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Pontes de Miranda Tratado de Direito Privado Tomo 58
Pontes de Miranda Tratado de Direito Privado Tomo 58
PARTE ESPECIAL
TOMO LVIII
Direito das Sucessões: Sucessão testamentária.
TÍTULO III
SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
(continuação)
CAPITULO XIV
CAPACIDADE DE ADQUIRIR POR
TESTAMENTO
§ 5.810. Capacidade testamentária. 1. Sucessibilidade e testamento.
2.Princípio da coexistência. 3. Incapacidade e indignidade
CAPITULO XV
CAPITULO XVI
SUBSTITUIÇÕES
Ineficácia da substituição
17. Direito francês. 18. Direito italiano. 19. Direito alemão. 20. Direito
suíço. 21. Direito russo. 22. Direito argentino
Fideicomissos cons-trutivos
10. Direito italiano. 11. Direito alemão. 12. Direito português. 13. Direito
argentino e outros
DESERDAÇÃO
Revogação. 16. Herdeiros dos herdeiros; cessão dos direitos. 17. Credores
do deserdado. 18. Renúncia e perdão.
Ilegibilidade
SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
(continuação)
CAPITULO XIV
CAPACIDADE DE ADQUIRIR POR
TESTAMENTO
§ 5.810. Capacidade testamentária
Depois, pelo direito civil, todos os postumi seus poderiam ser instituidos e o
direito pretoriano deu a bonorum possessio secundum tabulas a êsses e aos
postumi atieni (L. 3, D., de bonorum p:ossessione secundum tabulas, 37,
11).
Odireito cristão foi que veio alargar o círculo da factio testamenti, até
abranger, sob Justiniano, todas as corporações.
SCHERER, tiber die Fãhigkeit eines zur Zeit des Todes des Erblassers noch
nicht concipierten Posthumus, zum Erben eingesetzt zu werden,
.Jahrbiicher flir di~ Dogmatilc, 23, 435).
A respeito da Novela 118, há discussão: querem uns que o conceito de
parentesco apanhasse os ainda não concebidos no momento da morte do
testador: L?IBENSTERN (Zeitschnft fiir Civilrecht und Prozess, IX, 215
s.), TH. SCHIRMER (Handbuch des Râmischen Rrbrechts, 189, n. 157),
iure antes, CER. FE. voN GLtTCI< (Hermeneutisck-svstematische
Erõrterung der Lekre von der Jntestaterbfolge, 583 s.) e HEINRICH
DERNEURO
e 1.083).
4.TEXTO LEGAL. iure Diz o Código Civil, art. 1.717: “Podem adquirir
por testamento as pessoas existentes ao tempo da morte do testador, que não
forem por êste Código declaradas incapazes”. Cf. Código Civil francês, art.
902; espanhol, art. 744; italiano (1865), art. 764; suíço, art. 539;
venezuelano, art. 828; português revogado, art.
1.776; argentino, art. 3.738; e mexicano, art. 3.288; italiano de 1942, art.
462; português de 1966, art. 2.038.
Diz o Código Civil italiano (1942), art. 462: “Sono capaci di succedere tutti
coloro che sono nati o concepiti ai tempo dell‟apertura della successione.
Salvo prova contraria, si presume concepito aí tempo dell‟apertura delia
successione chi énato entro i trecento giorni dalia morte deila persona deila
cul successione si tratta. Possono inoltre ricevere per testamento 1 1 igli di
una determinata persona vivente ai tempo deila morte dei testatore, benché
noil ancora concepiti”. E o Código Civil português (1966), art. 2.033: “1.
Têm capacidade sucessória, além do Estado, todas as pessoas nascidas ou
concebidas ao tempo da abertura da sucessão, não excetuadas por lei. 2. Na
sucessão testamentária ou contratual têm ainda capacidade: a) Os nascituros
não concebidos, que sejam filhos de pessoa determinada, viva ao tempo da
abertura da sucessão; b) As pessoas coletivas e as sociedades 5.PRINCÍPIO
DA COEXISTENCIA E INCAPACIDADE. iure A capacidade dos
existentes é a regra; a incapacidade, a exceção. Aliás, nos nossos tempos, a
capacidade de herdar é corolário da capacidade de direito.
1.776 e 1.777; argentino, ad. 3.290; venezuelano, art. 828, 2~a alínea;
italiano de 1942, art. 462; português de 1966, art. 2.083; cp. Código Civil
alemão, §§ 2.070 e 2.071.
1.718) com a outra, a do art. 1.667, li edil, que diz respeito a validade
cognoscitiva da disposição. Os problemas tocam-se, porém não se
confundem. A incerteza pode existir, sem a questão da postumidade, ou
futuridade da pessoa. Por outro lado, não seria impossível a futuridade, sem
a questão da incerteza.
9.APLICAÇôES no PRINCIPIO. iure Herdar sámente pode quem, ao
tempo da morte do hereditando, viva. Mas àquele que, por esse tempo,
ainda não vivia, se bem que já estivesse concebido, aproveita o art. 40, 2a
parte, onde a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro
(art. 1.718). São dois os pressupostos: a) que a pessoa já viva, ou, pelo
menos, já esteja concebida; b) ainda viva.
reportamos. O art. 1.666 exerce enorme papel, sempre que caiba decidir das
construções possíveis: opta-se pela que execute o querer do testador.
Aqui, a respeito das sociedades, que ainda não são pessoas. jurídicas, ou
que tenham de ser constituídas e ao tempo da morte do testador não o
tenham sido, cumpre que, diante da verba testamentária, se entenda que o
testador atribuiu a herdeiro, ou legatário, ou testamenteiro o encargo de
providenciar para a criação e a personificação. Até êsse momento, o
incumbido fica com os bens, e quase sempre se interpreta a disposição
como disposição modal.
§ 5.812. Nascituro
1.CONCEITO. iure Nascituro é o concebido ao tempo em ~que se apura a
existência intrauterina de quem pode nascer com vida. Há, pois, situação
para com uma relação jurídica. Se mais de uma são as relações, o nascido
pode ainda não ser concebido ao tempo em que urna se estabeleceu e
concebido ao tempo da criação de outra. A questão da prova serve para
caracterizar a relatividade essencial ao conceito.
o nasciturus pro iam nato habetur. Nascimento com vida, diz a lei
brasileira: na lei alemã, fala-sé do que, ao tempo da abertura da sucessão
(“zur Zeit des Flrbfalls”), ainda não vivia (“noch nich,t lebte”), iure donde
se tirou o mesmo que, expilcitamente, se diz na lei brasileira: ser preciso
que nasça vivo. Um instante que seja (F.
Rechts, 1, § 26, nota 17), não se finge existente o que ainda não existe, nem
se faz recuar, por ficção, o dia de um nascimento:
2a
ed., 832 s.): o que se ressalva são os direitos, porque são direitos que
dependem de vir a existir o homem; o lado passivo, sem o lado ativo do
direito (cp. GREGOR SEMEXA, Das Wartrecht, Archi» flir Rilrgerliches
Recht, 85, 121 e 127). Tratando-se de substituição fideicomissária, iure se
nasce sem vida, iure é como se, ao tempo da morte do decujo, não existisse.
Se morre depois, veio a existir, e passa aos seus herdeiros o direito do art.
1.585. O
Perguntar-se-á: se tais efeitos são contra direito, ~ por que a lei abre a porta
a êles, com as cautelas a favor do feto?
O direito sabe que a antijuridicidade pode acontecer; mas também sabe que
o futuro é insondável, que a nossa ignorância do vir a ser nos obriga a
deferir ao dia do nascimento a dentonstraçdo da eficácia ou ineficácia da
disposição. Se nós víssemos „no futuro, se a dimensão do tempo fôsse, para
nós, como a do espaço, então tudo isso seria afastado: no dia da morte do
testador, já saberíamos que o concebido nasceria vivo e seria, desde logo,
demonstrada a eficácia da verba testamentária; ou estaríamos certos de que
abortaria a mulher, ou de que nasceria morta a criança, e não perderíamos
esforços (nem complicaríamos os fios tênues do apriorismo jurídico!) com a
salvaguarda de direitos que não poderiam ser. Tudo isso fracassa porque a
demonstração não é contemporânea à eficácia ou ineficácia: temos dois
momentos iure o da eficácia ou ineficácia, que é o da morte do testador, e o
outro, em que se vai demonstrar, definitivamente, isso ou aquilo. Não há
por onde confundir isso com o negócio jurídico condiciondo.
Dir-se-á:~ tem valor prático tudo isso? Respondemos apenas o seguinte: das
verdades, que ai ficam, depende iure vulgarmente! iure o destino de
fortunas. Vamos a um exemplo: A testou e nomeou herdeiro ao concebido
por E.
successione chi ê nato entro 1 trecento giorni deila morte delís persona deila
cul successione si trata”.
Discute-se se, nascido o concebido dentro dos cento e oitenta dias, pode ser
feita a prova de que a concepção foi anterior de mais de trezentos dias à
abertura da sucessão. A resposta é negativa, em se tratando de sucessão
legítima. Não, se testamentária a sucessão.
(CLóvís BEvILÁQUA, Código Civil contentado, VI, 164, entendia que tais
verbas são fideicomissos: A recebe, para entregar ao filho. Mas isso aberra
de todo o destino histórico e intencional do instituto: a) porque se redigiu
texto dinamitador dos princípios, justamente para aqueles casos, dentre
outros, em que se quer passar por cima das pessoas designadas, e se deixa à
prole, em vez de as contemplar; b) porque, na Itália, de onde houvemos a
regra legal, não havia fideicomissos, e foi adotada para obviar a essa falta.)
7.POSIÇÃO NO PROBLEMA. iure No Código Civil, art. 1.718, in fine,
como no italiano (1865), art. 764, abre-se brecha ao princípio da
correspondeência da capacidade de direito e da testamenti factio. (Após o
caso de d‟Aguesseau, em 1692, a jurisprudência francesa foi contrária, e
acolheu-a o Código Civil francês, art. 725. De modo que devemos evitar
lições francesas.)
Para se reduzir a prole aos filhos, tem-se alegado que, ao se inserir “prole
eventual” em vez de “filhos”, não se justificou a mudança. O argumento é
sem qualquer base e apegou-se à busca do espírito da lei, da vontade do
cacique, em vez de ter em consideração que as leis são feitas para que os
juizes e o povo as apliquem, tais como foram redigidas e se integram no
sistema jurídico. A vontade do legislador é o elemento, que em 1922
refutamos
O problema não poderia ser resolvido com invocação dos Códigos Civis
estrangeiros, porque êsses empregam expressões inconfundíveis, como
“filhos”, descendentes imediatos (e. g., Código Civil venezuelano, art. 828;
mexicano, art. 1.315). No Código Civil italiano de 1865, art. 764, também
só se apontavam filhos imediatos. No Código Civil italiano de 1942, diz o
art. 462, 1ª alínea: „Tossono inoltre ricevere per testamento i figli di una
determinata persona vivente aí tempo della morte dei testatore, benchê non
ancora concepiti”.
Se não nasce quem se entendia vir a ser a prole beneficiada (não houve
concepção, ou não nasce morta a prole eventual), não herdou quem não
existe. Só herdaria quem se previa se com vida tivesse nascido. Se o
testamento disse quem o substituiria, o substituto é que herda. Se nada
disse, há a sucessão legitima do testador.
Se quem seria a prole eventual nasce, porém morre antes do testador, não há
sucessão; porque no dia da morte do decujo é que se há de verificar a
existência ou a eventualidade, e o morto não existe nem pode ser
considerado herdeiro eventual.
Acontece, porém, que êle ignorava que tal prole já existia. Não se pode
considerar o não existir a prole elemento indispensável para a disposição a
favor de prole de pessoa designada, ou de pessoas designadas. O testador
deixou a filhos de E, ou de E e O, e tê-los-ia mencionado se já soubesse que
E tinha filhos ou que E e C os tinham. Pode ocorrer, excepcionalmente, que
o testador conhecesse os filhos de E, ou de E e C, mas somente quisesse
dispor a respeito dos filhos futuros. Aí, sim, a prole existente está fora da
legitimação à herança, ou ao legado, ou ao nudus.
filho pode ser, em tal caso, apenas concebido; não, aí, porque se haja de
invocar o princípio da coexistência, mas sim porque há de haver a alegação
e a prova de que já estava concebido quando a pessoa designada ainda
vivia.
1.595 s.), não pode administrar a herança. O Código Civil previu-o quanto à
indignidade (arts. 891, IV, e 1.602), mas os outros casos resultam da
vontade declarada (no artigo 1.602 é presumida) do testador (arts. 391, III,
1.741
e 1.745) e declarada quer dizer: lançada no testamento, ainda que não seja
de modo explícito. Nudus a commodo, sed non a titulo, porque, se assim
não fôsse, seria um meio de se fraudarem as regras jurídicas de
incapacidade.
a) Nudus a commodo. Os frutos dos bens do art. 1.718 não pertencem a
quem guarda a herança, iure aumentam a herança, para que a prole eventual
os receba, porque lhe pertencem, ou, se falhar, isto é, se fôr demonstrada a
ineficácia da verba, aos herdeiros legítimos. O nudus minister, ou
deposiiure tarius, guarda, sem gozar (sem usus, nem fructus); pagará
;aluguer, se forem prédios, ou os receberá, e dêles prestará contas. ~ a lição
do Cardeal J. B.
Quando nasce a prole, o que guardou a herança do artigo 1.718 não a perde,
porque nunca a teve. Perde-a o fíduciario dos arts. 1.733 e 1.740, que a
tinha. Os frutos foram dêste, e não os restitui; os frutos da herança do art.
b) “Sed iwn a titulo”. O juiz não pode nomear (em certos casos, não valeria
a nomeação pelo testador, ou por efeito da cláusula ou pressuposição rebus
sic stantibus, ou por efeito da lei de incapacidade), para administrar a
herança, o deserdado, o excluido por indignidade, o incapaz para a tutela.
Se o testador afastou alguém, não pode ser nomeado pelo juiz, por fôrça da
vontade do testador: seria nomeação contra a voluntas testatoris. O que
perde a testamentaria, por ter sido removido, também perde o cargo de
administrador em nome da prole eventual: falta a fidúcia. Perde-o também o
pai destituído do pátrio poder ou a mãe destituída do pátrio poder, ou do
exercício da administração, e é suspenso, quando a medida judicial fôr a
suspensão, mas, nesses casos, por direito de familia.
No juízo da herança, pode perder a fé, sem que isso importe efeitos dos
arts~ 394 e 395: iure hereditario, o juiz do testamento e inventário é o
competente. Isso não obsta a que o juiz de direito de família aprecie os atos
do pai, ou da mãe, quando já tenha sido concebido o contemplado pelo
testamento. Ambos os juizes evidenciam-Se, então, competentes: um,. por
direito das sucessões; outro, por direito de família.
A criança pode ser legítima, e não herdar do tio. Na relação entre pais e
filhos, a questão está resolvida; porem seria anti-jurídico considerá-la
liquida, na relação entre herdeiros de A e o concebido. Concebido quando?
j,Nos 120 dias anteriores a morte do pai? Mas não é certo que o tenha sido
nos x dias anteriores a morte do decujo!
ed., 300).
Diz o Código Civil, art. 1.719: “Não podem também ser nomeados
herdeiros, nem legatários: a) A pessoa que, a rôgo, escreveu o testamento
(arts. 1.638, n. 1, 1.656 e 1.657), nem o seu cônjuge, ou os seus
ascendentes, descendentes e irmãos.
b)As testemunhas do testamento. c) A concubina do testador casado. d) O
oficial público, civil ou militar, nem o comandante, ou escrivão, perante
quem se fizer, assim como o que fizer, ou aprovar o testamento”.
MIRANDA, nos casos em que a concubifla tenha morrido, ou, por outra
causa, não se puder beneficiar com o legado feito aos filhos, é êle válido,
pois, nestas hipóteses, não se contraria a finalidade do citado art. 1.720.
PONTES DE MIRANDA. de acôrdo com a corrente dominante, e
contràriamente à opinião de FERREIRA ALvES, sustenta que os filhos
adulterinos, posto que sem direito à sucessão legitima, estão de modo
absoluto probidos de herdar de seu pai por meio de testamento”.
2 a alínea,
do incapaz. Assim, para que o filho adulterino possa s~r tido como
interposta pessoa, é preciso que a liberalidade a êle beneficie a mãe. Têm
alguns juristas interpretado o art. 1.720 como se fôsse nula a deixa ao filho
adulterino, em qualquer hipótese.CLóVIS BEVILÁQUA (Código Civil
comentado, VI, 1‟70) escreveu: “A interposição dispensa prova. Resulta de
uma presunção legal, que não admite prova em contrário”. Juristas
repetiram-no. Alguns acórdãos são no mesmo sentido (e. g.,
Do art. 1.720 do Código Civil quis-se tirar que é nula a disposição em favor
do filho adulterino do testador porque assim se beneficiaria a concubina.
Primeiro, ter-se-ia de alegar e provar que a intenção do testador foi
beneficiar a concubina,. e não o filho adulterino; segundo, pode não mais
haver qualquer relação entre o homem casado e a concubina, ou estar êle
viúvo, ou ter-se casado com outrem a concubina. A discussão que ocorreu
na
1 a Câmara
Na
-lhes, para nela serem computados com valor estimativo, ou fixado pelo
testador, bens constantes do seu acervo; Lfl ordenar que o herdeiro entregue
coisa de sua propriedade a outrem (Código Civil, art. 1.679), porque, se o
não cumprir, nenhuma conseqUência terá que lhe diminua a quota
necessária; salvo, está visto, quando o -contemple a mais,
testamentàriamente, e ordene a entrega conforme o art. 1.679, porque se
trata, em tal caso, de herdeiro testamentário, cuja quota necessária se rege,
incólume, por outros princípios; e) onerar com encargos ou apor-lhe
condições, porque são nulos; 4) impor legados ao herdeiro necessário.
351) ; mas o Código Civil, que manteve a referência a pai (art. 1.776),
permite ao testador, ascendente ou descendente, mandar convertê-los em
outras espécies e gravá-los com restrições de poder, de acôrdo com o art.
O art. 1.776 seguiu a tradicional doutrina da partilha, feita pelos pais, dos
bens deixados aos filhos (leia-se descendentes) ; porém o art. 1.723,
inspirado em lição mais moderna, abriu a brecha em tôda a linha reta, de
modo que os descendentes não podem, em vida, partilhar os bens dos
ascendentes sucessiveis e só o podem os ascendentes quanto aos bens dos
descendentes sucessíveis, porém é-lhes facultado convertê-los. Ora,
converter, é alienar e comprar outro; portanto, destinar um bem, que já se
tem, a A, e o outro, a E, seria menos do que converter: pode o mais, não
pode o menos. Absurdo seria; donde devermos permitir o menos, pois que
se permitiu o mais, e ler o art. 1.776 como se dissesse: “É válida a partilha
feita por ato entre vivos ou de última vontade, contanto que não o
prejudique a metade devida aos herdeiros necessários”. Ai estão
ascendentes e descendentes.
1.608-1.619 e 1.728)”.
A metade disponível pode ser menor que a soma dos quinhões necessários
efetivamente recebidos. Tal paradoxo resulta das colações, que aumentam a
porção necessária, porém não a metade disponível (art. 1.785).
c)Se o herdeiro instituído renuncia, sem que caiba direito de acrescer (art.
1.718), o herdeiro necessário recolhe es bens.
Mas há diferença notável. Nos casos da espécie a), a por-são dos herdeiros
necessários cresceu: tôda a herança foi aos herdeiros necessários e por
sucessão legitima necessária, uma de cujas consequências é pagar o
impôsto de sucessão necessária. Nos da espécie b), não há distinguir da
quota necessária a quota legítima, não há a distinção, porque não há
oposição com os herdeiros testamentário só há uma classe de herdeiros,
legítimos de linha reta. Nos da espécie c), a sucessão é legítima (não-
necessária). Não confundamos com a espécie do art. 1.726, onde o herdeiro
necessário é um mediatamente instituido.
Os ascendentes não são obrigados a colação, porque são dois, quatro, oito,
dezesseis e assim por diante, provàvelmente pré-morreram, e a porção
necessária estará mais. ou menos assegurada pela inoficiosidade ordinaria
das doações (artigo 1.176).
14.CLÁUSULAS DE INALIENABILIDADE E DE
INCÚMUNICABILIDADE. Diz o Código Civil, art. 1.723:
1 a Câmara
Cumpre recorrer aos princípios gerais de direito. Analogia com o art. 630,
absolutamente não cabe: é regra jurídica assaz restritiva para que possa
servir de base analógica; ao art. 4)> da Lei de Introdução ao Código Civil
(Decreto -
Terceiro, pode ocorrer que o testamento esteja redigido com tal clareza, que
a cláusula permita, excepcionalmente, o adiantamento de legítima. Mas
então seria o problema da interpretação da vontade do disponente, e não o
que ora nos interessa: o do adiantamento, havendo a cláusula de
inalienabilidade, que prende, em mãos do~ herdeiro necessário, os bens.
Quarto, o art. 1.676 atinge bens inalienáveis, assim doados como testados,
O art. 1.728 somente atinge aqueles que constituem quota necessário, isto é,
a dos herdeiros legítimos em linha reta.
~oder. Bastaria isso para se ver que a restrição não é modus, no que
incorreram tantos, como P. BRETONNEAU
O testador pode usar da faculdade que lhe dá o art. 1.723,. porém não pode:
a) Acrescentar ao gravaúie a resolutividade; a aposição redundaria em
deserdação indireta: o efeito específico da condição resolutiva seria
extinguir-se o direito do herdeiro necessário, ferido, assim, fundamente, ab
initio. Não se dá o mesmo quanto aos legados que coubessem na parte
disponível, ainda que beneficiados os herdeiros necessários. lO Juntar
modus ou encargo, e) Apor cláusula penal, porque, se consistir em x e a
pena em ~ ou fração de x, quando o herdeiro alienar ficará sem a legítima,
ou com ela diminuída. Argumenta-se: “rigorosamente, esta que lhe foi dada
devidamente, êle a perdeu, na hipótese, por culpa sua, e não por ato direto
do testador: .tibi imputet” (JosÉ ULPIANO, Das Cláusulas restritivas da
propriedade, 177). É sofisma: a causa da perda não foi só o seu ato, foi o
seu ato mais a aposição, pelo testador,da cláusula penal; tanto assim que, se
ela não tivesse existido, o ato nada produziria.
5. NATUREZA DA SANÇÃO. Quando se estuda a sanção da cláusula
restritiva da propriedade, da “restrição de poder”, é que ressalta a
autonomia da figura. Não é condição, pois que a resolutividade só existirá
se isso fôr objeto de condição expressa. Não é modus, porque, se o
beneficiário alienar, nem por isso responde por perdas e danos.
a ação Pauliana não se destina a tais casos (P. BRETONNEAU, Êtude sur
les Clauses d‟inaiiénabilité, 290 s.), nem tem o efeito de ir buscar os bens.
b)Dar ao todo ou a cada parte a categoria jurídica que mais lhe agrade e lhe
pareça satisfazer a sua vontade: herança, legado, modus, recomendação,
fideicomisso, usufruto, uso, habitação; inclusive restrição de poder, com as
extensões no espaço e no tempo, que a lei permite (por tantos anos, até a
maioridade, vitalícia).
as doações são adicionadas ao valor dos bens deixados para o cálculo dos
quinhões necessários (art. 1.722) ; não se computam as liberalidades feitas
no testamento. Entende-se que o testador não testou tal porção, ou parte
dela, o que seria impossível; e sim que, além da sucessão forçada, quis que
o herdeiro lhe sucedesse por testamento, o que lhe é possível. Tanto mais
verdadeira é tal presunção, que isso se entenderá ainda quando, testando
parte dos bens disponíveis, o testador deixe de dispor sôbre o restante (art.
1.726, que é interpretativo). Num e noutro caso, o herdeiro necessário
também o é testamentário.
Quanto às doações, que em vida fêz, pode o testador por ocasião de fazê-
las, ou no testamento, dispor que se subsumam na porção disponível, em
vez de se imputar à quota necessária: ressalva válida, se feita no ato inter
vivos (art. 1.788) ou no testamento.
CAPÍTULO XV
“quem fêz testamento não é intestado”. Mas sem razão (cp. PIlETRO
BONFANTE, Istituzioni di Diritto romano,
5 a ed., 523, e ANTONIO SUMAN, “Favor testamenti” e “voitinto.s
testantium”, 20.) Tão persuadidos estavam os legisladores romanos da
visceral incompatibilidade, que si unum tantum quis ex semisse verbi gratia
h,eredem scripserit, totus as in semisse ent (§ 5, 1., de heredibus
instituendis, 2, 14). Cf. L. 13,
§ 3, e L. 79, § 1, D., de heredifrus instituendis, 28, 5). Para tal solução que
dá o todo quando só se deu parte, várias explicações foram tentadas:
Mas nem uma, nem outra explicação, nos parece, no todo, verdadeira. Não
vemos textos que justifiquem o favor testa-menti como razão de decidir na
espécie. Admitimos, até, que a neutralidade com que se operou a solução
romana contradiz tal fundamento: a mente romana para chegar à
convalidação do todo não precisava de ir buscar~
o favor testamenti.
85
d) A existência de resíduo.
sensível a diferença.
Portanto, a vintena tem de ser deduzida sôbre tôda a parte disponível, e não
sôbre o só disposto explicitamente.
O quoci plerum que fit é o não se gravar a quota necessária, sem se gravar o
resto. Se Aquilo de que não podia dispor impôs inalienabilidade ou outra
restrição de poder, usando da autorização excepcional do art. 1.723, com
maioria de razão havia de impor ao mais.
A regra é que a quota necessária, sé, e não o resíduo, será gravada. Porém,
nesse assunto, o que se deve procurar é a verdadeira vontade do testador.
Pode êle ter usado da expressão “legítima”, sem entrar na sutileza da lei,
como tudo que os herdeiros necessários tiverem de receber. Isso se deu no
caso examinado, de modo que era de impôr-se a gravação de todos os bens
sucessão necessária e sucessão residual não por fôrça do argumento em a),
mas como direta consequência da vontade do testador, que é lez privata.
Diz o Código Civil, art. 1.727: “As disposições, que excederem a metade
disponível, reduzir-se-ão aos limites dela, em conformidade com o disposto
nos parágrafos seguintes”. No § 1.0: “Em se verificando excederem as
disposições testamentárias a porção disponível, serão proporcionalmente
reduzidas as quotas do herdeiro ou herdeiros instituidos, até onde baste, e,
não bastando, também os legados, na proporção do seu valor”. No § 2.0:
Pode ocorrer que a preferência seja perplexa, e não cabe aplicar-se o art.
1.727, § 2.0 (CARL CROME, System des deutschen buirgerlichen Rechts,
V, § 689, 845, nota 26>.) 5. DISTRIBUÍÇIO INFERIOR Ao DEIXADO.
Se o disposto quantitativamente é menos do que o disponível, mas, pela
interpretação, se tira que o testador quis que aqueles que instituiu fôssem os
seus únicos herdeiros, dá-se o inverso dos §§ 19 e 2.0: sobra, em vez de
faltar; a herança maior que a tábua de frações, que a soma das deixas.
Aumenta-se para 4/9, 8/9 e 2/9, para que se esgote a unidade, que é a
herança, de que só êles são herdeiros.
Nos sistemas jurídicos que não têm ou não têm em textos legais explícitos o
fideicomisso, compreende-se que se lançasse m~o da figura do usufruto, ou
que se começasse com ela para se chegar à construção doutrinária (cf. E.
2 a Câmara Cível
(Kam mentar zum Biirgerlichen Gesetzbuch filr das Deutsohe Rewh, II,
1135) : “Auch nach dem gesetzliehen Erbeu kann em Nacherben eingesetz
werden”. Poder-se-ia sustentar que houve, aí, instituição tácita dos
legítimos; mas sem razão (Tu. KIPP, Lehrbuch. des Biirgerliehen Reehts, II,
3, 306; contra, E. LEONHARD, em GEORO
-alguém cabe certo direito, a que a situação dos bens ou o exame pela
justiça de introdução impede, por invocação de ordem pública, todos ou
alguns efeitos. Um direito existe por si, como direito, e não se existir a
eteira dos seus efeitos. O direito do fiduciário, normalmente, é alienável,
suscetível de hipoteca.
1.739).
14.PASSAGEM NOS BENS FEICOMITIDOS. O segundo momento dos
fideicomissos é aqueles em que os bens passam ao fideicomissário. Em vez
de titular do direito, positivo, real, é certo, mas, em todo o caso,
dependente, quanto à entrega, de acabar o direito do fiduciário, torna-se ele
o herdeiro pleno; em vez de ter o direito do pós-herdeiro passa a ter o pleno
direito. Essa noção do pleno direito, em comparação com o direito eventual,
é vulgar na ciência jurídica, e reflete-se na terminologia das duplas
instituições: pós-herdeiro, Nacherbe, com direito eventual, subjetivo,
Wartrecht, e pleno herdeiro, Volierbe, com o direito pleno, Vollreeht.
Voilerbe é o que recebe a herança sem pós-herdeiros, nem condições; o
fiduciário, no dia em que morre o fideicomissário, cujo direito acontece ser
hereditariamente intransmissível, torna-se Voilerbe, como o fideicomissário
o será no dia em que terminar o direito do fiduciario.
onus de provar; por seu lado, nos fideicomissos a termo, esses invocarão o
art. 123.
No direito austríaco, a Nov. III, de 1917, art. 59, que acrescentou urna
alínea ao Código, art. 615, fêz herdável o direito de qualquer
fideicomissário; quer dizer: os herdeiros dele, sucessores no direito
eventual, receberão, mais tarde, a abertura da pós-herança, os bens
fideicomitidos, se o fideicomissário morrer depois do testador e antes
daquela abertura. A regra, que se introduziu, é ais positiva. MARCEL DE
GALLAIX (La Ré! orme dii Coãc Civil autrichiefl, 85), incide em erro
crendo interpretativa a regra jurídica.
O testador tem uma filha, de cujo casamento, com um fraco de espírito, não
há prole. A verba diz: “morta minha filha, não quero que os bens que lhe
deixo passem ao marido, imbecil, que é; irão aos sobrinhos”. O marido
morre, recasa-se a mulher. Talvez lhe nasçam filhos. O juiz não pode
cumprir a verba tal como foi construída antes.
718) não pode subsistir perante os arts. 1.784 e 647, salvo nos fideicomissos
anormais em que tal restrição existir, ex voluntate. Transcrita a verba que
veda a alienação, os atos traslativos não permanecem.
a)O normal, ou limitado, que é aquele que resulta da aplicação das regras
dispositivas da lei (arts. 1.734-1.738): propriedade resolúvel e restrita da
herança; obrigação de proceder a inventário dos bens fideicomitidos; pleno
direito, se o fideicomissário recusa a herança ou legado; consolidação da
propriedade no caso de o fideicomissário morrer antes do fiduciário,
quando fideicomisso a têrmo de morte do fiduciário ou condicional.
1.715, fica com êle, nos casos em que ficaria com qualquer outro herdeiro.
Como quer que seja, a posse fica com o fiduciário. Tocam-lhe os direitos e
os deveres resultantes da usufruição dos bens sujeitos ao fideicomisso.
Quanto a dividas da herança, a situação dêle é igual a dos herdeiros com
direito pleno.
la como própria, usá-la e frui-la, mas sem lhe prejudicar a substância. Nesse
ponto, a sua situação é quase idêntica à do usufrutuário, à de quem quer que
usasse e fruisse bem alheio
direito sôbre os bens. Isto não se aplica aos casos de instituição de prole de
determinada pessoa (art. 1.718) ; porque a prescrição não corre contra o não
vivo. Somente com a morte daquela cuja prole se beneficiou é que o
fiduciário terá consolidada a sua propriedade Deixado o bem em
fideicomisso a uma sociedade que ainda não tem personalidade jurídica, se
transcorrer o prazo de trinta anos sem que a adquira, será do fiduciário a
herança. Os trinta anos, no Brasil, são os da prescrição ordinária e da
aquisição sem título e de má fé; na Alemanha, trata-se de prazo especial
fixado em lei. Mas, aqui e lá, deparam-se-nos questões curiosas: a) Se o
testador disse os meus bens vão a A; tuas, se êle viver 85 anos após a minha
morte, os bens passarão a E”. b) “Deixo a A os meus bens; passados 40
anos, com eles se fundará o Hospital X”. Não é possível, já, invocação dos
80 anos.
Quando cessa o fideicomisso, quer pela extinção normal, quer pela falta do
fiduciário, ou do fideicomissário, tem-se de requerer ao juiz a declaração da
extinção, para que se dê baixa do vínculo, no registro que fora feito.
Mas, dono que é, pode saldar a dívida ativa hipotecária, que tem a herança,
e requerer que se inscreva no seu nome (F. ENDEMANN, Lelirbucli des
Búrgerlicheu Rechts, III, 407). O dinheiro sofrerá imediato efeito do
principio de sub-rogação e o juiz ordenará a-. conversão ou o emprego,
conforme a verba ou a figura oriunda dos preceitos dispositivos.
c) As disposições a título oneroso não podem menosprezar o direito
eventual do fideicomissário: porém verdade é que o fiduciário, dono, pode
dispor, e não só usar e fruir. Donde o problema da linha divisória entre o
que o fiduciário pode e o que mIo pode fazer. Tudo êle pode, „desde que
não fira o valor ou a substância da herança ou legado fideicomitido. Em
princípio, se não há prejuízo para o fideicomissário, êle pode pedir que se
sub-roguem os bens: aqui, a sub-rogação é normalmente mais fácil do que
no caso dos bens clausulados de inalienabilidade, dos menores (arts. 386 e
429), ou interditos, e a exigência da praça depende da lei processual. Aliter,
se há diversa vontade do testador. Apura-se a vantagem, e atende-se ao
interesse subjetivo do fiduciário, porque êsse é dono. Há disposição a título
oneroso sempre que a contraprestação é econômica e juridicamente
equivalente ao bem ou bens fideicomitidos. Na venda real, se o preço se
torna impossível, não se apaga a onerosidade.
Para alegar ou propor as ações que sejam fundadas na ineficácia dos atos do
fiduciário, são legitimados o fideicomissário, seus herdeiros e terceiros (F.
LEONHARD, em GEORO FROMMHOLD, Kommentar zum 11GB., 23-
ed., 268; TH. Kípp, Lehrbuch. des Biirgerlichen Rechts, II, 3, 344; OT-TO
WARNEYFs. Komment ar, II, 1146; a respeito de terceiros, contra: MAX
HACHENEURO, Zeitschrift des deutschen Notarvereins, VI, 146; II.
DERNBURG, Das Biirgerliche Recht, V, 33- ed., § 58, 172, nota 2; F.
KRETZSCHMAR, Dos Erbrecht des deutsehen 11GB., 23- ed., 126, nota
18; II. PEísnt, Handbuch des Testamentsrechts, 90, nota 59) ; por exemplo:
cessionário do fideicomissário, os credores deste, o testamenteiro, o
Ministério Público, etc.
Mas aqui cumpre dividir as duas épocas, a fim de se saber se são efeitos
reais contra a herança ou reais contra a propriedade temporária do
fiduciário. e> Nem todo julgado opera contra o fideicomissário: se por ato
jurídico do fiduciário, que seria ineficaz para o fideicomissário, os efeitos
materiais não se podem produzir. Daí a aconselhável citação do
fideicomissário nos casos duvidosos; se, posteriormente, foi julgado que o
fiduciário não podia praticar o ato ou só o podia até o termo ou condição,
nenhuma segurança terá o portador da coisa julgada. Se ainda não existe o
fideicoinissário, a solução será (aqui e necessária-mente no caso do art.
1.718, in fins) a de requerer-se a nomeação do curador do ventre ou da prole
eventual (cp. A. MENDELSSOHN-BARTHOLDY, Orenzeu der
Rechtskraft, 459). A intervenção do fideicomissário, nos casos que lhe
tocam e para caracterizar situações, plenamente se justifica (cp. KONRAD
HELLWIG, Wesen und sub jeictive Begrenzung der Rechtskraft, 284, 402;
O. FRIEIIRICHS, Prozessfithrung des Vorerben, 38).
caras e dos quintais~ as crias dos animais, deduzidas quantas bastem para
inteirar as cabeças de gado existentes ao começar o usufruto.
Não constitui fruto a parte dos lucros das sociedades nào distribuída em
dividendos (E. ENDEMANN, Lehrbuch des Rilrgerlicheu Rechts, III, 468).
O fiduciário não fica em situação de vitima; o que acaso se reservou entre a
feitura do testamento e a morte do testador aumentou a substância dos seus
bens. A oportunidade ou justiça da partição dos haveres lucrativos das
sociedades em dividendo e fundo de reserva, ou aplicação direta ao capital,
só pertence ao corpo dirigente delas, de acôrdo com os estatutos e as
assembléias.
Depois da entrega dos bens, o fiduciário não é mais devedor das obrigações
da herança. Se algum herdeiro retardatário recusa a quota, ou passa em
julgado a sentença que pronunciou a indignidade de um deles, o
acrescimento já lhe não aproveita, e sim ao fideicomissário
entende que a deixa de B é ofensiva, ou não lhe interessa, seria êrro grave
esperar-se a morte de E, ou o advento do têrmo, para que C renuncie. Por
exemplo: o testador faz fideicomissária a mulher de outrem, de quem se diz
ou êle dizia que era sua amante. Seria fora de qualquer acoIhimento que se
tivesse de pôr C na situação de aguardar o falecimento de B, ou o advento
do têrmo, para renunciar a herança ou o legado fideicomissório.
MAxIMILIANO (Direito das Sucessões, ~ 5Y~ ed., 78), é êrro grave. Não
bá renúncia de herança a favor de alguém: ou se aceita, ou se renuncia. O
que pode ter havido é impropriedade de linguagem: chamou-se renúncia à
cessão dos direitos, ou ao negócio jurídico transíativo da propriedade
herdada.
(1?. dos T., 125, 551; antes, o próprio Tribunal de Justiça, 102, 146). O que
pode ocorrer é que a cláusula de inalienabilidade tenha de ser interpretada
como objetiva, e não subjetiva, isto é, incidente no bem, quer para o
fiduciário, quer para o fideicomissário, quer para o próprio herdeiro
legítimo, no caso de faltarem fiduciário e fideicomissário. Reputou
extensiva a cláusula, portanto objetiva, em caso que examinou, a 23 Câmara
Civil da Côrte de Apelação de São Paulo, a 31 de janeiro de 1936 (1?. dos
T., 102, 146).
O art. 1.736 foi inspirado no 1 Projeto alemão, § 1.814, 1.a parte, onde
havia a referência a acrescimento (Ánwachsung). Infelizmente, como
aconteceu, em todo o Código, quando o autor do Projeto brasileiro se
inspirou no 1 Projeto alemão, sua verdadeira fonte, e através da defeituosa
tradução de LA Gn..xSSERIE, não se conheceu a história posterior dos §§
1.814 e 1.983 da II Comissão e do § 2.085 do III Projeto. (Não há nenhum
indicio de que CLÓVIS BEVILÁQUA, antes e depois do Código, inclusive
nos comentários, tenha conhecido o II Projeto e o Código nas alterações
feitas aos dois projetos.)
A regra jurídica do art. 1.736 do Código Civil só se refere aos casos de não
poder ou querer aceitar (premorte, renúncia, indignidade). Cabem os outros,
em que também se dê falta de algum contemplado, herdeiro ou não, como
se dá nos artigos 1.715 e 1.719-1.732, e, até, nos arts. 1.713 e 1.673 (F.
HERZFELDER, Erbrecht, 3‟. v.
“modo”). Aqui, e no art. 1.587, muda a acepção: no art. 1.587, “cargos” são
obrigações da herança; no art. 1.737, abrange legado, modo e obrigações,
porque, em verdade, o fideicomissário responde por todos êles. No seu
comentário, onde a terminologia científica é anárquiça, CLÓVIS
BEvILÁQUA (Código Civil comentado, VI, 200) raciocinou como se só se
tratasse de obrigações. Vago JOAQUIM AUGUSTO FERREIRA ALVES
(Da Sucessão testamentária, Manual do Código Civil brasileiro, XIX, 359).
Mas, sendo o princípio aplicável às obrigaçoes e as determinações
testamentárias, melhor será entendê-lo integralmente.
fl permitido nomear dois ou mais fiduciários, pois todos são do mesmo grau
e têm o mesmo benefício; bem como nomear dois ou mais fideicomissários,
pois todos são do mesmo grau e têm o mesmo beneficio. Ainda mais: nada
obsta a que se apontem substitutos a todos, ou a alguns, ou a um só, com ou
sem reciprocidade.
481) e, depois desta, o fiduciário, que aparecer, terá direito aos bens
existentes, no estado em que se acharem, aos sub-rogados, e ao preço
recebido pelos alienados depois daquele tempo (ad. 483).
2 e 4, D., de indiejis: ubi quis que agere vel conveniri debeat, 5, 1, L. 15, §
1, D., de rendicata et de effectn sententiarum d de interlooutionibiis, 42, 1,
L. 52, §§ 1, 2 e 4, D., 5, 1, e L. 8, § 4, 11, qui satistiare cogantur vel juraM
promittant veZ surte promissioni coqnmittantur, 2, 8, fizeram-nos pensar em
que só se quis que a caução concernisse aos bens que podiam, no lugar, ser
pedidos (co icei peti posse, nU res sit). Hoje, presta-se a caução onde quer
que se achem os bens e pede-se no lugar do domicílio do testador, ou onde
o fiduciário tenha de entregar os bens.
exigia, no caso acima, que indenizasse o possuIdor evicto. Isto não se pode
pretender em direito brasileiro, nem (cremos) no francês. MÂLEVILLE,
nota ao art. 1.072 do Código Civil francês, DEVINCOURT, sob o art.
1.048, merecem consultados Naturalmen te, na qualidade de herdeiro do
fiduciário, indenizará. Todavia, noutro process
ZACHARIAE vON LINGENTRAL (Le Droit civil français, II, 145, nota:
“La rêgle, c‟est que l‟usufruit, étant un droit essentiellement personnel, ne
peut se transmettre par héritage, même pour un temps”. No texto: “Mais on
peut constituer un droit d‟usufruit sur plusieurs têtes conjointement ou
successivement”. À nota 9: “Mais du principe cidessus posé, que I‟usufruit
ne peut être transmis à plusieurs successivement, qu‟autant que tous ceux
auxquels l‟usufruit est transmis, pour en jouir les uns aprês les autres, sont
teus vivants au moment de la constitution de l‟usufruit, s‟il s‟agit d‟un
acte entre vifs, eu moment du decês du testateur, si l‟usufruit est établi par
un acte de derniêre volonté”. Cp. C. DEMOLOMBE (Cours de Co de
Napoléon, 10, 245 s.); MARaum PLANIOL (7i‟raité élémeu.. taire de
Droit civil, 1, 2866, 721 (usufrutos reversíveis). Não é possível que o
testador dite a sucessibilidade, a herdabilidade, do que é, por sua natureza,
personalíssimo; mas, desde que élícita a aposição de condições e têrmos
suspensivos e resolutivos às constituições de usufruto, nada impede a
sucessividade. Quer por ato inter vivos, quer mortis causa.
Está, assim, reduzida aos seus verdadeiros têrmos a questão. Isto, de si só,
já evtdencia a temerária generalização de CLÓvIS BEvILÁQUA: os
usufrutos sucessivos são proibidos! Mas prossigamos: a)Casos ordinários.
No chamado usufruto sucessivo, a sucessão é ocasional, porque todo
usufruto é personalissimo.
nada tem que ver com os legados condicionais ou a têrmo, a que o artigo
1.664 se refere, porquanto a única restrição que existe, a do art. 1.665, só se
refere ao direito do herdeiro e grita dentro do Código, como voz de além
túmulo, o escorraçado semel heres semper heres. O que não se admite por
ato entre vivos é o usufruto a favor de não-concebidos, porque, sendo
pessoal,. exige a vida do usufrutuário ao começar a duração e durante a
duração, acabando, necessáriamente, com a morte, se ainda perdura. Daí a
inerdabilidade do usufruto. E também não se entende a favor de não-
concebido, porque, na categoria de direito das coisas, que é o usufruto, se
ajude a propriedade, em uso, fruição e substância, ficando aqueles ao
usufrutuário, que se pudesse ser o não-concebido não existiria. O art. 1.718,
nas disposições mortis causa, obriga à sua especial construção.
herdeiro onerado, quer seja testamentário, quer legítimo, não está obrigado
antes disso. Não assim, se só suspensiva da entrega ou exercício. Essa
suspensão somente do exercício é a que se presume nos têrmos iniciais, art.
128.
“Acréscimos”, nos arts. 587, II, e 588, e “parte acrescida”, no art. 541,
atendem àquele sentido. Mas acrescer também significa, brevitatis causa,
distribuir uma parte, aumentar as deixas. Na sucessão romana contra o
testamento encontramos instituNção assaz diferente, que é a da inclusão da
filha omitida: a sua omissão não produzia nulidade do testamento, e sanava-
se pelo seriptis heredibus adorescere. Mais: se o testador não esgotou as
fôrças da herança, o asse, ULPIANO (L. 13, § 4, D., de heredis instituendis,
28, 5) diz que a parte não distribuída acresce, segundo as porções
hereditárias, aos herdeiros escritos, “pro partibus hereditariis eis
adcrescit”.
Se o testador disse que não quer que saia da família a propriedade de algum
bem ou de alguns bens, não fêz inalienável a membros da família o que
deixou.
CAPÍTULO XVIII
DESERDAÇÃO
Se o decujo dispôs de todos os bens, que iriam aos herdeiros legítimos não-
necessários, fêz o que lhe era dado fazer como quisesse. No caso de os
herdeiros legítimos serem necessários, há a porção disponível. Se de todos
os valôres que nela cabem dispôs o testador, não excluiu os herdeiros
legítimos, porque, então, êles somente herdariam na falta de disposições
testamentárias. Tudo se passa, em caso de disposição integral, como se o
herdeiro renunciasse: não foi herdeiro o que teria sido herdeiro legítimo.
Dai têrmos de volver ao assunto, sem repetição estrita do que fôra dito ao
cogitarmos da deserdação no Tomo LV,
§§ 5.631 e 5.632.
ALMEIDA E SOUSA, Notas de uso prático e críticas, III, 843 s.). O que
não se lhe permite é deserdar sob condição, ou com têrmo 7 MANUEL DE
ALMEIDA E SOUSA, III, 842). Isso não significa que não possa o
testador, que tem dúvida sôbre a causa de deserdação, subordinar a eficácia
da cláusula deserdativa à prova, ou à confirmação, ou à permanência do que
foi alegado (e.g., “deserdo B, porque me disseram que teve relações sexuais
em minb%a casa, em que mora, mas se isso fôr provado”; “deserdo C, que
está acusado, em juízo criminal, de terme, no es curo, ofendido
fisicamente”; “deserdo O, se, na verdade, me injuriou gravemente, na
reUnião de tal lugar”>.
.iuristische Natur und rechtl. Beh,andlung der Verzeihung, §§ 8 s.), que não
precise de outras exigências para existir? A. MÁNICK (WillenserkWrung
und Willensgeschãft, 297 s. e 629) entendia que não é, sequer, declara $o de
vontade. No caso do art. 319, II, não seria simples fato: exige, por exemplo,
o agente capaz; não estaria perdoado o adultério, se o cônjuge inocente,
louco, coabitasse com o culpado. No caso do artigo 1.597, evidentemente.
Se admitirmos que pode haver perdão ao deserdado nos casos dos arts.
1.744 e 1.745, em ato autêntico ou testamento, a situação é a mesma. De
modo que o problema se restringe ao perdão tácito, ou expresso, fora de ato
autêntico ou testamento.
a)Se pode haver perdão expresso, sem ser com as formalidades do art.
1.597, que só se refere ás causas enumeradas no art. 1.505, e se cabe o
perdão tácito (que a doutrina alemã admitiu, se bem que a lei, § 2.337, não
o tenha dito), temos de raciocinar com o ato jurídico, que infirmaria a
disposição, como se dá com o testamento posterior inconciliável (art. 1.747,
parágrafo único).
b)Se não há perdão ato jurídico fora das formas do art. 1.597, temos de
apreciá-lo como fato. Sendo fato, êle atuará: a) como elemento de
interpretação para se ajuizar da veracidade e da gravidade da injúria; b)
como indício contrário a outros indícios; o) para a invocação da
pressuposição ou da cláusula rebus sic stantibus; d) como elemento
complementar na prova do E rro do testador. Tal o domínio típico do fato.
Parece-nos que a solução brasileira é a do caso b), mas trata-se de fato que
corresponde à ação jurídica stricto sens/t de PETER KLEIN. O testador
pode perdoar por ato autêntico, ou testamento, nos casos do art. 1.595 e nos
dos arts. 1.744 e 1.745; fora disso, constitui matéria de fato, porém de fato
com consequências jurídicas.
Em todo o caso, o assunto não se esgota com a solução que demos. ~ Quid
iuris, se o testador, depois de fazer o testamento deserdativo, nomeia, em
codicilo, o deserdado? Ora, seria absurdo deixar de considerar invalidada
(in firmada, artigo 1.747, parágrafo único) a deserdação: seria admitir que
exercesse a função de testamenteiro o deserdado, quando, examinadas as
duas situações, elas são flagrantemente incompossíveis; entre o texto do
codicilo, em matéria sôbre a qual o codicilo pode dispor (art. 1.653), e o
texto do testamento anterior, há contradição, choque, incompatibilidade,
portanto é o caso do art. 1.747, parágrafo único. Se tal caminho não
tomarmos, teremos ferido a vontade do testador, contra o que nos ordena o
art. 1.666. Donde têrmos de dizer: a nomeação do deserdado para
testamenteiro, em testamento posterior ou codicilo, induz ter-se infirmado a
deserdação. O mesmo raciocínio far-se-á para a nomeação de inventariante,
que gere coisas suas e só excepcionalmente coisas dlheias. De qualquer
modo, está infirmada a deserdação. Não podemos fazer o mesmo raciocínio
para as causas do art. 1.595, porque o artigo 1.597 é decisivo: o codicilo só
terá o efeito do art. 1.597, se fôr por ato autêntico.
“Deserdo a A pela causa x dos arts. 1.744 e 1.745 (art. 1.595), mas, como
só a êle, que é honesto em matéria de dinheiro, posso confiar o
cumprimento do meu testamento e a segurança dos meus outros filhos
menores, lego-lhe tanto, e nomeio testamenteiro e inventariante”. O vulgar
é que sejam incompossiveis a deserdação e a deixa, ou, com maioria de
razão, a testamentaria e a inventariança; porém, aí, foi o próprio testador
que pôs ao vivo os seus sentimentos, que cindiu a situação afetiva do
herdeiro. Ou n‟eM pas seulement ce qu‟on est surtout; e o duro, o violento,
o ofensivo dos artigos 1.744, 1, e 1.745, 1, pode ser um impoluto, um
homem de rija honestidade peduniária. Os homens boníssimos, amáveis,
diz-nos a psicologia contemporânea, são pecuniàriamente fracos.
O fato, por mais grave que seja, que se não subsumir nos arts. 1.744 ou
1.745, não pode ser causa de deserdação.
Em todo o caso, os inciso~ 1 e II dos arts. 1.744 e 1.745 são assaz amplos.
O que não se admite é a interpretação analógica. Assim, o casamento da
filha sem o consentimento do pai não é injúria a êsse. Nem o é o pedido de
interdição dêsse (F. HERzFELDER, Erbrecht, J. v. Staudirgers J
ommentar, V, 990). Se o pai nega consentimento ao filho para casar, ou para
outro ato, ou pede a interdição dele, o filho não pode, por êsse fato,
deserdá-lo. Questão grave será se o filho intenta contra o pai uma das ações
dos arts. 394 e 895, a favor de outro filho do decujo. O
pedido, em si, não constitui injúria grave, máxime se vitoriosa a ação. Se foi
julgada improcedente, é questão de fato saber se houve ou não o animus
iniuriandi.
Se bem que os casos dos arts. 1.744, 1 e II, e 1.745, 1 e II, correspondam a
conceitos de crimes, não é preciso, para o efeito deserdativo, que tenha
havido decisão penal (Orno WARNEYER, Kommentar, II, 1299).
O érro quanto à pessoa ou quanto ao fato, que constitui causa legal, anula a
deserdação; mas, se é quanto ao fato, melhor será impugnar a prova que o
herdeiro legitimo, o instituído ou a pessoa interessada terá de fazer da
veracidade da causa (art. 1.743, parágrafo único).
11.~,PODE O DESERDADO HERDAR EM VIRTUDE DE
TESTAMENTO? Há dois casos: a) Testamento anterior. Se a causa da
deserdação coincide com a da indignidade (arts. 1.744, pr., 1.745, pr., e
1.595), não há questão: provado o fato, estará excluído o herdeiro
testamentário, como estaria o legitimo. O próprio legado não poderá
cumprir-se (art. 1.595). Se não coincide, isto é, se constitui um dos casos
especiais do art. 1.744 ou 1.745, cabe a solução de se interpretar a
deserdação posterior como infirmação do testamento anterior (art. 1.747,
parágrafo único). Presunção hominis. b) Se, no mesmo testamento, em que
deserda alguém, o testador contempla o deserdado, a pena não deve
prejudicar o benefício: assim como o testador podia perdoar no caso da
indignidade, desde que o fizesse por ato autêntico ou testamento, pode fazê-
lo no próprio testamento, ou não o fazer e contemplar em parte.
1.744 e 1.745.
Pode ser feita a deserdação para o caso de vir o herdeiro a ser culpado de
algum dos atos dos arts. 1.744 e 1.745, até a morte do testador? Assim (A.
SCHMIDT, Das formelie Recht der Notherben, 164; JOSEPH UNGER,
Syst em, VI, 854) ; e não se pode falar de ato depois da morte do testador,
porque, à abertura da sucessão, o direito do herdeiro se concretizou
(A.SCEMIDT, Das formelte Recht der Notherben, 164 s.; JOSEPH
UNGER, System, VI, 854). Aliter, quanto ao instituto da indignidade.
2.886, EMIL STROHAL, Das deutsche Erbrecht, g~a ed., § 57, nota 1, II.
DERNBURG, Das Biirgerliche Recht, V, § 121, nota 11, WILHELM
GEHM, Die Entziehung des Pflichtteils, 51, contra a só opinião de
KONEAD
13.CONDIÇÃO. A deserdação deve ser pura. Não pode ser a têrmo nem
condicional. No direito romano, há uma exceção única: L. 28, D., de liberis
et postumis heredibus instituendis vel ezheredandis, 28, 2. O deserdado sob
condição não está deserdado (L. 18, pr., D., de bonorum possessione contra
tabulas, 87, 4). Mas evitemos as consequências graves de extremo
romanismo; a deserdação “se ocorrer certo fato”, vale (F.HERZFELDER,
Erbrecht, J. v. Staudingers Kommentar, V, 988; cp. Luuwrn SCHIFFNER,
Pflichtteil, Erbenausgleichung und sonstigen gesetzlichen Vermãchtnisse,
67 e 75) ; e vale a deserdação “se é verdade o que dizem”, indicando o fato,
aqui porque se trata de condicio iuris (art. 1.748). O que se não permite em
nenhum caso é a deserdação que se refira a futuro acontecimento que sirva
de causa legal (LUDWIG SCHIFFNEE. Pfliclttteil, Erbenausgleichung und
sonstigen gesetzlichen Vermiicktnisse, 75, nota 50; EMIr STROHAL, Das
deuteche Erbrecht, 8~a ed., § 57, nota 8).
A causa deve ter-se dado. Vale a deserdação fundada no art. 1.744, III, se
condicional do casamento: “deserdo a A, pela causa do art. 1.744, III, salvo
se tiver casado”; ou se a injúria grave (art. 1.744, II) consiste em
defloramento de neta ou parenta próxima, e acrescenta o testador “salvo se
vier a casar-se com elá”. Aliás, pensamos que tais deserdações são feitas
com a pressuposição reines sia stantibus.
Mas os credores dos interessados na deserdação não podem, por êles, dar
prova, ou propor ação.
Quanto à causa, pode o testador só aludir à figura, que conste do texto legal,
de modo que a prova é que há de precisar qual foi o ato causador da
deserdabilidade.
-vou, e pode ser o próprio Estado, que tenha o interêsse, como sucessível
legitimo.
1.599:
Se o testador dispôs dos bens que estariam na quota necessária sem precisar
que deserdara, deserdação não houve.
no parágrafo único:
espanhol, arts. 850 e 851; argentino, art. 3.746; austríaco, § 771; suíço, art.
479.
Pode ocorrer que a prova seja plena, desde que se fêz a deserdação, e
apenas a ela se refira aqueles que a podia alegar. A prova judicial da causa,
antes ou após a abertura da sucessão, pode ser referida pelo testamenteiro,
ou pelo Curador de Testamentos, porque seria absurdo que herdasse, na
falta da atividade de algum interessado, quem assassinou o testador, que o
deserdou enquanto estava no hospital, quem foi condenado por algum crime
contra a honra do testador, quem foi condenado por ofensa física ou injúria
grave contra o testador.
Absolutamente nada.
Os textos que devem decidir são os arts. 1.572, 1.741 e 1.748. Duas
situações podem ocorrer aos herdeiros necessários: a) Serem acusados de
indignidade e propor-se a ação contra êles. b) Terem sido deserdados pelos
ascendentes ou descendentes, devendo ser provada a causa da deserdação.
Deve produzir tal efeito a verba deserdativa? Entendemos que sim. Mau ato
do testador. Porém produziu efeitos. A outra situação seria inconsequente.
4<
disponível.
c)Se, por violência ou fraude, a inibiram de livremente dispor dos seus bens
em testamento ou codicilo, ou lhe obstaram a execução dos atos de última
vontade.
A ofensa física pode ser sem gravidade, porque a lei não falou de grave
ofensa física. A manifestação de desafeto, falta de respeito ou ódio pode
estar em qualquer ofensa física. Não é ofensa física o castigo moderado,
que o ascendente exerceu contra o descendente, nem o ato de legítima
defesa. Se contra ato do ascendente que não foi irregular ou excessivo, não
há a dirimente.
Para que se átenda à causa legal de deserdação, não é preciso que tenha
havido condenação criminal.
Não basta a ameaça de algum dos atos de que cogita a lei como causa legal
de deserdação.
A ofensa física pode ter sido por terceiro, se quem o ordenou foi o
sucessível, ou se foi êsse que deu causa (provocação, excitamento, intriga,
como, por exemplo, se a ofensa física, feito por C, terceiro, foi devida a
carta em que E, sucessível, comunicou a C, com verdade ou mentira, que A
era amante do cônjuge de C).
A cépula por violência ;de alguém não pode ser tida como mácula de
desonra.
Por isso, o Código Civil alemão não distinguiu, vida sem honra e sem
costumes, contra a vontade do testador (§
Não tem caráter de negócio jurídico. o que desde logo afasta a questão,
ventilada nos escritores, de ser ou não negócio dependente de recepção,
empfangsbedjjrftiges Rechtsgeschiift. Como no caso do Código Civil, art.
819, 1, o absolutamente incapaz não pode estarem causa, mas a razão disso
provém de não haver consentimento (pressuposto de fato), e não de ser
juridicamente incapaz. Assim, quanto à conclusão, PETER RLEIN (Beitrag
zur Lehre von den Rechtshandlungen “im engeren Sinne”, Sonderabdruck
aus d. Oesterr. Zentralblatt, 28, 13 s., e fie Rechtshandlungen im engereu
Sinne, 114), contra O. OPET e W. VON BLUME (Das Familienrecht, nota
9 a).
1.744, III, com certo impudor, ousou criar, e) É preciso que tenha havido
sério consentimento, porque, se há alusão sem crer no consentimento, não
há consentimento.
“O comércio impuro do filho com a mulher do pai, ainda que não seja
consumado, e pare na afeição tendente a ofensa da pudicícia é causa de
deserdação; dando-se a mesma razão para a mãe poder deserdar a filha, que
assim procede com o seu padrasto”. O Código Civil somente fala em
relações ilícitas e madrasta e padrasto. Pergunta-se: a) quais são as
relações ilícitas, a que os arts. 1.744, IV, e 1.745, III, se ref erem? b) ~as
relações com a barregã ou o barregão, conforme os têrmos das
Ordenações, não constituem ofensa?
5.847. OUTRAS CAUSAS DE DESERDAÇÃO
a)Há de ser tido como relação ilícita tudo que constituiria ato de
libidinagem e de sedução amorosa. Exemplo: as cartas de amor do filho à
madrasta. E não só o comércio impuro consumado, como quer JOAQUIM
AUGUSTO
274
O art. 1.745, III, provém do Projeto revisto, art. 2.108, onde também se
previa o caso das relações com a concubina do filho ou neto ou com o
mancebo da filha ou neta.
erlebt hãtte”.
1.744, II, e 1.745, II) ou outro ato dos arts. 1.744 e 1.745 (fundamento
jurídico). Ocorreu o mesmo raciocínio, no direito alemão, a GEORO
FROMMH OLD (Uber das gesetzliche Erbrecht der Abkõmmlinge des
Enterbten, Arckiv fúr Rúrgerliches Reeht, 12, 315). Basta pensar-se um
pouco, com isenção, para se ver o absurdo de se presumir que o decujo
quisesse, com a deserdação, eliminar toda a estirpe, ou de que a lei acedesse
nisto.
§§ 1.938 e 1.924, 3? alínea), podemos pensar, sem artigo de lei que faça ao
descendente deserdado o que os arts 1.589 e 1.599 fizeram,
respectivamente, ao do renunciante e ao do indigno. Se o testador deserdou,
sem nada dispor, a parte da herança vai aos herdeiros legítimos (arts. 1.574,
2.~ parte, e 1.678). Ora, aí, o que decide é o parentesco, e a deserdação do
filho não apaga o laço entre êle e o descendente do deserdado. Riséa-se,
quanto à sucessão, êsse, e não os descendentes dêsse. A deserdação é,
então, sem efeito, wirkungslos; a sucessão obedece a regra geral (E.
HEYMANN. Die Grundziige des gesetzlichen Verwandten-Erbreckts nach.
dem EGE., 53; GEORG
CAPITULO XIX
Daí não bastar o escrito, por mais perfeito e verdadeiro que seja, para que se
repute feito o testamento. O rigor formal protege o testador e os que seriam
por êle declarados herdeiros ou legatários. Trata-se de ato de última
vontade, razão por que a técnica legislativa também há de cogitar de
formalidades que assegurem a conservação do negócio jurídico.
o testamento público não era oficial público, nem pessoa que legalmente o
pudesse assinar (inexistência) ; menor de dezesseis anos foi testemunha do
testamento (nulidade) ; se o oficial público não portou por fé haverem sido
observadas as formalidades (nulidade). b) No testamento cerrado, falta a
assinatura do testador (inexistência), mesmo se foi escrito por êle; se o
testador sabia e podia assinar, e não o assinou, e alguém que o escreveu o
assina, dizendo que o fêz a rôgo (nulidade).
Não só. A opinião que apenas deixa ao arbítrio do juiz o exame de ofício
também; inadmissível. O juiz não somente pode decretar a nulidade; pode e
deve.
Quanto aos testamentos que podem ser escritos pelo testador (o cerrado e o
particular), é livre redigi-los eta língua estrangeira, ou, até, artificial, e os
caracteres (mas precisa, se particular o testamento, de ser entendido pelas
testemunhas, arg. ao art. 1.649) podem ser os da língua em que redigiu as
disposições, ou de outra origem. Não é nulidade grafar-se com caracteres
russos, hebraicos, gregos, o que se concebeu em alemão, francês, espanhol
ou português (E. RITGEN, Burgerlicites Gesetzlnwh, ~V, 488), desde que
foi sério o ato de fazer o testamento. Há circunstâncias que podem
aconselhar ao testador tal expediente dissimulador. Como poderiam indicar
a um Brasileiro, que soubesse grego, russo ou árabe, redigi-lo numa dessas
línguas. A exigência de ser o testamento paíticular escrito, todo, pelo
testador, não implica que só empregue uma língua. Pode empregar mais de
uma, ou uma, e mais de um alfabeto. Em testamento redigido em língua
nacional, vale, por exemplo, disposição ou a parte da disposição que se
grafe com caracteres exóticos.
Pode ocorrer que o testador seja culto, possa ler, porém não possa
compreender perfeitamente a língua. Exemplos: se testa, por testamento
público, necessàriamente em língua nacional, e não a entende bem; se testa,
por testamento cerrado, ou particular, preferindo a língua do lugar, que mal
sabe. Ê preciso que entenda a língua a ponto de saber o que dispôe e poder
exprimir-se (insustentável, a respeito, a opiniso de 11. JASTROW,
Forntu.larbuch und Notariatsi‟etht, 1, 176) . O Código Civil que admite o
testamento cerrado em língua estrangeira, escrito pelo testador, ou a rôgo
(arts. 1.638, 1, e 1.640), desde que testador e redator conheçam a língua em
que se redige, ou particular, hológraf o, se as testemunhas a compreendem
não admite que intérpretes intervenham no testamento público: “as
declarações do testador serão feitas na língua nacional” (ad. 1.632,
parágrafo único) . De modo que o estran geiro, que não sabe escrever, ou
não pode escrever, e não Cunheça a língua do Brasil, para ditar as suas
declarações de última vontade, somente pode usar o testamento cerrado,
procurando, para isso, pessoa que o escute e redija, escrevendo, a seu rôgo,
o que ditar. Não é preciso que as testemunhas saibam a língua em que se
escreve o testamento; porque, nessa espécie, só assistem à entrega ao oficial
e basta ao testador saber dizer ao oficial claramente, que aqueles é o seu
testamento e quer que o aprove. ~ Tem de ser lido ao testador o auto de
aprovação (art. 1.638, IX), traduzindo-o, como intérprete, para que o
declarante entenda, a pessoa que o escreveu a rôgo e, talvez, o assine, se o
testador não souber ou não puder assinar? Volveremos a isso. Se o
estrangeiro não sabe ler, nem fala a língua do Brasil, a situação é assaz
embaraçosa. Não pode testar por instrumento público: não pode prestar as
declarações em língua nacional (art. 1.632) ; não pode fazer por testamento
cerrado: não sabe ler (art. 1.641) ; nem por testamento particular: não se
admite que outrem o escreva (art. 1.645, 1). Tal estrangeiro recorre ao
consulado do seu país. Cf. Tomo LVII.
Os testamentos precisam ser assinados com o nome inteiro? Não. Aqui cabe
atender às circunstâncias. Entende E.
STROHAL (Das deutscke Erbreckt, 107) que não basta, por exemplo,
dizer: “vosso pai”. Mas, discute ERJCH
DANZ (Die .4usfrgung der Reektsgeschaf te, 241, nota 1), se, no
testamento, estâo, com a letra do pai, os nomes dos filhos, ~ é
absolutamente preciso que esteja o do pai? Se A escreve carta a filhos,,
dizendo: “Não há inconveniente que eu seja fiador do empréstimo que
pretendes de X. Entrega-lhe esta carta e êle te emprestará o dinheiro que
desejas. Teu pgi”. Há ou não fiança? Sustenta que sim e invoca os §§ 766 e
126 do Código Civil alemão. TAnos visto rubricas quase ilegíveis e apostas
a do. cumentos de milhares de cruzeiros novos. ~ Deixam por isso da
existir? O critério há de ser o das necessidades e verdade dos fatos, o
critério da vida. Existe, portanto, a assinatura, ainda. abreviada, que, por si,
ou com o auxílio do conteúdo da cédula, identifique o testador. Exemplos:
Joâo do Rio (pseudônimo), Pedro (Pedro II), ou só P., Freitas (Teixeira de
Freitas), Abaeté (Visconde de). “Eu, Antônio, dono da fazenda B, lego aos
meus filhos José, Joaquim, Inácio, Maria. (assinado) Antônio”. Quanto às
abreviações reduzem nomes a letras iniciais, lê-se em F. RITGEN
(Ehirgerliches Gesetzbuch, V, 439),.não bastam.
as Erbrecht,
2 a; no
ato do testamento não poderia ter tal importância. Com o tempo, foi
descorando o caráter religioso-político, portanto, legislativo do testamento
comicial. Caiu em desuso antes de findar a República. Há documento: em
processo de 605 de Roma já se supõe só existirem o testamento por aos et
libram e o in prooinotu. No testamento de guerra, o povo armado é mais
testemunha que o dos comícios. Donde se quis inferir que só se introduziu
quando a legislatividade do testamento comicial já se havia apagado. No
tempo, portanto, em que não era de mister a derrogação solene da lei geral
de sucessões. As XII Tábuas traziam disposições relativas aos legados.
LUDWIG
9). Podia fechar-se e a assinatura ser posta no envoltório (L. 21, C., 6, 23) .
Esc,yito pelo testador, era dispensável a assinatura, uma vez que dissesse tê-
lo escrito (L. 28, § 1, C., 6, 23). A aposição da data não era necessária (PH.
E.
Não era de mister a subscrição pelo testador. Se era cego, devia ler-se-lhe 1
§ 5.855. FORMAS TESTAMENTÁRIAS -o documento entregue,
expediente assaz plausível (S. A. SEUPFEIa, Ã4rchiv, 1, 855). Se, vendo,
não sabia ler, surgiu a questão (Cna. Fa. voN GLÚCE, 34, 47 s.; A. F. J.
THIBAUT, tTber Testa-mente der 5chriftunkundigen, Archiv fúr dio
civilistiache Pra-xis, VI, 226; R. vON HOLZSCIIUHER, Thoorio imã
Casuistilo, II, § 143, nota 7, e J. A. SEUFFERT, Archir, VIII, 273; 21, 242).
Sêbre o assunto, G. L.
Euglish Civil Laio, 129). O direito inglês reconhece ao soldado que está em
serviço militar ativo, e ao marinheiro po mar, a faculdade de dispor dos seus
bens, real e personal estate (Wills Act, 1837, art. 11; Wills - Soldiers and
Sailors - Ad de 1918, art. 3), oralmente, ou por escrito, sem as exigências
ordinárias. É livre a revogabilidade do testamento. Não pode o testador, por
convenção, ou „por qualquer outro meio, privar-se dêsse direito (VuniOr’S
Na Virgínia, deve ser escrito e assinado pelo testador; se não foi todo escrito
por êle, tem de ser atestado por duas testemunhas que afirmem achar-se nas
condições legais. Como era de prever (nosso Sistema de Ciência Positiva
do Diroito, 1, 204 s.; Introduçdo à Politica Ciontífica, 189; crescente
simetria interna do grupo, com integração dele, cf. Introdução à Sociologia
Geral, 153 e 235), opera-se nos~ Estados Unidos da América um
movimento a favor de um national-code, dos Uniform Stato Lctws (GEoRG
MERILL, An American Civil Code, American Law Review, 1, 603; C. T.
SEER. MANN, Roman Law in the Modern Worid, 1, 339), assaz mais fácil
de fazer-se do que se supõe, porquanto, se a Luísiana possui Código Civil
de influxo francês e espanhol, é bem verdade que o common lv» atua
fortemente (ROSCoE POUND, The Spirit o>‟ tite Common Lv», 2: “but
the fundamental common-law institutions, supremacy of law, case law and
hearing of causes as a whole in open court, have imposed themselves on a
French code and have made great portions of the law Anglo-American in all
but name”).
Porém não a escrita de sinais, por não se tratar de letras (JOSEPH UNGER,
Systom, VI, 46, 49) . Para a feitura de testamento nuncupativo, exigia o
Código austríaco (§§ 584 e 585) que o testador, perante três testemunhas
simultâneamente presentes e em situação de observar o testador, declarasse
distinta e inteligivelmente, a sua última vontade, para que as testemunhas,
sob juramento, reduzissem a escrito (testamontum nuncupativum in
scripturam redactum). O ato verbal de última vontade devia, para ter fôrça
legal, ser confirmado sob juramento a pedido de qualquer pessoa que
tivesse interêsse, concordes as três testemunhas, ou, quando uma delas não
pudesse ser ouvida sob juramento, pelas duas outras (§ 586). Na falta disto,
seria sem efeito a declaração de última vontade (Nov. 1, art. 55) Quanto às
formas extraordinárias, o Código Civil reconheceu o testamento marítimo e
o tostamentum tempore postis conditum, com duas testemunhas capazes,
admitidas, também, as de mais de quatorze anos (§ 597; Nov. 1, art. 58) ;
mas, no caso de perigo de ataque, não era de mister a simultaneidade da
presença delas (§ 598) .
qu‟un des deux témoins signe, si le testament est reçu par deux notaires, et
que deux des quatre témoins signent, s‟il est reçu par un notaire”. O
testamento secreto, a que o Código Civil francês chama testamento mistico,
pode ser escrito pelo testador, ou por outrem, sem que o assista qualquer
testemunha: o que é preciso ser testemunhado é a apresentação ao notário,
fechado e lacrado, ou para que o feche e lacre, com a declaraçáo de que
aqueles é o seu testamento (art. 976). Segue-se o ato de subscrição,
correspondente à aprovação do direito brasileiro. Se o testador não sabe, ou
não bode assinar, ao ato de subscrição será chamada mais uma testemunha,
declarando-se isso (art.
977) . As testemunhas hão de ser, pelo menos, seis (art. 976). Os que não
sabem, ou não podem ler, não podem usar do testemunho secreto. Em casos
excepcionais, o direitofrancês reconhece os testamentos privilegiados, o
testamentomilitar, arts. 981-984, o testamento em tempo de peste, artigos
985-987, o testamento no curso de longa viagem marítima,arts. 988-996
(retocados ós arts. 981-984, 985 e 986, 988-998pelas Leis de 17 de maio de
1900, de 28 de julho de 1915 e de8 de junho de 1898), e o testamento feito
no estrangeiro, artigo 999.
3.666)
3.667) . As testemunhas são cinco, O que não sabe ler não pode testar por
essa forma (art. 3.665) . O que sabe escrever, mas não pode falar, escreve o
testamento, firma-o, apresenta-o ao escrivão e às testemunhas, escrevendo
no envoltório que aquilo contém o seu testamento (art. 8.668). São
testamentos especiais: a) O testamento militar, para os militares,
voluntários, prisioneiros, capelães, etc., perante oficial que tenha o grau,
pelo menos, de capitão, ou perante intendente do exército, auditor geral, e
duas testemunhas. Deve designar lugar e data em que se fêz (art.
Quem quer que possua testamento não depositado deve, ao saber da morte
do testador, apresentá-lo ao tribunal de sucessão. (§ 2.259)
2.192-
Não estava nos textos reinícolas, porém estava na praxe. Aliás, em Portugal,
a lei visigótica (L. 6, V, Tít. 2) consignava-o; daí, com certeza, a exceção.
Dos Germanos foi que imitaram os povos tais testamentos. Na península, há
documentos do século XIII. Aos cônjuges, sempre se permitiram, por
influência dos povos nórdicos, provàvelmente, desde as invasões. ÁLvÂRo
VALASCO. (Co-nsultationum et Decisionum, ao rerum iudicatarum in
Regno Lusitaniae, 1, 20-23), P. J. DE MELO FREntE (Institutiones. III, 5. §
36), MANUEL DE ALMEIDA E
A proibição, explícita no art. 1.630 do Código Civil, não se estende aos atos
dos cônjuges, que em testament os separados e sem a ligação vedada se
beneficiam reciprocamente. Ai, a reciprocidade é apenas ocasional, a
despeito dos entendimentos prévios. Nenhum deles -se privou da liberdade
de testar. Se um revoga a cláusula de liberalidade ao outro, o que o outro
dispusera persiste, sem qualquer repercussão do testamento posterior. ~ êrro
dizer-se, no direito brasileiro, por influência da jurisprudência francesa,
que, “se dispôs Lívio a favor de Públio e êste em prol daquele únicarnente,
a morte do primeiro torna caduco o testamento do soberano”. O que ocorre
é que ninguém pode herdar se não está vivo à abertura da sucessão.
Portanto, são, por lei, nulos (art. 1.630). Rigorosamente, o requisito de ser
unipessoal inclui-se na exigência da pessoalidade dos testamentos. Porque
se teme que a conjuntividade, a reciprocidade e a correspectividade
atenuem ou limitem a função pessoalíssima de testar. Assim como há povos
que admitem o contrato sucessório, há também os que conhecem a validade
dos testamentos de mão comum, recíprocos e correspectivos. Entendem êles
que essas exceções não ofendem os princípios.
(Alguns juristas teimam em não ler e em não aplicar os arts. 647 e 648.)
Também não é pacto sucessório o em que a noiva ou outrem deu em dote,
passando es bens aos filhos ou ao dotador (art. 283). Os bens futuros éque
constituiriam pacto sucessório, só por isso, se a respeito deles se pactasse
para o caso de morte. A exceção é só a favor do dote, mas, nesse, hão de ser
adquiridos a título gratuito (art. 280, parágrafo único). Contudo, vejam-se
os artigos 1.402 e 1.404. Aliás, quase todos os pactos antenupciais em que a
reversão é à mulher, ou seus herdeiros, deve ser considerado dote. Portanto,
valem.
UNGER, Syst em, VI, 108, nota 7). Na dúvida, tem-se o testamento como
não correspectivo. A revogação por um não implica a revogaçúo pelo outro,
solução esta (§ 1.248) contra a doutrina do direito comum (A. ERINZ,
Lehrbnch der Pqndekten, 768, 764) . Estende-se a instituição, fideicomissos
e substituições comuns.
2.267). Aí, a lei; agora, a doutrina. Não basta datar, dizer o lugar e assinar
(E. ENDEMÂNN, Lehrbuch, III, 486) ; é de mister a deelaraçâo. Qualquer
deles, homem ou mulher, pode escrever. Se o testamento do primeiro
cônjuge é tido por nulo, nulo é para os dois figurantes; mas, se o defeito de
forma só se referir a uma disposição que nada tem com o que o outro diz,
não pode contagiar a sua parte válida e a da outro. A declaração de
concordância pode ser assaz simples: “de acôrdo” (cf. E. RITGEN,
Búrgeriicites Geseizbuch, V, 494). Discutiu-se se a data e o lugar, apostos
pelo segundo cônjuge, podem ser diferentes dos que escreveu o primeiro
cônjuge. Não, responderam II.
Por isso mesmo: a) o terceiro não pode transmitir por sucessão ou ceder
antes da morte do segundo cônjuge, salvo o o caso especial do § 2.069, e a
data também decide de quem deve ser o herdeiro, se a designação não foi
individual; b) o terceiro sómente recolhe o que existe no momento em que f
alece o cônjuge sobrevivente: não poderia reclamar indenização pela
diminuição ou perda do patrimônio; o) se são muitos os instituidos, faz-se a
partilha per capita, salvo intenção expressa, em sentido contrário, pelos
testadores; d) se o terceiro também é herdeiro necessário do premorrente,
reclama a sua parte, sem que isso importe a renúncia da eventual sucessão
do segundo cônjuge (cf. §§ 2.306, alínea l.¶ e 1.946) . Mas os testadores
podem prever tal caso de renúncia pela reclamação da legítima. O que
acima se disse também é de invocar-se quanto aos legados: antes da morte
do segundo cônjuge, nenhum direito têm os legatários. Tal o que diz a
Sôbre
ALEMÃO. Diz o Código Civil alemão, § 2.270, alínea 1a, que, tendo os
cônjuges, em testamento conjuntivo, feito disposições pelas quais se há de
admitir que a disposição de um deles não seria feita sem a do outro, a
nulidade e a revogação de uma têm por consequência a ineficácia da outra.
Portanto, o princípio não é o da nulidade e revogação compulsóriamente
simétrica. Importa, pois, dizer-se que o testamento é livremente revogável,
só em si, sem conseqilência em dispositivos do outro testamento. Assunto
de grande importância: a correspectividade não obriga à duplicidade, de
modo que pode ser unilateral, se sómente um cônjuge a fêz correspectiva
(assim, KONRAD COSACK, Lehrbuch, II, 728; E.STROHAL, Das
deulse/te Erbrecht, § 43, a, nota 9). Se há correspectividade no testamento
conjuntivo, a situação muda:
a) a ineficácia da disposição correspondente é consequência da nulidade ou
da revogação das disposições (§ 2.270, alínea ia); b) não se indaga se o
outro quis, ou não, tal efeito (H. PEISER, Handbuch des Testamentsreehts,
337) : resulta da correspectividade que a nulidade ou revoga çêo de uma
disposição se contagia à outra. Mas só quanto à instituição, aos legados e
aos modos (§ 2.270, alínea 33). Outras disposições podem, a despeito da
correspectividade, furtar-se às consequências de contágio ou da invalidação
simétrica.
pode compor figura do direito das coisas ou do direito das obrigações, sem
ser mútéria especifica de testamento, não pode deixar de ser reconhecido.
Recai sôbre patrimônio do contraente e fôra absurdo, se não dissimula laço
contratual ou irrevogabilidade unilateralmente querida, substitutiva do
testamento em assunto que somente êle poderia reger, riscar, por nulo, o que
a pessoa quis e constituiu. No Código Civil argentino, art. 1.175, a redação
também só se refere à herança de outrem: “No puede ser objeto de un
contrato la herencia futura, aunque se celebre con el consentimiento de la
persona de cuya sucesión se trate; ni los derechos hereditarios eventuales
sobre objetos particulares”.
a lei não lhe faculta querer uma coisa, e não outra (E. JASTROW,
Pormularbuch und Notariatirecht, 1, 197; F.
Quanto à alínea 2.8, cumpre advertir-se que os ~§ 2.077 e 2.279 não são
juvocaveis com a extensão do § 2.268, relativo ao testamento nuncupativo.
Se, no contrato de herança, os cônjuges, que se instituiram reciprocamefite
herdeiros, dispuseram que, em caso de morte do sobrevivente, a sucessão se
devolveria a terceiro, ou instituiram legado executável em tal tempo, dá-se
aplicação analógica do ~ 2.269 (cf. § 2.280).
Pode ser anulado, por pedido do disponente, o contrato de herança, se feito
por êrro, ou rebns aio atantibus, ou nos mais casos do §§ 2.078 e 2.079.
Mas, para a anulação com fundamento no § 2.079, é preciso que o herdeiro
necessário exista na época em que se quer pedir anulação (§ 2.281, alínea
l.~j. Se o disponeilte, após a morte do outro contraeflte, quer anular
disposição a favor de terceiro, deve declará-lo ao juízo de sucessão, que o
comunicará ao terceiro (§ 2.281, alínea 2.~). São causast invocáveis os
defeitos de vontade, as mudanças de circunstâncias e a violação das
legítimas. O direito de anulação pelo testador é personalissimo. Exceto no
caso do § 2.282, ~linea 2.8
não pode ser exercido por intermédio de outrem, nem se transmite aos
herdeiros. Após a morte do testador, só as pessoas mencionadas no § 2.080
podem pedir anulação do contrato, com fundamento nos §§ 2.078, 2.279 e
2.285
2.080 não podem, com fundamento nos §§ 2.018 e 2.079, pedir a anulação,
se já extinto o prazo para o disponente (§ 2.285) : se ainda vigora, é outro
prazo que lhes corre (Motive, V, 325) Só o disponente, pessoalmente, pode
ratificar o contrato de herança anulável. No caso de capacidade restrita,
exclui-se a ratificação (§ 2.284) . O § 144 é aplicável (Protokolle, 1, 886) .
Após a ratificação, é inatacável o contrato de herança, mas a ratificação
pode ser atacada. Quanto ao caso do § 2.275, alínea 2.8, a opinião é pela
irratificabilidade (LUDWIO SCHIF~ NER, Der Erbvertttig nach dem
SOB., 156, contra I-IEINRICH WILKE, Erbrecht, nota 2 ao § 2.275).
Dá-se o mesmo se sob o pátrio poder, quer se trate de contrato passado entre
cônjuges ou entre noivos (§ 2.290, alíneas 1a.. 3ª) A forma é a do contrato
de herança (§ 2.290, alínea 43).
ESCRER (Das Erbrecht, gominentar, III, 26) não admite representação, por
se tratar de assunto sucessório (EUGEN HUEER, System und Gesehichte
des Sehw eizerischen Privatreehts, II, 322). Também nesse sentido, P.TuoR
(Koinmentar, III, 101) Aliás, parece-nos frágil a opinião contrária de
EUGÊNE CURTI-FORRER
(Comnwfltaive, 369), que vê nas marginais dos arts. 498 e 512 distinção
explícita entre os testamentos e os contratos de herança. Os figurantes, por
cOfl,VCflçaO escrita (diferença notável em relação ao direito alemão, §
2.290, e achamos pouco coerente), podem, se querem, resili-lo (art. 513,
alínea
escrita deve ser assinada, ainda que a lei não o diga (1‟. TUOR,
Kommentar, 512) . Se, após a conclusão do contrato de herança, o herdeiro,
ou o legatário, se torna culpado de ato que importaria deserdação, o
disponente pode anular (antilar, anfechten) a instituição ou legado (art. 513,
alínea 2ª).
Se o motivo fôr anterior, há a ação de anulação por êrro (artigo 469), como
por violência, ou dolo (E. TUOR, Kommentar, .351) . A ignorância do
motivo anterior não autoriza a ação do art. 513, alínea 33. Aqueles, a quem
o contrato de herança confere a faculdade de reclamar prestações entre
vivos, pode resili-lo, de acôrdo com o direito das obrigações, se não foram
executadas ou garantidas, como se convencionou, as prestações <art. 514) .
A lei não disse a forma. Se o herdeiro ou legatário não sobrevive ao
disponente, caduca o contrato de herança (artigo 515:
“est resilié”, expressão imprópria; no texto alemão está: “so fãllt der Vertrag
dahin”). Todavia, salvo cláusula em contrário, os herdeiros do premorto
podem reclamar a repetição do enriquecimento ao tempo da morte (art. 515,
alínea 23). A alínea 13 é de natureza dispositiva (E. TUOR, Kommentar, V,
358) . (O art. 516 está fora do lugar, no Código Civil suíço: nada tem com a
forma dos atos para a morte; édireito sôbre conteúdo: “As liberalidades por
testamento ou contrato de herança não se rompem (“so wird nicht
aufgehoben”, “ne sont point annullées”), se, depois, diminui a faculdade de
dispor do seu autor: mas cabe a redução”.)
Há, pois, limite, algo como constituiçáo superposta aos governos nascidos
ou não das Constituições, que autorizam os juizes a velar pelo interêsse
público, estabelecendo justo critério nas apreciações concretas. Trata-se de
análise de relações, de princípios superiores, de induções, que também se
permitem nas questões de direito intertemporal constitucional.
Em todo êsses casos, pode adimplir-se pelo equivalente: tufo enim potesi
adimplere por aequipollens. Não são palavras de hoje, são velhas palavras,
que meia-ciência de alguns ou não compreende ou delas se esqueceu.
Outros elaboravam fórmula mais geral, porém, no fundo, a mesma: nisi
tamen sia tutum formam inducens considerei aliquem eflectum, quja tune si
eflectus sequatur omissio for-mae nau vitiat. (Ou: quando forma respicit
certum eflectum, per aequipollens potesi effectualiter canse qui.)
4. INTERPRETAÇÃO DAS LEIS SÔBRE FORMAS
TESTAMENTÁRIAS. No caso de o que se teria como testamento não ter
forma, ser imperfeito, não existe o próprio ato. Tal formalismo passou ao
direito português e dominou como princípio. Ainda hoje, atenuado, domina.
A falta da forma deixa não completo, é pois inexistente o ato testamentário
(MANUEL FIGUEIRA DE NEGP.nRos, introductio ad ultimas voluntates
continens omnia necessaria ad confectionem Testamenti, 1, 2, c. 1, n. 4) ;
mas isso não visava dizer, nem visa, que a lei da forma não se interprete. A
lei da forma é lei como as outras leis. Imperativa, sim, mas as leis
imperativas são suscetíveis de interpretação. O que ela diz, e nisso difere de
outras regras jurídicas, é que a falta faz inexistente o ato e o defeito, ainda
mínimo, torna nulo o ato. Mas o que é defeito, di-lo a lei, ou a
interpretação. Se aqueles defeito mínimo é, realmente, defeito, isto é, se tem
aquela consequência, di-lo o entendimento do texto legal. O
As regras jurídicas sôbre formas testamentárias são bis cogens. Não pode o
testador por vontade sua, declarada ou não, ou por fôrça das circunstâncias,
fugir à observância do que a lei, como forma solene, estatui. Isso não quer
dizer que o íus cogens tenha de ficar sujeito às algemas de inafastável
interpretação literal. Éle é co gens, no que diz, porém não nos meios de se
procurar o que êle diz. Tal verdade da ciência, nem sempre a vemos na
solução dos expositores, desaparelhados para a delicada adequação da lei
aos fatos da vida. (Nem se confunda isso com o favor testamenti, que está
no Código Civil, artigo 1.666: quando se fala de favor testarnenti, só se
cogita do conteúdo. O
Ora para negócios, ora para serviços, ora por simples turismo.
Afastou-se a lex patriac, que era a lei pessoal conforme o direito anterior.
Fêz-se estatuto pessoal o do último domicílio do decujo. Se era estrangeiro,
casado com Brasileira e deixou filhos Brasileiros, o estatuto pessoal não era
e não éo da lex patriae, mas sim o da lei brasileira. Não importa onde era
domiciliado o estrangeiro, que morreu casado com Brasileira ou com filhos
Brasileiros.
Quanto aos testamentos públicos, é indiscutível que não se pode exigir que
os oficiais públicos de Estados estrangeiros se submetam a lei brasileira, ou
que os oficiais públicos do Brasil se submetam a lei estrangeira, no tocante
à forma. Dá-se o mesmo se o testamento é cerrado, e é levado ao oficial
público para a formalidade que se exige.
Há dois problemas: a) o que é que se entende por forma, que a lei do lugar
tem de reger; b) se é possível preferir-se outra lei, isto é, se a lex boci tem
necessàriamente de reger, ou se há de reger a lei do lugar se outra (a lei do
estatuto pessoal) não se observou. Ali, haveria necessariedade da lez boci.
Aqui, apenas suficiência.
Para outros, quem quer que pratique atos jurídicos tem de sujeitar-se à
soberania do Estado em cujo território se perfaz. Assim, CER. FRIEDR.
VON GLÚCK (Ausfiibrliche Erlduterung der Pandecten, 1, 291), W. A. F.
DANZ
SAxOFERRATO.
Antes de L. VON BAR, a justificação pelo uso estava em muitos. trro seria
crê-la de origem romana, como pretendeu JoH. STEPH. PÚTTER
(Auserlese Reehtsfdlle aus allen Thcilen, 1, n. 248).
31) chegou a dizer que nunca o será. A referência explícita à lei do lugar em
que se praticaram os atos estava no Projeto de THEoDoR NIEMEYER
(Vorselddge und Matcrialen zur Kodifilcation des internationalen
Privatrechts, 240 s.), contra o texto de ALBERT GEBHARD. O influxo foi
a opinião de L. voN BAa (Theorie und Praxis des internationalen
Privatrechts, II, 13 5.; Lehrbneh des internationalen Privat- und
Strafrechts, 106 s.), bem como o sistema escolar de Huoo NEUMANN
(Internationales Privatrecht in Form cines Gesetzcntwurfs, 85-
Na Lei federal suíça de 26 de junho de 1891, art. 24, foi dito: “Les
dispositions de derniêre volonté, les pacts successoraux et les donations à
cause de mort, sont valables quant àla forme, si celle-ci satisfait au droit du
lieu oú l‟acte a été passé ou à celui du canton du domicile lors de la
passation de l‟acte ou au droit du dernier domicile ou à celui du canton
d‟origine du défunt”. O art. 32 estendeu-o às relações internacionais.
9 O, § 1.0:
Também vale o testamento hológrafo, permitido pela lei pessoal, se, feito
em Estado que o admite, na feitura se se observaram exigências extrínsecas
da lei local, que a lei pessoal não conhece.
Tem-se de atender a que a regra jurídica locus regit actum é cogente para os
atos jurídicos em instrumento público e facultativa para osCatos jurídicos
particulares. Para a obrigatoriedade, de que se falou, é preciso que a lei do
lugar haja estabelecido os pressupostos essenciais de forma. Ficam fora os
atos jurídicos que possam ser (ou tenham de ser) concluídos em consulados
ou agências diplomáticas.
Assim, o mudo, no direito alemão, fora da Alemanha, pode testar por sinais,
se a lei local o permite (HEINRICE
1 a,
A lei brasileira não o permite ao cego (Código Civil, artigo 1.637), de modo
que os domiciliados no Brasil, que sa acham no estrangeiro, não podem
fazer testamento cerrado. Dá-se o mesmo com quem não sabe ou não pode
ler (art. 1.641). O surdo-mudo tem de escrevê-lo todo e assiná-lo (art.
1.642) -Mais: tem de escrever que aqueles é o seu testamento. São os
requisitos intrínsecos.
Em todo o caso, é de advertir-se que a lei pessoal pode ter concebido como
de capacidade testamentária a regra jurídica sobre testamento hológrafo
(e.g., não poder testar hologràficamente o menor de is anos. Aí, não poderia
ser observada a leis loci (C. DEMOLOMBE, Cours de Code Napoléon, IV,
483 a.).
Nem tudo na fixação das formas se há de reger pela leis icei; menos ainda,
pela lei ~essoal. Cabe, precipuamente, interpretar a lei.
O Código Civil holandês, art. 992, interdiz aos Holandeses qualquer forma
que não seja a forma autêntica local.
2a
do Código Civil francês e feito na França, por haver nêle legado de parte de
um imóvel que o testador tinha em Londres (cf. Pepin versus Bruyêre,
1900; WILLIAMS, Principles of the Law of Personal, 17.a ed., 480). Mas o
testamento do súdito britânico, feito no estrangeiro, se recai sôbre um
leasehold, vale, se de conformidade com o Lord Kingsdown Áet; pois os
leaseholds, pôsto que sejam imóveis, entram na classe do personal est ate
(Stubberfield versus Grassi, 16 de março de 1905; WESTLAKE, Private
International Law,
Precisemos.
WEIss (Traité théorí que et pratique de Droit international privé, IV, 633) e
BUZZATI (L‟Autorità deile Leggi straniere relative allo forme degli atti
civili, 400 s). Negativamente, P. FioRE (Diritto internazionale pnvato, IV.
205) : a questão envolve a da existência, ou não, de um testamento; se
existe, há sucessão testamentâria~ se não existe, são chamados os herdeiros
legítimos (ou os de outro testamento, digamos). O problema toca à
substância do ato jurídico. A capacidade é o principal requisito da
existência e eficácia legal da vontade declarada, porém não é o único.
Assim como é pressuposto intrínseco, para o cego, determinada forma,
também a lei pessoal impõe às pessoas as espécies de testamento que ela
reconhece. Tal o pensamento de P.
Quanto ao direito de testar dos que fazem parte da tropa, vale o testamento
extraordinário que obedeceu a lei pessoal, ler patriae, ainda quanto ao
extrínseco.
O militar pode testar com alguma das formas ordinárias, observada a ler
loci. A ocupação consentida não torna o ocupante pessoa escapa à lei local,
se essa pessoa se submete ao direito local. A regra é que êle não se submete
à jurisdição civil do território ocupado.
No alto-mar fora das águas territoriais os navios Inercantes só têm uma lei:
a do pavilhão. Nas águas territoriais, a ler boci é a do Estado em que se
acha. Mas, no caso dos testamentos, desde que o testamento se faça a bordo,
vale conforme a lei do pavilhão. Para a forma excepcional, têm de ser
satisfeitos os requisitos legais, e o art. 1.656 do Código Civil somente se
refere a “viagem em alto-mar”; porém, retirados os ferros e tendo partido o
navio, está figurada a viagem de alto-mar. Ou, em geral, se não pode descer
o testador.
3.618; brasileiro, artigo 1.630; chileno, art. 781; mexicano, art. 3.246; e
peruano, art. 706).
“formas Na doutrina alemã, há quem repute forma (L. VON BAR, Theorw
und Prazis des internationalen Privatrechts, fl, 2a ed., 329; ERNST
ZITELMANN, Internationales Privatrecht, II, 154), e éo que sempre
ocorre.
A interpretação da ler boi, que nada tem com a substância do ato jurídico,
para, com invocação de ordem pública, considerar-se nulo o testamento,
que ou se tornou irrevogável pela morte do primeiro, ou constituiu as
últimas vontades de ambos, seria atentado à liberdade das pessoas, com a
frágil e falsa argUição de ofensa à ordem pública, a favor de tal liberdade.
por Inglês, que ali era domiciliado. A lei belga tinha-o por válido; a lei
inglêsa, não; mas a Côrte inglêsa admitiu o reenvio.
a) A Côrte inglêsa julgou bem, no caso Colher versus Rivaz; aplicou bem a
regra jurídica locus regit achem, sem no dizer e antes de essa se haver
afirmado. No fundo, in Iavorem testamenti.
A lei antiga foi a imposta pela Ordenança francesa de 1735, art. 50, e outras
leis francesas, pelo § 12 do Patent do Aligemeines Preussisefles Landrecht,
pelos incisos V do Kundmach,ungspatent austríaco e II, § 37, do
Ávitidtdtspatent de 29 de novembro de 1852 (no direito austríaco, sem
distinção entre forma interna e forma externa), pelas Ordenações do
Hannover de 1814, §§ 25 e 72, de Brema, § 17, de Oldenhurgo, § 9, pela
Ordenança transitória prussiana de 1814, § 6, pela Lei holandesa de 1.0 de
outubro de 1883, art. 3, pelas Lei transito -ria estense de 1852, art. 17, e
saxônica de 1863, art. 23, e pela Lei italiana de 1865, art. 23.
No caso de lei nova, que estende o tempo da eficácia, não se pode dizer que
dela não se beneficiem os testamentos cujo prazo ainda não correu.
Por isso:
a) Pode a lei, ao estabelecer algo para o futuro, tratar de atos passados, que
a regra jurídica tempus regil actum submeteu à sua incidência. Por exemplo:
“os testamentos feitos no regime anterior, se nulos por falta de tal
formalidade, convalescerão se os testadores declararem ao juízo competente
que os mantêm”; “os testamentos, feitos no regime anterior e nulos por falta
da finalidade tal, convalescerão se os testa-dores não declararem o contrário
aos oficiais públicos ou não os romperem”. Aí, a lei para GONNER (Von
der rflckwirdenden Kraft eines neuen Gesetzes auf vorhergegangene
Handlungen, Arckiv fijr die Gisetzgebung, 1, 159), MERLIN (Ré pertoire,
273) e 3. KALINDERO (De la ATon-retroactivité des Lois, 119) é
imperativa. Devemôs, porém, frisar que há dispositividade. Trata-se de
princípio geral, que estava no Preussisckes Alígemeines Landrecht e T. D.
MEYER
b)Se a lei não exige qualquer ato do testador, por ter considerado contra os
princípios gerais o que a lei anterior estabelecia, valem quaisquer
testamentos a que ela se refira. Tal atitude legislativa é rara.
Quanto à alínea 2.8, cumpre advertir-se que os ~§ 2.077 e 2.279 não são
invocaveis com a extensão do § 2.268, relativo ao testamento nuncupativo.
Se, no contrato de herança, os cônjuges, que se instituiram reciprocamefite
herdeiros, dispuseram que, em caso de morte do sobrevivente, a sucessão se
devolveria a terceiro, ou instituiram legado executável em tal tempo, dá-se
aplicação analógica do ~ 2.269 (cf. § 2.280).
§ 2.282, alinea 2.8 não pode ser exercido por intermédio de outrem, nem se
transmite aos herdeiros. Após a morte do testador, só as pessoas
mencionadas no § 2.080 podem pedir anulação do contrato, com
fundamento nos §§
2.078, 2.279 e 2.285 (F. RITGEN, Bitrg crU-cites Gesetzbu.ch, V, 529) . O
credor do disponente não tem qualquer direito de anulação (LUDWIG
SCRTEFNER, Der Erbvertrag nach clern 5GB., 151, nota 12). ~
Dá-se o mesmo se sob o pátrio poder, quer se trate de contrato passado entre
cônjuges ou entre noivos (§ 2.290, alíneas 1a.. 3ª) A forma é a do contrato
de herança (§ 2.290, alínea 43).
a forma do contrato imposta à resoluçâo: por isso, se o contrato de herança
se fêz em contrato de casamento, então basta a forma dêsse. O contrato de
herança feito entre cônjuges pode ser desfeito por testamento conjuntivo
dêles, aplicáveis, por analogia, as disposições do § 2.290, alínea
1 ~) Em todo o
caso, a convenção escrita deve ser assinada, ainda que a lei não o diga (1‟.
TUOR, Kommentar, 512) . Se, após a conclusão do contrato de herança, o
herdeiro, ou o legatário, se torna culpado de ato que importaria deserdação,
o disponente pode anular (antilar, anfechten) a instituição ou legado (art.
513, alínea 2Y).
está fora do lugar, no Código Civil suíço: nada tem com a forma dos atos
para a morte; édireito sôbre conteúdo:
tufo enim potesi adimplere por aequipollens. Não são palavras de hoje, são
velhas palavras, que meia-ciência de alguns ou não compreende ou delas se
esqueceu. Outros elaboravam fórmula mais geral, porém, no fundo, a
mesma: nisi tamen sia tutum formam inducens considerei aliquem eflectum,
quja tune si eflectus sequatur omissio formae nau vitiat. (Ou: quando forma
respicit certum eflectum, per aequipollens potesi effectualiter canse qui.) 4.
INTERPRETAÇÃO DAS LEIS SÔBRE FORMAS
TESTAMENTÁRIAS. No caso de o que se teria como testamento não ter
forma, ser imperfeito, não existe o próprio ato. Tal formalismo passou ao
direito português e dominou como princípio. Ainda hoje, atenuado, domina.
A falta da forma deixa não completo, é pois inexistente o ato testamentário
(MANUEL FIGUEIRA DE NEGP.nRos, introductio ad ultimas voluntates
continens omnia necessaria ad confectionem Testamenti, 1, 2, c. 1, n. 4) ;
mas isso não visava dizer, nem visa, que a lei da forma não se interprete. A
lei da forma é lei como as outras leis. Imperativa, sim, mas as leis
imperativas são suscetíveis de interpretação. O que ela diz, e nisso difere de
outras regras jurídicas, é que a falta faz inexistente o ato e o defeito, ainda
mínimo, torna nulo o ato. Mas o que é defeito, di-lo a lei, ou a
interpretação. Se aqueles defeito mínimo é, realmente, defeito, isto é, se tem
aquela consequência, di-lo o entendimento do texto legal. O
As regras jurídicas sôbre formas testamentárias são bis cogens. Não pode o
testador por vontade sua, declarada ou não, ou por fôrça das circunstâncias,
fugir à observância do que a lei, como forma solene, estatui. Isso não quer
dizer que o íus cogens tenha de ficar sujeito às algemas de inafastável
interpretação literal. Éle é cogens, no que diz, porém não nos meios de se
procurar o que êle diz. Tal verdade da ciência, nem sempre a vemos na
solução dos expositores, desaparelhados para a delicada adequação da lei
aos fatos da vida. (Nem se confunda isso com o favor testamenti, que está
no Código Civil, artigo 1.666: quando se fala de favor testamenti, só se
cogita do conteúdo. O mesmo sucede no Código Civil alemão, § 2.084:
879
Afastou-se a lex patriac, que era a lei pessoal conforme o direito anterior.
Fêz-se estatuto pessoal o do último domicílio do decujo. Se era estrangeiro,
casado com Brasileira e deixou filhos Brasileiros, o estatuto pessoal não era
e não é o da lex patriae, mas sim o da lei brasileira. Não importa onde era
domiciliado o estrangeiro, que morreu casado com Brasileira ou com filhos
Brasileiros.
Quanto aos testamentos públicos, é indiscutível que não se pode exigir que
os oficiais públicos de Estados estrangeiros se submetam a lei brasileira, ou
que os oficiais públicos do Brasil se submetam a lei estrangeira, no tocante
à forma. Dá-se o mesmo se o testamento é cerrado, e é levado ao oficial
público para a formalidade que se exige.
Há dois problemas: a) o que é que se entende por forma, que a lei do lugar
tem de reger; b) se é possível preferir-se outra lei, isto é, se a lex boci tem
necessàriamente de reger, ou se há de reger a lei do lugar se outra (a lei do
estatuto pessoal) não se observou. Ali, haveria necessariedade da lez boi.
Aqui, apenas suficiência.
Alguns eram ainda menos exigentes, como HAUSS (Du Droit privé qui
regit les étrangcrs en Belgique, 45 s.).
Havia controvérsias a propósito da abrangência ser de tódas as formas ou
só de algumas, bem como sôbre a obrigatoriedade ou a facultatividade da
lez boci actus.
Para outros, quem quer que pratique atos jurídicos tem de sujeitar-se à
soberania do Estado em cujo território se perfaz. Assim, CER. FRIEDR.
VON GLÚCK (Ausfiibrliche Erlduterung der Pandecten, 1, 291), W. A. F.
DANZ
Antes de L. VON BAR, a justificação pelo uso estava em muitos. trro seria
crê-la de origem romana, como pretendeu JoH. STEPH. PÚTTER
(Auserlese Reehtsfdlle aus allen Thcilen, 1, n. 248).
31) chegou a dizer que nunca o será. A referência explícita à lei do lugar em
que se praticaram os atos estava no Projeto de THEoDoR NIEMEYER
(Vorselddge und Matcrialen zur Kodifilcation des internationalen
Privatrechts, 240 s.), contra o texto de ALBERT GEBHARD. O influxo foi
a opinião de L. voN BAa (Theorie und Praxis des internationalen
Privatrechts, II, 13 5.; Lehrbneh des internationalen Privat- und
Strafrechts, 106
Na Lei federal suíça de 26 de junho de 1891, art. 24, foi dito: “Les
dispositions de derniêre volonté, les pacts successoraux et les donations à
cause de mort, sont valables quant àla forme, si celle-ci satisfait au droit du
lieu oú l‟acte a été passé ou à celui du canton du domicile lors de la
passation de l‟acte ou au droit du dernier domicile ou à celui du canton
d‟origine du défunt”. O art. 32 estendeu-o às relações internacionais.
9 O, § 1.0:
Tem-se de atender a que a regra jurídica locus regit actum é cogente para os
atos jurídicos em instrumento público e facultativa para os fatos jurídicos
particulares. Para a obrigatoriedade, de que se falou, é preciso que a lei do
lugar haja estabelecido os pressupostos essenciais de forma. Ficam fora os
atos jurídicos que possam ser (ou tenham de ser) concluídos em consulados
ou agências diplomáticas.
Assim, o mudo, no direito alemão, fora da Alemanha, pode testar por sinais,
se a lei local o permite (HEINRICE
Em todo o caso, é de advertir-se que a lei pessoal pode ter concebido como
de capacidade testamentária a regra jurídica sObre testamento hológrafo
(e.g., não poder testar hologràficamente o menor de is anos. Aí, não poderia
ser observada a leis loci (C. DEMOLOMBE, Cours de Code Napoléon, IV,
483 a.).
Nem tudo na fixação das formas se há de reger pela leis icei; menos ainda,
pela lei ~essoal. Cabe, precipuamente, interpretar a lei.
O Código Civil holandês, art. 992, interdiz aos Holandeses qualquer forma
que não seja a forma autêntica local.
do Código Civil francês e feito na França, por haver nêle legado de parte de
um imóvel que o testador tinha em Londres (cf. Pepin versus Bruyêre,
1900; WILLIAMS, Principles of the Law of Personal, 17.a ed., 480). Mas o
testamento do súdito britânico, feito no estrangeiro, se recai sôbre um
leasehold, vale, se de conformidade com o Lord Kingsdown Áet; pois os
leaseholds, pôsto que sejam imóveis, entram na classe do personal est ate
(Stubberfield versus Grassi, 16 de março de 1905; WESTLAKE, Private
International Law,
Precisemos.
WEIss (Traité théorí que et pratique de Droit international privé, IV, 633) e
BUZZATI (L‟Autorità deile Leggi straniere relative allo forme degli atti
civili, 400 s). Negativamente, P. FioRE (Diritto internazionale pnvato, IV.
Temos, assim:
O militar pode testar com alguma das formas ordinárias, observada a lex
loci. A ocupação consentida não torna o ocupante pessoa escapa à lei local,
se essa pessoa se submete ao direito local. A regra é que êle não se submete
à jurisdição civil do território ocupado.
No alto-mar fora das águas territoriais os navios Inercantes só têm uma lei:
a do pavilhão. Nas águas territoriais, a ler boi é a do Estado em que se acha.
Mas, no caso dos testamentos, desde que o testamento se faça a bordo, vale
conforme a lei do pavilhão. Para a forma excepcional, têm de ser satisfeitos
os requisitos legais, e o art.
3.618; brasileiro, artigo 1.630; chileno, art. 781; mexicano, art. 3.246; e
peruano, art. 706).
“formas Na doutrina alemã, há quem repute forma (L. VON BAR, Theorw
und Prazis des internationalen Privatrechts, fl, 2a ed., 329; ERNST
ZITELMANN, Internationales Privatrecht, II, 154), e éo que sempre
ocorre. Contra, o Reichsgericht, a 24 de abril de 1894.
A interpretação da ler boi, que nada tem com a substância do ato jurídico,
para, com invocação de ordem pública, considerar-se nulo o testamento,
que ou se tornou irrevogável pela morte do primeiro, ou constituiu as
últimas vontades de ambos, seria atentado à liberdade das pessoas, com a
frágil e falsa argUição de ofensa à ordem pública, a favor de tal liberdade.
por Inglês, que ali era domiciliado. A lei belga tinha-o por válido; a lei
inglêsa, não; mas a Côrte inglêsa admitiu o reenvio.
a) A Côrte inglêsa julgou bem, no caso Colher versus Rivaz; aplicou bem a
regra jurídica locus regit achem, sem no dizer e antes de essa se haver
afirmado. No fundo, in Iavorem testamenti.
A lei antiga foi a imposta pela Ordenança francesa de 1735, art. 50, e outras
leis francesas, pelo § 12 do Patent do Aligemeines Preussisefles Landrecht,
pelos incisos V do Kundmach,ungspatent austríaco e II, § 37, do
Ávitidtdtspatent de 29 de novembro de 1852 (no direito austríaco, sem
distinção entre forma interna e forma externa), pelas Ordenações do
Hannover de 1814, §§ 25 e 72, de Brema, § 17, de Oldenhurgo, § 9, pela
Ordenança transitória prussiana de 1814, § 6, pela Lei holandesa de 1.0 de
outubro de 1883, art. 3, pelas Lei transitoria estense de 1852, art. 17, e
saxônica de 1863, art. 23, e pela Lei italiana de 1865, art. 23.
Por isso: a) Pode a lei, ao estabelecer algo para o futuro, tratar de atos
passados, que a regra jurídica tempus regil actum submeteu à sua
incidência. Por exemplo: “os testamentos feitos no regime anterior, se nulos
por falta de tal formalidade, convalescerão se os testadores declararem ao
juízo competente que os mantêm”; “os testamentos, feitos no regime
anterior e nulos por falta da finalidade tal, convalescerão se os testadores
não declararem o contrário aos oficiais públicos ou nao os romperem”. Aí, a
lei para GONNER (Von der rflckwirdenden Kraft eines neuen Gesetzes auf
vorhergegangene Handlungen, Arckiv fijr die Gisetzgebung, 1, 159),
MERLIN (Ré pertoire, 273) e 3. KALINDERO (De la ATon-retroactivité
des Lois, 119) é imperativa. Devemôs, porém, frisar que há dispositividade.
Trata-se de princípio geral, que estava no Preussisckes Alígemeines
Landrecht e T. D.
b)Se a lei não exige qualquer ato do testador, por ter considerado contra os
princípios gerais o que a lei anterior estabelecia, valem quaisquer
testamentos a que ela se refira. Tal atitude legislativa é rara.