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Apostila - Ensino de Ecóico Operações Estabelecedoras e Mandos Ensino de Tato Nomeação e Instrução Com Múltiplos ExemplaresArquivo
Apostila - Ensino de Ecóico Operações Estabelecedoras e Mandos Ensino de Tato Nomeação e Instrução Com Múltiplos ExemplaresArquivo
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Ensino de ecóico
Autoria: Iara Andriele Carvalho
Mestre em Teoria e Pesquisa do Comportamento
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vocalizações podem aumentar em outros momentos fora da terapia. No entanto,
uma vez que a frequência e variedade dos sons que ela emite tiverem
aumentado, chegou a hora de colocá-los sob controle ecóico, ou seja, agora a
resposta esperada da criança será repetir os sons modelados pelo terapeuta.
O procedimento para ensinar ecóico, portanto, consiste em apresentar um
modelo vocal (um fonema, sílaba ou palavra, a depender do repertório da
criança), esperar que ela repita o modelo e reforçar a ocorrência. Embora o
ecóico seja um operante verbal que tem como caraterística definidora a
correspondência ponto-a-ponto, no início do ensino é possível aceitar respostas
aproximadas da criança e exigir mais acurácia aos poucos.
Outra forma de estabelecer o ecóico é utilizar temporariamente operações
motivadoras. Desse modo, o treino inicia como uma mistura de mando com
ecóico. Por exemplo, se a criança demonstra ter uma operação motivadora por
carrinhos, você pode apresentar um para ela e falar a palavra “carro”. Se ela
repetir, você reforça entregando o carro. Assim, você adicionou duas fontes de
controle ao antecedente da resposta ecóica, a OM de privação do item e o
estímulo não verbal (o carro), que podem evocar a resposta desejada, bem
como, forneceu um reforçador específico. Feito isso, agora deve ser feito o
procedimento de transferência de função, que consiste no esvanecimento
desses antecedentes adicionais e a troca de reforçador específico para
generalizado. Uma forma de acelerar o processo é trocar o objeto por uma figura
dele e usar apenas reforço social caso a criança responda. A figura também deve
ser esvanecida, até que o único antecedente seja o modelo vocal.
Algumas crianças podem apresentar palavras soltas como mandos, por
exemplo, falar “suco” para pedir, mas não repetir a palavra quando solicitada.
Isso significa que ela ainda não tem a habilidade ecóica e que esta deve ser
ensinada, pois será importante para a aquisição de tatos, intraverbais e de
mandos mais complexos. Os procedimentos de transferência de função de
mando para ecóico e os demais apresentados podem ajudar no desenvolvimento
desse repertório.
Referências:
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Greer, R. D., & Ross, D. E. (2008). Verbal behavior analysis: Inducing and
expanding complex communication in children with severe language delays.
Boston: Allyn & Bacon.
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Operações estabelecedoras e mandos
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desenvolva os pré-requisitos de uma comunicação simbólica, o que inclusive,
pode ajudar na aquisição de fala.
Feita essa escolha, o segundo passo do ensino de mandos é escolher as
primeiras palavras a serem ensinadas como mandos. Visto que, o mando ocorre
sob controle de operações motivadoras, essas palavras devem ser os nomes de
itens reforçadores, de preferência, aqueles cujo acesso o adulto pode controlar.
Não é interessante, por exemplo, que os reforçadores da criança estejam ao
alcance dela o tempo todo, pois desse modo, não haverá operação motivadora
para a emissão dos mandos relativos a esses itens.
O terapeuta deverá selecionar pelo menos três diferentes palavras para
começar o ensino a fim de evitar que a criança aprenda a pedir usando uma só
palavra para tudo. Deve dar preferência a reforçadores que são rapidamente
consumidos (por exemplo, biscoito, suco), que tem curta duração, (por exemplo,
bolhas de sabão) ou que são fáceis de retirar da criança (por exemplo, vídeos).
É importante selecionar reforçadores que podem ser entregues durante o
decorrer do dia, nesse caso, não é interessante que todos sejam comestíveis,
para que a criança possa pedir em outros momentos e não somente nos horários
das refeições. Também se deve evitar reforçadores muito específicos ou difíceis
de entregar com frequência. Desse modo, aumenta-se as oportunidades para
que o mando da criança seja reforçado adequadamente. Reforçadores mais
difíceis de manejar rapidamente, como atividades que a criança gosta, podem
ser usados ao final da sessão.
As palavras selecionadas têm que ser relevantes no cotidiano da criança
para que ela ouça constantemente. Para crianças que conseguem vocalizar é
recomendado usar palavras curtas que incluam fonemas mais fáceis de
reproduzir (os bilabiais, por exemplo) e sempre considerar as habilidades de
ecoico atuais. Inicialmente ensine os mandos com apenas uma palavra até
garantir que a criança consegue pedir uma quantidade variada de reforçadores
e só depois vá inserindo frases maiores, como “ler o livro”, “Eu quero suco”.
Um procedimento básico para ensinar mandos vocais consiste em
observar para qual objeto a criança apresenta uma OM, ou seja, um potencial
reforçador (por exemplo, suco) e então apresentar esse item (estímulo não
verbal), perguntar “O que você quer?” e fornecer a dica ecoica (“suco”). Se ela
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responder corretamente terá acesso ao suco (reforçador específico). Em seguida
deve ser retirada a dica ecóica de modo que a criança responda na presença
apenas da OM e do estímulo não-verbal. No último passo a criança deverá pedir
apenas sob controle da operação motivadora e na ausência do estímulo não-
verbal, como mostra afigura abaixo.
Figura 1- Baseada em Sundberg & Partington, 1988.
Referências:
Greer, R. D., & Ross, D. E. (2008). Verbal behavior analysis: Inducing and
expanding complex communication in children with severe language delays.
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Sundberg, M. L., & Partington, J. W. (1998). Teaching language to children with
autism and other developmental disabilities. Pleasant Hill, CA: Behavior
Analysts.
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Ensino de tato
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Basicamente há duas formas principais de ensinar os primeiros tatos. A
primeira consiste em utilizar as palavras que a criança já sabe falar como mando
e a segunda, em partir de novas palavras realizando procedimentos de
transferência de função de ecóico para tato. Como as palavras aprendidas como
mandos estão relacionadas a itens reforçadores, é provável que a criança
aprenda mais rápido nesse tipo de procedimento, mas é importante que ela
aprenda a tatear dos dois modos. Nesse sentido, os dois tipos de procedimentos
podem ser realizados concomitantemente para testar qual apresenta melhores
resultados.
Ensinar a partir dos mandos requer o enfraquecimento da operação
motivadora pelos itens utilizados, pelo menos no contexto de treino. Por
exemplo, se a criança gosta muito de bola, é interessante que ao ensinar tato
ela não esteja tão privada desse reforçador para poder tateá-lo. O objetivo é que
a criança realize a mesma topografia de resposta que fazia no mando, mas com
uma função diferente. Agora ela deverá falar o nome do item, mesmo quando
não for recebê-lo, pois em vez dessa consequência específica ela terá acesso a
reforço generalizado. Para isso é necessário um procedimento de transferência
de função, ou seja, a resposta que antes estava sob controle de uma operação
motivadora deve ficar sob controle do estímulo não verbal e ter reforço típico de
uma resposta de tato (atenção, elogios e reforçadores não específicos).
O procedimento para ensinar tatos a partir de mandos (mand frame)
consiste em inicialmente apresentar o item, perguntar “O que é isto?” e fornecer
a dica ecóica para a criança responder. A resposta correta tem como
consequência a entrega do item, elogios e reforçadores físicos (por exemplo,
pular com a criança). Logo em seguida, é importante esvanecer a presença do
item para passar o controle da operação motivadora para o estímulo não verbal
e do reforçador específico para não-específico. Isso pode ser feito utilizando uma
figura no lugar do item real. O próximo passo é esvanecer a dica ecóica, o que
pode ser feito utilizando procedimentos de atraso de dica ou com apresentação
parcial da dica. Com algumas crianças é mais efetivo esvanecer a dica ecóica
antes da OM. O objetivo final é que a criança nomeie o item apenas na presença
dele próprio ou da figura. A figura abaixo exemplifica:
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Antecedentes Resposta Consequência
Operação motivadora
Dica não verbal “bola” Brincar com a bola
Estímulo ecóico
Dica não verbal “bola” elogio (RCG)
Estímulo ecóico
Estímulo não verbal “bola” Elogio (RCG)
Figura 1- Baseado em Sundberg (2007).
A segunda forma de ensinar tatos é utilizando novas palavras que não
correspondem a itens reforçadores. Nesse caso, o terapeuta apresenta o objeto
para a criança juntamente com a instrução verbal “O que é isto?” e fornece uma
dica ecoica. Por exemplo, ele mostra um lápis, pergunta “O que é isso?! e fala
lápis. A resposta correta da criança consiste em falar a palavra e deve ser
reforçada com elogios e reforçadores físicos, como cócegas. A dica ecóica deve
ser esvanecida o mais rápido possível, bem como o reforçador físico deve deixar
de ser apresentado, de forma que a resposta fique controle do objeto e receba
apenas reforço generalizado. A pergunta “O que é isso?” também deve ser
retirada posteriormente para promover tatos espontâneos.
A escolha das palavras a serem ensinadas deve seguir alguns
parâmetros. É importante que sejam substantivos e que sejam relevantes no dia-
a-dia da criança, de modo que ela interaja fisicamente com os objetos
correspondentes. Devem ser nomes de itens fáceis de discriminar entre outros
objetos e para os quais a criança já demonstra familiaridade, por exemplo,
conseguindo identificá-los como ouvinte. Também é importante que sejam
palavras curtas, com sons fáceis de produzir e apropriadas ao desenvolvimento
atual da criança.
Antes de ensinar características como cores e formas, por exemplo, é
muito importante que a criança já tenha um extenso repertório de tatos de itens
simples. Pular essa etapa do ensino em direção a respostas mais complexas
pode confundi-la e gerar problemas na discriminação condicional. Ela pode
entender que “bola vermelha” é o nome do objeto e chamar assim todas as bolas,
não abstraindo a característica “cor” que se queria ensinar. Ensinos desse tipo
requerem o uso de diferentes objetos cuja única característica em comum deve
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ser a cor. Esses cuidados são importantes para que a criança desenvolva uma
fala fluente e espontânea.
Referências:
Greer, R. D., & Ross, D. E. (2008). Verbal behavior analysis: Inducing and
expanding complex communication in children with severe language delays.
Boston: Allyn & Bacon.
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Nomeação e Instrução com múltiplos exemplares
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1- O terapeuta coloca um carro vermelho e um azul em cima da mesa e dá ao
estudante um carro azul para parear e diz “Coloca no azul”. O estudante
acerta e recebe o reforço.
2- Na tentativa seguinte, o terapeuta randomiza a localização dos carrinhos
sobre a mesa e fala “Aponta o vermelho.” O estímulo apresentado não pode
ser o mesmo da tentativa anterior para que isso não sirva de dica para a
criança.
3- Em seguida, o terapeuta pega o carrinho azul para que a criança emita o tato
“azul”, o que caracteriza um tato puro, pois não houve antecedente verbal. A
tentativa seguinte pode ser de um tato impuro, na qual o terapeuta aponta
para o carro vermelho e pergunta “Que cor é essa?” (É um tato impuro
porque a resposta estará sob controle do estímulo em si e da pergunta).
4- As mesmas etapas são feitas em relação aos demais estímulos em treino,
utilizando, por exemplo, objetos amarelos e verdes.
5- O procedimento continua com a rotação de cada estímulo nos diferentes
tipos de resposta, de modo que cada forma de resposta (pareamento,
ouvinte, tato puro e tato impuro) é apresentada 20 vezes e cada estímulo
(por exemplo, azul, vermelho, amarelo e verde) é apresentado 5 vezes para
cada tipo de resposta.
O ensino continua até que a criança adquira todos os repertórios para cada
um dos estímulos. Uma forma de verificar se o aprendizado está ocorrendo é
realizar sondas, por exemplo, apresentado tentativas isoladas para testar se a
criança já consegue responder como ouvinte ou tatear os estímulos que antes
não conseguia.
Referência:
Greer, R. D., & Ross, D. E. (2008). Verbal behavior analysis: Inducing and
expanding complex communication in children with severe language delays.
Boston: Allyn & Bacon.
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