6 de setembro de 2002
Vivemos num mundo que tem com uma das principais característica o movimento.
Mesmo corpos que aparentemente estão em repouso, só estão neste estado em relação
a um certo referencial. Quando estamos deitados em nossa cama, tudo à nossa volta pa-
rece estar em repouso. E de fato, tudo está em repouso em relação ao nosso corpo. Mas
não está em repouso em relação à Lua, ou ao Sol. Se estivéssemos deitado em uma
cama de um vagão de um trem dormitório, todos os objetos do quarto ainda nos pareceri-
am parados, apesar desse conjunto se mover em relação aos trilhos. Daí concluirmos que
movimento (ou repouso) é uma característica de um corpo em relação a um certo referen-
cial específico
Quando um objeto real está em movimento, além de sua translação ele também
pode tanto girar quanto oscilar. Se fôssemos sempre considerar essas características, o
movimento de um corpo seria sempre um fenômeno bastante complicado de se estudar.
Acontece, que em diversas situações o fenômeno mais importante é a translação. Desse
modo, sem incorrer em grande erro, podemos isolar este tipo movimento e estudá-lo
como o único existente.
Num estágio inicial, o estudo ainda pode ser mais simplificado porque matemati-
camente, uma partícula é tratada como um ponto, um objeto sem dimensões, de tal ma-
neira que rotações e vibrações não estarão envolvidas em seu movimento.
Em resumo: vamos tratar como pontos materiais (ou partículas) os corpos que te-
nham apenas movimento de translação, e o caso mais simples será quando ele apresen-
tar um movimento retilíneo.
Posição e deslocamento
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A velocidade de uma partícula é a razão segundo a qual a sua posição varia com o
tempo. Podemos analisar um movimento de diversas maneiras, dependendo da sofistica-
ção dos nossos instrumentos de medida.
distância percorrida
v =
∆t
Se uma viagem entre duas cidades distantes de 120km durou 1,5h nós dizemos
que o percurso foi vencido com uma velocidade escalar média de 80km/h . Na vida coti-
diana essa informação é suficiente para descrever uma viagem.
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Como foi mencionado, a velocidade média representa o que aconteceu entre o iní-
cio e o fim de uma viagem. Já a velocidade instantânea em um dado momento representa
o que aconteceu naquele momento. Colecionando as velocidades instantâneas de cada
um dos momentos temos uma informação completa de como variou a velocidade ao longo
de toda viagem.
X=vt
Aceleração
vf − vi ∆v
a = =
tf − ti ∆t
∆v dv
a = Lim =
∆ →
t 0 ∆t dt
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x − x0 v + v 0
v = =
t − t0 2
onde a última igualdade é válida apenas para movimentos com aceleração constante,
como esse caso específico.
v + v0
x = x 0 + v (t − t 0 ) = x 0 + (t − t 0 )
2
v − v0
a=a =
t − t0
ou seja:
v = v 0 + a(t − t 0 )
ou ainda
v −v0
(t − t ) =
0
a
t − t0 t − t0
x = x0 + v 0 + [v 0 + a(t − t 0 )]
2 2
x = x 0 + v 0 (t − t 0 ) + a(t − t 0 )
1 2
v + v 0 v − v 0
x = x0 +
2 a
ou seja:
v 2 − v 02
x − x 0 =
2a
e finalmente:
v 2 = v 02 + 2a(x − x 0 )
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! ! ! 1! 2
r = r 0 + v 0 t + 2 at
! ! !
v = v 0 + at
v 2 = v 2 + 2a! ⋅ (r! − r! )
0 0
Exemplo:
Um motorista viaja ao longo de uma estrada reta desenvolvendo uma velocidade
de 15m/s quando resolve aumentá-la para 35m/s usando uma aceleração constante de
4m/s2 . Permanece 10s com essa velocidade, quando resolve diminui-la para 5m/s
usando uma aceleração constante de 10m/s2 .
Trace os gráficos de x versus t , v versus t e a versus t para o todo o movimento
mencionado.
700 40
600 35
500 30
25
400
x
20
v
300
15
200
10
100
5
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 0 5 10 15 20 25 30 35
t t
0
0 5 10 15 20 25 30 35
-2
a
-4
-6
-8
-10
-12
t
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Para todos os efeitos práticos, um corpo que cai próximo à Terra, se comporta
como se a superfície fosse plana e a aceleração da gravidade g fosse constante. Iremos
usar valor de g =9,8m/s2 , e considerar o eixo z apontando para cima da superifície da
Terra.
1
( )
kˆz = kˆz 0 + kˆv 0 t + − kˆg t 2
2
gt 2
z = z0 + v 0 t −
2
(
kˆv = kˆv 0 + − kˆg t)
ou seja:
v = v0 - gt
e também:
( )(
v 2 = v 02 + 2 − kˆg ⋅ kˆz − kˆz 0 )
v 2 = v 02 − 2g (z − z 0 )
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15 Dois trens trafegam, no mesmo trilho, um em direção ao outro, cada um com uma
velocidade escalar de 30km/h . Quando estão a 60km de distância um do outro, um
pássaro, que voa a 60km/h , parte da frente de um trem para o outro. Alcançando o
outro trem ele volta para o primeiro, e assim por diante. (Não temos idéia da razão do
comportamento deste pássaro.)
D1 d1
d
d = D1 + d1 = vpt1 + vt1 = ( vp + v )t1 ⇒ t1 =
v +vp
d2 D2
t 2 (v + v p ) = d − 2vt 1 = d − 2v
d 2v
= d 1 −
v +vp v +vp
d
t2 = 1 − 2v ∴ t 2 = t 1 1 −
2v
v +vp v +v v +v
p p
D3 d3
d = 2d1 + 2d2 + ( d3 + D3 )
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d v v v v
t3 = − 2t 1 − 2t 2 = t 1 − 2t 1 − 2t 2
v +vp v +vp v +vp v +vp v +vp
ou ainda
2v
t 3 = t 1 1 − − 2t 2 v = t 2 − 2t 2
v
v +v v +vp v +vp
p
ou seja:
2v
t 3 = t 2 1 −
v +v
p
Por outro lado, já mostramos que:
2v
t 2 = t 1 1 −
v +v
p
d 60 2
t1 = = = h = 40 min
v + v p 30 + 60 3
Podemos inferir então que:
2v
t N = t N −1 1 −
v +v
p
ou seja:
N −1
2v
t N = t 1 1 −
v +v
p
As viagens do pássaro ficarão cada vez com um percurso menor até tornarem-se
infinitesimais, por isso serão necessárias um número infinito de viagens de um
trem para o outro.
a1 (1 − q N )
S=
1− q
e quando |q| < 1 e N tende a infinito:
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a1 t1 v + vp d v + v p d
S= = = t 1 = =
1− q 2v
2v 2v v + vp 2v
v +vp
ou seja
d 60
t= = = 1h
2 v 2.30
Uma forma direta de resolver este problema, mas que no entanto perde-se todo o
detalhamento dos acontecimentos, é calcular o tempo necessário para a colisão
dos dois trens:
d 60
d = ( v + v ) t = 2vt ⇒ t = = = 1h
2 v 2.30
Esse tempo t é aquele que o pássaro tem para as suas viagens, logo a distância
percorrida será:
Dp = vp t = 60km
2
A distância percorrida por uma partí-
cula é a área abaixo da curva num 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
gráfico v versus t . Podemos de-
monstrar a afirmação anterior de t(s)
vários modos, por exemplo:
Método 1:
xf tf
Área = d = ∫ dx = ∫ v dt
xi ti
d = Área = A1 + A2 + A3 + A4
onde A1 é a área do triângulo que tem como base (0-2), A2 é a área do retângulo
que tem com base (2-10) , A3 é a área do paralelogramo que tem como base (10-
12) e A4 é a área do retângulo que tem como base (11-16).
d=
1
(2x 8) + (8 x8 ) + 1 (2 x 4) + (2x 4) + (4 x 4)
2 2
d = 100m
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10 3 m
v = 100km/h = 10 2
≅ 27m/s
3600s
v 27 m / s
v = v0 + at ; t = =
a 50 m / s 2
t = 0,54s
38 Um jumbo precisa atingir uma velocidade de 360km/h para decolar. Supondo que a
aceleração da aeronave seja constante e que a pista seja de 1,8km , qual o valor
mínimo desta aceleração?
v = 360km/h
v = (v0) + 2ad ∴ a = v /2d
2 2 2
d = 1,8km
v0 = 0
2 2
a = 36000 km/h = 2,7 m/s
T = t + treação
T= 3,62s
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43 Em uma estrada seca, um carro com pneus em bom estado é capaz de freiar com
uma desaceleração de 4,92m/s2 (suponha constante).
d = 61,5m
c) Faça os gráficos x versus t e v versus t para a desaceleração.
40 15
x(t)
30
10
20
5
10
0 0
0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6
t t
t=3,2s
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v(t)
20
15
é uma parábola com concavi- 10
dade para baixo para 5
54 Quando a luz verde de um sinal de trânsito acende, um carro parte com aceleração
constante a = 2,2m/s2 . No mesmo instante, um caminhão, com velocidade constante
de 9,5m/s , ultrapassa o automóvel.
0
at E2 2V 2.9,5
= Vt E ⇒ t E = = 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2 a 2,2 t
tE = 8,6s
Curva azul = X = Caminhão
XE = V tE = 9,5.8,6 = 81,7m.
Curva vermelha = x = Automóvel
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Velocidade
vE = v0 + a tE = 2,2 + 8,6 25
20
vE = 18,9m/s
15
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
t
v 02 + V02
D= = 1000m
2a
61 Considere que a chuva cai de uma nuvem, 1700m acima da superfície da Terra. Se
desconsiderarmos a resistência do ar, com que velocidade as gotas de chuva atingi-
riam o solo? Seria seguro caminhar ao ar livre num temporal?
v = 657km/h
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Decididamente não seria seguro caminhar ao ar livre num temporal com gotas alcan-
çando a superfície da terra com esta velocidade.
69 Um objeto é largado de uma ponte 45m acima da água. O objeto cai dentro de um
barco que se desloca com velocidade constante e estava a 12m do ponto de im-
pacto no instante em que o objeto foi solto.
Qual a velocidade do barco?
h = 45m
v0 = 0
d = 12m
h
d = vt
g t 2
d gd 2
⇒ t= ∴ h=
h= V 2V 2
2
g 9,8
V =d = 12 = 3,9m / s
2h 2.45
V = 14,1km/h
gt 32
h3 =
2 1
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Como existe um intervalo ∆t entre cada gota, temos que t1 = 3∆t ; t2 = 2∆t e t3 = ∆t .
Logo
h2 t 22 (2∆t )
2
4 4 8
= 2 = = ∴ h2 = h1 = m
h1 t 1 (3∆t ) 9
2
9 9
h3 t 32
= 2 =
(∆t ) = 1 ∴ h = 1 h = 2 m
2
h1 t 1 (3∆t )2 9 3
9
1
9
h1 = 5,2m v0
h1
t = t1 + t2 = 4,8s
v1
2
gt 2h1
h1 = ∴ t1 =
1
h2
2 g
t1 = 1,03s e t2 = 3,77s v2
h2 = v1 t2 = 38,06m
c) Suponha que toda água do lago seja drenada. A bola é atirada do trampolim, e
novamente chega ao fundo do lago 4,8s depois. Qual a velocidade inicial da
bola?
Vamos considerar V0 a nova velocidade inicial:
gt 2 h gt
h = V0 t + ∴ V0 = − = 7,92 − 23,52 = −15,60m / s
2 t 2
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y
y versus t será uma pará- 20
bola e a curva no gráfico v 15
versus t será uma reta in- 10
5
clinada em relação à hori- 0
zontal. 0 1 2 3 4 5
t
t > 1,03s
12
O movimento da bola de 10
chumbo é de retilíneo e 8
uniforme, portanto a curva
6
v
82 Uma pedra é largada de uma ponte a 43m acima da superfície da água. Outra pe-
dra é atirada para baixo 1s após a primeira pedra cair. Ambas chegam na água ao
mesmo tempo.
t2 = t1 - ∆t = 2s
Logo:
gt 22 h gt
h = v 0t2 + ∴ v0 = − 2
2 t2 2
v0 = 12,2m/s
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