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Maputo, 2021
UNIVERSIDADE TÉCNICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E SOCIAIS
LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E AUDITORIA
O JÚRI:
DECLARAÇÃO DE HONRA
Eu, Agostinho Pedro Guirrugo, declaro que este Trabalho de monografia nunca foi
apresentado na sua essência para obtenção de qualquer grau académico e ele constitui o
resultado da minha pesquisa pessoal, atesto ainda que todas as fontes estão devidamente
citadas.
---------------------------------------------------
Agostinho Pedro Guirrugo
iv
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Princípios e regras dos auditores internos.......................................................10
Tabela 2- Práticas que que podem ser empreendidas visa no âmbito da Gestão da ética e
integridade.......................................................................................................................22
Tabela 3- Praticas que podem ser empreendidas no âmbito do Controle preventivo.....24
Tabela 4- Práticas que podem ser empreendidas no âmbito da transparência e
Accountability.................................................................................................................24
Tabela 5- Praticas que podem ser empreendidas no âmbito do controle detectivo.........26
Tabela 6- Práticas que podem ser empreedidas no ambito do estabelecimento de canais
de denúncias....................................................................................................................26
Tabela 7- Acções a serem empreendidas no âmbito da Auditoria Interna......................27
Tabela 8- Relação percentual dos elementos da amostra................................................37
Tabela 9- Percepção de importância da auditoria interna do FIPAG..............................38
Tabela 10- Nível académico dos auditores inquiridos....................................................41
vii
RESUMO
O presente trabalho de pesquisa insere-se nos esforços de perceber o papel e a importância da auditoria
interna nas actividades realizadas pelo Área Operacional de Inhambane. Devido a pouca investigação
feita sobre este assunto até ao momento, este trabalho permitirá dar ao público informações que lhes serão
uteis para o entendimento do papel da auditoria interna na organização objecto de estudo. A organização
objecto do estudo de pesquisa foi o Área Operacional de Inhambane, sendo que o objectivo geral e
principal que conduziu a sua realização foi o de analisar a importância que processo de auditoria interna
no FIPAG ao nível do Município de Inhambane teve na garantia de boas práticas administrativas e na
prevenção e combate de erros e fraudes no período entre 2016-2019 e os objectivos específicos de:
identificar o papel da auditoria interna na prevenção e combate de erros e fraudes no FIPAG em
Inhambane; descrever as contribuições que o processo de auditoria interna exerce nas decisões emitidas
pelos órgãos de gestão da empresa objecto de estudo; propor sugestões que visem melhorar o processo de
auditoria interna dentro do FIPAG em Inhambane. Essa pesquisa foi de caracter exploratório, tendo
adoptado como técnicas de colheita de dados, a entrevista e o questionário. Feito o estudo pode-se
concluir que a o processo de auditoria interna é importante na prevenção e detecção de fraudes dentro do
Área Operacional de Inhambane, muito devido a qualidade elevado nível de formação de seus
profissionais de auditoria interna que tem monitorando todas as actvidades da empresa, impedindo que
situações de erros e/ou fraudes ocorram dentro da organização.
ABSTRACT
The present research work is part of the efforts to understand the role and the importance of the internal
audit in the activities carried out by FIPAG - Delegation of the Municipality of Inhambane. The little
research done on this subject so far, this work will allow to provide the public with information that will
be useful for understanding the role of internal audit in the organization under study. The organization
object of the research study for FIPAG- Inhambane Municipal Delegation, the general and main objective
that led to its realization was to analyze the importance that the internal audit process at FIPAG at the
level of the Municipality of Inhambane had. ensuring good administrative practices and preventing and
combating errors and fraud in the period between 2016-2019 and the specific objectives of: identifying
the role of internal audit in preventing and combating errors and fraud at FIPAG in Inhambane;
description as contributions that the internal audit process makes to the decisions issued by the
management bodies of the company under study; propose suggestions to improve the internal audit
process of FIPAG in Inhambane. This research was of an exploratory nature, having adopted as
techniques of data collection, the interview and the questionnaire. Once the study has been done, it can be
realized that the internal audit process is important in the prevention and detection of fraud within the
FIPAG- Delegation of the Municipality of Inhambane, largely due to the high level of training of its
internal audit professionals who have monitored the company's activities, preventing the possibility of
errors and / or fraud from occurring within the organization.
1
actividades que esta exerce1. Não obstante, o alcance e objectivos de auditoria variam e
dependem do tamanho e estrutura da organização.
Desta forma, o presente estudo de pesquisa científica tem por objectivos trazer uma
reflexão sobre a importância da auditoria interna na garantia de uma boa gestão e
combate a fraudes: o caso a FIPAG 2- Área Operacional de Inhambane no período entre
2016-2019. A escolha desse período deveu-se ao facto da organização objecto de estudo
ter apresentado grandes dificuldades na sua gestão, com um aumento nas reclamações
dos clientes em função dos sucessivos cortes no fornecimento de água e a uma cada vez
maior desconfiança em relação as facturas mensais emitidas, que era vistas como irreais
e até mesmo fraudulentas em função consumo que estes afirmavam apresentar.
Assim o presente trabalho comportará sete capítulos nomeadamente: o primeiro capítulo
que é a introdução irá conduzir o leitor a um campo particular da pesquisa e serão
igualmente apresentados o tema em estudo, o problema, as hipóteses, os objectivos, e a
justificativa da escolha do tema em estudo, bem como a delimitação do tema; o segundo
capítulo é o da revisão da literatura, na qual serão discutidos conceitos e expressões
relevantes para melhor percepção da presente pesquisa científica, tendo como base
opiniões de vários autores; o terceiro capítulo consiste na metodologia, onde serão
evidenciadas as fases, métodos, técnicas, bem como instrumentos e recursos utilizados
na realização do trabalho; o quarto capítulo refere-se a análise e discussão dos
resultados onde serão desvendados e analisados os resultados obtidos no campo. No
quinto e último capítulo serão feitas as conclusões finais e recomendações a respeito do
trabalho de pesquisa elaborado.
1
MORAIS, M. (2006, p.3)
2
FIPAP- Fundo de investimento, património e abastecimento de água potável
2
1.2 Problematização
Formular o problema consiste em dizer, de maneira explícita, clara, compreensível e
operacional, qual a dificuldade com a qual nos defrontamos e que pretendemos resolver,
limitando o seu campo e apresentando suas características. Desta forma, o objetivo da
formulação do problema da pesquisa é tomá-lo individualizado, específico,
inconfundível (RUDIO, 1978, p.75 apud LAKATOS & MARCONI, 2003, p.127)
É sabido que o FIPAG- Delegação Município de Inhambane é a única entidade
responsável pelo fornecimento de água potável, o que a transforma numa organização
com o monopólio no abastecimento deste precioso líquido. Desde o início de suas
actividades, esta instituição sempre foi vista como responsável e cumpridora do seu
propósito que é o fornecimento de água, sem interrupções aos munícipes da cidade de
Inhambane, sendo que as facturas emitidas por esta organização eram vistas como o
realísticas pelos munícipes, com estes excluindo qualquer hipótese sobrefaturação por
parte dos funcionários do FIPAG. No entanto, a partir de 2016 temos vindo assistir a
práticas administrativas danosas ao cliente a até mesmo a própria instituição, como o
facto de na grande maioria de bairros o fornecimento de água ser interrompido a partir
das 8 ou 9 horas todos os dias e somente é retomado por volta das 17 horas.
Mesmo assim, as facturas que chegam mensalmente as residências dos clientes desta
instituição, apresentam valores avultados, fazendo crescer uma desconfiança no seio dos
munícipes de uma existência de erros ou sobrefaturação praticadas por funcionários
afectos a organização no processo de registro da quantidade consumida pelos
munícipes. Os munícipes na qualidade de clientes tem direito em reclamar quando
acharem que estejam a ser injustiçados no entanto é importante enfatizar que em
instituições desta magnitude, como é o caso da Área Operacional de Inhambane, a
auditoria interna as operações e contas da organização é levada muito a sério.
Assim levando em consideração o plasmado acima, a existência erros ou possivelmente
fraudes recorrentes acompanhadas de práticas gerenciais inadequadas só faria sentido se
o processo de auditoria tanto interna quanto externa fosse demasiado ineficiente e
ineficaz. Deste modo a pergunta que nos fazemos e que apresentamos como questão de
partida da pesquisa é: Que importância o processo de auditoria interna no FIPAG-
Área Operacional de Inhambane teve na garantia de boas práticas de administrativas
e na prevenção e combate de erros e fraudes no período entre 2016-2019?
3
1.3 Objectivos
1.3.1 Objectivo Geral
Analisar a importância que processo de auditoria interna no FIPAG- Área
Operacional de Inhambane teve na garantia de boas práticas administrativas e na
prevenção e combate de erros e fraudes no período entre 2016-2019.
1.4 Hipóteses
Hipótese é uma suposição que antecede a constatação dos factos e tem como
características uma formulação provisória, deve ser testada para determinar sua
validade, que pode ser correcta ou errada, de acordo ou contrária ao senso comum e
sempre conduz a uma verificação empírica3. Ela tem como função propor explicações
para certos factos e ao mesmo tempo orientação, a busca de outras informações.
Por outro lado, Gil (1999) advoga que é uma preposição que pode ser colocada a prova
para determinar sua validade. Neste sentido, hipótese é uma suposta resposta ao
problema a ser investigado e que será aceite ou rejeitada somente depois de
devidamente testada e tem o papel de sugerir explicações para os factos.
Para a problema da presente pesquisa apresentam-se como possíveis as hipóteses
seguintes:
H1 – A auditoria interna na Área Operacional de Inhambane é importante e eficaz,
contribuído para boas práticas administrativas bem como prevenido e combatendo erros
e fraudes;
H2 - A auditoria interna na Área Operacional de Inhambane é ineficaz não mostrando-
se capaz de auxiliar a administração em tomar as decisões mais apropriadas bem como
sendo incapaz de prevenir e combater erros e fraudes.
1.5 Justificativa
3
Marconi e Lakatos (2003, p.126),
4
A presente pesquisa, releva-se de extrema importância na medida que vai dar subsídios
para entender o papel da auditoria interna no FIPAG- Área Operacional de Inhambane e
como isso tem afectado os munícipes na sua relação com esta organização. Além disso,
devido a existência de muito poucas pesquisas que se debruçaram sobre o mesmo
problema, a presente pesquisa vai aumentar o acervo literário nesta matéria, podendo
servir para encorajar outros pesquisadores a aprofundar ainda mais o problema que se
propõe discutir neste trabalho.
Ao identificarmos o papel e importância do processo de auditoria interna no Área
Operacional de Inhambane estaremos também ajudando a organização em estudo, na
medida que estes passarão a ter uma visão mais esclarecida da eficácia ou então
ineficácia dos processos de auditoria interna e assim delinear acções com vista a
melhorar o desempenho desta ferramenta indispensável que é a auditoria interna.
Por último, podemos afirmar que esta pesquisa mostra-se relevante pois vai fornecer ao
público em geral a grande importância que a auditoria interna tem sobre o desempenho
de qualquer organização e de como sua ineficiência pode ser nociva para determinada
empresa.
5
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA
Este capítulo visa definir e debater os conceitos indispensáveis para a percepção do
trabalho, tendo como alicerce obras bibliográficas de autores que se debruçaram sobre
os conceitos em causa.
2.1.1 Auditoria
2.1.1.1 Contextualização
A palavra auditoria, de acordo com Attie (1998) apud Reiter (2014, p.14), é oriunda da
cultura inglesa e significa examinar, ajustar, corrigir, certificar. Acredita-se que seu
surgimento tenha-se dado no século XIV, na Inglaterra, na qualidade de dominadora dos
mares e do comércio em épocas passadas, teria iniciado a disseminação de
investimentos em diversos locais e países e, por consequência, o exame dos
investimentos mantidos naqueles locais.
No entanto, como experiência sistemática, teve início apenas no século XIX, com o
aparecimento das primeiras associações de contadores públicos, profissionais que
cumpriam a função de auditor na época, tendo progredido notavelmente no século
passado, em virtude do desenvolvimento das firmas, do aumento de sua complexidade e
da ligação do interesse da economia popular nos enormes projectos (FRANCO;
MARRA, 2011 apud REITER 2014, p.14).
A auditoria tem por objectos acontecimentos documentados e também naqueles que não
foram documentados, mas sim, somente expostos por pessoas ligadas à empresa, desde
que essas informações sejam confiáveis, seguras e indiquem a realidade (FRANCO E
MARRA, 2011).
Os diferentes autores garantem também que, além das informações de dentro da
organização, são apreciadas as informações adquiridas fora da empresa, sendo que as
mesmas, normalmente, mais honestas do que as conseguidas de pessoas de dentro da
instituição.
6
Para Crepaldi (2010, p. 4) apud Reiter (2014, p.17), a auditoria tem por objecto os
“registros contábeis, papéis, documentos, fichas, arquivos e anotações que comprovem a
legitimidade dos atos da administração, bem como sua sinceridade na defesa dos
interesses patrimoniais.
7
organização, para determinar se se seguem as políticas e procedimentos definidos, se se
seguem as normas estabelecidas, se se utilizam os recursos eficientemente e se são
alcançados os objectivos da organização”.
A auditoria interna é considerada como um meio funcional que permite aos
responsáveis por uma entidade obter de fonte interna a segurança de que os processos,
pelos quais são responsáveis, funcionam de forma que se encontrem reduzidas ao
mínimo, as probabilidades de existência de fraudes, erros ou ineficiência (INTOSAI
1999 apud TEIXEIRA 2006).
Ela deve ser efectuada por um profissional de confiança dos administradores, o qual
realiza uma inspeção nos procedimentos adotados pela empresa, predominando “a
verificação constante de controlos internos, a manipulação de valores e a execução de
rotinas administrativas”, e se constitui como um instrumento de controle e ferramenta
gerencial da administração (CREPALDI, 2010, p. 28 apud REITER 2014, p.21).
O profissional que realiza a auditoria interna, o auditor interno, deve ter vínculo
empregatício com a entidade, mas não deve receber ordens de pessoas de quem examina
o trabalho, sendo, portanto, independente. Essa independência é crucial para a
existência de uma transparência no processo e consequente credibilidade dos resultados
obtidos pela auditoria.
De acordo com Almeida (2012, p.14),
A implantação da auditoria interna de forma periódica possibilita à
administração uma maior profundidade nos procedimentos, mirando também
outras áreas não relacionadas com a contabilidade, como os sistemas de
controlo de qualidade, administração de pessoal entre outras (ALMEIDA
2012, p.14),
8
O Auditor Interno deverá ser prudente e competente, saber relacionar-se, comunicar e
manter-se informado, para que não haja incertezas acerca do cultivo desses valores e
lhes sejam efectivamente reconhecidos (SEMEDO, 2012).
Para Semedo (2012) é imprescindível e apropriado dispor de um código de ética para a
profissão de auditoria interna, fundamentada na fiabilidade posta na governação, gestão
de risco e controlo. Eles têm o compromisso de pôr freio às condutas inapropriadas
transformar - nos em diques de contenção, em barreiras protectoras através da promoção
de integridade e a transparência em todos os níveis da organização
O código de ética deve estabelecer os auditores certificados apliquem e respeitem os
dentre outros os seguintes princípios:
Integridade;
Independência;
Responsabilidade;
Competência;
Urbanidade;
Legalidade;
Sigilo profissional.
O IIA (The Institute of Internal Auditors) homologou em 2009 que o auditor interno
deve respeitar e praticar os seguintes princípios e regras de conduta: Integridade;
Objectividade; Confidencialidade; Competência.
Princípios Princípios Regras de conduta dos auditores internos
1. Integridade 1.1.Deverão executar o seu trabalho com honestidade, diligência e
responsabilidade.
1.2.Deverão respeitar as leis e divulgar o que se espera seja feito ao
abrigo das leis e da profissão.
2. Objetividade 2.1.Não deverão participar em qualquer actividade ou manter uma
relação que prejudique ou que se presuma possa prejudicar o seu
julgamento imparcial.
2.2.Não deverão aceitar nada que possa prejudicar ou que se presuma
possa prejudicar o seu julgamento profissional.
3. Confidencialidade 3.1.Deverão ser prudentes na utilização e protecção da informação
obtida no desempenho das suas actividades.
3.2.Não deverão utilizar a informação para qualquer benefício próprio
ou que de outra maneira estaria em desacordo com as leis ou em
detrimento dos objetivos legítimos e éticos da organização.
4. Competência 4.1.Aceitarão apenas serviços para os quais disponham do necessário
conhecimento, proficiência (capacidade, habilidade) e experiência.
4.2.Desempenharão os serviços de auditoria interna de acordo com as
9
Normas Internacionais para a Pratica Profissional de Auditoria
Interna.
Tabela 1- Princípios e regras dos auditores internos
Fonte: IIA (The Institute of Internal Auditors)
10
A organização pode utilizar de três meios de controlo interno. O controlo antecedente,
que examina um fato antes que ele aconteça, o controle concomitante, que analisa o fato
simultaneamente a sua ocorrência e o controle consequente, que registra o fato após sua
ocorrência. Este último se dá através da contabilidade, mediante a escrituração4.
Almeida (2012) apud Reiter (2014) destaca que os controles internos têm limitações,
entre as quais a combinação entre funcionários para a apropriação dos bens da empresa,
funcionários inadequadamente instruídos com relação às regras internas e negligência
na execução de seus afazeres diários.
Referente às irregularidades mais comuns dentro de uma organização, Crepaldi (2010)
apud Reiter (2014) destaca que o suborno como sendo uma propina que alguém recebe
ou benefício direto que obtém para tomar determinada decisão. A fraude, se configura
pela adulteração de documentação e o desfalque, que se define pela simples retirada de
dinheiro.
Para tentar evitar tais situações, é necessário que no instante de contratação de um
funcionário, além da habilitação técnica, deve-se verificar os valores morais, analisar se
o candidato investe em sua qualificação e de que forma houve avanço em sua vida
social, além de examinar se o nível de vida do candidato está acima da situação
financeira que a mesmo exteriormente possui.
Segundo Almeida (2012) apud Reiter (2014) para certificar-se de que todos os
processos de controlos internos sejam concretizados, para apontar erros e
irregularidades e para responsabilizar os indivíduos por faltas cometidas na realização
das tarefas da organização, torna-se imprescindível que haja manuais internos em que
constem as delimitações das tarefas a serem executadas por cada funcionário e sua
efetiva aplicação.
Desta forma, torna-se essencial, também, que o indivíduo com acesso aos ativos não
seja a responsável pelos lançamentos contábeis, por exemplo, pois a mesma conseguiria
manipular os dados para acobertar algum desvio realizado, sendo a prática aconselhável,
para impedir este tipo de fraude, a comparação periódica entre os ativos e os registros
contabilísticos.
Um bom sistema de controlo interno aliado ao trabalho de auditoria está sendo cada vez
mais privilegiado nas empresas, contribuindo para a eficácia dos resultados finais em
qualquer companhia, sendo que, quanto melhor for o controle interno, menos testes
4
Franco; Marra, 2011 apud Reiter,2014, p.26
11
precisarão ser realizados pelos auditores, enquanto que, se ocorrer o oposto, mais testes
deverão ser aplicados (CREPALDI, 2010 apud REITER, 2014).
Assim podemos concluir que os controles internos são uma forma de vigiar e fiscalizar
os processos que acontecem em uma organização com o fim de proteger o patrimônio e
levar a mesma ao crescimento almejado, além de auxiliar o trabalho da auditoria. Outro
sim, podemos dizer que para o eficaz andamento do controle interno, cada funcionário
deve ter sua função delimitada dentro da organização, através de manuais internos, para
que a ocorrência de erro ou fraude possa ser facilmente constatada, e, assim, minimizar
ou evitar práticas que são desfavoráveis à empresa.
12
Na visão de Park (1997:25) a administração é uma filosofia em acção, pois ao
enxergamos a realidade, edificamos nossas ideias, que são modificadas em acção pelo
principio criativo e a administração visa um equilíbrio entre o entendimento e a
dimensão de nossas ideias.
Por sua vez Druker (2001:45) diz que administrar é usar o conhecimento à acção, uma
vez que a gerência modifica a informação em conhecimento e este em acção.
Segundo Megginson et all (1998:14) a administração tem dois propósitos fundamentais
nomeadamente alcançar a eficiência onde os meios, métodos, processos, regras e
regulamentos sobre como as coisas devem ser feitas na empresa com o propósito de que
os recursos sejam correctamente alocados, sendo que o outro propósito é de alcançar a
eficácia que diz respeito aos objectivos e resultados a serem alcançados pela empresa,
significa a capacidade de realizar um objectivo ou capacidade de se chegar dos
resultados previamente fixados.
13
O ganho do valor em função da fraude pode ser intencional como sem intenção e as
fraudes podem ser cometidas por meio do dolo, falsas declarações, declarações
incompletas e omissões (ALLEN, 1999, p.18). Esta perpectiva é ainda mais abrangente
que as apresentadas pelos autores acima mencionados ao considerar a fraude pode ser
acto não intencional. Fazendo uma análise destes conceitos, pode-se observar que
fraude é um termo genérico e abração os meios múltiplos que a ingenuidade humana
pode inventar, com o objectivo de adquir alguma vantagem em cima de outro através de
falas representações.
Por sua vez o termo erro consiste em um acto não-intencional de omissão, desatenção,
desconhecimento ou má interpretação de fatos na elaboração de registros, informações e
demonstrações contábeis, bem como de transações e operações da entidade, tanto em
termos físicos quanto monetários (FREITAS E SENAS).
Para Batista et al., 2014 apud Freitas e Senas (2014, p.583):
Erros são atos cometidos por colaboradores ou administradores sem a
intenção de prejudicar ou atrair para si ou para terceiros, vantagens. Não há a
intenção de burlar leis e normas, são ações cometidas por desconhecimento,
desatenção, mas que acabam prejudicando a entidade na elaboração das suas
demonstrações contábeis (BATISTA et al., 2014 apud FREITAS E SENAS,
2014, p.583).
A importância do cumprimento da ética e da moral pelos próprios gestores do negócio é
tão importante, quanto à atitude ética e moral de cada funcionário da empresa. A prática
de atitudes comportamentais corretas entre as duas classes evita mutuamente a
ocorrência de ilícitos e erros na entidade. Dessa forma, contribuindo para o crescimento
e fortalecimento da mesma.
14
um melhor entendimento do que é a corrupção procuramos dividir o seu
conceito em suborno e propina. Suborno: pode ser entendido com algo, tipo
dinheiro ou favor, oferecido ou dado a alguém em posição de confiança para
induzir a agir desonestamente. Propina: normalmente é o pagamento de uma
percentagem para uma pessoa capaz de controlar ou influenciar um negocio;
Falsificação (4): Uma pessoa pode ser culpada de falsificação quando fizer
um falso instrumento com intenção de negocia-lo ou induzir alguém a aceita-
lo como genuíno; Espionagem (5): a espionagem pode ser dar de duas
formas, a primeira se dá quando um funcionário repassa informações
confidenciais da empresa para um concorrente em troca de dinheiro ou outro
benefício, a segunda se dá quando um funcionário tendo informações
privilegiadas sobre a empresa faz denúncias com o intuito de prejudicá-las;
Conspiração (6): envolve o acordo ilegal entre duas ou mais pessoas para
executar propósitos ilegais ou um propósito legal por meios ilegais, um
exemplo seria a conspiração para anular controles internos (MOURA ET AL
20114, P.4).
Todas estas formas de fraudes que nos são propostas este autor nós observamos com
muita frequência nas nossas organizações e contribuem para prejuízos avultados destas,
levando inclusive a falência de algumas empresas ou mesmo a dificuldades financeiras.
Há ainda outras formas de fraude que o mesmo autor menciona como o perjúrio, a
conivência e a conversão.
Por outro lado, Machado (2018, p.33) propõe como tipologias de fraudes que podem ser
observadas em diferentes organizações tanto públicas como privadas as seguintes:
15
sobrecarregando ainda mais os contribuintes cumpridores que, desta forma, se podem
também sentir tentados a incumprir.
Oliveira (2012) apud Machado (2018, p.34) ainda destaca as fraudes financeiras, que
envolvem os funcionários e as demonstrações contábeis. As fraudes com funcionários
tratam do roubo ativos, “por meio de esquemas com pagamentos, reembolsos com
despesas, muitas vezes existe a participação de dois ou mais funcionários” (OLIVEIRA,
2012, p. 28 apud Machado 2018, p.34)). Já as fraudes nas demonstrações contábeis,
“são caracterizadas pela omissão ou alteração intencional de relatórios financeiros, ou
seja, a manipulação, alteração ou falsificação de demonstrações financeiras ou
documentos que dão suporte a elas” (OLIVEIRA, 2012, p. 28 apud Machado 2018,
p.34).
16
Na opinião de Guimarães (2010) apud Machado (2018, p.36):
O mais importante meio de fraude na Internet é o phishing, que se
fundamenta no despacho de um correio electrónico fraudulento com o
objetivo de obter códigos de acesso e dados financeiros. A obtenção destes
dados pode ser feita de diversas maneiras. As mais comuns são os bankers,
que monitoram a troca de informações entre a vítima e os sistemas dos
bancos, e as páginas falsas, que tentam se passar por páginas verdadeiras de
bancos (GUIMARÃES, 2010 apud MACHADO, 2018, p.36).
17
baixo, ou até mesmo serem inexistentes na contabilidade; assim como receitas de
serviços podem adotar metodologias complicadas somente com o intuito de fraudar.
Geralmente escândalos financeiros e fraudes contábeis são maquiados nas
demonstrações financeiras por meio da contabilidade inovadora, sendo os estoques uma
das contas mais fáceis de serem manipuladas na contabilidade. Assim, a fraude contábil
normalmente está associada à superavaliação dos estoques, o que proporciona maior
lucro para as empresas (SÁ, 2011 apud MACHADO, 2018).
Erros contábeis ou a manipulação de dados por funcionários de alta confiança podem
gerar fraudes financeiras. Outro sim, a falta de procedimentos adequados nas operações
pode propiciar atitudes ilícitas, que posteriormente acarretará uma fraude.
Para Medeiros, Moura e Botelho (2012) constituem exemplos de formas de actuação
neste tipo de fraude: somas feitas sem computar parcelas, crédito em dobro, inversão de
números, esquecimento de realizar transportes de números, classificação indevida de
documento etc. Esses fatores podem causar grandes problemas às organizações, uma
vez que podem causar a falência da empresa, como também provocar a perda de seus
clientes, entre outros fatores.
18
usados logos das empresas originais, linguagem adequado, estrutura fiel à da mensagem
original, remetente falso se passando pela empresa em questão, etc.
Entre os temas mais recorrentes temos: bancos pedindo que a vítima atualize o
dispositivo de acesso ao Internet Banking, sob pena de bloqueio; notícias falsas de forte
apelo, como morte de alguma celebridade ou algum tema atual; fotos e vídeos sensuais,
fotos provando traições; recebimento de alguma mensagem de texto acessível em
alguma página, como torpedos, telegramas online; notificações financeiras e cadastrais
diversas6.
De acordo com Bastos e Pereira (2015) apud Machado (2018) é cada vez mais normal
notícias de fraudes com cartões de crédito, seja por compra através de telefone, internet
ou por fax ou, até mesmo, pelo simples fato de o cliente entregar o cartão ao vendedor e
o mesmo levá-lo a lugares fora do seu campo de visão. Também se tornou comum
notícia de fraude por e-mail, através do qual se induz os clientes a fornecer dados
pessoais, senhas, contas corrente e o número do cartão de crédito.
Azevedo (2012) apud Machado (2018) coloca que o cliente bancário é o alvo principal
das fraudes eletrônicas que infectam o computador utilizando uma ferramenta maliciosa
ou a indução da própria vítima a partir de uma mensagem fraudulenta que tem como
objetivo de repassar as informações para o agente fraudador. Diante disso, percebe-se
que o próprio sistema de informática da instituição bancária sofre invasão ou ataque
direto, nem mesmo aqueles provenientes dos provedores Internet.
As principais tentativas de fraude concretizadas sobre clientes do sistema financeiro e
usuários do ambiente Internet, se baseiam principalmente em ataques pishing scam e
pharming7.
6
Guimarães (2010)
7
Segundo Azevedo apud Machado (2016)
19
recurso bastante usado é a conferência da veracidade e legalidade dos dados informados
nas operações de crédito. Essa tarefa é também operacionalizada pelas auditorias que
funcionam como mecanismos de pressão no monitoramento e verificação das suspeitas
e denúncias de ações corruptas.
As práticas de corrupção mais comuns compreendem os diferentes tipos de
desvios de recursos, a falsificação de documentos, a facilitação de assaltos, as
fraudes diversas, a lavagem de dinheiro, o pagamento ou recebimento de
propina, o tráfico de influência, a abertura de contas fantasmas, a quebra de
sigilo bancário, a venda ou utilização indevida de informações privilegiadas
(PARDINI et al apud MACHADO, 2018, p.41).
Dentre essas práticas, as mais recorrentes são a falsificação de documentos para fins
diversos, o pagamento ou recebimento de propina e a venda ou utilização indevida de
informações privilegiadas. No que se refere às práticas ou ações corruptas de maior
impacto, pode-se destacar o pagamento ou recebimento de propina para fins diversos e
as ações que envolvem maior risco de imagem para as instituições envolvidas.
8
Segundo Crepaldi (2009)
20
de danos e perdas prováveis que poderiam ser combatidas com a implantação de um
sistema de prevenção de fraudes deve ser considerada.
Os golpes podem ser inteligentes e engenhosos, mas nunca o bastante se souber como
evitá-los (CARREIRO, 2018).
2.4.1 Prevenção
A mais eficiente e proativa atitude para preservar os recursos da oganização é prevenir
que sejam desviados dos seus propósitos. Ainda que os componentes da prevenção
(gestão da ética, controles preventivos, transparência e accountability) 9 não impeçam
totalmente a ocorrência de fraude e corrupção, eles fazem parte das primeiras atividades
de defesa para diminuir o risco de fraude e corrupção numa organização (CARREIRO,
2018).
Em geral, devido ao melhor custo-benefício, medidas preventivas devem ser adotadas
para evitar o risco de fraude e corrupção, reduzindo as chances do seu cometimento.
Uma vez que o recurso toma um destino fraudulento, tentar mitigar o dano provocado
por um desvio é uma atividade pouco eficiente. O histórico de recuperação
administrativa desses ativos é desfavorável para qualquer tipo de organização,
especialmente no caso das empresas moçambicanas. Os meios de recuperação são lentos
e custosos, obrigando a organização a alocar recursos humanos, e, portanto, mais
recursos financeiros, para recuperar o recurso desviado e sem garantia de êxito.
No entanto, a grande perda não está no recurso desviado nem no seu custo de
recuperação, porque mesmo se ao fim de um procedimento administrativo ou judicial
for possível recuperar um recurso desviado, o dano provocado pela perda de
oportunidade é irrecuperável (CARREIRO, 2018).
Na medida em que um recurso é alocado a atender a uma política pública, um serviço
público, uma obra ou algum outro benefício à sociedade e por conta do desvio deixa de
se atingir esse objetivo inicial, a posterior recuperação desse recurso não vai
restabelecer o benefício social que deixou de ser proporcionado, gerando uma perda de
oportunidade.
O risco de fraude e corrupção deve ser considerado já nas etapas iniciais de elaboração
de políticas, programas, atividades ou processos organizacionais, para que medidas
preventivas sejam concebidas desde a origem.
Na visão de Carreiro (2018, p.35):
9
Para mais informações sobre as formas e tipos de prevenção de fraudes ler Carreiro (2018)
21
A prevenção não é só mais eficiente na preservação do recurso da
organização, mas também confere efetividade ao benefício social que se
pretenda alcançar com esses recursos. Com isso em mente, o mecanismo da
prevenção é composto por três componentes: gestão da ética, controles
preventivos, transparência e accountability (CARREIRO, 2018, P.35).
Segundo Carreiro (2015, p.37) A gestão da ética se faz tanto com controles sutis (soft
controles) quanto com controles duros (hard controls).
Os controles sutis podem ser considerados medidas que influenciam a motivação –
lealdade, integridade, tom da alta administração, inspiração e valores dos servidores
(CARREIRO, 2015, p.37).
Componente P1 – Gestão da ética e integridade
Prática P1.1 – Promover a cultura da ética e da integridade na organização
Prática P1.2 – Estabelecer comportamento ético e íntegro da alta administração
Prática P1.3 – Estabelecer, divulgar e esclarecer o código de ética e de conduta
Prática P1.4 – Promover comissão de ética
Prática P1.5 – Instituir política de prevenção de conflitos de interesse
Prática P1.6 – Estabelecer condições para lidar com variação significativa de
patrimônio
Prática P1.7 – Regular o recebimento de presentes e participação em eventos
Tabela 2- Práticas que que podem ser empreendidas visa no âmbito da Gestão da ética e integridade
22
Fonte: Carreiro
23
Componente P2 – Controles preventivos
Prática P2.1 – Estabelecer sistema de governança com poderes de decisão
balanceados e funções críticas segregadas
Prática P2.2 – Estabelecer política e plano de combate a fraude e corrupção da
organização
Prática P2.3 – Estabelecer política e práticas de gestão de recursos humanos para
prevenir fraude e corrupção
Prática P2.4 – Estabelecer política e práticas de gestão de relacionamento com
entidades e pessoas que recebam recursos financeiros ou que dependam do poder de
compra e de regulação da organização
Prática P2.5 – Gerenciar riscos e instituir mecanismos de controle interno para o
combate a fraude e corrupção
Prática P2.6 – Implantar função antifraude e anticorrupção na organização
Prática P2.7 – Promover programa de capacitação sobre combate a fraude e
corrupção
Prática P2.8 – Comunicar a política e gestão de risco de fraude e corrupção e os
resultados das correções nos casos detectados
Tabela 3- Praticas que podem ser empreendidas no âmbito do Controle preventivo
Fonte: Carreiro (2018)
Machado (208) afirma existir forte ligação entre a incidência de fraude e corrupção e
fracos controles preventivos. Em muitos casos em que a fraude e a corrupção são
detectadas, é possível que tenham havido falha nos controles preventivos, que
permitiram que o incidente ocorresse.
É essencial que a organização reavalie seus controles preventivos direcionados para a
fraude e corrupção e decida se algum aperfeiçoamento é necessário. Em caso positivo, o
aperfeiçoamento deve ser implementado assim que for possível, desde que a relação
custo-benefício seja vantajosa (PERREIRA, 2015).
As empresas devem sempre considerar que estão ininterruptamente sujeitas à ocorrência
de fraude e corrupção e ciente de que nem toda fraude e corrupção pode ser prevenida e,
nesses casos, deve avaliar se é mais vantajoso implementar controlos detectivos do que
preventivos.
24
governança e gestão
Tabela 4- Práticas que podem ser empreendidas no âmbito da transparência e Accountability
Fonte: Carreiro (2018)
2.4.2 Detecção
A detecção consiste na obtenção de informações suficientes que garantam uma
investigação. Essas informações podem resultar de controlos estabelecidos, de
auditorias realizadas e de fontes internas e externas à organização.
Um forte fator de dissuasão da fraude e corrupção é a consciência em todos de que
mecanismos detectivos estão em vigor, o que acaba tendo o efeito de prevenção.
Entretanto, enquanto na prevenção as medidas são aparentes, na detecção as medidas
são, por natureza, ocultas, o que significa que, em sua maioria, são executadas sem que
servidores e partes interessadas saibam que estão sendo operacionalizadas no dia-a-dia
da organização (CARREIRO, 2018).
Fazem parte dos componentes de detectação de fraudes segundo Carreiro (2018): os
controlos detectivos; os canais de denúncias e por fim a auditoria internam 10.Ainda
segundo a mesmo autor acima citado o objetivo primário da detecção é evidenciar a
fraude e a corrupção que está ocorrendo ou já ocorreu.
A detecção tem a função de identificar as fraudes e corrupções, caso as medidas
preventivas falhem. Há que se considerar que, mesmo com as práticas de prevenção
implantadas, alguns agentes podem decidir pelo cometimento de fraude e corrupção,
seja porque avaliam que os riscos são baixos, seja porque os benefícios são vultosos, ou
seja, a relação risco-benefício da fraude e da corrupção é, ainda, favorável na sua
avaliação (MACHADO, 2018).
Para Carreiro (2018) no combate a determinados esquemas de fraude e corrupção, os
mecanismos de detecção se tornam mais atraentes, pois apresentam custo-benefício
melhor do que os mecanismos de prevenção. No entanto, toda organização deve
10
Para mais informações sobre as formas e tipos de prevenção de fraudes ler Carreiro (2018)
25
considerar tanto a prevenção quanto a detecção da fraude, pois, combinados, esses
mecanismos aumentam a efetividade da estratégia de combate.
Os mecanismos de detectaçao propostos pelos autores estão apresentados abaixam:
26
geral por gestores que sabem dos valores desses limiares, se tornam também invisíveis.
Fraude e corrupção cometidas mediante conluio de servidores, alta administração,
beneficiários de programas, usuários de serviços públicos e fornecedores desafiam todos
os controles possíveis.
Esses são casos que justificam a adoção de canais denúncias. Os indivíduos e as partes
interessadas estão em todos os lugares, e a organização deve estar preparada para tira
aproveito desse controle difuso e gratuito.
Pode, também, auxiliar o disgestor a identificar e avaliar os riscos enfrentados por sua
organização. Assim, a importância que uma organização atribui às atividades de
auditoria interna é uma indicação do compromisso da alta administração com uma
política e um plano de combate a fraude, com uma gestão de riscos, com a ética, com a
integridade e com controles internos de fraude e corrupção eficientes e eficazes.
Eventualmente, a auditoria interna pode identificar fraude e corrupção no curso de uma
auditoria ou contribuir com seu conhecimento técnico para subsidiar uma investigação.
Componente D3 – Auditoria interna
Prática D3.1 – Avaliar a política, o plano, a gestão de risco de fraude e corrupção e os
controles internos da organização
Prática D3.2 – Avaliar a cultura e gestão da ética e da integridade
Prática D3.3 – Planejar e realizar auditorias e investigações de fraude e corrupção
Prática D3.4 – Estabelecer uma sistemática de divulgação de relatórios que tratam de
fraude e corrupção
Tabela 7- Acções a serem empreendidas no âmbito da Auditoria Interna
Fonte: Prórpia
Machado (2018), por sua vez afirma que em organizações com alto risco de fraude e
corrupção, a auditoria interna tem sido demandada a detectar indícios ou investigar
27
ocorrências de tais crimes. Investigações, usualmente, utilizam como base as falhas de
controle e os indícios de fraude e corrupção identificados nas avaliações.
Auditorias internas com papel complementar de investigação devem possuir suficientes
competências sobre esquemas de fraude e corrupção, técnicas de investigação, medidas
corretivas e punitivas, e cooperação e parceria com órgãos de controle, fiscalização,
investigação e judiciais (CARREIRO, 2018).
Grandes organizações usualmente possuem unidades antifraude e anticorrupção com
atribuição de investigação. Nesse caso, parcerias podem ser formadas entre essa unidade
e a auditoria interna, com o objetivo de melhor investigar os eventuais casos.
Segundo Perreira (2015), na condução de auditorias, a responsabilidade do auditor
interno no tocante à detecção de fraude e corrupção é ter suficiente conhecimento sobre:
os esquemas de fraude e corrupção, para ser capaz de identificar indícios dessas
ocorrências; a existência de controlos fracos que podem permitir a ocorrência de fraude
e corrupção; testes adicionais direcionados para a identificação de outros indicadores de
fraude e corrupção; avaliação de indicadores de fraude e corrupção que podem ter
ocorrido e decidir se alguma ação adicional é necessária ou se uma investigação deveria
ser recomendada; notificação das autoridades apropriadas da organização, se existir
suficiente indício para recomendar uma investigação.
As avaliações realizadas pela auditoria interna acerca da adequação e suficiência dos
controles internos de fraude e corrupção são fundamentais para a identificação de
indícios e até mesmo de evidências de fraude e corrupção, e servem de base para
investigações internas ou externas (MACHADO, 2018).
A organização deve proporcionar aos auditores internos oportunidade de capacitação na
teoria e na prática de combate a fraude e corrupção, para que possam desempenhar o
papel que é esperado deles.
28
Sá (2002, p. 51) apud Lima et al (2014, p.14) afirma que “o auditor localiza, relata a
correção dos erros, mas não é sua responsabilidade a execução da correção”.
O trabalho do auditor é garantir que a contabilidade da empresa esteja precisa e honesta,
e quando for planejar a auditoria deve averiguar com a administração da organização
sobre qualquer fraude ou erro que tenha sido detectado anteriormente; ele deve possuir
o conhecimento necessário das atividades de auditoria interna para auxiliar, planejar e a
desenvolver de maneira eficaz (LIMA et al 2014, p.14).
Podemos entender com isso que o acima mencionado propõe que ao auditor cabe-lhe
apenas obrigação de notificar a fraude ou erro à administração da entidade e recomendar
medidas corretivas, informando sobre os possíveis efeitos no seu parecer, caso elas não
sejam adotadas. Ele deverá ainda avaliar o sistema contábil como um todo, ou seja,
verificar a estrutura e o desempenho da administração se é controlada sem uma
supervisão eficaz ou se existe uma estrutura departamental organizada.
Ao empregar os serviços de auditoria, é fundamental à ação conjunta da administração e
do auditor, além de um bom controlo interno que adequará a realidade da organização à
situação real econômica e financeira, a fiscalização das transações ocorridas, a
credibilidade das demonstrações contábeis, dentre outros.
Além disso, alguns princípios deverão ser seguidos para que os objetivos e as
metas dos sistemas de controlos internos sejam cumpridos de forma eficaz e
eficiente. São eles: responsabilidade, rotinas internas, acesso aos ativos,
segregação de funções, confronto dos ativos com os registros, amarrações do
sistema e auditoria interna (SIMÃO, 2009, p. 5 apud LIMA et al 2014, p.15)
A detecção de fraudes não é tarefa fácil de realizar, até porque pessoas que planejam
fraudes normalmente são pessoas muito inteligentes e que tentam preservar-se de
quaisquer suspeitas, utilizando-se, para tal fim, vários meios, inclusive as facilidades
que a tecnologia traz. Em contrapartida, a detecção do erro é mais simples porque ele
vem sempre seguido de falhas, ficando evidente que houve o erro devido à ignorância
por parte de quem efetuou ou desenvolveu11.
Como afirmamos anteriormente não é a principal função da auditoria a detecção de
fraudes e erros, mas sim de emitir uma opinião quanto à confiabilidade das
demonstrações; no entanto, em sua execução poderá ser detectados erros e fraudes
cabendo ao auditor comunicar a administração da empresa, bem como sugerir possíveis
correções.
11
Segundo Lima, 2014, p.16
29
Para tal os auditores utilizam-se de algumas estratégias e técnicas para identificar e
dimensionar as fraudes contra a organização que são: conciliação de saldos e contas,
análise comparativa, inspeção de documentos, inspeção física (por exemplo, em
estoques), confirmação com terceiros, investigação a agentes internos e externos
(funcionários, clientes, fornecedores, etc), aplicação de números e conformidade dos
procedimentos internos (LIMA et al 2014, p.17)
Assim, acordo com o Almeida (2008, p.134) para as organizações, existem inúmeras
medidas eficazes para prevenir e combater as fraudes internas, nomeadamente:
Analise dos fluxos operacionais e identificação prévia dos pontos de risco
para sucessivo intenso monitoramento e adoção de outras medidas
preventivas; Troca periódica (a cada dois ou três anos no máximo), ou
rotação, dos auditores; Criação de um apropriado manual de normas e
procedimentos internos, a ser aplicado pelos funcionários em todas as
funções sensíveis; Estruturação de um sistema de administração e
monitoramento eficientes com troca e verificação constante e redundante de
informações entre os vários departamentos; Rotação frequente, quando
possível, de funcionários em posições sensíveis a fraudes; Criação de equipas
para condução de funções chave e sensíveis a fraudes, eliminando estruturas
de decisão e centros de controlo independentes; Estruturação de uma
adequada política de alçadas, autorizações e controles em todas as funções
sensíveis (por exemplo, no uso de senhas para operações bancárias via
internet); Monitoramento de mudanças repentinas e/ou injustificadas no estilo
de vida ou comportamento de funcionários responsáveis por posições
sensíveis; Adoção de regras de segurança no projeto e desenvolvimento dos
sistemas informativos internos; Atenção à reclamações de fornecedores ou
clientes que possam ter origem em comportamentos fraudulentos de
funcionários; etc (ALMEIDA 2008, p.134).
Essas medidas propostas por esse autor constituem uma mais-valia para as organizações
que desejam prevenir contra os erros ou fraudes como é ocaso da empresa Mcel, que é
objecto de estudo da presente monografia.
2.6 Evidências
É impossível que a presenta monografia debata o assunto relacionado com o processo
de auditoria interna na FIPAG sem que seja esclarecido ou debruçado sobre o que são
evidências num processo auditoria. Isso vai permitir dentre outras coisas que possamos
ter uma melhor compreensão nos pontos subsequentes que serão abordados neste
trabalho.
Segundo Carneiro (2012, p.18) evidência em auditoria compreende as informações
utilizadas pelo auditor para chegar às conclusões em que se fundamentam a sua opinião,
sendo que inclui as informações contidas nos registros contábeis que suportam as
demonstrações contábeis e outras informações.
30
Para o mesmo autor a adequação da evidência de auditoria é uma medida da qualidade
da evidência de auditoria, isto é, a sua relevância e confiabilidade para suportar as
conclusões em que se fundamenta a opinião do auditor. Já no que refere a Suficiência da
evidência de auditoria Carneiro (2012, p.18) afirma por sua vez que é a medida da
quantidade da evidência de auditoria. A quantidade necessária da evidência é afetada
pela avaliação do auditor dos riscos de distorção relevante e também pela qualidade da
evidência da auditoria.
A prova adquirida pelo auditor em consequência de utilização dos métodos de auditoria
é denominada de evidência, que é empregado para explicar se os critérios utilizados
estão ou não reflectindo as fases de planeamento.
Em auditoria existem os seguintes tipos de evidência:
Evidência Física- observação de pessoas, locais ou eventos. Pode ser obtido
por meio de fotografias, vídeos, mapas, e costuma causar grande impacto. A
fotografia de uma situação insalubre ou insegura, por exemplo, pode ser mais
convincente do que uma longa descrição; Evidência Documental - é o tipo
mais comum de evidência. Pode estar disponível em meio físico ou
eletrônico. É obtida de informações já existentes, tais como ofícios,
memorandos, correspondências, contratos, extratos, relatórios. É necessário
avaliar a confiabilidade e a relevância dessas informações com relação aos
objetivos da auditoria; Evidência Analítica - obtida por meio de análises,
comparações e interpretações de dados e informações já existentes, este
trabalho pode envolver análise de taxas, padrões e tendência mais difícil de
obter; Evidência Testemunhal- obtida por meio de entrevistas, grupos focais,
questionários. Para que a informação testemunhal possa ser considerada
evidência, e não apenas contextualização, é preciso corroborá-la, por meio de
confirmação por escrito do entrevistado ou existência de múltiplas fontes que
confirmem os fatos (CARNEIRO 2012, p.18)
Diante de evidências que expõem de erros e fraudes, pode-se declarar que determinados
setores dentro da empresa, particularmente de onde são provenientes de fraudes e erros
merecem uma atenção especial do auditor no que referem-se à apreciação do controle
interno e possíveis indícios de projeto de fraudes.
Sendo assim a auditor interno precisa ser muito prudente, possuir entendimento intenso
do negócio da empresa e da legislação moçambicana para se certificar se os
procedimentos contábeis utilizados estão em conformidade com os princípios
fundamentais de contabilidade e a legislação vigente.
31
empresas estatais nas cidades de Maputo, Beira, Quelimane, Nampula e Pemba foram
transferidas ao FIPAG.12
Foi constituído um fórum Coordenador com órgão consultivo na Participação do sector
privado (PSP) para o Ministério das Obras Públicas e Habitação e é Presidido pelo
Director do DNA (Direção Nacional de Águas) inclui membros nomeados pelo
Ministério do Plano e Finanças e MAE- Ministério da Administração Estatal, assim
como representantes da CRA, FPAG e autoridades locais13.
O FIPAG foi criado para assumir os trabalhos e compromissos para o estabelecimento
de águas das quatro empresas de água de Beira, Quelimane, Nampula e Pemba. A
autoridade e responsabilidade do FIPAG incluem: (1) a gestão financeira e investimento
para a reabilitação e expansão do património dos sistemas de abastecimento de água;
(2)a maximização da eficiência e o retorno do património existente e; (3) o contrato de
gestão, monitoramento e garantia do cumprimento das obrigações contratuais do
operador privado em Moçambique14.
Ao nível do de Inhambane, o Sitesma de Abasteciemtno de Água Operacional de
Inhambane (AOI) localiza-se na cidade de Inhambane, município do mesmo nome e
integra 4 sistemas nomeadamente: da Cidade, Salela, Nhamua e Josina Machel
dispondo de cerca de 148.081km de tubagem de rede de distribuição e 15.352km de
tubagem de autoras15.
A principal fonte de captação de água é superficial para o sistema de Guiua e
subterraena para os Sistemas de Salela, Nhamua e Josina Machel. No geral a capacidade
de captação situa-se na ordem de 14.436m3/dia e a média praticada na ordem de
14916m3/dia. A capacidade de produção instalada é de 30536m3/dia e actualmente a
praticada esta na ordem dos 11176m3/dia16.
12
Segundo o FIPAG. Disponivel em: http://www.fipag.co.mz/index.php/pt/sobre-nos/historial-do-fipag
13
Segundo o FIPAG. Disponível em: http://www.fipag.co.mz/index.php/pt/sobre-nos/historial-do-fipag
14
Segundo o FIPAG. Disponível em: http://www.fipag.co.mz/index.php/pt/sobre-nos/historial-do-fipag
15
Segundo o FIPAG. Disponível em: http://www.fipag.co.mz/index.php/pt/areas-de-actuacao/inhambane
16
Segundo o FIPAG. Disponível em: http://www.fipag.co.mz/index.php/pt/areas-de-actuacao/inhambane
32
CAPÍTULO III: METODOLOGIA
Este capítulo aborda a maneira como foi realizada a pesquisa, com a respectiva menção
dos passos que se deram para a concretização deste trabalho de pesquisa.
33
nas informações retiradas da entrevista e questionário realizada no local objecto de
estudo. Ademais, este tipo de pesquisa possibilitou a uma maior aproximação entre o
pesquisador e o problema.
34
3.3 Técnicas de recolha de dados
Para a recolha de dados, foram usadas como instrumentos de obtenção de dados a
entrevista e questionário. A escolha dessas técnicas deveu-se a natureza da instituição e
do tema a ser abordado nesta pesquisa. Abaixo apresentamos com mais detalhes as
motivações para a escolha de cada uma dessas técnicas bem como as facilidades ou
vantagens que tais instrumentos proporcionaram na obtenção de dados.
3.3.1 Entrevista
A entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha
informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza
profissional (MARCONI e LAKATOS, 2003).
A escolha dessa técnica para a colheita de dados no FIPAG-AOI deve-se ao facto de: a
entrevista possibilitar a obtenção de dados referentes aos mais diversos aspectos da vida
social; a entrevista é uma técnica muito eficiente para a obtenção de dados em
profundidade acerca do comportamento humano; os dados obtidos são suscetíveis de
classificação e de quantificação.
Assim foram entrevistados funcionários de diferentes níveis hierárquicos do FIPAG-
Delegação de Inhambane de modo que as respostas obtidas fossem satisfatórias e
representativas o máximo possível da instituição em analise.
3.3.2 Questionário
O questionário consiste no conjunto de questões que são submetidas as pessoas com o
propósito de obter informações sobre conhecimentos, crenças, sentimentos, valores,
interesses, expectativas, aspirações, comportamento presente ou passado etc. (GIL,
2009, p.12).
A adopção dessa técnica deveu-se as inúmeras vantagens que esta proporciona como:
possibilita atingir grande número de pessoas, mesmo que estejam dispersas numa área
geográfica muito extensa, já que o questionário pode ser enviado pelo correio; implica
menores gastos com pessoal, posto que o questionário não exige o treinamento dos
pesquisadores; garante o anonimato das respostas; permite que as pessoas o respondam
no momento em que julgarem mais conveniente; não expõe os pesquisados à influência
das opiniões e do aspecto pessoal do entrevistado.
35
No entanto esta técnica também apresenta inconvenientes e limitações que segundo Gil
(2009) consistem em: excluir as pessoas que não sabem ler e escrever, o que, em certas
circunstâncias, conduz a graves deformações nos resultados da investigação; impede o
auxílio ao informante quando este não entende corretamente as instruções ou perguntas;
impede o conhecimento das circunstâncias em que foi respondido, o que pode ser
importante na avaliação da qualidade das respostas; não oferece a garantia de que as
maiorias das pessoas devolvam-no devidamente preenchido, o que pode implicar a
significativa diminuição da representatividade da amostra; envolve, geralmente, número
relativamente pequeno de perguntas, porque é sabido que questionários muito extensos
apresentam alta probabilidade de não serem respondidos; proporciona resultados
bastante críticos em relação à objetividade, pois os itens podem ter significado diferente
para cada sujeito pesquisado.
Quantidades Instrumentos
36
Descrição Universo Amostra utilizados na
recolha de dados
Funcionários 71 21 (29,58%) Questionário
Auditores 6 3 (50%) Questionário
Gestores/Director 1 1 (100%) Entrevista
Total 78 25 (32,05%)
Tabela 8- Relação percentual dos elementos da amostra
Fonte: Própria
37
A auditoria interna não é importante no FIPAG-AOI 0 0,00
Total 21 100,00
Tabela 9- Percepção de importância da auditoria interna do FIPAG-Área Operacional de Inhambane
Fonte: Primária
O mesmo pensamento é partilhado pelo gestor da instituição, que lhe foi dirigida uma
entrevista, sendo que ao perguntarmos sobre a importância da auditoria interna no
auxílio as decisões tomadas pelos órgãos de gestão ele respondeu nos seguintes termos:
“Sim (é importante a auditoria interna para a gestão do FIPAG), dado que é
com base no trabalho e nas recomendações da auditoria interna que
melhoramos os procedimentos internos de gestão, o sistema de controlo
interno e asseguramos que as políticas contabilísticas adoptads estejam de
acordo com as normas internacionais de relato financeiro e legislação fiscal
em vigor no país com vista a garantir a fiabilidade da informação
financeira”
38
O FIPAG-AOI pela forma como tem lidado com o problema da sobrefaturação, com
muitos clientes levantado a possibilidade da total ineficácia e/inexistência da auditoria
interna nesta instituição que possa detectar possíveis erros ou mesmo fraude dentro da
organização. Assim, com vista a abordar esse tema com mais substancia e propriedade,
decidimos inquirir os funcionários do FIPAG-AOI, sobre a sua perceção da eficácia da
auditoria interna.
Os números são surpreendentes, grande parte deles afirma que a auditoria interna no
FIPAG- Área Operacional de Inhambane tem sido eficaz, tal como podemos observar o
gráfico abaixo que estiliza essa situação.
Descrição N° %
A auditoria interna é eficaz no FIPAG-AOI 16 76,19
A auditoria interna não é eficaz no FIPAG-AOI 5 23,81
Total 21 100,00
Figura 1- Percepção de eficácia pelos funcionários do FIPAG- Área Operacional de Inhambane
Fonte Primária
Isso não significa no entanto, que verdadeiramente este processo tem sido eficaz já que
trata-se apenas da opinião destes e não se baseia em dados concretos obtidos pelo
departamento de auditoria interno sobre os casos de erros ou fraudes detectados. Ainda
sim, permite-nos ter uma visão mais ou menos clara do quanto este processo tem sido
decisivo na detectação de erros e fraudes, o que segundo Teixeira (2006) significa que a
administradores e gestores podem-se amparar em informações vindas da auditoria
interna com poucas rservas, visando tomar as decisões mais apropriadas.
Por outro lado e segundo o que sustenta Costa (2000) a verificação e análise da
eficiência e eficácia de um controlo interno cabem à auditoria interna, que se reportará
directamente ao gestor da empresa em caso de não cumprimento dos controlos internos,
o que significa assim que a eficácia deste processo deve ser avaliado pelos próprios
auditores internos.
Ao analisarmos este ponto, o nosso foco esta precisamente saber o quão eficaz tem
disso a auditoria interna de modo a avaliarmos o seu possível desempenho na resolução
do problema vivido pelos munícipes de Inhambane.
39
Podemos aqui, presumir que as tão reclamadas facturas de água na verdade não são
problemas oriundos de esquemas de erros ou fraudes, mas sim de ajustes tarifários.
Dada a percepção de eficácia da auditoria interna no Área Operacional de Inhambane, a
outra suposição que poderíamos fazer aqui é que os consumidores estejam exagerando
na sua abordagem sobre a sobrefacturaçao e que na verdade o facto de haverem cortes
frequentes no abastecimento de agua esteja fazendo com que estes pensem que o seu
consumo seja infinitamente baixo quando na verdade consomem bastante,
principalmente tendo em consideração que o período de maior consumo de agua tende a
ser pela manha e também a partir das 16, período esse que o abastecimento de agua é
assegurado sem quaisquer interrupções.
Qualquer das suposições acima feita é unicamente baseada no facto de assumirmos que
a auditoria interna é eficaz tal como afirmam os funcionários, o que não significa que a
auditoria interna seja de facto totalmente eficaz e as suposições assumidas nesta
pesquisa sejam de facto verdadeiras.
Esse dado é de extrema importância já que, permite-nos ter uma noção da qualidade dos
auditores que o Área Operacional de Inhambane apresenta, o que muito é um indicativo
40
de que muito provavelmente os funcionários estejam correctos ao afirmar que o
processo de auditoria interna seja eficaz na sua instituição.
Umas das consequências da existência de profissionais qualificados neste sector de
auditoria interna de acordo com Costa (2000) é a independência, integridade e
objectividade na forma de actuação destes profissionais. A independência mental por
exemplo, faz com que os auditores actuem com liberdade quanto ao seu juízo
profissional, encontrando-se livre de constrangimento que limite sua imparcialidade na
consideração objectiva dos factos, assim como na formulação de suas conclusões
(COSTA, 2000).
Não parece haver muitas dúvidas do elevado nível de importância da auditoria interna
na melhoria não só de boas práticas administrativas como também de prevenção de
detecção de erros e fraudes.
41
FIPAG- Área Operacional de Inhambane, o que cria um ambiente totalmente inviável
para erros e/ou fraudes. Assim, podemos afirmar que na verdade estamos diante de
falsas impressões dos populares que ao se depararem com cortes sucessivos no
fornecimento deste liquido no período da tarde, esquecem muitas vezes que grande
parte do consumo nem sequer tem origem nesta altura pois muitos encontram-se nos
postos de trabalhos.
Com tudo isso podemos descartar a possibilidade de ocorrência de sobrefactração
dentro desta instituição.
Diante desta situação, de insatisfação por parte dos moradores é necessário que os
órgãos da instituição consciencializem e façam perceber os seus clientes que os valores
presentes nas facturas em estão em conformidade com o nível de consumo dos
moradores, e que o processo de auditoria interna é eficaz o suficiente para averiguar e
detectar possíveis situações de sobrefacturação.
4.5 Acções a serem tomadas visando dar maior relevância e eficácia ao processo de
auditoria dentro da empresa
Pela análise já feita acima, podemos constatar claramente que auditoria interna reveste-
se de grande relevância no FIPAG- Área Operacional de Inhambane, com grande parte
dos funcionários inquiridos partilhando tal opinião. Mesmo assim, existe espaço para
melhora deste sector, já que não se pode afirmar de forma alguma que um dado sector
seja perfeito o suficiente para não admitir melhoras.
Assim, como forma de melhorar ainda mais a relevância deste sector para a
credibilidade dos processos administrativos e financeiros dentro Área Operacional de
Inhambane, procuramos saber dos funcionários que medidas na sua visão deveriam ser
tomadas visando dar maior efectividade ao processo de auditoria interna, sendo as
respostas foram várias sendo de desatacar as seguintes:
“Observância rigorosa das recomendações da auditoria interna e mais
instrumentos financeiros como as normas I de relato financeiro e legislação
fiscal em vigor no país”.
Esta visão é particularmente partilhada por quase a totalidade dos grandes pensadores
sobre a auditoria no geral e auditoria interna em particular, de tal forma que o seu
cumprimento implicaria a existência de uma auditoria imparcial e que com muita
facilidade conseguiria detectar as causas problemas ligados com a organização. Outro
dos comentários que vale a pensam destacar é:
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“Para tal os auditores internos devem continuar a ser imparciais,
independente no seu exercício dentro da empresa e respeitar todas as regras
e princípios contabilísticos e da auditoria”.
Alguns requisitos que a auditoria deve cumprir para a melhoria da sua eficácia e que
muito se falam são de acordo com o Costa (2000) são nomeadamente: (1) o exame deve
ser executado por pessoas que tenham treinamento adequado e estejamos legalmente
habilitados para exercer a profissão; (2) o auditor deve ter independência moral em tudo
que se relacione com o seu trabalho, para garantir a imparcialidade e objectividade dos
seus juízos e por ultimo (3) na execução do seu exame e na preparação dos relatórios
deve proceder com a diligência profissional.
Com todos esses pressupostos cumpridos fica bastante claro que qualquer processo de
auditoria apresentará os resultados mais fiáveis e que expressam a realidade da
organização.
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A importância da auditoria interna nesta organização tem de certo modo contribuído
para que a mesma não recorra a auditorias externas com muita frequência, pois
internamente os gestores depositam confiança de prevenção e/ou detectação de erros e
fraudes dentro da instituição. Além disso, o facto de esta organização estar a registrar
níveis de recetas significativas nos últimos anos, o que mostra de uma certa forma uma
clareza nos processos de realização de investimentos de capital, capazes de melhorar o
seu desempenho. E como é claro, o sector de auditoria interna jogou um papel muito
importante neste processo, pois vezes sem conta procedia com a monitoração desses
investimentos desde a sua concepçao até a materialização dos empreendimentos.
O facto de termos uma auditoria interna eficaz e interventiva nos processos do FIPAG-
AOI, é um sinal positivo de um futuro brilhante e transparente, o que permitirá que a
delegação do FIPAG-AOI esteja entre as mais dinâmicas a nível nacional.
Assim, é fundamental que os gestores continuem acarinhando esse processo de auditoria
interna e continuem mantendo a independência que os auditores internos têm tido
relativamente aos outros funcionários.
Com tudo, aceitamos a primeira hipóteses anteriormente estabelecida que afirma que a
auditoria interna na Área Operacional de Inhambane é importante e eficaz, contribuído
para boas práticas administrativas bem como prevenido e combatendo erros e fraudes.
5.1 Recomendações
As recomendações abaixo apresentadas visam melhorar ainda mais o processo de
auditoria interna no FIPAG-AOI, mediante ações concretas que devem ser
empreendidas pelos principais actores dentro da organização objecto de estudo,
nomeadamente os gestores e principalmente os próprios auditores internos, de modo a
tornar a organização mais solida e credível.
Estas recomendações são de modo geral aplicáveis a qualquer tipo de organização, e
não são as únicas dicas para o aprimoramento da relevância da auditoria interna, no
entanto estão entre as principais.
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Continuar mantendo a independência dos auditores internos no âmbito do
cumprimento das suas actividades profissionais;
Oferecer e/ou promover formações dos auditores internas para que estes
continuem aprimorando as suas aptidões;
Criar condições materiais para que os auditores internos estejam melhores
equipados e dispostos a realizar com o seu trabalho;
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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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organização. São Paulo: FACECAP;
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Da Costa, C.(2000). Auditoria Financeira - Teoria e Prática. 7 Edição. Lisboa
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Anexos
Introdução (Questionário)
Caro participante, antes de mais gostaria de agradecer pela sua colaboração nesta pesquisa.
Este questionário enquadra-se no âmbito da pesquisa em curso sobre: Importância da auditoria
interna na garantia de uma boa gestão e combate a fraudes: o caso a FIPAG-AOI no período
entre 2016-2019, no contexto da realização do trabalho de fim do curso de Licenciatura em
Contabilidade e Auditoria, na Universidade Técnica de Moçambique (UDM).
I. Dados gerais
1. Qual é a sua faixa etária?
a) Menor de 18 anos
b) 19 a 45 anos
c) 46 a 60 anos
d) Maior de 60 anos