MORGAN Gareth. PARADIGMAS, METÁFORAS E RESOLUÇÃO DE QUEBRA-
CABEÇAS NA TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES. Administrative Science Quarterly, v. 25, n. 4, p. 605-622, 1980. Publicado com autorização da Johnson Graduate School of Management, Cornell University.
Morgan explora os relacionamentos entre paradigmas, metáforas e
resolução de quebra cabeças, mostrando que a teoria das organizações e a pesquisa em organização são construídas sobre uma rede de suposições tidas como certas. O autor inicia citando Mannheim, o qual apresenta o exemplo de um jovem camponês, para ilustrar como os modos de pensar são entrepostos pelo ambiente social e como a obtenção de um novo modo de pensar depende do afastamento da sua antiga visão do mundo. Contrapõe-se de outro exemplo, de um jovem camponês que nunca saiu da sua terra natal e, portanto, sua visão do mundo é singular e tida como verdadeira. Primeiramente, nos deparamos com o conceito de paradigmas o qual no texto deve ser entendido como uma visão do mundo que tenta expressar a realidade. Assim, um paradigma pode englobar diversas maneiras de abordar e estudar uma realidade. Nas ciências sociais, utilizam-se metáforas para proporcionar imagens que auxiliam no entendimento e resolução de quebra-cabeças. Essas metáforas contém implicações especificas que definem uma escola de pensamento. Na teoria organizacional, pode-se definir quatro paradigmas que transpõem as diversas análises conceituais: • Funcionalista: baseado na suposição de que a sociedade tem existência concreta e real, e um caráter sistêmico orientado para produzir um sistema social ordenado e regulado; • Interpretativista: baseado na visão de que o mundo social possui uma situação ontológica duvidosa e de que o que se passa como realidade social não existe em qualquer sentido concreto, mas é um produto da experiência subjetiva e intersubjetiva dos indivíduos; • Humanista radical: que vincula sua análise ao interesse no que pode ser descrito como patologia da consciência, por meio da qual os seres humanos se tornam aprisionados nos limites de realidade que eles mesmos criam e sustentam; • Estruturalista radical: preocupado em entender as tensões intrínsecas e o modo como os que possuem o poder na sociedade procuram se manter nessa posição por meio de diversos modos de dominação. Posteriormente, Morgan idealiza a metáfora como um recurso simbólico utilizado pelos indivíduos para explicitar suas experiencias e conhecimentos sobre o mundo. Fundamentalmente constitui uma forma criativa que produz seu efeito por meio da intersecção/sobreposição de imagens. A ideia primária do uso as metáforas é a comparação criativa de um elemento A com B gerando as características que são comuns ao elemento estudado. Por fim, uma analogia é feita ao montar um quebra-cabeça, geralmente temos uma lacuna a completar e vamos procurar a peça que ali deve ser encaixada. A atividade de busca e comparação se da por meio da tentativa e erro para encaixar a peça, onde algumas delas são consideradas parecidas com aquela que em algum momento será encaixada perfeitamente. Deste modo, Morgan demonstra o processo de construção do conhecimento, em análise organizacional se da com a busca da metáfora mais adequada, após um processo sistemático de tentativa e erro entre metáforas diferentes e o objeto de estudo. Partindo desse ponto, Morgan passa a analisar as duas principais metáforas sobre as quais a teoria das organizações, em uma visão ortodoxa, se baseia predominantemente – as metáforas da máquina (indivíduos trabalhando racionalmente para atingir objetivos pré-definidos) e do organismo (organização como um sistema aberto, que depende de uma boa relação com o ambiente para sua sobrevivência). A principal contribuição de deste artigo é do estudante ou o próprio gestor da organização pensar “fora da caixa”, ou seja, enxergar novas possibilidades de compreender as organizações para além das máquinas e organismos. Toda essa análise desenvolvida por Morgan tem a finalidade de demonstrar que não existe o certo nem o errado, então cada organização pode se adaptar a uma ou um conjunto de metáforas e/ou escolas. E quando é utilizado exatamente o mesmo método em organizações distintas o resultado provavelmente será diferente, pois depende precisamente da cultura organizacional e da visão de mundo destas.