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2ª Edição - 2018

1|A p o s t i la P e r it o C r i min a l

APRESENTAÇÃO
Olá! Meu nome é Leilane, tenho 23 anos e sou formada em Biomedicina pela Universidade Estadual de
Maringá. Comecei a estudar para concursos de Perito Criminal em 2015, mas só consegui orientar bem
meus estudos e estudar com disciplina a partir de 2016. Desde então, tenho percebido a enorme escassez
de conteúdo específico para a minha área nos concursos de Perito Criminal. Há cursos online que abordam
as matérias muito superficialmente, e livros de graduação que as abordam de uma forma muito
aprofundada. Com o tempo, passei a compor meus próprios cadernos e resumos, tentando achar um “meio
termo” que fosse suficiente para os concursos de Perito Criminal. Sempre guiei meus estudos me baseando
nas questões de concurso anteriores, o que também era/é um desafio, já que são relativamente poucas
questões e são difíceis de encontrar. Além de comprar livros específicos, sempre fiz muita pesquisa na
internet, li artigos e vi vídeos para tentar encontrar determinados conteúdos. Com o instagram
@concurseira_pc, percebi que muitas pessoas esbarravam nas mesmas dificuldades que eu.
Em 2016 prestei meu primeiro concurso para Perito Criminal, que foi o da Polícia Civil do Distrito Federal.
Fiquei empatada em 12º lugar com outras pessoas, dentre mais de 1600 candidatos. Com isso, percebi que
embora tivesse minhas dificuldades em procurar materiais específicos, talvez estivesse no caminho certo.
Comecei então a pensar em uma maneira de ajudar outras pessoas que estudam ou desejam estudar para
essa área, e a ideia da apostila surgiu. Mais recentemente, em 2017, prestei o concurso da Polícia Científica
do Paraná, e conquistei o 2º lugar, e 1ª lugar no concurso do Instituto Geral de Perícias do Rio Grande do
Sul.
Minha intenção com essa apostila não é esgotar todos os conteúdos de todos os editais, e sim fazer um
“compilado” dos assuntos mais cobrados. Tão pouco almejo ser referência nos assuntos mencionados, já
que tão somente trouxe referências de livros já consagrados, que vêm sido cobrados em concursos. Tentei
explicar os assuntos objetivamente, mas de uma forma que alguém que nunca tenha estudado essas
matérias também possa entender. Além disso, coloquei várias questões de concursos para treino no final
de cada capítulo. Na segunda edição, os capítulos de Biologia Molecular, Técnicas em Biologia Molecular e
Genética Forense foram expandidos, e os capítulos de Entomologia Forense, Tricologia Forense, e
Hematologia Forense adicionados.
Basicamente, tudo que eu já estudei eu coloquei aqui. Levando em conta meus resultados em concursos,
acredito que essa apostila forneça uma boa base para quem almeja o cargo de Perito Criminal nas áreas
de Biomedicina e Biologia.
Não deixem de procurar explicações adicionais, vídeos, artigos, caso restem dúvidas sobre os tópicos
abordados aqui. Façam e refaçam as questões dessa apostila, pois as bancas tendem a repetir os
conteúdos. Recomendo ainda que, caso haja lacunas nos assuntos, sejam procuradas as referências no final
de cada capítulo.
Sem mais comentários, espero, sinceramente, que essa apostila seja de alguma ajuda na conquista do seu
sonho!
Bons estudos!

Leilane Verga.
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ÍNDICE
1. Biologia celular......................................................................................................................................13
2. Biologia Molecular ................................................................................................................................46
3. Técnicas em Biologia Molecular ...........................................................................................................83
4. Genética ..............................................................................................................................................123
5. Genética forense.................................................................................................................................155
6. Bioquímica ..........................................................................................................................................183
7. Imunologia ..........................................................................................................................................217
8. Imuno-hematologia ............................................................................................................................233
9. Microscopia.........................................................................................................................................248
10. Luz forense ......................................................................................................................................265
11. Cadeia de custódia ..........................................................................................................................268
12. Entomologia Forense ......................................................................................................................275
13. Tricologia Forense ...........................................................................................................................306
14. Hematologia forense ......................................................................................................................318
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ÍNDICE EXPANDIDO
1. Biologia celular .................................................... 13 Lisossomos ........................................................... 22
Células procariontes ................................................. 13 Peroxissomos ....................................................... 23
Células eucariontes .................................................. 13 Multiplicação dos peroxissomos ..................... 23
Células eucariontes vegetais e animais ............... 13 Glioxissomos ................................................... 23
Citoplasma ............................................................... 14 Plastos.................................................................. 23
Depósitos citoplasmáticos ................................... 14 Cloroplastos .................................................... 23
Composição iônica ............................................... 14 Teoria endossimbiótica ................................... 24
Membrana celular .................................................... 15 Vacúolos............................................................... 24
Composição ......................................................... 15 Citoesqueleto ........................................................... 24
Proteínas da membrana.................................. 15 Metabolismo celular................................................. 25
Mosaico fluido ..................................................... 15 ATP e energia ....................................................... 25
Glicocálice ............................................................ 15 Fotossíntese ......................................................... 26
Especializações .................................................... 16 Etapas da fotossíntese .................................... 26
Microvilosidades ............................................. 16 Fase clara (fotoquímica) ............................ 26
Cílios e flagelos................................................ 16 Fase escura (química) ................................ 27
Junção oclusiva................................................ 16 Fatores que influenciam a fotossíntese .......... 27
Desmossomos.................................................. 16 Fatores limitantes intrínsecos .................... 27
Junção comunicante ........................................ 16 Fatores limitantes extrínsecos ................... 27
Interdigitações................................................. 16 Quimiossíntese .................................................... 28
Fluidez da membrana .......................................... 16 Fermentação ........................................................ 28
Transporte entre membranas.............................. 17 Fermentação alcoólica .................................... 29
Transporte passivo .......................................... 17 Fermentação lática.......................................... 29
Transporte ativo.............................................. 18 Respiração ........................................................... 29
Transporte acoplado ....................................... 18 Glicólise ........................................................... 30
Endocitose ...................................................... 18 Ciclo de Krebs .................................................. 30
Exocitose ......................................................... 19 Cadeia respiratória .......................................... 30
Núcleo ...................................................................... 19 ATP-sintase mitocondrial ................................ 30
Cromatina ............................................................ 19 Ciclo celular .............................................................. 31
Cromossomos ...................................................... 19 Intérfase............................................................... 31
Nucléolo............................................................... 20 Fase G0 ............................................................ 31
Organelas ................................................................. 20 Fase G1 ............................................................ 31
Mitocôndrias ....................................................... 20 Fase S .............................................................. 32
Retículo endoplasmático ..................................... 20 Fase G2 ............................................................ 32
Retículo endoplasmático rugoso..................... 21 Mitose .................................................................. 32
Ribossomos ............................................... 21 Prófase ............................................................ 32
Retículo endoplasmático liso .......................... 21 Metáfase ......................................................... 33
Endossomos......................................................... 22 Anáfase............................................................ 33
Complexo de Golgi............................................... 22 Telófase ........................................................... 33
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Citocinese .................................................. 33 Proteínas de ligação à fita simples .................. 57


Meiose ................................................................. 34 Primases .......................................................... 57
Meiose I .......................................................... 34 DNA polimerases ............................................. 57
Prófase I..................................................... 34 DNA polimerases em procariotos .............. 57
Metáfase I.................................................. 34 DNA ligases...................................................... 57
Anáfase I .................................................... 34 Replicação em procariotos e eucariotos ......... 58

Telófase I ................................................... 35 Organização gênica................................................... 58

Meiose II ......................................................... 35 Gene..................................................................... 58

Prófase II.................................................... 35 Estrutura do gene ............................................ 58

Metáfase II................................................. 35 Pseudogenes ................................................... 59


Genes de RNA não-codificadores .................... 59
Anáfase II ................................................... 35
Micro-RNA (miRNA) ................................... 59
Telófase II .................................................. 35
Expressão gênica ...................................................... 59
Questões .................................................................. 36
Transcrição........................................................... 59
Gabarito............................................................... 44
Promotores ..................................................... 60
Referências............................................................... 45
Término da transcrição ................................... 60
2. Biologia Molecular ............................................... 46
Processamento do RNA ....................................... 60
Organização do genoma humano ............................ 46
Capeamento 5’ ................................................ 60
Cromossomos ...................................................... 46
Poliadenilação 3’ ............................................. 60
Bandeamento cromossômico ......................... 46
Splicing alternativo .......................................... 61
Principais conceitos......................................... 47
Tradução .............................................................. 62
Cromátides ...................................................... 47
Ribossomos eucariotos ................................... 62
Centrômero..................................................... 47
Códons ............................................................ 62
Empacotamento do DNA ................................ 47
Anticódons ...................................................... 62
Cromatina interfásica .......................................... 49
Início da tradução............................................ 62
Eucromatina .................................................... 49
Término da tradução ....................................... 63
Heterocromatina............................................. 49
Processamento pós-traducional...................... 63
Telômeros ............................................................ 49
Tradução em procariotos ................................ 63
Funções dos telômeros: .................................. 50
Regulação da expressão em eucariotos ............... 64
Bandeamento cromossômico .............................. 50
Mutação e reparo do DNA........................................ 64
Regiões de DNA repetitivo................................... 52
Tipos de mutações ............................................... 65
DNA Espaçador .................................................... 53
Mutação pontual ............................................. 65
Anomalias cromossômicas .................................. 53
Etapas de produção da mutação pontual .. 66
Anomalias numéricas ...................................... 54
Mutações por inserções e mutações deletérias
Anomalias estruturais ..................................... 54
........................................................................ 67
Dissomia uniparental ........................................... 54
Agentes mutagênicos........................................... 67
DNA Mitocondrial ................................................ 54
Mecanismos de Reparo do DNA .......................... 69
Principais características ................................. 54
Reparo direto por fotorreativação .................. 69
Replicação ................................................................ 56
Reparo por excisão .......................................... 69
Primers ............................................................ 56
Reparo por recombinação ............................... 71
Fragmentos de Okazaki ................................... 56
Recombinação gênica ............................................... 71
Principais enzimas da replicação ......................... 57
Recombinação homóloga .................................... 71
Topoisomerases (girases)................................ 57
Recombinação sítio-específica ............................. 71
Helicases ......................................................... 57
Hibridização de Ácidos Nucleicos ............................. 72
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Utilizações ........................................................... 72 Quantificação do DNA .............................................. 92


Princípios ............................................................. 72 Absorbância UV ................................................... 93
Detecção e identificação ..................................... 73 End-point PCR ...................................................... 93
Estabilidade ......................................................... 73 Real-time PCR (qPCR) ........................................... 93
Questões .................................................................. 74 TaqMan ........................................................... 93
Gabarito............................................................... 81 Molecular Beacon ........................................... 94
Referências............................................................... 82 Análise da qPCR ............................................... 94
3. Técnicas em Biologia Molecular .......................... 83 Sequenciamento....................................................... 95
Extração do DNA ...................................................... 83 Sequenciamento Químico (de Maxam-Gilbert) ... 95
Princípios da extração do DNA ............................ 83 Método de Sanger (terminação de cadeia) ......... 96
Ruptura de células e tecidos ........................... 83 Didesoxirribonucleotídeos .............................. 96
Lise de membranas ......................................... 83 Princípios do sequenciamento de Sanger ....... 96
Remoção de proteínas e constituintes Sequenciamento manual ................................ 96
citoplasmáticos ............................................... 84
Sequenciamento automático .......................... 97
Armazenamento das soluções com DNA ........ 84
Shotgun ................................................................ 97
Extração orgânica (fenol-clorofórmio)................. 84
Primer walking (Chromosome walking) ............... 98
Ebulição e quelação (Chelex) ............................... 85
Sequenciamento de nova geração (NGS)............. 98
FTA-paper ............................................................ 85
PCR de emulsão............................................... 99
Extração com sílica .............................................. 86
Bridge PCR ....................................................... 99
DNA IQ – Extração com sílica ligada a beads... 86
Pirosequenciamento ....................................... 99
PrepFilter ........................................................ 87
Illumina ......................................................... 100
Extração magnética ............................................. 87
Ion Torrent .................................................... 100
Extração diferencial ............................................. 87
SOLiD ............................................................. 101
Extração de DNA de pelo e cabelo....................... 88
Sequenciamento de terceira geração ................ 101
Reação em cadeia da polimerase (PCR) ................... 89
HeliScope....................................................... 101
Desnaturação e renaturação do DNA .................. 89
SMRT ............................................................. 101
Princípios básicos da PCR..................................... 89
Eletroforese ............................................................ 102
Componentes da PCR .......................................... 89
Princípios básicos ............................................... 102
DNA polimerase termoestável ........................ 89
Matrizes de suporte ........................................... 102
Taq polimerase .......................................... 89
Agarose ......................................................... 102
AmpliTaq Gold polimerase ........................ 89 Poliacrilamida ................................................ 103
Pfu DNA polimerase .................................. 89 Eletroforese desnaturante ....................... 103
Primers ............................................................ 90 Eletroforese em gel de agarose ......................... 103
DNA molde ...................................................... 90 Eletroforese em gel de poliacrilamida ............... 104
Desoxirribonucleotídeos (dNTPs).................... 90 SDS-PAGE ...................................................... 105
Cátions ............................................................ 90 Eletroforese bidimensional ........................... 105
Tampão ........................................................... 91 Eletroforese capilar ............................................ 106
Ciclo da PCR ......................................................... 91 Capilar ........................................................... 106
Fatores que afetam a PCR ................................... 91 Injeção das amostras..................................... 106
Qualidade do molde DNA ............................... 91 Eletrodos e fluxo ........................................... 106
Inibidores da PCR ............................................ 91 Vantagens da eletroforese capilar ................ 107
Contaminação ................................................. 91 Desvantagens da eletroforese capilar ........... 107
RT-PCR ................................................................. 91 Eletroferograma ............................................ 107
Nested-PCR .......................................................... 92
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Problemas associados à eletroforese capilar 107 Herança influenciada pelo sexo ......................... 135
Eletroforese de campo pulsado ......................... 108 Albinismo ........................................................... 135
Blotting ................................................................... 109 Hemofilia............................................................ 135
Southern blotting............................................... 109 Daltonismo......................................................... 136
Northern Blotting .............................................. 109 Herança dos grupos sanguíneos ............................. 136
Western Blotting ............................................... 110 Sistema ABO ...................................................... 136
Questões ................................................................ 110 Sistema MN........................................................ 136
Gabarito............................................................. 121 Sistema Rh ......................................................... 137
Referências............................................................. 121 Interação gênica ..................................................... 137
4. Genética ............................................................ 123 Interações epistáticas ........................................ 137
Conceitos................................................................ 123 Interações não epistáticas ................................. 137
Quadro de Punnett ................................................ 123 Herança quantitativa ......................................... 137
Leis de Mendel ....................................................... 124 Genética populacional ............................................ 137
Primeira Lei de Mendel .......................................... 124 Heterozigosidade ............................................... 138
Monoibridismo sem dominância. ...................... 125 Equilíbrio de Hardy-Weinberg ........................... 139
Penetrância incompleta..................................... 125 Premissas ...................................................... 139
Pleiotropismo .................................................... 126 Resultados esperados ................................... 139
Genes letais ....................................................... 126 Equação de HW ............................................. 139
Gêmeos.............................................................. 126 Causas de afastamento do HW ..................... 140
Gêmeos monozigóticos ................................. 126 Cálculo para saber se uma população está em
equilíbrio de HW ........................................... 140
Gêmeos dizigóticos ....................................... 126
Análise estatística de perfil de DNA........................ 142
Probabilidades e heredograma .............................. 126
Subpopulações ................................................... 143
Probabilidade .................................................... 126
Taxa de probabilidade ....................................... 143
Eventos mutuamente exclusivos .................. 127
Índex de Paternidade ............................................. 143
Eventos simultaneamente independentes ... 127
ICP ...................................................................... 144
Heredogramas ................................................... 127
Probabilidade de paternidade ........................... 144
Elaboração do heredograma......................... 128
Questões ................................................................ 145
Análise do heredograma ............................... 128
Gabarito ............................................................. 153
Padrões de herança ........................................... 129
Referências ............................................................. 154
Herança autossômica dominante ................. 129
5. Genética forense................................................ 155
Herança autossômica recessiva .................... 129
Aplicações da Genética Forense ............................. 155
Herança dominante ligada ao X .................... 129
Genoma Humano ................................................... 155
Herança recessiva ligada ao X ....................... 130
Sequências não codificantes .............................. 155
Herança ligada ao Y ....................................... 130
Conceitos importantes....................................... 155
Segunda Lei de Mendel .......................................... 130
Polimorfismos do DNA ........................................... 156
Segregação independente de 3 pares de alelos 131
Nomenclatura dos marcadores.......................... 157
Meiose e a 2ª Lei de Mendel ............................. 132
Minissatélites ......................................................... 157
Linkage............................................................... 132
Endonucleases de restrição ............................... 158
Genes ligados..................................................... 133
Desvantagens do uso de VNTRs ......................... 158
Taxa de permuta................................................ 133
AFLP ................................................................... 158
Mapa genético ................................................... 134
Microssatélites ....................................................... 158
Casos de herança ................................................... 134
Vantagens dos STRs ........................................... 158
Herança ligada ao Y ........................................... 134
Escolha dos STRs ................................................ 159
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Análise dos STRs ................................................ 159 Monossacarídeos .......................................... 187


Interpretação do perfil genético........................ 160 Características dos monossacarídeos ...... 187
Amelogenina...................................................... 160 Ligação glicosídica .................................... 187
Análise de misturas............................................ 161 Dissacarídeos................................................. 187
Mini-STR ............................................................ 161 Oligossacarídeos............................................ 188
STR do cromossomo Y ............................................ 161 Polissacarídeos .............................................. 188
STR-Y .................................................................. 162 Reserva energética .................................. 188
SNP-Y ................................................................. 162 Polissacarídeos estruturais ...................... 188
STR do cromossomo X ............................................ 162 Classificação dos polissacarídeos ............. 188
Aplicações do X-STR ........................................... 162 Glicoconjugados ................................................. 188
Polimorfismo de nucleotídeo único (SNP).............. 162 Lipídios ................................................................... 189
Análise dos SNPs ................................................ 163 Funções biológicas ............................................. 189
SNaPshot ....................................................... 163 Classificação ....................................................... 189
Arranjos SNP de alta densidade (Microarrays) Glicerídeos .................................................... 189
...................................................................... 164
Ácidos graxos ........................................... 189
DNA mitocondrial ................................................... 164
Cerídeos ........................................................ 190
Genoma mitocondrial ........................................ 164
Fosfolipídios .................................................. 190
Heteroplasmia ................................................... 165
Glicerofosfolipídios .................................. 190
Utilizações do mtDNA ........................................ 165
Esfingofosfolipídios .................................. 190
Análise do DNA mitocondrial............................. 165
Interpretação do perfil de mtDNA ..................... 165 Esteroides ...................................................... 191

INDEL ...................................................................... 165 Proteínas ................................................................ 191

Marcadores de ancestralidade ............................... 166 Aminoácidos ...................................................... 191

Bancos de Dados de Perfis Genéticos .................... 167 Carbono α (alfa)............................................. 192

RESOLUÇÃO Nº 3, DE 26 DE MARÇO DE 2014 ... 167 Ligação peptídica ............................................... 192

Lei nº12.654/2012 ............................................. 167 Características da ligação peptídica .............. 192

Coleta para auxiliar as investigações) ........... 167 Estruturas das proteínas .................................... 192

Lei de execução penal ................................... 168 A α-hélice ...................................................... 192

Manual de procedimentos RIBPG ...................... 168 Folha-β .......................................................... 193

Decreto nº 7.950 ............................................... 169 Desnaturação ................................................ 193

Questões ................................................................ 169 Classificação quanto à organização estrutural ... 193

Gabarito............................................................. 182 Enzimas................................................................... 194

Referências............................................................. 182 Catálise enzimática ............................................ 194

6. Bioquímica ......................................................... 183 Modelo chave-fechadura .............................. 195

Água ....................................................................... 183 Modelo ajuste-induzido ................................ 195

Principais funções nos seres vivos ..................... 184 Cinética enzimática ............................................ 195

A água como solvente ....................................... 184 Velocidade máxima ....................................... 195

Por que a água dissolve sais .......................... 184 Equação de Michaelis-Menten ...................... 195

Sais Minerais .......................................................... 185 Equação do duplo recíproco.......................... 196

Importância biológica ........................................ 185 Fatores que afetam a ação enzimática .............. 196

Vitaminas ............................................................... 185 Concentração do substrato ........................... 196

Carboidratos........................................................... 186 Temperatura ................................................. 196

Funções.............................................................. 186 pH .................................................................. 196

Classificação....................................................... 187 Inibição enzimática ............................................ 197


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Inibição irreversível ....................................... 197 Quanto à constituição química ..................... 219


Inibição reversível ......................................... 197 Quanto à valência.......................................... 219
Inibidor competitivo ............................... 197 Quanto à forma de apresentação ................. 219
Inibidor incompetitivo ............................ 197 Quanto à reatividade imunológica ................ 219
Inibidor não-competitivo........................ 198 Quanto à necessidade de participação do
linfócito T ...................................................... 220
Inibição mista .......................................... 198
Quanto à reatividade com o anticorpo ......... 220
Enzimas vs. Catalisadores químicos ................... 199
Anticorpos .............................................................. 220
Nomenclatura das enzimas .................................... 199
Funções efetoras dos anticorpos ....................... 220
Classe 1 – oxirredutases .................................... 199
Estrutura ............................................................ 220
Classe 2 – transferases ...................................... 200
Domínio ......................................................... 220
Classe 3 – hidrolases .......................................... 200
Região de dobradiça ...................................... 220
Classe 4 – liases ................................................. 201
Clivagem dos anticorpos ............................... 220
Classe 5 – isomerases ........................................ 201
Regiões variáveis ........................................... 221
Classe 6 – ligases ou sintetases.......................... 201
Regiões constantes........................................ 221
Ácidos Nucleicos..................................................... 201
Cadeia de junção ........................................... 222
Estrutura dos ácidos nucleicos .......................... 202
Classificações ..................................................... 222
Nucleosídeo .................................................. 202
Classes de anticorpos ............................................. 222
Nucleotídeo................................................... 202
IgG ...................................................................... 222
DNA ................................................................... 203
IgM ..................................................................... 223
Estruturas do DNA ........................................ 204
IgA ...................................................................... 223
RNA .................................................................... 204
IgD ...................................................................... 223
RNA mensageiro ........................................... 204
IgE ...................................................................... 223
RNA ribossômico ........................................... 204
Ligação antígeno-anticorpo .................................... 223
RNA transportador ........................................ 205
Base estrutural ................................................... 223
Aminoacil tRNA sintetases....................... 205
Características relacionadas ao reconhecimento do
Questões ................................................................ 206 antígeno ............................................................. 223
Gabarito............................................................. 215 Características relacionadas às funções efetoras
Referências............................................................. 215 ........................................................................... 224

7. Imunologia ......................................................... 217 Órgãos linfoides ...................................................... 224

Sistema Imune........................................................ 217 Medula óssea ..................................................... 224

Conceitos ........................................................... 217 Timo ................................................................... 224

Funções do sistema imune ................................ 217 Linfonodos ......................................................... 224

Imunidade inata................................................. 217 Baço ................................................................... 224

Constituintes da imunidade nata .................. 217 Células do SI ........................................................... 224

Resistência celular ........................................ 217 Células apresentadoras de antígenos (APCs) ..... 224

Receptores de reconhecimento de padrões . 217 Eosinófilo ........................................................... 224

Imunidade adquirida ......................................... 218 Neutrófilo........................................................... 224

Memória imunológica ................................... 218 Basófilo .............................................................. 224

Imunidade humoral ...................................... 218 Linfócito ............................................................. 225

Imunidade celular ......................................... 219 Monócito ........................................................... 225

Natureza clonal da RI adquirida .................... 219 Imunoensaios ......................................................... 225

Antígenos ............................................................... 219 ELISA .................................................................. 225

Tipos de antígenos ............................................. 219 Elisa de captura IgM (MAC-ELISA) ................. 225
9|A p o s t i la P e r it o C r i min a l

ELFA ................................................................... 225 Parte óptica ................................................... 248


Imunocromatografia .......................................... 226 Conceitos ........................................................... 249
Imunofluorescência ........................................... 226 Poder de resolução ....................................... 249
Direta ............................................................ 226 Ampliação...................................................... 249
Indireta.......................................................... 226 Limite de resolução ....................................... 249
Questões ................................................................ 227 Microscopia de campo claro .............................. 249
Gabarito............................................................. 232 Microscopia de campo escuro ........................... 249
Referências............................................................. 232 Funcionamento ............................................. 250
8. Imuno-hematologia ........................................... 233 Aplicações ..................................................... 250
Sistema ABO ........................................................... 233 Limitações ..................................................... 250
Biossíntese dos antígenos ABO.......................... 233 Microscopia de fluorescência ............................ 250
Bases moleculares do sistema ABO ................... 234 Aplicações .......................................................... 251
Herança dos antígenos A e B ............................. 234 Microscopia de contraste de fase ...................... 251
Prova de Coombs ................................................... 234 Funcionamento ............................................. 251
Coombs direto ................................................... 234 Contraste de fase positivo ....................... 252
Coombs indireto ................................................ 235 Contraste de fase negativo ...................... 252
Antissoros do sistema ABO .................................... 235 Microscópio de contraste de interferência
Prova direta ....................................................... 235 diferencial (DIC) ................................................. 252

Prova reversa (prova de Simonin) ..................... 235 Microscopia de polarização ............................... 252

Transfusões sanguíneas ......................................... 235 Microscopia confocal ......................................... 253

Antígenos ABH das secreções ................................ 236 Aberrações ......................................................... 253

Não-secretores .................................................. 236 Esféricas ........................................................ 253

Bombaim (Oh) / “Falso O” .................................. 236 Cromáticas .................................................... 254

Verificação do caráter secretor ......................... 237 Microscopia eletrônica ........................................... 254

Sistema de Lewis .................................................... 238 Componentes do microscópio eletrônico .......... 254

Sistema Rh.............................................................. 238 Propriedades ondulatórias dos elétrons ....... 254

Antígeno RhD ..................................................... 238 Canhão eletrônico ......................................... 254

Antígenos D fraco.......................................... 239 Lentes eletrônicas ......................................... 254

Antígenos D parciais...................................... 239 Microscópio eletrônico de transmissão (MET) .. 254

Anticorpos do sistema Rh .................................. 239 Composição ................................................... 254

Tipagem RhD ..................................................... 239 Microscópio eletrônico de varredura (MEV)...... 255

Eritroblastose fetal ............................................ 239 MET x MEV ......................................................... 256

Sistema MN ............................................................ 239 Questões ................................................................ 257

Aplicações forenses da tipagem sanguínea............ 240 Gabarito ............................................................. 263

Tipagem em manchas de sangue....................... 240 Referências ............................................................. 264

Tipagem em secreções ...................................... 240 10. Luz forense .................................................... 265

Questões ................................................................ 241 Luz e matéria .......................................................... 265

Gabarito............................................................. 247 Interações da luz com a matéria ............................ 265

Referências............................................................. 247 Luminescência ........................................................ 265

9. Microscopia ....................................................... 248 Métodos de absorção............................................. 266

Microscopia Óptica ................................................ 248 Manchas de sangue ................................................ 266

Estrutura de um microscópio óptico ................. 248 Fluidos corporais .................................................... 266

Parte mecânica ............................................. 248 Fibras ...................................................................... 267


Pegadas .................................................................. 267
10 | A p o s t i l a P e r i t o C r i m i n a l

Referências............................................................. 267 Características dos insetos úteis na estimativa de


tempo de morte ................................................. 281
11. Cadeia de custódia ........................................ 268
Estimativa mediante o padrão sucessório ......... 281
Conceitos................................................................ 268
Padrão de sucessão (França).............................. 282
Finalidade .......................................................... 268
Tempo de desenvolvimento dos imaturos ........ 283
Vestígios, indícios e evidências .......................... 268
GDA .................................................................... 284
Elementos .............................................................. 269
Cálculo do GDA .................................................. 284
Registro documental ......................................... 269
Exemplo de cálculo do GDA ............................... 284
Rastreabilidade .................................................. 269
Exemplo de cálculo do IPM ................................ 285
Integridade da prova ......................................... 269
Limitações no uso de insetos na cronologia da
Início e fim .............................................................. 269
morte ................................................................. 286
Centro de custódia ............................................ 270
Tratamento de material entomológico .................. 286
Etapas da cadeia de custódia............................. 270
Coleta ................................................................. 286
Fase externa .................................................. 270
Procedimentos para a coleta de vestígios
Fase interna .................................................. 270 entomológicos:.............................................. 287
Procedimentos ....................................................... 270 Transporte ......................................................... 288
Questões ................................................................ 271 Procedimento em laboratório ........................... 288
Gabarito............................................................. 273 Criação ............................................................... 289
Referências............................................................. 274 Observações e manutenção da criação......... 289
12. Entomologia Forense .................................... 275 Procedimentos pós-emergência ................... 289
Introdução.............................................................. 275 Identificação ...................................................... 290
Histórico ................................................................. 275 Outras modalidades ............................................... 290
Classificações ......................................................... 275 Entomotoxicologia ............................................. 290
Entomologia forense urbana ............................. 275 Entomologia forense molecular ......................... 290
Entomologia forense de produtos estocados ou Entomologia forense ambiental......................... 291
armazenados ..................................................... 276
Ciclo de vida dos insetos......................................... 291
Entomologia forense médico-legal .................... 276
Noções de morfologia e biologia ............................ 291
Entomologia forense ambiental ........................ 276
Cabeça ............................................................... 292
Aplicações .............................................................. 276
Antenas .............................................................. 292
Possibilitar a identificação do morto ................. 276
Aparelho bucal ................................................... 293
Local da morte e transporte do corpo ............... 276
Tórax .................................................................. 293
Entorpecentes ................................................... 277
Apêndices torácicos ...................................... 293
Maus tratos ....................................................... 277
Asas .................................................................... 294
Crimes sexuais seguidos de morte..................... 277
Abdome ............................................................. 294
Quem cometeu o crime ..................................... 278
Reprodução e fases do desenvolvimento .......... 295
Aplicações nos casos de morte violenta ............ 278
Muda ou ecdise.................................................. 295
A investigação ............................................... 278
Tipos de larvas ................................................... 296
Principais objetivos da Entomologia Forense no
Ordem Diptera ................................................... 296
contexto da perícia ....................................... 278
Família Calliphoridae ..................................... 296
Orientação da causa da morte ...................... 278
Família Sarcophagidae .................................. 297
Fauna cadavérica.................................................... 278
Família Muscidae........................................... 297
Classificação....................................................... 278
Família Fannidae ........................................... 297
Principais ordens de interesse forense .............. 278
Família Phoridae............................................ 297
Noções de cronotagnose médico-legal .................. 279
Família Stratiomyidae.................................... 297
Determinação do IPM ............................................ 281
11 | A p o s t i l a P e r i t o C r i m i n a l

Família Pzychodidae...................................... 297 Tratamento químico .......................................... 313


Família Culicidae ........................................... 297 Teste de infiltração com azul de metileno .... 313
Ordem Coleptera ............................................... 298 Limpeza, clareamento e montagem .................. 313
Família Dermestidae ..................................... 298 Tipagem de DNA ................................................ 313
Família Cleridae............................................. 298 Alterações biológicas e ambientais .................... 314
Família Scarabaeidae .................................... 298 Questões ................................................................ 314
Família Silphidae ........................................... 298 Gabarito ............................................................. 316
Família Staphylinidae .................................... 298 Referências ............................................................. 317
Família Tenebrionidae .................................. 298 14. Hematologia forense ..................................... 318
Família Cerambycidae ................................... 298 Introdução .............................................................. 318
Ordem Hymenoptera......................................... 299 Composição do sangue ...................................... 318
Família Apidae............................................... 299 Testes de orientação .............................................. 318
Família Formicidae ........................................ 299 Testes colorimétricos ......................................... 318
Família Vespidae ........................................... 299 Benzidina (Adler-Ascarelli) ............................ 318
Questões ................................................................ 299 Fenolftaleína (Kastle-Meyer) ......................... 318
Gabarito............................................................. 305 Verde malaquita ............................................ 319
Referências............................................................. 305 Reação de Van-Deen ..................................... 319
13. Tricologia Forense ......................................... 306 Testes de luminescência .................................... 319
Introdução.............................................................. 306 Luminol.......................................................... 319
Aplicações da Tricologia Forense ....................... 306 Bluestar ......................................................... 319
Morfologia.............................................................. 306 Fluoresceína. ................................................. 319
Composição ............................................................ 306 Fatores que afetam os testes de orientação...... 320
Morfologia da haste .......................................... 307 Oxidantes ...................................................... 320
Cutícula ......................................................... 307 Peroxidase de plantas ................................... 320
Córtex............................................................ 307 Agentes redutores ......................................... 320
Medula .......................................................... 308 Testes de certeza .................................................... 320
Histogênese............................................................ 308 Microcristais ...................................................... 320
Ciclo de vida dos pelos ........................................... 309 Métodos espectrofotométricos ......................... 321
Fase anágena ..................................................... 309 RT-PCR ............................................................... 321
Fase catágena .................................................... 309 Métodos cromatográficos.................................. 321
Fase telógena..................................................... 310 Testes de determinação de origem humana .......... 321
Fibras ...................................................................... 310 Teste de Vacher-Sutton (Inibição da antiglobulina
humana)............................................................. 321
Fibras naturais ................................................... 311
Imunocromatografia .......................................... 321
Animais ......................................................... 311
Imunocromatografia para glicoforina A ........ 322
Vegetais ........................................................ 311
Testes de imunoprecipitação ............................. 322
Minerais ........................................................ 311
Hematologia Forense Reconstrutora...................... 322
Fibras sintéticas ................................................. 311
Altura de queda em gotejamento estático (isolado)
Inorgânicas .................................................... 311
........................................................................... 322
Orgânicas ...................................................... 311
Direcionalidade e área da convergência ............ 323
Coleta de fibras e pelos .......................................... 311
Área de convergência em duas dimensões ........ 323
Coleta de pessoa viva ........................................ 312
Ângulo de impacto e ponto de origem
Análise dos pelos .................................................... 312 tridimensional .................................................... 324
Pesquisa Toxicológica em amostras de cabelo .. 312 Terminologia de manchas de sangue................. 325
12 | A p o s t i l a P e r i t o C r i m i n a l

Manchas de formação passiva ...................... 325 Manchas de arrastamento....................... 326


Gotejamento isolado ............................... 325 Manchas de projeção .............................. 326
Gotejamento sucessivo estático .............. 325 Manchas alteradas................................... 327
Escorrimento ........................................... 325 Outras considerações ........................................ 327
Empoçamento ......................................... 325 Questões ................................................................ 328
Manchas de formação ativa.......................... 325 Gabarito ............................................................. 330
Manchas de contato ................................ 326 Referências ............................................................. 331
13 | A p o s t i l a P e r i t o C r i m i n a l

1. BIOLOGIA CELULAR
A célula é a unidade que constitui os seres vivos, do meio externo (membrana plasmática). Em
podendo existir isoladamente, nos seres algumas células pode haver invaginações da
unicelulares, ou formar arranjos ordenados em membrana plasmática, que se enrolam no
seres pluricelulares. citoplasma e dão origem aos mesossomos.
Todas as células possuem certos componentes Os procariotos não possuem citoesqueleto. Sua
básicos, são eles: forma é mantida pela parede extracelular, que é
sintetizada no citoplasma e agregada à superfície
 Membrana plasmática
externa da membrana plasmática.
 Citosol
 Cromossomos
 Ribossomos
Células eucariontes
Há dois tipos básicos de células: procariontes e As células eucariontes apresentam duas partes
eucariontes, que se diferenciam basicamente morfologicamente bem distintas: o citoplasma e
pela localização do material genético nelas. Nos o núcleo, que são separados pelo envoltório
eucariontes, o DNA é delimitado pelo núcleo, nuclear.
enquanto nos procariontes, o DNA está O citoplasma das células eucariontes se
concentrado no nucleoide, que não é uma região apresenta subdividido em compartimentos, nos
cercada por membranas. quais um extenso sistema de membranas cria
microrregiões no citoplasma, que contêm
Células procariontes moléculas diferentes que executam funções
Nas células procariontes, a única membrana especializadas. Além disso, há grande diferenças
existente é a membrana plasmática. Elas não enzimáticas entre os diversos compartimentos.
possuem membranas que separam os Essa separação das atividades das células
cromossomos do citoplasma – o material eucariotas permite que elas atinjam maior
genético está disperso em uma região não tamanho, sem prejuízo das suas funções.
delimitada, o nucleoide.
Os seres com células procariontes são chamados
de procariotas – as bactérias (as cianofíceas, ou Células eucariontes vegetais e animais
algas azuis, também são bactérias). Existem algumas características que distinguem
as células eucariontes vegetais das animais, que
No citoplasma das bactérias há os estão sintetizadas a seguir:
polirribossomos, que são ribossomos ligados a
moléculas de RNA mensageiro.
As células procariontes não se dividem por
mitose, e seus filamentos de DNA não sofrem o
processo de
condensação que leva
à formação de
cromossomos visíveis
durante a divisão
celular.
As células procariontes
não possuem
organelas, ou seja, não
apresentam nenhuma
outra membrana no
citoplasma além da
que separa a célula Figura 1. Células eucariotas e procariotas. Fonte: Passei na Fuvest.
46 | A p o s t i l a P e r i t o C r i m i n a l

2. BIOLOGIA MOLECULAR
que algumas plantas possuem
Organização do genoma consideravelmente mais DNA por célula do que
humano os humanos; ou seja, o valor C não exprime uma
relação direta com o grau de complexidade do
O código genético dos seres vivos toma a mesma
organismo.
forma em seres primitivos como amebas, ou no
homem. São moléculas de ácido
desoxirribonucleico, ou DNA, compostas
fundamentalmente por longas sequências de Cromossomos
quatro bases nitrogenadas, as "letras" químicas A O DNA encontra-se empacotado em estruturas
(adenina), T (timina), C (citosina) e G (guanina). denominados cromossomos – assim chamados
porque absorvem determinados corantes
A presença do DNA na célula é chamada de (chroma – cor, soma – corpo).
genoma. Embora o genoma procariótico seja
frequentemente uma longa molécula de DNA,  Os cromossomos estão lcoalizados no
genomas eucarióticos normalmente consistem núcleo da célula.
em algumas moléculas de DNA. O cromossomo é formado por pedaços de
A molécula de DNA tem diversas centenas a cromatina (molécula de DNA linear) que se
milhares de genes, dependendo da espécie, que dobram diversas vezes sobre si e possuem um
são as unidades de informação que especificam formato de bastonete. Antes que ocorra a
as características herdáveis de um organismo. divisão, o cromossomo se duplica e são formadas
Porém, nem todo DNA se traduz em genes: no ser as cromátides (a cromátide é cada um dos
humano, estima-se que menos de 10% do DNA filamentos de DNA que são formados na
do genoma especifica genes. A parte restante é duplicação do cromossomo).
chamada de DNA lixo, sequências que se A estrutura cromossômica geralmente ilustrada
acumularam por milhões de anos sem utilidade em livros didáticos representa apenas o estado
aparente. no qual os cromossomos se encontram durante a
metáfase – as cromátides aparecem conectadas
Em pesquisas recentes, cientistas descobriram umas às outras na região do centrômero e estão
que 80% do “DNA lixo” desempenha pelo tão condensadas que podem ser visualizadas por
menos uma função biológica. microscopia de luz. Esses cromossomos são tão
hermeticamente compactados que seus genes
não podem ser expressos. Os cromossomos
Enquanto os genomas de organismos possuem uma estrutura bastante diferente
unicelulares são bastante compactos, os durante a maior parte do ciclo celular – durante
tamanhos dos genomas tendem a um aumento a intérfase, a maioria das regiões cromossômicas
nas linhagens que levam aos metazoários. Além está altamente estendida, permitindo que seus
disso, genomas de vertebrados toleram muitos genes sejam expressos.
íntrons (sequências não codificantes) grandes e
também uma grande quantidade de DNA
altamente repetitivo. Bandeamento cromossômico
A quantidade de DNA no genoma é conhecida Na década de 1970 descobriu-se que certos
como valor C (de Constante ou Característico). tratamentos faziam surgir bandas (faixas
Este valor pode ser expresso em picogramas, que transversais) nos cromossomos, as quais
contém aproximadamente um bilhão de pares de permitiam identificar com precisão cada um dos
bases de DNA. Todavia, existe uma relação 23 pares cromossômicos do cariótipo humano.
inconstante entre a complexidade do organismo
e a quantidade de DNA em suas células – o que
foi chamado de paradoxo do valor C. Foi relatado
83 | A p o s t i l a P e r i t o C r i m i n a l

3. TÉCNICAS EM BIOLOGIA
MOLECULAR

básicos que estarão descritos a seguir. A escolha


Extração do DNA de qual método será usada depende de vários
Uma amostra coletada de uma cena de crime fatores, como o tipo e quantidade de amostra, a
contém numerosas substâncias além do DNA. As rapidez necessária, a possibilidade de
moléculas de DNA precisam ser separadas desse automação, disponibilidade de reagentes
outro material antes de serem analisadas. necessários e o custo do procedimento. Além
disso, deve-se levar em conta a experiência do
Praticamente qualquer material biológico é uma pessoal do laboratório.
fonte potencial para obtenção de DNA para
análise; no entanto, o sucesso da tipagem de Princípios da extração do DNA
DNA frequentemente depende da qualidade e da
natureza da amostra. Amostras de cena de crime
Ruptura de células e tecidos
geralmente têm uma quantidade limitada de Para se ter acesso ao conteúdo celular, é preciso
material biológica, ou ainda geram grande romper células e tecidos. Para isso são usados:
quantidade de DNA, mas altamente degradado. Proteinase K – enzima que rompe ligações
Essas amostras são expostas ao ambiente por peptídicas, que trabalha muito melhor na
variados períodos de tempo, além de serem presença de um detergente em temperaturas
substratos ideais para o crescimento de bactérias elevadas (essas condições fazem com que as
e outros micro-organismos, processos que proteínas sejam desnaturadas e
podem degradar o DNA. A habilidade de extrair o consequentemente fiquem mais expostas à ação
DNA e purifica-lo, livrando-o de potenciais da proteinase K). Ela é relativamente resistente à
inibidores na amostra são críticos para o sucesso desnaturação. A proteinase K hidrolisa RNAses,
da análise de DNA no contexto forense. DNAses e contaminantes, colaborando na
Assim, a extração do DNA tem dois objetivos ruptura das células.
principais: Outros métodos usados para romper células são:
a) Ser altamente eficiente, extraindo DNA tratamento alcalino, aquecimento, métodos
o suficiente para que a análise de perfil mecânicos.
de DNA possa ser feita; esse ponto é Quando a amostra consiste de ossos e dentes, é
especialmente importante nos casos em necessário remover primeiro a matriz calcificada
que as amostras biológicas estão em que protege as células. Esse procedimento é feito
pequena quantidade. após limpeza, corte e pulverização do osso. Em
b) Extrair DNA que seja puro o suficiente seguida, adiciona-se algum agente quelante
para a análise – o nível de dificuldade (como o EDTA), que irá sequestrar os íons de
para que esse critério seja alcançado cálcio e realizar a desmineralização da matriz.
depende muito do tipo de amostra
usada. Lise de membranas
Detergentes – são anfipáticos, portanto,
Após a extração do DNA, a quantificação precisa interagem com a membrana lipídica e suas
do material genético disponível é muito proteínas, causando desestabilização e por fim
importante para as análises posteriores. rompimento (penetram na bicamada). Alguns
Várias técnicas de extração de DNA já foram dos detergentes mais usados nas técnicas
desenvolvidas, mas elas seguem alguns passos envolvendo DNA são: SDS, Triton, Tween 20.
95 | A p o s t i l a P e r i t o C r i m i n a l

sítios adjacentes aos nucleotídeos que foram


modificados.
Foi o primeiro método amplamente adotado
para sequenciamento de DNA, e juntamente com
o Método de Sanger, representa a primeira
Figura 105. Concentração de DNA versus cycle threshold. Fonte: geração de métodos de sequenciamento.
Fundamentals of Forensic DNA Typing (Butler).

 Quanto menor for o Ct obtido, maior era


a quantidade de DNA inicial (menos
ciclos foram necessários para se alcançar
o limiar).
A clivagem da sonda TaqMan ou a hibridização
do molecular beacon resulta em um aumento do
sinal fluorescente a cada ciclo. Esse sinal pode ser
correlacionado à quantidade inicial de DNA,
comparando-se com gráficos de amostras com
concentrações de DNA conhecidas (curva
padrão).

Sequenciamento
O sequenciamento é a técnica utilizada para
determinar em que ordem as bases (letras)
contidas no DNA, se encontram. Quando se diz
que um genoma foi sequenciado queremos dizer
que foi determinada a ordem em que as
informações (genes) estão colocadas no genoma.
Figura 106. Sequeciamento de Maxam-Gilbert (Método
Até recentemente, o sequenciamento moderno Químico). Fonte: Wikipedia.
de DNA era baseado em um método de
sequenciamento enzimático (de Sanger) e em  O primeiro passo consiste em marcar
que, além de lento e demorado, os dados de radioativamente o DNA alvo, ou seja, a
saída eram limitados. molécula a sequenciar. Para tal, são
usados isótopos radioativos, tais como
A partir de 2005, o cenário começou a mudar, 32P e 35S.
surgiram as primeiras tecnologias de  Em seguida, separam-se as duas cadeias
sequenciamento de DNA conhecidas como NGS de DNA. Distribui-se por 4 tubos, sendo
(Next Generation Sequencing), permitindo uma que em cada tubo irão ocorrer
nova abordagem de sequenciamento em larga
alterações químicas específicas para
escala (HGS – High throughput sequencing). As uma base (A, C, G ou T).
metodologias NGS possuem o grande diferencial
 As moléculas são clivadas. Por exemplo,
de proporcionarem o sequenciamento direto e
no tubo em que o tratamento foi
paralelo de milhões e bilhões de moléculas de
direcionado para a adenina, após a
DNA, aumentando consideravelmente a escala e
clivagem, a extremidade do fragmento
a resolução das análises.
de DNA marcada com o radioisótopo,
apresentará uma base que corresponde
Sequenciamento Químico (de
à que precede a adenina.
Maxam-Gilbert)  O passo seguinte é idêntico ao método
Método desenvolvido por Allan Maxam e Walter de Sanger. Cada família é separada em
Gilbert em 176-1977. Esse método é baseado é gel de eletroforese e a sequência é lida
modificações químicas específicas no DNA e a partir do próprio gel. Os fragmentos
subsequente clivagem do esqueleto de DNA em menores são clivados mais próximo da
123 | A p o s t i l a P e r i t o C r i m i n a l

4. GENÉTICA
Conceitos
A Genética é a parte da Biologia que estuda a
hereditariedade, ou seja, a forma como as
características são repassadas de geração para
geração. Considera-se que essa ciência se iniciou
com os experimentos e leis propostas por um
monge chamado Gregor Mendel.
Gene é a unidade fundamental da
hereditariedade. Cada gene é formado por uma
sequência específica de ácidos nucléicos. Os
genes controlam não só a estrutura e as funções Figura 139. Alelos e lócus de um gene nos cromossomos
metabólicas das células, mas também todo o homólogos (cada um proveniente de um parental). Fonte:
organismo. Quando localizados em células CreationWiki.
reprodutivas, eles passam sua informação para a O genótipo é uma lista dos alelos presente em
próxima geração. um ou um número de loci.
Como recebemos um conjunto de cromossomos Fenótipos, características ou traços são as
um do pai e outro da mãe, temos duas versões propriedades observáveis e um organismo.
de cada um dos genes no nosso genoma. Cada
uma dessas versões de um gene é chamada de
alelo.
Alelos são versões alternativas de um gene. Por
exemplo, A, B e O são alelos alternativos no locus
ABO. Para interpretação de genealogias, alelos
são geralmente identificados simplesmente Figura 140. Diferença entre genótipo e fenótipo.
pelas versões maiúsculas e minúsculas da mesma
Um indivíduo é homozigoto em um locus se
letra, de modo que o genótipo em um lócus seria
ambos os alelos naquele locus são iguais, e é
escrito AA, Aa ou aa. A letra maiúscula é
heterozigoto se eles são diferentes.
convencionalmente usada para o alelo que
determina a característica dominante. Um indivíduo é hemizigoto se tem apenas um
único alelo em um locus. Isso pode ocorrer
O conjunto de alelos para vários marcadores do
devido à posição do locus no cromossomo X ou Y
genoma é chamado de genótipo.
em um homem ou devido à deleção de uma cópia
Um locus (plural loci) é uma localização de um locus autossômico.
cromossômica única que define a posição de um
Uma característica é dominante se ela é
gene específico ou de uma sequência de DNA.
manifestada em um indivíduo heterozigoto, e
recessiva se não é manifestada.

Quadro de Punnett
O quadro de Punnett foi criado por um
geneticista inglês chamado Reginald Punnett. O
objetivo do pesquisador com a criação desse
quadro era demonstrar a variedade de
combinações genéticas possíveis em um
determinado cruzamento.
155 | A p o s t i l a P e r i t o C r i m i n a l

5. GENÉTICA FORENSE
A Genética Forense é a área específica das
Sequências não codificantes
ciências forenses que emprega os
Somente cerca de 1% do genoma humano
conhecimentos relacionados à genética, bem
contém genes que codificam proteínas. Mais de
como técnicas de biologia molecular, aliados ao
90% do genoma humano consiste de sequências
rigor da estatística e genética de populações, na
não codificantes entre os genes. Essas regiões
elucidação de crimes, principalmente na
contêm grande quantidade de DNA repetitivo.
determinação de sua autoria e materialidade.
A importância da análise destas sequências de
Aplicações da Genética DNA não codificante, em perícias de Genética
Forense, prende-se com o fato de não estarem
Forense relacionadas com a síntese de proteínas e, por
Dentre inúmeras aplicações, é possível destacar: isso, não haver qualquer correlação que permita
deduzir a predisposição do doador da amostra
 Determinação da paternidade; biológica para manifestar uma determinada
 Elucidação de diversos tipos de crimes, patologia.
como homicídios, crimes sexuais, crimes
contra o patrimônio e tráfico de drogas, As sequências de DNA codificante, que possuem
entre outros; informação genética para a produção de
 Demonstrar a inocência de suspeitos e proteínas são praticamente idênticas para todos
pessoas condenadas equivocadamente; os indivíduos, razão pela qual essas regiões do
genoma não são as indicadas para distinguir
 Identificação de ossadas e restos
indivíduos de uma população, não sendo, por
mortais;
isso, as eleitas em genética forense.
 Identificação de espécies animais;
 Identificação de espécies vegetais. Conceitos importantes
Repetições em tandem são unidades de
Genoma Humano repetição dispostas em sequência nas regiões
Toda a informação genética está codificada no não codificantes do DNA.
DNA e o seu conjunto é conhecido como genoma.
DNA satélite é um tipo de sequência em tandem,
São 22 pares de cromossomos autossômicos e 1
e é assim chamado por causa da observação de
par de cromossomos sexuais, totalizando 46
bandas satélites no DNA após centrifugação de
cromossomos em cada célula diploide. Quando
gradiente de densidade. O DNA satélite pode ser
ocorre a fertilização de um óvulo por um
encontrado nos centrômeros e telômeros, e é
espermatozoide e a consequente formação do composto de longas sequências de repetições.
zigoto, o novo ser gerado é uma combinação de
metade do DNA herdado da mãe através do Os minissatélites e microssatélites são dois
óvulo e a outra metade do pai, através do outros tipos de repetições em tandem, só que
esperamtozoide. menores que o DNA satélite. Os minissatélites,
também conhecidos como VNTR (variable
Todas as células de um indivíduo possuem a number tandem repeats) são maiores,
mesma informação genética, ou seja, o mesmo
compostos de unidades de repetição de 10-100
genoma.
nucleotídeos de extensão. Os microssatélites,
Observação: para maior compreensão desse também conhecidos como STR (short tandem
capítulo, recomendado estudar o capítulo de repeat) ou SSR (simple sequence repeat)
Genética. possuem unidades de repetição de 2-6
nucleotídeos.
159 | A p o s t i l a P e r i t o C r i m i n a l

 Maior resolução da separação STRs usados na análise, a fim de garantir


eletroforética dos fragmentos STR que loci ligados não sejam escolhidos
 Podem ser usados para amplificação  Baixa taxa de stutter
multiplex – análise vários marcadores ao  Baixa taxa de mutação
mesmo tempo.
 Tamanho dos alelos deve abranger 90-
 Estreita faixa de tamanho de alelos que
500pb
permite o desenvolvimento de PCR
multiplex. Uma faixa de tamanho dos  Alto poder de exclusão – indica qual o
alelos que reduz as chances de percentual de exclusão alcançado por
amplificação diferencial dos alelos cada loco.
menores;
 Estes marcadores apresentam, Análise dos STRs
comparativamente, os maiores valores Os STRs são analisados por meio da amplificação
de Conteúdo Polimórfico Informativo, por PCR. São usados primers complementares às
Poder de Discriminação, Poder de regiões que flanqueiam as repetições STRs.
Exclusão, Heterosigozidade e Índice de
Paternidade Típico.

Cuidado! As unidades de repetição de STR são Figura 171. Lócus STR, mostrando as regiões flanqueadoras.
Fonte: Forensic Biology.
de 4 a 6 nucleotídeos. No entanto, o tamanho
final do amplicon deve levar em conta o número
de repetições presentes no alelo, bem como a Atenção! Os primers devem ser
região que flanqueia as repetições (onde o complementares à região que flanqueia o
primer irá se anelar). marcador (região adjacente), e não à região-
O tamanho final de um amplicon de STR tem alvo em si (o primer não deve se anelar às
cerca de 100 a 300 pares de base. repetições). Por isso, o sítio adjacente deve ser
conservado (comum a todos,
independentemente do número de repetições).
Escolha dos STRs Se existir alguma mutação nesse sítio, pode
haver falha na amplificação.
Os STRs mais usados são tetranucleotídeos.
Unidades de repetição diméricas ou triméricas
são muito abundantes, mas apresentam uma alta
frequência de picos stutter que interferem com a
interpretação do genótipo. As unidades
hexaméricas ou pentaméricas são pouco
abundantes no genoma.
Um lócus STR deve ser altamente variável entre
indivíduos. Se mais de um lóci for utilizado, eles
não podem ser herdados ligados. Geralmente,
estão localizados em cromossomos diferentes,
mas desde que estejam distantes o suficiente em Figura 172. Efeito de uma mutação no sítio de anelamento do
um mesmo cromossomo, podem ser utilizados. primer de STR. Fonte: Strategies for Concordance Testing

Para análises forenses, é preciso analisar no O PCR multiplex pode ser usado, com primers
mínimo 7 lócus, sendo que o padrão são 13 lócus. marcados com diferentes cores fluorescentes.

 Loci STR devem possuir alto poder de A identificação dos fragmentos amplificados
discriminação, usualmente superiores a pode ser realizada após eletroforese em gel de
poliacrilamida, seguida de coloração com prata,
0,9 com heterozigosidade observada de
ou pela detecção de sinal fluorescente. Mais
0,7
recentemente, tem-se usado a eletroforese
 Devem estar localizados em capilar, que analisa os fragmentos por tecnologia
cromossomos diferentes dos outros laser (ver capítulo de Biologia Molecular).
183 | A p o s t i l a P e r i t o C r i m i n a l

6. BIOQUÍMICA
Uma das evidências da evolução biológica e da tornam fundamental para os seres vivos se
ancestralidade comum dos seres vivos é que relacionam com sua estrutura molecular,
todas as formas de vida possuem composição constituída por dois átomos de hidrogênio
química semelhante. ligados a um átomo de oxigênio por ligações
covalentes.
Na composição química das células dos seres
vivos, são estudados dois grandes grupos de Embora a molécula como um todo seja
substâncias: as inorgânicas que são a água e os eletricamente neutra, a distribuição do par
sais minerais e as substâncias orgânicas, os eletrônico em cada ligação covalente é
carboidratos, os lipídios, as proteínas e os ácidos assimétrica, deslocada para perto do átomo de
nucléicos. As substâncias orgânicas são formadas oxigênio. Assim, a molécula tem um lado com
por cadeias carbônicas com diferentes funções predomínio de cargas positivas e outro com
orgânicas. Dos elementos químicos encontrados predomínio de cargas negativas. Moléculas assim
na natureza, quatro são encontrados com maior são chamadas polares.
frequência na composição química dos seres
Quando os átomos de hidrogênio de uma
vivos, sendo eles o carbono (C), o oxigênio (O), o
molécula de água (com carga positiva) se
nitrogênio (N) e o hidrogênio (H). Além desses
colocam próximos ao átomo de oxigênio de outra
quatro elementos, outros são biologicamente
molécula de água (com carga negativa) se
importantes como o sódio (Na), o potássio (K), o
estabelece uma ligação entre eles, denominada
cálcio (Ca), o fósforo (P), o enxofre (S), entre
ponte de hidrogênio.
outros.

CHON
Mnemônico para lembrar os principais
elementos que compõem os seres vivos

Apesar de existirem inúmeras maneiras desses


elementos se combinarem para a formação das
substâncias inorgânicas e orgânicas, alguns tipos Figura 183. Moléculas de água formando ponte de hidrogênio.
de substâncias existem em maior quantidade nos Fonte: Toda Matéria.
seres vivos.
Essa ligação garante a coesão entre as moléculas,
o que mantém a água fluida e estável nas
Água condições habituais de temperatura e pressão.
A agua é a substancia mais abundante dentro e Algumas das mais importantes propriedades da
fora do corpo dos seres vivos. No homem, água se relacionam com suas ligações de
representa cerca de 65% de sua massa e perdas hidrogênio.
maiores que 15% (desidratação) podem ter
Tensão superficial: coesão entre as moléculas da
consequências graves, devido à diminuição do
superfície, formando uma "rede".
volume de líquido circulante.
Sua proporção varia de uma espécie para outra,
de acordo com a idade (diminui com o
envelhecimento), com o sexo e de um tecido
para outro.
O surgimento e a manutenção da vida estão
associados a ela. As propriedades da água que a
217 | A p o s t i l a P e r i t o C r i m i n a l

7. IMUNOLOGIA
Sistema Imune A imunidade inata é imediata, não
específica, relativamente menos potente,
Conceitos não deixa memória imunológica, não
Resposta imunitária é tudo que acontece no aumenta com exposição prévia, e é
nosso organismo como consequência da constituída por barreiras físicas, químicas e
interação com um agente etiológico ou corpo celulares.
estranho (antígeno).
Antígeno (Ag) pode ser definido como qualquer
substância que pode ser especificamente ligada a
Constituintes da imunidade nata
uma molécula de anticorpo ou receptor de  Barreiras físicas – exemplo: pele
linfócito T. No entanto, nem todo antígeno é  Processos mecânicos – fluxo de fluidos,
capaz de induzir uma resposta imunitária. movimentos ciliares, tosse
 Flora normal
Imunógeno é toda substância capaz de induzir  Agentes tóxicos – lisozima (presente nas
uma resposta imunológica. lágrimas, saliva, muco e leite), HCl (suco
O sistema imune é o conjunto de tecidos, células gástrico).
e moléculas com a função de proteger o  Fagocitose
organismo.  Ação lítica

Funções do sistema imune Resistência celular


 Defesa – mecanismos de Os componentes celulares da resposta imune
reconhecimento e eliminação de inata estão descritos a seguir:
patógenos  Fagócitos – principalmente neutrófilos,
 Imunovigilância – reconhece e elimina secretam mediadores inflamatórios,
células tumorais secretam citocinas e realizam
 Imunidade – proteção do organismo fagocitose;
 Homeostasia – eliminação de células  Natural Killers (NK) – marcam e matam
mortas provenientes do catabolismo células infectadas por vírus, liberação de
moléculas citotóxicas;
Imunidade inata  Citocinas – ativam outras células,
A imunidade inata inclui mecanismos comunicação celular;
moleculares e celulares predispostos antes  Complemento – matam microrganismos
mesmo de uma infecção, preparados para por lise, promovem inflamação,
prevenir ou eliminá-la. Esta primeira linha de contribuem para a fagocitose;
defesa, altamente efetiva, previne a maioria das
infecções em seu início ou as elimina em poucas Receptores de reconhecimento de padrões
horas após o encontro com o sistema imune Muitas das moléculas envolvidas na imunidade
inato. Os elementos de reconhecimento do inata possuem a propriedade de
sistema imune inato distinguem precisamente reconhecimento de padrões - a capacidade de
entre o seu próprio organismo e os patógenos. reconhecer uma determinada classe de
moléculas. Como essas classes de moléculas são
Entretanto, esses elementos da resposta inata exclusivas a alguns micróbios e não são
não são especializados na distinção de pequenas
encontradas em organismos multicelulares, a
diferenças das moléculas estranhas. habilidade de reconhecer imediatamente e
combater invasores exibindo tais moléculas é
uma forte característica da imunidade inata.
233 | A p o s t i l a P e r i t o C r i m i n a l

8. IMUNO-HEMATOLOGIA
Um monossacarídeo adicional é então
Sistema ABO transferido ao antígeno H por uma transferase
É o sistema de antígenos em eritrócitos humanos codificado pelo lócus ABO. A especificidade dessa
mais comumente usado como sistema de grupo enzima então determina o tipo sanguíneo:
sanguíneo para aplicações forenses.  Alelo A: produz a A-transferase, que
Dois tipos de antígenos (A e B), dão origem a transfere N-acetilgalactosamina para o
quatro grupos sanguíneos: antígeno H e então dá origem ao
antígeno A.
 A: possuem o antígeno A  Alelo B: produz a B-transferase, que
 B: possuem o antígeno B transfere galactose ao antígeno H, e
 AB: possuem os antígenos A e B então sintetiza o antígeno B.
 O: não possuem nenhum dos antígenos  Alelo O: possui uma mutação (pequena
deleção) que elimina a atividade
Esses antígenos podem ser encontrados em transferase, então nenhuma
outros fluidos corporais também, como o fluido modificação no antígeno H ocorre.
amniótico, saliva, sêmen, assim como em muitos
Assim, os antígenos A e B diferem na sua
órgãos incluindo rim, pâncreas, fígado e pulmão.
molécula de açúcar terminal.
Biossíntese dos antígenos ABO Subgrupos dos tipos A e B foram descritos, sendo
Todos os indivíduos normais produzem o os mais importantes os antígenos A1 e A2: células
Antígeno O, também conhecido como Antígeno contendo antígenos A1 reagem mais fortemente
H. Ele é sintetizado pela fucosiltransferase, uma com anticorpos anti-A do que células com A2. As
transferase de fucose codificada pelos genes células com A1 contêm mais cópias do antígeno A
FUT, que adicionam uma fucose no fim de um do que células com A2.
glicolipídeo (em eritrócitos) ou em uma
glicoproteína (em tecidos).

Figura 236. Biossíntese dos antígenos ABO. Fonte: Forensic Biology.


248 | A p o s t i l a P e r i t o C r i m i n a l

9. MICROSCOPIA

5. Lentes objetivas – permitem ampliar a


Microscopia Óptica imagem do objeto. Projetam uma
imagem real, ampliada e invertida.
Estrutura de um microscópio óptico a. Objetivas secas – entre sua
Consiste de uma associação de lentes extremidade e a preparação
convergentes, onde a objetiva é fortemente existe somente ar.
convergente e possui pequena distância focal, e b. Objetivas de imersão (100x ou
a lente ocular é menos convergente com mais) – têm sua extremidade
pequena distância focal.
mergulhada em óleo com o
Parte mecânica intuito de aumentar o poder de
1. Base – apoio e sustentação do resolução da objetiva: como o
microscópio em si índice de refração do óleo é
2. Braço – fixa à base, servindo de suporte semelhante ao do vidro, o feixe
para outros elementos de luz não é tão desviado para
3. Platina – onde se fixa a lâmina a ser fora da objetiva. Dessa forma,
observada aumenta-se a quantidade de luz
4. Revólver – pela giratória que dá suporte captada pela lente.
às objetivas 6. Lentes oculares – sistema de lentes que
5. Canhão – suporta a lente ocular na permite ampliar a imagem real fornecida
extremidade superior pela objetiva, fornecendo uma imagem
6. Parafusos de foco (micrométrico e virtual que se situa a aproximadamente
macrométrico) – ajuste do foco 25 cm dos olhos do observador; também
ajustam possíveis deficiências ópticas.
Parte óptica
1. Fonte de luz – luz artificial emitida por
uma lâmpada incluída no próprio
microscópio.
2. Condensador – conjunto de duas ou
mais lentes convergentes que orientam
e espalham regularmente a luz emitida
pela fonte luminosa sobre o campo de
visão do microscópio.
3. Diafragma – constituído por palhetas
que podem ser aproximadas ou
afastadas do centro através de uma
alavanca ou parafuso, permitindo
regular a intensidade de luz que incide
no campo de visão do microscópio. Figura 246. Principais componentes de um microscópio óptico.
4. Charriot – peça ligada à platina que Fonte: Biologia Celular UFG.

possibilita mover a lâmina, permitindo


melhor centralização da mesma
265 | A p o s t i l a P e r i t o C r i m i n a l

10. LUZ FORENSE


objeto terá uma maior ou menor absorção
Luz e matéria em comprimentos de onda específicos.
2. Reflexão – quando os elétrons livres da
matéria absorvem a luz emita e a reemitem.
A dispersão é um fenômeno que ocorre
quando essa luz é reemitida de forma
irregular, em direções aleatórias. A
dispersão é uma característica
predominante em partículas de poeira,
pelos e fibras.
3. Transmissão – quando a luz atravessa o
objeto sem interagir com os elétrons que o
O espectro eletromagnético pode ser dividido integram. O objeto aparece então
em diversas regiões baseado no comprimento transparente.
da luz; três dessas regiões são de especial Quando a luz interage com um material, a maior
importância para as ciências forenses, são elas: parte dela será dispersa ou refletida pela
 Ultravioleta – comprimentos de onda superfície. Os chamados filtros de passagem são
entre 190 e 400 nm. Pode ser utilizados para permitir a passagem apenas do
subdividido em UV de ondas curtas (190 comprimento de onda que se deseja observar.
– 290 nm) e UV de ondas longas (290 – Eles podem, por exemplo, barrar comprimentos
400nm). Os raios UV não são visíveis ao de onda menores e de maior energia), e deixar
olho humano e são nocivos à saúde, por passar comprimentos de onda maiores e de
terem um comprimento de onda maior, menos energia (como a fluorescência).
logo, apresentam maior quantidade de
energia. Luminescência
 Visível – comprimentos de onda entre A luminescência é o fenômeno que ocorre
400 e 700 nm, incluindo todo o espectro quando a luz de um determinado comprimento
de cores visíveis ao olho humano. de onda é absorvido por um material, que logo
 Infravermelho – comprimentos de onda em seguida a reemite em um comprimento de
maiores que 700 nm, não é visível ao onda diferente (mais longo e mais fraco.
olho humano.
Os métodos forenses que exploram a
luminescência são muito sensíveis, mas
Interações da luz com a normalmente é necessário um ambiente escuro
matéria para que essa luminescência possa ser
enxergada, por ser emitida muito fracamente.
Simplificadamente, a luz pode interagir com a
matéria de três formas: absorção, reflexão, Fluorescência e fosforescência são tipos de
transmissão. O que vemos é um resultado do luminescência.
somatório dessas interações, que variam de
acordo com a composição do objeto.
1. Absorção – quando a luz é absorvida pelos
elétrons da matéria, que aparece escura aos
nossos olhos. Na absorção, a energia é
absorvida pelos elétrons da matéria, e cada
268 | A p o s t i l a P e r i t o C r i m i n a l

11. CADEIA DE CUSTÓDIA


é considerada o elo fraco das investigações
Conceitos criminais, sendo objeto de questionamentos no
A cadeia de custódia é simplificadamente tribunal. De nada adiantarão as mais modernas
definida como uma “lista de todas as pessoas que tecnologias criminalísticas se o vestígio
estiveram de posse de um item de evidência”. apresentar pontos questionados em sua
obtenção, coleta e armazenagem (falhas na
Consiste de maneira geral, em um processo de cadeia de custódia). Se um vestígio material com
registro metódico, cronológico, cuidadoso e valor probatório tiver sua origem questionada, o
detalhado sobre a busca e apreensão, manuseio, processo como um todo poderá ser ineficiente
custódia, controle e caminho dos vestígios no que tange à aplicação da Justiça.
coletados no local de um crime, cujos resultados
após análise serão apresentados na forma de Vestígios, indícios e evidências
laudo pericial. Porém, é importante notar: a Enquanto o vestígio abrange, a evidência
cadeia de custódia não termina na elaboração do restringe e o indício circunstância.
laudo pericial!
Não há um dispositivo legal definindo
 Outra definição de cadeia de custódia: precisamente o que é vestígio. Essa palavra
documentação que o laboratório possui possui significado bastante abrangente,
com a intenção de rastrear toda as mantendo tal característica em termos periciais.
operações realizadas com cada vestígio, Vestígio pode ser definido como todo e qualquer
desde a coleta no local do crime até a sinal, marca, objeto, situação fática ou ente
completa destruição. concreto sensível, potencialmente relacionado a
 Também pode ser definida como a uma pessoa ou a um evento de relevância penal,
capacidade de garantir a identidade e a e/ou presente em um local de crime, direta ou
integridade de um vestígio, seja um indiretamente relacionado ao fato delituoso. Um
material, um equipamento, máquina, vestígio, então, seria o produto de um agente ou
documento, substância, espécime ou evento provocador.
amostra, a partir de sua identificação no
local de crime. É o processo usado para Os vestígios levantados de um local de crime são
documentar e manter a história então submetidos a processos objetivos de
cronológica desse vestígio. triagem e apuração, buscando se determinar o
vínculo ou não do vestígio com o delito.
A cadeia de custódia não é uma tarefa exclusiva
do perito criminal, mas sim de TODOS os Quando esse vínculo é confirmado, o vestígio
envolvidos na fase de investigação. Da mesma passa a ser denominado evidência. As evidências
forma, a cadeia de custódia não está restrita são elementos exclusivamente materiais, de
apenas ao âmbito da perícia criminal, e sim a natureza puramente objetiva. A evidência é o
todos os procedimentos da investigação. vestígio que mostrou vinculação direta e
inequívoca com o evento delituoso após
Finalidade avaliações objetivas.
A cadeia de custódia existe para garantir a Processualmente, a evidência também pode ser
integridade da prova. Ela é importante porque denominada prova material.
garante a idoneidade e rastreabilidade dos
vestígios, preservando a confiabilidade e O indício, ao contrário do vestígio e da evidência,
possui um conceito previsto no Código de
transparência até que o processo seja concluído.
Processo Penal, Artigo 239: circunstância
Qualquer falha na cadeia de custódia repercutirá conhecida, provada e necessariamente
diretamente no laudo pericial, e no sucesso da relacionada com o fato investigado e que, como
investigação criminal. Hoje, a cadeia de custodia tal, permite a inferência de outra (s) circunstância
275 | A p o s t i l a P e r i t o C r i m i n a l

12. ENTOMOLOGIA
FORENSE
intitulado La Faune des Cadavres cujo autor é um
Introdução francês chamado Mégnin.
Entomologia forense é a ciência que aplica o estudo
Passa a ser estudada no Brasil em 1908, com os
dos insetos a procedimentos legais. Para tal, é
trabalhos pioneiros de Edgard Roquette-Pinto e
imprescindível que a identificação desses artrópodes
Oscar Freire – embora os estudos tenham começado
seja acurada. A entomologia forense pode ser
de forma precoce no Brasil, não houve avanços
conceituada como a aplicação de conhecimentos
importantes nas décadas seguintes.
relativos à biologia e à ecologia de insetos com o
intuito de responder questões relevantes para a No início dos anos 2000, o projeto financiado pelo
identificação criminal. SENASP para capacitar peritos nessa área alcançou
relativo êxito. Em 2008 o governo criou um grupo –
O fato de a maioria dos insetos passarem por
Rede Nacional de Entomologia Forense, mas que não
diferentes fases em seu desenvolvimento, incluindo
foi continuado.
o ovo (fase embrionária), uma fase larval que por sua
vez é constituída por subfases com intervalos de Nos últimos 20 anos, em decorrência do
tempo geralmente bem determinados, fase de pupa aperfeiçoamento e criação de novas técnicas aliadas
e finalmente o adulto, possibilita a utilização dessa à modernização dos recursos laboratoriais e
propriedade biológica na estimativa do tempo que o consequente expansão das pesquisas relacionadas à
inseto levou para atingir determinada etapa área de entomologia forense e genética, tem se
específica e, por conseguinte, estimar o intervalo tornado cada vez mais importante nas investigações
pós-morte (IPM). periciais e policiais.
Atualmente, com exceção de experiências isoladas,
Histórico não existe uma política nacional de fomento ao
Os manuais de Medicina Legal que citam a fortalecimento da entomologia forense nas
Entomologia forense retratam que a primeira unidades periciais brasileiras.
aplicação ocorreu em 1235, na China. Trata-se do
caso de um homicídio perpetrado com uso de
instrumento de ação corto-contundente, cujos
investigadores, na busca de vestígios na vizinhança,
Classificações
localizaram uma foice em torno da qual
sobrevoavam moscas, possivelmente, atraídas pelos
Entomologia forense urbana
odores exalados pelos restos de substâncias Inclui ações cíveis envolvendo a presença de insetos
orgânicas ali aderidas e imperceptíveis a olho nu. Em em imóveis, bens culturais e estruturas, danificando-
vista disso, o proprietário da foice foi interrogado os, como por exemplo, a presença de cupins. Essa
pela polícia, levando-o a confessar a autoria do modalidade é muito utilizada em ações envolvendo
crime. compra e venda de imóveis; uma das perguntas a
serem respondidas pela entomologia forense é o
Contudo, a literatura especializada nessa área tempo de infestação.
atribui a primeira utilização dessa ciência a Bergeret,
em 1855, na França, em que os insetos foram usados Exemplo: desabamentos; danos podem ir muito
conscientemente como indicadores forenses. além dos materiais, configurando crime na
modalidade culposa.
Mas essa ciência só se tornou mundialmente
conhecida após 1894, com a publicação de um livro Desabamentos ocorrem pelo ataque de organismos
xilófagos – seres que se alimentam da madeira;
306 | A p o s t i l a P e r i t o C r i m i n a l

13. TRICOLOGIA FORENSE

Introdução
Tricologia forense é a vertente científica que
estuda pelos humanos e pelos de outros animais,
bem como firas, e aplica esses conhecimentos à
investigação e elucidação de crimes, por meio de
técnicas e procedimentos científicos que
permitem uma correta identificação,
comparação ou diferenciação destes.
A maior importância da presença de pelos em
cenas de crime se deve à sua alta resistência à
deterioração temporal e a utilização de técnicas
de baixo custo para sua análise. Basicamente, a Figura 260. Morfologia básica do pelo. Fonte: Alunos Online
análise dos pelos e fibras é realizada com base (UOL)
em parâmetros de comparação.
Por meio de exames visuais de comparação  Haste - é a porção livre visível, acima do
macroscópica e microscópica, é possível nível da epiderme; porção livre, terminada
diferenciar pelos humanos de não humanos, de em ponta – é o pelo propriamente dito.
fibras, identificar espécies, dentre outras  Raiz – é a parte que fica dentro da pele; é
possibilidades. rica em células foliculares que permitem a
extração do DNA. É composta do bulbo,
Aplicações da Tricologia Forense folículo piloso e da papila dérmica.
 Caracterizar crimes ambientais contra a o A papila é composta de fibroblastos
fauna; especializados que controlam o
 Avaliar o controle de qualidade dos crescimento do pelo.
alimentos; o O bulbo é a parte mais espessa e
 Vincular pessoas ou animais a objetos profunda do pelo.
e/ou locais de crime;
 Indicar contato físico nos casos de
violência sexual;
 Caracterizar casos de maus-tratos e Composição
agressão física; Os pelos são basicamente compostos de α-
 Distúrbios e doenças capilares podem queratina, proteína cujo aminoácido mais
contribuir na identificação de possíveis abundante é a cisteína. Devido ao aminoácido
vítimas ou suspeitos de crimes. cisteína, os pelos possuem alto teor de enxofre,
responsável pelo odor marcante quando o pelo é
queimado. Pontes dissulfeto ligam as proteínas
adjacentes, formando uma rede de ligações
Morfologia cruzadas, que conferem ao pelo uma estrutura
Pelos são anexos epidérmicos queratinizados extremamente resistente à degradação química
exclusivos dos mamíferos. Eles crescem a partir e biológica.
de cavidades chamadas folículos, e se estendem
da derme até a epiderme. Podem ser divididos
em duas partes: haste capilar e raiz.
318

14. HEMATOLOGIA FORENSE


característica se deve ao íon ferro no grupamento
Introdução heme da hemoglobina. Eles não são absolutamente
específicos para o sangue, mas são muito
Composição do sangue importantes como testes de triagem.
Mistura de células e plasma.  Ferro – catalisador da reação (atividade de
 Células – hemácias, leucócitos e plaquetas peroxidase)
o Hemácias transportam o oxigênio –  Peróxido – libera o grupo O que oxida o
função vital nas trocas gasosas e no substrato (indicador)
transporte de gases por todo
organismo. Sensibilidade dos testes e orientação:
 Hemoglobina – possui
Verde malaquita < Fenolftaleína < Benzidina
atividade catalítica típica de
uma enzima peroxidase.
 É a molécula de Testes colorimétricos
hemoglobina que carrega
97% do oxigênio que chega Benzidina (Adler-Ascarelli)
aos pulmões. Causa uma reação de cor azul na presença de
 Uma molécula de hemoglobina. É o teste colorimétrico mais sensível,
hemoglobina contém 4 assim como os testes utilizando orto-toluidina e
átomos de ferro, cada um tetrametil-benzidina, no entanto, são todos
podendo se ligar a uma carcinogênicos, o que limitou seu uso.
molécula de oxigênio. A benzidina exerce um efeito deletério sobre o DNA,
 Hemoglobina é tetramérica por isso a amostra deve ser testada separadamente
– composta por duas (com um suabe, e não aplicando o reagente
cadeias alfa e duas cadeias diretamente na mancha de sangue).
beta
 Cada átomo de Fenolftaleína (Kastle-Meyer)
ferro se liga a uma É o teste colorimétrico mais usado atualmente, e
das subunidades pode ser considerado um dos mais específicos. A
o Hemácias também ajudam a presença da hemoglobina irá transformar o substrato
remover o dióxido de carbono – incolor em um produto rosa, reação que ocorre em
possuem a anidrase carbônica um meio levemente básico (pH do sangue é ~7,4). É
o Leucócitos auxiliam no controle das uma solução alcalina e incolor de fenolftaleína que se
infecções mantém reduzida por zinco metálico.
o Plaquetas atuam na coagulação Esse teste também não pode ser aplicado
 Plasma – dissolvidos os eletrólitos, diretamente na mancha, por interferir com a
nutrientes, vitaminas, hormônios, fatores extração e análise do DNA.
coagulantes, proteínas.
 Corpo humano possui aproximadamente 4 a
6 litros de sangue, o que corresponde de 7 a
8% do peso corpóreo.

Testes de orientação
Os testes de orientação são baseados na atividade
catalítica típica de uma enzima peroxidase exercida
pela hemoglobina. Mais especificamente, tal Figura 274. Teste de Kastle-Meyer. Fonte: Science Lab Supplies.

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