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CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO...................................................................................................2
1.1 Contextualização..........................................................................................................2
1.2 Problematização...........................................................................................................4
1.3 Objectivos....................................................................................................................4
1.3.1 Objectivo Geral....................................................................................................4
1.3.2 Objectivos específicos..........................................................................................4
1.4 Hipóteses......................................................................................................................5
1.5 Justificativa..................................................................................................................5
1.6 Delimitação do tema.....................................................................................................6
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA...........................................................................7
2.1 Definição de conceitos-chave no contexto da pesquisa................................................7
2.1.1 Auditoria...............................................................................................................7
2.1.1.1 Contextualização..............................................................................................7
2.1.1.2 Fases do processo de auditoria..........................................................................8
2.1.1.3 Auditoria Interna...............................................................................................8
2.1.1.4 Ética do Auditor Interno...................................................................................9
2.1.2 Controlo interno..................................................................................................11
2.1.3 Conceitos de fraude e erros.................................................................................13
2.1.4 Tipos de fraudes.................................................................................................14
2.1.4.1 Fraude Contabilística......................................................................................15
2.1.4.2 Fraude Eletrônica............................................................................................16
2.1.4.3 Fraude Bancária Online..................................................................................16
2.1.4.4 Fraudes por Corrupção....................................................................................17
2.1.5 Forma de atuação dos fraudadores......................................................................17
2.1.5.1 Formas de actuação nas fraudes contabilística................................................17
2.1.5.2 Formas de actuação nas fraudes eletrônicas....................................................18
2.1.5.3 Formas de actuação nas fraude por corrupção................................................19
2.1.6 Fatores que incentivam as fraudes......................................................................20
2.1.7 Prevenção e detectação fraudes..........................................................................20
2.7.1.1 Prevenção.......................................................................................................21
2.1.7.2 Detecção.........................................................................................................22
2.1.8 O papel do auditor interno nas fraudes ou erros..................................................23
2.1.9 Evidências..........................................................................................................25
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
As organizações estão a reestruturar-se, a reinventar-se e a sofrer transformações de
reengenharia para mudarem as suas metas e os seus processos com vista a responder
adequadamente a uma envolvente em constante mutação. Neste quadro de mudança e de
crescente competitividade em todos os segmentos de mercado, as organizações têm que
aperfeiçoar os seus métodos de gestão, que se modernizar e racionalizar, que procurar
ganhos de produtividade, competitividade e rendibilidade.
A auditoria, em sentido amplo, pode constituir um importante instrumento ao serviço da
gestão para a prossecução desses objectivos. No entanto, para tomar em consideração as
necessidades da gestão das organizações, tornou-se necessária uma actuação mais
periódica da auditoria, com maior grau de profundidade e visando outras áreas da
organização (MORAIS, 2006, p.1).
Para Emanuely et al (2017, p.2) os principais problemas que atingem as instituições
públicas e privadas são os desvios, erros e fraudes, quem são designados de corrupção,
procedimento este que está relacionado com a falta de controlo adequado sobre um
determinado processo, implicando em um conjunto de actos que provocam a utilização
indevida do processo e dos recursos pertencentes às entidades, seja para benefício
próprio ou de terceiros
A sociedade moçambicana, maioritariamente estruturada numa óptica de economia de
mercado, exige que a função de auditoria seja cada vez mais interveniente no
diagnosticar de determinadas situações, como é o caso da viabilidade da empresa, na
denúncia de fraudes e de actos ilegais, na apreciação da economia, eficiência e eficácia
das organizações.
Neste sentido, o papel desempenhado pela auditoria é um reflexo das necessidades e
expectativas da organização como um todo para sobreviver e singrar numa dada fase de
desenvolvimento. Os auditores tornam-se facilitadores da mudança ao fornecerem
conhecimentos sobre o verdadeiro estado da organização e sobre a velocidade da
mudança que está a ter lugar nos processos da organização.
Nesta perspectiva, o posicionamento da auditoria, numa visão actual do seu
funcionamento, centra a sua atenção, não na auditoria aos órgãos da empresa, mas às
actividades que esta exerce1. Não obstante, o alcance e objectivos de auditoria variam e
dependem do tamanho e estrutura da organização, bem como dos requisitos da gestão.
1
MORAIS, M. (2006, p.3)
Desta forma, o presente estudo de pesquisa científica tem por objectivos trazer uma
reflexão sobre os impactos que a Auditoria trouxe para a extinta empresa Moçambique
Celular - sede (MCEL-sede) no período entre 2014-2016. A escolha desse período deve-
se ao facto de ter representado uma fase difícil dessa organização que culminou com a
decisão do Governo moçambicano em fundir com as Telecomunicações de
Moçambique (TDM) surgindo dessa forma a Moçambique Telecom (TMCEL).
Assim o presente trabalho comportará sete capítulos nomeadamente: o primeiro capítulo
que é a introdução, irá conduzir o leitor a um campo particular da pesquisa e serão
igualmente apresentados o tema em estudo, o problema, as hipóteses, os objectivos, e a
justificativa da escolha do tema em estudo, bem como a delimitação do tema; o segundo
capítulo faz menção a revisão da literatura, na qual foram serão discutidos trabalhos
apresentados por outros autores que igualmente se debruçaram sobre o tema em
pesquisa e igualmente serão conceituados algumas expressões relevantes para melhor
percepção da presente pesquisa científica; o terceiro capítulo, faz referência a
metodologia, onde será evidenciada as fases, métodos, técnicas, bem como instrumentos
e recursos utilizados na realização do trabalho; o quarto capítulo refere-se a análise e
discussão dos resultados onde serão desvendadas e analisados os resultados obtidos no
campo. No quinto capítulo serão feitas as conclusões finais a respeito do trabalho e a
seguir já no sexto capitulo as recomendações, cessando com o sétimo capítulo relativo
as referências bibliográficas.
1.2 Problematização
Formular o problema consiste em dizer, de maneira explícita, clara, compreensível e
operacional, qual a dificuldade com a qual nos defrontamos e que pretendemos resolver,
limitando o seu campo e apresentando suas características. Desta forma, o objetivo da
formulação do problema da pesquisa é tomá-lo individualizado, específico,
inconfundível (RUDIO, 1978, p.75 apud LAKATOS & MARCONI, 2003,p.127)
Durante vários anos, a empresa Moçambique Celular (Mcel) sempre foi vista como uma
organização muito dinâmica e credível facto que fez com que lidera-se o sector das
telefonia móvel durante vários anos. No entanto devido a factores que podem ser tanto
de ordem interna quanto externa, a sua hegemonia neste sector acabou por dar lugar a
problemas de má gestão que resultaram na perca de grande parte da quota de mercado e
na descida para o último lugar no ranking das maiores companhias de telefonia moveis
em Moçambique, atrás da Vodacom e da Movitel que curiosamente estão operando a
menos tempo no mercado domestico moçambicano.
Desta forma, a imprensa, centros de pesquisa2 e alguns gestores levantam a
possibilidade de fragilidades na auditoria às contas da Mcel possam ter influenciado
possivelmente no encobrimento más práticas de gestão que acabaram levando essa
empresa a uma posterior situação de insustentabilidade que acabou culminando com a
sua desintegração e fusão com a também extinta TDM. Diante disso o presente projecto
de pesquisa tem objetivo procurar saber sobre: Que importância o processo de
auditoria interna às contas da Mcel teve na garantia de boas práticas de
administrativas e na prevenção e combate de erros e fraudes no período entre 2014-
2016?
1.3 Objectivos
1.3.1 Objectivo Geral
Analisar a importância que processo de auditoria interna teve na garantia de boas
práticas gestão da empresa Moçambique Celular (Mcel).
1.5 Justificativa
Apesar de ser muito discutido a importância da auditoria interna por diferentes
pesquisadores estrangeiros, em Moçambique ainda não se desenvolveu uma cultura para
se apurar as implicações que uma eficiente e eficaz auditoria interna tem sobre a
performance das organizações. Deste modo e porque observamos no período entre
2014-2016 houve uma acentuada queda no desempenho económico-financeiro da Mcel,
facto que culminou com a decisão do Governo moçambicano em fundir com a TDM,
revela-se de extrema importância esmiuçar sobre o real impacto que este processo de
auditoria interna teve na garantia de estimulo as boas praticas de gestão bem como na
dissuasão de práticas antiéticas pelos funcionários e principalmente pelo pelos gestores
3
Marconi e Lakatos (2003, p.126),
de topo da organização. A definição deste estudo teve base tanto a relevância do tema,
como o interesse acadêmico-científico e a contribuição prática para as organização em
análise sendo que as conclusões retiradas destes estudo úteis não só para a organização
em análise como para as outras organizações moçambicanas.
4
Agora sob a forma de Moçambique Telecom (TMCEL)
utilizados neste trabalho de pesquisa. Neste contexto, abaixo são debatidos e
conceptualizados aspectos que se revestem de grande importância para o trabalho.
2.1.1 Auditoria
2.1.1.1 Contextualização
A palavra auditoria, de acordo com Attie (1998) apud Reiter (2014, p.14), é oriunda da
cultura inglesa e significa examinar, ajustar, corrigir, certificar. Acredita-se que seu
surgimento tenha-se dado no século XIV, na Inglaterra, na qualidade de dominadora dos
mares e do comércio em épocas passadas, teria iniciado a disseminação de
investimentos em diversos locais e países e, por consequência, o exame dos
investimentos mantidos naqueles locais.
No entanto, como experiência sistemática, teve início apenas no século XIX, com o
aparecimento das primeiras associações de contadores públicos, profissionais que
cumpriam a função de auditor na época, tendo progredido notavelmente no século
passado, em virtude do desenvolvimento das firmas, do aumento de sua complexidade e
da ligação do interesse da economia popular nos enormes projectos (FRANCO;
MARRA, 2011 apud REITER 2014, p.14).
A auditoria tem por objectos acontecimentos documentados e também naqueles que
não foram documentados, mas sim, somente expostos por pessoas ligadas à empresa,
desde que essas informações sejam confiáveis, seguras e indiquem a realidade
(FRANCO E MARRA, 2011).
Os diferentes autores garantem também que, além das informações de dentro da
organização, são apreciadas as informações adquiridas fora da empresa, sendo que as
mesmas, normalmente, mais honestas do que as conseguidas de pessoas de dentro da
instituição.
Para Crepaldi (2010, p. 4) apud Reiter (2014, p.17), a auditoria tem por objecto os
“registros contábeis, papéis, documentos, fichas, arquivos e anotações que comprovem a
legitimidade dos atos da administração, bem como sua sinceridade na defesa dos
interesses patrimoniais.
6
Franco; Marra, 2011 apud Reiter,2014, p.26
funcionários inadequadamente instruídos com relação às regras internas e negligência
na execução de seus afazeres diários.
Referente às irregularidades mais comuns dentro de uma organização, Crepaldi (2010)
apud Reiter (2014) destaca que o suborno como sendo uma propina que alguém recebe
ou benefício direto que obtém para tomar determinada decisão. A fraude, se configura
pela adulteração de documentação e o desfalque, que se define pela simples retirada de
dinheiro.
Para tentar evitar tais situações, é necessário que no instante de contratação de um
funcionário, além da habilitação técnica, deve-se verificar os valores morais, analisar se
o candidato investe em sua qualificação e de que forma houve avanço em sua vida
social, além de examinar se o nível de vida do candidato está acima da situação
financeira que a mesmo exteriormente possui.
Segundo Almeida (2012) apud Reiter (2014) para certificar-se de que todos os
processos de controlos internos sejam concretizados, para apontar erros e
irregularidades e para responsabilizar os indivíduos por faltas cometidas na realização
das tarefas da organização, torna-se imprescindível que haja manuais internos em que
constem as delimitações das tarefas a serem executadas por cada funcionário e sua
efetiva aplicação.
Desta forma, torna-se essencial, também, que o indivíduo com acesso aos ativos não
seja a responsável pelos lançamentos contábeis, por exemplo, pois a mesma conseguiria
manipular os dados para acobertar algum desvio realizado, sendo a prática aconselhável,
para impedir este tipo de fraude, a comparação periódica entre os ativos e os registros
contabilísticos.
Um bom sistema de controlo interno aliado ao trabalho de auditoria está sendo cada vez
mais privilegiado nas empresas, contribuindo para a eficácia dos resultados finais em
qualquer companhia, sendo que, quanto melhor for o controle interno, menos testes
precisarão ser realizados pelos auditores, enquanto que, se ocorrer o oposto, mais testes
deverão ser aplicados (Crepaldi, 2010 apud Reiter, 2014).
Assim podemos concluir que os controles internos são uma forma de vigiar e fiscalizar
os processos que acontecem em uma organização com o fim de proteger o patrimônio e
levar a mesma ao crescimento almejado, além de auxiliar o trabalho da auditoria. Outro
sim, podemos dizer que para o eficaz andamento do controle interno, cada funcionário
deve ter sua função delimitada dentro da organização, através de manuais internos, para
que a ocorrência de erro ou fraude possa ser facilmente constatada, e, assim, minimizar
ou evitar práticas que são desfavoráveis à empresa.
Todas estas formas de fraudes que nos são propostas este autor nos observamos com
muita frequência nas nossas organizações e contribuem para prejuízos avultados destas,
levando inclusive a falência de algumas empresas ou mesmo a dificuldades financeiras
relevantes como o caso da Mcel. Há ainda outras formas de fraude que o mesmo autor
menciona como o perjúrio, a conivência e a conversão.
Por outro lado, Machado (2018, p.33) propõe como tipologias de fraudes que podem ser
observadas em diferentes organizações tanto públicas como privadas as seguintes:
8
Guimarães (2010)
De acordo com Bastos e Pereira (2015) apud Machado (2018) é cada vez mais normal
notícias de fraudes com cartões de crédito, seja por compra através de telefone, internet
ou por fax ou, até mesmo, pelo simples fato de o cliente entregar o cartão ao vendedor e
o mesmo levá-lo a lugares fora do seu campo de visão. Também se tornou comum
notícia de fraude por e-mail, através do qual se induz os clientes a fornecer dados
pessoais, senhas, contas corrente e o número do cartão de crédito.
Azevedo (2012) apud Machado (2018) coloca que o cliente bancário é o alvo principal
das fraudes eletrônicas que infectam o computador utilizando uma ferramenta maliciosa
ou a indução da própria vítima a partir de uma mensagem fraudulenta que tem como
objetivo de repassar as informações para o agente fraudador. Diante disso, percebe-se
que o próprio sistema de informática da instituição bancária sofre invasão ou ataque
direto, nem mesmo aqueles provenientes dos provedores Internet.
As principais tentativas de fraude concretizadas sobre clientes do sistema financeiro e
usuários do ambiente Internet, se baseiam principalmente em ataques pishing scam e
pharming9.
9
Segundo Azevedo apud Machado (2016)
Dentre essas práticas, as mais recorrentes são a falsificação de documentos para fins
diversos, o pagamento ou recebimento de propina e a venda ou utilização indevida de
informações privilegiadas. No que se refere às práticas ou ações corruptas de maior
impacto, pode-se destacar o pagamento ou recebimento de propina para fins diversos e
as ações que envolvem maior risco de imagem para as instituições envolvidas.
2.7.1.1 Prevenção
A mais eficiente e proativa atitude para preservar os recursos da oganização é prevenir
que sejam desviados dos seus propósitos. Ainda que os componentes da prevenção
10
Segundo Crepaldi (2009)
(gestão da ética, controles preventivos, transparência e accountability) 11 não impeçam
totalmente a ocorrência de fraude e corrupção, eles fazem parte das primeiras atividades
de defesa para diminuir o risco de fraude e corrupção numa organização (CARREIRO,
2018).
Em geral, devido ao melhor custo-benefício, medidas preventivas devem ser adotadas
para evitar o risco de fraude e corrupção, reduzindo as chances do seu cometimento.
Uma vez que o recurso toma um destino fraudulento, tentar mitigar o dano provocado
por um desvio é uma atividade pouco eficiente. O histórico de recuperação
administrativa desses ativos é desfavorável para qualquer tipo de organização,
especialmente no caso das empresas moçambicanas. Os meios de recuperação são lentos
e custosos, obrigando a organização a alocar recursos humanos, e, portanto, mais
recursos financeiros, para recuperar o recurso desviado e sem garantia de êxito.
No entanto, a grande perda não está no recurso desviado nem no seu custo de
recuperação, porque mesmo se ao fim de um procedimento administrativo ou judicial
for possível recuperar um recurso desviado, o dano provocado pela perda de
oportunidade é irrecuperável (CARREIRO, 2018).
Na medida em que um recurso é alocado a atender a uma política pública, um serviço
público, uma obra ou algum outro benefício à sociedade e por conta do desvio deixa de
se atingir esse objetivo inicial, a posterior recuperação desse recurso não vai
restabelecer o benefício social que deixou de ser proporcionado, gerando uma perda de
oportunidade.
O risco de fraude e corrupção deve ser considerado já nas etapas iniciais de elaboração
de políticas, programas, atividades ou processos organizacionais, para que medidas
preventivas sejam concebidas desde a origem.
Na visão de Carreiro (2018, p.35):
A prevenção não é só mais eficiente na preservação do recurso da
organização, mas também confere efetividade ao benefício social que se
pretenda alcançar com esses recursos. Com isso em mente, o mecanismo da
prevenção é composto por três componentes: gestão da ética, controles
preventivos, transparência e accountability (CARREIRO, 2018, P.35).
11
Para mais informações sobre as formas e tipos de prevenção de fraudes ler Carreiro (2018)
atos e fatos na gestão pública pelas partes interessadas (stakeholders) da organização e
aferição dos resultados obtidos.
2.1.7.2 Detecção
A detecção consiste na obtenção de informações suficientes que garantam uma
investigação. Essas informações podem resultar de controlos estabelecidos, de
auditorias realizadas e de fontes internas e externas à organização.
Um forte fator de dissuasão da fraude e corrupção é a consciência em todos de que
mecanismos detectivos estão em vigor, o que acaba tendo o efeito de prevenção.
Entretanto, enquanto na prevenção as medidas são aparentes, na detecção as medidas
são, por natureza, ocultas, o que significa que, em sua maioria, são executadas sem que
servidores e partes interessadas saibam que estão sendo operacionalizadas no dia-a-dia
da organização (CARREIRO, 2018).
Fazem parte dos componentes de detectação de fraudes segundo Carneiro (2018): os
controlos detectivos; os canais de denuncias e por fim a auditoria interna12.
Ainda segundo o mesmo autor acima citado o objetivo primário da detecção é
evidenciar a fraude e a corrupção que está ocorrendo ou já ocorreu. A detecção tem a
função de identificar as fraudes e corrupções, caso as medidas preventivas falhem. Há
que se considerar que, mesmo com as práticas de prevenção implantadas, alguns agentes
podem decidir pelo cometimento de fraude e corrupção, seja porque avaliam que os
riscos são baixos, seja porque os benefícios são vultosos, ou seja, a relação risco-
benefício da fraude e da corrupção é, ainda, favorável na sua avaliação.
No combate a determinados esquemas de fraude e corrupção, os mecanismos de
detecção se tornam mais atraentes, pois apresentam custo-benefício melhor do que os
mecanismos de prevenção. No entanto, toda organização deve considerar tanto a
prevenção quanto a detecção da fraude, pois, combinados, esses mecanismos aumentam
a efetividade da estratégia de combate.
12
Para mais informações sobre as formas e tipos de prevenção de fraudes ler Carreiro (2018)
Mesmo assim, não podemos eximir totalmente os auditores na luta pela prevenção
contra as fraudes, uma vez que são estes que geralmente estão directamente ligados a
contabilidade da empresa e possuem conhecimentos profundos para uma rápida
detectação de possíveis fraudes ou erros.
Sá (2002, p. 51) apud Lima et al (2014, p.14) afirma que “o auditor localiza, relata a
correção dos erros, mas não é sua responsabilidade a execução da correção”.
O trabalho do auditor é garantir que a contabilidade da empresa esteja precisa e honesta,
e quando for planejar a auditoria deve averiguar com a administração da organização
sobre qualquer fraude ou erro que tenha sido detectado anteriormente; ele deve possuir
o conhecimento necessário das atividades de auditoria interna para auxiliar, planejar e a
desenvolver de maneira eficaz (LIMA et al 2014, p.14).
Podemos entender com isso que o acima mencionado propõe que ao auditor cabe-lhe
apenas obrigação de notificar a fraude ou erro à administração da entidade e recomendar
medidas corretivas, informando sobre os possíveis efeitos no seu parecer, caso elas não
sejam adotadas. Ele deverá ainda avaliar o sistema contábil como um todo, ou seja,
verificar a estrutura e o desempenho da administração se é controlada sem uma
supervisão eficaz ou se existe uma estrutura departamental organizada.
Ao empregar os serviços de auditoria, é fundamental à ação conjunta da administração e
do auditor, além de um bom controlo interno que adequará a realidade da organização à
situação real econômica e financeira, a fiscalização das transações ocorridas, a
credibilidade das demonstrações contábeis, dentre outros.
Além disso, alguns princípios deverão ser seguidos para que os objetivos e as
metas dos sistemas de controlos internos sejam cumpridos de forma eficaz e
eficiente. São eles: responsabilidade, rotinas internas, acesso aos ativos,
segregação de funções, confronto dos ativos com os registros, amarrações do
sistema e auditoria interna (SIMÃO, 2009, p. 5 apud LIMA et al 2014, p.15)
A detecção de fraudes não é tarefa fácil de realizar, até porque pessoas que planejam
fraudes normalmente são pessoas muito inteligentes e que tentam preservar-se de
quaisquer suspeitas, utilizando-se, para tal fim, vários meios, inclusive as facilidades
que a tecnologia traz. Em contrapartida, a detecção do erro é mais simples porque ele
vem sempre seguido de falhas, ficando evidente que houve o erro devido à ignorância
por parte de quem efetuou ou desenvolveu13.
Como afirmamos anteriormente não é a principal função da auditoria a detecção de
fraudes e erros, mas sim de emitir uma opinião quanto à confiabilidade das
13
Segundo Lima, 2014, p.16
demonstrações; no entanto, em sua execução poderá ser detectados erros e fraudes
cabendo ao auditor comunicar a administração da empresa, bem como sugerir possíveis
correções.
Para tal os auditores utilizam-se de algumas estratégias e técnicas para identificar e
dimensionar as fraudes contra a organização que são: conciliação de saldos e contas,
análise comparativa, inspeção de documentos, inspeção física (por exemplo, em
estoques), confirmação com terceiros, investigação a agentes internos e externos
(funcionários, clientes, fornecedores, etc), aplicação de números e conformidade dos
procedimentos internos (LIMA et al 2014, p.17)
Assim, acordo com o Almeida (2008, p.134) para as organizações, existem inúmeras
medidas eficazes para prevenir e combater as fraudes internas, nomeadamente:
Analise dos fluxos operacionais e identificação prévia dos pontos de risco
para sucessivo intenso monitoramento e adoção de outras medidas
preventivas; Troca periódica (a cada dois ou três anos no máximo), ou
rotação, dos auditores; Criação de um apropriado manual de normas e
procedimentos internos, a ser aplicado pelos funcionários em todas as
funções sensíveis; Estruturação de um sistema de administração e
monitoramento eficientes com troca e verificação constante e redundante de
informações entre os vários departamentos; Rotação frequente, quando
possível, de funcionários em posições sensíveis a fraudes; Criação de equipes
para condução de funções chave e sensíveis a fraudes, eliminando estruturas
de decisão e centros de controle independentes; Estruturação de uma
adequada política de alçadas, autorizações e controles em todas as funções
sensíveis (por exemplo, no uso de senhas para operações bancárias via
internet); Monitoramento de mudanças repentinas e/ou injustificadas no estilo
de vida ou comportamento de funcionários responsáveis por posições
sensíveis; Adoção de regras de segurança no projeto e desenvolvimento dos
sistemas informativos internos; Atenção à reclamações de fornecedores ou
clientes que possam ter origem em comportamentos fraudulentos de
funcionários; etc (ALMEIDA 2008, p.134).
Essas medidas propostas por esse autor constituem uma mais-valia para as organizações
que desejam prevenir contra os erros ou fraudes como é ocaso da empresa Mcel, que é
objecto de estudo da presente monografia.
2.1.9 Evidências
É impossível que a presenta monografia debata o assunto relacionado com o processo
de auditoria interna na Mcel sem que seja esclarecido ou debruçado sobre o que são
evidências num processo auditoria. Isso vai permitir dentre outras coisas que possamos
ter uma melhor compreensão nos pontos subsequentes que serão abordados neste
trabalho.
Segundo Carneiro (2012, p.18) evidência em auditoria compreende as informações
utilizadas pelo auditor para chegar às conclusões em que se fundamentam a sua opinião,
sendo que inclui as informações contidas nos registros contábeis que suportam as
demonstrações contábeis e outras informações.
Para o mesmo autor a adequação da evidência de auditoria é uma medida da qualidade
da evidência de auditoria, isto é, a sua relevância e confiabilidade para suportar as
conclusões em que se fundamenta a opinião do auditor. Já no que refere a Suficiência da
evidência de auditoria Carneiro (2012, p.18) afirma por sua vez que é a medida da
quantidade da evidência de auditoria. A quantidade necessária da evidência é afetada
pela avaliação do auditor dos riscos de distorção relevante e também pela qualidade da
evidência da auditoria.
A prova adquirida pelo auditor em consequência de utilização dos métodos de auditoria
é denominada de evidência, que é empregado para explicar se os critérios utilizados
estão ou não reflectindo as fases de planeamento.
Em auditoria existem os seguintes tipos de evidência:
Evidência Física- observação de pessoas, locais ou eventos. Pode ser obtidos
por meio de fotografias, vídeos, mapas, e costuma causar grande impacto. A
fotografia de uma situação insalubre ou insegura, por exemplo, pode ser mais
convincente do que uma longa descrição; Evidência Documental - é o tipo
mais comum de evidência. Pode estar disponível em meio físico ou
eletrônico. É obtida de informações já existentes, tais como ofícios,
memorandos, correspondências, contratos, extratos, relatórios. É necessário
avaliar a confiabilidade e a relevância dessas informações com relação aos
objetivos da auditoria; Evidência Analítica - obtida por meio de análises,
comparações e interpretações de dados e informações já existentes, este
trabalho pode envolver análise de taxas, padrões e tendência mais difícil de
obter; Evidência Testemunhal- obtida por meio de entrevistas, grupos focais,
questionários. Para que a informação testemunhal possa ser considerada
evidência, e não apenas contextualização, é preciso corroborá-la, por meio de
confirmação por escrito do entrevistado ou existência de múltiplas fontes que
confirmem os fatos (CARNEIRO 2012, p.18)
Diante de evidências que expõem de erros e fraudes, pode-se declarar que determinados
setores dentro da empresa, particularmente de onde são provenientes de fraudes e erros
merecem uma atenção especial do auditor no que referem-se à apreciação do controle
interno e possíveis indícios de projeto de fraudes.
Sendo assim a auditor interno precisa ser muito prudente, possuir entendimento intenso
do negócio da empresa e da legislação moçambicana para se certificar se os
procedimentos contábeis utilizados estão em conformidade com os princípios
fundamentais de contabilidade e a legislação vigente.