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Reabilitação neuropsicológica em pacientes com lesão

vascular cerebral: uma revisão sistemática da literatura*


Neuropsychological rehabilitation in patients with cerebral vascular damage:
A systematic review of literature
Rehabilitación neuropsicológica en pacientes con daño cerebral vascular:
una revisión sistemática de la literatura

MORGANA SCHEFFER**
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil
LIDIANE ANDREZA KLEIN***
Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Brasil
ROSA MARIA MARTINS ALMEIDA****
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil

Resumo Palavras-chave: Reabilitação cognitiva, Acidente Vas-


cular Cerebral, Processos básicos
Foi realizada uma revisão sistemática da literatura nas
bases de dados Web of Science, Pubmed e Bireme entre Abstract
os anos de 2000 e 2011 através dos termos “reabilita-
ção cognitiva e acidente vascular cerebral” e “cognitive We performed a systematic literature review using the
rehabilitation and stroke”. Os resultados mostraram databases Web of Science, Pubmed and Bireme cover-
escassez de trabalhos sobre o tema na literatura inter- ing the years 2000 to 2011, using the terms “reabilitação
nacional e ausência de trabalhos na literatura nacional cognitiva e acidente vascular cerebral” and “cognitive
(brasileira), sendo incluídos no estudo 19 artigos, os rehabilitation and stroke”. The results showed a paucity
quais relataram em sua maioria, reabilitação da lingua- of publications on this subject in the international and
gem, sendo explorados os ambientes virtuais para a Brazilian national literatures. We identified only 19
reabilitação com metodologia breve e frequente, assim articles, and these reported mostly language rehabilita-
como, os programas mostraram ser eficazes às tarefas da tion exploring virtual environments for rehabilitation
vida diária, sugerindo sua validade ecológica. Conclui- with brief and infrequent description of the methodol-
-se que o processo de reabilitação precisa ser mais bem ogy. The programs showed to be effective in improving
explorado, sistematizado e que as técnicas devem ser tasks of daily living, suggesting their ecologic validity.
divulgadas e publicadas pela literatura científica. We concluded that the rehabilitation process needs to

* Correspondência: Rosa Maria Martins de Almeida, Instituto de Psicologia - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rua Ramiro Barcelos,
2600 - Bairro Santa Cecília, Porto Alegre - RS – Brasil, CEP 90035-003 - Fone:(51) 3308-5066 – Fax: (51) 3308-5470, e-mail: rosa_almei-
da@yahoo.com or rosa.almeida@ufrgs.br
** Maestra em Psicologia UFRGS, Instituto de Psicología-Universidade Federal do Rio Grande de Sul, Rua Ramiro Barcelos, 2600-Bairro Santa
Cecília, Porto-RS-Brasil, CEP 90035-003, Telefone: (51) 9269-1719, e-mail: scheffer.morgana@gmail.com
*** Graduanda em Psicologia Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Instituto de Psicología-Universidade Federal do Rio Grande de Sul, Rua
Ramiro Barcelos, 2600-Bairro Santa Cecília, Porto-RS-Brasil, CEP 90035-003, Telefone: (51) 9269-1719,Telefone: (51) 9949-8430, e-mail:
lidiklein@msn.com
**** Professora Adjunta do Instituto de Psicologia do Desenvolvimento e da Personalidade da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFR-
GS), Porto Alegre,RS, Brazil. Laboratório de Psicologia Experimental, Neurociências e Comportamento.Pesquisadora de Produtividade do
CNPq. Rua Ramiro Barcelos, 2600, Bairro Santa Cecília – Porto Alegre – RS – Brasil, Cep: 90035-5066, e-mail: rosa_almeida@yahoo.com

Para citar este artículo: Scheffer, M., Klein L. A. & Almeida, R. M. M. (2013). Reabilitação neuropsicológica em pacientes com lesão vascular
cerebral: uma revisão sistemática da literatura. Avances en Psicología Latinoamericana, 31 (1), pp. 46-61.

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Reabilitação neuropsicológica em pacientes com lesão vascular cerebral: uma revisão sistemática da literatura

be further explored and systematically analyzed and guas, 2003) e as alterações comportamentais mais
that the effective techniques should be disclosed and evidentes ocorrem no comportamento compulsivo
published in detail. (Hashimoto, Hasegawa, Maki, & Tanaka, 1998),
Keywords: Cognitive rehabilitation, Stroke, Basic process na falta de controle inibitório e no comportamento
obsessivo-compulsivo (Oya, Sakurai, Takeda, Iwa-
Resumen ta, & Kanazawa, 1997).
A gravidade da depressão está associada tam-
Se realizó una revisión sistemática de la literatura en bém, com o prejuízo funcional e cognitivo em todos
las bases de datos Web of Science, Pubmed y Bireme os domínios. Geralmente, dependendo do tamanho
entre los años 2000 y 2011 a través de los términos da lesão, o perfil neuropsicológico dos pacientes
“reabilitação cognitiva e acidente vascular cerebral” y com sintomas depressivos moderados e graves
“cognitive rehabilitation and stroke”. Los resultados podem ser afetados, causando danos nos domínios
mostraron escasez de trabajos sobre el tema en la litera- de memória, visuopercepção e linguagem (Terroni
tura internacional y ausencia de trabajos en la literatura et al., 2009). Dessa forma, a Neuropsicologia pro-
brasileña. En el estudio se incluyeron 19 artículos, los porciona técnicas que possibilitam tratar as devi-
cuales relacionaron en su mayoría rehabilitación del das alterações, que são de extrema importância e
lenguaje, siendo explorados los ambientes virtuales pa- estabelece quais dentre as ferramentas disponíveis
ra la rehabilitación con metodología breve y frecuente. são as mais adequadas para o objetivo que se de-
Los programas mostraron ser eficaces para las tareas de seja alcançar no âmbito da reabilitação cognitiva e
la vida cotidiana, lo que sugiere su validez ecológica. emocional (Noreña et al., 2010).
Se concluye que el proceso de rehabilitación debe ser Prejuízos na cognição podem estar relacionados
mejor explorado, sistematizado y que las técnicas deben à má qualidade de vida a longo prazo em aciden-
ser divulgadas y publicadas por la literatura científica. tes vasculares isquêmicos, entre esses, afetando
Palabras clave: rehabilitación cognitiva, accidente vas- as funções executivas (Oksala et al., 2009), então
cular cerebral, procesos básicos a reabilitação neuropsicológica se faz necessária.
Indivíduos avaliados através de uma bateria de
testes neuropsicológicos de memória, memória de
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) pode causar trabalho, funções instrumentais e executivas, seis
prejuízos cognitivos e emocionais na memória e meses após o primeiro AVE apresentaram correla-
linguagem (Corbett, Jeferries, & Ralph, 2009), nas ção significativa entre os prejuízos cognitivos, o
funções visuoespaciais, (Lima & Kaihami, 2001), funcionamento social e a qualidade de vida (Hom-
nas funções executivas (Park, Yoon, & Rhee, 2011; mel, Miguel, Naegele, Gonnet, & Jaillard, 2009).
Pohjasvaara et al., 2002), atenção (Rengachary, He, A reabilitação cognitiva é considerada um dos
Shulman, & Corbetta, 2011) e, ainda alterações componentes da reabilitação neuropsicológica
de humor (Terroni, Mattos, Sobreiro, Guajardo, (Ávila & Miotto, 2002). Dentre suas funções, a
& Fráguas, 2009). Após três meses do AVC, uti- reabilitação neuropsicológica abrange uma com-
lizando-se uma extensa bateria neuropsicológica binação de psicoterapia, participação da famí-
em população clínica foi encontrado que 55 % lia através de grupos, instruções terapêuticas aos
dos pacientes tinham comprometimento em pelo pacientes, sendo sempre realizada dentro de um
menos um domínio cognitivo, 27 % apresentaram contexto multidisciplinar (Manzine & Pavarini,
déficits cognitivos sem prejuízo da memória, 7 % 2009). Avanços na área de reabilitação começaram
com déficits somente na memória e 9 % prejuízos na a ocorrer somente após a Primeira e a Segunda
memória e outros prejuízos cognitivos (Madureira, Guerra Mundial, período no qual os pesquisadores
Guerreiro, & Ferro, 2001). Em relação aos aspec- e especialistas passaram a empregar esforços para
tos emocionais a depressão parece ser o transtorno compreender como os diferentes tipos de lesões
mais prevalente, dependendo da localização e la- influenciavam o comportamento humano e como
teralidade da lesão (Terroni, Leite, Tinone, & Frá- se poderia remediá-los (Pontes & Hübner, 2008).

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Morgana Scheffer, Lidiane Andreza Klein, Rosa Maria Martins Almeida

A Reabilitação Cognitiva identifica e guia ne- (stroke). Palavras relacionadas aos termos de busca
cessidades e objetivos individuais, no qual esse não foram incluídas.
processo relaciona estratégias para obter novas in- O material selecionado seguiu os seguintes cri-
formações ou mecanismos compensatórios, como térios de inclusão: (a) estudos com dados empíricos
o uso da memória (Clare & Woods, 2008). Com como modalidade de produção científica; (b) po-
relação aos pacientes acometidos pelo AVC, os ob- pulação adulta como participantes; (c) dados com
jetivos de reabilitação são: prevenir complicações; humanos; (d) ano de publicação entre 2000 e 2011.
recuperar ao máximo as funções cerebrais com- A partir destes critérios, foi realizada uma leitura
prometidas pelo AVC, que podem ser temporárias preliminar dos resumos encontrados, sendo que os
ou permanentes; devolver o paciente ao convívio trabalhos originais dos resumos selecionados fo-
social, tanto na família quanto no trabalho, reinte- ram buscados, quando disponíveis. Foi feita uma
grando-o com a melhor qualidade de vida possível leitura analítica dos artigos identificando a amostra
(Damiani & Yokoo, 2002). Após estágio agudo do estudada, o método e os resultados.
evento neurológico, ou seja, quando as medidas
terapêuticas são focadas em “prolongar vidas”, um Resultados
número significativo de pacientes são vítimas de
conseqüências do dano cerebral a longo prazo (Kor- A pesquisa ocorreu em três bases de dados de estu-
zetkowska et al., 2010). Esses prejuízos funcionais dos científicos, uma nacional e duas internacionais.
exigem atenção de um especialista, entretanto, o Foram incluídos artigos de metodologia científica
número de pacientes com informações suficien- e dados empíricos, em inglês. Ressalta-se que um
tes a respeito de seus recursos e possibilidade de total de 19 artigos na íntegra foram incluídos na
tratamento é escasso. Aproximadamente 10 % dos presente revisão. Observou-se que seis artigos
indivíduos que sofreram um AVC ficam totalmente foram encontrados em ambas as bases de dados
incapazes; somente em 30 % é recuperada a função internacionais. Na Figura 1, há detalhes sobre os
neurológica anterior apresente um risco de recidiva passos da busca e na Tabela 1 estão expostos os
de 20 % (Azeredo & Matos, 2003). resultados da pesquisa.
A partir do exposto acima, este estudo teve
como objetivo realizar uma revisão exaustiva da
literatura a qual permita abranger os diferentes BIREME Web of Science Pubmed
programas de reabilitação neuropsicológica, bem
como, as ferramentas utilizadas em tais programas.
Para tanto, foi feita uma revisão sistemática da lite- 3 artigos nacionais 988 artigos 1104 artigos

ratura científica, a respeito de programas de reabili-


tação cognitiva realizados em pacientes adultos que
Critérios de inclusão Critérios de inclusão Critérios de inclusão
sofreram lesão vascular como o AVC e as devidas
técnicas utilizadas na reabilitação de tais funções.
3 86 89
Método

Foi realizada uma busca de artigos científicos nas Objetivos do estudo Objetivos do estudo Objetivos do estudo

bases de dados com publicações nacionais e inter-


nacionais na área da saúde: Bireme, Web of Science
e Pubmed, abrangendo o período de 2011 a 2000. 0 13 12

Para tanto, utilizaram-se os descritores conexos


através de “e” (and): reabilitação cognitiva (cog- Figura 1. Passos da busca de artigos científicos nas bases
nitive rehabilitation); acidente vascular cerebral de dados Bireme, Web of Science e Pubmed entre os anos
de 2000 a 2011.

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Tabela 1
Descrição dos estudos selecionados para a revisão sobre reabilitação neuropsicológica e AVC
Autor Objetivos Amostra Função / Domínio Método Intensidade Resultados

Verificar o efeito do simulador 30 indivíduos, pós-primeiro Atenção dividida e seletiva, No grupo do grupo do Treinamento de 15 horas, por O programa Simulador
de direção versus terapia AVC em menos de três meses habilidades visuoespaciais, simulador, foram realizadas cinco semanas, uma hora por de Direção acelerou a
de reabilitação cognitiva na participaram do simulador raciocínio executivo, e 12 rotas de cinco km cada, dia, três vezes por semana. recuperação da competência
aptidão para conduzir, em de direção e 31 da terapia velocidade de processamento com treinos de controle de de condução, em seis
indivíduos com AVC, a longo cognitiva. Idade média: mental. pista, velocidade, antecipação meses pós- AVC, mas estes
prazo. grupo simulador: 58±12; de sinal, reconhecimento, benefícios desaparecem em
grupo reabilitação cognitiva: percepção do risco, e manobras longo prazo.
59±12. A maioria de ambos de ultrapassagem. No grupo de
s grupos apresentou nível de terapia cognitiva foram treinadas
escolaridade superior. resolução de problemas,

Devos et al. (2010).


habilidades visuoespaciais,
memória, planejamento,
reconhecimentos de sinais de
entrada, e encontrar rotas através
“off-the-shelf-games”.

Determinar se um combinado 11 participantes, com AVC Funções executivas inibição Nenhuma formação cognitiva foi Seis meses de exercício físico O exercício físico e recreação
de atividade física e programa crônico nas extremidades da resposta, flexibilidade feita durante as sessões, somente por duas horas semanais e melhoraram a memória e
de recreação podem melhorar inferiores, com hemiparesia. cognitiva e memória foram socialização e aprendizagem de recreação uma hora. funções cognitivas.
o funcionamento executivo e Idade média 67±10,8 anos. avaliadas no inicio, aos três e novas habilidades. Exercícios
memória de indivíduos com seis meses. físicos eram compostos por
AVC. alongamento, equilíbrio e
exercícios específicos. As
sessões de recreação incluíram

Tawashy (2010).
atividades sociais como jogar
bilhar, boliche, artesanato, e

Rand, Eng, Liu-Ambrose, e


culinária.

Explorar o potencial do Quatro indivíduos após Desempenho das atividades Os movimentos do usuário foram 10 sessões de 60, minutos, Houve potencial para
programa de realidade virtual primeiro AVC, com lesão da vida diária. processados no mesmo plano durante três semanas. melhora das funções
(supermercado virtual), como unilateral. Idade entre 53 e 70 como animação de tela, texto, executivas e multitarefa que
instrumento de intervenção anos e tempo de lesão entre 5 gráficos, e som, que respondem envolvem regras, utilização
para pessoas com déficits e 27 meses. em tempo real. Portanto, o de estratégias e eficiência.

(2009).
cognitivos após AVC. usuário se vê no ambiente virtual Em dois participantes, o
e interage consigo mesmo. Neste desempenho nas atividades da

Rand, Weiss, e Katz,


caso, a tarefa era fazer compras. vida diária melhorou após as
intervenções.

Avaliar a eficácia de um Seis indivíduos com primeiro Funções executivas, memória, Foram utilizados quatro Seis indivíduos com primeiro Os resultados demonstraram
programa de reabilitação, na AVC, na fase crônica, sem atenção, e atividades da vida programas de formação AVC, na fase crônica, sem que este programa
casa dos indivíduos. afasia. Idade média de 48,7 diária. mistos: terapia de remediação afasia. Idade média de 48,7 individualizado melhorou o
anos. Educação mínima de cognitiva, recontar histórias, anos. Educação mínima de desempenho nas atividades
nove anos. jogos cognitivos, e exercícios nove anos. instrumentais da vida diária.
aeróbicos.

Pyun et al. (2009).

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Autor Objetivos Amostra Função / Domínio Método Intensidade Resultados

Investigar o potencial da 55 indivíduos completaram Funções executivas, Os grupos de música e Dois meses, uma hora A memória verbal, memória
música na reabilitação do o estudo. AVC isquêmico memória, atenção sustentada, linguagem ouviram músicas diária de treinamento. Os de trabalho, e atenção,
AVC. na fase inicial, distribuídos fluência verbal, cognição autosselecionadas de sua participantes foram avaliados linguagem e funções
igualmente em três grupos: visuoespacial, cognição preferência ou livros de áudio, nos três e seis meses após executivas melhoraram
de música, de linguagem, e musical, humor, e qualidade respectivamente, enquanto o início das intervenções significativamente em ambos
controle. Idade média; Grupo de vida, e depressão. grupo controle não recebeu os grupos, dentre grupos. No
música: 56,1±9,6 anos; nenhum material de áudio. Antes grupo de música, os efeitos
Grupo linguagem: 59,3±8,3 de iniciar as intervenções, duas foram significativos no humor
anos; Grupo controle: 61,5±8 curtas partes musicais e dois deprimido e confuso nos dois

Särkämo et al., (2008).


anos; Maioria dos grupos poemas de valência negativa momentos da avaliação.
apresentou nível médio de e de valência positiva foram
escolaridade. apresentados aos participantes.

Investigar a eficácia do Mulher, 60 anos, AVC Afasia, compreensão de Os procedimentos para Cinco semanas, em 16 Revelou ganhos modestos na
tratamento cognitivo nas hemorrágico frontal. Controle: leitura, atenção em atividades tratamento foi com base no sessões. taxa de leitura e compreensão.
competências linguísticas, mulher, 66 anos, sem diárias. Questionário de Atenção II. O
examinando a influência do antecedentes neurológicos. instrumento é composto por
treinamento da atenção direta estímulos simples e complexos
nas dificuldades de leitura da atenção. Os estímulos são
leve após afasia. auditivos e verbais com um
único número, letras isoladas,
palavras, e sequência de

Sinotte e Coelho (2007).


números.

Examinar os correlatos Um indivíduo afásico, com Mapeamento cerebral por Foram selecionadas imagens Diariamente, em sessões Nomeação de figuras esteve
Morgana Scheffer, Lidiane Andreza Klein, Rosa Maria Martins Almeida

neurobiológicos do tempo de lesão de 48 meses e ressonância magnética padronizadas de objetos de uma hora por quatro associada com ativações no
desempenho na nomeação de com 52 anos. durante nomeação. concretos, que o indivíduo teve semanas. giro pré-central direito, no
imagem. que nomear. Metade das imagens giro frontal inferior direito,

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foram usadas como treinamento no giro frontal médio, e na
e outra metade como controle. ínsula direita e no precuneus
Treinamento fonológico iniciou esquerdo. Estratégias
após um pré-treinamento com fonológicas podem melhorar
pistas que eram sílabas iniciais a nomeação, anteriormente
de palavras e inserção de prejudicada e induzir a

ViFFVitali et al. (2007).


seguintes sílabas até completar reorganização cerebral.
50% das palavras, corretamente.

Examinar os efeitos de um 18 participantes entre um e Memória verbal e Treinamento computadorizado Cinco dias por semana ao Após um ano do AVC, o
treino computadorizado da três anos após o AVC.Maioria visuoespacial, controle em várias tarefas de memória de longo de cinco semanas, com treinamento sistemático
memória de trabalho em apresentou primeiro episódio inibitório, resolução de trabalho, tais como: reprodução duração de aproximadamente da memória de trabalho
indivíduos com AVC. no período crônico da lesão. problemas, aprendizagem, de uma sequência de luzes, 40 minutos. melhorou significativamente a
Idade média de 54±7,7 anos. raciocínio não verbal, e indicação de números em ordem memória e a atenção.
Média de escolaridade: 12± 3 funcionamento cognitivo na inversa, identificação de posição
anos de estudo. vida diária. de letras em uma sequência de
palavras e de pseudopalavras, e

Westerberg et al. (2007).


de pseudopalavras.
Autor Objetivos Amostra Função / Domínio Método Intensidade Resultados

Avaliar um programa de Caso único, homem, 53 anos, Memória de trabalho, Oito tarefas diferentes foram Três sessões de uma hora de Melhora estatisticamente
reabilitação da memória de masculino, pós-graduado. memória de longo prazo, usadas, envolvendo treinamento, duração, durante seis significativa foi encontrada
trabalho verbal. AVC lobo temporal esquerdo. atenção, e atividades da vida armazenamento e processamento semanas. para as medidas alvo e para as
diária. de componentes de memória habilidades da vida diária.
de trabalho verbal, tais como:
reconstrução de palavras,
soletração,e classificação de

Vallat et al. (2005).


palavras.

Descrever ou caracterizar 397 indivíduos com AVC, Resolução de problemas, As atividades foram divididas em Média de 16,4 sessões de Os resultados sugeriram que
alguns aspectos básicos da com medida de independência memória, fala, expressão categorias cognitiva e linguística. SLP, durante uma média o uso de alto nível cognitivo
prática SLP (speech-language funcional nos níveis de um verbal, compreensão auditiva Atividades complexas de nível de 11,4 dias, consumindo e de atividades lingüísticas do
pathology) e os efeitos das a cinco, internados em cinco e escrita, orientação, e cognitivo e linguístico médio aproximadamente 602 SLP complexo, no início da
atividades específicas SLP em hospitais de reabilitação. atenção. foram as de maior demanda minutos. internação do paciente pode
um subgrupo de indivíduos do paciente ou mais abstratos: resultar em uma prática mais
sem diagnóstico de afasia. verbal e escrita auditiva, eficaz e melhores resultados,
expressão e compreensão da independentemente do nível
leitura, memória e pragmática. funcional do paciente da

Hatfield et al. (2005).


De alto nível foram: habilidades gravidade da comunicação na
de funcionamento executivo, admissão.
resolução de problemas e
raciocínio.

Examinar o impacto de um 50 indivíduos após primeiro Independência em atividades Cada indivíduo teve intervenções 15 meses, com duas a três Este estudo documentou as
programa de reabilitação evento de AVC. Idade média diárias, o exame do estado terapêuticas de acordo com suas horas de terapia diária melhorias nas habilidades
multidisciplinar nas de 55 anos. mental, e qualidade de vida. necessidades: físicas, cognitivas, individualizada. físicas e cognitivas, e
capacidades físicas e linguísticas, e deficiências qualidade de vida na amostra
cognitivas, e qualidade de sensoriais, com equipe de indivíduos em reabilitação.
vida após o AVC. multidisciplinar. Participantes
recontaram histórias em ambas

Delargy (2005).
O’Connor, Cassidy, e
as modalidade de reabilitação e o
nível de satisfação foi avaliado.

Medir o desempenho de 14 indivíduos com AVC - - - Houve alto nível de


adultos em programas de no hemisfério direito e 14 satisfação com o método de
reabilitação através de indivíduos com AVC no videoconferência.
videoconferência e método hemisfério esquerdo de início
face-a-face. recente.

Georgiadis,
e Baron (2004).
Brennan, Barker,
Avaliar a eficácia da 50 indivíduos com primeiro Resolução de problemas, Os indivíduos foram Diariamente, por 11 dias, Maior nível motor no
reabilitação na internação episódio de AVC e média de memória, expressão escrita monitorados semanalmente com unidades de estímulos momento da alta foi associado
para o pós-AVC, e examinar a 14 dias após o evento. Idade e oral, compreensão auditiva quanto a intensidade das terapias variados por dia. com idade mais jovem, com o
relação entre a intensidade das entre 39-83 anos. e verbal, produção do física, ocupacional, e da fala. nível cognitivo, e recebimento
terapias e do estado funcional discurso, gestão financeira, de terapia da fala. Maior nível
na alta. comunicação, atenção, cognitivo foi associado com
orientação, e comunicação menor intervalo na admissão e

Keren et al. (2004).


gestual. intensa terapia ocupacional.

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Autor Objetivos Amostra Função / Domínio Método Intensidade Resultados

Avaliar a importância relativa 198 indivíduos após primeiro Resolução de problemas, Foram realizadas tarefas - A gravidade do
do foco na terapia, intensidade evento isquêmicos sendo 137 memória, orientação, atenção, cognitivas tais como: orientação, comprometimento da
e tempo de permanência no período agudo da lesão. e concentração. compreensão auditiva e cognição no momento da
controlando a gravidade do Idade média de 68,6±12,3 de leitura, expressão oral, admissão foram preditores
AVC . anos. atenção, memória, resolução de significativos para os escores
problemas, comunicação gestual de mudança residual.
e pragmática, manipulação
de dinheiro, e comunicação

Mallinson (2004).
funcional.

Bode, Heineman, Semik, e


Avaliar se a vibração 17 indivíduos com lesão Exploração e discriminação Foram realizados movimentos Cinco sessões de 40 minutos Houve efeitos superiores
muscular do pescoço é uma cerebral no hemisfério direito visual e dificuldades em oculares para lado ipsilesional semanais de procedimentos no tratamento combinado.
técnica efetiva na reabilitação com tempo de lesão entre dois tarefas da vida diária e contralesional em eixos em uma sequência fixa Foram alcançados efeitos
da negligência com efeitos e 13 meses. relacionadas a exploração horizontais e diagonais. Na de curta duração por três específicos e duradouros na
benéficos duradouros. Idade entre 30 e 78 anos. visual. primeira tarefa um quadrado semanas. redução da negligência visual
Escolaridade entre oito e 16 pequeno, vermelho ou verde foi como no cancelamento, no
anos. apresentado aleatoriamente em número de omissões. Tais
uma tela de computador. Após, melhoras foram transferidas
palavras simples entre três e às atividades da vida diária
onze letras foram apresentadas verificada através de um

(2002).
horizontalmente tendo que ser teste de leitura, dos cuidados
lida em voz alta. Após 75% pessoas e orientação
de respostas corretas, o nível visuoespacial, e à percepção
Morgana Scheffer, Lidiane Andreza Klein, Rosa Maria Martins Almeida

de dificuldade aumentou. No tátil, Tais efeitos positivos


tratamento combinado realizou- foram evidentes final do
se estimulação vibratória do tratamento e após dois meses
pescoço enquanto as tarefas eram de seu término.

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Schindler, Kerkhoff, Karnath, Keller, e Goldenberg
realizadas.

Examinar efeitos na 127 indivíduos que sofreram - Foi utilizado um programa de - O programa realizado através
percepção de cores e funções AVC e 39 controles saudáveis. computador que foi criado para de intervenções utilizando
cognitivas visuais após Idade entre 40 e 65 anos. testar e reabilitar pacientes com o computador colaborou
reabilitação. vários tipos de danos cerebrais. no ganho de habilidades na
restauração de distúrbios de
percepção visual.

Gurevicius (2001).
Lukauskiene, Viliunas, Jasinskiene, e
Autor Objetivos Amostra Função / Domínio Método Intensidade Resultados

Monitorar a capacidade de Nove indivíduos apresentando - Sistema composto por um - A utilização do mouse
indivíduos de navegar e grau leve a moderado de computador que exibiu a cozinha apresentou poucas
interagir com o ambiente comprometimento cognitivo virtual. Os indivíduos deviam dificuldades, fato que não
virtual. após lesão neurológica, selecionar objetos determinados verificado com a utilização da
incluindo o AVC. pelo terapeuta usando o mouse luva. Tais fatos parecem ser
ou a luva para manipular o devido falhas na percepção de
ambiente virtual diretamente. profundidade. Após a prática
a maioria dos indivíduos,
principalmente os mais jovens
foram capazes de utilizar
ambos os recursos de forma
satisfatória.

Gourlay, Lun, e Liya (2000).


Proporcionar aos indivíduos Um estudo de caso de - O AUDIX forneceu exercícios Várias vezes ao longo de duas Ocorreu discriminação
com deficiência na fala, indivíduo afásico, com de discriminação auditiva semanas. auditiva entre palavras.
decorrente de AVC, a dificuldade moderada na e apresenta uma mistura de
reabilitação cognitiva baseada compreensão da fala. estímulos visuais (palavras,
num sistema multimídia, imagens), juntamente com áudio
chamado AUDIX. digital (voz).

Grawemeyer, Cox, e Lum (2000).


Verificar se a terapia 36 indivíduos com AVC no Compreensão da linguagem, Terapeuta Ocupacional ensinou 12 semanas de terapia, Os resultados demonstraram
ocupacional auxilia na sua hemisfério esquerdo sem memória de curto prazo, estratégias aos indivíduos, que variando de três a cinco que a presença de apraxia
reabilitação de indivíduos apraxia e 33 com apraxia. capacidade de imitar gestos, ambos julgaram relevante dele sessões semanais. A cada duas está associada a deficiências
com praxia após AVC. rasteio cognitivo, atenção, (re) aprender. semanas as estratégias foram cognitivas e motoras
avaliação de funções físicas, e modificadas. adicionais. O resultado da
atividades da vida diária. reabilitação pareceu mais
proeminente em indivíduos

(2000).
que no início estavam mais
prejudicados na deficiência
motora, gravidade da apraxia
e desempenho das atividades

Stehmann-Saris, e Kinebanian
Van Heugten, Dekker, Deelman,
da vida diária.

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Reabilitação neuropsicológica em pacientes com lesão vascular cerebral: uma revisão sistemática da literatura

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Morgana Scheffer, Lidiane Andreza Klein, Rosa Maria Martins Almeida

Observou-se que as funções cognitivas traba- al. (2009), Rand et al. (2010), Rand, Weiss, e Katz
lhadas com maior frequência em programas de (2009), O’Connor, Cassidy, e Delargy (2005),
reabilitação foram memória, funções executivas, Gourlay et al. (2000) e van Heugten et al. (2000). A
compreensão e linguagem escrita. Tais domínios satisfação do paciente quanto ao método utilizado
cognitivos foram relacionados ao progresso no na reabilitação foi considerada apenas no estudo
desempenho em atividades da vida diária, como de Georgiadis, Brennan, Barker, e Baron (2004).
é possível verificar na maioria dos estudos que se Em relação às emoções, foi observado um nú-
propuseram a avaliar tais variáveis como Pyun et mero reduzido de artigos que verificaram tais as-
al. (2009), Sinotte e Coelho (2007), Vallat et al. pectos durante o trabalho de reabilitação, sendo
(2005), Schindler, Kerkhoff, Karnath, Keller, e apenas o estudo de Särkämo et al. (2008). Este
Goldenber (2002), e van Heugten, Dekker, Deel- estudo apresentou melhoras no humor deprimido
man, Stehmann-Saris, e Kinebanian (2000). dos pacientes concomitante à melhora na memória
Em relação ao método utilizado, observou-se o verbal e atenção concentrada. Importante relatar
uso da realidade virtual em alguns estudos através que a maioria dos estudos reabilitou pacientes em
da exploração de ambientes virtuais. Tais ambientes período crônico após o AVC, sendo que pouco de-
se mostraram satisfatórios quanto ao desempenho les a amostra foi constituída por pacientes na fase
em atividades da vida diária (AVD), entretanto, inicial da lesão vascular.
intervenções baseadas na terapia ocupacional mul-
tidisciplinar também se mostrou eficaz para as Discussão
AVDs. Esta última utilizou-se do computador sem
interação direta e do treinamento, armazenamento e Através da busca nas bases de dados, observou-se
processamento de funções como memória de traba- que não há, na literatura brasileira, trabalhos sobre
lho. Foi possível observar ainda, algumas técnicas a reabilitação cognitiva e AVC. Tal fato pode ser
tais como: treino cognitivo e estratégias compen- devido a limitações quanto ao conhecimento dos
satórias, sendo que alguns estudos não definiram prejuízos causados pelo AVC a nível social, cog-
suas intervenções. nitivo e emocional (Hommel et al., 2009), somado
Alguns estudos falharam quanto à descrição ao crescente interesse na reabilitação de indivíduos
mais detalhada das técnicas utilizadas durante a com doenças degenerativas (Manzine & Pavarini,
reabilitação, entretanto, percebeu-se o uso de perí- 2009). Ainda há necessidade de encontrar o tipo
odos curtos e de alta frequência na maioria deles. e intensidade de reabilitação que traga resultados
O tempo variou de 10 dias a 15 semanas, com nú- e benefícios ideais à essa população neurológica
mero de sessões que variaram de um a sete vezes (Fuhrer, 2003).
por semana, com duração mínima de 40 minutos Na literatura internacional, os trabalhos são
e máxima de duas horas, sendo que a maior parte escassos e 11 de 19 descreveram as técnicas uti-
dos estudos relatou resultados satisfatórios, com lizadas. Os sobreviventes do AVC, geralmente, se
uma exceção que não mostrou benefícios em longo deparam com incapacidades residuais tais como:
prazo. Um estudo apenas (Gourlay, Lun, & Liya, dificuldades motoras, sensoriais, na linguagem e
2000) não descreveu o tempo e número de sessões cognitivas como memória, por exemplo. A cur-
da reabilitação. va que representa a trajetória da recuperação das
Características de validade ecológica foram funções físicas e cognitivas afetadas pelo AVC
verificadas em intervenções adaptadas à casa do atinge um platô aproximadamente seis meses após
paciente submetido à reabilitação, em interação o episódio, período no qual o AVC é considera-
direta com os familiares, assim como, em interven- do crônico. Num período que varia de um mês a
ções onde o próprio paciente optava pelo material dois anos após o AVC, os sobreviventes podem
a ser utilizado com base em sua preferência, fami- sofrer deterioração da funcionalidade, melhorar
liaridade e necessidade e, de atividades voltadas ou permanecer estabilizados na condição inicial
para o âmbito social como nos estudos de Pyun et (Skilbeck, 1996). Os achados do presente estudo

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Reabilitação neuropsicológica em pacientes com lesão vascular cerebral: uma revisão sistemática da literatura

corroboram com tais dados, os quais foram possí- maioria dos estudos que descreveu em maiores deta-
veis verificar estudos que realizaram intervenções lhes o método e técnicas empregadas na reabilitação
no período agudo da lesão, e também, relataram trabalhou utilizando-se mais do treino cognitivo do
que o nível de comprometimento na admissão de que de estratégia compensatória. O treino cognitivo
programas de reabilitação está relacionado à me- pode produzir efeitos importantes e de proteção no
lhora no desempenho cognitivo, sendo que apenas desempenho neuropsicológico em longo prazo (Va-
um não mostrou tal relação. lenzuela & Sachdev, 2009). Entretanto, é importante
Entre os estudos encontrados, foram observados ressaltar que a finalidade de um estudo científico de
programas de reabilitação através da exploração dados empíricos requer uma metodologia breve,
de ambientes virtuais, sendo alcançado um nível sendo que na clínica, os períodos tendem a estender-
de desempenho satisfatório nas atividades da vida -se, o que pode ter influência na maior utilização de
diária (AVD) por meio dos recursos virtuais, dados alguns métodos e não de outros.
estes corroborados pelo estudo de Laver, George, O objetivo da reabilitação cognitiva é a recupe-
Thomas, Deutsch, e Crotty (2011). Esses resultados ração do paciente ao mais alto nível psicológico,
indicam que a realidade virtual lida com tarefas de físico e social possível, que ocorre através da esti-
validade ecológica, as quais são de grande efetivi- mulação cognitiva e da melhora na aprendizagem
dade para o dia-a-dia dos pacientes e proporciona devido a repetições frequentes, uma vez que, as
o reaprendizado de domínios funcionais específi- tarefas de repetição produzem mudanças neuro-
cos (Zhang et al., 2002). Os ganhos adquiridos nos nais alterando as sinapses e o número de conexões
programas de reabilitação, transferidos, em sua (Abrisqueta-Gomez & Santos, 2006). No único
maioria à vida do paciente, de fato, proporcionam estudo que investigou correlatos neurobiológicos
vantagens de uso, pois fornecem maior motivação a partir do treino cognitivo (Vitali et al., 2007) foi
ao usuário (Walker, Leonardi-Bee, & Bath, 2004). mostrado efeitos positivos e uma possível indução
Recursos que auxiliam na compreensão de objetos a reorganização cerebral. Tal resultado sugere que
ou situações abstratas, permitem a observação de paciente poderão se beneficiar de mudanças a ní-
cenas em diferentes distâncias encorajando assim, vel cerebral mesmo no período crônico da lesão.
a participação ativa de quem o manipula (Cardoso Em casos de maior gravidade, torna-se necessário
et al., 2004). o apoio de familiares até que o aprendizado seja
Progressos no desempenho das AVDs da mesma unificado a rotina do paciente de maneira adequa-
forma foram observados em estudos que utiliza- da (Santos, Figueiredo, & Teixeira, 2011). Prejuí-
ram o método da terapia ocupacional, de origem zos cognitivos, principalmente de linguagem e de
multidisciplinar, com tarefas utilizando a tela do funções executivas parecem estar estreitamente
computador, porém, sem interação direta, e com relacionados com o bom desempenho em tarefas
treinamento, armazenamento e processamento de da vida diária e participação em atividades sociais
funções como memória de trabalho verbal. Tarefas (Viscogliosi et al., 2011), também em fases crônicas
voltadas ao cotidiano do paciente são de extrema da lesão (Novakovic-Agopian et al., 2011).
importância considerando que o objetivo é alcançar A utilização de baterias neuropsicológicas pos-
o retorno a vida independente, as atividades diárias sibilita uma análise mais apurada dos prejuízos cog-
como retorno à atividade laboral, aos estudos e a nitivos em pacientes após AVC. Na revisão realiza-
administração de recursos (Spooner & Pachana, da, foi possível observar programas de reabilitação
2006). Tais resultados poderão ser conquistados voltados principalmente para a linguagem, funções
com a participação ativa da família (Manzine & executivas e memória, incluindo memória de tra-
Pavarini, 2009). balho. Estudo de Passier et al. (2010) mostrou que
A reabilitação cognitiva deve ser funcional e de 111 indivíduos após AVC hemorrágico, 94.6 %
ecologicamente válida baseada, principalmente, na deles relataram pelo menos uma queixa em seu
combinação de estratégias compensatórias e trei- desempenho cognitivo, como também, emocional
namentos (Bennett, 2001). Na presente revisão, a as quais prejudicavam as AVDs. As queixas mais

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Morgana Scheffer, Lidiane Andreza Klein, Rosa Maria Martins Almeida

frequentes foram lentidão mental, memória de tra- estudo de Vitali et al. (2007) encontrado na presente
balho e atenção, estando às questões emocionais re- revisão utilizou técnicas semelhante ao estudo aci-
lacionadas com o funcionamento cognitivo de tais ma citado, também, com resultados satisfatórios.
funções. Este estudo está de acordo com algumas Os efeitos da música na linguagem no estudo de
das funções cognitivas trabalhadas nos programas Särkämo et al. (2008) foram positivos, o que está
de reabilitação na presente revisão, assim como, de acordo com o estudo de Kim e Tomaino (2008)
reforça a influência das alterações emocionais e que mostrou progresso em indivíduos com afasia
cognitivas nas atividades diárias, frequentemente não-fluente através da terapia musical.
estimuladas nos estudos de reabilitação. Outro aspecto importante é a intensidade do tra-
Considerando os aspectos da linguagem, como tamento. Pesquisa tem mostrado que paciente com
por exemplo, a afasia, esta é considerada como o distúrbios de linguagem se beneficiam de tratamen-
mais complexo distúrbio da fala após doenças cére- tos intensos, em torno de 5-10 horas por semana
bro vascular. Na presente revisão, apesar de ter sido (Breitenstein et al., 2009). No presente estudo, foi
uma das funções que apareceu com maior frequên- possível observar que a reabilitação dos pacientes
cia, ainda, pouca atenção tem sido dada a paciente foi feita através de sessões diárias com duração de
com distúrbios de linguagem, tanto de expressão uma hora cada dia o que é considerado adequado
como de compreensão, sendo que a maioria reali- ao estudo acima citado.
zou estudos de caso. Parece que há uma escassez No início da reabilitação, o paciente deve en-
de estudos se propondo a reabilitar pacientes com frentar o trabalho integrado de multicomponentes,
dificuldades severas de linguagem, limitando-se incluindo aspectos mentais e de tarefas de manipu-
apenas ao trabalho com distúrbios de nível leva a lação que parecem ter efeitos duradouros, podendo
moderado utilizando-se do treino cognitivo e de ser percebidos em longo prazo após término das
altas frequências de exposição ao mesmo estímulo. intervenções. O uso de tarefas envolvendo, por
Estudo com 52 pacientes diagnosticados afásicos exemplo, funções executivas como resolução de
(afasia global, afasia de Broca e anomia), após pri- problemas, pode estar associadas a melhores resul-
meiro episódio de AVC apenas 11 receberam algum tados em expressão verbal e compreensão auditiva.
tratamento fonoaudiólogo após deixar o hospital, Tal fato ocorre devido ao envolvimento do pensa-
sendo que destes, após um ano, a afasia evoluiu mento crítico, flexibilidade mental, integração de
para uma forma mais leve em um número signi- diversos componentes da informação, e manipula-
ficativo de pacientes (Klebic, Salihovic, Softic, & ção mental na capacidade para resolver problemas
Salihovic, 2011). Tal dado indica que distúrbios (Roca et al., 2010). O sucesso na reabilitação das
de linguagem, como as afasias, podem ser tratados funções executivas, bem como, da memória de
com intervenções adequadas e assim alcançar um trabalho está relacionada ao envolvimento com
resultado satisfatório e estável ao longo do tempo. as atividades diárias dos pacientes fazendo com
Os estudos revisados tem mostrado o trabalho que os mesmos se deparem com questões que de-
individual de tal função sendo que progressos po- mandem resolução e planejamento adaptados aos
derão ser melhor alcançados com o trabalho inte- objetivos reais conforme evidenciado por Levine
grado. Dessa forma, resultados mais significativos et al. (2011). Nos estudos encontrados na presente
no desempenho cognitivo dos pacientes poderão ser revisão, as intervenções objetivando reabilitar fun-
percebidos quanto comparados a resultados de in- ções executivas e memória de trabalho não foram
tervenções com foco mais individualizado, a partir voltadas a tarefas rotineiras e familiares ao indiví-
de tarefas que abrangem de maneira mais especifica duo como nos estudos de Westerberg et al. (2007) e
determinadas funções (Hatfield et al., 2005). Estu- Vallat et al. (2005), entretanto, os resultados foram
do de Lambon, Snell, Fillingham, Conroy, e Sage satisfatórios.
(2010) mostrou que o efeito combinado de habili- Outra função cognitiva reabilitada foi a me-
dades cognitivas e linguísticas resulta em melhores mória, principalmente verbal, que apareceu com
resultados na reabilitação da anomia, sendo que o frequência entre as funções reabilitadas na presente

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Reabilitação neuropsicológica em pacientes com lesão vascular cerebral: uma revisão sistemática da literatura

revisão através, principalmente, do treino cogni- velocidade da recuperação e o grau de adaptação


tivo e do aprendizado de novas habilidades. Tal variam de indivíduo para indivíduo e dependem da
função geralmente é trabalhada com a utilização gravidade das lesões e do engajamento em proces-
de estratégias compensatórias, sendo que os bene- sos de reabilitação eficientes. Em um programa de
fícios tendem a se manter ao longo do tempo. Estas reabilitação, é preciso considerar o tipo de pato-
estratégias geralmente estão relacionadas com a logia, limitações funcionais relacionadas ao meio
capacidade de o paciente funcionar de maneira in- ambiente e aos aspectos pessoais apresentadas pelo
dependente (Alladi, Meena, & Kaul, 2002; Gross paciente através de uma visão mais holística.
& Rebok, 2011). Complementando os dados acima, A expansão de estudos sobre tal tema torna-se
sendo o AVC a principal causa de incapacidade a essencial para o aprimoramento dos programas e
longo prazo, o objetivo da reabilitação é promover divulgação das metodologias utilizadas para popu-
melhoras ao longo do tempo, minimizando defici- lações específicas, como por exemplo, indivíduos
ências que se mantenham estáveis (Ifejika-Jones vítimas de lesões neurológicas de origem vascular.
& Barrett, 2011). Foram observados prejuízos, principalmente, rela-
Considerando a importância do número de epi- cionados à linguagem após lesão por AVC e uma
sódios, alguns estudos relataram reabilitar pacien- crescente investigação de métodos virtuais no pro-
tes após o primeiro episódio de AVC, sendo que a cesso de reabilitação com o objetivo de transferir
maioria não descreveu tal dado. Esta variável se os ganhos do processo terapêuticos à vida diária.
torna importante devido ao fato de que, múltiplos Grande parte dos estudos relatou progresso e resul-
infartos cerebrais podem ocasionar quadros de de- tados positivos após as intervenções, entretanto, a
mência vascular, principalmente, lesões na região maioria dos pacientes teve suas limitações detecta-
cortical, como também, diminuição do desempe- das e tratadas na fase aguda, sendo que muitos dos
nho cognitivo, como na memória e velocidade de pacientes foram estimulados em período agudo,
percepção (Arvanitakis, Leurgans, Barnes, Ben- após primeiro episódio de AVC. A reabilitação
nett, & Schneider, 2011). Estes dados corroboram cognitiva exige o envolvimento ativo do paciente,
com a importância de se considerar as múltiplas bem como de sua família ou indivíduos próximos,
ocorrências de AVC, assim como, sinais que in- objetivando maior sucesso no desenvolvimento do
diquem provável presença de quadro demencial programa de reabilitação voltado a rotina e espaços
para o delineamento adequado de um programa de frequentados pelo paciente.
reabilitação para essa população, como treino de O presente estudo limitou-se as descrições “re-
memória, de atividades funcionais e facilitação do abilitação cognitiva e acidente vascular cerebral”,
uso de estratégias compensatórias através de apoio ou seja, buscou estudos bastante específicos e li-
externo paralelamente ao trabalho dos profissionais mitados a população após AVC.Estudos ainda são
(Abrisqueta-Gomez & Ponce, 2006). necessários para investigar modelos de reabilitação,
Apenas o estudo de Georgiadis et al. (2004) re- com diferentes intensidades e metodologias, a fim
latou a satisfação dos pacientes quanto ao método de melhor abordar as técnicas mais utilizadas e de
utilizado, considerando tal variável fator impor- melhor resultados. Assim, poderá ser possível a ela-
tante para o sucesso das intervenções e resultado boração de protocolos específicos à reabilitação de
final do programa de reabilitação cognitiva, sendo tal população sempre considerando as característi-
que isolamento social, ansiedade e depressão são cas e estilos de vida particulares de cada indivíduo.
frequentes em sobreviventes de dano cerebral (Gai-
notti, 1993). Referências

Considerações finais Abrisqueta-Gomez, J., & Ponce, C. S. C. (2006). Modelo


de intervenção em reabilitação neuropsicológica
O presente estudo reforça a importância em ganhos do Serviço de Atendimento e Reabilitação ao Ido-
funcionais da reabilitação cognitiva após AVC. A so-SARI. In J. Abrisqueta-Gomez & F. H. Santos

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Fecha de recepción: 1º de agosto de 2012


Fecha de aceptación: 1º de octubre de 2012

Avances en Psicología Latinoamericana/Bogotá (Colombia)/Vol. 31(1)/pp. 46-61/2013/ISSNe2145-4515 61

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