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SILVA, Elvis Magno da.

Karatê-Do: origens / Elvis Magno da Silva. – Lavras:


Editora UFLA, 2013.
63 p. : il.

1. Artes Marciais. 2. Karatê-Do. 3. Shorin-Ryu. 4. Goju-


Ryu. 5. Origem do Karatê.
ÍNDICE

INTRODUÇÃO..........................................................................................4

CAP.1 – OKINAWA..................................................................................8

CAP. 2 – OS PRIMEIROS MESTRES....................................................15

CAP. 3 – O PRIMEIRO GRÃO-MESTRE SHORIN-RYU E SEU


SUCESSOR .............................................................................25

CAP. 4 – CONTINUAÇÃO DA ESCOLA SHORIN-RYU NO BRASIL


APÓS FALECIMENTO DO MESTRE KATSUYA
MIYAHIRA .............................................................................38

CAP. 5 – O NAHA-TE E O SURGIMENTO KARATÊ-DO GOJU ......47

CONCLUSÃO..........................................................................................58

REFERÊNCIAS .......................................................................................60
INTRODUÇÃO

A origem das artes marciais não é precisa. Isto se dá devido o fato das
histórias terem sido passadas de geração para geração mediante a tradição oral.
O mais aceito no meio marcial é que o nascedouro das artes marciais se deu na
Índia. Da Índia, foi levada até o templo Shaolin na China, e então para ilha de
Okinawa no Japão. Em cada uma destas etapas, a arte marcial ficou conhecida
com um nome específico. Quando na Índia, era chamada de Vajramushti, já na
China recebeu o nome de Shaolin Kung Fu (em chinês) ou Shorinji Kempo (em
japonês). No Japão, a arte ficou conhecida simplesmente como ‘Te’.
Sato (2012) comenta que a história das artes marciais começa a tomar
forma mais concreta a partir do século VI, quando no ano 520 A.D. um monge
budista indiano chamado Bodhidharma (28º patriarca do Budismo e fundador do
Budismo Zen) deixou seu país e partiu numa longa jornada em busca da
iluminação espiritual. Bodhidharma viajou da Índia para a China, onde o destino
o conduziu ao Templo Shaolin, localizado na província de Honan. Diz a tradição
que, ao chegar ao velho mosteiro, Bodhidharma deparou-se com a precária
condição de saúde dos monges, fruto de sua inatividade. Foi então que ele
iniciou os monges na prática de uma série de exercícios físicos, ao mesmo tempo
em que transmitia-lhes os fundamentos da filosofia Zen, com o objetivo de
reabilitá-los tanto física quanto espiritualmente.
Segundo o Temple of Light Brazilian Shaolin Kung Fu Training Center
(2012), Bodhidharma iniciou os monges do templo Shaolin em treinamentos
físicos e aos monges mais elevados, foi ensinada a arte marcial do Vajramushti.
O Vajramushti se mostrou muito útil aos monges peregrinos
que frequentemente eram atacados em suas viagens de peregrinação e
propagação do Budismo. A estes monges, foi ensinado por Bodhidharma
uma técnica marcial extremamente perigosa e mortal dividida em dezoito golpes
de mãos que foi chamada pelos monges de "As Dezoito Mãos Do Arhat"
(referindo-se á Bodhidharma) que em chinês ficou conhecido como "Shi Ba Luo
Han Shou". Dado a dificuldade de pronunciar a palavra "Vajramushti" os
monges mudaram o nome desta arte marcial para "Os Punhos do Arhat",
em chinês "Luo Han Quan". Após a morte de Bodhidharma, esta arte
foi ensinada para vários outros mestres, dentro e fora do templo Shaolin. Esses
mestres criaram muitas outras técnicas marciais derivadas das técnicas originais
de Bodhidharma, como por exemplo, a técnica do “Tai Zu Chang Quan”, criada
pelo imperador Tai Zu da dinastia Sung.

Figura 1: Bodhidharma - Pintura do Período Meiji (1880)


Fonte: Sato (2012).
A fama dos monges lutadores foi espalhada pela China, difundindo
amplamente as artes marciais durante a Dinastia Ming, alastrando-se ainda por
outros países da Ásia e dando origem a outros estilos de artes marciais, como
por exemplo o Karatê de Okinawa (BUSHINOTE, 2012).

Figura 2: Entrada original do templo Shaolin antes da reconstrução.


Fonte: Temple of Light Brazilian Shaolin Kung Fu Training Center (2012).

Disto posto, o objetivo principal deste trabalho é apresentar aos leitores


uma retrospectiva histórica do Karatê. Será abordado a arte marcial
originalmente conhecida como “Te” suas variações regionais (Shuri-Te, Tomari-
Te e Naha-Te) e como surgiram os dois primeiros estilos de Karatê advindos
destas variações regionais do ‘Te’, a saber: o Shorin-Ryu e o Goju-Ryu.
Também serão apresentados os principais mestres destes estilos e suas
histórias de vida e seus sucessores, bem como as escolas que surgiram como
ramificação destes dois primeiros estilos.
O primeiro capítulo abordará a ilha que foi o nascedouro do Karatê,
Okinawa. Okinawa será apresentada de forma a familiarizar o leitor ao contexto
no qual foi difundido o ‘Te’. O segundo capítulo apresentará os primeiros
mestres do Te e seus sucessores. Chega-se então ao capítulo terceiro que traz a
história do primeiro Grão-Mestre e seu sucessor. Esse capítulo vem seguido do
capítulo quarto que traz a continuação do primeiro estilo de Karatê, Shorin-Ryu,
e as escolas de Shorin-Ryu no Brasil. Por fim, mas não menos importante, como
foi a transição e história do Naha-Te para se tornar o estilo de Karatê Goju-Ryu
e os mestres e escolas que vieram após sua criação.
Tenham todos uma boa leitura.
CAP.1 – OKINAWA
O Nascedouro do Karatê-Do
H
á um pequeno arquipélago que liga as ilhas principais do Japão à ilha
chinesa de Taiwan. Os japoneses dão a esse arquipélago o nome de
Ilhas Ryukyu, o qual vem do nome chinês Liu Ch’iu. A maior ilha do
arquipélago é Okinawa, que é também a capital. Okinawa está cerca de 550
quilômetros ao sul de Kyushu (a maior ilha do arquipélago japonês), 550
quilômetros ao norte de Taiwan e cerca de 740 quilômetros a leste da China
continental. Okinawa é a capital do arquipélago
rquipélago Ryukyu, que cruza o Mar da
China oriental e o Oceano Pacífico a meio caminho entre a China e o Japão
(BUKI-HO, 2008).
A localização
ocalização de Okinawa no mundo pode ser observada na Figura 1:
1

Figura 3:: Localização de Okinawa no mundo.


Fonte: Fundação Escritório de Convenções do Turismo de Okinawa (2012).
(2012)

Praticamente rodeada de recifes de coral, Okinawa, em quase toda a sua


extensão de 110 quilômetros, não tem mais do que dez quilômetros de largura. O
clima é agradavelmente quente, durante a maior parte do ano, em virtude das
correntes quentes que chegam às praias da ilha, a qual, porém, é frequentemente
assolada pelas tempestades e tufões tão assíduos nessa região. Até hoje, as ilhas
Ryukyu têm juntas, uma população menor que um milhão de habitantes, sendo
que cinco por cento são membros do exército norte-americano e seus familiares
(BUKI-HO, 2008).
Segundo Shinzato e Bueno (2011), a ilha de Okinawa era dividida em
feudos, os quais eram comandados por seus respectivos senhores, que
constituíam uma casta social chamada de ajis. Por volta do século XIV,
Okinawa foi dividida em três estados (Figura 2), Hokuzan (norte), Chuzan
(centro) e Nanzan (sul). Estes três Estados ficaram conhecidos como “Três
Reinos”. Contudo, estes Três Reinos foram unificados em 1.429 pelo líder Sho
Hashi, que fixou a capital em Shuri. Algum tempo depois, outro governante, Sho
Shin (1.477-1.526) aboliu o feudalismo, deslocando os aijis para Shuri e banindo
o uso de espadas, tornando ainda ilegal a posse de quantidade significativa de
armas.
Durante séculos, o próspero e pacífico Reino de Ryukyu, manteve
intensas conexões comerciais e de intercâmbios culturais com outros reinos e
impérios (países) da região, o que trouxe influências que podem ser observadas
na sua cultura e religião. Segundo historiadores, as maiores influências foram
provenientes da China, Coréia e principalmente do próprio Japão, contudo, sua
verdadeira cultura nativa, permanente até os dias de hoje, traz em seu cerne os
mais importantes valores que são fundamentais para sua sociedade, que é a
alegria e festividade de seu povo, a valorização da família e da comunidade, o
sentimento de união e principalmente, a gratidão e o respeito aos mais velhos, o
que tudo isso pode ser traduzido como o verdadeiro "espírito Utinantchú", que
atravessou oceanos e está presente onde haja um "utinanchú" ou seu descendente
(OKINAWA, 2012).
As ilhas do arquipélago
a Ryukyu estão divididas da seguinte forma:

Figura 4:: Divisão das ilhas do arquipélago Ryukyu.


Fonte: Fundação Escritório de Convenções do Turismo de Okinawa (2012)

Segundo Felippe (2010), Okinawa originariamente


ente não era território
japonês, mais sim um reino com língua (uchinaguchi) com administração e
filosofia próprias. Antes do contato com a China (por motivos econômicos e
culturais),, existia na ilha uma luta nativa denominada TE.
Segundo antigos manuscritos japoneses os primeiros contatos entre
China e Okinawa ocorreram no período da Dinastia Tang (618 a 906 d.C.),
quando várias missões diplomáticas, militares e religiosas visitaram a ilha. Com
o intercâmbio entre os monges budistas de Okinawa e da China teve-se
influências sobre o TE com a introdução de técnicas do Chuan Fa - Wushu
(FELIPPE, 2010).
A sedimentação deste contato entre as duas culturas aconteceu por volta
de 1.372, durante o governo do Rei Kumo Sato, de Okinawa, e o imperador
chinês Chu Yen Cheang, que promoveram a vinda de diversos mestres chineses,
a fim de desenvolver o TE associado ao Chuan Fa. Foi nesta época que as artes
marciais se alastraram na ilha. Muitos pesquisadores do Karatê acreditam que
esta arte foi formada a partir da fusão do TE de Okinawa com o Chuan Fa
Chinês (FELIPPE, 2010).
Shinzato (2004) comenta que o Te se desenvolveu em três locais
diferentes de Okinawa, a saber: na capital Shuri, denominado SHURI-TE; na
cidade portuária Tomari, TOMARI-TE e na cidade comercial Naha, NAHA-TE.
Destes três, o Shuri-Te e o Tomari-Te deram origem ao estilo SHORIN e o
Naha-Te deu origem ao estilo GOJU.
Os ideogramas (Kanji’s) da palavra Karatê podem ser lidos de duas
maneiras: “kun” (pronuncia chinesa) e “un” (pronuncia japonesa). No início o
Karatê era chamado de karate-jutsu (pronuncia japonesa) ou tode-jutsu
(pronuncia chinesa) com o significado de: técnica (jutsu) da Mão (te) Chinesa
(Kara ou to). Quando o Karatê foi introduzido efetivamente no Japão na década
de 1.920 sofreu algumas alterações devido à rivalidade histórica entre Japão e a
China (CHOODE DOJO, 2012).
Há também outro ideograma com a mesma pronuncia “Kara” do Karatê,
mas com outro significado que não “chinesa”. Este outro ideograma tem origem
no termo Sunya ou Sunyata do sânscrito que significa “zero” ou“vazio”, e é
Zen-Budista com esse significado (CHOODE DOJO,
muito usado na tradição Zen
2012).
Shinzato (2004) ainda complementa dizendo que foi o mestre F
Funakoshi
quem levou o karatê
karatê-do
do de Okinawa para Tokyo pela primeira vez em 11.917, e
somente depois da Segunda Guerra Mundial, o Karatê-Do
Karatê Do se popularizou pelo
mundo. Vários estilos de Karatê
Karatê surgiram como uma derivação do Shorin-Ryu
Shorin e
Gojyu-Ryu
Ryu ou da integração
integr desses dois estilos.
Ainda segundo o Choode Dojo (2012), vários
vários mestres, querendo
introduzir o Karate-do
do no Japão, tomaram a decisão de adotar esse outro símbolo
(Figura 3) e também trocar a expressão “jutsu” (técnica ou arte) por “do” que
deriva da palavra chinesa “tao” (via, caminho). Este nome pareceu, então,
apropriado já que descreve uma “arte
arte de luta sem armas e também duas
características importantes do Zen-Budismo:
Zen Budismo: a “mente vazia” (sem
preocupações, ódio, inveja ou desejo) e o “caminho”, a “via”
“via” que devemos
transitar para chegar à iluminação”
iluminação [grifo do autor].

Figura 5: Ideograma do Karatê de origem Sunyata.


Fonte: Choode Dojo (2012).
Segundo a Associação Sochin de Karate (2012) os objetivos do Karatê
são definidos pela filosofia Budo-japones, que se baseia na busca incessante do
aperfeiçoamento pessoal e a harmonização do meio onde se vive. Desta maneira
o Karatê, como arte marcial, provém das técnicas de defesa sem armas. No
Karatê, cada praticante deve buscar as suas metas pessoais com objetivos
diferenciados que devem ser respeitados, em que cada praticante terá a
oportunidade de atingir as metas propostas, metas essas no campo do
autocontrole, equilíbrio interior , saúde entre outros, que resultarão em um
controle e correto direcionamento dos impulsos de agressividade naturais aos
seres humanos.
Em 1724, devido à grande expansão das classes mais
abastadas (kizoku) em Shuri, a estas foi permitido o
comércio, a fabricação de produtos manufaturados e a
instalação de fazendas nos campos inexplorados das ilhas.
Esta situação ocasionou a migração dos kizoku, que levaram
consigo sua cultura, deixando os demais habitantes vivendo
em regime de semi-escravidão até 1879, quando o
arquipélago foi anexado pelo governo pró-restauração do
Japão, e o rei Sho Tai, exilado em Tóquio. A nova dinastia,
Meiji, transformou a ilha de Okinawa em parte integrante do
Japão, na qualidade de Prefeitura de Okinawa, e buscou
colonizar os velhos costumes okinawanos, considerados, até
então, estrangeiros. Esta tendência continuou durante as eras
Taisho e Showa, terminando apenas com a derrota do Japão
no final da Segunda Guerra Mundial (SHINZATO e
BUENO, 2011, p.8).

Os autores Shinzato e Bueno (2011) ainda expõem que a ocupação


americana das ilhas Ryukyu, que promoveu uma revolução social e econômica,
começou com a invasão do arqupélago pelas forças armadas dos Estados
Unidos, em 1º de abril de 1.945, na chamada Batalha de Okinawa, e terminou
em 15 de maio de 1972, quando o controle político foi devolvido ao Japão.
Contudo, ainda hoje os Estados Unidos mantenham ali uma vasta presença
militar (mais de quinze mil militares).
CAP. 2 – OS PRIMEIROS MESTRES
Pechin Takahara, Tode Sakugawa,
Sokon Matsumura e Anko Itosu
Segundo Frosi e Mazo (2011) no século XIX, iniciava em Okinawa os
treinos dos mestres mais conhecidos por levar a arte ao Japão Continental.
Neste contexto, dentro da classe guerreira de Okinawa (os Peichin), havia
uma regra peculiar: passar os conhecimentos do Karatê da família secretamente
apenas para o primogênito. Esse costume, ou regra, era chamado Ishi-soden, e é
a ele que Gichin Funakoshi e outros autores se referem quando falam sobre a
passagem das técnicas do Karatê primitivo de forma secreta. Alguns Peichin
como Sanga Sakugawa e Sōkon Matsumura estudaram Wu-shu na China e as
trouxeram para unir estes conhecimentos ao Te, formulando assim o Karatê.

Figura 6: Ryukyu Pechin (à esquerda) e Samurai Japonês (à direita).


Fonte: Gabelhouse (2012).

Desta forma, para Shinshukan (2012) a genealogia dos primeiros


mestres de Karatê inicia-se com Pechin Takahara, seguido de Tode Sakugawa,
Sokon Matsumura, e posteriormente por Anko Itosso.Cabe ressaltar que todos
esses grandes mestres promoveram a arte marcial ‘Te’, que posteriormente
ficaria conhecida como ‘Karatê’. O Te praticado em Shuri e Tomari ficaram
conhecidos como Karatê Shorin-Ryu enquanto que o Te praticado em Naha
tornou-se o Karatê Goju-Ryu, como será mostrado posteriormente neste
trabalho.
Segundo o Karateclub Okinwa Goju-Ryu (2012), o Naha-Te teve como
fundador Higaonna e mais tarde passou a ser o Goju-Ryu sob a orientação do
mestre Chojun Miyagi em 1930. O Shuri-Te tem como fundador o mestre Anko
Itosu (Figura 7) e mais tarde passou a ser conhecido como Shorin-Ryu nas mãos
do sensei Tomohana Choshin em 1933. Também em 1933 o Tomari-Te, fundado
por mestre Kosaku (Sokon) Matsumura, também ficou conhecido como Shorin-
Ryu através do mestre Shoshin Nagamine.
O Karateclub Okinwa Goju-Ryu (2012) ainda ressalta que na época,
ainda havia outro estilo de arte marcial além do Te (e suas derivações em cada
uma das tres cidades) que era o Uechi-Ryu que evoluiu para o Kempo Chinês
nas mãos do mestre Kanbun Uechi que foi praticado de 1897 à 1947.

Figura 7: Pechin Takahara (esquerda), Tode Sakugawa (centro) e Sokon


Matsumura (direita).
Fonte: Shinshukan (20122).

Pechin Takahara nasceu na vila de Akata Cho, Takahara viveu a maior


parte da vida na cidade de Shuri, capital do Reino de Ryukyu no sul da Ilha de
Okinawa, provavelmente em 1683 (seu nascimento não é preciso). Era da classe
superior na sociedade feudal de Okinawa. Supõe-se então que fosse bem
educado e foi conhecido como um astrônomo e um fabricante de mapa. Seus
mapas de Okinawa e das Ilhas de Ryukyu foram usados em 1797 em plantas do
Japão para impedir invasões dos europeus. Ryukyu foi considerada como as
primeiras linhas de defesa do sul (SHINSHUKAN, 20122).
Pechin Takahara era um praticante completo, sua filosofia foi passada ao
seu sucessor, Sakugawa (conhecido mais tarde como Tode Sakugawa). Entre os
discípulos de Takahara, também destacam-se: Matsumura, Itosu, e Funakoshi. O
Mestre acreditava que, o "Karatê Jutsu era uma maneira de vida, a maneira de
compreender e a forma de preservar o Karatê Jutsu era através do kata, e com a
luta real do kata as técnicas podem ser ensinadas” (SHINSHUKAN, 20122).
Ainda segundo a Shinshukan (20122), Tode Sakugawa nasceu em 1733
em Shuri, ainda jovem iniciou em 1750 seus estudos da arte marcial okinawense
(Okinawa-te) sobre a tutela do monge Takahara Peichin (1683-1760).
Posteriormente mudou-se para Kumemura onde treinou durante 6 anos com um
expert em arte marcial chinesa conhecido como Kushanku. Aos 29 anos de idade
recebe uma mensagem de Takahara para que retornasse a Shuri urgentemente e
ao retornar, encontra o antigo mestre adoecido, mas a tempo de ouvir seu pedido
para que após a sua morte ele o substitua continuando a ensinar tudo o que
aprendeu. Dois dias após o encontro, Takahara morreu. Muitos de seus alunos
tornaram-se grandes mestres, entre eles Okuda, Makabe e Matsumoto. Quando
Sakugawa tinha 78 anos, o jovem Sokon Matsumura veio de Shuri e pediu para
que o instruísse na arte ‘combate’. Com isso a era dos grandes mestres na arte
marcial de okinawana da escola Shorin começou. Sakugawa morreu em 7 Julho
de 1815.
A Shidokan Brasil (2012) expõe que o mestre Sokon Matsumura,
sucessor de Tode Sakugawa, nasceu na vila Yamagawa (Yamagawa-cho), em
Shuri, e foi descendente de uma nobre família. Sokon Matsumura começou
jovem os seu treinamento com Tode Sakugawa. Durante sua vida Matsumura
trabalhou como conselheiro e guarda costa dos últimos três Reis de Ryukyu
(Sho-Ko, Sho Iku e Sho Tai). Esta posição permitiu que ele viajasse para China
para diversos templos Shaolins (Fuchou, Satsuma e Fukien), onde estudou artes
marciais chinesas: Kempo ("boxe chinês") e Jigen-ryu (luta com espada).

Figura 8: Sokon Matsumura.


Fonte: Bushido Martial Arts (2012).

Devido a sua grande reputação, Sokon Matsumura começa a ficar


conhecido como "Bushi" (o guerreiro) e tornou-se sua época o maior artista
marcial de Okinawa. Notado pelo seu estudo do físico e também do metafísico,
enfatizava a importância de balancear o desenvolvimento físico com a educação
moral. Sua arte ficou conhecida como Shuri-te (as mão de Shuri), Sensei
Matsumura é considerado o fundador do Shorin-ryu e criador dos katas
Naihanchi, Pinan, Matsumura no Passai, Chinto, e Gojushiho. Sensei Matsumura
desenvolveu e treinou muitos discípulos entre eles seu sucessor Anko Itosu
(SHIDOKAN BRASIL, 2012).
Anko Itosu foi um dos mais eminentes mestres da arte de Okinawa que
passou a trabalhar em uma forma de levar o Karatê ao público geral, tornando-o
uma disciplina de Educação Física nas escolas. Para tanto, Ankō Itosu (ou
Yasutsune Itosu - em algumas traduções) formulou os “Dez artigos sobre o Tō-
de”, que foram bem aceitos pelos dirigentes do sistema educacional da época e
possibilitaram a inserção do Karate nas escolas da prefeitura de Okinawa
(FROSI e MAZO, 2011).
A Shidokan Brasil (2012) apresenta os Dez Artigos do mestre Itosu. São
eles:
1- Você não deve praticar karate apenas com o (objetivo)
propósito de desenvolver sua força física. O essencial é
servir ao seu mestre e aos seus familiares arriscando sua
própria vida em casos de emergência. Se você tiver, por
algum motivo, que lutar com um ladrão ou com
"trombadinha", você deve precaver-se contra um golpe.
Você não deve machucá-lo.

2- Praticando karate, pode-se desenvolver um corpo forte, e


seus punhos e pés podem ser usados como arma. Assim, se
os meninos são treinados (na juventude) desde cedo, eles se
tornarão homens de habilidades (aptidões) especiais.
Homens com tamanho conhecimento de arte marcial podem
contribuir com o país como soldados se necessário. Quando
derrotou Napoleão em Waterloo, Wellington disse, "A
vitória de hoje é o resultado do treinamento duro de jovens
em um campo de treinamento na Inglaterra." Um discurso
bem feito.

3- Dominar o karate em pouco tempo é extremamente


difícil. O provérbio diz que a prática leva à perfeição. Se
você praticar por uma ou duas horas todos os dias, você não
vai se tornar apenas forte fisicamente mas dominará a arte
do karate ao final de três ou quatro anos de treinamento.

4- Quando você fizer makiwara-tsuki, tenha isto em mente:


abaixe os ombros, peito (tórax) para fora, mantenha seus pés
firmes e centralize (concentre) seu "ki" no abdômen.
Pratique tsuki dessa maneira por umas cem ou duzentas
vezes.

5- Quando você assume uma postura (base) de karate, tenha


isto em mente: endireite suas costas, abaixe seus ombros,
mantenha seus pés firmes, centralize seu "ki" no abdômen e
endureça o músculo inteiro (todos os músculos) de seu
corpo de tal maneira que a força inteira seja puxada para o
abdômen.

6- Aprenda vários movimentos. Mas estude quando e como


certos movimentos são aplicados e então pratique os
movimentos. Há muitos segredos passados oralmente com
relação a movimentos de defesa e contra golpe.

7- Estude os movimentos. Considere qual movimento é bom


para conseguir força física e qual é bom para kumite.

8- Você deve praticar karatê da seguinte maneira: olhar


fulminante, baixe os ombros, e contraia os músculos como
se você estivesse realmente em uma luta. Praticando deste
modo, você será capaz de se mover naturalmente no caso de
uma luta de mãos vazias (sem armas).

9- Não se force muito (se esforce) enquanto pratica, senão


você ter um aumento da pressão e seu rosto ficará vermelho.
Estes são sinais de que a prática está passando do limite e
que irá denegrir sua saúde com o tempo.

10- Muitos mestres de karatê desfrutaram de uma vida longa


no passado. Através do karatê pode-se obter músculos,
promover a digestão, melhorar a circulação sanguínea. Tudo
isso contribui para longevidade. Portanto, karatê deve ser
introduzido como a base da educação física nas escolas.
Assim, serão produzidos muitos (peritos) especialistas no
karatê.

Anko Itosu esteve presente em momentos decisivos da História de


Ryukyu e do Japão. Conforme a Shinshukan (20122), ele era o General Supremo
do Reino de Ryukyu por ocasião de sua anexação ao Japão, em 1879. Com
intuito de colaborar, Itosu trabalhou para fazer o Karate ser introduzido no
Japão. Ele Acreditava que, caso fosse bem sucedido, poderia vir a gozar de uma
posição influente junto às Forças Armadas do Imperador Meiji. Contudo, devido
à grande
ande influência chinesa sobre o Karate da época (até mesmo muitos dos
golpes possuíam nomes em chinês), a arte marcial não encontrou receptividade
no Império japonês, e Itosu fracassou.

Figura 9: Anko Itosu.


Fonte: Shidokan Brasil (2012).

A despeito disto, o mestre Itosu deu grandes contribuições, por exemplo,


uma das mudanças introduzidas foi o treinamento com Makiwara, espécie de
madeira rígida, para calejar as mãos e os pés, a fim de potencializar os golpes.
Outra grande inovação do sensei
sens Itosu foi ter tornado o Karatê mais acessível às
crianças através da invenção dos primeiros Kihons e da divisão do imenso Kata
Naihanchi, criado por seu mestre Sokon Matsumura,, em três Katas menores:
Naihanchi Shodan, Naihanchi
Na Nidan e Naihanchi Sandan. Esses Katas foram (e
ainda são) uma forma de se introduzir as crianças ao Karatê e, uma vez
dominados, fariam delas praticantes
praticantes de nível intermediário (SHINSHUKAN,
20122).
Ainda segundo a Shinshukan (20122):
Há uma grande discussão histórica sobre o papel de Itosu
em relação ao Karatê em geral e ao estilo Shorin-ryu em
particular. Quanto ao Karatê, não se pode precisar se o
criador da arte marcial foi Matsumura, Sakukawa ou Itosu.
Os que defendem a tese de que Sakukawa foi seu criador
consideram que ele foi o primeiro a reunir os ensinamentos
do Te e do Kung Fu numa só arte. Os que defendem que
Matsumura tenha sido seu criador argumentam que ele foi
quem mais contribuições deu àquela arte nascente e que
Sakukawa teria sido um mero praticante de duas artes
marciais (como hoje existem tantos). Por fim, aqueles que
argumentam que Itosu teria sido o criador do Karatê se
apegam ao termo em si, que, ao que parece, não havia sido
utilizado antes de Anku Itosu. Contudo, aos defensores
dessa tese, cabe lembrar que o termo só se popularizou após
a morte de Itosu, sendo que em sua época (como pode ser
conferido na carta que escreveu e que hoje é conhecida
como “Os Dez Peceitos do Karatê”), o Karatê ainda era
majoritariamente conhecido como Tang Te, ou seja, Mão
Chinesa e não Mão Vazia, como hoje.

Shinzato (2004) escreveu que Anko Itosu nasceu em 1832 e faleceu em


1916. Foi professor de Karatê do Rei de Okinawa, Sho Tai, sendo secretário do
mesmo. No início deu aulas em sua própria casa, mas em 1904, com a inclusão
do Karatê no currículo oficial das escolas, Mestre Itossu passou a dar aulas no
Colégio Estadual de Okinawa e na Escola Normal Estadual de Okinawa, sendo o
primeiro professor desta Arte Marcial nas instituições de ensino. Anko Itosu teve
como aluno Choshin Chibana, Yabu, Hanashiro, Tokuda, Mabuni (Fundador do
estilo Shito-Ryu Karatê-Do), Gussukuma e Yamakawa.
Conforme a FMK (2012), não se pode precisar se o criador do Karatê foi
Matsumura, Sakugawa ou Itosu. Os que acreditam que foi Sakugawa defendem
que ele foi o primeiro a reunir os ensinamentos do Te e do Kung Fu numa só
arte. Os que defendem que foi Matsumura argumentam que ele foi quem mais
contribuiu com a arte. E os que atribuem a Anko Itosu, dizem que ele teria dado
o nome da arte (Karatê).
Ainda segundo a FMK (2012), quanto ao estilo Shorin-Ryu, ao que
parece, sempre houve a consciência de que aquela arte havia sido trazida da
China e que advinha do Kung Fu dos monges Shaolin (Shorin palavra japonesa
para o termo chinês Shaolin; Ryu significa Escola/Estilo). Desta forma, é muito
provável supor que o estilo praticado por Itosu já fosse chamado de Shorin-Ryu,
ou até mesmo em tempos anteriores a esse mestre. A despeito deste debate (por
ser uma História oral, não escrita), o único consenso que existe é que Chibana
foi seu primeiro Grão-Mestre.
CAP. 3 – O PRIMEIRO GRÃO-MESTRE
SHORIN-RYU E SEU SUCESSOR
Chosin Chibana e Katsuya Miyahira
S
egundo a FMK – Federação Mineira de Karatê (2012) Anko Itosu
encontrou discípulos à altura de suas técnicas. Talvez esse fato se dê
devido seus esforços por popularizar o Karatê por Okinawa através da
implementação do Karatê no ensino público regular. De qualquer forma, ao
menos cinco de seus discípulos merecem alguma nota de importância: Anbun
Tokuda, Shugoro Nakazato, Yuchoku Higa, Gishin Funakoshi (fundador do
estilo Shotokan), e Choshin Chibana (Grão-Mestre Shorin-Ryu e sucessor de
Itossu).
A Shidokan Brasil (2012) coloca que Choshin Chibana nasceu em 5 de
junho de 1885, no distrito de Torihori de Shuri. Aos 17 anos de idade colocou-se
sob a tutela do mestre Anko Itosu até este falecer com a idade de 85 anos em 26
de janeiro de 1915. Estudou sozinho durante mais cinco anos, até que abriu
finalmente seu dojo (academia) no distrito de Torihori na idade de 34 anos. Em
Torihori e em seu segundo dojo no distrito de Kumojo da cidade de Naha,
trabalhou para ensinar o Karatê. Mestre Chibana permaneceu em Okinawa,
durante a Segunda Guerra Mundial e quando Shuri foi destruída pelos
americanos em 1945, milagrosamente escapou da morte, ficando até 1948 na
Península Chinen e retornando para Giho-cho (Shuri) para reabrir sua academia
(SHIDOKAN BRASIL, 2012).
Durante o mês de fevereiro de 1954 até dezembro de 1958, o mestre
Choshin Chibana foi Instrutor Chefe de Karate-Do do Departamento de Policia
da Cidade de Shuri. Em 5 de maio de 1956, a Federação Okinawa de Karatê foi
formada e ele foi designado seu primeiro presidente, cargo que ocupou por dois
anos. Funda e torna-se presidente da Associação Okinawa Shorin-Ryu Karatê-
Do. A reputação de mestre Chibana como um mestre de Karatê continuou
aumentando em todo o Japão. Em 1957 ele recebeu o título de Hanshi (Grão –
Mestre: 10º Dan) do Dai Nippon Butokukai (a maior associação de arte marcial
do Japão) e em 1960, ele recebeu o Primeiro Prêmio de Distintos Serviços ao
Esporte do Okinawa Taimussu Shinbum, por todas as suas realizações no estudo
e prática do Tradicional Karatê-Do
Karatê de Okinawa (SHINSHUKAN, 2012).

Figura 10: Choshin Chibana.


Fonte: Shinshukan (2012).

Choshin Chibana, para melhor distinguir o estilo das outras formas de


Karatê e ao mesmo tempo preservar os ensinamentos que foi lhe passado pelo
seu mestre, Anko Itosu, mestre Chibana fundou a Okinawa Shorin-ryu, e torna-
se presidente da Associação Okinawa Shorin-Ryu Karate-Do (SHIDOKAN
BRASIL, 2012).

Figura 11: Membros fundadores da Associação Japonesa de Karatê-Do em


1937. (Na frente a partir da direita) Chojun Miyagi, Chomo Hanashiro, Kentsu
Yabu, Chotoku Kyan; (a trás a partir da direita) Genwa Nakasone, Choshin
Chibana, Dr. Chitose, Shinpan Shiroma.
Fonte: Academy of Traditional Fighting Arts (2012).

Em 29 de abril de 1968, Mestre Chibana trouxe uma honra adicional


para o Karatê-Do de Okinawa, ele foi premiado com a 4ª Ordem do Tesouro.
Ainda em 1968 foi condecorado pelo Imperador Hirohito com o título de
comendador. Em 1964, foi constatado que o Mestre Chibana tinha um câncer
terminal da garganta. Mas devido a sua dedicação para com a arte do Okinawa
Shorin-Ryu, ele continuou ensinando, embora o seu corpo começasse a debilitar
com a expansão do câncer. Em 1966 foi admitido no Centro de Pesquisa do
Câncer de Tóquio – Japão, para tratamento com radiação em uma tentativa para
deter a expansão da doença. Depois de alguma melhoria, Mestre Chibana
retomou o ensino do Okinawa Shorin-Ryu com o seu neto Akira Nakazato
(SHINSHUKAN, 2012).
Mestre Shinzato (2004) comenta que Chibana teve mais de 5.000 alunos,
entre os quais muitos estão espalhados pelo mundo, ensinando a nobre arte
marcial. Mestre Chibana veio a falecer em 26 de fevereiro de 1969.
Conforme a FMK (2012), após a morte de Chibana, o título de Grão-
Mestre do estilo Shorin-Ryu passou à Katsuya Miyahira (Figura 10). Miyahira
assumiu o estilo em franca fragmentação, com o surgimento de diversas escolas
a ele filiadas, mas independentes em termos de autoridade. Percebendo que se
não tomasse nenhuma postura, o estilo Shorin-Ryu corria o risco de se
desmembrar em outros estilos, como ocorreu com a formação do estilo Shotokan
do mestre Funakoshi.
Desta feita, Miyahira transformou seu dojo (academia) na escola
“Shidokan”. Com sua criação, o mestre passou a atuar mais diretamente na
disseminação do estilo e desta forma tentar mantê-lo unido sob uma mesma
“bandeira” (FMK, 2012).
Segundo mestre Shinzato (2004), mestre Miyahira nasceu em 16 de
agosto de 1918 na cidade de Nishihara, em okinawa. Começou a treinar Karatê
aos 15 anos, tendo como mestre Anbum tokuda e Choshin Chibana. Durante a
Segunda Grande Guerra foi professor no Colégio Japonês da Manchúria,
tornando-se posteriormente funcionário público da cidade de Naha, Okinawa.
Em 1948 fundou a sua primeira academia na cidade de Nishihara, e
posteriormente outra academia em Naha em 1956. Foi presidente da Federação
Okinawense de Karatê-Do e presidente da Shorin-Ryu Internacional. Antes da
morte do mestre Chibana, mestre Miyahira era auxiliar do dojo de Chibana
(SHINZATO, 2004).

Figura 12: Katsuya Miyahira.


Fonte: North American Beikoku Shido-Kan Karate-Do Association (2012).
Katsuya Miyahira veio a falecer no dia 27 de novembro de 2010, com 92
anos de idade, devido a falência múltipla dos órgãos. Seu sucessor como
presidente mundial do estilo Shorin-ryu e da escola Shidokan ainda não foi
definido (FMK, 2012).
Entretanto, na academia sede da Shidokan no Japão há três grandes
mestres que vêm conduzindo o legado do mestre Miyahira, a saber: mestre
Takara Meiyu, mestre Maeshiro Morinobu, e mestre Nakamura Seiyu.

Figura 13: (da direita para esquerda) mestre Maeshiro Morinobu, mestre Takara
Meiyu e mestre Nakamura Seiyu.
Fonte: MDV Communication (2012).

Contudo, o que realmente se sabe é que após a morte de Chosin


Chibana, muitos de seus alunos não aceitaram a escolha de Katsuya Miyahira
como novo Grão-Mestre do Estilo Shorin-Ryu. Essa atitude deu origem a
criação de diversas escolas dentro do Estilo. Na prática, uma escola não é um
estilo separado, pois mantém suas raízes históricas e seus ensinamentos
(principalmente os katas). Entretanto, a criação de uma escola equivale à
dissensão de uma linha de pensamento, o que acaba sendo o primeiro passo para
o surgimento de um novo estilo (WIKIPEDIA, 2012).
O Wikipedia (2012) apresenta as escolas Shorin-Ryu criadas após o
falecimento do Grão-Mestre Chibana, que são:

Shidokan: Em 1948, após atingir o 4º Dan, Katsuya


Miyahira (1918-2010) fundou seu primeiro Dojo, ao qual
deu o nome de Shidokan. Em 1969, após a morte de
Chibana, Miyahira recebeu dele os selos oficiais do estilo
Shorin-Ryu e, por conta disso, foi eleito presidente do estilo.
Sua eleição frustrou muitos de seus colegas, especialmente
os mais velhos, o que precipitou a criação de diversas das
escolas do estilo Shorin-Ryu. Por sua vez, Miyahira
transformou seu Dojo numa escola, nascendo assim a
Shidokan.

Shorinkan: Shugoro Nakazato (1919-) iniciou sua prática


no Karate dentro do estilo Shito-Ryu, mas após a Segunda
Guerra Mundial, tornou-se aluno de Choshin Chibana. Após
a morte de Chibana, em 1969, Shugoro Nakazato assumiu o
título de vice-presidente do estilo Shorin-Ryu. Até 1975 ele
se manteve no cargo, mas nesse ano, renunciou e fundou sua
própria escola do estilo: a Shorinkan, a qual preside até hoje.

Kyudokan: Em 1941, Yuchoku Higa (1910-1994), que já


havia treinado com grandes mestres de Shuri-te e Naha-te,
tornou-se aluno de Choshin Chibana, tronando-se o primeiro
de seus alunos a atingir o 9º Dan e receber a graduação
de Hanshi. Em 1947, ele fundou seu Dojo, o qual batizou
de Kyudokan. Em 1961, Higa foi nomeado vice-presidente
do estilo Shorin-ryu, mas seus afazeres político na Câmara
de Okinawa somados à sua participação como presidente
na Federação de Karate e Kobudo de Okinawa acabaram
limitando sua paticipação dentro da organização do estilo
Shorin-ryu em si, sendo assim, após a morte de Chibana ele
foi substituído na vice-presidência por Shugoru Nakazato.
Em 1976, Katsuya Miyahira, elevou-o ao 10º Dan e, a partir
de então, Higa transformou seu Dojo na sede de mais uma
escola do estilo Shoin-Ryu: a Kyudokan, que hoje conta
com mais de dez mil alunos nos vinte e três países em que
está presente.
Matsubayashi: Em 1947, Shoshin Nogamine (1907-1997),
aluno de Choki Motobu, fundou seu dojô ao qual deu o
nome de Matsubayashi em homenagem a Sokon
Matsumura e a Kosaku Matsumora (mestre de Tomari-te).
Abdicando de muitos dos katas originais do estilo, a escola é
hoje conhecida também como Matsubayashi-Ryu, sendo que
a terminação Ryu (estilo), indica que ela esteja muito
adiantada no caminho de se desvincular do estilo Shorin-
Ryu e se tornar um estilo próprio.

Seibukan: Em 1946, Zenryo Shimabukuro (1908-1969),


fundou seu primeio Dojo, onde ensinava principalmente a
seus familiares. Contudo, a ocupação norte-americana de
Okinawa lhe proviu com alguns alunos militares dos EUA, o
que rendeu a Shimabukuro muito respeito até mesmo no
arquipélago principal do Japão. Em 1960 ele foi eleito
presidente do braço okinawano da Federação de Karate-do
do Japão, mas essa parte da associação logo se desmembrou.
Em 1962 Shimabukuro recebeu de Chibana o 10º Dan e
fundou sua escola, a Seibukan (Escola da Arte Sagrada),
presidindo-a até sua morte, por apendicite, em 1969. Desde
então sua escola vem sendo presidida por seu filho Zenpo
Shimabukuro, atualmente um Hanshi de 9º Dan.

Shobayashi: Tendo sido aluno de Chotoku Kyan (mestre


de Tomari-te), Chojun Miyagi (fundador do estilo Goju-
ryu), Tatsuo Shimabukuro (seu irmão mais velho e fundador
do estilo Isshin-Ryu),Choki Motobu e Zenryo
Shimabukuro (fundador da escola Seibukan), Eizo
Shimabukuro (1925-) acabou se filiando diretamente ao
estilo Shorin-Ryu apenas em 1961, quando, já no 10º Dan,
foi aceito como aluno pelo Grão-Mestre do estilo,
sensei Choshin Chibana. Desde 1948 Eizo Shimabukuro já
possuía seu próprio Dojo e com o apoio que recebeu das
tropas norte-americanas no pós-guerra, teinou, segundo suas
próprias contas, mais de 35.000 soldados até os dias de hoje.
Com a morte de Chibana, Eizo Shimabukuro fundou sua
própria escola de Karate Shorin-Ryu, embora tenha ele
próprio sido treinado em diversos estilos de Karate, tais
como:Goju-ryu, Shudokan e Shorei-Ryu. Sua escola foi
batizada como Shobayashi e é até hoje presidida por ele.

Shinshukan: O Karate Shorin-ryu chegou ao Brasil junto


com Yoshihide Shinzato [...], em 1954. Sua disseminação
por aqui se deu no contexto do racha de escolas ocorrido no
final da vida de Chibana e, sendo assim, até os dias de hoje
ainda existe certa disputa entre os membros das diferentes
escolas deste estilo no Brasil. Unindo, inicialmente, os
imigrantes japoneses (especialmente os oriundos de
Okinawa) de Santos, a Shorin-ryu começou a ganhar
notoriedade a partir de 1962, quando Shinzato fundou a
primeira academia do estilo e quando realizou uma
demonstração pública de Karate no Parque do Ibirapuera,
em São Paulo. Originalmente chamada de Associação
Okinawa de Karate-do Shorin-ryu, essa academia passou a
se chamar União de Karate-do Shorin-ryu do Brasil e,
finalmente, quando Yoshihide Shinzato alcançou o 10º Dan,
se transformou na escola Shinshukan. Seu nome deriva dos
ideogramas do nome de Shinzato, sendo o Shin de Shinzato,
o Shu de Yoshihide e o Kan, de Escola. Assim, ela é,
literalmente, a "Escola de Yoshihide Shinzato".

Figura 14: Shugoro Nakazato fundador da Shorinkan.


Fonte: North American Shorikan Karate-Do Association (2012).
Figura 15: Yuchoku Higa fundador da Kyudokan.
Fonte: Europe Kyudokan Karate Organisation (2012).

Figura 16: Shoshin Nogamine fundador da Matsubayashi-Ryu.


Fonte: World Matsubayashi-Ryu Karate-Do Association (2012).
Figura 17: Zenryo Shimabukuro fundador da Seibukan.
Fonte: International Okinawan Seibukan Shorin-Ryu Karate-Do
Associtation(2012).

Figura 18: Eizo Shimabukuro fundador da Shobayashi.


Fonte: Shinkitai karate (2012).
Figura 19: Yoshihide Shinzato fundador da Shinshukan.
Fonte: Choode Dojo (2012).
CAP. 4 – CONTINUAÇÃO DA ESCOLA
SHORIN-RYU NO BRASIL APÓS
FALECIMENTO DO MESTRE KATSUYA
MIYAHIRA
Shidokan Brasil e Shinshukan.
S
egundo a Shidokan Brasil (2012), sua história confunde-se com a
trajetória de seu fundador, o mestre Kazunori. A Shidokan do Brasil
nasceu em agosto de 1990, quando o Sensei Kazunori trouxe do Japão
sua filiação junto ao Grão-Mestre Katsuya Miyahira, presidente do Okinawa
Karate-do Shorin-ryu Shidokan. Desta forma, mestre Kazunori foi autorizado a
representar a escola Shidokan no Brasil. Inicialmente, o grupo foi criado com os
Senseis Osmar Vieira, Mauri Pimentel, Ricardo Higa, Ney Mauricio Chaves
Farias, Carlos Magno Duarte Baptista, Nilson Marcos Chaves Faria e Luis
Fernado Antunes.
A partir daí, outros professores e academias se integraram à
escola, que acabou escolhendo o município de São Vicente
como seu lar, coincidência ou não, é considerada cidade-
irmã de Naha (Okinawa)! No correr dos anos, a Shidokan do
Brasil expandiu-se para Piracicaba, São Paulo (Capital),
Itajubá (Minas Gerais) e Córdoba (Argentina), sempre
promovendo atividades nas áreas esportivas, cultural, social
e desporto de alto rendimento (SHIDOKAN BRASIL,
2012).

Mestre Kazunori nasceu em 24 de dezembro de 1947 em


Okinawa/Japão, construtor civil e professor de Karate-do. “Chegou como
imigrante ao Brasil em 17 de julho de 1960. Teve sua iniciação no Karate-do em
junho de 1962 na Associação Okinawa Shorin-ryu Karate-do Brasil, com o
Mestre Yoshihide Shinzato”. Em 1990, com a permissão do Mestre Katsuya
Miyahira, fundou a Okinawa Shorin-ryu Karate-do Shidokan Brasil, da qual é o
atual presidente (SHIDOKAN, 2012).
Figura 20: Kazunori Yonamine, Hanshi 9º Dan.
Fonte: Shidokan Brasil (2012).

O primeiro grande evento da Shidokan no brasil ocorreu em 1994, com a


realização do campeonato internacional Katana de Ouro, torneio que teve a
participação de atletas internacionais na cidade de São Vicente/SP. Dois anos
mais tarde, a escola promoveu um seminário sobre Karate-do com a participação
do Sensei Yasunori Yonamine, faixa preta 9° dan do estilo Goju-ryu e
importantes profissionais de uma renomada universidade da região
(SHIDOKAN BRASIL, 2012).
Ao longo dos anos, a Shidokan do Brasil também realizou
viagens internacionais, com o objetivo de promover o
intercâmbio e o aprimoramento entre seus atletas e
membros. Nos anos de 1995, 1997 e 2002, delegações
visitaram Okinawa e treinaram com o Sensei Miyahira e
outros mestres de destaque, além de terem participado de
seminários e torneios internacionais. Em 1996 e 2001, o
sensei Seikichi lha foi visitado pela Shidokan do Brasil nos
Estados Unidos. Já a Argentina recebeu delegações
brasileiras em 1994, 2003 e 2004, sempre com maravilhosa
acolhida dos Senseis Miyazato e Daniel Alberto Diaz
(SHIDOKAN BRASIL, 2012).

Figura 21: Mestre Kazunori ministrando aula no Dojo do Grão-mestre Miyahira.


Fonte: Shidokan Shirasagi Honbu-Dojo Dusseldorf (2012).

Mestre Kazunori representa, no Brasil, o Karatê do Sensei Miyahira. A


Shidokan do Brasil sempre se preocupou com “a difusão e sedimentação dos
fundamentos da modalidade no país, por isso, a comemoração também tem
como estratégia continuar desenvolvendo a arte marcial de forma positiva para
alunos e comunidades envolvidas” (SHIDOKAN BRASIL, 2012).
Seus exames de graduação foram realizados com o mestre Shinzato até a
faixa preta 5º Grau. As demais graduações foram entregues pelo Mestre Katsuya
Miyahira,como se segue (SHIDOKAN, 20120):
Graduado 6º Grau em 1988 Okinawa - Japão.
Graduado 7º Grau em 1994 Okinawa - Japão.
Graduado 8º Grau em 2001 Estados Unidos (enviada em nome do
mestre Katsuya Miyahira).
Graduado 9º Grau em 2007 Okinawa - Japão.
O mestre Yoshihide Shinzato, fundador da escola Shinshukan, nasceu
em 15 de março de 1927 em Okinawa/Japão; foi discípulo do Mestre Ambun
Tokuda e com a morte deste durante a 2ª Guerra Mundial, passou a treinar com o
mestre Choshin Chibana. Com o falecimento de Chibana, mestre Shinzato
continuou treinando com o mestre Katsuya Miyahira (SHINSHUKAN, 2012).
Shinzato migrou para o Brasil em 15 de janeiro de 1954 onde ministrou
aulas de Karatê-Do para jovens da colônia japonesa. Em 25 de janeiro de 1954
fez uma demonstração de Karatê no Parque Ibirapuera/SP, juntamente com os
grupos de folclore de Okinawa e com seu irmão Yuzo, em comemoração aos
400 anos de aniversário da cidade de São Paulo (SHINSHUKAN, 2012).
Em 03 de junho de 1962, fundou a Academia Santista de Karatê-Do na
“Rua Brás Cubas em Santos-SP e em 1970 mudou o nome para Associação
Okinawa Shorin-Ryu Karatê-Do do Brasil. Em 1976 criou a União Shorin-Ryu
Karatê-Do do Brasil e em 1992 fundou a” International Union Shorin-Ryu
Karatê-Do Federation (SHINSHUKAN, 2012).
Figura 22: (a esquerda) mestre Chibana, (a direita) mestre Shinzato.
Fonte: Shinshukan (2012).

“Faleceu em torno das 19:00 horas do dia 13 de janeiro de 2008 na


Cidade de Santos, Estado de São Paulo, Brasil, deixando mais de 200 academias
filiadas no Brasil e Exterior” (SHINSHUKAN, 20122).
Homenagens recebidas pelo mestre Shinzato (SHINSHUKAN, 20122):

Cidadão Santista – Câmara Municipal de Santos (23/06/72);


Medalha Primavera – Sociedade Geográfica Brasileira – SP
(1978);
Gran Cruz Ordem ao Mérito Municipalista – Sociedade dos
Estados Municipalistas – São Paulo (1994);
Defensor de Bens Culturais – Secretaria de Recuperação dos
Bens Culturais – Câmara Municipal de São Paulo
(31/03/2001);
Medalha de Honra ao Mérito – Brás Cubas – Câmara
Municipal de Santos (16/06/2001);
8° Dan World Karate Federation (WKF);
9° Dan Kobudo Shin-Shu-Kan;
10° Dan Okinawa Shorin-Ryu Karatê-Do;
Comendador do Japão;
Comendador do Outono do Governo do Japão.
Cargos:
Karatê-Do 10º Dan Hanshi;
Kobu-Dô Hanshi;
Presidente da Associação Okinawa Shorin-Ryu Karatê-Do
Brasil;
Presidente da União Shorin-Ryu Karatê-Do Brasil;
Presidente da IUSKF;
Presidente da International Kobu-Do Shin Shu Kan;
Membro da Banca Examinadora da Federação Paulista de
Karatê-Dô;
Membro da Banca Examinadora da Confederação Brasileira
de Karatê-Dô.

Figura 23: Mestre Miyahira (a esquerda); mestre Shinzato (a direita).


Fonte: Shinshukan (20122).
No ano de 2012 a Shinshukan completou 50 anos no Brasil. Atualmente
é dirigida pelo mestre 9º Dan Masahiro Shinzato, filho mais velho do fundador
Yoshihide Shinzato.

Figura 24: Mestre Masahiro Shinzato.


Fonte: Grandes Mestres das Artes Marciais (2012).

Apesar de ser filho do mestre Yoshihide Shinzato, desde o início da


prática do Karatê, mestre Masahiro nunca teve tratamento especial. Pratica a
nobre arte desde os 12 anos de idade e, por acompanhar seu pai em suas viagens,
pôde conhecer importantes mestres. Teve a oportunidade de observar em
diversas situações, em que esteve com seu pai, mestre Yoshihide Shinzato, as
atitudes que norteiam o Karatê e seus princípios, até mesmo nas adversidades,
em que ele nunca se lamentava (GRANDES MESTRES DAS ARTES
MARCIAIS, 2012).
Mestre Masahiro disse que o maior presente que recebeu em sua vida foi
nascer filho de Yoshihide Shinzato. Em sua vida familiar, tiveram muitos
momentos importantes e lembranças maravilhosas, sua força interior e seu amor
pelo Karatê estarão presentes para sempre no coração de todos os que
compartilham os mesmos ideais (GRANDES MESTRES DAS ARTES
MARCIAIS, 2012).
CAP. 5 – O NAHA-TE E O SURGIMENTO
KARATÊ-DO GOJU
C
omo já mencionado anteriormente por Shinzato (2004) a arte marcial
conhecida como Te se desenvolveu em três locais diferentes de
Okinawa, a saber: na capital Shuri, denominado SHURI-TE; na cidade
portuária Tomari, TOMARI-TE e na cidade comercial Naha, NAHA-TE. Destes
três, o Shuri-Te e o Tomari-Te deram origem ao estilo SHORIN e o Naha-Te
deu origem ao estilo GOJU.
Segundo a International Okinawan Goju-Ryu Karate-Do Federation
(2012), a arte de Naha-te, fundada por Kanryo Higaonna, forma a base de Goju
Ryu Karate. Kanryo Higaonna nasceu em 1.853 e fazia parte da nobreza
menor. Ele desejava estudar na China a arte do Kempo Chinês, no entanto, foi
devido a falta de meios financeiros que ele foi apresentado para o proprietário de
um navio que felizmente, o concedeu-lhe uma passagem e Kanryo Higaonna,
então, logo chegou à cidade portuária de Foochow, a única cidade na China
envolvido no comércio com Okinawa na época.

Figura 25: Cidade Foochow (Fuzhou) China.


Fonte: Travel China Guide (2012).
Kanryo Higaonna foi apresentado ao mestre Ryu Ryuko. Kanryo
Higaonna passou 16 anos em Foochow, China, estudando com o Mestre Ryuko e
tornou-se como um filho para ele. Também tornou-se conhecido em toda a
região como um grande artista marcial. Após o seu regresso a Okinawa, Kanryo
Higaonna prestou suas homenagens ao proprietário do navio que lhe havia
concedido a passagem para Foochow, o nome do proprietário do navio era
Yoshimura. Higaonna passou a ensinar os filhos de Yoshimura na arte que tinha
aprendido na China (INTERNATIONAL OKINAWAN GOJU-RYU KARATE-DO
FEDERATION, 2012).

.
Figura 26: Ryu Ryuko.
Fonte: Associação de Karate Goju-Ryu de Pernambuco (2012).
Com a propagação palavra de sua grande habilidade, ele logo também
ensinou os membros da família real. Mais tarde, ele abriu seu próprio
dojo. Kanryo Higaonna foi especialmente conhecido por sua incrível velocidade,
força e poder e sua arte se tornou conhecida como Naha-Te. (INTERNATIONAL
OKINAWAN GOJU-RYU KARATE-DO FEDERATION, 2012).

Figura 27: Kanryo Higaonna.


Fonte: Karateclub Okinwa Goju-Ryu (2012).

Um discípulo pessoal de Kanryo Higaonna foi Sensei Chojun Miyagi,


fundador do Goju Ryu Karatê. Na idade de 14, Miyagi Chojun Sensei conheceu
Kanryo Higaonna e juntos dedicaram suas vidas para a melhoria e avanço da
arte de Naha-te. Eles passaram 13 anos juntos até Kanryo Higaonna Sensei
falecer em 1916. No mesmo ano que o mestre Kanryo Higaonna morreu,
Miyagi Chojun Sensei partiu para a China para descobrir as raízes de Naha-te na
cidade de Foochow (INTERNATIONAL OKINAWAN GOJU-RYU KARATE-DO
FEDERATION, 2012).

Figura 28: Chojun Miyagi.


Fonte: Candeias (2011).

Segundo a International Karate Do Goju Kai Association Brasil (2012),


por influência de seu mestre e, na companhia de seu amigo Yoshikawa, Chojun
Miyagi faz sua primeira viagem até a China, o que influenciou indiretamente o
seu estilo, fato que é visto em alguns katas. Ficou lá por quatro anos, seguindo
os passos do seu falecido mestre, onde treinou os estilos Pa Kua Chang e
Shaolin Chuan. Retornou a Okinawa e, baseando-se no princípio do YIN-YANG
(as energias negativa e positiva que regem o universo), ele uniu a flexibilidade
das artes chinesas com a rigidez do Naha-Te, criando assim o estilo Goju-Ryu
(Escola do Rígido e Flexivel). Porém, as bases do estilo já haviam sido
estabelecidas pelo mestre Kanrio Higaonna, discípulo do mestre chinês Ryu
Ryuko.
Segundo Candeias (2011), Jigoro Kano (fundador do Judô) começou a
visitar Okinawa em 1927 e ficou muito impressionado com Sensei Miyagi e sua
técnica que o convidou a ir ao Japão em 1930 e 1932 para fazer demonstrações
em vários torneios. Foi em um destes torneios que um dos seus principais alunos
(Jin'na Shinzato) foi interrogado sobre que escola de Karatê pertencia. Incapaz
de responder, devido ao fato de que os estilos eram apenas conhecidos pela sua
localização geográfica, Jin'na Shinzato e o mestre Miyagi concordaram de que
deveria ser dado um nome ao seu estilo de Karatê.

Figura 29: Jin'na Shinzato.


Fonte: Flickr do Yahoo! (2012).

Este nome veio a ser Goju-Ryu (em japonês): Go (duro, forte) Ju (suave)
Ryu (escola); logo, Goju-Ryu é a escola do forte e suave (ou duro e suave)
(INTERNATIONAL KARATE DO GOJU KAI ASSOCIATION BRASIL,
2012).
Segundo a International Okinawan Goju-Ryu Karate-Do Federation
(2012) em 1926, Chojun Miyagi estabeleceu o Clube de Pesquisa de Karate em
Wakas-Cho. Na ocasião haviam quatro instrutores, Chojun Miyagi, Hanashiro,
Motobu e Mabuni. Alternadamente todos os instrutores ensinaram alguns
exercícios preliminares e exercícios complementares. Depois, Miyagi ministrou
palestras para os alunos sobre a humanidade, a vida diária, e o código de ética
samurai, a fim de melhorar o seu desenvolvimento moral.
Segundo a West Australian Goju Ryu Karate Do (2012), Ghojun Miyagi
teve sete principais alunos, a saber:

Figura 30: Seiko Higa (Shodokan) 1889-1966.


Fonte: West Australian Goju Ryu Karate Do (2012).

Figura 31: Jin'an Shinzato 1901-1945.


Fonte: West Australian Goju Ryu Karate Do (2012).
Figura 32: Meitoku Yagi (Meibukan) 1912-2003.
Fonte: West Australian Goju Ryu Karate Do (2012).

Figura 33: Ei'ichi Miyazato, (JUNDOKAN) 1922-1999.


Fonte: West Australian Goju Ryu Karate Do (2012).

Figura 34: Jitsuei Yogi 1912 – presente.


Fonte: West Australian Goju Ryu Karate Do (2012).
Figura 35: Koshin Iha (JUNDOKAN - sucessor Miyazato) 1925 – presente.
Fonte: West Australian Goju Ryu Karate Do (2012).

Figura 36: Yukinori Uehara 1916 – 1997.


Fonte: West Australian Goju Ryu Karate Do (2012).

A International Karate Do Goju Kai Association (2012) ainda


acrescenta o mestre Gogen Yamaguchi (1909 – 1989) que treinou Karatê com o
sensei Murata em Okinawa até 1931, quando passou a treinar com o mestre
Chojun Miyagi. Gogen Yamaguchi foi o fundador da IKGA (International
Karate Do Goju Kai Association), e teve muito sucesso em unir todas as escolas
de karatê do Japão numa instituição única que resultou na formação da
Federation of All Karate-Do Organization (FAJKO), em 1964. A Kokusai Budo
Renmei International Martial Arts Federation do Japão, entidade cujo dirigente
é o Príncipe Higashikuni, da família Imperial Japonesa, nomeou mestre Gogen
Yamaguchi Shihan da divisão das organizações de karatê.
Figura 37: Gogen Yamaguchi
Fonte: International Karate Do Goju Kai Association (2012)

Segundo o Wikipédia (20122), o estilo Goju-Ryu foi fundado


oficialmente no ano de 1933 pelo mestre Chojun Miyagi. As escolas e
associações do estilo de Karatê-Do Goju são:

 Goju-Ryu Shodokan - Seiko HIGA;


 Meibukan - Meitoku YAGI;
 Jundokan Okinawa - Eiichi MIYAZATO;
 Jundokan International - Teruo CHINEN;
 Shoreikan - Seikichi TOGUCHI;
 Goju-Ryu Goju-Kai (JKGA/IKGA) - Gogen YAMAGUCHI;
 Goju-Ryu Goju-Kai (JKF) - Shozo UJITA;
 Goju-Ryu Seigokan - Seigo TADA;
 Goju-Ryu Seiwakai - Shuji TAZAKI;
 Goju-Ryu Reibukan - Elias OLIVEIRA;
 Seibukai - Kinei NAKASONE;
 Shobukan - Shinjo MASANOBU;
 Sengukan - Seiko FUKUCHI;
 Jinbukan - Kanei KATSUYOSHI;
 Ohshikai - Kiyotaka TAKASAKI;
 Kenshikai - Tetsuhiro HOKAMA;
 Kenshinkan - Seiichi AKAMINE;
 Seito Goju-ryu - Kanki IZUMIKAWA;
 Goju-ryu Kyokai (GKK) - Motoo YAMAKURA;
 Goju-Ryu Karatedo International (GKI) - James Rousseau;
 Okinawa Gojuryu (IOGKF) - Morio HIGAONNA;
 Goju-Ryu Shobukan (Dojo Yamauchi)|Okinawa Gojuryu
(CBKGST) - Morihiro YAMAUCHI.
CONCLUSÃO

Foi visto neste trabalho que a história das artes marciais começou a
tomar forma partir do século VI, quando no ano 520 A.D. um monge budista
indiano chamado Bodhidharma (28º patriarca do Budismo) deixou seu país e
partiu em uma longa jornada. Bodhidharma viajou da Índia para a China, onde
chegou ao Templo Shaolin, localizado na província de Honan. Ao chegar ao
velho mosteiro, Bodhidharma deparou-se com a precária condição de saúde dos
monges, fruto de sua inatividade. Foi então que ele iniciou os monges do templo
Shaolin em treinamentos físicos e aos monges mais elevados, foi ensinada a arte
marcial do Vajramushti.
A fama dos monges lutadores foi espalhada pela China, difundindo
amplamente as artes marciais durante a Dinastia Ming, alastrando-se ainda por
outros países da Ásia e dando origem a outros estilos de artes marciais, como
por exemplo o Karatê de Okinawa (Te).
Okinawa originariamente não era território japonês, mais sim um reino
com língua uchinaguchi com administração e filosofia próprias. Antes do
contato com a China (por motivos econômicos e culturais), existia na ilha uma
luta nativa denominada TE. Segundo antigos manuscritos japoneses os primeiros
contatos entre China e Okinawa ocorreram no período da Dinastia Tang (618 a
906 d.C.), quando várias missões diplomáticas, militares e religiosas visitaram a
ilha. Com o intercâmbio entre os monges budistas de Okinawa e da China, teve-
se influências de técnicas do Chuan Fa - Wushu dos monges chineses sobre o TE
dos monges japoneses.
O Te se desenvolveu em três locais diferentes de Okinawa, a saber: na
capital Shuri, denominado SHURI-TE; na cidade portuária Tomari, TOMARI-
TE e na cidade comercial Naha, NAHA-TE. Destes três, o Shuri-Te e o Tomari-
Te deram origem ao estilo SHORIN e o Naha-Te deu origem ao estilo GOJU.
O Naha-Te teve como fundador Higaonna e mais tarde passou a ser o
estilo Goju-Ryu sob a orientação do mestre Chojun Miyagi em 1930. O Shuri-Te
tem como fundador o mestre Anko Itosu e mais tarde passou a ser conhecido
como Shorin-Ryu nas mãos do sensei Tomohana Choshin em 1933. Também em
1933 o Tomari-Te, fundado por mestre Kosaku (Sokon) Matsumura, também
ficou conhecido como Shorin-Ryu através do mestre Shoshin Nagamine.
Os objetivos do Karatê são definidos pela filosofia Budo-japones (Do),
que se baseia na busca incessante do aperfeiçoamento pessoal e a harmonização
do meio onde se vive. Desta maneira o Karatê-Do, como arte marcial, provém
das técnicas de defesa sem armas. ‘Kara’ significa ‘vazias’, ‘Tê’ significa
‘mãos’, e ‘Do’ significa ‘caminho’. Logo, Karatê-Do é o ‘caminho das mãos
vazias’.
Ao final desse trabalho, pode-se concluir que, no Karatê-Do, cada
praticante deve buscar as suas metas pessoais com objetivos diferenciados que
devem ser respeitados, cada praticante terá a oportunidade de atingir as metas
propostas, metas essas no campo do autocontrole, equilíbrio interior, saúde
física e mental entre outros, que resultarão em um autocontrole e correto
direcionamento dos impulsos de agressividade naturais aos seres humanos.
Por fim, fica um pensamento do saudoso mestre Yoshihide Shinzato:
“Ichi Go ichi E”. Que significa: “Trate bem todas as pessoas que você conhecer
nessa vida! Elas não entram na sua vida por acaso!”.
Arigatou gozaimasu.
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