios sobre
o diagnóstico da IDP. Adicionalmente, há um artigo/resumo sobre a doença.
Observação: os casos das crianças que recebem imunoglobulina no HU foram apresentados a equipe do
Hospital-Dia em 28 de agosto de 2018, já que conforme orientado pela chefiada UASCA, estas crianças
passariam a receber as imunoglobulinas em Hospital-Dia HU, a partir de setembro de 2018.
Atenção: após o diagnóstico de IDP, as duas primeiras infusões de imunoglobulinas serão realizadas na
enfermaria do HU Santa Catarina. O CID das imunodeficiências mais comuns se encontram anexado a
este protocolo (referência bibliografica 3). Código de procedimento de 1 dia = 0301060010.
Exemplos mais comuns:
CID: D83- Imunodeficiência comum variável
CID: D83.8- Outras imunodeficiências comuns variáveis
CID: D83.8- Imunodeficiência não especificada com predominância de defeitos de anticorpos
Ao admitir a criança, avaliar se há contraindicações a infusão naquele dia (referência bibliografica 3).
Atentar para comorbidades agudas (Febre, desconforto respiratório com saturação menor que 95%, sinais de
ICC).
1. Carvalho, Beatriz Tavares Costa, et al. "I Consenso Brasileiro sobre o Uso de Imunoglobulina
Humana em Pacientes com Imunodeficiências Primárias." Rev. Bras. Alerg. Imunopatol.–Vol 33.3
(2010): 105.
2. Condino-Neto et al. Guidelines for the use of human immunoglobulin therapy in patients with
primary immunodeficencies in Latin America. Allergol Immunopathol (Madr), 2013.
3. Goudours, Ekaterini Somes et al. II Consenso brasileiro sobre o uso de imunoglobulina humana em
pacientes com imunodeficienias primarias. Einstein – vol 15(1), 2017 pag 1-16.
ANEXO 1 - AGENDAMENTO DE INFUSAO DE IMUNOGLOBULINA - Imunologia infantil
Observações:
Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica
Abordagem da
criança com I.T.U e
Pielonefrite
Versão 2.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de
Atenção à Saúde da
Criança e Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Introdução
A Infecção do Trato Urinário (ITU) está entre as doenças bacterianas invasivas mais frequentes e de
maior risco durante a infância, especialmente entre os lactentes. Comumente pode estar associada a
alterações anatômicas e/ou funcionais do trato urinário e, por isso, trazer complicações graves.
Portanto, deve ser corretamente diagnosticada, tratada e analisada quanto a fatores associados e de
risco.
Definição:
Revisão Teórica
Epidemiologia:
No primeiro ano de vida, as ITUs são mais comuns em meninos (3,7%) do que em meninas
(2%), principalmente nos 6 primeiros meses. Posteriormente, há predomínio do sexo feminino
(podendo atingir a proporção de 10:1 em relação ao sexo masculino), sobretudo após os 5 anos.
A prevalência também é maior na raça branca.
Cerca de 30 a 40% das crianças irão apresentar pelo menos um episódio de recidiva durante os
primeiros 6 a 12 meses após a primo-infecção. Fatores de risco para recorrência incluem refluxo
vesicoureteral (RVU) e disfunção miccional. A ITU pode ser ainda o primeiro sinal da presença de
anomalias congênitas do rim e trato urinário em 30 a 50% das crianças.
A prevalência de Pielonefrite varia de 26% até 60%, podendo chegar a 90% em casos de ITU febril
e RVU de alto grau. Após um episódio de pielonefrite, até 46% das crianças evoluem com formação
de cicatriz renal permanente.
Etiologia:
Fisiopatologia:
Via ascendente: É a via mais comum e mais importante. Bactérias da flora intestinal que
colonizam a região perineal ascendem pela uretra e atingem as vias urinárias.
Via hematogênica: responsável por apenas 2% dos casos. Ocorre principalmente no período
neonatal determinando ITU grave, que pode evoluir com sepse.
Manifestações Clínicas:
Lactentes Sintomas inespecíficos como hiporexia, vômitos e baixo ganho de peso também podem
ser observados;
Sintomas urinários: Raros. Urina com odor fétido pode ser relatada;
OBS: Fatores que também podem influenciar as manifestações clínicas da ITU: situação nutricional,
presença de anormalidades do trato urinário, número de infecções anteriores e intervalo de tempo do
último episódio.
Anamnese:
Idade: Nos recém-nascidos e lactentes jovens (menores de 2 meses) a infecção é mais grave,
pelo maior risco de bacteremia, sepse de foco urinário e cicatriz renal;
Padrão miccional: frequência, periodicidade e volume das micções, incontinência urinária
diurna e/ou enurese, características do fluxo;
Sintomatologia específica de ITU;
Sintomas gerais associados (febre, vômitos, diarreia, déficit ponderal...);
Hábito intestinal (constipação e escapes fecais) / parasitoses;
Presença de leucorreia (vulvovaginite) ou presença de fimose com balanopostite;
Atividade sexual em adolescentes;
História Pregressa: infecção primária ou recorrente, histórico de malformações do trato
urinário, cirurgias anteriores;
História Gestacional: achados ultrassonográficos como hidronefrose, alterações do tubo
neural e alterações no volume do líquido amniótico, bacteriúria materna na gestação (aumenta
até 4x o risco de ITU no período neonatal);
História Familiar: uropatias congênitas e outras enfermidades ligadas ao trato urinário,
incluindo RVU, obstrução do trato urinário e litíase renal.
Exame Físico:
Diagnóstico Laboratorial:
Não substitui a urocultura no diagnóstico de ITU, mas pode apresentar alterações permitindo
iniciar precocemente o tratamento;
Amostra deve ser fresca (<1h em temperatura ambiente ou <4h sob refrigeração);
Leucocitúria, hematúria e cilindrúria são só sugestivas de ITU, mas não permitem seu
diagnóstico definitivo;
(Podem ocorrer em: vulvovaginite, balanopostite, infecções virais, reação pós-vacinal,
gastroenterocolite, desidratação, febre, queimaduras, colagenoses, infecção em outros sítios,
doenças infamatórias, manipulação instrumental do trato urinário ou digestivo);
O achado de nitrito positivo tem alta especificidade para ITU. Porém, ele nunca deve ser
considerado de maneira isolada.
- Situações falso-positivas: estados inflamatórios, dietas ricas em nitratos...
- Situações falso-negativas: infecções por leveduras ou bactérias Gram positivas; números
extremamente grandes de bactérias na urina; densidade urinária elevada;
2) Gram ou BUNC:
Esterase Nitritos
Leucocitúria Gram
leucocitária positivos
Sensibilidade 83% 50% 73% 93%
Duas ou mais cepas de bactérias diferentes em uma mesma amostra: Considerar como
contaminação;
Contaminantes comuns: Lactobacillus sp., Corynebacterium sp., Staphylococcus sp.
coagulase-negativo e Streptococcus α-hemolítico;
Observações:
- A coleta deve ser feita após limpeza da genitália com água e sabão, sendo contraindicados os
antissépticos.
- APÓS SOLICITAR OS EXAMES DE URINA NO AGHU, ENTREGAR O NÚMERO DE
SOLICITAÇÃO NO POSTO DE ENFERMAGEM;
- Detalhes sobre como realizar cada método de coleta e suas indicações encontram-se descritos no
Anexo 1;
Bacterirúria assintomática:
- É caracterizada por 3 uroculturas consecutivas com bacteriúria significativa (acima de
100000 UFC) em um período de 3 dias a 2 semanas, em crianças > 5 anos sem nenhuma
sintomatologia;
- Pode ser transitória ou persistente;
- Geralmente desaparece em dias ou semanas e dificilmente recidiva;
- Não necessita de tratamento.
Vulvovaginite / Oxiuríase;
Nefrolitíase;
Tumor;
Corpo estranho;
Disfunção vesical;
DST;
Irritantes locais.
Tratamento
A antibioticoterapia deve ser iniciada imediatamente após a coleta da urina, pois a demora para
começar o tratamento é fator de risco para o aparecimento de lesão renal.
1) Definir local de tratamento:
2) Medidas Gerais:
3) Tratamento Erradicador:
Tabela 4. Opções de antibióticos por Via Oral para tratamento de ITU (Indicações: crianças > 3
meses, sem sinais de toxemia, com estado geral preservado, hidratadas e capazes de ingestão oral).
DROGA DOSE
Cefalexina (1ª escolha) 50-100 mg/kg/dia, de 6/6h
Cefadroxil 30-50 mg/kg/dia, de 12/12h
Ácido Nalidíxico 60 mg/kg/dia, de 6/6h
Amoxicilina + clavulanato 50 mg/kg/dia, de 12/12h
DROGA DOSE
Amicacina (1ª escolha) 15 mg/kg/dia EV de 24/24h ou de 12/12h
Gentamicina 7,5 mg/kg/dia de 8/8h
Ampicilina* 100 – 200 mg/kg/dia de 6/6h
Ceftriaxone 50 – 100 mg/kg/dia de 12/12h
Ceftazidima 100 – 150 mg/kg/dia de 8/8h
Cefotaxima 100 – 200 mg/kg/dia de 6/6h ou de 8/8h
*Ampicilina deve ser usada em associação com aminoglicosídeos, nos pacientes < de 2 meses.
OBS: a maioria dos antimicrobianos requer ajuste de dose para insuficiência renal!
- Sulfametoxazol + trimetoprim, embora ainda seja citado na literatura como sendo
uma opção para o tratamento oral da ITU, deve ter seu uso evitado devido ao seu alto
índice de resistência (chega a 60% in vivo).
4) Avaliar resposta terapêutica:
Boa resposta: melhora do quadro clínico geral e a redução da febre em 48 a 72 horas;
Urocultura de controle:
- 48 – 72h de antibioticoterapia;
- Final do tratamento (último dia de antibiótico);
- 48 – 72h após término da antibioticoterapia;
Falha terapêutica:
- Crianças que persistem com sintomas e febre por mais de 48 horas;
- Possibilidades: germe resistente ou ausência de cobertura;
Cobrar antibiograma e avaliar troca de antibiótico;
Avaliar USG ou TC do trato urinário para descartar: abscesso renal, nefrolitíase,
anomalias ou obstrução do trato urinário;
Toda criança, independentemente de idade e sexo, que tenha diagnóstico de certeza de ITU merece
uma investigação por imagem. (Vide fluxograma ao final)
Nas crianças que apresentem recidivas frequentes da ITU, mesmo com estudo
morfofuncional do trato urinário dentro da normalidade;
- Nesses casos, deve ser utilizada por período de 6 a 12 meses, podendo, quando
necessário prolongar-se o tempo de uso.
Adaptado de BURNS, Dennis Alexander Rabelo; et al. Tratado de Pediatria: Sociedade Brasileira de
Pediatria. 4 ed. Barueri, SP: Manole, 2017.
ANEXO 1
1) Saco coletor:
É o mais utilizado na prática. Porém, tem alto potencial de contaminação, o que pode deixa-lo
pouco confiável.
Urocultura negativa coletada através de saco coletor DESCARTA ITU. Se positiva, alguns
autores indicam nova coleta, através de outro método mais confiável.
Menina na posição ginecológica e menino tentar expor a glande. Realizar assepsia com
clorexidina sabão ou sabão neutro;
Se não conseguir coletar urina em 20 a 30 min, fazer novamente assepsia e colocar novo
saco coletor;
A urina deve ser enviada imediatamente para o laboratório.
2) Cateterismo Vesical:
Utilizar bandeja de cateterismo vesical estéril, higiene das mãos, capote, máscara, luva estéril.
Deve ser realizado pelo Enfermeiro Chefe, solicitar que o mesmo ensine ou deixe que o residente
faça sob supervisão.
No sexo feminino:
No sexo masculino:
3) Punção Suprapúbica:
Utilizar: máscara, capote, higiene das mãos, luva estéril, seringa e agulha 25 x 7 cm (cinza).
Técnica do procedimento:
Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica
Intoxicações Exógenas
Versão 1.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de
Atenção à Saúde da
Criança e Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE
JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Dra. Angelita Lucas Garcia,
Pediatra e plantonista da
Cria o Protocolo Clínico e Enfermaria de Pediatria HU
Dr. Lúcio
Diretriz Terapêutica de UFJF
18/09/2018 1.0 Henrique de
‘’Intoxicações Exógenas na Dra. Danielle Meira Almeida
Oliveira
Infância’’ Ramos – Residente de
Pediatria
Objetivos:
Introdução
Intoxicações Exógenas
CID10: T 50.9 - Intoxicação por outras drogas, medicamentos e substâncias biológicas e as não especificadas
A exposição a produtos tóxicos, farmacêuticos ou não, constitui um grave problema de saúde pública,
principalmente na faixa pediátrica e em adolescentes, sendo uma importante causa de morbidade nesses grupos.
No Brasil, os medicamentos são os principais agentes responsáveis, segundo estatísticas mais recentes. Seguem-
se, de modo expressivo, as intoxicações por produtos domissanitários, os pesticidas e os produtos químicos de
uso industrial. Algumas características, de acordo com a faixa etária, são importantes:
Em lactentes com menos de 1 ano de idade, cerca de 60% das intoxicações são produzidas por
medicamentos;
Na criança maior e no adolescente, a intoxicação por produtos domissanitários corresponde a
praticamente o dobro da descrita para a população geral. É bem mais frequente na faixa etária de 1
a 4 anos;
Na faixa etária dos adolescentes, deve-se levantar a hipótese de suicídio. As intoxicações por abuso
de drogas são mais observadas entre 15 e 19 anos.
Toda intoxicação suspeita ou confirmada deverá ser tratada como uma situação clínica potencialmente grave,
pois mesmo pacientes que não apresentam sintomas inicialmente, podem evoluir mal. Dessa forma, a
abordagem inicial deve ser feita de forma rápida e criteriosa.
Avaliação inicial:
Primeiro passo: breve exame físico para identificar as medidas imediatas necessárias para
estabilizar o indivíduo e evitar a piora clínica.
Checar:
Sinais vitais;
Nível de consciência;
Pupilas (diâmetro e reatividade à luz);
Temperatura e umidade da pele;
Oximetria de pulso;
Medida de glicose capilar;
Obter ECG e realizar monitorização eletrocardiográfica, se necessário;
Manter vias aéreas abertas e realizar intubação orotraqueal, se necessário;
Obter acesso venoso calibroso;
Procurar sinais de trauma e marcas de agulha.
História da exposição:
Estratégia dos ‘’5 Ws’’:
Dados relacionados ao paciente (Who – Quem?)
Qual a substância utilizada (What – O quê?)
Qual o horário da exposição (When – Quando?)
O local da ocorrência (Where – Onde?)
O motivo da exposição (Why – Por quê?)
- Paciente: obter o histórico de doenças, medicações em uso, tentativas de suicídio anteriores, acesso a
substâncias e uso de drogas.
- Agente tóxico: procurar saber qual foi a substância utilizada e a quantidade. Sempre que possível, solicitar
para os acompanhantes trazerem os frascos ou embalagens e questionar se pode ser um
produto clandestino.
- Tempo: verificar qual foi o horário da exposição e por quanto tempo a substância foi utilizada, nos casos de
exposições repetidas.
- Local: saber onde ocorreu a exposição e se foram encontrados frascos, embalagens, seringas ou cartelas de
comprimidos próximos ao paciente. Verificar quais medicamentos são utilizados pelos familiares ou pelas
pessoas onde o indivíduo foi encontrado.
- Motivo: identificar a circunstância da exposição, já que é de extrema importância saber se foi tentativa de
suicídio, homicídio, acidente, abuso de drogas e outras (avaliar possibilidade de maus-tratos ou síndrome de
Munchausen por procuração).
Exame físico
Realizar exame físico do paciente verificando os principais sinais e sintomas descritos abaixo:
Odores característicos: ex.: hálito etílico (uso de álcool), odor de alho (organofosforados);
Achados cutâneos: sudorese, secura de mucosas, vermelhidão, palidez, cianose, desidratação,
edema;
Temperatura: hipo ou hipertermia;
Alterações de pupilas: miose, midríase, anisocoria, alterações de reflexo pupilar;
Alterações da consciência: agitação, sedação, confusão mental, alucinação, delírio, desorientação;
Anormalidades neurológicas: convulsão, síncope, alteração de reflexos, alteração de tônus
muscular, fasciculações, movimentos anormais;
Alterações cardiovasculares: bradicardia, taquicardia, hipertensão, hipotensão, arritmias;
Anormalidades respiratórias: bradi/taquipneia, presença de ruídos adventícios pulmonares;
Achados do aparelho digestório: sialorreia, vômitos, hematêmese, diarreia, rigidez abdominal,
aumento ou diminuição de ruídos hidroaéreos;
Estes sinais e sintomas descritos, quando agrupados, podem caracterizar uma determinada síndrome tóxica. Seu
reconhecimento permite um diagnóstico mais precoce do agente causal.
As principais síndromes tóxicas utilizadas para o diagnóstico da intoxicação aguda são: síndrome sedativo-
hipnótica, opioide, colinérgica, anticolinérgica, simpaticomimética e extrapiramidal.
Tabela 1 - Principais Toxíndromes
Síndromes Tóxicas Sinais Vitais Pupilas SNC Outros Sintomas Agentes Tóxicos
Hipotermia
Depressão SNC Barbitúricos
Hipnótica Sedativa Bradicardia Hiporreflexia
Miose Depressão Benzodiazepínicos
Narcótica Hipotensão Edema Pulmonar
respiratória Opióides
Bradipneia
Sialorreia intensa
Sudorese
Hipotermia
Lacrimejamento Organofosforados
Bradicardia Confusão Mental
Colinérgica Miose Náusea/vômito Carbamatos
Hipotensão Convulsões
Dispneia Nicotina
Bradipneia
Broncoconstrição
Fasciculações
Hipertermia Agitação Retenção urinária Atropínicos
Taquicardia Alucinação Mioclonias Anti-histamínicos
Anticolinérgica Midríase
Hipertensão Delírio Convulsões Antidepressivos
Taquipneia Convulsões Mucosas secas tricíclicos
Cocaína
Anfetamina
Hipertermia Agitação
Diaforese Teofilina
Hipertensão Alucinações
Simpaticomimética Midríase Tremores Efedrina
Taquicardia Paranóia
Hiperreflexia Descongestionantes
Hiperpneia Convulsões
nasais
Cafeína
Tremores Haloperidol
Não Sonolência Hipertonia musc. Fenotiazínicos
Extrapiramidal Midríase
característicos Crise oculógira Opistótono Metoclopramida
Trismo Bromoprida
Diagnóstico
Gerais: dependendo do agente envolvido podem ser solicitados:
Hemograma e velocidade de hemossedimentação (VHS);
Eletrólitos séricos, função renal e enzimas hepáticas;
Glicemia;
Coagulograma;
Gasometria arterial;
Eletrocardiograma (ECG) e radiografias (crânio, tórax e abdome);
Urinálise com sedimentoscopia.
Toxicológicos:
A confirmação laboratorial da intoxicação é de valor pequeno em virtude da escassez de métodos adequados de
detecção e da demora dos resultados.
A confirmação do agente responsável pela intoxicação pode ser feita através de:
1. Análise qualitativa: sangue, urina, fluido gástrico
Cromatografia em camada delgada de gel de sílica
Triagem de agentes tóxicos ou screening toxicológico
2. Análise quantitativa: por meio de espectrofotometria de reabsorção atômica, analisando sangue,
urina, liquor, secreções salivares e lavados gástricos.
Tratamento Geral
Contato ocular
1. Lavar com água corrente ou SF 0,9% (medial para lateral) durante pelo menos 5 minutos, mantendo os olhos
bem abertos.
2. Queimaduras por álcalis são 2x mais comuns do que por ácidos.
3.Os álcalis tendem a penetrar mais profundamente do que os ácidos, pois estes coagulam proteínas de
superfície.
4. Curativo oclusivo: somente após correta lavagem!
5. Tratamento tópico:
Antibióticos tópicos (profilaxia da infecção bacteriana): tobramicina de preferência
Epitelizantes: Regencel ou Epitezan
Esteroides tópicos: uso controlado/ reservado para o especialista
Colírios lubrificantes: cicatrização/ controle da inflamação
Sem conservantes (Hyabak): 1 gota de 1 em 1 hora
Com conservantes (Lacrifilm, Ecofilm ): 1 gota de 4 a 6 x ao dia.
Inalação
1. Retirar da vítima do local contaminado e deixá-la em ambiente mais ventilado.
2. Suporte respiratório (aspiração, oxigenação, etc.).
Ingestão
1. A via digestiva é a mais importante do ponto de vista pediátrico.
2. Os agentes cáusticos devem ser diluídos o mais rápido possível para diminuir a lesão local, sendo o
procedimento mais rápido e prático a ingestão de água. É importante a reavaliação e o seguimento endoscópico.
3. Nas intoxicações medicamentosas, não se deve fazer a ingestão de água ou outra substância (leite, por
exemplo), porque isso pode acelerar a sua absorção.
Descontaminação gastrintestinal
A indicação depende da substância ingerida, do tempo decorrido da ingestão, dos sintomas
apresentados e do potencial de gravidade do caso.
Avaliação criteriosa do nível de consciência do paciente.
Sempre considerar intubação orotraqueal, caso julgar necessário, para proteção de VA.
Indicações:
Na ausência de fatores de risco para complicações, como torpor e sonolência;
Na ingestão de quantidades potencialmente tóxicas da(s) substância(s);
Nas ingestões recentes, isto é, até 1 a 2 horas da exposição;
Nos casos envolvendo agentes que diminuam o trânsito intestinal (anticolinérgicos,
fenobarbital, etc.) ou de substâncias de liberação prolongada, a indicação da descontaminação
pode ser mais tardia.
O procedimento divide-se em duas etapas: lavagem gástrica + administração do carvão ativado:
Lavagem gástrica
Não deve ser utilizada como rotina!
Infusão e posterior aspiração de SF a 0,9% através de sonda nasogástrica ou orogástrica, com o
objetivo de retirar a substância ingerida.
Avaliar risco x benefício, pois há grande risco de aspiração.
É contraindicada na ingestão de cáusticos, solventes, quando há risco de perfuração e
sangramentos (varizes de esôfago, cirurgia de TGI recente) e nas fraturas complexas de face/crânio
(falso pertuito).
Utilizar sonda de grande calibre, números 10 a 14, e manter o paciente em decúbito lateral
esquerdo.
Infundir e retirar sucessivamente o volume de SF 0,9% recomendado de acordo com a faixa etária,
até completar o volume total recomendado ou até que se obtenha retorno límpido, da seguinte
forma:
1. Crianças: 5 a 10 mL/Kg por infusão (máximo 250mL por vez) até volume total de:
- Escolares: 4 a 5 L.
- Lactentes: 2 a 3 L.
- RN: 0,5 L.
**ou até que retorne límpido
Paciente de 10kg
Dose de carvão ativado: 1g/kg
1g ----------- 1kg
X ------------ 10kg
X = 10g de carvão ativado
Lavagem intestinal
Administração de solução de polietilenoglicol (PEG) via sonda naso-enteral.
É raramente utilizada, salvo nos casos de ingestão de pacotes contendo drogas (body-packing) ou
de quantidades potencialmente tóxicas de substâncias não adsorvidas pelo carvão ativado (ex.;
ferro, lítio, etc).
Contraindicada na presença de íleo paralítico, perfuração gastrintestinal, hemorragia gastrintestinal
e instabilidade hemodinâmica.
Dose recomendada:
Crianças de 9 meses a 6 anos: 500 mL/h.
Crianças de 6 a 12 anos: 1000 mL/h.
Adolescentes e adultos: 1500 a 2000 mL/h.
1. Paracetamol
Dose tóxica crianças:
< 6 anos: 200mg/kg
> 6 anos: 150mg/kg
Dose tóxica adolescentes e adultos: 6 a 10g.
Exames laboratoriais:
Nível sérico após 4 horas da ingestão (entre 4 e de 16 horas). Níveis obtidos antes das de 4 horas
podem não refletir a absorção completa e não devem ser usados para prever a toxicidade;
Hemograma, glicemia, eletrólitos;
TGO, TGP, TAP/TTPA, INR;
Bilirrubinas totais e frações;
Função renal.
Tratamento:
Descontaminação: Lavagem gástrica até 2 horas após a ingestão de grandes doses. Carvão ativado:
dose de ataque até 6 horas a pós a ingestão.
Antídoto N-acetilcisteína: – Dosagem oral inicial: 140mg/kg – Dose de manutenção: 70mg/kg a
cada 4 horas. – 17 doses de 4 em 4 horas. Dose endovenosa: inicial de 150mg/kg (40- 60min);
primeira dose de manutenção de 50mg/kg (em 4 horas); segunda dose de manutenção 100mg/kg
(em 16 horas).
Indicações:
Nível sérico acima da linha de possível toxicidade no Normograma Rumack- Matthew(anexo
2);
Historio de ingestão de doses tóxicas e concentração não disponível ou tempo de ingestão
desconhecido.
Idealmente deve ser iniciado em 8 a 10 horas, reduzindo, mas não descartando seu benefício após
12 a 16 horas.
Administrar NAC endovenoso ou via oral por 20 horas e acompanhar os níveis de transaminases e
o TP. Caso haja evidências de lesão hepática, prosseguir tratamento até que os laboratoriais
melhorem.
Importante: Observação clínica e laboratorial por pelo menos 72 horas (é nesse período quando podem iniciar as
alterações de função hepática).
2. Ibuprofeno
Dose tóxica: Dose inferior a 200mg/kg raramente causa toxicidade, mas a ingestão superior a
400mg/kg pode produzir efeitos sérios, como alteração de sensório e acidose metabólica.
Exames laboratoriais: avaliação da função renal e hepática, glicose, eletrólitos, gasometria, hemograma com
plaquetas, provas de coagulação.
Tratamento:
Suporte de acordo com a evolução.
Em intoxicações leves: protetores de mucosa.
Se ingestão menor que 100mg/kg: pode ser observada em casa.
Se ingestão maior que 400mg/kg: requer internação hospitalar, lavagem gástrica e carvão ativado.
Dose tóxica
Resposta variável e não diretamente relacionada à dose.
Em crianças menores de 6 anos, a ingestão de quantidades pequenas de 1 a 2 ml de soluções para
uso nasal ou ocular podem causar sintomas sistêmicos.
Em crianças menores de 3 anos, 1 ou duas gotas, seja por via nasal, oral ou ocular, pode causar
toxicidade.
Diagnóstico/Exames laboratoriais:
O diagnóstico clínico e os exames laboratoriais geralmente estão normais.
ECG pode mostrar bradicardia ou arritmias.
Tratamento: como a absorção é muito rápida, o esvaziamento gástrico e o emprego de carvão ativado não estão
indicados. Medidas para aumentar a eliminação não estão indicadas. Não há antídoto específico.
Medidas sintomáticas e de suporte (aquecimento do paciente, monitorização e O2 se necessário).
A estimulação cutânea leve, geralmente, melhora a bradicardia e a atividade, manter familiares ao
lado do paciente.
Se a bradicardia resultar em instabilidade hemodinâmica, utilizar atropina (0,01 a 0,05 mg/Kg IV,
repetir a cada 5 minutos se necessário).
A hipertensão arterial é passageira e melhora espontaneamente. Se houver hipotensão >
ressuscitação volêmica com SF 0,9%, IV, 20 ml/Kg.
4.Anti-convulsivantes
4.1. Carbamazepina
Dose terapêutica:
A dose terapêutica máxima em crianças abaixo de 6 anos é de 10 a 35 mg/kg/dia.
Para crianças de 6 a 12 anos, é de 200mg/dia, até a dose máxima de 1000 mg/dia.
Dose tóxica:
Doses > 10 mg/Kg já podem resultar em nível sérico acima do terapêutico (4-12 mg/L);
Níveis séricos menores de 30mcg/mL estão associados a sintomas moderados.
Níveis acima de 40mcg/mL são acompanhados de convulsões, coma e hipotensão.
Tratamento:
Tratamento de suporte (hipertermia, arritmias cardíacas, hiponatremia, choque e coma).
Assintomáticos devem ser observados por no mínimo 6 horas após a ingestão e por pelo menos
12 horas se tiverem recebido fármaco de liberação prolongada.
A lavagem gástrica é eficaz apenas quando empregada até 1-2 horas.
Administração de CA VO em múltiplas doses (de 4/4h ou de 6/6h) caso as condições sejam
apropriadas tem sido eficaz na intoxicação grave.
Diazepínicos ou barbitúricos no controle de convulsões.
Arritmias: se aumento do intervalo QRS>140 mseg ou arritmias ventriculares, administrar
bicarbonato de sódio 1-2 mEq/Kg IV em bolus e repetir se necessário; manter pH entre 7.45 e 7.55.
Dose Tóxica:
Intoxicação leve: > 200mg/kg, depressão do SNC;
Intoxicação moderada: > 400mg/kg, efeitos em múltiplos órgãos;
Intoxicação grave: > 750mg/kg, potencialmente letal.
4.3. Fenobarbital
Dose tóxica
Depende da tolerância do indivíduo, mas é, geralmente, de 5 a 10 vezes a dose terapêutica;
A ingestão de 8 mg/Kg de fenobarbital pode causar depressão do SNC em indivíduos não-
tolerantes e doses acima de 3 - 6 g são potencialmente fatais se não houver suporte adequado;
Manifestações Clínicas
Intoxicação leve a moderada: sonolência, fala arrastada, nistagmo, ataxia, confusão mental.
Intoxicação grave: coma, hipotensão, diminuição da contratilidade cardíaca, hipotermia e
insuficiência respiratória.
Diagnóstico
1. Clínico: baseado na história de exposição ao agente e no exame físico.
2. Complementar
Laboratorial específico: nível sérico de fenobarbital
nível terapêutico como anticonvulsivante: de 10 a 20 mg/L;
níveis > que 30 mg/L estão associados a nistagmo, ataxia e sonolência;
níveis > que 60-80 mg/L estão associados a coma;
níveis > que 150-200 mg/L estão associados a hipotensão grave.
Laboratorial geral: monitorar ritmo cardíaco (ECGs), saturação de O2, eletrólitos, função renal e
hepática, glicose, gasometria e CPK.
Tratamento
1. Suporte
2. Descontaminação
Administrar carvão ativado 1 g/Kg;
Lavagem gástrica não é necessária nas pequenas e moderadas ingestas se o carvão puder ser
administrado rapidamente.
Eliminação
Meia-vida: depende do agente (ex.: midazolam – 2 a 3 horas; alprazolam – 14 horas; diazepam - 32
horas).
Manifestações Clínicas
Intoxicação leve a moderada: sonolência, sedação, fala arrastada5
Intoxicação grave: coma com depressão respiratória, hipotensão e hipotermia, principalmente com
o uso endovenoso ou em associação com outros depressores do SNC;
Depressão respiratória pode ocorrer em crianças, mesmo com doses terapêuticas
Síndrome de abstinência: pode ser precipitada pela descontinuação abrupta após longo tempo de
uso de benzodiazepínicos.
Diagnóstico
1. Clínico: história de exposição ao agente e no exame físico
2. Complementar
Laboratorial específico: análises qualitativas (sérica e urinária) para a detecção de
benzodiazepínicos. Teste negativo não exclui a intoxicação.
Laboratorial geral: ECG, eletrólitos, função hepática, função renal, hemograma, glicemia,
Tratamento
1. Medidas de suporte
2. Descontaminação: administrar carvão ativado 1 g/Kg. Lavagem gástrica não é necessária nas pequenas
e moderadas ingestões.
Antídoto: Flumazenil: raramente utilizado, pois as intoxicações isoladas por benzodiazepínicos geralmente não
representam risco de vida. Portanto, o seu uso é reservado para situações envolvendo sedações iatrogênicas ou
intoxicações graves com depressão respiratória.
Dose inicial: 0,01mg/kg IV (máximo 0,2mg/kg) em 15 a 30 segundos e repetida em intervalos de 1
a 2 minutos conforme a necessidade até a quantidade máxima de 1 mg acumulado.
6. Sais de Ferro
Sempre calcular a dose de ferro elementar conforme o sal ingerido;
Intoxicações consideradas graves e que geralmente irão precisar de tratamento quelante estão acima
de 40 a 60 mg de ferro elementar/Kg;
Os sintomas da intoxicação por ferro evoluem em fases, portanto um paciente assintomático que
ingeriu dose de risco deve ficar em observação e ser dosado o nível de Fe sérico;
A análise do ferro sérico deve ser feita na urgência, colhida entre 4 a 6 horas após a exposição;
Considerar que os sais de ferro podem ser corrosivos e que intoxicações graves estão associadas a
sintomas GI importantes e precoces, com vômitos e/ou sangramento.
Manifestações clínicas
1ª fase - 30 min a 6 horas: Lesão de mucosa GI, náuseas, vômitos, febre, distensão abdominal,
hematêmese, melena, alterações cardiovasculares (taquicardia, palidez, hipotensão), hiperglicemia,
leucocitose, letargia e coma;
2ª fase - 6 a 24 horas: Falsa melhora dos sintomas, atribuída à distribuição do ferro, provocando o
acometimento sistêmico;
3ª fase - 24 a 48 horas: Piora progressiva do quadro com choque, convulsões, coma, acidose
metabólica, alterações da coagulação, falência hepática e renal, pode evoluir para óbito;
4ª fase - de 2 a 8 semanas: Quando superada a fase anterior, podem ocorrer sinais de cicatrização
das lesões GI com estenose e alterações hepáticas.
Diagnóstico
1. Clínico: história de exposição ao agente e na presença de vômitos, diarréia, hipotensão e outros achados
clínicos.
2. Complementar
Laboratorial: nível sérico de ferro, conforme Tabela 3.
Laboratorial geral: controle de ionograma, função hepática e renal, coagulograma;
Tabela 3 - Correlação entre nível de ferro sérico e quadro clínico
Ns entre 50 -150 mcg/dl: normal.
Ns entre 150 - 450 mcg/dl: sintomas GI.
Nível sérico de ferro Ns > 450 mcg/dl: manifestações sistêmicas.
Ns entre 800-1.000mcg/dl: intoxicação grave.
Ns >1.000mcg/dl: potencialmente letal
A presença dos achados laboratoriais abaixo, sugerem ingestão de quantidade significativa de ferro:
- Hemograma: Leucocitose acima de 15.000,
- Gasometria arterial: Presença de acidose metabólica é indicativa de intoxicação grave,
- Glicemia: hiperglicemia > 150 mg/dl.
Tratamento
1. Medidas de Suporte
2. Descontaminação
Lavagem gástrica com SF 0,9% pode ser utilizada nas primeiras horas se houver a confirmação da
presença de comprimidos ou drágeas no estôhmago pelo RX simples, considerar que a retirada de
drágeas pode ser pouco eficaz pela SNG;
O carvão ativado não adsorve metais e não está indicado.
1. Desinfetantes e antissépticos
Antissépticos: povidine, clorexidina, permanganato de potássio, álcoois.
Desinfetantes: cloreto de benzalcônio, fenóis, peróxido de hidrogênio (água oxigenada), formaldeído,
cloro, hipoclorito de sódio (água sanitária).
Dose Tóxica
A intoxicação por estes produtos ocorre, na maioria das vezes, por ação direta local. Portanto, quanto maior a
concentração do produto em determinada solução, mais danos poderá haver.
Manifestações Clínicas
A maioria das intoxicações com soluções de baixa concentração é benigna, com leve irritação local. Quando a
ingestão é de grandes quantidades, podem ocorrer náuseas e vômitos.
Soluções concentradas podem causar queimaduras sobre a pele e membranas mucosas, além de lesões
corrosivas da orofaringe, esôfago ou estômago.
Diagnóstico
Clínico: baseado na história de exposição e na presença de desconforto gastrintestinal ou lesões
corrosivas de mucosas.
Complementar: eletrólitos, glicose, RX tórax e abdome, endoscopia digestiva alta para determinados
casos.
Tratamento
1. Medidas de suporte
3. Sintomáticos
Manter o psaciente em jejum até a melhora dos sintomas;
Após a primeira hora, reintroduzir alimentação gradativamente (primeiro - líquidos, depois - alimentos
pastosos, após - sólidos);
Administrar protetores gástricos e antieméticos;
Se paciente permanecer sintomático ou quando há suspeita de lesões corrosivas, considerar endoscopia
digestiva alta.
2. Naftaleno e Paradiclorobenzeno
Dose Tóxica
Naftaleno: 1 a 2 g (4 a 8 bolas de naftalina) pode provocar letargia e convulsão.
Paradiclorobenzeno: menos tóxico que o naftaleno, ingestões de até 20 g são bem toleradas por
adultos.
Manifestações clínicas
1. Naftaleno
Ingestão ou inalação:
Cefaleia;
Náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal;
Hepatomegalia ou esplenomegalia;
Excitação de sistema nervoso central – convulsão;
Hemólise;
Formação de metemoglobina;
Acidose metabólica;
Hemoglobinúria;
Insuficiência renal.
2. Paradiclorobenzeno
Menos tóxico que a naftalina. Os efeitos da intoxicação aguda geralmente incluem náuseas,
vômitos, cefaleia e irritação de mucosas.
Diagnóstico
Clínico: baseado na história de exposição.
Complementar: hemograma, eletrólitos, enzimas hepáticas, função renal, EAS, nível sérico de
G6PD, dosagem sérica de metemoglobina (em pacientes cianóticos); Raio-x abdome (pode ajudar a
diferenciar qual substância foi ingerida; paradiclorobenzeno é mais radiopaco que o naftaleno).
Tratamento
1. Medidas de suporte:
Suporte respiratório: Oxigenoterapia por máscara de oxigênio (pacientes conscientes); pacientes
com instabilidade hemodinâmica ou sintomas neurológicos: Intubação orotraqueal e oxigênio a 100
2. Descontaminação
Se exposição cutânea/ ocular: lavar a pele e irrigar os olhos copiosamente com água ou SF.
Em pacientes alertas, está indicada a administração de carvão ativado via oral
Lavagem gástrica não é eficaz: as bolinhas não passam pela sonda.
Administrar benzodiazepínicos se houver convulsão;
Administrar azul de metileno em casos de metemoglobinemia > 30%.
1 a 2 mg/kg em solução a 1% (0,1 a 0,2 mL/kg), EV, em 5 minutos
Critério de alta: Todo paciente com resultados de exames laboratoriais sem alterações, e que
permanecerem assintomáticos por um período de 6 horas, podem ser dispensados com a orientação de
retornar após 5 dias para controle de hemograma e EAS.
Orientação após alta: Pacientes devem ser instruídos a observar qualquer sintomatologia até 5 dias
após a exposição, e retornar ao hospital caso apresentem algum sintoma.
3. Agentes cáusticos
Ácidos: O mecanismo de lesão é por necrose de coagulação, produzindo ressecamento da mucosa e escaras.
Resultando em edema, eritema, ulceração e necrose do tecido.
Álcalis: O mecanismo de lesão é por necrose de liquefação, ocorrendo dissolução de proteínas, destruição de
colágeno, saponificação de gorduras e trombose transmural, resultando em lesão extensa por penetração
profunda no tecido.
Dose Tóxica
Não há dose tóxica específica porque a concentração e a potência dos diversos produtos variam
amplamente.
As lesões provocadas dependem também do pH do agente, da quantidade e da duração da
exposição.
Manifestações clínicas
Disfagia, dor em cavidade oral, sialorreia, vômitos, hematêmese ou dor retroesternal.
A perfuração esofágica ou gástrica poderá ocorrer, acompanhada por dor abdominal ou torácica
intensa, com sinais de irritação peritoneal. A escarificação do esôfago ou do estômago poderá levar
a um estreitamento permanente e à disfagia crônica;
Acidose metabólica, insuficiência renal ou hepática;
Exposição cutânea e ocular: dor imediata e vermelhidão, podendo ocorrer queimaduras extensas e
risco de perda da visão;
Inalação de gases corrosivos (ex.: cloro e amônia): pode provocar intensa irritação do trato
respiratório, com sintomas como rouquidão, estridor, e edema pulmonar;
Diagnóstico
Clínico: história de exposição e achados característicos: irritação em pele, olhos ou mucosa,
sialorreia, dificuldade para engolir, dor torácica ou abdominal.
Complementar: Hemograma, eletrólitos, glicose, gasometria, RX tórax e abdome, endoscopia
digestiva alta.
Rx tórax - descartar pneumonia de aspiração, mediastinite, perfuração de esôfago e estômago
Rx abdome - descartar ascite e pneumoperitônio, caso tenha ocorrido perfuração
Tratamento
1. Medidas de suporte.
2. Descontaminação
Quando a exposição for cutânea ou ocular, lavar a pele e irrigar os olhos copiosamente com água
ou soro fisiológico;
Em casos de ingestão, a descontaminação gastrintestinal é contraindicada.
4. EDA: indicada para todos os pacientes, independente da quantidade relatada, que tenham ingerido um
produto básico com pH >12,0 ou ácido com pH <2,0.
Realizada entre 12-24 h, podendo estender até 48 h e, no máximo até 96 h, se o procedimento
for realizado com cuidado e insuflação delicada.
Precoce (4-6h): subestima grau de lesão tecidual e induz vômito
Tardia (>96h): maior risco de perfuração esofágica
5. Dieta:
Lesão Grau 1-2a de Zargar: alimentação oral precoce (anexo 3).
Lesão Grau > ou igual 2b de Zargar: alimentação enteral – parenteral.
7. Corticóide:
Reservado para os casos de comprometimento de via aérea
8. Antibióticos:
Pacientes em uso de corticóides
Comprometimento pulmonar
Zargar 2b e 3
Cobertura para gram (+), gram (-) e anaeróbio - opções:
Ceftriaxona (100mg/kg/dia) + clindamicina (40mg/kg/dia)
10. Seguimento: EDA de controle 14 dias após ingestão (sequela x controle de cura)
Manifestações clínicas:
1. Agudas
Muscarínicas: Salivação, sudorese, lacrimejamento, hipersecreção brônquica, bradicardia, miose,
vômitos e diarreia;
Nicotínicas: Taquicardia, hipertensão, midríase, fasciculações, fraqueza muscular e hiporreflexia,
podendo evoluir para paralisia dos músculos respiratórios;
Centrais: Agitação, labilidade emocional, cefaleia, tontura, confusão mental, ataxia, convulsões e
coma.
2. Tardias
Intoxicações graves por inseticidas inibidores das colinesterases habitualmente estão associadas a
distúrbios ácidobásicos, metabólicos e hidroeletrolíticos.
Diagnóstico
Clínico: história de exposição aos agentes inibidores da colinesterase;
Complementar:
1) Laboratorial geral: hemograma (leucocitose ou leucopenia reversíveis), glicose (hiperglicemia
transitória), funções hepática e renal, amilase e lipase (podem estar 3 ou mais vezes acima do normal),
gasometria, eletrólitos, ECG, CPK.
2) Laboratorial específico
O método mais utilizado para a determinação da atividade enzimática das colinesterases é o de
Ellmann:
Valores de referência (método de Ellman):
- Plasmática: 1,3 a 7,8 ΔA/min/mL;
- Sangue total: 15,5 a 31,0 ΔA/min/mL;
- Eritrocitária: 32,0 a 58,0 ΔA/min/mL.
Tratamento
1. Medidas de suporte (permeabilidade de vias aéreas, O2 se necessário, hidratação venosa, lavagem
corporal exaustiva em caso de contaminaçao dérmica)
2. Descontaminação:
Lavagem gástrica precoce com SF 0,9% até 1 hora após ingestão;
Carvão ativado por SNG após realizar a lavagem gástrica; de 4/4 horas ou de 6 /6 horas. Ministrar
até 4 doses.
Observar se o paciente apresentou episódios de vômitos espontaneamente. Nessa situação, a
lavagem gástrica não é indicada, devendo-se realizar o tratamento sintomático (antieméticos) e
administrar apenas o carvão ativado.
Antídoto: Atropina: Dose inicial: Sulfato de atropina IV (0,02 a 0,05 mg/kg de peso) in bolus;
Apresentação mais frequente: sulfato de atropina, ampolas com 0,25 mg/mL ou 0,5mg/mL.
Repetir a cada 10- 20min minutos até obter sinais de atropinização.
Atropinização adequada: desaparecimento dos sintomas muscarínicos, especialmente com a
melhora da hipersecreção pulmonar, do broncoespasmo e da oxigenação tecidual.
A melhora pulmonar nem sempre ocorre simultaneamente ao desaparecimento dos demais
sintomas colinérgicos. A miose é um dos últimos parâmetros a ser revertido.
Evitar o uso de infusão intravenosa contínua (menos eficaz na obtenção da atropinização adequada
e maior risco de intoxicação atropínica - febre, rubor de pele, agitação, delírio e taquicardia e
midríase).
Intoxicação por atropina (taquicardia, RHA-, hipertermia, delírio e retenção urinária): interromper a
infusão por 30 min e reiniciar com dose 20% menor.
Deve-se diminuir a dose da atropina progressivamente conforme a melhora clínica (30 em 30
minutos, 60 em 60 minutos, 2 em 2 horas).
Suspender a atropina quando o paciente estiver assintomático e com espaçamento da atropina de
pelo menos 2 horas, nunca antes disso (pode haver efeito rebote e reaparecimento do quadro de
intoxicação).
3. Sintomáticos
Diazepam para controlar fasciculações, convulsões e hipertensão;
Corrigir hipotensão com volume, utilizar drogas vasoativas em casos refratários;
Antibioticoterapia em caso de broncopneumonia aspirativa.
1. Manual de Toxicologia Clínica: Orientações para assistência e vigilância das intoxicações agudas /
Organizadores: Edna Maria Miello Hernandez, Roberto Moacyr Ribeiro Rodrigues, Themis
Mizerkowski Torres. São Paulo: Secretaria Municipal da Saúde, 2017. 465 p.
3. Intoxicações agudas por medicamentos de uso comum em pediatria/ Guia Prático de Atualização /
Departamento científico de toxicologia : Sociedade Brasileira de Pediatria. Nº 01, Fevereiro de 2018.
4. Perfil epidemiológico das intoxicações exógenas na cidade de Juiz de Fora – MG / HU Revista, Juiz de
Fora, v. 43, n. 2, p. 149-154, abr./jun. 2017
5. Pronto Socorro/ coordenadores Claudio Schvartsman, Amélia Gorete Reis, Sylvia Costa Lima Farhat. –
3ed. – Barueri, SP : Manole, 2018 – (Coleção Pediatria do Inatituto da Criança do HCFMUSP; 7 /
coordenação Benita G. Soares Schvartsman, Paulo Taufi Maluf Jr e Magna Carneiro – Sampaio)
7. Intoxicações Exógenas agudas / Schvartsman C, Schvartsman S., J Pediatr (Rio J). 1999; 75(Supl.2):
S244-S50.
Sangramento
Desmopressina, Antidiurético potente, pode
relacionado
acetato 0,3 mcg/kg, EV lento acarretar retenção hídrica e
à aspirina
(DDAVP) hiponatremia
Parkinsonismo (reações
extrapiramidais)
induzido por drogas 0,05 a 0,15 mg/kg, EV Lento Pode ser usado como droga de
(alfa-metildopa, abuso (acarreta dependência
Biperideno
droperidol, Adultos = 2 a 5 mg farmacológica); pode acarretar
fenotiazina, distúrbio anticolinérgico
metoclopramida,
haloperidol,
reserpina)
Hipoglicemia pela
insulina, intoxicação Meia-vida curta
50 a 150 mcg/kg
por betabloq.Depressão Efeitos colaterais: hiperglicemia,
(DM = 10 mg), IM, SC, EV
Glucagon miocárdica pelos náuseas, vômitos e
bloq. de reações de hipersensibilidade
canais de cálcio.
Antídoto Indicação Posologia Observação
Metemoglobinemia >
30% 1 a 2 mg/kg em solução
Intoxicação por a 1% (0,1 a 0,2 mL/kg), Náuseas, vômitos, tontura,
Azul de anilina, anestésicos EV, em 1 h sudorese, confusão mental, dor
metileno locais, clorados, torácica, dor abdominal, hemólise
naftalina, nitritos, Adultos = 65 a 130 mg, (na deficiência de G6PD –
nitratos, 8/8 h, VO glicose-6-desidrogenase)
metoclopramida,
quinolonas
ANEXO 2 – Normograma de Rumack – Matthew (O nível sérico de paracetamol deve ser lançado no
nomograma, que correlaciona a concentração plasmática de paracetamol livre com o tempo em que ela foi
obtida entre 4 a 24 horas após uma ingestão aguda única e determina
a necessidade de terapia com antídoto específico. Considerar uso de NAC se nível sérico de paracetamol
ultrapassar a linha de toxicidade possível.
ANEXO 3
Grau 0: normal
Doença de Kawasaki
Versão 1.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de Atenção
à Saúde da Criança e
Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Dr. Alexandre Tavares
Cria o Protocolo Clínico e Cerqueira
Dr. Alexandre
Setembro/2017 1.0 Diretriz Terapêutica de Doença Dra. Luísa Coutinho de Lima
Tavares Cerqueira
de Kawasaki Costa - Residente R2 de
Pediatria
Objetivos:
Saber identificar precocemente e tratar a Doença de Kawasaki, de forma a diminuir sua morbidade e
mortalidade;
Solicitar exames pertinentes para diagnóstico e conduta;
Estabelecer acompanhamento adequado para as crianças diagnosticadas.
Introdução
A Doença de Kawasaki é uma vasculite sistêmica aguda, autolimitada, de etiologia ainda desconhecida e que
ocorre predominantemente em lactentes e crianças jovens. A complicação mais importante da Doença de
Kawasaki é o desenvolvimento de aneurismas de artéria coronariana. A doença é caracterizada por uma
inflamação sistêmica em todas as artérias de médio calibre e em múltiplos órgãos e tecidos durante a fase
febril aguda, levando a associação com achados clínicos como hepatite, pneumonia intersticial, dor
abdominal, vômitos, diarreia, meningite asséptica, miocardite, pericardite, piúria, dentre outros. Seu
diagnóstico é clínico e deve ser realizado precocemente.
CID: M 30.3
Código da internação: 0308040015
Revisão Teórica
Diagnóstico:
O diagnóstico da Doença de Kawasaki é baseado em critérios clínicos. Não existe nenhum exame laboratorial
específico. O diagnóstico precoce é de extrema importância, pois o tratamento é indicado na fase aguda da
doença objetivando reduzir o processo inflamatório e prevenir o desenvolvimento de aneurisma nas artérias
coronárias. As manifestações podem não ocorrer simultaneamente ou no momento do diagnóstico.
Os critérios clínicos são da Doença de Kawasaki segundo a American Heart Association (AHA) são:
* O diagnóstico pode ser feito com menos de 4 critérios se houver febre maior ou igual a 5 dias e
( )
Exantema: Surge normalmente de 1 a 5 dias de febre e pode manifestar-se de várias formas. A mais
comum é um exantema maculo-papular.
Conjuntivite: Bilateral não supurativa; ocorre em 90% dos pacientes. Queixa frequente de fotofobia.
Também pode desenvolver uveíte anterior.
Alterações de mucosa oral: Eritema e fissuras labiais. A língua em framboesa é muito comum. Não
são comuns úlceras, vesículas orais e exsudato amigdaliano.
Alterações de extremidades: São frequentes. Pode surgir eritema, edema de mãos e pés, muitas vezes
dolorosos. Descamação é mais tardia, entre 2 a 3 semanas após o início da doença. Artrite em 7,5 –
25% dos casos.
Laboratório
Os achados laboratoriais estão relacionados ao intenso processo inflamatório.
Alterações laboratoriais
Leucocitose com neutrofilia e desvio à esquerda (50% dos pacientes na fase aguda)
Anemia normocrômica e normocítica
Plaquetose de 500.000 a 1.000.000/mm³ (na 2ª semana, normalizando entre a 4ª e 8ª
semanas)
Aumento de PCR e VHS
Aumento das transaminases (40% dos casos)
Gama GT aumentada
Hiperbilirrubinemia (10% dos casos)
Diminuição do colesterol total e frações
Piúria estéril
Pleocitose no líquor
Leucocitose no líquido sinovial
Quadro 3: Alterações laboratoriais na Doença de Kawasaki (AHA, 2017).
Doença de Kawasaki Incompleta
A doença de Kawasaki na forma incompleta é definida quando o paciente não preenche critérios clínicos
suficientes para fechar a Doença de Kawasaki clássica, tendo as alterações laboratoriais e o ecocardiograma
como ferramentas importantes para auxiliar no diagnóstico.
Suspeita-se da forma incompleta quando o paciente apresenta 5 dias de febre e 2 ou 3 critérios diagnósticos.
Recomenda-se início do tratamento para os pacientes que apresentarem 3 ou mais dos seguintes exames
alterados:
Provas de fase aguda (PCR e VHS)
Dosagem de albumina sérica baixa
Anemia
EAS com leucocitúria (piúria asséptica)
TGP aumentada
Plaquetose (hemograma com plaquetas acima de 450.000/mm³) em pacientes com mais de uma
semana de história
O ecocardiograma alterado também permite estabelecer o diagnóstico nesses pacientes e a indicação
terapêutica.
Diagnóstico diferencial
Devido aos achados clínicos inespecíficos e à falta de provas diagnósticas específicas, deve-se pensar em
outras doenças que possam ter sintomas semelhantes e excluí-las.
Diagnósticos diferenciais
Infecções virais (sarampo, adenovírus, enterovírus e mononucleose)
Escarlatina
Síndrome da pele escaldada
Síndrome do choque tóxico
Linfadenite cervical bacteriana
Reação de hipersensibilidade a drogas
Síndrome de Stevens-Johnson
Artrite reumatóide juvenil
Febre maculosa
Leptospirose
Quadro 4: Diagnósticos diferenciais da Doença de Kawasaki (AHA, 2017).
Tratamento:
Todos os pacientes que preenchem critérios para a Doença de Kawasaki devem ser tratados assim que o
diagnóstico for estabelecido.
A imunoglobulina venosa deve ser instituída nos primeiros 10 dias da doença.
Pacientes que recebam o diagnóstico após os 10 primeiros dias, ainda são candidatos ao tratamento. Aqueles
em que a febre foi resolvida, os valores laboratoriais normalizaram e os ecocardiogramas se encontram
normais, não necessitam de imunoglobulina.
Terapia inicial:
Aproximadamente 10 a 20% dos pacientes desenvolvem febre recrudescente ou persistente em até 36 horas
depois da infusão de imunoglobulina e são resistentes a mesma.
Prognóstico
A maior parte dos aneurismas de artéria coronária se resolve dentro de 5 anos do diagnóstico, porém a medida
que se resolvem pode haver o desenvolvimento de obstrução ou estenosa associada, podendo levar à isquemia
coronária. Aneurismas gigantes (>8mm) apresentam menor probabilidade de resolução espontânea e
aproximadamente 50% se tornam estenóticos.
Pode ocorrer trombose aguda de um aneurisma, resultando em infarto do miocárdio (fatal em 20% dos casos).
Acompanhamento
Depende do grau de envolvimento coronariano. O ecocardiograma deve ser realizado tão logo haja suspeita
diagnóstica, porém não deve atrasar o início do tratamento. Nos pacientes sem doença arterial coronariana ou
com doença mínima no momento do diagnóstico, realizar um ecocardiograma duas semanas após o
diagnóstico e novamente após 6-8 semanas. Pode ser repetido o ecocardiograma mais de 8 semanas após o
diagnóstico nos pacientes sem anormalidade coronária, porém é opcional.
Fluxogramas
1. Kamei FM. Doença de Kawasaki. Pronto-socorro/ coordenadores Claudio Schvartsman, Amélia Gorete
Reis, Sylvia Costa Lima Farhat. – Barueri, SP: Manole, 2009. – (Coleção Pediatria. Instituto da Criança
HC-FMUSP / editores Benita G. Soares Schvartsman, Paulo Taufi Maluf Jr.)
2. Newburger JW, Takahashi N, Gerber MA, et al. Diagnosis, treatment, and long-term management of
Kawasaki disease: a statement for health professionals from the Committee on Rheumatic Fever,
Endocarditis and Kawasaki Disease, Council on Cardiovascular Disease in the Young, American Heart
Association (published correction appears in Pediatrics. 2005; 115(4):1118] Pediatrics. 2004;114:1708-33.
3. Gilio, A. E. (Ed.) et al. Urgências e emergências em pediatria geral: Hospital Universitário da
Universidade de São Paulo. São Paulo: Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, Atheneu,
2015. 754p.
4. Diagnosis, Treatment, and Long-Term Management of Kawasaki Disease: A Scientific Statement for
Health Professionals From the American Heart Association.
McCrindle BW, Rowley AH, Newburger JW, et al; American Heart Association Rheumatic Fever,
Endocarditis, and Kawasaki Disease Committee of the Council on Cardiovascular Disease in the Young;
Council on Cardiovascular and Stroke Nursing; Council on Cardiovascular Surgery and Anesthesia; and
Council on Epidemiology and Prevention. Circulation. 2017 Apr 25;135(17):e927-e999.
5. Tratado de pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria / organizadores Dioclécio Campos Júnior, Dennis
Alexander Rabelo Burns. – 3. Ed. – Barueri, SP: Manole, 2014.
Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de
Atenção à Saúde da
Criança e Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Padronizar um roteiro que contribua para o diagnóstico e o estabelecimento racional de uma estratégia
terapêutica na lesão renal aguda
Classificar a lesão renal aguda, de acordo com sua etiologia, para melhor definição da conduta médica
Traçar um plano de ação rápida e efetiva que otimize o atendimento hospitalar
LOCAL DE APLICAÇÃO
Eletrônico e impresso
FREQUÊNCIA DE ATUALIZAÇÃO
A cada 2 anos
CÓDIGO DO PROCEDIMENTO
Lesão renal aguda (LRA) é a denominação atual para insuficiência renal aguda (IRA), que é
caracterizada pela deterioração rápida e, em geral, reversível da função renal, com retenção de metabólitos
nitrogenados e perda da capacidade de manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-básico do
organismo.
Na grande maioria dos casos, ocorre oligúria (diurese menor que 0,5 a 1 ml/kg/h). No entanto, a LRA
com diurese preservada, porém ineficaz, pode ocorrer no período neonatal e em casos de nefrotoxicidade aos
aminoglicosídeos e aos contrastes, por exemplo.
A oligoanúria e/ou a ascenção da creatinina (> 0,2 a 0,3 mg/dl/dia) são os critérios fundamentais para
o diagnóstico da LRA.
Apesar dos avanços em cuidados intensivos e em terapia de substituição renal, a mortalidade
decorrente da LRA permanece elevada, com taxas entre 30 a 57%. Esta alta letalidade deve-se à etiologia
multifatorial. Além disso, grande parte desses pacientes pode desenvolver, ao longo da vida, proteinúria,
hipertensão e nefropatia, alertando para a necessidade de monitorização após a alta hospitalar.
REVISÃO TEÓRICA
Etiologia
São várias as causas etiológicas de LRA em pediatria. De acordo com a etiologia, podemos classificá-
la em lesão pré-renal ou azotemia pré-renal; doença intrínseca ou parenquimatosa; e pós-renal ou obstrutiva.
O agente etiológico determinante da LRA também varia de acordo com a faixa etária:.
Neonatos: necrose cortical, trombose de veia renal, síndrome de desconforto respiratório e asfixia
perinatal;
Lactentes: síndrome hemolítico-urêmica (SHU);
Escolares e adolescentes: glomerulopatias.
No Brasil, sobressaem as gastroenterocolites agudas e a sepse
Fisiopatologia
APRESENTAÇÃO CLÍNICA
São manifestações clínicas que alertam para o diagnóstico de lesão renal aguda:
Urinárias: oligúria (diurese menor que 400 a 500 ml/dia em crianças maiores ou menor que 1 ml/kg/h
em crianças menores e lactentes), normúria (1,5 a 3,5 ml/kg/hora) ou poliúria (> 3,5 ml/kg/hora).
Anúria (< 0,5 ml/kg/hora): mais rara e pode sugerir necrose cortical bilateral.
Gastrointestinais: inapetência, náuseas, vômitos incoercíveis, diarreia, sangramento digestivo, úlceras
gastrointestinais.
Cardiorrespiratórias: dispneia, edema, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, creptação pulmonar,
arritmia, pericardite, pleurite.
Neurológicas: agitação, irritabilidade, tremor, sonolência, torpor, convulsão, coma.
Hematológicas: hemorragia, anemia, distúrbio plaquetário.
Imunológicas: depressão imunológica, tendência a infecções.
Nutricionais: catabolismo aumentado, perda de massa muscular.
Cutâneas: prurido.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Sangue
Creatinina: elevada (aumento diário de 0,2 a 0,3 mg/dl). Baixa sensibilidade para o diagnóstico de
disfunção renal. No recém-nascido, tem limitações ainda maiores, pois atinge valores de 0,7 a 1 mg/dl
no 1º dia de vida, pois refletem dosagens maternas.
Ureia: elevada (aumento diário de 20 a 40 mg/dL). Letargia, vômitos, confusão mental e
manifestações hemorrágicas com níveis de ureia superiores a 150 mg/dl.
Ácido úrico: elevado.
Gasometria venosa: acidose metabólica.
Na (sódio): hipo ou hipernatremia.
K (potássio): hipercalemia.
Ca (cálcio) ionizado: hipo ou hipercalcemia.
PO43- (fosfato): hiperfosfatemia.
Hemograma com reticulócitos e plaquetas: anemia normocítica e normocrômica.
Complemento total e frações: auxílio da etiologia.
Proteína total e frações: auxílio da etiologia.
Biomarcadores: as proteínas mais promissoras do último ano são a Cistatina C, N-GAL, Interleucina
18, KIM-1 e L FABP. No entanto, têm um alto custo e não estão amplamente disponíveis.
A utilização de fórmulas, a partir da creatinina sérica, permite uma boa avaliação da função renal,
sendo que, em pediatria, emprega-se a fórmula de Schwartz para estimar o clearance da creatinina:
eClCr ml/min/1,73m
á "/#
Imagem e Histopatológico
Denominados de RIPLE e publicados para adulto em 2004, foram modificados para pediatria em 2007
e, segundo estes critérios, a partir de variações no ClCr estimado e/ou débito urinário (pior dos dois critérios),
a criança é classificada em 3 níveis crescentes de disfunção renal - risco, lesão e insuficiência - e 2 níveis de
resultado, dependendo do tempo da terapia dialítica - perda da função renal e doença rena em fase final. Tudo
deve ocorrer de forma abrupta, no período de 1a 7 dias, com duração maior que 24 horas.
* á á
FENa 100
* á á
* á á
IFR 100
á
Tabela 3: Diagnóstico Diferencial entre LRA pré-renal e renal em adolescentes, crianças e neonatos >
32 semanas
Crianças e Adolescentes Neonatos > 32 semanas
Parâmetros
Pré-renal Renal Pré-renal Renal
Na urinário < 20 mEq/L > 40 mEq/L < 20 mEq/L > 40 mEq/L
Cr urinária/Cr plasmática > 40 < 20 > 30 < 10
Fração de excreção de Na (FENa) < 1% > 2% < 3% > 3%
Ureia urinária/ureia plasmática > 20 < 10 ? ?
Osmolaridade urinária > 500 mOsm/L < 350 mOsm/L > 400 mOsm/L < 400 mOsm/L
Osm urinária/Osm plasmática > 1,3 < 1,1 > 1,3 < 1,0
Índice de falência renal (IFR) <1 >1 <3 >3
Seguimento Laboratorial
TRATAMENTO
2. Cateter vesical: em lactentes e crianças com obstrução do trato urinário, para assegurar a
drenagem adequada do trato urinário. Considerar em crianças mais velhas e adolescentes para
monitorização do débito urinário.
5. Drogas nefrotóxicas: evitadas ou substituídas. Se isso não for possível, devem ser ajustadas de acordo
com o clearance de creatinina ou capacidade de diálise dos pacientes.
Potássio
Hipercalemia (> 5,5 mEq/l) é potencialmente fatal, sendo necessário o controle laboratorial periódico
e a monitorização eletrocardiográfica, lembrando-se que, na vigência de acidose metabólica, há aumento
relativo de potássio sérico de 0,3 mEq/l para cada 0,1 de redução do pH. É preciso lembrar que a furosemida
também espolia potássio.
Fluxograma 3: Tratamento da Hipercalemia
Sódio
Hiponatremia (< 135 mEq/l) é achado comum na LRA e, geralmente, deve-se à sobrecarga hídrica.
Restrição hídrica, sendo que a administração de Na é reservada para hiponatremia acentuada (Na
sérico < 120 mEq/l) ou quando houver sintomatologia. Nesses casos, ocorrem sintomas
neurológicos, como torpor e convulsões, os quais são secundários ao edema e à hipertensão
intracraniana, sendo indicada a instalação de diálise. Quando ocorrer hiponatremia grave, com
sódio sérico menor que 120 mEq/l, na ausência de hipervolemia, o sódio deverá ser corrigido da
seguinte forma:
Fósforo
Hiperfosfatemia (> 5,5 - 6,5 mg/dl) é frequente na LRA e deve-se à redução do funcionamento renal e
ao catabolismo.
Restrição de fósforo da dieta.
Carbonato de cálcio, via oral, próximo das refeições, na dose inicial de 100 mg/kg/dia, aumentando
conforme a necessidade.
Hidróxido de alumínio: contraindicado devido ao risco de toxicidade do alumínio.
Cálcio
Hipocalcemia (cálcio iônico < 3,5 mg/dl ou cálcio total < 8,5 mg/dl): secundária à hiperfosfatemia,
deficiência de vitamina D, resistência periférica ao paratormônio e hipoalbuminemia, e o controle
laboratorial deve ser feito pelo cálcio ionizado, preferencialmente.
Se a dosagem for de cálcio total, fazer a correção com a seguinte fórmula:
Balanço Ácido-básico
A acidose metabólica (pH < 7,35) é precoce na LRA e pode causar sintomas como taquipneia, letargia
e convulsões. Na presença de acidemia grave (pH < 7,2 e bicarbonato < 12 mEq/l), o bicarbonato pode ser
corrigido pela fórmula:
mEq bicarbonato BIC DE: # 7 # 8 DE: # F" 0,3
Antes de administrar bicarbonato, assegurar que o cálcio sérico esteja adequado ou corrigi-lo.
Hipertensão Arterial
Processos Infecciosos
Devem ser tratados agressivamente, pois são a principal causa de óbito em pacientes com LRA. O
ajuste das doses dos medicamentos, principalmente antibióticos, deve ser feito de acordo com a dosagem
sérica ou pela TFG, determinada pela fórmula de Schwartz.
Anemia
Deve ser tratada quando houver instabilidade hemodinâmica, preferencialmente, com concentrado de
hemácias, na dose de 10 ml/kg, lentamente, tendo-se o cuidado com a expansão volumétrica.
Terapia Nutricional
A indicação de diálise na LRA é bastante flexível, mas deve ser iniciada de modo precoce, a fim de
prevenir piora rápida e progressiva do estado clínico ou laboratorial do paciente.
Piora progressiva do quadro clínico, deteriorização neurológica ou encefalopatia hipertensiva;
Hiperpotassemia grave > 6 mEq/l e refratária ao tratamento conservador;
Sobrecarga hídrica (ICC, edema pulmonar, HAS refratária);
Hiponatremia grave, hipernatremia, acidose metabólica grave e persistente com pH < 7,2 e
bicarbonato < 12 mEq/l;
Ureia > 150 mg/dl, elevação progressiva (> 40 mg/dl/24 horas) ou uremia sintomática;
Hipocalcemia sintomática com aumento do fósforo sérico;
Oligúria;
Algumas situações de pós-operatório de cirurgia cardíaca.
ACOMPANHAMENTO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Disease. New York, v. 20, n. 3, p. 215-222, may. 2013.
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Paulo, Sarvier, 1997. p. 1.
3. BURNS, D. A. R.; JUNIOR, C. D.; SILVA, L. R.; BORGES, W. G. organizadores. Tratado de Pediatria.
3.ed. São Paulo: Manole, 2017. v.2.
5. EJAZ, A Ahsan; MOHANDAS, Rajesh. Are diuretics harmful in the management of acute kidney injury?.
Clinical Nephrology, Florida, v. 23, n. 2, p. 155-160, mar. 2014.
6. EKNOYAN, G. et al. KDIGO Clinical Practice Guideline for Acute kidney injury. Official Journal of the
International Society of Nephrology - Kidney international supplements, v. 2, n. 1, mar. 2012.
7. FREIRE, K. M. S.; BRESOLIN, N. L.; FARAH, A.C.F.; CARVALHO, F. L. C; GÓES, J.E.C. Lesão renal
aguda em crianças: incidência e fatores prognósticos em pacientes gravemente enfermos. Revista Brasileira
de Terapia Intensiva. v.22, n.2. São Paulo Abr/Jun 2010.
8. GAMERO, Montserrat Anton; ESCRIBANO, Angustias Fernandez. Daño Renal Agudo. Asociacion
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care unit: study protocol for a randomized controlled trial (AKIKI). Trials, Paris, v. 16, p. 170, 2015.
10. JOANNIDIS, M. et al. Prevention of cute kidney injury and protection of renal function in the intensive
care unit: update 2017. Intensive Care Med, Austria, v. 43, p. 730-749, jun. 2017.
11. KOYNER, J. L. et al. Acute kidney injury and critical care nephrology. Nephrology Self-Assessment
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13. NELSON. BEHRMAN, R. E.; JENSON, H. B.; KLIEGMAN, R. Tratado de Pediatria. 19 ed. Elsevier.
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Opinion of Anestesiology, Germany, v. 29, n. 2, p. 158-165, apr. 2016.
18. ZAGURY, A.; MORAES, C. A. P. Insuficiência renal aguda no período neonatal. In: TOPOROVSKI, J.;
MELLO, V. R.; MARTINI, F. D.; BENINI, V.; ANDRADE, O. V. B. Nefrologia pediátrica. 2.ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2006; p. 246-57.
Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica
Linfonodomegalias
na infância
Versão 1.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de Atenção
à Saúde da Criança e
Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
CID:
R59 Aumento de volume dos gânglios linfáticos
R59.0 Aumento de volume localizado de gânglios linfáticos
R59.1 Aumento de volume generalizado de gânglios linfáticos
R59.9 Adenomegalia ou aumento de volume dos gânglios linfáticos, não especificado
Introdução
As adenomegalias são manifestações clássicas de várias doenças na infância e adolescência, e seu diagnóstico
diferencial é de grande relevância na prática pediátrica.
Os linfonodos são unidades anatômicas encapsuladas, de estrutura altamente organizada, e distribuídas ao longo
dos vasos linfáticos. Atuam como filtros da linfa (que é o excesso de líquido intersticial).
Linfadenopatias são causadas pela proliferação de células intrínsecas do linfonodo (como linfócitos,
plasmócitos, monócitos ou histiócitos) ou pela infiltração por células extrínsecas (como neutrófilos e células
malignas).
O aumento dos linfonodos é comum no exame físico das crianças e pode ser fonte de ansiedade para os pais
devido à associação com malignidade. Na maioria das vezes são achados benignos, e por si só não justifica
investigação etiológica. No entanto uma ampla gama de processos patológicos podem estar envolvidos, sendo
as infecções sua principal causa.
Estima-se que no corpo humano, existam cerca de 500 linfonodos, com diâmetros variados, principalmente na
região da cabeça e do pescoço, occipitais, auriculares, submandibulares, axilares, supraclaviculares, inguinais e
epitrocleares.
Linfonodos normalmente não são palpados em recém-nascidos. Até os 3 meses de idade qualquer linfonodo
palpável deve ser considerado adenomegalia, exceto os localizados em região inguinal e pequenos.
O tecido linfático aumenta progressivamente de volume com a exposição a antígenos que acontece na infância
e atingem tamanho considerável com 1 ano e aumentam até a puberdade. São comuns nas adolescência e em
adultos jovens. Após 40 anos, são geralmente tumorais.
Os dados epidemiológicos são grande importância na investigação das adenomegalias, bem como um exame
físico detalhado.
Revisão Teórica
Definição:
Linfonodos epitrocleares são considerados aumentados se maiores que 0,5 cm de diâmetro, linfonodos inguinais
se maiores que 1,5 cm de diâmetro e os demais linfonodos se maiores que 1,0 cm de diâmetro.
Os linfonodos cervicais isolados na criança são considerados normais até 1,5 à 2,0 cm de diâmetro. Quando
maiores que 3 cm existe risco de malignidade.
Até os 3 meses de idade qualquer linfonodo palpável é considerado adenomegalia, exceto os localizados em
região inguinal e pequenos.
Localização:
Regional ou localizada: aumento de um ou mais gânglios que drenam a mesma região anatômica.
Classificação:
Diagnóstico
Inicia-se com anamnese detalhada e exame físico minucioso e sequencial. Segue-se exames laboratoriais
inespecíficos e específicos que serão solicitados a partir das hipóteses diagnósticas.
História:
Duração e lateralidade do linfonodo e alterações do seu tamanho;
Sintomas constitucionais: febre, emagrecimento, anorexia, mal estar
Contanto com pessoas doentes
Ingestão de leite animal não pasteurizado ou carne mal passada
Exposição a animais
Problemas dentários relacionados ou lesões de orofaringe
Lesões de pele ou traumas
História de exantema
Picadas de insetos
Uso de medicações
Viagens recentes
Exposição sexual
Transfusões sanguíneas
História Etiologia
Sintomas constitucionais: febre, emagrecimento, anorexia Tuberculose, linfomas, neoplasias malignas
e mal estar Febre aguda sugere processo infeccioso
Ingestão de leite animal não pasteurizado Bruceolose, Mycobacterium Bovis
Ingestão de carne mal passada Toxoplasmose
Problemas dentários e lesões de orofaringe Linfadenite bacteriana por anaeróbios ou estreptococo do
grupo B, aracnobacteriose, actinomicose, herpangina e
gengivo-estomatites
Lesões de pele ou traumas Linfadenite bacteriana por Stafilococcus aureus, herpes
simples, doença da arranhadura do gato, tularemia
Exantema Doença de Kawasaki, síndrome de mononucleose
Exposição à animais Gatos – doença da arranhadura do gato, toxoplasmose
Coelhos – brucelose, tularemia
Picadas de inseto Tularemia, doença de Lyme
Medicamentos Fenitoína, carbamazepina, alopurinol,atenolol, captopril,
cefalosporina, hidralazina, penicilina, primidona,
pirimentamina, quinidina, sulfomamidas
Vacinação recente Tríplice bacteriana, BCG
Exame físico:
Deve ser completo e sequencial, para acompanhar as eventuais modificações na evolução.
Deve-se sempre avaliar:
Estado geral
Sinais e sintomas de risco
Hepatomegalia e esplenomegalia
Evolução arrastada
Descrever os linfonodos palpáveis:
Localização
Tamanho
Consistência
Mobilidade
Dor
Presença de sinais flogísticos, flutuações e fístulas
Tempo de evolução
Tipo de linfonodo Características
“Linfonodos Reacionais” Pequenos, móveis, fibroelásticos, frequentemente coalescentes
Exames complementares:
O diagnóstico poderá ser realizado por meio de exames de triagem e aqueles solicitados por meio da suspeita
diagnóstica:
Hemograma completo – orienta quanto ao quadro infeccioso bacteriano, se houver leucocitose com
desvio à
esquerda e viral, se houver predomínio de linfócitos com atipias. Na presença de bi ou pancitopenia,
deve-se pensar em patologia comprometendo a medula óssea.
Bioquímica: sódio, potássio, cálcio, magnésio, proteínas totais e frações
Função hepática
Função renal
VHS/PCR
Desidrogenase láctica (LDH) – enzima intracelular que aumenta em processo em que ocorre lise
celular. Sua elevação associada a linfonodomegalias deverá orientar para o diagnóstico de síndromes
hemolíticas e neoplasias.
Ácido úrico – encontrado em quantidade elevada nas células neoplásicas e poderá estar aumentado no
momento do diagnóstico das linfonodomegalias por linfomas e/ou leucemias.
Sorologias para toxoplasmose, mononucleose, CMV e HIV;
PPD – suspeita epidemiológica e/ou clínica de tuberculose
Raios X de tórax e abdome PA e perfil – linfonodos supraclaviculares
Ultrassonografia do linfonodo e abdominal
Aspiração de secreção ganglionar para exame direto e culturas
Se houverem alterações hematológicas concomitantes, deve-se pensar na possibilidade de punção de
medula óssea.
Indicações de biópsia:
História e exame físico sugestivo de neoplasia
Linfonodomegalia maior que 2,5-3,0 cm de diâmetro na ausência de sinais de infecção
Linfonodomegalia persistente ou em progressão
Ausência de redução do linfonodo após duas semanas de antibioticoterapia
Linfonodomegalia supraclavicular
Aderência a planos profundos
Diagnóstico não definido com anamnese, exame físico seriado e exames laboratoriais: deve conter
culturas para germes comuns, micobactérias, fungos e estudo anatomopatológico.
Tratamento
Linfadenopatia reacional:
Linfadenopatia relacionada a vírus ou processo bacteriano agudo em geral se resolve espontaneamente com a
resolução do quadro de base, sem necessidade de tratamento específico, podendo levar algumas semanas até
retornar ao seu tamanho original.
Linfadenite bacteriana:
Adenite aguda, geralmente unilateral, principalmente em região submandibular (50-60%) ou cervical alta (25-
30%).
O linfonodo infectado está aumentado, doloroso, amolecido e quente. Pode evoluir com flutuação e formação
de abscesso.
Até 80% das linfadenites bacterianas são causadas por Staphylococcus aureus e Streptococcus beta hemolítico
do grupo A. Bactérias anaeróbias podem estar presentes em crianças com doença dentária ou periodontal.
Na presença de linfadenopatia aguda, localizada, quando um foco de infecção não for identificado e os
linfonodos apresentarem suspeita de infecção bacteriana (sinais flogísticos), pode ser iniciado antibioterapia
como prova terapêutica sem a necessidade de realizar exames laboratoriais.Caso não haja melhora do quadro,
seguimos com a investigação laboratorial..
Exames laboratoriais e de imagem podem ser necessários a depender do estado geral do paciente ou caso não
haja regressão dos linfonodos após o tratamento e/ou resolução dos sintomas agudos associados.
Os exames laboratoriais e de imagem podem ser úteis também em casos de dúvida diagnóstica. Diagnósticos
diferenciais: massas cervicais congênitas, parotidite.
Se o paciente estiver com sintomas graves – mal estado geral, séptico, sinais flogísticos e sinais de
complicações locais decorrentes do tamanho do linfonodo ou sinais de compressão é sugerida a coleta de:
Hemograma
Provas inflamatórias
Hemocultura
Cultura de secreção (se indicada a drenagem)
USG: avaliação de abscesso e extensão, se não houver ponto de flutuação ao exame físico.
TC e RNM: podem ser necessários para maiores detalhes anatômicos (antes de procedimento
cirúrgico, avaliar infecções em espaço profundo do pescoço ou abscesso retrofaríngeo), não devendo
ser realizados de rotina.
Tratamento:
Antibióticos devem ser administrados por 10 dias ou por 5 dias após a resolução dos sintomas. A melhora
deverá ser notada em 2-3 dias, porém a resolução completa pode levar algumas semanas.
Pacientes com sintomas leves e moderados podem ser tratados ambulatorialmente com antibióticos com
reavaliação ambulatorial em 48-72 horas. Se sintomas graves, considerar internação com antibioticoterapia
parenteral.
Se falha de tratamento (má resposta após 48-72 horas de antibiótico adequado), considerar internação, com
drenagem/excisão do linfonodo infectado, bem como ampliar o espectro do antibiótico (possibilidade de S.
aureus meticilino-resistente).
Linfadenite subaguda/crônica:
Casos de evolução subaguda e crônica costumam ter como causas mais comuns a tuberculose, micobactéria
atípica e doença da arranhadura do gato.
Linfadenopatia generalizada:
Uma vez descartado quadro de urgência, o seguimento da investigação pode ser feito de forma ambulatorial.
Considerar realização de sorologia virais: CMV, EBV e outras doenças virais de acordo com a história e
exame clínico.
Exames subsequentes adicionais podem ser indicados caso o diagnóstico permaneça incerto, porém com
pouca utilidade na ausência de indicação específica (outras sorologias virais, fungicas e anticorpos
antinuclear).
Tratamento:
1-Infectologia - Pediatria Instituto da Criança Hospital . das Clínicas. Paulo Taufi Maluf Jr, Benita G. Soares
Schvartsman. – São Paulo: Editora Manole, 2011
3-Andréa MLM, Daudt LE. Linfonodomegalias: como avaliar. In: Sociedade Brasileira de Pediatria; Oliveira
Filho EA, Nobrega M, organizadores. Proped Programa de Atualização em Terapêutica Pediátrica: Ciclo 1.
Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2014 p.109-25 – Sistema de Educação Continuada a Distância, v.2).
4-ANDRIES, Susie Nogueira.Linfonodomegalias na infância: diagnóstica diferencial. Ciclo IV. ed: PRONAP
– SBP, 8-20 p. v.4
5-McClain KL. Peripheral lynmphadenopathy in children: Etiology. In: UpToDate, Post TW (Ed), UpToDate,
Waltham, MA. (Acessed on May, 6, 2015).
Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica
Meningite
Bacteriana
Versão 1.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de
Atenção à Saúde da
Criança e Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Cria o Protocolo Clínico e Dra. Ivy Rosa Coelho Loures
Dra. Ivy Rosa
Diretriz Terapêutica de Dra. Maisa Adelina Pótros
01/08/2017 1.0 Coelho Loures
‘Meningite Bacteriana’ Rossi – Residente R2 de
Pediatria
Objetivos
- Interpretar os exames;
- Reconhecer complicações.
Introdução
Definição:
Quase todos os microrganismos que são patogênicos para os seres humanos têm potencial de causar
meningite. A meningite bacteriana aguda é a inflamação aguda das meninges em resposta às bactérias e
seus produtos. A mesma é responsável por elevada morbimortalidade em crianças, sendo extremamente
importante que as medidas para seu diagnóstico e tratamento sejam rapidamente instituídas.
Transmissão:
Geralmente ocorre por meio das vias respiratórias, por gotículas e secreções da nasofaringe, havendo
necessidade de contato íntimo (moradores da casa, profissional de saúde que teve contato com secreções
da nasofaringe do paciente).
Período de incubação:
De 2 a 10 dias
Epidemiologia:
Sua incidência diminuiu substancialmente nos últimos 25 anos, principalmente devido à implementação de
estratégias de vacinação contra os principais patógenos causadores da meningite. A vacinação específica reduziu
a meningite por Haemófilo em 99%, por pneumococo em 94% e por Neisseria em 90%.
Agentes Etiológicos:
Quadro 1: Principais agentes etiológicos da meningite bacteriana de acordo com situações clínicas.
Patogênese e fisiopatologia
Fonte: Compêndio de neurologia infantil. 2 Ed. 2011, cap 28, pág. 351, Ed Medbook.
Diagnóstico
Manifestações clínicas:
Lactentes: quadro tende a ser inespecífico. Podemos observar febre, irritabilidade, hipotermia, letargia
ou hipoatividade, recusa alimentar, vômitos, diarréia, dificuldade respiratória, fontanela abaulada,
convulsões, alterações do nível de consciência, petéquias e sufusões hemorrágicas. Normalmente não
se observa sinais meníngeos.
Crianças maiores: podemos observar a tríade clássica febre, rigidez de nuca e alteração mental, além
de prostração, anorexia, fotofobia, cefaléia, vômitos, bradicardia, aumento da pressão arterial,
convulsões, petéquias, sufusões hemorrágicas, dor lombar, sinais de Kernig, Brudzinski e Lasegue.
Sinais focais ocorrem em 10 a 20% dos casos.
Anamnese:
Exame Físico:
Sinais vitais;
Ectoscopia (ficar atento a presença de petéquias e sufusões hemorrágicas);
Presença de sinais meníngeos (rigidez de nuca, sinais de Kernig, Brudzinski e Lasegue);
Exame neurológico (incluir medida do PC tanto no exame inicial quanto durante evolução – presença
de complicação?);
Avaliar fontanela nos lactentes (deve ser avaliada com a criança sentada, sem choro ou febre).
Sinal de Kernig Sinal de Brudzinski/Rigidez de nuca
Sinal de Lasegue
OBS: Crianças com febre, abscesso cervical, entre outros sinais e sintomas, podem ter meningismo e não
meningite.
Precaução de contato
Mesmo diante de um paciente com história clínica e exame físico altamente sugestivo do diagnóstico de
meningite, se faz necessário uma investigação mínima:
Líquor:
Na ausência de contraindicações claras, todo paciente com suspeita de meningite deve ser submetido à punção
lombar para coleta de líquor.
Se há suspeita de meningite e a punção lombar não pode ser realizada prontamente, deve-se coletar hemocultura
e iniciar antibioticoterapia imediatamente.
Em algumas circunstâncias a tomografia computadorizada com contraste deve ser realizada antes da punção
lombar.
Glicose
Situação Aspecto Pressão Leucócitos Proteína (mg/dl) Observação
(mg/dl)
Normal (< 28 Límpido a - 42 a 78 33 a 119
0 a 15
dias) turvo
Límpido < 170 mm > 50 % < 50
Normal (> 28 menor que 10*
> 75% da
dias) > 75% de linfócitos
sérica
Elevada 300 – 2000 < 50 100 – 500 Gram
Turvo ou Predomínio de
Meningite
purulento neutrófilos
bacteriana
polimorfonucleares
(PNM)
Meningite - ↓ (pode ser 100 – 500 Considerar
10 – 2000
bacteriana Claro ou normal) antígeno
(geralmente > 1000)
parcialmente pouco turvo
Predomínio de PNM
tratada
Normal Normal Normal PCR
Meningite < 1000
Claro
viral Predomínio de linfócitos
Em caso de punção lombar traumática com presença de fluído hemorrágico, deve-se para cada 500 hemácias
encontradas descontar uma célula do resultado obtido.
OBS: Embora a sensibilidade da cultura do líquor diminua com o início da administração do antibiótico, a
cultura pode permanecer positiva até 4 horas após o início do mesmo.
Diagnóstico diferencial:
Hemorragia subaracnóidea;
Leucoses;
Processos autoimunes
Intoxicações;
Neoplasias;
Infecções meníngeas por vírus, micobactérias e fungos.
Tratamento
O tratamento empírico deve ser iniciado assim que possível. Na impossibilidade de coleta do líquor, não pode
ser retardado.
Deve ser feita preferencialmente por via endovenosa, nunca devendo ser realizada antibioticoterapia oral, uma
vez que a concentração inibitória mínima não é atingida. Em paciente cujo acesso venoso é difícil, administrar
o antibiótico por via intramuscular até a obtenção do mesmo.
Uso de corticóide:
A maioria dos estudos concorda que iniciar dexametasona antes, ou em concomitância com a primeira dose de
antibiótico, reduz a incidência de surdez como complicação da meningite por H. influenzae, e também nos
casos relacionados à meningite pneumocócica. Sendo assim, optamos por iniciar, 10 a 20 minutos antes da
primeira dose de antibiótico, 0,15 mg/kg/dose de dexametasona (no máximo 10 mg/dose, IV), mantendo-a
cada 6 horas por 4 dias.
OBS: Cuidado com o uso concomitante de dexametasona e vancomicina, pois pode haver redução da
penetração desse antibiótico no líquor. Nesses casos deve-se associar ao esquema terapêutico a rifampicina.
A repetição da punção lombar para determinar a efetividade do tratamento não é rotineiramente indicada.
Entretanto, deve-se realizar nova coleta de líquor dentro de 48 horas de antibioticoterapia empírica adequada
se:
Quadro 8: Critérios para repetição da punção lombar na meningite bacteriana.
Critérios para nova punção
Ausência de melhora clínica;
Criança imunodeprimida, na qual o sucesso terapêutico não pode ser avaliado;
Meningite causada por pneumococo penicilina ou cefalosporina-resistente em uso de dexametasona (avaliar o
tratamento, já que a penetração da vancomicina do SNC é diminuída na vigência de corticóide);
Meningite por bacilo Gram-negativo (realização de cultura para determinar a duração do tratamento – 14 dias
após primeira cultura negativa do líquor);
RN com sepse por bactéria gram-negativa e punção inicial normal.
Profilaxia
Meningite meningocócica – todos os contactantes íntimos (moradores da casa, profissional de saúde que teve
contato com secreções da nasofaringe do paciente) de um paciente com meningite meningocócica devem
receber profilaxia.
Meningite por haemófilos – a profilaxia está indicada para todos os contatos domiciliares (incluindo adultos),
desde que existam menores de quatro anos não vacinados ou com esquema vacinal incompleto no domicílio.
Prognóstico/Complicações:
Fatores prognósticos:
Baixa pontuação na escala de coma de Glasgow, idade (< 5 anos), agente etiológico (penumococo
mais que haemófilos e meningococo), crises epilépticas após 72 horas de tratamento, demora na
esterilização do líquor, persistência de valores elevados de procalcitonina ou seu aumento além do
terceiro dia de tratamento são fatores relacionados a um pior prognóstico.
Complicações:
Crises convulsivas;
Epilepsias secundárias;
Edema cerebral;
Coleção e empiema subdurais;
Cerebrites;
Abscesso cerebral;
Ventriculites;
Hipoacusia;
Estrabismo;
Cegueira cortical;
Hidrocefalia;
Distúrbios de aprendizagem, de comportamento e de linguagem;
Hiperglicemia;
Secreção inapropriada de hormônio antidiurético (atenção quanto à natremia e osmolaridade
sérica);
Necrose de extremidades.
Febre prolongada, sonolência, hemiparesia ou crises epilépticas devem fazer suspeitar de efusão subdural,
mastoidite, trombose de seio, tromboflebite séptica e abscesso, indicando antibioticoterapia mais prolongada
e/ou intervenção cirúrgica.
Na alta deve-se encaminhar o paciente para neurologia infantil, avaliação audiológica (realização de
audiometria), imunologia infantil (investigação de imunodeficiência), seguimento padrão com pediatra
assistente e orientar quanto à vacinação.
Referências:
2) DORSETT, M.; LIANG, S. Y. Diagnosis and Treatment of Central Nervous System Infections in
the Emergency Department. Emerg. Med. Clin. N. Am. 34 (2016) 917=942.
3) BROUWER, M. C.; VAN DE BEEK, D. Management of bacterial central nervous system infections. In:
WIJDICKS, E. F. M.; KRAMER, A. H. (Ed.(s)). Handbook of Clinical Neurology, Vol. 140 (3rd series)
Critical Care Neurology, Part I. Elsevier B.V., 2017. p. 349-364.
4) VAZIRI, S.; et al. Meta-analysis of studies comparing adjuvant dexamethasone to glycerol to improve
clinical outcome of bacterial meningitis. Journal of Research in Medical Sciences, 2016. Disponível em:
http://www.jmsjournal.net. Acesso em 17 jul. 2017.
5) CORNELIS, N.; et al. Update on Community-acquired bacterial meningitis: Guidance and challenges.
Clinical Microbiology and Infection (2017), doi:10.1016/j.cmi.2017.04.019.
6) RODRIGUES, M. M.; VILANOVA, L. C. P.. Tratado de neurologia infantil. 1 ed. Rio de Janeiro:
Atheneu, 2017.
7) XAVIER, C. C.; LELIS, S. S. R.; BARBOSA, A. V. Meningites bacterianas na infância. In: FONSECA,
L; F.; XAVIER C. C.; PIANETTI G. Compêndio de neurologia infantil. Rio de Janeiro: Medbook, 2011.
p. 349-357.
Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de
Atenção à Saúde da
Criança e Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Cria o Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica de Dra. Tereza Cristina Esteves
Maio/2012 1.0 e Dra. Anne Esther Fontes
‘Neutropenia Febril’
A Neutropenia Febril (NF) é compreendida como uma emergência médica, e seu estudo justifica-se
por ser um problema crescente e potencialmente fatal nos pacientes portadores de câncer em
tratamento;
Pacientes com NF podem apresentar infecções bacterianas, virais ou fúngicas, sendo o risco de
infecção inversamente proporcional à contagem de neutrófilos e maior quanto mais tempo for o
período de neutropenia;
48 a 60% dos pacientes neutropênicos sofrem infecção oculta ou manifesta, podendo chegar a 100%
se a neutropenia durar mais do que 5 semanas.
Definição
Neutropenia Contagem absoluta de neutrófilos (CAN) < 500 céls/mm³ ou entre 500 e 1000 céls/mm³ com
expectativa de queda nas próximas 24-48 horas;
Febre No contexto da neutropenia, entende-se por febre registro único de temperatura axilar maior ou igual
a 38°Cou dois picos maior ou igual a 37,5°C com intervalo de 1 hora entre as medições.
Neutropenia Contagem absoluta de neutrófilos < 100 cél/mm³
Severa
Tabela 1: Definições Básicas no Contexto da NF; Fonte: Adaptada de Paganini H. et al, 2011; Hughes, W.T. et al, 2002
Epidemiologia
Infecção Bacteriana:
Perfil epidemiológico mudou nas últimas décadas: antes predominava infecções por bacilos gram
negativos e, atualmente, 45-70% podem ser causadas por bactérias gram positivas, assim como, por
infecções polimicrobianas;
Fator de risco para a infecção por bactérias resistentes: colonização ou infecção prévia por organismos
resistentes;
Infecção Fúngica:
Infecção Viral:
Outros:
Exames de Rotina
Hemograma + contagem de plaquetas
- realizar coleta à admissão e a cada um aquatro dias conforme risco e evolução do paciente;
- neutrófilos < 500 cél/mm³, monócitos < 100 cél/mm³ e plaquetas < 50.000 cél/mm³ são sinais de risco de
infecção e morte;
Função Renal e Eletrólitos
Função Hepática
PCR quantitativo
- aumenta a partir de 8 horas do começo da infecção e alcança seu máximo entre as 24-48 horas
Hemoculturas (2 amostras)
-volume: 2 – 5 mL/ 10 mL em adolescentes
Cultura de Sangue Refluído de Cateter
Radiografia de Tórax
EAS +Bacterioscopia + Urocultura e Antibiograma
- não recomendado coleta por cateterismo devido risco de bacteremia em pacientes imunocomprometidos
Tabela 8:Avaliação Laboratorial e Radiológica do Paciente com NF; Fonte: Adaptada dePaganini H. et al, 2011
Classificação de Risco
Fatores de Alto Risco para Infecção Bacteriana Invasora, Sepse e/ou Mortalidade
Idade > 12 anos e < 1 ano Tipo de CA (leucemia, recaída de segundo tumor)
Intervalo entre QT e febre < 7 dias Previsão de duração da neutropenia> 7 dias
Febre > 39 graus Sinais clínicos de sepse
Comprometimento respiratório e intestinal Co-morbidades associadas
Neutrófilos < ou = 100 cél/mm³ Monócitos < ou = 100 cél/mm³
Plaquetas < ou = 50.000 cél/mm³ PCR > ou = 90mg/L
IL 8 > 300 pg/mL Presença de bacteremia
Tabela 11:Fatores de Alto Risco para Infecção no Paciente com NF; Fonte: Adaptada de Paganini H. et al, 2011
Tratamento
Monoterapia:
o Cefalosporina de terceira ou de quarta geração com ação anti-pseudomonas
(Ceftazidima e Cefepime);
o Carbapenêmicos (Imipenem e Meropenem) nas seguintes situações: enterites
neutropênicas, sepse de origem abdominal, infecção por Bacilluscereus e uso
parenteral de Cefalosporinas de terceira geração nos 7 dias prévios;
o Penicilinas anti-pseudomonas (Piperacilina/Tazobactam ou Ticarcilina/ Ácido
Clavulânico).
Receber tratamento parenteral por 24 horas e, se permanecerem critérios de baixo risco, iniciar
antibioticoterapia por via oral para completar tratamento;
Suspeitar que infecção fúngicaem pacientes que permanecem com febre após 72 horas de
terapia antimicrobiana adequada;
Opções terapêuticas:
o Anfotericina B
o Fluconazol
o Voriconazol (aspergilose)
Anexos:
Terapia Empírica Inicial para Pacientes com Risco de Infecção por Organismos Resistentes
Fatores de risco: infecção prévia ou colonização por organismo resistentes e tratamento em hospital com altas taxas de
endemicidade
MRSA: Considerar a adição precoce de vancomicina, linezolida ou Daptomicina.
VRE: Considerar a adição precoce de linezolida ou daptomicina.
ESBLs: Considerar o uso precoce de um carbapenemicos.
KPCs: Considere o uso precoce de polimixina-colistina ou tigeciclina.
Anexo III:Terapia Antimicrobiana contra Organismos Resistentes; Fonte: Adaptada de Freifeld A.G. et al, 2011
Avaliação do Paciente com Sintomatologia Específica
Sistema Nervoso Central Na suspeita de infecção de SNC realizar coleta de líquor (citoquímica, cultura,
etc.)
Se plaquetas < 50.000 céls/mm³, analisar transfusão de plaquetas previamente
à punção.
Pele e Tecidos Moles Em caso de lesões cutâneas (vesículas, úlceras, pústulas, nódulos) se
recomenda biópsia e estudo anátomo-patológico, microbiológico e de biologia
molecular da lesão.
Aparelho Respiratório
Infiltrados Localizados Precoces:
- Surgem junto com a febre
- Realizar: hemoculturas e cultura de secreção respiratória
- Etiologia bacteriana: S. pneumoniae, H. influenzae, S. aureus, Klebisiellaspp e P.
aeruginosa
Refratários:
- Ausência de resposta clínica após 72h de tratamento antimicrobiano
- Indicado realizar lavado bronco alveolar ou biópsia pulmonar
- Etiologia: microorganismos dos infiltrados precoces associados a
Mycoplasmapneumoniae, Mycobacterium spp, Nocardiaspp,
Stenotrophomonasmaltophilia e fungos
Tardios:
- Surgem após sete dias de tratamento de um episódio de neutropenia febril
- Indicado realizar lavado bronco alveolar ou biópsia pulmonar
-Etiologia: Fungos (principalmente Aspergillus sp.), P. jiroveci e Fusariumsp
Infiltrados Difusos Indicado realizar lavado bronco alveolar ou biópsia pulmonar
Etiologia: Vírus Respiratórios (VSR, ADV, Influenza, MPVh) e outros agentes
virais (CMV, VVZ), P. jiroveci, Mycobacterium spp, M. pneumoniae,
Chlamydophilapneumoniae.
Anexo IV:Avaliação do Paciente com Sintomatologia Específica; Fonte: Adaptada Paganini H. et al, 2011
Referências
1. PAGANINI, H. et al. Diagnóstico y tratamento de laneutropenia febril em niñosconcâncer.
Consenso de laSociedadLatinoamericana de Infectología Pediátrica. RevChilInfect 2011; 28 (Supl 1):
10-38;
6. SANTOS, N.S.G. et al. Guideline europeu para terapia antimicrobiana empírica em pacientes
neutropênicos febris em era de crescente resistência: resumo da quarta Conferência Europeia, em
2011, sobre infecções em leucemia. Residência Pediátrica 2014; 4(3):117-7;
8. ROLSTON, K.V.The Infectious Diseases Society of America 2002 Guidelines for the Use of
Antimicrobial Agents in Patients with Cancer and Neutropenia: Salient Features and Comments.
Clinical Infectious Diseases 2004; 39:S44–8
Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica
Osteomielite e Artrite
Séptica em Pediatria
Versão 1.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de Atenção à
Saúde da Criança e
Adolescente
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FAMED - UFJF
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HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Infecções Osteoarticulares:
A) Revisão Teórica:
1. Conceito:
As infecções musculo esqueléticas envolvem ossos, músculos e articulações e são uma causa significativa de morbi-
mortalidade em pediatria. São infecções potencialmente graves que podem acarretar sequelas ao osso em crescimento
levando a prejuízos de mobilidade a curto e a longo prazo.
As infecções osteoarticulares (IOA) podem ser classificadas em quatro grandes grupos, que podem coexistir em um mesmo
paciente. São eles:
Osteomielite aguda (OA): Processo inflamatório resultante de infecção bacteriana no osso, que leva à destruição do
mesmo. Sua apresentação mais comum em pediatria é a Osteomielite Hematogênica Aguda. Esse tipo de infecção
ocorre por via sanguínea e tem início na metáfise óssea. A partir dela, pode haver uma disseminação para outros locais
do osso ou mesmo para uma articulação adjacente. A infecção também pode ocorrer após uma fratura exposta ou após
uma cirurgia óssea, bem como pode estar associada a próteses ortopédicas.
Artrite séptica (AS): Infecção intra-articular que ocorre geralmente por via hematogênica, com a infecção instalando-
se inicialmente na membrana sinovial. Pode também se iniciar como osteomielite e subsequente disseminação para a
articulação devido à particularidade de algumas metáfises serem intra-articulares em crianças como o fêmur proximal,
fíbula distal, rádio proximal e úmero proximal.
Espondilodiscite: Infecção envolvendo o disco intervertebral e as vértebras adjacentes. Na fase inicial é difícil a
diferenciação entre discite (doença restrita ao disco vertebral) e osteomielite vertebral. A discite ocorre principalmente
em crianças menores de 5 anos e os agentes etiológicos são semelhantes aos de outras infecções osteoarticulares. A
osteomielite vertebral é mais comum em crianças maiores que 5 anos, geralmente envolvendo o corpo vertebral
anterior. Nesses casos, agentes infecciosos como Mycobacterium tuberculosis e Salmonella devem ser considerados.
Piomiosite: Infecção em sítio muscular. Pode se associar a infeções osteoarticulares.
A maioria das infecções osteoarticulares (IOA) não possuem um fator de risco ou fator predisponente, ocorrendo de forma
primária em crianças previamente hígidas. Ainda assim, algumas situações especificas possuem as seguintes associações:
Infecção de vias aéreas superiores prévia está relacionada à IOA por Kingella kingae.
História recente de trauma;
Lesões de pele e varicela infectada estão relacionadas à IOA por Streptococo do grupo A;
Anemia falciforme está relacionada à IOA por Salmonella sp.
Imunodeficiências (doença granulomatosa crônica, por exemplo) estão relacionadas à IOA por Serratia e
Aspergillus.
Lesões de pele penetrantes, por exemplo, através da sola de um sapato ou sandália, estão relacionadas à IOA
por bactérias anaeróbias ou Pseudomonas.
Condições de vida e ocupação, como por exemplo, contato direto com animais, estão relacionadas à IOA por
Brucella e Coxiella sp.
História de contato com tuberculose pulmonar ou morador de área endêmica, está relacionado à tuberculose
osteoarticular.
Prematuridade, infecções de pele, bacteremia ou candidemia, acesso venoso central prévio, são fatores de risco
em PREMATUROS para desenvolvimento de IOA.
2. Etiologia:
As infecções osteoarticulares (IOA) são causadas em sua grande maioria pelo Staphilococcus aureus. Os segundos
agentes infeciosos mais importantes nesta condição são a K. kingae e o Streptococo do grupo A dependendo da
idade e da história prévia. A IOA por K. kingae foi mais observada em crianças menores que 5 anos se comparado
à infecção por Streptococo. .
Em neonatos, o Estreptococo do grupo B e Escherichia coli são patógenos importantes relacionados às IOA.
Tabela 1: Agentes Etiológicos Mais Frequentes das Infecções Osteoarticulares por Idade
Faixa etária Patógeno (por ordem de prevalência)
Menos de 3 meses de vida Staphilococcus aureus
Echerichia coli e outras bactérias Gram negativas
Estreptococo do Grupo B
Candida albicans
Neisseria gonorrhoeae (Recém-nascidos)
3. Manifestações clínicas:
A apresentação clássica das infecções osteoarticulares consiste em febre, edema, dor localizados e limitação do
movimento. Ainda assim, podem se apresentar de diversas formas, de acordo com a faixa etária (tabela 2) e com
a localização da infecção. Sintomas gerais podem ser observados como: recusa de uso do membro acometido ou
redução importante da mobilidade; criança com andar arrastado ou claudicação (IOM em MMII); febre (30 a 40%
dos casos) e quadro de início recente (2 a 4 dias para artrite séptica e 6 a 7 dias de evolução para osteomielite
aguda).
A osteomielite possui um curso mais insidioso e sintomas mais inespecíficos, enquanto a artrite séptica se
apresenta mais frequentemente da forma clássica com febre, edema, dor e limitação do movimento. Isso não
ocorre quando se trata de uma localização “oculta” como articulação sacroilíaca e intervertebrais.
As IOA no período neonatal se apresentam de maneira inespecífica.
B) Diagnóstico:
O diagnóstico das IOA se faz pela combinação de clínica sugestiva associada a exames de imagem; exame
microbiológico ou histopatológico e resposta clínica à antibioticoterapia empírica instituída.
Em geral, o diagnóstico pode ser incerto durante a avaliação inicial, uma vez que a apresentação é muitas vezes
insidiosa e sem sinais e sintomas específicos. Assim, diante de uma suspeita inicial, é essencial a monitorização
da evolução para conclusão do diagnóstico.
É altamente recomendável que, diante da suspeita de IOA, o Serviço de Ortopedia esteja ciente e acompanhe o
caso em equipe, uma vez que a abordagem cirúrgica muitas vezes se faz necessária tanto para coleta de material
para culturas como para drenagem de abscesso e derrame articular.
Ressonância Magnética: Trata-se do exame de imagem mais informativo nas IOA, detectando
alterações com 2 a 3 dias após início dos sintomas. Revela detalhes do osso e do tecido adjacente
incluindo a formação de abscessos, sequestro ou associação da IOA de base com piomiosite ou trombose
venosa adjacente. Dessa forma, auxilia o cirurgião no planejamento de um ato operatório com fins
diagnósticos ou de tratamento.
A RNM está indicada em condições clínicas graves e/ou quando há dúvidas sobre o diagnóstico e/ou
quando há suspeita de alguma complicação.
Tomografia Computadorizada: A tomografia não é um exame recomendável nas IOA. Trata-se de um
exame menos sensível se comparada à RNM na detecção precoce de lesões ósseas além de expor a criança
a altas doses de radiação. Este exame está indicado quando não é possível realizar a RNM e como forma
de guiar procedimentos como aspiração e drenagem de secreções intra-ósseas/intra-articulares por serem
procedimentos rápidos e, muitas vezes, sem necessidade de sedação.
Ultrassonografia: A ultrassonografia é mais indicada nos quadros de artrite séptica por possuir uma alta
sensibilidade no diagnóstico de derrame articular, embora com baixa especificidade. Trata-se de um
exame que deve ser realizado em todos os casos de Artrite Séptica.
Nos casos de Osteomielite, a USG pode ser útil para diagnosticar formação de abscessos e complicações
circunjacentes como piomiosite e celulite. Além disso, A USG mostra-se útil como ferramenta guia de
aspiração ou drenagem terapêuticas e diagnosticas.
Diagnostico diferencial: Pelo quadro muitas vezes inespecífico das infecções osteoarticulares, várias doenças
infecciosas e não infecciosas podem apresentar um quadro clínico semelhante. Quando o diagnóstico não pode ser
confirmado de acordo com a propedêutica específica, devemos considerar outros tipos de acometimento, destacando
outros tipos de infecção, doenças reumatológicas ou neoplasias, de acordo com a tabela abaixo:
C) Tratamento:
O diagnóstico e o tratamento precoces são essenciais nos casos de IOA para evitar ou reduzir complicações.
O manejo inicial inclui a drenagem adequada de pus e coleções, enviando o material para cultura e demais estudos
microbiológicos incluindo o antibiograma.
A drenagem do derrame articular por aspiração com agulha (guiada ou não por ultrassom), artroscopia ou cirurgia
(artrotomia) tem como objetivos a retirada de material para análise microbiológica, redução da pressão intra-articular
(atuando na melhora da dor) e remoção de bactérias e toxinas causadoras de danos em ossos e cartilagens. A melhor opção
de drenagem para casos não complicados ainda é controversa e deve ser individualizada caso a caso. As indicações de
drenagem por artrotomia na artrite séptica em pediatria estão citadas abaixo:
Artrite séptica em quadril e ombro;
Presença de grande quantidade de fibrina ou debris no interior do espaço articular;
Presença de próteses ortopédicas;
Artrite que não responde ao tratamento em até 3 dias
Osteomielite adjacente
O início empírico da antibioticoterapia também está incluído nos primeiros passos de tratamento. Sua escolha é baseada
nos agentes etiológicos mais comuns de acordo com a idade, as imunizações, doença de base, resultado da bacterioscopia
da secreção, além de considerar fatores epidemiológicos tais como a prevalência de MRSA na comunidade.
O tratamento das IOA não complicadas (com resolução rápida de febre e demais sintomatologias) consiste em início da
antibioticoterapia por via endovenosa seguida por altas doses de antibioticoterapia oral com uma duração de tratamento
total de 3 a 4 semanas para Osteomielite e 2 a 3 semanas para Artrite séptica, Tratamentos com tempo inferior à 3 semanas
para Osteomielite e 2 semanas para artrite séptica não são recomendáveis. Tal recomendação não se aplica a infecções
complexas, com destruição óssea importante e/ou complicações como abscessos, germes resistentes ou pouco frequentes
(MRSA, Salmonella...), sepse ou infecção em crianças imunocomprometidas (incluindo neonatos e lactentes menores de 3
meses), que exigem um tempo maior de tratamento.
A antibioticoterapia venosa deve ser mantida até melhora clínica, incluindo desaparecimento da febre e diminuição da
inflamação e da dor. A queda da PCR também é um marcador importante de melhora, que deve ser seguido. A troca para
antibioticoterapia oral pode acontecer após 2 a 4 dias de melhora dos sintomas, a menos que existam fatores de
risco/complicações presentes.
Tratamento empírico:
Tabela 5: Antibioticoterapia Empírica por Idade (1)
Menores que 3 meses de vida Cefazolina ou oxacilina ou Vancomicina(1) ou Clindamicina + Gentamicina
Alternativa: oxacilina ou Vancomicina (1) ou Clindamicina + Cefotaxima
De 3 meses a 5 anos de vida Oxacilina ou Vancomicina (1) ou Clindamicina + Cefuroxime ou ceftriaxone
(2)
Outras alternativas: Amoxicilina com Clavulanato
Ampicicilina com Sulbactam
Se história recente de internação em UTI e o paciente não melhora com terapêutica inicial; ou infecção inicial grave, avaliar
cobertura para germes multirresistentes. Se história de acesso venoso profundo, por tempo prolongado em passado recente,
pensar na possibilidade de infecção fúngica ou por Staphilococus epidermides, principalmente nos menores de três meses
de vida.
Tratamento Específico:
É importante a avaliação da necessidade de troca da terapia empírica iniciada no primeiro momento a partir do resultado
da cultura e do antibiograma, bem como da evolução clínica da criança.
O tempo total de terapêutica com antimicrobianos, considerando as vias endovenosa e oral, deve ser de 2 a 3 semanas para
artrite séptica e 3 a 4 semanas para Osteomielite. É necessário um período maior de tratamento nos quadros citados abaixo:
Germe MRSA ou PVL+
Neonatos e lactentes jovens (menores de 3 meses)
Resposta lenta/baixa ou complicações
Envolvimento de pelve ou coluna vertebral
Nesses casos, antes da suspensão do medicamento, a maioria dos sintomas deve estar solucionado e a PCR deve ter
normalizado.
“Antibiotic Beads”
A utilização de antibióticos locais no tratamento da Osteomielite é uma modalidade recente de terapêutica que permite
alcançar altas concentrações de antibióticos na lesão, com baixos níveis séricos e baixa toxicidade sistêmica. O uso de
antibiótico associado ao polimetilmetacrilato (PMMA) – que atua como “cimento”/carreador foi realizado pela primeira
vez por Buchholz et al. em 1981 para profilaxia e tratamento da infecção em artroplastias do quadril. Em 1993,
Klemm introduziu o seu emprego com sucesso no tratamento da osteomielite, manipulando a mistura para formar um
colar de esferas unidas por um cabo que era colocado na região da infecção. O antibiótico geralmente associado ao
“cimento” de PMMA é a gentamicina e mistura pronta está disponível no mercado com o nome de Septopal®.
Os “Antibióticos Beads” geralmente são utilizados para infecções ósseas de difícil controle com o tratamento habitual
e devem ser indicados em conjunto com o Serviço de Ortopedia.
Fonte:AZI, M.M. et al. Cimento ósseo com gentamicina no tratamento da infecção óssea. Estudo da eluição in vitro.
Acta Ortopedica Brasileira. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
78522010000100006 ou http://www.scielo.br/pdf/aob/v18n1/a06v18n1.pdf
Tratamento adjuvante:
O uso de antiinflamatórios não esteroidais (AINES)em doses altas está indicado na fase inicial da doença, quando há
infecção ativa, com o objetivo de redução da dor e do desconforto(sintomático). É importante, entretanto, observar a real
indicação na prescrição dessa classe de medicamentos, observando sempre as contraindicações e individualizando o
tratamento caso a caso.
O uso de corticoides NÃO ESTÁ INDICADO, apesar de alguns estudos mostrarem uma resposta mais rápida ao tratamento
com essa medicação. Os corticoides prescritos diante da suspeita de IOA podem atrasar o diagnostico diferencial de artrites
não infecciosas.
A abordagem cirúrgica se faz necessária para drenagem/aspiração de secreções quando há formação de coleções.
Também se faz necessária nos casos complicados de IOA:
Resposta clínica ineficaz à antibioticoterapia como a persistência da febre por mais de 72 a 96 horas de início
do tratamento ou seu reaparecimento. Nestas situações, concomitante à avaliação ortopédica, torna-se
necessária a investigação de outros focos de infecção como endoftalmites, abscessos hepáticos, endocardite.
Avaliar a realização de fundo de olho, USG abdominal, ecocardiograma, dentre outros exames que devem
ser analisados caso a caso.
Abscesso em periósteo e febre persistente com elevação de PCR;
Local e tamanho do abscesso, principalmente abscessos localizados próximos à placa de crescimento;
Osteomielite crônica ou presença de IOA em paciente com prótese ortopédica.
A fisioterapia é essencial na reabilitação do paciente com IOA, especialmente na artrite séptica e após
abordagem cirúrgica. Ainda que sobrecargas e nova lesão na área acometida deva ser evitada, a mobilização
precoce é muito importante na prevenção de complicações como rigidez articular. Dependendo do local e da
gravidade da infecção, alguns tipos de suporte ou dispositivo de proteção como uma tala removível ou bota e
instruções de evitar sobrecargas no local da lesão pode prevenir o desenvolvimento de fraturas patológicas.
Inicialmente, evitar sobrecargas como apoiar-se sobre o membro lesionado é essencial no manejo das IOA como
controle da dor. Cada caso deve ser individualizado e trabalhado de forma multidisciplinar.
D) Seguimento
O diagnóstico precoce e o tratamento correto estão associados com um bom prognostico com prevenção de
complicações como inflamação crônica, desenvolvimento de sequestro e fistulas que levam a claudicação,
dismetria, dor crônica, rigidez e inflamação crônica apesar da ausência de um agente infeccioso.
O seguimento ideal das crianças que tiveram IOA deve ser feito pelo pediatra e pelo ortopedista, e seu tempo
varia de acordo com a gravidade da infecção, idade e área afetada. Após a alta hospitalar, a criança com IOA
não complexa deve ser atendida com 2 semanas, 4 a 6 semanas, 3 meses e 1 ano em consulta ambulatorial de
acompanhamento. Aquelas crianças que apresentaram envolvimento de pelve, coluna vertebral, quadril ou
comprometimento da placa de crescimento devem ser acompanhadas por mais tempo em contexto ambulatorial.
Fontes:
1) AZI, M.M. et al. Cimento ósseo com gentamicina no tratamento da infecção óssea. Estudo da eluição in
vitro. Acta Ortopedica Brasileira. Disponível em: ou http://www.scielo.br/pdf/aob/v18n1/a06v18n1.pdf
2) ESPID 2017 – Practice Guideline – Bone and Joint Infections. Disponível em
https://download.lww.com/wolterskluwer_vitalstream_com/PermaLink/INF/C/INF_36_8_2017_05_10_SAAVEDRA_217-
327_SDC1.pdf.
3) KIEGMAN, R.M. et al. - Nelson – Tratado de Pediatria. Editora Elselvier. 18ª Edição. 2ª Tiragem. Rio de
Janeiro 2009
4) SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA – Tratado de Pediatria. Editora Manole. 4ª Edição. Rio de Janeiro, 2017.
5) Up To Date:
KROGSTAD, P. Hematogenous osteomyelitis em children: Evaluation and Diagnosis. UpToDate, Abril de
2018.
KROGSTAD, P. Hematogenous osteomyelitis em children: Epidemiology, pathogenesis and microbiology.
UpToDate, Abril de 2018.
KROGSTAD, P. Hematogenous osteomyelitis em children: Clinical Features and complications. UpToDate,
Abril de 2018.
6) ZIMMERLI, W. Bone and Joint Infections: From Microbiology to Diagnostics and Treatment. Editora Wiley
Brlackwell – 1 edição. 2015.
ANEXO 1: FLUXOGRAMA
ANEXO 2: TABELA DE ANTIBIOTICOS E DOSES PRECONIZADAS
Antibiótico Dose (mg/kg/dia) Dose máxima por dia Penetração Óssea da
Droga
Cefalosporinas de Primeira Geração, se a prevalência de MRSA na comunidade for menor que 10-15%
Cefazolina IV 100-150mg, 3 a 4 doses 4-6g 6 a 7%
Cefadroxil VO 75-159mg, 3 a 4 doses 3 -4g
Cefalexina VO 75 - 120, 3 a 4 doses 3-4g
Penicilinas Anti-estafilocócicas se a prevalência de MRSA na comunidade for menor que 10-15%
Oxacilina IV 150-200mg, 4 a 6 doses 6-12g 15 a 17%
Clindamicina, se a prevalência de MRSA na comunidade for maior que 10-15% e a prevalência de S. aureus
resistente a clindamicina for menor que 10%
Clindamicina IV 30-40, 3 a 4 doses 2,7 a 4,8g 65 – 78%
Clindamicina VO 30 – 40mg, 3 a 4 doses 1,2 – 1,8g
Se a prevalência de MRSA na comunidade for maior que 10 a 15% e a prevalência de S. aureus resistente a
clindamicina for maior que 10%
Vamcomicina 60, 4 doses 2-4g 5-67%
Teicoplamina 10, 1 dose inicial. 3 doses 0,4g 12-48%
bid
Linezolida (se ausência de 30, 3 doses bid 1,2g 40-51%
resposta à Vancomicina) (>12 anos: 600mg bid)
Uso por no máximo 28 dias.
Sulfametoxazol- 6 – 12mg (TMP), 2 doses 320mg (TMP)
Trimetoprim VO
Outros antibióticos utilizados em Infecções Osteoarticulares
Cefuroxima IV 150-200mg, 3 a 4 doses 6g
Cefuroxima VO 75 - 100mg, 3 doses 1,5 a 3g
Ceftriaxone 80 – 100mg, 1 a 2 doses 4g <15%
Cefotaxima 150-200mg, 3 a 4 doses 12g
Amoxicilina+ 100 mg(amoxicilina), 3 a 4 6-8g de amoxicilina por dia;
Clavulanato IV doses 200mg de clavulanato por
dose
Amoxicilina+ 120 mg(amoxicilina), 3 a 4 3g de amoxicilina por dia;
Clavulanato VO doses 125 mg de clavulanato por
dose
Ampicilina-Sulbactam IV 200mg (ampicilina), 4 8g
doses
Alternativas para Agentes Específicos
Ampicilina ou Amoxicilina para Streptococus B hemolítico (Grupos A ou B), Haemophilus influenzae do tipo B(não
produtor de B lactamase) e Streptocuccus pneumoniae
Ampicilina 150-200mg, 4 doses 12g 3-31%
Amoxicilina VO 80 – 120mg, 3 a 4 doses 3 a 6g
Amoxicilina IV 200 - 300mg, 4 a 6 doses 12g
Clorafenicol 50-100mg, 4 doses iguais 2-4g 39%
(se opções mais seguras
estiverm indisponíveis ou
inacessíveis)
Bid: Duas doses iguais em 24h
Fonte: Adaptado e traduzido para o Português de ESPID 2017 – Practice Guideline – Bone and Joint Infections – Pagina 27.
Disponível em
https://download.lww.com/wolterskluwer_vitalstream_com/PermaLink/INF/C/INF_36_8_2017_05_10_SAAVEDRA_217-
327_SDC1.pdf. Acesso em 21/05/2018, às 18h.
Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica
Osteomielite e Artrite
Séptica em Pediatria
Versão 1.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de Atenção à
Saúde da Criança e
Adolescente
HU-UFJF
FAMED - UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Infecções Osteoarticulares:
A) Revisão Teórica:
1. Conceito:
As infecções musculo esqueléticas envolvem ossos, músculos e articulações e são uma causa significativa de morbi-
mortalidade em pediatria. São infecções potencialmente graves que podem acarretar sequelas ao osso em crescimento
levando a prejuízos de mobilidade a curto e a longo prazo.
As infecções osteoarticulares (IOA) podem ser classificadas em quatro grandes grupos, que podem coexistir em um mesmo
paciente. São eles:
Osteomielite aguda (OA): Processo inflamatório resultante de infecção bacteriana no osso, que leva à destruição do
mesmo. Sua apresentação mais comum em pediatria é a Osteomielite Hematogênica Aguda. Esse tipo de infecção
ocorre por via sanguínea e tem início na metáfise óssea. A partir dela, pode haver uma disseminação para outros locais
do osso ou mesmo para uma articulação adjacente. A infecção também pode ocorrer após uma fratura exposta ou após
uma cirurgia óssea, bem como pode estar associada a próteses ortopédicas.
Artrite séptica (AS): Infecção intra-articular que ocorre geralmente por via hematogênica, com a infecção instalando-
se inicialmente na membrana sinovial. Pode também se iniciar como osteomielite e subsequente disseminação para a
articulação devido à particularidade de algumas metáfises serem intra-articulares em crianças como o fêmur proximal,
fíbula distal, rádio proximal e úmero proximal.
Espondilodiscite: Infecção envolvendo o disco intervertebral e as vértebras adjacentes. Na fase inicial é difícil a
diferenciação entre discite (doença restrita ao disco vertebral) e osteomielite vertebral. A discite ocorre principalmente
em crianças menores de 5 anos e os agentes etiológicos são semelhantes aos de outras infecções osteoarticulares. A
osteomielite vertebral é mais comum em crianças maiores que 5 anos, geralmente envolvendo o corpo vertebral
anterior. Nesses casos, agentes infecciosos como Mycobacterium tuberculosis e Salmonella devem ser considerados.
Piomiosite: Infecção em sítio muscular. Pode se associar a infeções osteoarticulares.
A maioria das infecções osteoarticulares (IOA) não possuem um fator de risco ou fator predisponente, ocorrendo de forma
primária em crianças previamente hígidas. Ainda assim, algumas situações especificas possuem as seguintes associações:
Infecção de vias aéreas superiores prévia está relacionada à IOA por Kingella kingae.
História recente de trauma;
Lesões de pele e varicela infectada estão relacionadas à IOA por Streptococo do grupo A;
Anemia falciforme está relacionada à IOA por Salmonella sp.
Imunodeficiências (doença granulomatosa crônica, por exemplo) estão relacionadas à IOA por Serratia e
Aspergillus.
Lesões de pele penetrantes, por exemplo, através da sola de um sapato ou sandália, estão relacionadas à IOA
por bactérias anaeróbias ou Pseudomonas.
Condições de vida e ocupação, como por exemplo, contato direto com animais, estão relacionadas à IOA por
Brucella e Coxiella sp.
História de contato com tuberculose pulmonar ou morador de área endêmica, está relacionado à tuberculose
osteoarticular.
Prematuridade, infecções de pele, bacteremia ou candidemia, acesso venoso central prévio, são fatores de risco
em PREMATUROS para desenvolvimento de IOA.
2. Etiologia:
As infecções osteoarticulares (IOA) são causadas em sua grande maioria pelo Staphilococcus aureus. Os segundos
agentes infeciosos mais importantes nesta condição são a K. kingae e o Streptococo do grupo A dependendo da
idade e da história prévia. A IOA por K. kingae foi mais observada em crianças menores que 5 anos se comparado
à infecção por Streptococo. .
Em neonatos, o Estreptococo do grupo B e Escherichia coli são patógenos importantes relacionados às IOA.
Tabela 1: Agentes Etiológicos Mais Frequentes das Infecções Osteoarticulares por Idade
Faixa etária Patógeno (por ordem de prevalência)
Menos de 3 meses de vida Staphilococcus aureus
Echerichia coli e outras bactérias Gram negativas
Estreptococo do Grupo B
Candida albicans
Neisseria gonorrhoeae (Recém-nascidos)
3. Manifestações clínicas:
A apresentação clássica das infecções osteoarticulares consiste em febre, edema, dor localizados e limitação do
movimento. Ainda assim, podem se apresentar de diversas formas, de acordo com a faixa etária (tabela 2) e com
a localização da infecção. Sintomas gerais podem ser observados como: recusa de uso do membro acometido ou
redução importante da mobilidade; criança com andar arrastado ou claudicação (IOM em MMII); febre (30 a 40%
dos casos) e quadro de início recente (2 a 4 dias para artrite séptica e 6 a 7 dias de evolução para osteomielite
aguda).
A osteomielite possui um curso mais insidioso e sintomas mais inespecíficos, enquanto a artrite séptica se
apresenta mais frequentemente da forma clássica com febre, edema, dor e limitação do movimento. Isso não
ocorre quando se trata de uma localização “oculta” como articulação sacroilíaca e intervertebrais.
As IOA no período neonatal se apresentam de maneira inespecífica.
B) Diagnóstico:
O diagnóstico das IOA se faz pela combinação de clínica sugestiva associada a exames de imagem; exame
microbiológico ou histopatológico e resposta clínica à antibioticoterapia empírica instituída.
Em geral, o diagnóstico pode ser incerto durante a avaliação inicial, uma vez que a apresentação é muitas vezes
insidiosa e sem sinais e sintomas específicos. Assim, diante de uma suspeita inicial, é essencial a monitorização
da evolução para conclusão do diagnóstico.
É altamente recomendável que, diante da suspeita de IOA, o Serviço de Ortopedia esteja ciente e acompanhe o
caso em equipe, uma vez que a abordagem cirúrgica muitas vezes se faz necessária tanto para coleta de material
para culturas como para drenagem de abscesso e derrame articular.
Ressonância Magnética: Trata-se do exame de imagem mais informativo nas IOA, detectando
alterações com 2 a 3 dias após início dos sintomas. Revela detalhes do osso e do tecido adjacente
incluindo a formação de abscessos, sequestro ou associação da IOA de base com piomiosite ou trombose
venosa adjacente. Dessa forma, auxilia o cirurgião no planejamento de um ato operatório com fins
diagnósticos ou de tratamento.
A RNM está indicada em condições clínicas graves e/ou quando há dúvidas sobre o diagnóstico e/ou
quando há suspeita de alguma complicação.
Tomografia Computadorizada: A tomografia não é um exame recomendável nas IOA. Trata-se de um
exame menos sensível se comparada à RNM na detecção precoce de lesões ósseas além de expor a criança
a altas doses de radiação. Este exame está indicado quando não é possível realizar a RNM e como forma
de guiar procedimentos como aspiração e drenagem de secreções intra-ósseas/intra-articulares por serem
procedimentos rápidos e, muitas vezes, sem necessidade de sedação.
Ultrassonografia: A ultrassonografia é mais indicada nos quadros de artrite séptica por possuir uma alta
sensibilidade no diagnóstico de derrame articular, embora com baixa especificidade. Trata-se de um
exame que deve ser realizado em todos os casos de Artrite Séptica.
Nos casos de Osteomielite, a USG pode ser útil para diagnosticar formação de abscessos e complicações
circunjacentes como piomiosite e celulite. Além disso, A USG mostra-se útil como ferramenta guia de
aspiração ou drenagem terapêuticas e diagnosticas.
Diagnostico diferencial: Pelo quadro muitas vezes inespecífico das infecções osteoarticulares, várias doenças
infecciosas e não infecciosas podem apresentar um quadro clínico semelhante. Quando o diagnóstico não pode ser
confirmado de acordo com a propedêutica específica, devemos considerar outros tipos de acometimento, destacando
outros tipos de infecção, doenças reumatológicas ou neoplasias, de acordo com a tabela abaixo:
C) Tratamento:
O diagnóstico e o tratamento precoces são essenciais nos casos de IOA para evitar ou reduzir complicações.
O manejo inicial inclui a drenagem adequada de pus e coleções, enviando o material para cultura e demais estudos
microbiológicos incluindo o antibiograma.
A drenagem do derrame articular por aspiração com agulha (guiada ou não por ultrassom), artroscopia ou cirurgia
(artrotomia) tem como objetivos a retirada de material para análise microbiológica, redução da pressão intra-articular
(atuando na melhora da dor) e remoção de bactérias e toxinas causadoras de danos em ossos e cartilagens. A melhor opção
de drenagem para casos não complicados ainda é controversa e deve ser individualizada caso a caso. As indicações de
drenagem por artrotomia na artrite séptica em pediatria estão citadas abaixo:
Artrite séptica em quadril e ombro;
Presença de grande quantidade de fibrina ou debris no interior do espaço articular;
Presença de próteses ortopédicas;
Artrite que não responde ao tratamento em até 3 dias
Osteomielite adjacente
O início empírico da antibioticoterapia também está incluído nos primeiros passos de tratamento. Sua escolha é baseada
nos agentes etiológicos mais comuns de acordo com a idade, as imunizações, doença de base, resultado da bacterioscopia
da secreção, além de considerar fatores epidemiológicos tais como a prevalência de MRSA na comunidade.
O tratamento das IOA não complicadas (com resolução rápida de febre e demais sintomatologias) consiste em início da
antibioticoterapia por via endovenosa seguida por altas doses de antibioticoterapia oral com uma duração de tratamento
total de 3 a 4 semanas para Osteomielite e 2 a 3 semanas para Artrite séptica, Tratamentos com tempo inferior à 3 semanas
para Osteomielite e 2 semanas para artrite séptica não são recomendáveis. Tal recomendação não se aplica a infecções
complexas, com destruição óssea importante e/ou complicações como abscessos, germes resistentes ou pouco frequentes
(MRSA, Salmonella...), sepse ou infecção em crianças imunocomprometidas (incluindo neonatos e lactentes menores de 3
meses), que exigem um tempo maior de tratamento.
A antibioticoterapia venosa deve ser mantida até melhora clínica, incluindo desaparecimento da febre e diminuição da
inflamação e da dor. A queda da PCR também é um marcador importante de melhora, que deve ser seguido. A troca para
antibioticoterapia oral pode acontecer após 2 a 4 dias de melhora dos sintomas, a menos que existam fatores de
risco/complicações presentes.
Tratamento empírico:
Tabela 5: Antibioticoterapia Empírica por Idade (1)
Menores que 3 meses de vida Cefazolina ou oxacilina ou Vancomicina(1) ou Clindamicina + Gentamicina
Alternativa: oxacilina ou Vancomicina (1) ou Clindamicina + Cefotaxima
De 3 meses a 5 anos de vida Oxacilina ou Vancomicina (1) ou Clindamicina + Cefuroxime ou ceftriaxone
(2)
Outras alternativas: Amoxicilina com Clavulanato
Ampicicilina com Sulbactam
Se história recente de internação em UTI e o paciente não melhora com terapêutica inicial; ou infecção inicial grave, avaliar
cobertura para germes multirresistentes. Se história de acesso venoso profundo, por tempo prolongado em passado recente,
pensar na possibilidade de infecção fúngica ou por Staphilococus epidermides, principalmente nos menores de três meses
de vida.
Tratamento Específico:
É importante a avaliação da necessidade de troca da terapia empírica iniciada no primeiro momento a partir do resultado
da cultura e do antibiograma, bem como da evolução clínica da criança.
O tempo total de terapêutica com antimicrobianos, considerando as vias endovenosa e oral, deve ser de 2 a 3 semanas para
artrite séptica e 3 a 4 semanas para Osteomielite. É necessário um período maior de tratamento nos quadros citados abaixo:
Germe MRSA ou PVL+
Neonatos e lactentes jovens (menores de 3 meses)
Resposta lenta/baixa ou complicações
Envolvimento de pelve ou coluna vertebral
Nesses casos, antes da suspensão do medicamento, a maioria dos sintomas deve estar solucionado e a PCR deve ter
normalizado.
“Antibiotic Beads”
A utilização de antibióticos locais no tratamento da Osteomielite é uma modalidade recente de terapêutica que permite
alcançar altas concentrações de antibióticos na lesão, com baixos níveis séricos e baixa toxicidade sistêmica. O uso de
antibiótico associado ao polimetilmetacrilato (PMMA) – que atua como “cimento”/carreador foi realizado pela primeira
vez por Buchholz et al. em 1981 para profilaxia e tratamento da infecção em artroplastias do quadril. Em 1993,
Klemm introduziu o seu emprego com sucesso no tratamento da osteomielite, manipulando a mistura para formar um
colar de esferas unidas por um cabo que era colocado na região da infecção. O antibiótico geralmente associado ao
“cimento” de PMMA é a gentamicina e mistura pronta está disponível no mercado com o nome de Septopal®.
Os “Antibióticos Beads” geralmente são utilizados para infecções ósseas de difícil controle com o tratamento habitual
e devem ser indicados em conjunto com o Serviço de Ortopedia.
Fonte:AZI, M.M. et al. Cimento ósseo com gentamicina no tratamento da infecção óssea. Estudo da eluição in vitro.
Acta Ortopedica Brasileira. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
78522010000100006 ou http://www.scielo.br/pdf/aob/v18n1/a06v18n1.pdf
Tratamento adjuvante:
O uso de antiinflamatórios não esteroidais (AINES)em doses altas está indicado na fase inicial da doença, quando há
infecção ativa, com o objetivo de redução da dor e do desconforto(sintomático). É importante, entretanto, observar a real
indicação na prescrição dessa classe de medicamentos, observando sempre as contraindicações e individualizando o
tratamento caso a caso.
O uso de corticoides NÃO ESTÁ INDICADO, apesar de alguns estudos mostrarem uma resposta mais rápida ao tratamento
com essa medicação. Os corticoides prescritos diante da suspeita de IOA podem atrasar o diagnostico diferencial de artrites
não infecciosas.
A abordagem cirúrgica se faz necessária para drenagem/aspiração de secreções quando há formação de coleções.
Também se faz necessária nos casos complicados de IOA:
Resposta clínica ineficaz à antibioticoterapia como a persistência da febre por mais de 72 a 96 horas de início
do tratamento ou seu reaparecimento. Nestas situações, concomitante à avaliação ortopédica, torna-se
necessária a investigação de outros focos de infecção como endoftalmites, abscessos hepáticos, endocardite.
Avaliar a realização de fundo de olho, USG abdominal, ecocardiograma, dentre outros exames que devem
ser analisados caso a caso.
Abscesso em periósteo e febre persistente com elevação de PCR;
Local e tamanho do abscesso, principalmente abscessos localizados próximos à placa de crescimento;
Osteomielite crônica ou presença de IOA em paciente com prótese ortopédica.
A fisioterapia é essencial na reabilitação do paciente com IOA, especialmente na artrite séptica e após
abordagem cirúrgica. Ainda que sobrecargas e nova lesão na área acometida deva ser evitada, a mobilização
precoce é muito importante na prevenção de complicações como rigidez articular. Dependendo do local e da
gravidade da infecção, alguns tipos de suporte ou dispositivo de proteção como uma tala removível ou bota e
instruções de evitar sobrecargas no local da lesão pode prevenir o desenvolvimento de fraturas patológicas.
Inicialmente, evitar sobrecargas como apoiar-se sobre o membro lesionado é essencial no manejo das IOA como
controle da dor. Cada caso deve ser individualizado e trabalhado de forma multidisciplinar.
D) Seguimento
O diagnóstico precoce e o tratamento correto estão associados com um bom prognostico com prevenção de
complicações como inflamação crônica, desenvolvimento de sequestro e fistulas que levam a claudicação,
dismetria, dor crônica, rigidez e inflamação crônica apesar da ausência de um agente infeccioso.
O seguimento ideal das crianças que tiveram IOA deve ser feito pelo pediatra e pelo ortopedista, e seu tempo
varia de acordo com a gravidade da infecção, idade e área afetada. Após a alta hospitalar, a criança com IOA
não complexa deve ser atendida com 2 semanas, 4 a 6 semanas, 3 meses e 1 ano em consulta ambulatorial de
acompanhamento. Aquelas crianças que apresentaram envolvimento de pelve, coluna vertebral, quadril ou
comprometimento da placa de crescimento devem ser acompanhadas por mais tempo em contexto ambulatorial.
Fontes:
1) AZI, M.M. et al. Cimento ósseo com gentamicina no tratamento da infecção óssea. Estudo da eluição in
vitro. Acta Ortopedica Brasileira. Disponível em: ou http://www.scielo.br/pdf/aob/v18n1/a06v18n1.pdf
2) ESPID 2017 – Practice Guideline – Bone and Joint Infections. Disponível em
https://download.lww.com/wolterskluwer_vitalstream_com/PermaLink/INF/C/INF_36_8_2017_05_10_SAAVEDRA_217-
327_SDC1.pdf.
3) KIEGMAN, R.M. et al. - Nelson – Tratado de Pediatria. Editora Elselvier. 18ª Edição. 2ª Tiragem. Rio de
Janeiro 2009
4) SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA – Tratado de Pediatria. Editora Manole. 4ª Edição. Rio de Janeiro, 2017.
5) Up To Date:
KROGSTAD, P. Hematogenous osteomyelitis em children: Evaluation and Diagnosis. UpToDate, Abril de
2018.
KROGSTAD, P. Hematogenous osteomyelitis em children: Epidemiology, pathogenesis and microbiology.
UpToDate, Abril de 2018.
KROGSTAD, P. Hematogenous osteomyelitis em children: Clinical Features and complications. UpToDate,
Abril de 2018.
6) ZIMMERLI, W. Bone and Joint Infections: From Microbiology to Diagnostics and Treatment. Editora Wiley
Brlackwell – 1 edição. 2015.
ANEXO 1: FLUXOGRAMA
ANEXO 2: TABELA DE ANTIBIOTICOS E DOSES PRECONIZADAS
Antibiótico Dose (mg/kg/dia) Dose máxima por dia Penetração Óssea da
Droga
Cefalosporinas de Primeira Geração, se a prevalência de MRSA na comunidade for menor que 10-15%
Cefazolina IV 100-150mg, 3 a 4 doses 4-6g 6 a 7%
Cefadroxil VO 75-159mg, 3 a 4 doses 3 -4g
Cefalexina VO 75 - 120, 3 a 4 doses 3-4g
Penicilinas Anti-estafilocócicas se a prevalência de MRSA na comunidade for menor que 10-15%
Oxacilina IV 150-200mg, 4 a 6 doses 6-12g 15 a 17%
Clindamicina, se a prevalência de MRSA na comunidade for maior que 10-15% e a prevalência de S. aureus
resistente a clindamicina for menor que 10%
Clindamicina IV 30-40, 3 a 4 doses 2,7 a 4,8g 65 – 78%
Clindamicina VO 30 – 40mg, 3 a 4 doses 1,2 – 1,8g
Se a prevalência de MRSA na comunidade for maior que 10 a 15% e a prevalência de S. aureus resistente a
clindamicina for maior que 10%
Vamcomicina 60, 4 doses 2-4g 5-67%
Teicoplamina 10, 1 dose inicial. 3 doses 0,4g 12-48%
bid
Linezolida (se ausência de 30, 3 doses bid 1,2g 40-51%
resposta à Vancomicina) (>12 anos: 600mg bid)
Uso por no máximo 28 dias.
Sulfametoxazol- 6 – 12mg (TMP), 2 doses 320mg (TMP)
Trimetoprim VO
Outros antibióticos utilizados em Infecções Osteoarticulares
Cefuroxima IV 150-200mg, 3 a 4 doses 6g
Cefuroxima VO 75 - 100mg, 3 doses 1,5 a 3g
Ceftriaxone 80 – 100mg, 1 a 2 doses 4g <15%
Cefotaxima 150-200mg, 3 a 4 doses 12g
Amoxicilina+ 100 mg(amoxicilina), 3 a 4 6-8g de amoxicilina por dia;
Clavulanato IV doses 200mg de clavulanato por
dose
Amoxicilina+ 120 mg(amoxicilina), 3 a 4 3g de amoxicilina por dia;
Clavulanato VO doses 125 mg de clavulanato por
dose
Ampicilina-Sulbactam IV 200mg (ampicilina), 4 8g
doses
Alternativas para Agentes Específicos
Ampicilina ou Amoxicilina para Streptococus B hemolítico (Grupos A ou B), Haemophilus influenzae do tipo B(não
produtor de B lactamase) e Streptocuccus pneumoniae
Ampicilina 150-200mg, 4 doses 12g 3-31%
Amoxicilina VO 80 – 120mg, 3 a 4 doses 3 a 6g
Amoxicilina IV 200 - 300mg, 4 a 6 doses 12g
Clorafenicol 50-100mg, 4 doses iguais 2-4g 39%
(se opções mais seguras
estiverm indisponíveis ou
inacessíveis)
Bid: Duas doses iguais em 24h
Fonte: Adaptado e traduzido para o Português de ESPID 2017 – Practice Guideline – Bone and Joint Infections – Pagina 27.
Disponível em
https://download.lww.com/wolterskluwer_vitalstream_com/PermaLink/INF/C/INF_36_8_2017_05_10_SAAVEDRA_217-
327_SDC1.pdf. Acesso em 21/05/2018, às 18h.
Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica
Paracoccidioidomicose
Versão 1.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de Atenção
à Saúde da Criança e
Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Revisão Teórica
Patogênese:
I) Infecção paracoccidioidica:
O processo de cicatrização e fibrose pode levar a alterações anatômicas e funcionais dos pulmões,
suprarrenais, SNC, pele e mucosas (disfonia e obstrução laríngea). As sequelas mais frequentes da
forma aguda são: obstrução de linfáticos abdominais com síndromes disabsortivas e icterícia
obstrutiva.
Diagnóstico:
A forma aguda/subaguda da PCM é responsável por 5-25% dos casos, predomina em crianças,
adolescentes e adultos jovens, podendo eventualmente acometer adultos com mais de 30 (até os 40) anos de
idade. A distribuição por gênero é praticamente igual, particularmente entre crianças.
Esta forma clínica mostra uma evolução rápida, com ampla disseminação do fungo a múltiplos órgãos
e sistemas. Em geral, os pacientes são diagnosticados poucas semanas após o início dos sintomas. A maioria
deles demonstra envolvimento do sistema fagocítico-mononuclear.
A PMC na criança apresenta-se na forma subaguda, também chamada de juvenil. Essa apresentação
acomete especialmente o sistema reticuloendotelial, caracterizando uma síndrome linfoproliferativa febril,
manifestando-se, frequentemente, como doença sistêmica moderada ou grave, de evolução relativamente curta,
e óbito em cerca de 10% dos casos.
Os casos graves são definidos pelo encontro de três ou mais dos seguintes critérios:
i) perda ponderal maior que 10% do peso habitual;
ii) intenso comprometimento pulmonar;
iii) acometimento de outros órgãos, tais como glândulas adrenais, sistema nervoso central e ossos;
iv) presença de linfonodos acometidos em múltiplas cadeias, superficiais ou profundas, do tipo tumoral (>2,0cm
de diâmetro, sem supuração) ou do tipo supurativo;
v) títulos de anticorpos elevados.
vi) Contagem títulos de imunoeletroforese (CIE) ≥ 1/64;
vii) falta de reação intradérmica paracoccidioidica
Sintomas apresentados:
1) Hemograma completo: Evidencia em 75% dos casos anemia normocítica e normocrômica moderada,
leucocitose discreta ou leucócitos normais, linfopenia, monocitose, neutrofilia, eosinofilia.
2) VHS: Pode estar aumentada, sendo utilizada para monitorização da resposta ao tratamento.
3) Bioquímica hepática (alanina aminotransferase, fosfatase alcalina)
4) Proteínas totais e frações: Diminuição nos níveis de albumina e aumento de alfa-1, alfa-2 e
gamaglobulinas.
5) Avaliação da função renal e metabólica (creatinina sérica) e eletrólitos (sódio-Na e potássio-K)
6) Raio X do tórax (póstero-anterior e perfil)
7) Exames de imagem: Ultrassonografia, tomografias computadorizadas, ressonância magnética e
mapeamento cintilográfico só devem ser realizados quando houver suspeita clínica ou alterações
laboratoriais que indiquem envolvimento de órgãos ou sistemas que não possam ser avaliados apenas
com o exame físico.
Padrão Ouro:
Estes testes apresentam sensibilidade entre 80 e 95%. O título de anticorpos específicos anti-P.
brasiliensis tem correlação com a gravidade das formas clínicas.
Indicações de internação:
Panorama Geral:
P. brasiliensis e P. lutzii diferem de outros fungos patogênicos por serem organismos sensíveis à maioria dos
antifúngicos sistêmicos, sendo que mesmo os derivados sulfamídicos podem inibir seu crescimento. Apesar do
vasto arsenal terapêutico estar disponível para manejo da doença, na prática clínica são mais empregados o
itraconazol, o cotrimoxazol (associação sulfametoxazol/trimetoprim) e a anfotericina B.
a) Primeira fase: Indução para controle dos sintomas clínicos até os parâmetros laboratoriais da fase aguda
voltarem ao normal. O objetivo da fase de indução é selecionar drogas mais ativas, que eventualmente são mais
tóxicas.
b) Segunda fase: Manutenção até a interrupção do tratamento com base em marcadores imunológicos e
laboratoriais de inflamação, tais como as proteínas de fase aguda.
Uma vez que a fase aguda está sob controle, o tratamento pode ser alterado para medicamentos orais,
favorecendo a adesão aos regimes de tratamento mais longos. Uma diminuição acentuada dos títulos de
anticorpos (CIE ≤ 1/32) é recomendado para iniciar a fase de manutenção.
1) Itraconazol:
Dose:
Recomendado de 5 a 10 mg/kg/dia.
Indicação:
Tratamento de escolha para pacientes com formas leves a moderadas de PCM.
Duração:
Pode variar de 09 a 18 meses, com uma média de 12 meses, sendo que o paciente deve sempre
ser avaliado por critérios de cura clínicos, imunológicos e radiológicos.
Efeitos adversos:
2) Sulfametoxazol-trimetropim:
Dose:
Recomendado de 8 a 10mg/kg/dia de trimetoprim, em duas tomadas diárias, não sendo
necessária a administração em jejum.
Duração:
12 meses nas formas leves e 18 a 24 meses nas formas moderadas;
Indicação:
- Medicamento mais utilizado em crianças;
- Neuroparacoccidioidomicose.
- Contraindicações de uso de itraconazol,
- Falha terapêutica,
- Tratamento concomitante de tuberculose.
Observação:
Fornecido pelo SUS, eficácia conhecida, boa tolerabilidade e apresentação na forma de
xarope, que facilita a administração e adequação da dose.
Efeitos adversos:
Incluem reações de hipersensibilidade, leucopenia, anemia megaloblástica e trombocitopenia.
A leucopenia é frequente, mas pode ser controlada com uso concomitante de ácido fólico, sem
outras complicações associadas.
Indicação:
São reservadas para casos graves.
Efeitos adversos:
Febre, calafrios, taquicardia, taquipnéia, hipertensão arterial (relacionada à prostaglandina E2)
ou hipotensão são comuns, e podem ser manejados pela administração de paracetamol, dipirona
ou hidrocortisona 0,7mg /kg/dia no início da infusão.
Outros efeitos adversos comuns são hipocalemia, acidose tubular renal, diminuição da filtração
glomerular e anemia hipocrômica e normocítica. Para a gestão de níveis de potássio faz-se
necessário, em alguns casos, a suplementação oral de potássio profilaticamente.
Efeitos adversos menos frequentes são as anormalidades de repolarização ventricular,
disfunção hepática e hipomagnesemia.
Duração:
Até o paciente apresentar estabilização e melhora clínica para dar prosseguimento ao tratamento
com uso da medicação oral;
Observação:
Como desnutrição e imunossupressão são comumente observadas em casos de PCM recebendo
AmB, particularmente aqueles que apresentam malabsorção e hipoalbuminemia, a nutrição
parenteral tem sido recomendada;
A monitorização dos níveis de ureia e creatinina é obrigatório.
4) Corticosteróides:
Alguns pacientes podem apresentar reação paradoxal durante o tratamento, que se caracteriza
por uma piora clínica com surgimento de novos gânglios, inclusive com fistulização, febre e perda de
peso, sendo indicada a introdução de corticosteroide.
Em casos de pacientes com inflamação intensa, seja em gânglios ou no sistema nervoso central,
lesões graves de laringe ou traqueia e lesões pulmonares com insuficiência respiratória, o uso de
prednisona por uma a duas semanas pode reduzir a inflamação durante a terapêutica com antifúngicos.
Sulfametoxazol-
MEDICAMENTO Itraconazol Anfotericina B
trimetropim
3 a 5 mg/kg/dia (fórmula
8 a 10mg/kg/dia de trimetoprim,
DOSE (RECOMENDADO) 5 a 10 mg/kg/dia. lipossomal) e 0,5 a 0,7 mg/kg/dia
em duas tomadas diárias.
(Desoxicolato).
Pacientes que apresentam:
Tratamento concomitante de
Pacientes com formas leves a tuberculose; Falha terapêutica;
INDICAÇÃO Reservadas para casos graves.
moderadas de PCM. Neuroparacoccidioidomicose e
Contraindicações de uso de
itraconazol.
Até o paciente apresentar
estabilização e melhora clínica
De 09 a 18 meses, com uma 12 meses nas formas leves e 18 a
DURAÇÃO para dar prosseguimento ao
média de 12 meses. 24 meses nas formas moderadas.
tratamento com uso da medicação
oral.
Febre, calafrios, taquicardia,
Náuseas, vômitos, aumento do
taquipnéia, hipertensão arterial ou
soro aminotransferases, Reações de hipersensibilidade,
hipotensão, hipocalemia, acidose
EFEITOS ADVERSOS erupções cutâneas, hipocalemia, leucopenia, anemia
tubular renal, diminuição da
hipotrigliceridemia e megaloblástica e trombocitopenia.
filtração glomerular, anemia
hiperuricemia.
hipocrômica e normocítica.
Não se recomenda o
fracionamento de doses de Fornecido pelo SUS, eficácia
Monitorização dos níveis de uréia e
itraconazol, pois sua absorção conhecida, boa tolerabilidade e
creatinina é obrigatório; avaliação
OBSERVAÇÃO no trato gastrointestinal só ocorre apresentação na forma de xarope,
de nutrição parenteral e profilaxia de
quando o medicamento está que facilita a administração e
acondicionado em cápsulas adequação da dose.
potássio oral.
íntegras.
Pacientes que iniciaram o tratamento com drogas venosas devido ao quadro grave de acometimento, podem
trocar para via oral assim que as condições clínicas forem favoráveis para tal, como: resolução da
hipotensão, redução da ascite, melhora do estado respiratório e nutricional. Geralmente esta troca pode
ocorrer entre o vigésimo até o quadragésimo dia de terapia intravenosa. Esta transição precisa ser cuidadosa
em pacientes com importante acometimento abdominal, pois a absorção oral pode ser dificultada pelo
edema da parede intestinal ou pelos nódulos e fibrose. Nesses casos, deve ser evitado o uso do itraconazol.
Acompanhamento ambulatorial:
Follow-up:
Consultas mensais nos primeiros 03 meses, com solicitação de exames a cada consulta
(Hemograma, VHS, ALT, AST, GGT, FA, NA, K, SOROLOGIA E RX DE TÓRAX);
No caso de boa evolução clínico-laboratorial, após os primeiros 03 meses, deverão realizar
hemograma, provas bioquímicas a cada 03 meses. Bem como, radiografia de tórax e sorologia a
cada 06 meses;
Involução de lesões ativas e resolução de sinais e sintomas deve ocorrer dentro de 1-8 semanas
após o início da terapia.
Testes de fase aguda: diminuição das taxas de sedimentação de eritrócitos e normalização de
proteínas de fase aguda deve ocorrer nas primeiras 4-12 semanas (proteína C-reativa e
glicoproteínas alfa1 ácidas).
Sinais de imagem: redução de anormalidades alveolares nas radiografias de tórax e redução de
edema e pequenos nódulos agudos na RM devem ocorrer após 3-12 meses; fibrose e granuloma
pronunciado podem persistir por muitos anos.
Com relação aos parâmetros sorológicos, os títulos de anticorpos devem diminuir 4-6 meses após
o início do tratamento, atingindo a estabilização após 10 meses (1/4 dos títulos iniciais detectados
pela CIE ou resultados negativos em soro não diluído testado por DID).
Pacientes que apresentam critérios de cura após o término do tratamento devem retornar ao
ambulatório a cada 06 meses no primeiro ano e manter controle anual por pelo menos 05 anos, ou
por tempo indeterminado.
Critérios de cura:
Pneumonias na
Infância e Adolescência
Versão 1.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de Atenção
à Saúde da Criança e
Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Introdução
As infecções respiratórias agudas são causas importantes de morbimortalidade na infância, destacando-se as pneumonias,
como as principais determinantes dessa mortalidade. Na década de 2000 a 2010, a OMS constatou que cerca de 1/3 da
mortalidade mundial de crianças foi por infecções respiratórias agudas.
A pneumonia é um quadro sindrômico resultante da inflamação e infecção do tecido pulmonar, que em geral se apresenta
com febre, sinais e sintomas respiratórios agudos, podendo ter ou não infiltrados ou condensações no RX de tórax. A
pneumonia adquirida na comunidade pode ser definida clinicamente como a presença de pneumonia numa criança
previamente saudável devido a uma infecção adquirida fora do hospital. Se refere à pneumonia que ocorre em crianças não
hospitalizadas nos últimos quinze dias, portanto não colonizadas por germes hospitalares e sim por aqueles provenientes
do meio domiciliar, escolar ou comunitário.
Embora crianças previamente saudáveis possam ser acometidas por pneumonia, a presença de determinados fatores está
associada a maior risco.
Baixa Renda familiar e baixo nível de escolaridade dos pais
Alta densidade de moradores por domicílio
Interrupção precoce do aleitamento materno
Desnutrição
Frequência à creches
Fatores ambientais, como tabagismo passivo, poluição do ar respirado
Variáveis climáticas
Baixa idade
Baixo peso ao nascer
Vacinação incompleta
Presença de comorbidades (asma, diabetes, doença falciforme, síndrome nefrótica, imunodeficiência...)
Radiografia de Tórax
Permite a confirmação diagnóstica da pneumonia;
Avalia a extensão do processo;
Avalia a presença de complicações como derrames pleurais, pneumatoceles, cavitações, escapes de ar e abcessos;
Não permite a definição etiológica do quadro, embora a presença de imagens de consolidação com ou sem
broncograma aéreo, cavitações e derrame pleural, sugerem etiologia bacteriana e imagens de espessamento perihilar,
bilaterais, simétricas, associadas a hiperinsuflação e áreas de atelectasia, sugerem processo de etiologia viral ou por
germes “atípicos”;
A radiografia de tórax não deve ser solicitada para seguimento ou controle de cura da PAC em crianças previamente
hígidas e que apresentam boa evolução, mas deve ser considerada nos pacientes com doenças de base, pneumonia com
sintomas persistentes, complicadas ou de repetição.
Exames Laboratoriais
Hemograma e Proteína C reativa
Bioquímica sanguínea, função renal e hepática
Eletrólitos
Hemocultura (positividade varia de 10 a 35%)
Gasometria arterial (nos casos de dificuldade respiratória grave)
Sorologia Elisa IgM para Mycoplasma pneumoniae
Exame do Líquido Pleural em caso de derrame pleural: pH, dosagem de glicose (especificidade de 89% e 88%,
respectivamente, para pH<7,2 e glicose<40 mg/dl); proteínas, LDH, citologia, citometria, bacterioscopia e cultura
(positividade da cultura varia de 50 a 70% em caso de exsudato), detecção de antígenos bacterianos pelo Látex.
Etiologia
Os vírus representam 30 a 67% dos casos de PAC na infância e são mais frequentemente identificadas nas crianças
menores que 1 ano quando comparado àquelas com mais de 2 anos.
O patógeno não é identificado em até 60% dos casos de pneumonia. A maioria dos estudos publicados na literatura
especializada é originária de países desenvolvidos pois em nosso meio, as investigações nacionais ainda são escassas.
As bactérias representam a principal causa de pneumonia em crianças; no entanto, vírus e outros agentes infecciosos
também têm importância etiológica, principalmente em lactentes. Infecções mistas são comuns em menores de 2 anos.
Embora vários fatores como idade, estado nutricional, doença de base e fatores ambientais, tenham grande influência
na etiologia das pneumonias em crianças, nas pneumonias adquiridas na comunidade o Streptococcus pneumoniae
continua sendo um agente particularmente importante, tanto em países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento.
Em lactentes até 3 meses, a pneumonia afebril é um diagnóstico a ser considerado e está relacionada a Clamydia
trachomatis ou Ureaplasma urealyticum e apresenta-se com evolução insidiosa, tosse coqueluchóide, taquipnéia com
sinais de obstrução das vias aéreas inferiores, toxemia ausente ou discreta, insuficiência respiratória de graus variados
podendo haver conjuntivite.
Embora seja mais frequente acima de 5 anos, o Mycoplasma pneumoniae não é incomum em crianças entre 2 a 5 anos.
Pródromos de faringite, cefaleia, sintomas gastrintestinais e febre geralmente baixa evoluindo com sinais e sintomas
de pneumonia, sugerem ser Mycoplasma pneumoniae o provável agente etiológico. Outros aspectos que podem estar
também presentes nesses casos são a presença de miringite bolhosa, tosse coqueluchóide, sibilância, mialgia intensa e
fenômenos de auto-imunidade envolvendo pele (exantema macular eritematoso), coração (cardite), hematológico
(anemia hemolítica, citopenias), músculo-articular (miosite, artrite) e sistema nervoso central (meningoencefalites,
Guillain-Barré).
1 a 3 meses
Streptococcus pneumoniae Causa mais comum de pneumonia
Chlamydia trachomatis Infecção genital materna, afebril, progressiva subaguda infiltrado
Ureaplasma urealyticum intersticial,
Staphylococcus aureus parto vaginal, tosse paroxística, conjuntivite no RN ou lactente,
Bordetela pertussis eosinofilia
Pneumonia grave, frequentemente complicada
A pneumonia ocorre em casos graves de coqueluche
3 meses a 2 anos
Streptococcus pneumoniae Causa mais comum de pneumonia
Haemophilus influenzae não tipável Quadro arrastado associado à otite média ou sinusite aguda
Staphylococcus aureus Pneumonia grave, frequentemente complicada
2 a 5 anos
Streptococcus pneumoniae Causa mais comum de pneumonia
Haemophilus influenzae não tipável Tipo B em desaparecimento devido à vacina
Mycoplasma pneumoniae Tosse prolongada, sintomas extrapulmonares, odinofagia, miringite
Chlamydophila pneumoniae bolhosa, mialgia, quadro atípico arrastado, infiltrado intersticial
Staphylococcus aureus Frequência reduzida nessa faixa etária, quadro grave frequentemente
complicado
A partir de 5 anos
Streptococcus pneumoniae Causa mais comum de pneumonia
Mycoplasma pneumoniae Tosse prolongada sintomas extrapulmonares, odinofagia, miringite
Chlamydophila pneumoniae bolhosa, quadro atípico arrastado, infiltrado intersticial
Haemophilus influenzae não tipável Causa infrequente nessa faixa etária
Quadro 3 - Agentes bacterianos mais prováveis de pneumonia comunitária por faixa etária ( J Bras Pneumol. 2007)
Tratamento
Tratamento de suporte
O tratamento de suporte inclui cuidados de nutrição, hidratação, oxigenioterapia, analgésicos e antitérmicos e
monitorização contínua da saturação e dos sinais vitais.
Nutrição
A dieta deverá ser suspensa (dieta zero) se o paciente estiver inapetente recusando-se alimentar, se apresentar alteração do
nível de consciência, em caso de taquipneia importante (> 70 irpm em crianças menores de 2 anos ou > 50 irpm em crianças
acima de 2 anos) ou na presença de esforço respiratório. Em alguns casos pode se considerar dieta por sonda gástrica com
volume reduzido e intervalos mais curtos.
Hidratação venosa
Indicações:
Quando o paciente não estiver aceitando bem a dieta e permanecer por um período maior que 8h em jejum
Toda vez que o paciente estiver em dieta zero
Sinais de desidratação e/ou choque hipovolêmico/séptico
Pneumonia grave ou muito grave
Em caso de hipopotassemia
Oxigenioterapia
A FiO2 ofertada deverá ser suficiente para manter a SatO2 > 94%. Manter vias aéreas pérvias: aspirar secreções de VAS,
posicionar a cabeça em leve extensão, cabeceira elevada 30 a 45°. O conforto da criança vem sempre em primeiro lugar.
Se o paciente estiver estável, deixe-o no colo da mãe. Ofereça a interface ventilatória eficaz mais confortável possível.
Antibioticoterapia oral
A via oral pode ser considerada para administração de antibióticos no tratamento de pneumonia, mesmo em nível
hospitalar, em pacientes estáveis, com quadro de pneumonia não complicada e com boa aceitação da via oral.
Também pode ser uma opção para continuação do tratamento após melhora clínica do paciente que vinha utilizando
a via parenteral.
Amoxicilina 80-90mg/Kg/dia
VO 12/12h Amoxicilina-clavulanato 80-90 mg/Kg/dia
(amoxicilina) VO 12/12h ou
> 5 anos Claritromicina 15 mg/Kg/dia
VO 12/12h ou Cefuroxima 30 mg/Kg/dia VO 12/12h
Azitromicina 10 mg/Kg/dia
VO 24/24h 5 dias
Duração do tratamento:
Pneumonia pneumocócica 7 a 10 dias
Pneumonia estafilocócica 2 a 3 semanas
Pneumonia por atípicos 14 dias
Pneumonia por gram negativos 10 a 14 dias
II – Pneumonia bacteriana adquirida em ambiente hospitalar
Pneumonia que se desenvolve após 48 horas de internação em ambiente hospitalar. As pneumonias adquiridas em ambiente
hospitalar estão entre as infecções hospitalares mais frequentes e associam-se a taxas significativas de mortalidade.
Vias de contaminação:
Aspiração de micro-organismos que colonizam o trato respiratório superior e a orofaringe (é a mais importante)
Inalação de aerossóis (menos comum)
Disseminação hematogênica (mais raramente implicada)
A colonização do trato respiratório superior pode se dar por via endógena (gástrica e intestinal) ou exógena (contaminantes
externos).
Fatores de risco
Intubação traqueal
Ventilação mecânica
Acesso vascular central
Doença pulmonar crônica
Cirurgia abdominal ou torácica
Desnutrição
Imunodeficiência congênita ou adquirida
Alteração do nível de consciência
Doença neuromuscular
Exposição a contaminantes externos no hospital (*)
Exposição a diversos meios contaminados (mãos de profissionais, equipamentos de respiração assistida, material fecal
(*)
no leito, refluxo do conteúdo intestinal através de sondas nasogástricas e procedimentos de intubação) facilitam a
colonização e a possível aspiração de germes gram-negativos, S. aureus, em particular nos imunodeprimidos ou com
sensório comprometido. Nos pacientes com síndromes aspirativas crônicas, principalmente associadas a neuromiopatias,
as pneumonias podem ter como agentes bactérias anaeróbicas.
Agentes Etiológicos
Há de se considerar o tempo de internação para o raciocínio clínico etiológico. A Pneumonia adquirida em ambiente
hospitalar pode ser:
Precoce: Ocorre nos primeiros cinco dias de internação. Geralmente causada por agentes que já estavam presentes no
trato respiratório do paciente antes da internação hospitalar, como Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae
e Staphylococcus aureus, com padrão de sensibilidade da comunidade.
Tardia: Ocorre após cinco dias de internação hospitalar. Predominam os agentes da flora hospitalar tais como
Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus, Enterobacter sp, Klebisiella pneumoniae e Escherichia coli. Nessa
última eventualidade, devemos solicitar às comissões de controle das infecções nosocomiais, que forneçam dados sobre
as bactérias prevalentes no hospital, assim como sobre o espectro de sensibilidade aos antimicrobianos recentemente
encontrados.
Diagnóstico
O diagnóstico de pneumonia adquirida em ambiente hospitalar é controverso e difícil, por isso há de se considerar
os critérios a seguir:
Evidência radiológica de pneumonia: Duas ou mais radiografias de tórax com infiltrado novo ou progressivo,
(*)
consolidação ou cavitação. Em crianças que não apresentam doença pulmonar prévia ou insuficiência cardíaca congestiva:
um exame radiológico é suficiente.
Tratamento
Deve-se levar em conta as características da flora hospitalar local, padrões de sensibilidade bacteriana, presença de
comorbidades, os potenciais efeitos adversos dos antimicrobianos, a presença de insuficiência renal e/ou hepática.
Derrame Pleural
Das complicações das pneumonias, o derrame pleural é a mais comum, implicando em aumento no tempo de internação e
na duração da antibioticoterapia, como também, na necessidade de procedimentos adicionais ou mais complexos. Os
derrames pleurais progridem em três fases: exsudativa, fibrinopurulenta e organização.
Radiografia de tórax em decúbito lateral com raios horizontais, incidência de Hjelm Laurell (espessura maior que 10
mm permite toracocentese).
USG de tórax: Auxilia na confirmação da presença e do volume do derrame pleural e guia o melhor sítio de punção
ou drenagem.
TC de tórax: Para planejamento cirúrgico, para avaliar espessamento pleural, septações, loculações, aderências e
acometimento intraparenquimatoso.
Conduta:
A toracocentese pode ser realizada com finalidade diagnóstica e/ou terapêutica, quando a espessura do derrame pleural
na radiografia lateral com raios horizontais for maior que 10 mm. Não existem evidências que sustentem
toracocenteses repetidas na terapêutica do derrame pleural na criança. Quando o líquido pleural for fluído, as
toracocenteses guiadas por US podem ser realizadas, porém implicam em maior número de intervenções.
É recomendada a drenagem torácica fechada no paciente grave com infecção associada à efusão, que mantém febre,
instabilidade ventilatória e/ou aumento da coleção.
Rinossinusites agudas
Versão 2.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de
Atenção à Saúde da
Criança e Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Introdução
As infecções de vias aéreas superiores (IVAS) de origem viral, sobretudo as rinofaringites, são as mais frequentes
nos pacientes pediátricos. Em 5 a 10% dos casos há progressão para rinossinusites agudas (RSA). Desses, somente
0,5 a 2% dos casos complicam com infecções bacterianas secundárias, dentre elas a rinossinusite bacteriana (RBA)
1,2
. O diagnóstico correto da RBA reduz não só a prescrição inadequada de antibióticos, mas também evita a
exposição desnecessária a exames radiológicos2. A referência para otorrinolaringologista é indicada no caso de
condições crônicas, crianças hospitalizadas com complicações ou falha terapêutica.3
Definições
a) Rinofaringite: Infecção aguda, autolimitada, das vias respiratórias superiores. Pode haver rinorréia, congestão
nasal, odinofagia, tosse, febre baixa, cefaleia e mialgia. Também conhecida como resfriado comum.
b) Seios paranasais: Cavidades aeradas, revestidas por mucosa, localizadas no interior dos ossos do crânio, que se
comunicam com a cavidade nasal. 4,5
- Seios etmoidais: presentes ao nascimento;
- Seios maxilares: presentes de forma rudimentar ao nascimento, com crescimento acelerado até os quatro anos de
idade;
- Seios esfenoidais: ausentes ao nascimento, com desenvolvimento nos primeiros dois anos de vida e formação
completa aos cinco anos de idade;
- Seios frontais: surgem aos sete anos de idade, desenvolvendo-se completamente até a adolescência.
c) Rinossinusite: processo inflamatório da mucosa das estruturas do nariz e de um ou mais seios paranasais. Mais
frequentemente de etiologia viral, podendo evoluir com infecção bacteriana secundária 3,4,5,6,7. Caracterizada por
sintomas persistentes de IVAS, por um período superior há 10 dias, associada a febre, tosse, secreção nasal
purulenta7.
Figura 1 Seios paranasais - NETTER, Frank Henry. Atlas de anatomia humana. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. A 6ª edição
de "Atlas de Anatomia Humana
Fisiopatologia da RBA
Classificação
Revisão Teórica
Embora a incidência exata da rinossinusite na população pediátrica não seja clara, é um problema comum. Em
média, cada criança pode apresentar de 6 a 8 episódios ao ano, sendo que fatores como idade, frequência à creche e
número de irmãos podem aumentar o número de casos. 4, 5, 8 A rinossinusite aguda na infância ocorre mais
frequentemente dos quatro aos sete anos de idade, sendo menos comum em crianças menores de dois anos de idade.
4, 5
A patogenia da rinossinusite envolve a obstrução dos óstios de drenagem dos seios da face, associada à disfunção
ciliar transitória e ao espessamento das secreções nasais. De modo geral os seios paranasais são estéreis, entretanto,
por sua contiguidade com as fossas nasais, podem se contaminar com bactérias provenientes dessa região 5
Inicialmente os vírus inoculados invadem as células epiteliais da mucosa nasal e replicam-se, promovendo
destruição celular e comprometendo a funcionalidade da depuração mucociliar de secreção. Ocorre ativação de vias
inflamatórias, que culminam com a hipertrofia das conchas nasais. Deste modo, surge obstrução nasal e rinorreia.
Esta congestão nasal dificulta a drenagem de secreção levando à sensação de “peso” facial. Com isso, há
estimulação do nervo trigêmeo, ocasionando a cefaleia. 1,7. Devido à estase instaurada há colonização por
microrganismos, que
podem desencadear infecção local1,5,8.
Streptococcus pneumoniae 33 %
Outros 24 %
Diagnóstico:
O diagnóstico de RBA pode ser realizado através da identificação dos critérios abaixo, associados à história de
rinofaringite recente, rinite alérgica ou alterações anatômicas ou obstruções faciais – deformidade de septo nasal,
anormalidades craniofaciais, hipertrofia de adenoide, corpo estranho nasal, massas ou pólipos. Não se deve solicitar
exames de imagem para o diagnóstico de RBA. Os mesmos devem ser reservados quando há suspeita de
complicações orbitárias ou de Sistema Nervoso Central (SNC)1,5,6,7,10.
CRITÉRIOS OBRIGATÓRIOS
Tosse matutina
Piora dos sintomas respiratórios, com cefaleia de início recente ou febre, ou recorrência
da febre após melhora inicial. OU
Edema periorbital.
Complicações
As complicações mais frequentes da RBA podem ser agrupadas em orbitárias, intracranianas ou ósseas 7. Em sua
suspeita, o paciente deve obrigatoriamente ser conduzido em ambiente hospitalar. Deve-se ainda solicitar tomografia
computadorizada de crânio e realizar avaliação otorrinolaringológica para elucidação diagnóstica.
a) Orbitárias: edema periorbital doloroso, associado ou não a deslocamento do globo ocular e/ou arreflexia pupilar
ou amaurose.
b) Intracranianas: abscesso ou comprometimento de sistema nervoso central, traduzido por meningite, cerebrite ou
trombose de seio sagital e/ou cavernoso superior.
c) Ósseas: osteomielite dos ossos frontal e maxilar.
Tratamento
Medidas gerais:
a) Higiene nasal com soro fisiológico: indicada a todos os pacientes com RBA.
b) Corticoide tópico nasal: considerar em pacientes com rinite alérgica como doença de base
d) Anti-histamínicos: contraindicados para pacientes que não possuam sinais de rinite, pois podem predispor a
rinossinusite.
Devemos tratar com antibioticoterapia empírica, já na apresentação inicial, somente os pacientes diagnosticados com
RBA que obedeçam às seguintes condições:3,9
Apresentação clínica grave ou piora dos sintomas iniciais ou > 10 dias sem melhora.
Suspeita de complicações
Uso prévio de antibioticoterapia nas quatro semanas anteriores
Presença concomitante de outras infecções bacterianas (pneumonia, adenite supurativa, amigdalite ou otite média
aguda)
Presença de doenças de base, tais como asma, fibrose cística, imunodeficiência, cirurgia prévia em seios da face ou
anormalidades anatômicas do trato respiratório superior.
a) RBA não complicada, SEM sinais de gravidade, em indivíduos SEM fatores de risco para pneumococo de
resistência intermediária*
b) RBA não complicada, SEM sinais de gravidade, em indivíduos COM fatores de risco para pneumococo de
resistência intermediária*
Sinais de gravidade:
Rinorreia purulenta
Permanência em creche
Residir em área com taxas endêmicas ≥10% para S. pneumoniae resistente a penicilina
RBA em pacientes alérgicos à penicilina:
a) Reação hipersensibilidade tipo I (anafilaxia) : Levofloxacino 20mg/kg/dia de 12/12 horas, por 10 dias.
b) Reação de hipersensibilidade tipo II: Clindamicina 30mg/kg/dia 8/8 horas + Cefuroxima 30mg/kg/dia de 12/12
horas, por 10 dias.
* A falência do tratamento ambulatorial é caracterizada pela não melhora ou piora dos sintomas após 72 horas de
instituição da antibioticoterapia. As principais causas de falha terapêutica incluem a resistência do patógeno,
complicações associadas à infecção, etiologia não infecciosa do quadro ou imunodeficiência. Nesses casos modificar
a cobertura antibiótica para:3,9
- Amoxicillina-clavulanato 90 mg/kg/dia, por 7 dias após resolução dos sintomas, no mínimo 10 dias, caso ainda
não esteja sendo utilizada OU
- Ceftriaxone 50 mg/kg/dia IM por até três dias, seguido por amoxicilina + clavulanato 90 mg/kg/dia para completar
14 dias de tratamento ou 10 dias de ceftriaxone IM.
** A falência do tratamento hospitalar é caracterizada pela não melhora ou piora dos sintomas após 72 horas de
instituição do tratamento. Nesses casos acrescentar ao esquema terapêutico Vancomicina com ou sem a adição de
Metronidazol. Deve-se proceder investigação com tomografia computadorizada buscando complicações.
***Em casos ambulatoriais com vômitos associados: ceftriaxona 50 mg/kg IM em aplicação diária única, seguida
por transição para terapêutica oral tão logo a via seja possível3.
Referências
Antibióticoterapia
Tipo de RBA Dose Via Posologia
recomendada
Sedação e Analgesia
para Procedimentos
Versão 1.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de Atenção à
Saúde da Criança e
Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
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HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Cria o Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica de Dr. Vitor Alvim
Dr. Lúcio
Sedação e Dra. Maisa Adelina Pótros
Abril/2017 1.0 Henrique de
Analgesia para Rossi – Residente R2 de
Oliveira
procedimentos Pediatria
Objetivos:
1 - Introdução
1.1. Conceitos:
▪ Sedação: é a redução do estado de agitação e ansiedade para calmo e tranqüilo, podendo envolver hipnose.
▪ Analgesia: é o método que permite a diminuição da capacidade do paciente de perceber a dor ou estímulo
nociceptivo, sem necessariamente induzir alteração do nível de consciência.
▪ Hipnose: é o estado semelhante ao sono.
1.2. Indicações:
▪ Avaliação pré-sedação
▪ Classificar o risco anestésico (ASA e Mallampati)
▪ Avaliar o tempo de jejum
▪ Monitorização antes, durante e após o procedimento
▪ Escalas de Avaliação da dor e de sedação
Classe Descrição
P1 Paciente normal sem doença.
P2 Paciente com doença sistêmica leve.
P3 Paciente com doença sistêmica grave.
P4 Paciente com doença sistêmica que representa ameaça constante de vida.
P5 Paciente moribundo, sem expectativa de vida a menos que seja operado.
P6 Paciente com morte cerebral, no qual os órgãos serão removidos para doação.
Classificação de Risco Anestésico pela Sociedade Americana de Anestesiologia- ASA
Considerar:
ASA I e II: Candidatos apropriados para sedação mínima, moderada ou profunda.
ASA III e IV: Cuidados adicionais se forem submetidos à sedação moderada ou profunda.
Classe Descrição
Mallampati classe 1 Palato mole, fauces, úvula e pilares visíveis
Mallampati classe 2 Palato mole, fauces e úvula visíveis
Mallampati classe 3 Palato mole e base da úvula visíveis
Mallampati classe 4 Apenas palato duro
Classificação Mallampati modificado por Samsoon e Young SBA, 2006
Classificação Mallampati
2.3. Avaliar o tempo de Jejum:
2.4. Monitorização
▪ Antes do procedimento: sinais vitais basais do paciente devem ser aferidos, pois o
reconhecimento de qualquer alteração deve ser considerado um alerta. Folha de Sedação (Anexo):
sempre preencher antes da sedação.
▪ Durante o procedimento:
Guidelines Nível de sedação ECG (contínuo) Pressão arterial Oximetria continua
Leve - - -
ASA Moderada Em caso de comorbidade A cada 5 minutos Deve ser utilizada
Profunda Deve ser utilizada A cada 5 minutos Deve ser utilizada
Leve - - -
AAP Moderada Deve ser utilizada Intermitente Deve ser utilizada
Profunda Deve ser utilizada A cada 5 minutos Deve ser utilizada
Leve Doença cardiopulmonar Pode não ser necessária
ACEP Moderada Doença cardiopulmonar Deve ser utilizada
Profunda Doença cardiopulmonar Deve ser utilizada
*ASA (American Society of Anesthesiologists) ** AAP (American Academy of Pediatrics) *** ACEP (American
College of Emergency Physicians) // Fonte: Adaptado de Nagler e Krauss – Tirado de PROTIPED
▪ Avaliação da Dor:
Parâmetros 0 1 2
Pressão arterial sistólica ≤ 10% basal 11 a 20% do basal >21% do basal
Choro Ausente Presente e consolável Presente e inconsolável
Movimentação Quieto Sem repouso Esperneando
Agitação Adormecido ou calmo Leve Histérico
Adormecido ou sem relatar Dor leve ou sem localização Dor moderada e localizada
Verbalização e postura
dor (relaxado) (flexão de extremidades) (apontando o local da dor)
Escala objetiva de dor (Hannallah)
Pontuação ≥ 6: dor significativa
▪ Escala de avaliação de Sedação:
Escala de Comfort
▪ Após o Procedimento:
Via aérea
Ausculta
Saturação
FC
FR
Necessidade de O2
▪ Orientar família:
✓ Comum haver aumento do sono, irritabilidade, diminuição do apetite.
✓ Manter a posição da cabeça de forma a assegurar via respiratória patente se o paciente adormecer.
3 - Medicações:
Midazolan
Benzodiazepínico de curta ação. Tem propriedades ansiolítica, amnésica, sedativo hipnótico, de relaxamento muscular
e anticonvulsivante. Sem efeito sobre a dor.
Dose IM 3 a 5 mg/kg
Fentanil
Analgésico opióide com potência 100 vezes superior a morfina e com curta duração de ação. Sem
propriedade de sedação em baixas doses.
20 a 40 minutos
Duração de ação
1 a 4 mcg/kg
Dose EV Diluir 2 ml de fentanil em 8 ml de ABD: 10 mcg/ml
Flumazenil
Antagonista dos benzodiazepínicos
Tempo de ação 2 minutos
Duração de ação 10 minutos
Apresentação 0,5 mg/5ml
Dose EV 0,02 mg/kg (Max de 1 mg)
✓ Reverte a sedação e a depressão respiratória induzidas pelos benzodiazepínicos, porém reduz
Observações o limiar das crises convulsivas nos pacientes com epilepsia.
Anestésicos tópicos
✓ Uso tópico em pele intacta com cobertura por fita adesiva.
✓ Esperar 60 a 90 min para o efeito.
Prilocaína +
✓ Não exceder uma área maior que 100 cm².
lidocaína
✓ Indicações: considerar para punções arteriais; punção venosa periférica, coleta de sangue
periférico e cateterismo vesical (pouco aplicáveis).
Lidocaína 2% ✓ Infiltração local: 0,5 a 5 mg/kg/dose.
sem vasoconstritor ✓ RN: 0,5 a 1 mg/kg/dose ( diluir para solução de 0,5%)
Hidrato de Cloral
Sedativo hipnótico sem qualidade analgésica
Início de ação 10 a 20 minutos (efeito máximo: 30 a 60 minutos)
Duração de ação 4 a 8 horas
Dose 25 a 100 mg/kg VO/VR
✓ Pode ocorrer depressão respiratória e apneia obstrutiva, especialmente com doses
Efeitos colaterais maiores de 75mg/kg.
✓ Potencial carcinogênico (sem evidências suficientes desse efeito no uso eventual).
▪ Anestesia geral:
✓ Estado de inconsciência, analgesia e relaxamento muscular.
5 - Fluxogramas:
Analgesia tópica
Procedimentos não dolorosos (Ex: TC, RNM, USG, Uretrocistografia...) e dolorosos:
Referências
HPP:
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
Classe Descrição
Mallampati classe 1 Palato mole, fauces, úvula e pilares visíveis
Mallampati classe 2 Palato mole, fauces e úvula visíveis
Mallampati classe 3 Palato mole e base da úvula visíveis
Mallampati classe 4 Apenas palato duro
Uso de medicações:
_______________________________________________________________________
Já foi submetido a sedação? __ Sim/ __ Não Que tipo? ______________________________________
Quando? _____________________________________________________________________________
Houve alguma intercorrência? __________________________________________________________
Há alguma restrição/contra – indicação? __ Sim/ __Não. Justificar: ___________________________
Avaliação respiratória: _________________________________________________________________
Avaliação cardiovascular: ______________________________________________________________
Exame Físico: ________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
Tipo de dieta:
Alimento Tempo mínimo (horas)
--Líquidos (água, suco, chá) 2
--Leite materno 4
--Leite artificial e não humano 6
--Sólidos 8
Parâmetros:
Observações: _________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica
Abordagem da Criança
com Sepse e Choque
Séptico na Enfermaria
1.0
GERÊNCIA DE
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Protocolo
CID-10:
A 41.9 – Septicemia não especificada
Código de Procedimento do SUS:
03.03.01.003-7 – Tratamento de outras doenças bacterianas
Lista de siglas:
EB – Excesso de Bases; FC – Frequência Cardíaca; FR – Frequência Respiratória; FiO2 – Fração Inspirada de O2; Hb
– Hemoglobina; MRSA - Staphylococcus aureus Resistente à Meticilina; PaCO2 – Pressão Parcial de CO2; PaO2 –
Pressão Parcial de O2; PA – Pressão Arterial; PAM – Pessão Arterial Média; PAS – Pressão Arterial Sistólica; PIA –
Pressão Intra-Arterial; PP – Pressão de Perfusão; PVC – Pressão Venosa Central; RNI – Razão Normalizada Internacional;
Sat O2 – Saturação de O2; SIRS – Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica; SvcO2 – Saturação Venosa Central de O2;
TEC – Tempo de Enchimento Capilar; TGP – Alanina Aminotransferase; VM – Ventilação Mecânica Invasiva; VNI –
Ventilação Mecânica não Invasiva; VRE - Enterococcus Resistente à Vancomicina.
Definições:
a) Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS): Presença de pelo menos dois dos critérios abaixo,
sendo que um deles deve ser alteração da temperatura ou do número de leucócitos.
- Alteração da temperatura: hipertermia ou hipotermia
- Alteração de leucócitos: leucocitose ou leucopenia ou presença de formas jovens de
neutrófilos no sangue periférico. Excluir outras afecções associadas a leucopenia secundária.
- Taquicardia
- Taquipneia
Diagnóstico
Serviços de todo o mundo tentam implementar protocolos para sepse e choque séptico, visto que a mortalidade
é elevada nessas condições se não forem tomadas as condutas corretas no momento certo. Em casos de suspeita
de sepse, sepse grave ou choque séptico, deve ser iniciado o protocolo, seguindo uma conduta sistematizada,
para melhor atendimento do paciente. A hipotensão é um sinal tardio de choque em pacientes pediátricos,
devendo o protocolo ser aberto, antes do aparecimento deste sinal.
Após suspeita, o médico deverá avaliar o paciente quanto aos seguintes parâmetros:
Avaliar o paciente
FC, PA, FR, Sat O2, TEC, amplitude de pulsos,
diurese e nível de consciência
Após classificação e ainda na primeira hora, o médico deverá solicitar exames laboratoriais para continuar
avaliação: gasometria arterial, hemograma completo, glicemia, cálcio iônico, creatinina, bilirrubina total,
TGP, coagulograma, lactato, hemocultura e outras culturas de possíveis focos de infecção (urina, líquor, fezes,
secreção gástrica, traqueal, swabs para MRSA e VRE).
a) Monitorização inicial: FC, FR, oximetria de pulso, eletrocardiograma contínuo, medida de PA não invasiva,
temperatura e débito urinário. Monitorização clínica contínua.
b) Oxigenioterapia: O oxigênio deve ser ofertado com o objetivo de se manter Sat O2 > 92%. Para isso, inicie
com uso de máscara não reinalante, evoluindo, se necessário, para VNI ou ventilação mecânica invasiva, de
acordo com o padrão respiratório ou nível de consciência.
c) Acesso venoso: Obter, de preferência, dois acessos venosos periféricos ou intraósseos inicialmente e, se
necessário, acesso venoso central.
d) Ressucitação hemodinâmica:
→ Ressucitação volêmica: Iniciar com 20 mL/kg de solução salina isotônica (soro fisiológico ou ringer
lactato) ou colóide (albumina humana ou dextran), entre 5 e 10 minutos. Manter reposição até melhora dos
sinais de hipoperfusão. Após cada etapa, avaliar paciente quanto a hipervolemia (hepatomegalia, crepitações à
ausculta pulmonar e ganho ponderal maior que 10%).
→ Drogas vasoativas: Caso o paciente mantenha sinais de hipoperfusão ou choque após a infusão de
40 a 60 mL/kg de fluidos, está indicado iniciar uso de drogas vasoativas. Iniciar com Dopamina. Avaliar, em
cada caso, a necessidade de inicar Dobutamina ainda nessa etapa.
e) Antibioticoterapia: Deve-se prescrever antibióticos venosos de amplo espectro, ainda na primeira hora de
intervenção. Deve-se aguardar a coleta dos exames para iniciar os antibióticos, porém não se deve retardar a
administração por demora na coleta. Até resultado das culturas, prescrever empiricamente um dos esquemas
abaixo:
1ª opção: Cefepime + Vancomicina (se suspeita de MRSA) – Seguir doses do protocolo do serviço;
2ª opção: Piperacilina/Tazobactam + Vancomicina (se suspeita de MRSA) – Seguir doses do protocolo do
serviço.
Caso já se possua o resultado das culturas e baseado na evolução clínica do paciente, avaliar mudança do
esquema antibiótico.
→ Choque frio com PA normal: Iniciar adrenalina com o objetivo de atingir uma SvcO2 > 70%.
Manter Hb > 10 g/dL. Caso essas atitudes não melhorem o quadro, iniciar milrinona.
→ Choque frio com PA baixa: Iniciar adrenalina com o objetivo de atingir uma SvcO2 > 70%. Manter
Hb > 10 g/dL. Caso essas atitudes não melhorem o quadro, considerar associar noradrenalina. Persistindo o
choque, associar milrinona.
→ Choque quente com PA baixa: Titular fluidos e iniciar noradrenalina com o objetivo de atingir uma
SvcO2 > 70%. Caso o paciente não apresente melhora, iniciar vasopressina. Se mantiver com sinais de choque,
avaliar adrenalina em doses baixas.
c) Uso da hidrocortisona: Caso o choque seja refratário ao uso de catecolaminas ou houver risco de
insuficiência adrenal, considerar uso de hidrocortisona. Dose de ataque 10 mg/kg (até 200 mg/dose) e dose de
manutenção: 50 mg/m² de SC/dia de 6/6 horas (até 50 mg/dose de 6/6 horas). Manter a hidrocortisona até 24
horas após suspensão das catecolaminas ou se houver necessidade de procedimento cirúrgico.
Sinais de estabilização
→ Tempo de enchimento capilar entre 1 e 2 segundos;
→ Pressão de perfusão adequada com SvcO2 > 70%;
→ Débito cardíaco entre 3,3 e 6,0 L/m² de SC/min;
→ Diurese entre 1 e 4 mL/kg/hora;
→ FC adequada para a idade;
→ Pulsos centrais e periféticos cheios;
→ Extremidades aquecidas;
→ Escala de Coma de Glasgow igual a 15.
Referências bibliográficas:
1) Pereira, KR; Souza, RFA.; Arantes, SL.; Moreno, SE. Sepse: Epidemiologia, Fisiopatologia e Tratamento.
Multitemas, Campo Grande-MS, n. 35, dez. 2007;189-206.
2) SCHVARTSMAN, C.; REIS, Amélia Gorete; FARHAT, Sylvia Costa Lima. Pronto-Socorro. São Paulo:
Editora Manole Ltda, 2008. 400 p.
3) Figueiredo LFP et al. Avaliação hemodinâmica macro e micro-circulatória no choque séptico. Rev Med (São
Paulo). 2008 abr.-jun.;87(2):84-91.
4) Fonseca, JG; Ferreira, AR.; Oliveira, AMLS. Martins, KC. Choque séptico em pediatria: manejo inicial do
paciente no pronto-atendimento ou enfermarias pediátricas. Revista Médica de Minas Gerais 2011; 21(4 Supl
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5) Carlotti, APCP. Choque em crianças. Medicina (Ribeirão Preto) 2012;45(2): 197-207
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7) Dellinger R, Levy M, Rhodes A, Annane D, Gerlach H, Opal S et al. Surviving Sepsis Campaign. Critical
Care Medicine. 2013;41(2):580-637.
8) Sterling S, Miller W, Pryor J, Puskarich M, Jones A. The Impact of Timing of Antibiotics on Outcomes in
Severe Sepsis and Septic Shock. Critical Care Medicine. 2015;43(9):1907-1915.
9) Pires, EMSG. Hospital Israelita Albert Einstein. Sepse grave e choque séptico pediátrico – Protocolo
Gerenciado. São Paulo. Set. 2015.
10) Workman J, Ames S, Reeder R, Korgenski E, Masotti S, Bratton S et al. Treatment of Pediatric Septic Shock
With the Surviving Sepsis Campaign Guidelines and PICU Patient Outcomes. Pediatric Critical Care Medicine.
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11) Cummings BM. Treatment of Sepsis and Septic Shock in Children: Recommendations and Regimens for
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12) Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente. Novas definições internacionais de Sepse e Choque Séptico.
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13) Lanziotti V, Póvoa P, Soares M, Silva J, Barbosa A, Salluh J. Use of biomarkers in pediatric sepsis: literature
review. Revista Brasileira de Terapia Intensiva. 2016;28(4).
14) Vincent J, Bassetti M, François B, Karam G, Chastre J, Torres A et al. Advances in antibiotic therapy in the
critically ill. Critical Care. 2016;20(1).
15) Machado F, Assunção M, Cavalcanti A, Japiassú A, Azevedo L, Oliveira M. Getting a consensus: advantages
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16) Machado, FR; Souza, DC.; Bossa AS. Instituto Latino Americano de Sepse. Atendimento ao paciente
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17) Weiss, SL.; Pomerantz, WJ. Septic shock in children: Rapid recognition and initial resuscitation (first hour).
Uptodate.com. 2017. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/septic-shock-in-children-rapid-
recognition-and-initial-resuscitation-first-hour
18) Veja os principais pontos das novas diretrizes para sepse pediátrica | PEBMED. Pebmed.com.br. 2017.
Disponível em: https://pebmed.com.br/veja-os-principais-pontos-das-novas-diretrizes-para-sepse-
pediatrica/amp/
19) Sepse 3 - novo consenso sobre conceitos de sepse e choque séptico. ANGOMED NEWS. 2017 Disponível
em: http://angomed.com/sepse-novo-consenso-conceito/
20) Matics T, Sanchez-Pinto L. Adaptation and Validation of a Pediatric Sequential Organ Failure Assessment
Score and Evaluation of the Sepsis-3 Definitions in Critically Ill Children. JAMA Pediatrics.
2017;171(10):e172352.
21) PRUSAKOWSKI, MK.; CHEN, AP.. Pediatric Sepsis. Emergency Medicine Clinics Of North America,
[s.l.], v. 35, n. 1, p.123-138, fev. 2017. Elsevier BV.
22) DAVIS, AL. et al. American College of Critical Care Medicine Clinical Practice Parameters for
Hemodynamic Support of Pediatric and Neonatal Septic Shock. Critical Care Medicine, [s.l.], v. 45, n. 6, p.1061-
1093, jun. 2017. Ovid Technologies (Wolters Kluwer Health).
23) KAWASAKI, T. Update on pediatric sepsis: a review. Journal Of Intensive Care, [s.l.], v. 5, n. 1, 20 jul.
2017. Springer Nature.
ANEXO 1
Parâmetros de normalidade para os critérios de SIRS, de acordo com as faixas etárias
Tabela 4: Parâmetros de normalidade para os critérios de SIRS, de acordo com as faixas etárias
Idade FC Leucócitos FR Temperatura PAS
P5 P95 P5 P95 P5
1m–2a < 90 > 160 < 5,0 > 17,5 > 34 < 36 ou > 38,5 < 75
2a–5a < 70 > 150 < 6,0 > 15,5 > 22 < 74
Dopamina
Exemplo de Cálculo:
Peso: 10 kg
Dose: 10 μg/kg/min Intervalo de aprazamento: 12 horas
Cálculo de mg da medicação para 12 horas: 10 μg x 10 kg x 60 min x 12 h / 1000 = 72 mg
Cálculo de mL necessário segundo apresentação:
5 mg 1,0 mL
72 mg X = 14,4 mL
Exemplo de Cálculo:
Peso: 10 kg
Dose: 10 μg/kg/min Intervalo de aprazamento: 12 horas
Cálculo de mg da medicação para 12 horas: 10 μg x 10 kg x 60 min x 12 h / 1000 = 72 mg
Cálculo de mL necessário segundo apresentação:
12,5 mg 1,0 mL
72 mg X = 6,0 mL
Exemplo de Cálculo:
Peso: 10 kg
Dose: 0,5 μg/kg/min Intervalo de aprazamento: 12 horas
Cálculo de mg da medicação para 12 horas: 0,5 μg x 10 kg x 60 min x 12 h / 1000 = 3,6 mg
Cálculo de mL necessário segundo apresentação:
1 mg 1,0 mL
3,6 mg X = 3,6 mL
Exemplo de Cálculo:
Peso: 10 kg
Dose: 1,0 μg/kg/min Intervalo de aprazamento: 12 horas
Cálculo de mg da medicação para 12 horas: 1,0 μg x 10 kg x 60 min x 12 h / 1000 = 7,2 mg
Cálculo de mL necessário segundo apresentação:
2 mg 1,0 mL
7,2 mg X = 3,6 mL
Exemplo de Cálculo:
Peso: 10 kg
Dose: 0,5 μg/kg/min Intervalo de aprazamento: 12 horas
Cálculo de mg da medicação para 12 horas: 0,5 μg x 10 kg x 60 min x 12 h / 1000 = 3,6 mg
Cálculo de mL necessário segundo apresentação:
1 mg 1,0 mL
3,6 mg X = 3,6 mL
Sepse Neonatal
Versão 1.0
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à Saúde da Criança e
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HISTÓRICO DE REVISÕES
1. Introdução
Sepse neonatal é uma síndrome clínica cuja apresentação ocorre nos primeiros 28 dias de vida,
confirmada quando há identificação de agente microbiológico em fluidos corporais normalmente estéreis, como
sangue ou líquor.
Pode ser diferenciada entre sepse neonatal precoce, quando ocorre nas primeiras 48 -72 horas de vida,
ou tardia, de ocorrência após esse período. No entanto, essa definição ainda é controversa e pode-se estender a
sepse neonatal precoce como aquela que ocorre em até 7 dias de vida, associado à identificação de estreptococo
do grupo B (EGB).
Para a sepse neonatal precoce, os agentes etiológicos mais comuns são Streptococcus agalactiae,
Escherichia coli e Listeria monocytogenes. Para a sepse neonatal tardia, os agentes de maior prevalência são
estafilococos coagulase-negativo (Staphylococcus epidermidis), Staphylococcus aureus e bactérias gram-
negativas (Escherichia coli, Klebsiella sp, Enterobacter sp e Pseudomonas sp). Microorganismos como
Ureaplasma parvum e Ureaplasma urealyticum foram associados à corioamnionite materna e, juntamente, com
Clamydia trachomatis, são agentes implicados na sepse neonatal e com estreita relação na ocorrência de
broncodisplasia pulmonar. Os fungos também são agentes patogênicos importantes para sepse neonatal tardia
e, em maior ocorrência, há isolamento de Candida sp.
Estima-se que, no Brasil, 60% da mortalidade infantil ocorra no período neonatal, sendo a sepse
neonatal uma das principais causas. Segundo dados nacionais, a incidência de sepse neonatal varia de 1-8 casos/
1000 nascidos vivos.
Sepse Neonatal Precoce Sepse Neonatal Tardia
Outros GN
Enterococos
Outros GN S. aureus
Enterobacter
Fungos
E.coli
EGB
Klebsiela
E. coli ECN
Listeria Outros GP
Outros GP
S.aureus
Fungos
EGB
2. Diagnóstico
O diagnóstico de sepse neonatal deve-se basear na identificação de fatores de risco maternos (sepse
precoce) e neonatais em associação com as manifestações clínicas e exames complementares.
2.1.2 Neonatais
Prematuridade
Baixo peso ao nascer
Asfixia perinatal (Apgar do quinto minuto < 7)
Taquicardia fetal (FC maior que 160 bpm)
Sexo masculino
Raça negra
Primeiro gemelar em gestações múltiplas
1
CDC - Centers for Disease Control and Prevention - define como profilaxia adequada quando é feita administração de
penicilina cristalina, ampicilina ou cefazolina por período ≥ 4 horas antes do parto. No ANEXO A encontram-se as indicações para
prevenção da doença invasiva por estreptococo do grupo B;
2
Definido como febre materna acima de 38° C e pelo menos 2 dos seguintes achados: líquido amniótico purulento ou
com odor fétido, taquicardia materna ou fetal (FC maior que 160 bpm), dor uterina, útero amolecido e leucocitose materna
acima de 15.000 leucócitos totais.
2.2 Fatores de risco para sepse tardia
Prematuridade
Hospitalização prolongada
Higiene inadequada dos cuidadores de saúde com violação das normas de prevenção de infecção
hospitalar
Presença de dispositivos invasivos (cateter venoso central ou cateter arterial, tubo orotraqueal, sonda
urinária ou para alimentação, entre outros)
Uso anterior de antibióticos empíricos
Uso de nutrição parenteral
Uso de corticóide pós-natal
Uso de medicações antiácidas
Exames laboratoriais
Sepse precoce Sepse tardia
Hemocultura Hemocultura
Hemograma completo (relação I/T) Hemograma completo (relação I/T)
Plaquetas Plaquetas
PCR PCR
Radiografia de tórax se sintomas respiratórios Radiografia de tórax se sintomas respiratórios
Bioquímica do líquor + cultura Bioquímica do líquor + cultura
EAS + bacterioscopia de urina + urocultura
A indicação para coleta de líquor na sepse neonatal precoce é controversa, embora possa ocorrer
meningite por disseminação hematogênica também nesses casos, mesmo com hemocultura negativa ou sem
manifestações neurológicas (37%). Como consenso, recomenda-se punção lombar quando há hemocultura com
crescimento de agente microbiano, sinais e sintomas de meningite e quando considera-se o diagnóstico de sepse
fortemente suspeito e opta-se por tratamento completo com antibiticoterapia. Para a análise do líquor, deve-se
solicitar: cultura do líquor, bacterioscopia pelo Gram, celularidade total e específica e bioquímica – proteínas e
glicose, a qual deve ser comparada com a glicose sérica concomitante ao momento da punção lombar. O quadro
abaixo lista os sintomas apresentados para indicação de coleta de líquor na sepse precoce e as referências de
valores para considerar o exame do líquor alterado estão no ANEXO C.
3. Manejo
3.1 Sepse precoce
O tratamento empírico de escolha para sepse neonatal precoce é a ampicilina associada à gentamicina.
Essa associação justifica-se pela ação sinérgica que a ampicilina tem com a gentamicina contra EGB, Listeria
monocytogenes e sua adequação para bacilos Gram negativos entéricos de forma geral.
Considerando o conjunto de fatores de riscos descritos e as manifestações clínicas, o manejo mais
adequado para os recém-nascidos com sepse neonatal precoce está indicado no fluxograma representado em
seguida.
Avaliação diagnóstica completa inclui coleta de hemocultura ao nascimento ou à admissão: hemograma completo
(incluindo contagem total de leucócitos, diferencial de leucócitos e plaquetas); PCR em2 momentos (com 6-12 horas
de vida e no período de 36-48 horas de vida); radiografia de tórax se sintomas respiratórios e punção lombar se
estabilidade clínica.
Se aparecimento de sinais de sepse neonatal precoce, deve ser realizada uma avaliação diagnóstica
completa e iniciada antibioticoterapia
Falha terapêutica em 48-72 horas: piora do quadro clínico (mais importante), ausência de queda da PCR
e ausência de diminuição da leucocitose ou formas imaturas
Repetir coleta de culturas antes da troca de antibióticos
Na indisponibilidade do antibiótico cefepime nos casos usados como monoterapia, torna-se opção
terapêutica a associação de ampicilina + cefalosporina de 3ª geração (cefotaxima ou ceftazidima)
Para alguns antibióticos é importante a dosagem sérica, garantindo nível terapêutico e evitando
toxicidade. Os valores de pico são aqueles dosados 30 minutos após o fim da infusão EV ou 1 hora após a
administração IM e os de vale são os colhidos 30 minutos antes da próxima dose. Idealmente, deve-se dosar os
níveis séricos no período de vale de 48-72 horas após o início da antibioticoterapia. Os valores de referência
estão listados abaixo:
PROFILAXIAINTRAPARTO
PROFILAXIA INTRAPARTONÃO
INDICADA
INDICADA
-- RN anterior
Gestação com doença
anterior invasiva
com cultura por para
positiva
EGB
EGB
-- Cultura eletiva
Cesárea positivasem
paratrabalho
EGB durante
de partoa
ANEXO B: Valores de referência para
- gestaçãoretal
Cultura atual
e vaginal negativa com 35-37
neutrófilos (/mm3) em recém-nascidos
- Bacteriúria
semanas por5EGB
ou até nestaantes
semanas gestação
do parto,
- Situações desconhecidas
independente quanto
dos fatores de risco ao
EGB:
o Parto prematuro (< 37 semanas)
o Rotura de membranas ≥ 18 horas
o Febre materna intraparto ≥ 38° C
Tabela contendo doses de antimicrobianos, de acordo com peso de nascimento e tempo de vida
Peso de nascimento
Antibiótico <1200g 1200 – 2000g >2000g
0 a 4 semanas 0 a 7 dias >7 dias 0 a 7 dias >7 dias
Ampicilina – 50 mg/12h 50mg/12h 50 mg/8h 50mg/12h 50mg/6h
meningite (mg/kg)
Ampicilina – outros 25mg/12h 25mg/12h 25mg/8h 25mg/8h 25mg/6h
(mg/kg)
Oxacilina - 50 mg/12h 50mg/12h 50mg/8h 50mg/8h 50mg/6h
meningite (mg/kg)
Oxacilina – outros 25mg/12h 25mg/12h 25mg/8h 25mg/8h 25mg/6h
(mg/kg)
Penicilina G - 50.000/12h 50.000/12h 50.000/12h 50.000/8h 50.000/6h
meningite (UI/Kg)
Penicilina G – 25.000/12h 25.000/12h 25.000/12h 25.000/8h 25.000/6h
outros (UI/Kg)
Vancomicina 10mg/12h 10mg/12h 10mg/12h 10mg/8h 10mg/8h
(mg/kg)
Antibiótico Idade Gestacional Idade pós-natal (dias) Dose (mg/kg) Intervalo (horas)
0-7 18 48
≤ 29 8-28 15 36
Amicacina >29 15 24
30 a 34 0-7 18 36
>8 15 24
≥ 35 Qualquer 15 24
Cefepima Qualquer ≤ 28 30 12
>28 50 12
0-7 5 48
≤ 29 8-28 4 36
Gentamicina >29 4 24
30 a 34 0-7 4,5 36
≥ 28 4 24
≥ 35 Todos 4 24
4. Referências Bibliográficas
1. Polin RA; Committee on fetus and newborn. Management of neonates with suspected or proven
early-onset bacterial sepsis. Pediatrics 2012 Mai; 129(5):1006-15.
2. Wendy H, Salhab H, Jan J, Cornelia H, et al. Variation in Current Management of term and late-
preterm neonates at risk for early-onset sepsis: An international survey and review of guidelines.
Pediatr Infect Dis J 2016 35(5): 494-500.
3. Shane AL, Sánchez PJ, Stoll BJ. Neonatal sepsis. Lancet 2017 Out; 390(10104):1770-80.
4. Brady MT, Polin PA. Prevention and management of Infants With Suspected or Proven Neonatal
Sepsis. Pediatrics 2013 Jul; 132(1):166-9.
5. Jefferies AL; Canadian Paediatric Society; Fetus and newborn Committee. Managment os term
infants at increased risk for early-onset bacterial sepsis. Paedriatr Child Health 2017 2(4):223-228.
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management. Arch Dis Child Fetal Neonatal 2015 Jul; 100(4):F350-4.
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Where Do We Stand? A Review. Pediatr Neonatol 2016 Ago; 57(4): 265-73.
8. Benitz WE, Wynn JL, Polin RA. Reappraisal of guidelines for Management os neonates with
Suspected Early-Onset Sepsis. J pediatr 2015 Abr; 166(4): 1070-74.
9. Stoll BJ. Early-Onset Neonatal Sepsis: A Continuing Problem in Need of Novel Prevention
Strategies. Pediatrics 2016 Dez; 238(6).
10. Kuzniewicz MW, Puopolo KM, Fischer A, Walsh EM, Newman TB, et al. A Quantitative, Risk-
Based Approach to the Management of Neonatal Early-Onset Sepsis. JAMA Pediatr 2016 Abr;
171(4): 365-71.
11. Puopolo KM, Mukhopadhyay S, Hansen NI, Cotten M, Stoll BJ, et al. Identification of
Extremely Premature Infants at Low Risk for Early-Onset Sepsis. Pediatrics 2017 Nov; 140(5).
13. Ku LC, Boggess KA, Cohen-Wolkowiez M. Bacterial Meningitis in Infants. Clin Perinatol 2015
Mar; 42(1): 29-45.
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Onset Sepsis Risk Calculator for Neonates Born to Mothers with Chorioamnionitis. J Pediatr 2017
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Microbiol Rev 2014; 27(1): 21-47.
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17. Edwars MS. Clinical Features, Evaluation, and Diagnosis of Sepsis in Term and Late Preterm
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Intervenções Comuns, Icterícia e Infecções. Brasília, DF: O Ministério;2014.
20. Ceccon MEJ, Cianciarullo MA. Infecções bacterianas e virais no sistema nervoso central:
diagnóstico e manejo. In: Sociedade Brasileira de Pediatria; Procianoy RS, Leone CR, organizadores.
PRORN Programa de Atualização em Neonatologia: Ciclo 11. Porto Alegre: ArtMed/Panamericana;
2014.p.33-81. (Sistema de Educação Medica Continuada a Distância, v-2).
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intensivo neonatal. In: Sociedade Brasileira de Pediatria; Procianoy RS, Leone CR, organizadores.
PRORN Programa de Atualização em Neonatologia: Ciclo 11. Porto Alegre: ArtMed/Panamericana;
2014.p.9-32. (Sistema de Educação Medica Continuada a Distância, v-2).
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científico. 2012. Disponível em: < http://www.sbp.com.br/departamentos-
cientificos/neonatologia/>. Acesso em: 17/02/2018.
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Disponível em :<http:www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2015/02VANCOMICINA-
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27. Centers for Disease Control and Prevention. Prevention of Perinatal Group B Streptococcal
Disease. MMWR 2010,59(No.RR-10): 1-32.
Protocolo Clínico e
Diretriz Terapêutica
Síndrome Nefrítica
Versão 1.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de Atenção
à Saúde da Criança e
Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Dr. Alexandre Cerqueira
Cria o Protocolo Clínico e
Versão Dr. Lúcio Henrique Dra. Daisa Carla de Moura
Agosto/2017 Diretriz Terapêutica de
1.0 de Oliveira Melo - Residente R2 de
Síndrome Nefrítica
Pediatria
Objetivos:
Organizar o atendimento do paciente pediátrico com Síndrome Nefrítica em nível hospitalar no nosso
Serviço: diagnóstico, tratamento, prognóstico e seguimento.
Introdução
A síndrome nefrítica resulta de processo inflamatório dos glomérulos, gerando prejuízo da filtração
glomerular. Trata-se de uma síndrome de expansão do volume extracelular, incluindo o compartimento
intravascular, caracterizada por início súbito de hematúria e, pelo menos, uma das demais alterações:
proteinúria, oligúria, hipertensão arterial sistêmica e déficit de função renal. Edema pode estar presente em
graus variáveis. Pode haver azotemia (elevação de creatinina e ureia séricas).
O termo síndrome nefrítica engloba um conjunto de dados clínicos, enquanto a glomerulonefrite se refere
à lesão anatômica, independente da etiopatogenia da alteração.
Síndrome nefrítica crônica: apresenta características clínicas similares à forma aguda, mas com evolução
lenta. A glomerulonefrite membranoproliferativa (GNMP) é a causa mais comum de GN crônica em crianças
mais velhas e adultos jovens. Suas manifestações clínicas costumam lembrar mais a síndrome nefrótica.
Nefropatia por IgA e Nefrite Hereditária (Síndrome de Alport) são dois exemplos clássicos da síndrome.
Revisão Teórica
Na maioria das vezes, a síndrome nefrítica se apresenta em sua forma aguda: um processo
inflamatório não supurativo, bilateral, imunomediado, que acomete os glomérulos. A associação de
edema, hipertensão arterial e hematúria é típica da doença. É a síndrome renal mais comum da
infância, acometendo pré escolares e escolares, na faixa entre 4 e 10 anos de idade, na proporção de 2:1
entre meninos:meninas. Raros casos já foram descritos em lactentes, adolescentes e adultos.
Não infecciosas
Primárias do glomérulo
Doença de Berger
Glomerulonefrite (GN) membranoproliferativa
GN proliferativa mesangial
GN por “imunocomplexo” idiopática
GN antimembrana basal glomerular
GN pauci-imune (ANCA positivo)
Independente da etiologia, a apresentação clínica da doença pode ser a mesma, mas a histopatologia pode
variar, o que determina o prognóstico. As lesões glomerulares mais comuns são:
Glomerulonefrite proliferativa endocapilar
Glomerulonefrite mesangiocapilar
Glomerulonefrite proliferativa endo e extracapilar focal ou difusa
Glomerulonefrite mesangial
Glomerulonefrite focal
Nos países em desenvolvimento, a forma mais comum é a pós infecciosa, predominantemente a pós
estreptocócica (GNPE), em que ocorre proliferação endocapilar difusa. Nesses casos, existe histórico de
infecção da orofaringe (amigdalite/faringite) 1 a 2 semanas antes, ou da pele (impetigo) 3 a 6 semanas antes,
por cepas específicas do Streptococcus beta hemolítico do grupo A.
Diagnóstico
Urina
Urina I (EAS + PHQ): hematúria macro ou microscópica com dismorfismo eritrocitário; cilindros
hemáticos e/ou leucocitários podem estar presentes.
Se proteinúria presente, fazer determinação em 24h: geralmente é menor que 50 mg/kg/dia em
crianças (ou menor que 3,5 g/1,73 m2/dia em adultos). Pode haver associação com síndrome nefrótica,
quando ocorre proteinúria em níveis elevados, que normalmente é transitória.
Relação UA/UC: relação entre albumina e creatinina, excretadas na urina. Seu nível normal é de < 0,5
em crianças menores de 2 anos; e < 0,2 em crianças com 2 anos ou mais.
Cloreto e Sódio urinários: seus níveis dependem do grau de injúria renal.
Urocultura: hematúria micro ou macroscópica está usualmente ligada a infecções do trato urinário por
bactérias, micobactérias ou vírus.
Sangue
Bioquímica
Ureia e Creatinina: podem não estar alteradas, ou alteradas discretamente. Aumento significativo
aponta para doença crônica agudizada ou em evolução para insuficiência renal aguda. Nesse caso,
sempre pensar em GNRP.
Sódio, Cloreto, Potássio e Bicarbonato: podem estar alterados de acordo com o déficit da função
renal.
Proteínas totais e frações: predominantemente, a perda protéica da síndrome nefrítica é não seletiva, o
que faz com que os níveis protéicos se reduzam, sem predomínio de hipoalbuminemia sobre outras
hipoproteinemias.
Hematologia
Anemia dilucional, devido à hipervolemia.
Complemento
Ocorre redução dos níveis séricos de C3, C4 e CH50, além de outros, nas glomerulonefrites de
origem infecciosa, naquelas decorrentes de lúpus eritematoso sistêmico ou Crioglobulinemia, e na GN
membranoproliferativa.
As GN das doenças de Berger, Goodpasture e das vasculites em geral (pauci-imunes) não apresentam
queda do complemento sérico.
Título de Antiestreptolisina O (ASO): eleva-se normalmente nas amigdalites, mas não após as piodermites.
Resultado negativo não descarta GNPE; resultado positivo apenas reforça o diagnóstico.
Biópsia renal
Indicada nas Glomerulonefrites rapidamente progressivas e nas formas agudas que cursam com:
anúria ou oligúria importante por mais de 72 horas;
proteinúria nefrótica por mais de 4 semanas;
hipertensão ou hematúria macroscópica por mais de 6 semanas;
C3 baixo por mais de 8 semanas;
azotemia acentuada ou prolongada.
Nas GNRP, a imunoflorescência indireta é padrão ouro para diagnóstico e classificação da doença.
Tratamento
A presença de quadro clínico potencialmente complicado, sobretudo em relação à insuficiência renal e/ou
hipertensão arterial sistêmica, torna obrigatória a internação hospitalar, com duração aproximada de 15 dias,
na ausência de complicações maiores.
Medidas gerais
Repouso relativo: o paciente não deve fazer esforço físico intenso, mas as atividades serão
gradativamente liberadas, a partir da melhora clínica. Não é necessário aguardar a negativação da
hematúria microscópica para liberar o paciente a suas atividades, uma vez que a mesma pode
permanecer por meses.
Dieta:
Restrição hídrica a 20 mL/kg/dia (ou 300 a 400 mL/m2/dia). A partir do momento em que se
observar redução do edema, acrescentar o volume das perdas do dia anterior ao cálculo.
Restrição da ingesta de Sódio é importante, sobretudo na fase em que há hipertensão, edema
e/ou oligúria, a 2 g NaCl/m2/dia.
Redução da ingesta de proteínas é importante na fase em que houver queda da filtração
glomerular com retenção de uréia (Ureia sérica maior que 150 mg/dL) ou sintomas urêmicos
(TFG < 20% e Creatinina sérica > 5 mg/dL).
Se houver hiperkalemia, deve ser feita redução da ingesta de Potássio.
Controle da diurese e balanço hídrico: particularmente importantes quando houver oligúria e/ou
edema.
Terapia medicamentosa
Antimicrobianos: importantes no auxílio do tratamento das GN de causas infecciosas, caso o paciente
ainda não tenha sido tratado. Considerando-se a GN pós estreptocócica como a causa mais freqüente
de GN infecciosa em nosso meio, é importante administrar o antimicrobiano recomendado que,
embora não altere a evolução da doença, erradica o estreptococo e impede a transmissão das cepas
nefritogênicas. Para tal, utiliza-se a Penicilina V Oral (25.000 a 50.000 UI/kg/dia, de 6/6 horas,
durante 8 a 10 dias), a Penicilina G Benzatina IM dose única (600.000 UI para pacientes de até 25 kg
de peso, ou 1.200.000 UI quando maior que 25 kg). Para os alérgicos à Penicilina, pode-se usar a
Eritromicina na dose de 30 a 40 mg/kg/dia, VO, a cada 6 horas por 8 a 10 dias.
Diuréticos: quando a dieta e o repouso não são suficientes para manter a pressão arterial em níveis
satisfatórios, bem como na ocorrência de congestão cardiocirculatória importante e/ou oligúria, pode-
se lançar mão de Furosemida na dose de 1 a 6 mg/kg/dia, IV, VO ou IM – pode-se chegar à dose de
10 mg/kg/dia, se necessário.
Anti-hipertensivos: usados apenas nos casos de hipertensão sintomática, ou quando a hipertensão
persiste, a despeito da resolução da oligúria e do edema. Os mais utilizados são: Hidralazina, na dose
de 0,2 a 0,5 mg/kg/dose, IV, a cada 4 ou 6 horas ou 1 a 4 mg/kg/dia, VO, de 8/8 horas; ou Nifedipina,
na dose de 0,10 a 0,25 mg/kg/dose, a cada 3 a 4 horas ou 1 a 3 mg/kg/dia, VO, a cada 6 ou 12 horas.
No caso de se utilizar a Nifedipina, recomenda-se monitoração rigorosa de frequência cardíaca,
pressão arterial e reflexo pupilar, pelo risco de hipotensão. O Alondipino é uma alternativa a ser usada
em crianças maiores de 6 anos, com quadro mais estável, nas doses de 0,1 a 0,2 mg/kg/dia – dose
máxima de 10 mg/dia. Apresenta a vantagem da administração em dose única diária.
O uso de hipotensores como Captopril pode ser feito na dose de 0,2 a 0,5 mg/kg a cada 8 a 12 horas,
mas com especial atenção ao seu efeito de provocar hiperkalemia e/ou elevação da creatinina sérica.
O Nitroprussiato de Sódio deve ser restrito à unidade de terapia intensiva (UTI), sendo a melhor e
mais segura terapêutica para os casos de encefalopatia hipertensiva, na dose de 0,5 a 8 mcg/kg/min.
Anticonvulsivantes: pode-se usar Diazepam 0,1 a 0,5 mg/kg/dose, IV, lentamente, nos casos de
convulsões associadas a encefalopatia hipertensiva ou distúrbios metabólicos; quando houver
resolução das crises, suspender o medicamento.
Diálise peritonial está indicada nos casos graves e refratários de oligoanúria, hipercalemia e/ou
insuficiência renal aguda.
Pulsoterapia com Corticoides e/ou Imunossupressores: utilizados no tratamento de GNRP.
Prognóstico
Não é necessário aguardar a regressão de todos os sinais e sintomas para a alta hospitalar. A evolução
da maioria dos pacientes ocorre segundo a cronologia a seguir:
Edema regride normalmente na primeira semana de tratamento
Hipertensão arterial sistêmica cede em até 2 semanas
Hematúria macroscópica desaparece na 1ª ou 2ª semana de doença.
Hematúria microscópica pode permanecer até 18 meses, sem indicar mau prognóstico
Proteinúria nefrótica, quando presente, deve desaparecer em até 4 semanas
Proteinúria sub-nefrótica se resolve nos primeiros 6 meses de evolução.
Seguimento
O paciente deve ser encaminhado ao Serviço de referência em Nefrologia para seguimento após a alta.
Demais referências a depender da doença de base.
Resumo
1. AMIN, A B. Nefrologia Pediátrica. Editora Cultura Médica Ltda, Rio de Janeiro, 1987.
4. HARRISON, T R. Harrison’s: Principles of Internal Medicine. 16ª ed, McGraw-Hill, 2005, 2783
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Res, v. 13, n. 3, 2011; p. 206-210. Disponível em: <
http://www.crmpr.org.br/publicacoes/cientificas/index.php/revista-do-medico-
residente/article/viewFile/24/21>
Sindrome Nefrótica
Versão 1.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de Atenção
à Saúde da Criança e
Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Revisão Teórica
1. Conceito:
Síndrome nefrótica compreende a situação clínica caracterizada pela presença de proteinúria maciça de
caráter nefrótico e hipoalbuminemia, sendo que o quadro completo também apresenta edema, hiperlipidemia,
lipidúria e hipoproteinemia.
O valor de proteinúria considerado como proteinúria nefrótica é aquele igual ou maior que 50mg/kg/dia ou
maior ou igual a 40mg/m²/h. A proteinúria pode ser avaliada através da coleta da urina de 24 horas ou através
da utilização da relação proteína/creatinina em amostra isolada (UA/UC), sendo proteinúria nefrótica o valor
de UA/UC maior que 2.
A ausência de edema e hiperlipidemia, embora frequente, não afasta o diagnóstico de SN já que podem não
estar presentes em todos os pacientes.
2. Etiologia:
A Síndrome nefrótica na faixa etária pediátrica em geral possui característica idiopática, sendo o tipo
histológico mais comum nesses casos a lesão mínima (LM), seguida de glomeruloesclerose segmentar e focal
(GESF).
São tipos histológicos encontrados na síndrome nefrótica idiopática:
Pós-Infecção e agentes parasitários Sífilis, malária, tuberculose, varicela, hepatite B e C, HIV, endocardite
infecciosa, Epstein-Barrm CMV, toxoplasmose, Streptococcus B
hemolítico do grupo A, esquistossomose, ...
Colagenoses e vasculites Lúpus eritematoso sistêmico, púrpura de Henoch-Shönleinm artrite
reumatoide, poliarterite nodosa, polearterite granulomatosa (Wegener), ...
Neoplasias Linfoma de Hodgkin, linfoma não Hodgkin, leucemias, tumor de Wilms,
carcinoma de cólon, carcinoma broncogênico.
Drogas AINEs, ampicilina, ouro, lítio, mercúrio, trimetadiona, mesalamina, ...
Processos alérgicos Pólen, fungos, leite de vaca, picada de abelhas, pelos de gato, ...
Outros Nefropatia por IgA (Berger), síndrome de Alport, cricatriz pielonefritica
por refluxo vesicoureteral, diabetes mellitus, miastenia gravis, anemia
falciforme, doença inflamatória intestinal crônica, febre familiar do
mediterrâneo, amiloidose, feocromocitoma, ...
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria - Tratado Brasileiro de Pediatria – 4ª Edição. Editora Manole, Rio
de Janeiro, 2017. Pág. 1138.
3. Epidemiologia:
A Síndrome nefrótica acomete principalmente crianças entre 1 e 6 anos de idade, sendo a incidência
igual a 2 para cada 100000 crianças a cada ano. Existe, nesta faixa etária, uma prevalência do sexo masculino
de 3 casos para 2. Entre adolescentes e adultos tal prevalência não é observada.
4. Fisiopatologia:
A patogênese da síndrome nefrótica idiopática ainda não está completamente definida.
Sua fisiopatologia está relacionada com alterações da permeabilidade da membrana basal glomerular,
cuja função de filtração é exercida através de barreira restritiva em carga e tamanho.
Fisiologicamente, a filtração glomerular ocorre através de um “filtro glomerular” composto por 3
camadas: Endotélio fenestrado; Membrana basal glomerular; podócitos com seus processos podais. Através
deste filtro, moléculas de baixo peso molecular atravessam a membrana Basal Glomerular e os poros dos
podócitos. Moléculas maiores são retidas, permanecendo no lúmem do capilar glomerular.
Na Síndrome Nefrótica, existe alteração na capacidade de filtração: há fusão dos processos podais dos
podócitos e alteração de carga da membrana basal, permitindo a passagem de moléculas maiores e, assim, a
perda de proteínas através do filtrado glomerular, que virá a formar, posteriormente, a urina.
Várias teorias visam explicar o motivo das alterações na permeseletividade da MBG:
Anormalidades genéticas da barreira glomerular – envolvendo genes NPHS1 e NPHS2.
Estímulo imunogênico: anormalidades nas funções dos linfócitos T, especialmente no T supressores, e
presença de fatores circulantes que alteram a permeabilidade da MBG.
Participação do Linfócito B
Perspectivas para o futuro: Os estudos imunológicos e de genéticos vêm tomando lugar nas pesquisas da
fisiopatologia da Síndrome Nefrótica. A expectativa é desenvolver métodos diagnósticos das lesões
glomerulares através desses novos métodos, evitando métodos diagnósticos mais invasivos como a biópsia
renal.
a. Edema:
O edema pode ser causado por duas situações inicialmente descrita como distintas:
Teoria do “underfill”: a hipoalbuminemia causada pela perda desta proteína através do filtrado
glomerular causa diminuição da pressão oncótica do plasma com extravasamento de líquido para o interstício e
hipovolemia. O quadro segue com hiperaldosteronismo, com retenção de sódio.
Teoria do “overflow”: alguns pacientes não apresentam hipovolemia como inicialmente descrito, mas
NORMO ou HIPERVOLEMIA. Nesses casos, há aumento da reabsorção de sódio nas porções distais do néfron
quando a proteinúria era insipiente, ainda sem hipoalbuminemia, revelando a contribuição primária da reabsorção
distal de sódio no mecanismo do edema.
Existe ainda uma tendência à unificação das teorias descritas em uma única explicação para a fisiologia
do edema na síndrome nefrótica: Propõe que a retenção do sódio na Síndrome Nefrótica é devido a ativação do
canal de Sódio Epitelial (ENaC) pela Plasmina.
5. Manifestações Clínicas:
o Ascite e derrame pleural
o Aumento súbito de peso
o Diminuição no número / volume das micções
o Concomitância com infecção – geralmente de vias aéreas superiores
o Palidez
o Cabelos secos e quebradiços
o Pele esticada, brilhante, friável, sujeita a traumatismos, por sua fragilidade, e porta de entrada para agentes
infecciosos
o Rotura de fibras elásticas pela tensão da pele
o Hematúria macroscópica, fugas, ocasional
o Hipertensão arterial leve, transitória e pouco frequente.
6. Complicações:
a. Tromboembolia: risco aumentado para o desenvolvimento de complicações tromboembólicas devido
à hemoconcentração e perda de antitrombina III (ATIII) na urina.
b. Infecções: risco aumentado para infecções virais e bacterianas (pneumonia, peritonite e sepse) por
bactérias encapsuladas em razão da redução na concentração de imunoglobulinas, da redução da imunidade
celular e do uso de terapia imunossupressora. Streptococcus pneumoniae e Escherichia coli. É recomendável a
vacinação para pneumococo e varicela, idealmente quando em remissão e sem estar fazendo uso de
corticosteroide (ou pelo menos em uso de prednisolona 1mg/kg/dia).
c. Progressão para Insuficiência Renal: Pode ser precipitada ou causada por: Depleção severa de
volume decorrente da hipoalbuminemia agravada ou não pelo uso de diuréticos; Trombose aguda de veia renal
bilateral; NTI aguda por hipersensibilidade a diuréticos e outras drogas; Uso de AINEs, determinando NTA.
O uso de IECA e BRA podem reduzir a taxa de progressão para insuficiência renal crônica em pacientes
com proteinúria persistente. Seu uso está justificado com base nas evidências do uso de IECA e BRA em adultos,
sendo que as pesquisas em crianças são insuficientes para embasar tal conduta.
Propedêutica
a. Sedimento urinário: EAS + Piúria e Hematúria Quantitativas: Além da proteinúria, na DLM, há hematúria
(geralmente microscópica), cilindúria relacionada às perdas proteicas e lipidúria.
b. Proteinúria:
o Urina de 24 horas: Avalia a excreção urinária de proteínas após 1 dia de coleta de todas as diureses, em
24horas. Considera-se proteinúria nefrótica aquela com 50mg/kg/dia ou 40mg/m²/hora.
OBS: Orientações sobre a coleta: esvaziar a bexiga antes de iniciar anotando a hora exata em que o fez,
reservando todas as diureses nas 24 horas seguintes em um mesmo recipiente, que deverá ser mantido em
temperatura ambiente ou na geladeira. O exame terminará exatamente na mesma hora em que foi iniciado no
dia seguinte
o Proteinúria em amostra isolada de urina: (UA/UC): Avalia a proteínuria a partir da relação entre a secreção
de proteína e de creatinina na urina.
Valores de referência para crianças: menor do que 0,5 em crianças até 2 anos, e abaixo de 0,2 em crianças
maiores. Níveis acima de 2 são considerados como proteinúria nefrótica.
c. Colesterol (total e frações) e triglicérides: Níveis séricos de colesterol total, triglicérides e lipoproteínas
encontram-se elevados na síndrome nefrótica. Isso ocorre porque há aumento de síntese hepática destes
componentes, redução no catabolismo das lipoproteínas; perda urinária de HDL; da redução da atividade do
receptor de LDL.
d. Ureia e Creatinina: Podem estar elevadas na instalação de edema ou em situações de hipovolemia. Em outras
glomerulopatias que não LM, pode-se encontrar aumento persistente.
e. Eletrólitos: Sódio, Potássio, Cálcio iônico (dosagem de cálcio total não é confiável devido às suas alterações
de acordo com o nível de proteínas plasmáticas), Cloro, Fósforo: Monitorização de distúrbios
hidroeletrolíticos.
b. Complemento: C3, C4 e CH50 apresentam valores normais na Doença por Lesão Mínima e da
Glomeruloesclerose Segmentar e Focal (GESF). Valores de complemento baixos, principalmente no primeiro
episódio de SN, são indicações para biópsia renal, uma vez que são indicativos de SN secundária a doença de
base.
c. Investigação eventual de doença de base: Deve-se sempre proceder à investigação mais completa de base de
que se suspeita a partir da história e exame físico do paciente. Não havendo suspeita diagnóstica clara, são
comumente solicitados os seguintes exames pela importância e/ou frequência com que as doenças
diagnosticadas por eles causam síndrome nefrótica:
o Exame parasitológico de fezes: Pesquisa de esquistossomose
o Sorologias: Pede-se sorologia para: HIV, hepatite A, B e C, toxoplasmose, CMV, sífilis e mononucleose,
além daquelas conforme história e epidemiologia particulares de cada paciente.
o Pesquisa de FAN e anti-DNA
Tratamento
1. Inespecífico
o Controle diário do edema, diurese, pressão arterial, proteinúria, aferir circunferência abdominal com a
mesma fita e no mesmo horário.
o Dieta com restrição de sódio: Hipossódica ou Assódica (50 a 70mEq/dia ou 300 a 500mg/dia de
Cloreto de sódio)
o Dieta normoproteica, desde que função renal esteja preservada.
o Tratamento precoce das infecções
o Controle da HAS: Dar preferência às drogas inibidoras da enzima conversora da angiotensina ou
bloqueadoras de receptor de angiotensina II. Além do controle da PA, com essas drogas, espera-se
obter efeito renotrotetor e antiproteinpurico.
o Suplementação de Cálcio e Vitamina D Considerar reposição em casos crônicos, com uso de
corticoide a longo prazo. (Vide Tabela a seguir)
Tabela 2: Doses recomendadas de cálcio e vitamina D.
o Edema versus Uso de diuréticos: O diurético de escolha é a amilorida, que é um inibidor do canal de
sódio. Trata-se da primeira escolha devido à fisiopatologia do edema baseada na teoria Overflow
(edema devido à reabsorção de sódio no túbulo contorcido distal, causando normovolemia ou
hipervolemia). Devido a não disponibilidade deste medicamento isolado, a escolha é o Moduretic
(Amilorida+Hidroclorotiazida).
Dose inicial de Amilorida: 5 a 10mg/dia. Dose máxima: 20mg/dia.
De acordo com o grau do edema do paciente com Sindrome Nefrotica definida como normo ou
hipervolêmica, pode-se associar a Furosemida à terapêutica associada ao Moduretic, auxiliando na
perda de líquido e sódio.
Dose da furosemida: 0,5 a 2mg/kg/dose
o Expansores plasmáticos (Albumina): devem ser usados apenas quando houver anasarca e instabilidade
hemodinâmica.
Edemas volumosos e persistentes (casos graves, com sinais de descompensação: hidrotórax, ascite,
perturbações respiratórias): Infusão endovenosa de albumina a 20%, sem diluição, (0,5 a 1g/kg/dia)
associada ou não a furosemida 2-4-6 mg/kg/dose de 8/8 ou 12/12h (dependendo da gravidade do caso
e do tipo de edema) em 4 horas de infusão. Proporciona aumento transitório da pressão oncótica
plasmática e do ritmo de filtração glomerular facilita a liberação de diurético nos locais onde ocorre
reabsorção de sódio. Tratamento inespecífico! Só reduz momentaneamente o edema para maior
conforto do paciente.
2. Específico
a. Corticóide: a terapia com glicocorticoides pode ser iniciada em crianças com uma alta probabilidade
de SNLM, sem a confirmação por biópsia renal já que mais de 90% dos pacientes com SNLM irá
responder à terapia com corticoide dentro de 8 semanas.
Tratamento da SN Corticorresistente:
Estudos realizados por International Study of Kidney Disease in Childres (ISKDC) demonstrou a
prevalência das lesões glomerulares em pacientes com síndrome nefrotica corticorresistente:
70% apresentam Glomeruloesclerose Focal e Segmentar
44% apresentam Glomerulonefrite mesangioproliferativa (GNMP)
7% apresentam Glomerulopatia por lesão mínima
O tratamento dos pacientes portadores de SN Corticorresistente se divide em dois tipos:
Imunossupressor e Sintomáticos.
Pacientes que apresentam resposta parcial ao corticoide tem mais possibilidade de responder à
ciclofosfamida ou ciclosporina e menos probabilidade de progredir para IRC.
Uso de Anti-Helminticos:
O uso de corticoides em dose imunossupressora e de imunossupressores torna necessária a terapêutica empírica contra
infestações por parasitoses. Assim, podem ser utilizados:
Albendazol 400mg/10ml – 400mg, uma vez ao dia, por 3 dias.
Mebendazol 100mg/5ml – 100 mg, duas vezes ao dia, por 3 dias.
Tiabendazol – 50mg/kg/dia, duas vezes ao dia, de 3 a 5 dias.
Ivermectina 6mg – Crianças de 15 a 25kg: Meio Comprimido // Crianças de 26 a 44kg: 1 comprimido
Seguimento
a. Remissão completa: UA/UC ≤0,2 ou proteína < + (fita reagente urinária) por 3 dias consecutivos.
b. Remissão parcial: Redução da proteinúria em 50% ou mais do valor inicial e UA/UC entre 0,2 e 2.
c. Com reicidiva: UA/UC ≥ 2 ou proteína +++ (fita reagente urinária) por 3 dias consecutivos.
d. Com recidivas frequentes: 2 ou mais recidivas dentro de 6 meses de resposta inicial ou 1 a 3 recidivas
no período de 12 meses.
Classificação:
É possível classificar o quadro clínico da síndrome nefrótica de acordo com a resposta ao tratamento inicial
com corticóides:
a. Síndrome Nefrótica Corticosensível (SNCS): Proteinúria ausente após tratamento de 4 a 6 semanas com
corticoide,
b. Síndrome Nefrótica Corticoresistente (SNCR): Proteinúria mantida após tratamento de 4 a 6 semanas com
corticoide(prednisolona 2mg/kg/dia) ou 3 dias de pulsoterapia com Metilprednisolona. É indicação para
biópsia renal.
c. Síndrome Nefrótica Corticodependente (SNCD): Proteinúria ausente após tratamento de 4 a 6 semanas
com corticoide que retorna após início da redução do corticoide ou dentro de 14 dias após a suspensão
do mesmo.
Transfusão de
Hemocomponentes em
Pediatria
Versão 2.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de
Atenção à Saúde da
Criança e Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável
Gestor do
Data Versão Descrição por alterações
Protocolo
Cria o Protocolo Clínico
e Diretriz Terapêutica de
Transfusão Dra. Sabrine Teixeira
Maio/2015 1.0 Dr(a) Ferraz Grunewald
Hemocomponentes em
Pediatria
Atualiza o Protocolo
Clínico e Diretriz Dra. Sabrine Teixeira
Dr. Lucio
Terapêutica de Ferraz Grunewald e Dra.
Outubro/2017 2.0 Henrique de
Hemocomponentes em Flávia Brassaroto Fenali
Oliveira
Pediatria
Objetivos:
3) Avaliação do resultado obtido após cada transfusão, evitando indicações de várias unidades de
Introdução:
A Hemoterapia usada de forma adequada pode salvar a vida e melhorar a saúde do paciente, dando suporte
clínico e cirúrgico. A transfusão de sangue e hemocomponentes é usada para corrigir deficiências no
transporte de oxigênio e hemostasia, a partir de perdas agudas ou crônicas de sangue e/ou alterações na
produção de hemácias, plaquetas ou proteínas da coagulação sanguínea. Por utilizar uma tecnologia de ponta,
é uma pratica clínica cara para o SUS, tornando suas indicações restritas para seu uso. Entretanto, é essa
tecnologia que a torna segura.
A indicação de transfusão em Pediatria para crianças maiores de 4 meses segue os mesmos princípios da
transfusão em adultos, no que concerne ao cuidadoso balanço de riscos e benefícios. Para crianças menores de
4 meses há indicações específicas. Os recém-nascidos pré-termo representam um grupo de especial interesse,
porque são os mais frequentemente transfundidos nas unidades de cuidado terciário.
Hemorragias agudas com perda sanguínea maior que 15% a 20% da volemia.
Hb < 8g/dL com sintomas de anemia (hipotensão, taquicardia e alterações do nível de consciência).
Anemia pré-operatória significativa (Hb < 8g/dL) sem outras terapêuticas corretivas disponíveis.
Hb < 13g/dL e paciente com doença pulmonar grave ou oxigenação por ECMO.
Critérios particulares para pacientes com doença falciforme e/ou em regime de transfusão crônica para
supressão da eritropoiese.
Crianças menores que 4 meses de vida
Hb < 7g/dl com baixa contagem de reticulócitos e sintomas de anemia.
Hb < 10g/dl e o paciente:
o Com FiO2 <35 % em máscara, HOOD ou cateter nasal de O2.
o Em CPAP/VMI com ventilação mecânica com p media <6 cm H2O.
o Apneia ou bradicardia (> 6 episódios em 12 horas ou 2 episódios em 24 horas com necessidade
de reanimação).
o Taquicardia (> 180) ou taquipneia (>80) em 24 horas.
Hb <12g/dl e o paciente:
o Com FiO2 >35%.
o Com CPAP/VMI com P media > 6 a 8 cm H2O.
Hb <15g/dl e o paciente sob oxigenação por ECMO ou cardiopatia congênita cianótica.
Dose e modo de administração:
Para crianças pequenas, a transfusão de 10-15mL/kg de peso deve elevar Ht/Hb em aproximadamente 6-9% /
2-3g/dL, respectivamente.
Transfusões de pequenos volumes para RNPT, na dose de 15mL/kg. O tempo de administração é
habitualmente de 2 horas, não devendo exceder 4 horas de infusão.
Cada bolsa contem 250 a 300ml.
A velocidade de infusão deve ser ajustada de acordo com as condições clínicas do paciente e o volume a ser
administrado (2 a 4 horas).
Transfusão de Plaquetas
A contagem de plaquetas do RN é a mesma da criança e do adulto. A transfusão de plaquetas é indicada para
prevenção ou tratamento de pacientes com trombocitopenia ou disfunção plaquetária, e essas indicações são
resumidas no Quadro 2. A transfusão de plaquetas em pacientes com hipótese diagnóstica de trombocitopenia
imune deve ser restrita a sangramentos graves e refratários.
Contagem de plaquetas entre 5.000-10.000/mm3 com falha de produção, mesmo se estável e sem
sangramento ativo.
Contagem de plaquetas < 20.000/mm3 em paciente com infecção em atividade.
Contagem de plaquetas < 50.000/mm3 antes de procedimentos invasivos.
Contagem de plaquetas < 100.000/mm3 se submetido a procedimento invasivo de alto risco (sistema
nervoso central ou oftalmológico)
Contagem de plaquetas normais se sangramento ativo e defeito qualitativo das plaquetas.
Dose e administração:
A dose inicial de 10-15mL/kg promove um aumento de 10 a 15% dos níveis dos fatores da coagulação sob
condições favoráveis de recuperação.
O tempo máximo de infusão deve ser de 1 hora.
Cada bolsa contém 150-200ml.
Transfusão de Crioprecipitado
O crioprecipitado contém glicoproteínas de alto peso molecular como de Fator VIII, Fator VIII:vWF (fator
von Willebrand), fibrinogênio, Fator XIII e fibronectina e se constitui na principal fonte de fibrinogênio para
transfusão. O crioprecipitado não deve ser usado no tratamento de pacientes com deficiências de outros
fatores que não sejam de fibrinogênio ou Fator XIII. Suas indicações de uso são resumidas no Quadro 4.
Dose e administração:
Para crianças menores de 2 anos, 1 unidade padrão. Para crianças maiores de 2 anos, 1-2 unidades para cada
10kg de peso.
Deve ser administrado em até 4 horas.
Cada bolsa contém 10-20ml.
Por definição da legislação sanitária brasileira e determinação técnica do Ministério da Saúde, um serviço de
Hemoterapia só está autorizado a liberar um hemocomponente para transfusão mediante solicitação por
escrito, com assinatura legível do médico responsável e número de registro profissional-CRM.
Na solicitação devem estar preenchidos de forma legível:
Hospital
Diagnóstico - Indicação da transfusão (se reserva cirúrgica, especificar a cirurgia programada)
Nome completo sem abreviações e prontuário.
Enfermaria/ Leito.
Exames laboratoriais que justifiquem a transfusão
Modalidade de transfusão:
o Programada para determinado dia e hora,
o Não urgente, a ser transfundida dentro das 24 horas.
o Urgente, a ser realizada dentro de 3 horas.
o Extrema urgência, quando não é possível esperar o término dos testes pré-transfusionais
(responsabilidade constante no rodapé da RT)
o Reserva (para procedimentos invasivos, com data marcada).
Componente solicitado, volume e recomendações especiais que porventura se façam necessárias
(filtração, irradiação, fenotipagem, aliquotagem ou lavagem).
Data de nascimento, Idade, Sexo, Nome da mãe. CPF, se disponível.
Histórico transfusional, gestacional e de reações prévias.
Solicitar o hemocomponente pelo Ramal 5142 (Agência Transfusional), com formulário preenchido em 2
vias. (formulário em Anexo).
Reações Transfusionais
Apesar de seguras, as transfusões de sangue e seus componentes podem acarretar reações imediatas,
imunomediadas ou não, com potenciais fatais, assim como reações tardias. Por definição, reação transfusional
é toda e qualquer intercorrência que ocorra como consequência da hemotransfusão, durante ou após a sua
administração. A Tabela 1 destaca as principais reações transfusionais de interesse clínico.
Conduta geral:
A seguir segue um detalhamento das reações mais frequentes, para que seja possível seu diagnóstico clínico e
tratamento.
Conduta Específica:
Referências:
Tuberculose
Versão 1.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de Atenção
à Saúde da Criança e
Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Dra. Teresa Cristina Ribeiro
Revisa o Protocolo Clínico e Lopes
Dr. Lúcio Henrique
Abril/2017 Revisada Diretriz Terapêutica de Dra. Daisa Carla de Moura
de Oliveira
Tuberculose Melo - Residente R2 de
Pediatria
1 - Objetivos:
Organizar o atendimento do paciente pediátrico com tuberculose (TB) em nível hospitalar no nosso Serviço: critérios
de internação e alta, diagnóstico, tratamento e biossegurança
Reduzir os riscos de transmissão hospitalar da tuberculose
Reduzir risco de emergência de bacilos multidrogarressitentes (TBMR)
2 - Introdução
A tuberculose é uma doença infecto-contagiosa, causada pelo Mycobacterium tuberculosis, também denominado bacilo
de Koch (BK), de notificação compulsória.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil ocupa o 14º lugar entre os 23 países onde se concentram 80%
dos casos de tuberculose no mundo.
Estima-se que 1/3 da população mundial seja infectada pelo bacilo e, a cada ano, 9 milhões de pessoas desenvolvam a
doença, 11% delas pertencentes à faixa pediátrica.
Diagnosticar, tratar e reduzir as taxas de abandono ao tratamento têm sido metas prioritárias no controle da doença.
A transmissão ocorre por inalação de gotículas contendo bacilos expelidos pelo doente com tuberculose ativa de vias
respiratórias (pulmonar ou laríngea). As formas exclusivamente extrapulmonares não transmitem a doença (vide Anexo
1).
A tuberculose na criança, principalmente nos menores de 10 anos, apresenta especificidades: a forma pulmonar,
diferentemente do adulto, costuma ser abacilífera e, além disso, crianças, em geral, não são capazes de expectorar.
CID:
A15 - Tuberculose das vias respiratórias com confirmação bacteriológica e histológica
A16 - Tuberculose das vias respiratórias sem confirmação bacteriológica e histológica
A17 - Tuberculose do sistema nervoso
A18 - Tuberculose de outros órgãos
A19 - Tuberculose miliar
Diagnóstico:
Estado
Quadro clínico radiológico Contato PPD4 vs. BCG5
nutricional
Sintomas1 Alteração do Contato próximo3 > 10 mm em Desnutrição
há > 2 semanas Rx Tórax2 com paciente vacinados há < 2 grave
há > 2 semanas bacilífero nos anos;
últimos 2 anos > 5 mm em
+ 15 pontos + 15 pontos
vacinados há > 2
Assintomático ou Alteração do anos, não vacinados
sintomas há Rx Tórax ou
< 2 semanas há < 2 semanas imunodeprimidos6
1
Sinais/Sintomas: Febre (sobretudo vespertina), tosse, adinamia, perda ponderal, sudorese noturna.
2
Alteração do Rx Tórax: Condensação ou infiltrado (com ou sem cavitação); adenomegalia hilar; infiltrado nodular
difuso, sem melhora após antibioticoterapia para microorganismos comuns.
3
Contato próximo: É o coabitante, parente ou não, do portador bacilífero da doença tuberculose, o que merece maior
atenção do serviço de vigilância epidemiológica.
4
PPD: Derivado protéico purificado.
5
BCG: composta pelo bacilo de Calmette & Guérin liofilizado, obtido por atenuação do Mycobacterium bovis (vide
Anexo 2).
6
Imunodeprimidos: Indivíduos portadores de neoplasias, doenças linfoproliferativas, sarcoidose, HIV positivos e
maiores de 65 anos. Incluem-se as situações de imunossupressão transitória, como gestantes, crianças com menos de 2
meses de vida, submetidos à vacinação por vírus vivo, em tratamento com corticosteróides ou outra droga
imunodepressora.
Interpretação da pontuação:
Para a obtenção de material, alguns métodos de coleta podem ser utilizados, embora não sejam recomendados de rotina:
Lavado Gástrico: solicitado para crianças menores, de preferência hospitalizadas, com lesões pulmonares
sugestivas. Com paciente em jejum, instila-se 20 mL de solução fisiológica 0,9% no estômago com auxílio de sonda
nasogástrica e, em seguida, aspira-se o conteúdo. Recomendam-se 3 amostras. Mesmo com boa técnica, a
sensibilidade é baixa. Só deve ser realizada se houver disponibilidade de cultura.
Lavado broncoalveolar: realizado injetando-se 100 a 120 mL de solução fisiológica 0,9% estéril no segmento
pulmonar comprometido. Em seguida, aspira-se o conteúdo até o retorno de aproximadamente 30 a 40% do volume
infundido.
a) Exame bacteriológico: pesquisa de bacilo álcool-ácido resistente (BAAR), realizado comumente pela coloração de
Ziehl-Neelsen, em 2 a 3 amostras de escarro (espontâneo ou induzido).
Os pacientes pediátricos, de forma geral, não são capazes de expectorar espontaneamente. Assim, utiliza-se a técnica de
escarro induzido, com nebulização, durante 20 minutos, com solução salina hipertônica (3 a 5%), que deve ser feita em
sala apropriada e por profissional habilitado.
A baciloscopia é quase sempre negativa, pela característica paucibacilar (ou abacilar) da TB infantil, o que torna
necessária a realização de cultura.
b) Prova Tuberculínica (Teste de Mantoux): No Brasil, a tuberculina usada é a PPD RT23, aplicada por via
intradérmica no terço médio da face anterior do antebraço esquerdo, na dose de 0,1ml, equivalente a 2 UT (unidades de
tuberculina). A leitura é realizada de 72 a 96 horas depois.
Na indisponibilidade do mesmo, procede-se com a investigação através de avaliação clínica e radiológica, bem como
levantamento de dados epidemiológicos, com o objetivo de identificar os casos de TB doença.
Interpretação:
< 5 mm: negativo (não reator);
> 5 mm: positivo (reator), se paciente imunossuprimido, não vacinado, ou vacinado há mais de 2 anos;
> 10 mm: positivo (reator), se vacinado há menos de 2 anos.
c) Radiografia de Tórax: indicada em todos os casos suspeitos. Alterações mais frequentes: aumento dos gânglios
mediastinais (hilares ou paratraqueais), calcificações, cavitações, associadas ou não a alterações parenquimatosas. Na
forma miliar, o padrão predominante é de infiltrado micronodular difuso.
d) Gene Xpert®: Também denominado teste rápido para o diagnóstico da tuberculose, o Gene Xpert® é capaz de
detectar, em apenas 2 horas, o DNA do M. tuberculosis, alcançando sensibilidade de até 95%. Além disso, ele também
pode identificar resistência à Rifampicina, uma das drogas usadas no tratamento da doença.
Testes menos utilizados: necessários quando há forte suspeita clínica, com baciloscopias repetidamente negativas,
formas extrapulmonares, amostras paucibacilares ou infecções causadas por outras micobactérias.
1) Cultura do M. tuberculosis: Pode ser realizada em qualquer fluido corporal suspeito de conter o bacilo e o cultivo
pode ser realizado em meio sólido (Lowenstein-Jensen, Ogawa-Kudoh, Middlebrook) ou líquido (Middlebrook 7H9 e
7H9 modificado).
2) ADA (Adenosinadeaminase): conhecida também como método de Giusti, é particularmente útil em secreções serosas
e líquor, quando o aumento de atividade da ADA autoriza iniciar o tratamento.
3) PCR (Reação em Cadeia da Polimerase): detecção de DNA bacteriano, mesmo em amostras com pouco material
genético. Pode ser realizado em qualquer fluido corporal, como escarro, líquor (LCR), dentre outros.
4) Exame Histopatológico: a lesão característica é o granuloma, com necrose de caseificação e infiltrado histiocitário de
células multinucleadas. Indicado nas formas pleural, ganglionar periférica e osteoarticular.
Tratamento
1) Para TB Pulmonar e Extrapulmonar, em casos novos (ou RC/RA), exceto meningite tuberculosa, recomenda-se o
esquema básico:
✓ Esquema básico para pacientes com até 10 anos: 2 RHZ/4RH
Rifampicina (R) + Isoniazida (H) + Pirazinamida (Z) por 2 meses – fase de ataque
Rifampicina (R) + Isoniazida (H) por 4 meses – fase de manutenção
Fase Duração Peso do Paciente (em kg)
Droga < 20 kg > 20 a 35 kg > 35 a 50 kg > 50 kg
mg/kg/dia mg/dia
R 10 300 450 600
1ª 2 meses H 10 200 300 400
Z 35 1000 1500 2000
2ª 4 meses R 10 300 450 600
H 10 200 300 400
Apresentação da Suspensão Oral: R = 20 mg/mL (frasco de 50 e 60 mL); H = não há suspensão oral; Z = 30 mg/mL
(frasco de 150 mL).
• Esquema básico, com prolongamento da fase de manutenção, de 4 para 7 meses, nas mesmas doses: 2 RHZ/7RH
ou 2 RHZE/7RH;
• Associa-se corticosteróide ao esquema anti-TB:
Prednisona na dose de 1-2 mg/kg/dia, durante 4 semanas; ou
Dexametasona parenteral na dose de 0,3 a 0,4 mg/kg/dia, durante 4 a 8 semanas, reduzindo-se gradualmente a
dose nas 4 semanas subsequentes;
• Em caso de concomitância de meningite tuberculosa e qualquer outra apresentação de TB, utiliza-se o esquema
para tratar a forma meningoencefálica.
Para pacientes que apresentem impossibilidade de administração dos medicamentos por via oral, por íleo paralítico, ou
cirurgias no aparelho gastrintestinal, há outras apresentações a serem utilizadas, a saber:
• R: supositórios com dose até 600 mg
• H: supositórios com dose até 400 mg
• Z: supositórios com dose até 1500 mg
• Estreptomicina (S): compõe o esquema especial (vide Anexo 3) - frasco ampola de 1g.
Observações:
Casos Novos são aqueles pacientes nunca submetidos a tratamento para TB, ou que realizaram tratamento por período
inferior a 30 dias.
Pacientes RC e RA: são aqueles já submetidos a tratamento anterior por período superior a 30 dias, mas que
apresentaram recidiva pós cura (RC), ou abandonaram o tratamento (retorno após abandono – RA). Os mesmos deverão
ser tratados com o esquema básico, até que se obtenha resultado da cultura + teste de sensibilidade.
Os medicamentos devem ser ingeridos, preferencialmente, em jejum, numa tomada única diária. Em casos de
intolerância gástrica, os mesmos podem ser ingeridos após a refeição.
1 TBMR deve ser tratada em Centro de Referência (em Juiz de Fora, Hospital Regional Dr João Penido).
2 Para que o paciente possa ser tratado ambulatorialmente, independente de internação hospitalar prévia, são necessários:
Comunicação anterior com o serviço ambulatorial de seguimento do paciente, pela equipe responsável (médico, enfermeiro e
serviço social), com agendamento de consulta pós alta, em caso de internação prévia;
Fornecer medicação antituberculosa em quantidade suficiente para aguardar consulta pós alta;
Orientação da família e contatos próximos;
Gerenciamento de casos de difícil adesão ao tratamento: pactuar egresso hospitalar com postos locais de saúde e suas devidas
unidades de apoio, para garantia de tratamento ambulatorial e monitorização.
Fluxograma 2 – Tuberculose: Critérios para Isolamento de Pacientes Hospitalizados
* Medidas de Biossegurança:
Máscaras N-95 para o Profissional de Saúde e máscara cirúrgica para os pacientes bacilíferos;
Leitos de isolamento respiratório, com renovação de ar (6 vezes/hora), ou que após estudo por engenharia hospitalar, podem necessitar de:
ventiladores, exaustores, filtros HEPA (High Efficiency Particulate Air);
Sinalizadores de áreas de isolamento;
Locais prioritários para implantação de medidas de bioengenharia: sala de espera de atendimento do paciente tuberculoso, sala de escarro
induzido, sala de broncoscopia, laboratório de tuberculose.
(*) Empregar os critérios de pontuação; (**) PT > 5 mm (em pacientes não vacinados, vacinados há mais de 2 anos ou em condição imunossupressora;
ou PT > 10 mm em pacientes vacinados com BCG há menos de 2 anos. (***) Tratamento de TB latente (ILTB): Isoniazida (H), na dose de 5-10
mg/kg/dia de peso (dose máxima de 300 mg/dia), durante 6 meses.
Fluxograma 4 – Tuberculose: Investigação de contatos maiores de 10 anos
Observação: O tratamento de ILTB em pacientes com mais de 10 anos de idade tem mostrado grande impacto no controle da doença. Entretanto,
devido às dificuldades de implementação desse plano em larga escala, recomenda-se implantar tais ações em casos de:
Municípios com taxa de incidência < 50/100.000 habitantes;
Serviços com taxa de abandono do tratamento anti-TB menor que 5%; ou
Serviços com taxa de cura acima de 85%.
Municípios que não se adequam aos parâmetros anteriores, mas que apresentam condições operacionais favoráveis, devem ampliar o tratamento para
ILTB aos pacientes com mais de 10 anos de idade.
(*) QP primária: Isoniazida, na dose de 5 a 10 mg/kg/dia, até a dose máxima de 300 mg/dia.
ANEXOS
TB Latente/Infecção latente por TB: Período compreendido entre a penetração do bacilo no organismo e o surgimento
da TB doença. Nessa fase, não há manifestações clínicas ou radiológicas da doença, mas o teste tuberculínico será
positivo.
TB doença
Presença de sinais e/ou sintomas, ou de alterações radiológicas, a depender da forma clínica e idade do paciente.
TB Pulmonar: forma mais comum da doença, manifestada por tosse e febre vespertina por mais de 2 semanas, sudorese
noturna e perda ponderal. Hemoptise é rara. Na criança, a principal suspeita de TB ocorre mediante um quadro de
pneumonia sem melhora clínica após curso de antibioticoterapia para microorganismos comuns.
O tratamento inclui: Rifampicina, Isoniazida e Pirazinamida, associando-se uma Aminoglicosídeo (Amicacina, p. ex.)
durante os 2 primeiros meses, seguidos de Rifampicina e Isoniazida durante os 4 meses subseqüentes, em se tratando de
infecção por M. tuberculosis. A fase de manutenção do tratamento deve ser estendida para 7 a 10 meses, em casos de
meningite tuberculosa confirmada, e de 9 a 12 meses, para infecções por M. bovis.
Anexo 2: Vacinação BCG
A vacina BCG exerce grande proteção contra as formas graves de tuberculose, notadamente a meningoencefalite
tuberculosa e a tuberculose miliar, mas não evita a infecção pelo M. tuberculosis, nem exerce proteção para os indivíduos
já infectados com essa bactéria. Dessa forma, prioriza-se a vacinação o mais cedo possível em crianças. Prioritariamente
indicada para menores de 4 anos, sendo obrigatória para menores de 1 ano. Em regiões com alta prevalência de infecções
por micobactérias não tuberculosas, a margem de proteção da BCG é reduzida.
A aplicação da vacina é rigorosamente intradérmica, no braço direito, na altura da inserção inferior do músculo deltóide,
em caso de primovacinação, e 1cm a 2cm acima, na revacinação. Essa localização permite a fácil verificação da
existência de cicatriz para efeito de avaliação e limita as reações ganglionares à região axilar. A vacina BCG pode ser
simultaneamente aplicada com outras vacinas, mesmo com as de vírus vivos.
A evolução da reação vacinal consiste em: nódulo local que evolui para pústula, seguida de crosta e úlcera, com duração
habitual de seis a 10 semanas, dando origem quase sempre a pequena cicatriz. Durante a fase de úlcera, pode haver o
aparecimento de secreção.
* Nesses casos, a vacinação será adiada até a resolução das situações apontadas.
Revacinação BCG
Lesões generalizadas são raras, mas podem ocorrer em pacientes com imunodeficiência primária combinada ou devido
ao HIV.
Reações queloides costumam ocorrer em pessoas já predispostas. Reações lupoides são muito raras e exigem tratamento
com o esquema básico de TB doença, além de notificação.
Anexo 3: Situações Especiais
1
S: Estreptomicina
1
Neurite óptica: raramente surge nos 2 primeiros meses de tratamento e, quando presente, é dose-dependente. Se
detectada precocemente, pode ser revertida.
Referências
Urticária,
Angioedema e Anafilaxia
Versão 2.0
GERÊNCIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Unidade de
Atenção à Saúde da
Criança e Adolescente
HU-UFJF
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE JUIZ DE FORA-MG
Superintendente
HISTÓRICO DE REVISÕES
Autor/responsável por
Gestor do
Data Versão Descrição alterações
Protocolo
Urticária:
A urticária é caracterizada por pápulas ou placas eritematosas e elevadas com o centro geralmente
pálido, pruriginosas, isoladas ou coalescentes, com tamanhos variados (milímetros a alguns
centímetros), de duração fugaz e que desaparecem sem sequelas.
Classificação da urticária:
Angioedema:
Infecções
Doenças virais
Hepatite A ou B, citomegalovírus, Coxsackie vírus, HIV, vírus respiratórios
Anafilaxia
Anafilaxia é uma reação alérgica sistêmica grave, de início súbito e evolução rápida, que é
potencialmente fatal. Na maioria das vezes, resulta de reações mediadas por imunoglobulina E (IgE)
a alimentos, drogas e picadas de insetos. No entanto, qualquer agente capaz de incitar uma
degranulação sistêmica súbita de mastócitos pode produzi-la. Geralmente, caracterizada por uma
exposição definida de uma causa potencial, seguida por início rápido, segundos a minutos (raramente,
até horas) dos sinais e sintomas. A anafilaxia pode ser imprevisível, raramente leve e se resolver
espontaneamente devido à produção endógena de mediadores compensatórios (por exemplo,
epinefrina, angiotensina II, endotelina e outros). Quando grave, progride em minutos para
comprometimento respiratório e/ou cardiovascular e óbito.
Anafilaxia bifásica: é definida como uma recorrência de sintomas que se desenvolvem após a
aparente resolução do episódio anafilático inicial, sem exposição adicional ao agente causador. As
reações bifásicas (até 21% dos episódios anafiláticos) podem ocorrer em todas as idades. Eles podem
ocorrer até 72h depois que tenham resolvido os sinais e sintomas. Anafilaxia prolongada: é definida
como uma reação anafilática que dura horas, dias ou até semanas.
Figura 1. Mecanismos da anafilaxia. A anafilaxia mediada por IgE é a mais comum.
anafilaxia
outros medicamentos
Alimentos
Leite de vaca, clara de ovo, crustáceos e moluscos, Responsáveis por 30% das anafilaxias fatais.
amendoim, castanhas, frutas
Medicamentos
Antibióticos: beta-lactâmicos, sulfonamidas
Beta-lactâmicos são responsáveis por 22% das anafilaxias
AINH incluindo AAS, Ibuprofeno
induzidas por medicamentos, AINH são o segundo grupo mais
Analgésicos: dipirona
frequente.
Operatório: bloqueadores neuromusculares,
Anafilaxia corresponde a 9 - 19% das complicações
opiáceos,
anestésicas. Bloqueador neuromuscular (62%), látex
Meios de contraste iodado
(16%).
Quimioterápicos
Carboplatina, doxorrubicina
Agentes biológicos: Ac monoclonais
Cetuximab, rituximab, infliximab, omalizomab
Contaminantes da heparina
Imunoterapia Imunoterapia com veneno de insetos (grande incidência de
Vacinas reações).
A vacina MMR, mas é evento raro.
Veneno de insetos Estimativa de 0,4-0,8% das crianças e 3% adultos picados. Mais
Abelhas, vespas, marimbondos e formigas frequentes em apicultores, moradores do campo.
Látex
Grupos de risco: pacientes submetidos a múltiplas cirurgias e
Equipamentos médicos, Balões de ar, brinquedos,
profissionais da saúde.
Preservativos
Anafilaxia provocada pela associação entre o exercício físico e a
Estímulos físicos
ingestão prévia de alimento ou medicamento. Mais comum em
Exercício e frio
adultos.
Adaptado: Scott H Sicherer. Anaphylaxis in infants. updated: Nov 29, 2017
DIAGNOSTICO
Urticária e Angioedema:
A intensidade da doença pode ser classificada por um sistema de pontuação, proposto por Zuberbier
et al. Esta pontuação é importante, pois permite ao médico um parâmetro objetivo da gravidade da
urticária como também da eficácia ou não do tratamento.
0 Nenhuma Nenhum
1 Leve (< 20 urticas /24 horas) Leve
2 Moderada (21-50 urticas/24 horas) Moderado
3 Grave (> 50 urticas /24 horas ou grandes áreas confluentes de urticas) Intenso
*Soma de escores (urticas+prurido) = (0-6).
Adaptado de Zuberbier et al. Urticárias. Serviço de Alergia do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo.
1°. Início agudo de doença (minutos a horas) com envolvimento de pele, mucosa ou ambos (ex: urticária generalizada,
prurido ou eritema facial, edema de lábios-língua-úvula) e pelo menos 1 dos seguintes:
a) Comprometimento respiratório (dispnéia, sibilos, estridor, pico de fluxo expiratório (PFE) reduzido,
hipoxemia.
b) PA reduzida ou sintomas associados à disfunção orgânica (hipotonia/ colapso, síncope, incontinência).
2°. Dois ou mais dos seguintes sintomas ocorrendo rapidamente após a exposição a um alérgeno provável para o
paciente (minutos a horas):
a) Envolvimento de pele-mucosa (urticária generalizada, prurido ou eritema facial, angioedema)
b) Comprometimento respiratório (dispnéia, sibilos, estridor, PFE reduzido, hipoxemia)
c) PA reduzida ou sintomas associados à disfunção orgânica (hipotonia/ colapso, síncope, incontinência)
d) Sintomas gastrointestinais persistentes (cólica abdominal persistente, vômitos).
3. Queda da PA após exposição a um alérgeno conhecido para o paciente (minutos a horas):
a) Lactentes de 1 mês a 1 ano: PA sistólica < 70mmHg
b) Crianças de 1 a 10 anos: PA sistólica < 70mmHg + (2 x idade em anos)
c) Crianças maiores de 11 anos e adultos: PA sistólica < 90mmHg
Fonte: World Allergy Organization.
TRATAMENTO
Tratamento geral
1. Identificar e remover as causas
2. Posicionar o paciente de forma mais adequada
3. Avaliar necessidade de monitorização
4. Avaliar necessidade de acesso venoso
5. Atenção a via aérea
6. Reduzir estresse e aquecimento do corpo
7. Evitar uso de anti-inflamatórios não esteroides
8. Dieta de exclusão COM COMPETÊNCIA E PARCIMÔNIA
9. Repelentes adequados
10. Controle de agentes físicos
11. Combater agentes infecciosos, parasitários
12. Controle de doenças sistêmicas
13. Seguimento ambulatorial
14. Diário dos sinais e sintomas (diagnóstico e tratamento)
15. Habito da leitura de rótulos alimentares e de outros produtos
16. Orientar sobre a doença
17. Orientações na escola
Tratamento farmacológico das urticarias/angioedema
1. Anti-histamínicos
2. Corticosteroides: indicado quando não há melhora com o uso de anti-histamínicos H1 e H2
nas urticarias e angioedema leves e moderados.
3. Quando não há melhora com uso de anti-histamínicos ate 48h.
Tabela 5: Anti-histamínicos e doses.
Primeira geração Doses
Uso de anti-histamínico H2 (considerando que 15% dos receptores cutâneos de histamina são do
tipo H2): não recomendado em todos os pacientes.
Associar em pacientes com urticaria e angioedema muito sintomáticos ou com pouca resposta
ao uso de H1 isolados. Ranitidina 5mg/Kg (Ampolas 50mg/2ml ou Solução oral 15mg/ml -
Comprimidos 150mg).
ANAFILAXIA
Em média 4 a 6 horas de observação é o suficiente para a maioria dos pacientes que ficaram
assintomáticos após a adrenalina. Um período maior de observação pode ser necessário para os
pacientes mais graves, com sintomas refratários ou com dificuldade de retorno ao serviço médico.
Todos os pacientes com sintomas refratários a primeira dose de adrenalina devem ser internados, por
pelo menos 24 horas.
REFERENCIAS
1. Urticaria
2. Angioedema