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Esse trabalho é parte de uma pesquisa de Iniciação Científica, em desenvolvimento, que vem sendo
realizada no âmbito do Curso de História e em parceria com o CAP-UNIGRANRIO, sob a
coordenação geral da Prof. Uiara Otero. Sua proposta principal consiste em fazer uso de novas
tecnologias e de novas linguagens, através da apropriação e transposição de conteúdos da História
Antiga e da História Medieval, para propiciar a aprendizagem efetiva no espaço da sala de aula, por
meio do recurso multimídia. Nesse sentido, procura-se articular diferentes saberes: o conhecimento
histórico produzindo a fundamentação teórica através da pesquisa, seleção e organizaação dos
conteúdos relevantes e pertinentes ao ensino e prática da História como disciplina na sala de aula; o
de fundamentação pedagógica apropriando-se de conceito de transposição didática defendido por
Chevalard, cuja intenção é transformar o saber científico em conteúdos curriculares do ensino
básico; as linguagens do campo da informática e suas tecnologias, as quais permitirão criar um
programa multimídia de fácil visualização e operacionalização através de interatividade, com vistas
à, de forma lúdica, possibilitar a compreensão dos conteúdos abordados, reconstruindo-os e dando-
lhes sentido.
O objetivo mais amplo desse trabalho é transformar os recursos MULTIMÍDIA, em linguagem de
software, numa ferramenta útil para fins educacionais, operacionalizando, de forma lúdica e
interativa, os conteúdos históricos da antiguidade e do medievo para o ensino fundamental. Para
tanto, foi necessário identificar e selecionar conteúdos curriculares abordados no período que
medeia a desestruturação do Império Romano do Ocidente e a construção do mundo medieval.
Igualmente relevante foi a análise dos conceitos históricos construídos no processo de dominação e
expansão romana, cujo núcleo de poder se concentra na cidade, bem como a formação dos núcleos
germânicos no leste e centro Europeu, centrando a reflexão no período em que os mesmos se
deslocam para território romano. Todo esse movimento tem a finalidade de reconhecer a existência
de culturas distintas, com suas singularidades, romana e germana, e compreender as razões que
levaram ao contato e aproximação entre essas culturas na Europa ocidental.
Do ponto de vista metodológico, esse trabalho segue algumas diretrizes fundamentais. Num
primeiro momento, recorreu-se ao uso da transposição didática, defendida por Chevalard, a qual
consiste em transformar conteúdos curriculares acadêmicos em linguagem do saber a ser ensinado
no ensino fundamental do segundo ciclo, em sala de aula na disciplina de História.
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¹ Bolsista do Programa de Iniciação Científica Júnior, UNIGRANRIO
² Docente da Escola de Educação, Ciências, Letras, Artes e Humanidades, UNIGRANRIO
No segundo, selecionou-se o período de transição da antiguidade para o medievo (sécs. III-V), a fim
de abordar o processo de migrações germânicas atravessando fronteiras territoriais do Império
Romano, fixando-se neste espaço e transformando-se em reinos. Com essa seleção, pretendeu-se
favorecer a compreensão de um processo histórico complexo e de longa duração, utilizando
cenários de época em forma de desenhos, cartoons, a fim de que o aluno se identifique com os
conteúdos históricos e participe ativamente, interagindo com contextos e personagens. Nessa etapa,
selecionamos dez cenários, os quais julgamos necessários para abarcar um período longo na
História, primando pela imparcialidade, ao descrever as culturas germânicas e romanas ao mesmo
tempo, buscando desconstruir a imagem do senso comum, a qual consagra a superioridade romana
sobre os outros, interpretados como “bárbaros”.
Em um terceiro momento, selecionamos os povos germânicos de etnia goda (visigodos e
ostrogodos), porque constatamos os diferentes tipos de relacionamento que os mesmos travaram
com Roma, como aliados, federados até definirem-se como ocupantes da península ibérica,
herdando títulos e estrutura de poder romano.
Em quarto, visualizou-se o processo histórico através do auxílio de mapas que abarcam os contextos
históricos específicos, demonstrando as ocupações godas e também dos demais povos germânicos
em território romano.
Em quinto, buscou-se utilizar moedas cunhadas no mundo romano e os vestuários dos guerreiros
romano e germano para conceder movimento às tarefas realizadas pelo personagem central, e, ao
mesmo tempo, favorecer o conhecimento sobre as culturas, os valores, hábitos, costumes e
ideologias.
E finalmente, optou-se por uma nova visão historiográfica que entende que os termos “invasões” e
“bárbaros” não são mais satisfatórios para abarcar um processo de infiltração lenta e gradual de
povos e culturas nas estruturas do sistema imperial romano. O Império absorve e integra membros
germânicos como aliados mais que invasores.
No atual estágio da pesquisa, encontramo-nos na fase 4 do planejamento - segundo cronograma
proposto - transformando cenários em desenhos-cartoons, criando contextos, diálogos, tarefas,
personagens e transformando na técnica de RPG na tela do computador. O jogo se desenvolve da
seguinte maneira: a tela de abertura apresenta o título: Atravessando fronteiras na História: da
antiguidade ao medievo. O cenário apresenta um portal que permite a entrada no jogo, com
imagens de moedas e personagens que veiculam características romanas de domínio e germanas.
Segue-se a introdução do jogo, em cujo cenário se apresentam como personagens um aluno e um
professor do mundo contemporâneo, entrando num Museu de História, na seção de antiguidade e do
medievo, no qual o mestre guiará o jovem para uma aula de História de experiência real, quando o
personagem se transportará para as situações contextualizadas do passado. O aluno/personagem
atravessará dez cenários, cumprindo tarefas com a interação do usuário no jogo.
Ao final do projeto, espera-se aplicar conteúdos da História Antiga e Medieval em linguagem lúdica
e interativa para alunos do ensino fundamental do CAP UNIGRANRIO (Duque de Caxias), através
de um jogo usando cenários e contextos reconstruídos de acordo com a época retratada em situação
real na sala de aula.
Nessa comunicação, pretende-se explicar especificamente os contextos e concepções históricas
retratadas nos cenários (figuras 1, 2 e 3).
No ano 116 – ROMA-URBS –, tendo alcançado o limite máximo de extensão territorial e de
domínio na época do imperador Trajano sobre os povos conquistados e reinos clientes, amigos, os
romanos desenvolveram um modelo de vida urbano: centro de vida social, de cultura, de prazer, de
vida política e de vida religiosa – atraindo atenção dos seus vizinhos e dos povos estrangeiros por
sua grandeza - fóruns, templos, palácios, termas, cúrias, locais de reunião pública, e mercados.
No séc. III – habitantes das florestas, os povos Germânicos desenvolveram um modo de vida
peculiar, no campo - viviam em aldeias rurais, compostas por habitações rústicas feitas de barro e
galhos de árvores. Praticavam o cultivo de cereais como, por exemplo, o trigo, o feijão, a cevada e a
ervilha. Criavam gado para obter o couro, a carne e o leite. Dedicavam-se também às guerras como
forma de obter riquezas e alimentos. Nos momentos de batalhas importantes, escolhiam um
guerreiro valente e forte e faziam dele seu líder militar. Praticavam uma religião politeísta, pois
adoravam deuses representantes das forças da natureza. Odin era a principal divindade e
representava a força do vento e a guerra. Para estes povos havia uma vida após a morte, onde os
bravos guerreiros mortos em batalhas poderiam desfrutar de um paraíso.
Originários das regiões meridionais da Escandinávia, os Godos eram um povo germânico que se
distinguia pela fidelidade ao seu rei e comandantes, também por usar espadas pequenas e escudos
redondos. Desta forma, deixaram a região do rio Vístula, em meados do século II, e alcançaram o
Mar Negro. Outros povos germânicos passaram a pressionar o império romano através do rio
Danúbio. Com constantes migrações, os godos ultrapassam a fronteira romana, em busca de novas
terras. No século III, foram várias as incursões e saques às províncias de Anatólia, à península
balcânica e à costa asiática, num contexto de guerra civil em Roma. Os romanos retiram-se da
Dácia envolvidos com outros problemas políticos e os Godos se instalam definitivamente na região
do Danúbio. Há uma possibilidade de novas negociações com os romanos. Assim, de acordo com a
região ocupada, os godos foram denominados também de ostrogodos e visigodos.