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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

MBA EM GESTÃO EMPRESARIAL

Resenha Crítica de Artigo


Priscila Koelln Queiroz de Aguiar

Trabalho da disciplina: Contabilidade


Tutor: Prof. Claudia Marchioti Nicolau Dos Reis

Rio de Janeiro
2021

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A PERCEPÇÃO DOS CONTABILISTAS SOBRE A UTILIDADE DA INFORMAÇÃO
FINANCEIRA NA TOMADA DE DECISÃO – UM ESTUDO EM PORTUGAL

Referência:
Cepêda, C. L. M., & Monteiro, A. P. (2020)." A PERCEPÇÃO DOS CONTABILISTAS
SOBRE A UTILIDADE DA INFORMAÇÃO FINANCEIRA NA TOMADA DE DECISÃO – UM
ESTUDO EM PORTUGAL." Revista Brasileira De Gestão De Negócios 22, no. 2 (2020)

O artigo propõe o entendimento sobre quais fatores influenciam os gestores de empresa no


que tange à importância que eles atribuem às informações financeiras disponíveis no
processo de tomada de decisão.
Após uma breve introdução acerca da história do desenvolvimento da contabilidade e da
relevância que as informações contábeis podem ter na tomada de decisão das empresas, o
texto segue contextualizando o leitor acerca do embasamento teórico que foi utilizado para
formular as hipóteses testadas ao longo do estudo. O artigo cita uma quantidade razoável de
fontes que embasam as suas oito hipóteses iniciais, passando ao leitor uma boa primeira
impressão acerca da robustez da sua pesquisa prévia sobre o assunto.
O método adotado foi o método quantitativo de avaliação através da aplicação de
questionários. Os profissionais selecionados para às perguntas foram contadores
credenciados na Ordem dos Contabilistas de Portugal e as perguntas do estudo abordavam
informações sobre: As empresas para onde os contadores prestavam o seu serviço, os
gestores destas empresas e algumas perguntas sobre o perfil do próprio contador. A
abordagem do artigo focada no contador traz um ponto de vista inusitado, visto que os
gestores foram avaliados sob a óptica de outro profissional. Contudo, mais interessante ainda
seria se estes gestores pudessem fazer suas próprias avaliações também e que pudéssemos
cruzar estas duas perspectivas, uma vez que o gestor pode atribuir um grau de importância
às informações financeiras em sua tomada de decisão diferente do contador.
Sobre a amostra utilizada no estudo, de um horizonte de 200 contadores identificados 157
foram selecionados e considerados para participar da pesquisa, sendo utilizado como critério
os contadores que estavam exercendo ativamente a profissão. O critério adotado é bem

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colocado neste momento de seleção, uma vez que escolher profissionais que não exerciam a
profissão poderia comprometer a qualidade do resultado com respostas não baseadas em
fatos recentes ou gerar o preenchimento incompleto dos questionários. Por outro lado, a
quantidade de participantes se mostra muito pequena em termos de relevância científica.
Seguindo para os resultados apresentados no artigo, eles são organizados de forma a
responder à cada uma das oito hipóteses formuladas previamente.
Sobre a primeira hipótese – que estabelece uma relação diretamente proporcional entre o
porte da empresa e o maior grau de importância dado pelos gestores às informações
financeiras na tomada de decisão – concluiu-se que de fato as maiores empresas possuem
gestores que atribuem maior importância à estas informações nos momentos decisivos. Isto
corrobora competência dos autores do estudo no momento de formular esta hipótese durante
a pesquisa prévia, porém o estudo poderia ser mais aprofundado ao analisar se esta
importância maior seria de certa forma uma obrigação normativa que se aplica sobre estas
empresas ou se de fato este maior engajamento dos gestores no uso das informações
financeiras vinha de suas convicções pessoais de que as informações agregavam um valor
real a eles. Este tipo de análise fica prejudicado ao não trazer os gestores para a amostra
analisada, mas também não invalida a conclusão ampla de que há mais valor nas
informações financeiras quando se trata de empresas maiores.
Sobre a segunda hipótese – que estabelece uma relação diretamente proporcional entre a
elaboração de demonstrações financeiras e o maior grau de importância dado pelos gestores
às informações financeiras na tomada de decisão – o artigo concluiu que a hipótese estava
correta. Embora o resultado tenha sido significativamente positivo neste caso, é importante
notar que a correlação entre os fatos foi apresentada como fraca, o que convida o leitor a ter
uma análise crítica da informação, no pensamento de que esta hipótese é uma realidade
para uma maioria das empresas mas não é uma realidade para todas elas, podendo ainda
haver outros fatores que são mais relevantes para a percepção de valor dos dados do que o
simples grau de exigência da legislação ser mais elevado.
Sobre a terceira hipótese – que estabelece uma relação diretamente proporcional entre o
desempenho financeiro positivo da empresa e o maior grau de importância dado pelos
gestores às informações financeiras na tomada de decisão – o artigo concluiu que a hipótese
estava correta. Este resultado é positivo pois confirma o que é amplamente difundido no
ramo empresarial, que diz que o sucesso financeiro sustentável de uma empresa passa por

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entender de onde vem e para onde vai o caixa da empresa, fazendo intervenções
conscientes neste fluxo de caixa ao sugerir novos investimentos e custeios.
Sobre a quarta hipótese – que estabelece uma relação diretamente proporcional entre a
senioridade das empresas e o maior grau de importância dado pelos gestores às informações
financeiras na tomada de decisão – o artigo concluiu que a hipótese estava correta, mesmo
que um dos embasamentos teóricos para esta hipótese não tenha se concretizado. Isto
mostra que, de forma mais ampla, diversos fatores ao longo do tempo fazem com que as
empresas consolidadas no mercado se voltem para suas informações financeiras, em busca
de respostas para se manter sólidas e em crescimento.
Sobre a quinta hipótese – que estabelece uma relação direta entre o sexo masculino no perfil
dos gestores das empresas e o maior grau de importância dado pelos gestores às
informações financeiras na tomada de decisão – o artigo concluiu que a hipótese estava
incorreta. A conclusão da pesquisa aponta que as mulheres não atribuem menos importância
às informações financeiras que os homens que exercem o mesmo papel de gestão. Esta
conclusão corrobora com os movimentos recentes do mercado, que estimulam o aumento da
participação das mulheres em cargos de liderança, visto que estas iniciativas têm
constantemente comprovado que o gênero do gestor não é um fator decisivo nos resultados
de uma empresa, sendo mais interessante haver uma equipe com homens e mulheres.
Sobre a sexta hipótese – que afirma que gestores que não são os donos da empresa
atribuem maior grau de importância às informações financeiras na tomada de decisão – o
artigo concluiu que a hipótese estava correta, sendo interessante a confirmação de que
gestores contratados atribuem mais valor a estes recursos. Este resultado poderia levar a
estudos complementares, acerca dos benefícios para a empresa em adotar gestores donos
ou contratados.
Sobre a sétima hipótese – que afirma que gestores com graduação no ensino superior
atribuem maior grau de importância às informações financeiras na tomada de decisão – o
artigo concluiu que a hipótese estava correta, assim como a oitava hipótese - que afirma que
gestores com conhecimento em gestão atribuem maior grau de importância às informações
financeiras na tomada de decisão – juntas corroboram a importância de haver o aprendizado
teórico para abordar com maior quantidade de recursos os desafios financeiros de uma
empresa.

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Na conclusão do estudo, o autor faz uma análise sóbria acerca das limitações encontradas e
os possíveis fatores de melhoria da pesquisa, trazendo alguns dos pontos já citados
anteriormente nesta resenha juntamente de outros pontos que poderiam agregar valor em um
estudo complementar. Tirando algumas limitações relacionadas à amostragem utilizada, o
leitor consegue perceber o rigor científico do artigo e a qualidade de seu embasamento
teórico.

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