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NOVO Curso Completo de Legislação do SUS

Epidemiologia, Saúde Pública e SUS

(TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)

14ª AULA – Indicadores de Saúde

Glaucio Giscard Ribeiro Coutinho - 055.032.437-22


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INDICADORES DE SAÚDE

Para que a saúde seja quantificada e para permitir comparações na população,


utilizam-se os indicadores de saúde. Estes devem refletir, com fidedignidade, o
panorama da saúde populacional. É interessante observar que, apesar desses indicadores
serem chamados Indicadores de Saúde, muitos deles medem doenças, mortes, gravidade
de doenças, o que denota ser mais fácil, às vezes, medir doença do que medir saúde.
Esses indicadores podem ser expressos em termos de frequência absoluta ou
como frequência relativa, onde se incluem os coeficientes e índices. Os valores
absolutos são os dados mais prontamente disponíveis e, frequentemente, usados na
monitoração da ocorrência de doenças infecciosas; especialmente em situações de
epidemia, quando as populações envolvidas estão restritas ao tempo e a um determinado
local, pode assumir-se que a estrutura populacional é estável e, assim, usar valores
absolutos. Entretanto, para comparar a frequência de uma doença entre diferentes
grupos, deve-se ter em conta o tamanho das populações a serem comparadas com sua
estrutura de idade e sexo, expressando os dados em forma de taxas ou coeficientes.
O uso de indicadores para o diagnóstico e acompanhamento de condições sociais,
ambientais e de saúde parte de um processo de simplificação dos objetos estudados. Os
indicadores têm um caráter instantâneo e simplificado, mas devem representar
processos dinâmicos e complexos.
Os indicadores que permitem a análise de situação de saúde e a avaliação de
tendências devem ser produzidos com periodicidade definida e baseados em critérios
constantes e padronizados (para permitir a comparação). São requisitos para a
formulação de indicadores:
• disponibilidade de dados;
• simplicidade técnica;
• uniformidade;
• sinteticidade; e
• poder discriminatório.
Os indicadores de saúde são medidas diretas que devem refletir o estado de saúde da
população de um território. A OMS divide os indicadores de saúde em cinco grandes
grupos:
• Indicadores de política de saúde;

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• Indicadores socioeconômicos;
• Indicadores de provisão de serviços de saúde;
• Indicadores de provisão/cobertura de serviços de atenção básica de saúde;
• Indicadores básicos de saúde.
Em geral, a mensuração do estado de saúde de uma população se faz
negativamente, por meio da frequência de eventos que expressam a ‘não-saúde’: morte
(mortalidade) e doença (morbidade). Assim, a quantidade de pessoas que morrem e a
quantidade de pessoas que adoecem em uma determinada população, durante um
determinado período, são usadas como medida da saúde daquela população naquele
período.
O número absoluto de pessoas que morrem e adoecem são medidas cujo
significado está limitado ao tempo e à população considerada. A comparação de
medidas de mortalidade ou de morbidade de diferentes populações (ou da mesma
população em diferentes momentos) requer sua transformação em valores relativos (sua
ponderação). Os indicadores de saúde são medidas relativas de mortalidade e de
morbidade, estão sempre referidos a uma população específica e a um intervalo de
tempo determinado; correspondem a quocientes (frações) que assumem dois formatos
genéricos, os coeficientes e proporções.
Coeficientes são quocientes em que o número absoluto de eventos ocorridos em
uma população específica durante um período determinado, o numerador, é ponderado
pelo total de eventos da mesma espécie teoricamente possíveis, o denominador.
Proporções são quocientes que expressam a parcela dos eventos que possui um
certo atributo ou característica específica, o numerador, em relação ao total de eventos
da mesma natureza ocorridos na população e no período considerados, o denominador.

MORTALIDADE

O número absoluto de óbitos ocorridos em uma determinada população durante


um certo período, ponderado pelo tamanho da população no meio do período, é o
coeficiente geral de mortalidade dessa população no período considerado.

CGM = Total de óbitos ocorridos na população durante o período (x 1.000)


População total no meio período

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A informação fornecida pelo coeficiente geral de mortalidade é limitada, a


análise da mortalidade de uma população requer a construção de indicadores
específicos, que forneçam informação a respeito de quem morre, e sobre as causas dos
óbitos.
Os indicadores específicos de mortalidade, segundo as características das
pessoas que morrem (idade, sexo, raça, ocupação, renda etc.) assumem os formatos
genéricos já descritos:
Coeficiente de mortalidade específico das pessoas com o atributo ‘X’, em uma
população específica, durante um determinado período:

CMEa = n. óbitos de pessoas com o atributo ‘X’ na população e no período (x 1.000)

Total de pessoas com o atributo ‘X’ na população no meio período

Mortalidade proporcional das pessoas com o atributo ‘X’, em uma população


específica, durante um determinado período:

MPa = n. óbitos de pessoas com o atributo ‘X’ na população e no período (x 100)


Total de óbitos na população durante o período

Mortalidade segundo a idade


A idade das pessoas que morrem constitui informação de grande relevância na
análise da mortalidade. A mortalidade infantil é um indicador tradicional da qualidade
de vida e das condições de saúde de uma população; diz respeito aos óbitos de crianças
menores de 1 ano e admite dois componentes: mortalidade neonatal (crianças até 28
dias) e mortalidade infantil tardia (crianças entre 28 dias e 1 ano). Os coeficientes de
mortalidade infantil empregam como denominador (ponderador) o número de nascidos
vivos na população durante o período considerado.
Coeficiente de mortalidade infantil de uma população específica, durante um
período determinado:

CMI = óbitos de menores de 1 ano ocorridos na população e no período (x 1000)


Total de nascidos vivos na população durante o período

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Mortalidade segundo a causa


Assim como na análise das características das pessoas que morrem, o estudo da
mortalidade segundo a causa se faz através da construção de coeficientes e de
proporções.
Coeficiente específico de mortalidade pela causa ‘C’ em uma determinada
população em um certo período:

CMc = Total de óbitos devidos a C ocorridos na população e no período (x 10n)


População sob risco de morrer devido a C durante o período

Mortalidade proporcional pela causa (ou grupo de causas) ‘C’ em uma


população em um certo período:

MPc = Óbitos devidos à causa C ocorridos na população e no período (x 100)


Total de óbitos (todas as causas) ocorridos na população e no período

MORBIDADE
Assim como a mortalidade, a morbidade está sempre referida a uma população e
a um período de tempo determinado. Os indicadores habituais de morbidade referem-se
sempre a uma doença (ou grupo de doenças) específica.

A frequência da doença
A quantidade de casos existentes de uma doença em uma determinada população
em um certo momento é a prevalência da doença. Teoricamente o ‘momento’
corresponde a um ‘ponto’ no tempo (prevalência instantânea). Em circunstâncias
operacionais, o ‘momento’ pode ser estabelecido tomando-se diferentes unidades de
tempo (semana, mês, ano). A prevalência sugere ‘volume’. O coeficiente de prevalência
corresponde à quantidade de pessoas afetadas pela doença em questão no ‘momento’
especificado, em relação à população total.

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Coeficiente de prevalência da doença D em uma população específica em um certo


momento:

CPD = Total de casos da doença ‘D’ existentes na população no momento (x10n)


População total no momento considerado

Uma segunda medida da frequência de uma doença é dada pela incidência, que
corresponde à quantidade de casos novos, ocorridos em uma determinada população
durante um certo período. Sugere ‘velocidade’ ou ‘intensidade’.
O número absoluto de casos novos de uma doença, ocorridos durante um certo
período, em uma população sob risco de adquirir a doença, é o coeficiente de incidência
da doença na população, no período considerado.
Coeficiente de incidência da doença D em uma população específica em um
certo período:

Cid = n. de casos novos da doença ‘D’ na população e no período (x 10n)


População exposta ao risco de contrair a doença ‘D’ durante o período

Tomado como uma relação entre a quantidade de eventos ocorridos (casos


novos) e o universo de eventos possíveis (a população sob risco) o coeficiente de
incidência pode ser interpretado como medida geral e simplificada de risco (de
probabilidade).
A interpretação e o uso das medidas de prevalência e de incidência pede que se
leve em conta a duração média da doença, definida como período médio entre o
diagnóstico e o desfecho do processo (cura, morte etc.). Enfermidades de curta duração
(agudas) tendem a apresentar baixa prevalência mesmo quando a incidência é alta.
Enfermidades de longa duração (crônicas) podem apresentar alta prevalência mesmo
quando a incidência é baixa.

A gravidade da doença
A gravidade de uma doença é a função matemática da magnitude dos eventos
indesejáveis que ela provoca. A maneira tradicional de medir a gravidade de uma

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doença é a letalidade, expressa pela proporção de doentes que morrem em


consequência do processo mórbido, em relação ao total de doentes observados.

Taxa de letalidade: Total de óbitos devidos a ‘D’ (x100)


Total de doentes com ‘D’

A letalidade é uma característica própria de cada doença, há doenças com alta


letalidade (raiva, tétano, infarto cardíaco, certos tipos de câncer), outras cuja letalidade é
muito baixa (gripe, hepatite A). Um segundo fator que tem forte influência sobre a
letalidade é a qualidade da atenção prestada aos doentes, uma letalidade particularmente
alta e localizada é sugestiva de atenção de má qualidade. Observe-se que, de modo
geral, os indicadores da gravidade das doenças (a proporção de eventos ‘indesejáveis’)
podem ser ao mesmo tempo indicadores da qualidade da atenção médico-sanitária
oferecida.

Passemos para a resolução de questões:


1. (SESACRE/FUNCAB/2013) Considerando as características desejáveis de um
indicador de saúde, preencha a Segunda Coluna de acordo com a opção correspondente
na Primeira.
Primeira Coluna
(1) Disponibilidade
(2) Adaptabilidade
(3) Estabilidade
(4) Rastreabilidade
Segunda Coluna
( ) capacidade de resposta às mudanças.
( ) permanência no tempo, permitindo a formação de série histórica.
( ) facilidade de identificação da origem dos dados, seu registro e manutenção.
( ) facilidade de acesso para coleta, estando disponível a tempo.
A sequência correta é:
a) 1, 2, 3 e 4.
b) 4, 3, 1 e 2.
c) 1, 4, 2 e 3.

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d) 3, 2, 4 e 1.
e) 2, 3, 4 e 1.
COMENTÁRIOS:
Vamos relacionar os termos com as definições:
(2) Adaptabilidade: capacidade de resposta às mudanças.
(3) Estabilidade: permanência no tempo, permitindo a formação de série
histórica.
(4) Rastreabilidade: facilidade de identificação da origem dos dados, seu registro
e manutenção.
(1) Disponibilidade: facilidade de acesso para coleta, estando disponível a
tempo.
Nesses ermos, a sequência correta é 2, 3, 4 e 1. Portanto, gabarito letra E.

2. (Prefeitura de Vassouras-RJ/FUNCAB/2014) Os indicadores de saúde são


parâmetros utilizados com o objetivo de avaliar, sob o ponto de vista sanitário, as
diversas situações de saúde da população e suas variáveis. Dentre os indicadores
acompanhados pelo Ministério da Saúde, está a Taxa de Mortalidade na Infância, que
por 1.000 nascidos vivos, considera:
a) o número de óbitos de menores de 1 ano.
b) o número de óbitos de menores de 5 anos.
c) o número de óbitos na idade de 7 a 27 dias.
d) o número de óbitos na idade de 0 a 6 dias.
d) o número de óbitos no período perinatal.
COMENTÁRIOS:
Reduzir a mortalidade de crianças é uma das principais metas das políticas para
a infância em todos os países. A atenção se concentra principalmente no primeiro ano
de vida, faixa em que ocorre a maior parte dos óbitos. Usadas como indicadores básicos
de desenvolvimento humano, a taxa de mortalidade infantil, número de crianças que
morrem antes de completar 1 ano de vida para cada mil nascidos vivos, e a taxa de
mortalidade de menores de 5 anos, também chamada de taxa de mortalidade na
infância, revelam muito sobre as condições de vida e a assistência de saúde em um país.
Nesses termos, o gabarito da questão é a letra B.

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3. (EBSERH/HUPAA-UFAL/IDECAN/2014) A mortalidade materna é um bom


indicador de saúde. A partir das análises das condições de óbitos de mulheres, pode-se
avaliar o grau de desenvolvimento de uma determinada sociedade. Para elaborar o
cálculo desse indicador de saúde, o número de óbitos de mulheres em decorrência de
situações associadas à gravidez deve ser dividido pelo (a)
a) total de óbitos.
b) população local.
c) número de nascidos vivos.
d) total de óbitos de população adulta.
e) número de habitantes da macrorregião de saúde
COMENTÁRIOS:
Em 1994, a Organização Mundial de Saúde (OMS), na 10ª revisão da
Classificação Internacional de Doenças (CID-10), definiu morte materna como “a morte
de mulheres durante a gestação ou dentro de um período de 42 dias após o término da
gravidez, devida a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por
medidas tomadas em relação a ela, porém não devida a causas acidentais ou
incidentais”. Esta definição é aceita pelas associações de ginecologia e obstetrícia,
internacionais e nacionais, entre elas, a International Federation of Gynecology and
Obstetrics (FIGO) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia (FEBRASGO).
Razão de Mortalidade Materna (RMM) - relaciona apenas as mortes maternas
obstétricas diretas e indiretas com o número de nascidos vivos e é expressa por 100.000
nascidos vivos.
Nesses termos, o gabarito da questão é a letra C.

4. (EBSERH/HUPAA-UFAL/IDECAN/2014) Para a efetivação do cálculo da


mortalidade infantil e da mortalidade materna, é correto afirmar que a divisão
do número de óbitos em específico seria pelo número
a) de nascidos vivos.
b) total de habitantes.
c) de menores de 5 anos.
d) de menores de 18 anos.
e) de mulheres em idade fértil.

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COMENTÁRIOS:
Coeficiente de mortalidade infantil de uma população específica, durante um
período determinado:

CMI = óbitos de menores de 1 ano ocorridos na população e no período (x 1000)


Total de nascidos vivos na população durante o período

Razão de Mortalidade Materna (RMM) - relaciona apenas as mortes maternas


obstétricas diretas e indiretas com o número de nascidos vivos e é expressa por 100.000
nascidos vivos.
Visto isto, concluímos que o gabarito é a letra A.

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Lista de Questões

1. (SESACRE/FUNCAB/2013) Considerando as características desejáveis de um


indicador de saúde, preencha a Segunda Coluna de acordo com a opção correspondente
na Primeira.
Primeira Coluna
(1) Disponibilidade
(2) Adaptabilidade
(3) Estabilidade
(4) Rastreabilidade
Segunda Coluna
( ) capacidade de resposta às mudanças.
( ) permanência no tempo, permitindo a formação de série histórica.
( ) facilidade de identificação da origem dos dados, seu registro e manutenção.
( ) facilidade de acesso para coleta, estando disponível a tempo.
A sequência correta é:
a) 1, 2, 3 e 4.
b) 4, 3, 1 e 2.
c) 1, 4, 2 e 3.
d) 3, 2, 4 e 1.
e) 2, 3, 4 e 1.

2. (Prefeitura de Vassouras-RJ/FUNCAB/2014) Os indicadores de saúde são


parâmetros utilizados com o objetivo de avaliar, sob o ponto de vista sanitário, as
diversas situações de saúde da população e suas variáveis. Dentre os indicadores
acompanhados pelo Ministério da Saúde, está a Taxa de Mortalidade na Infância, que
por 1.000 nascidos vivos, considera:
a) o número de óbitos de menores de 1 ano.
b) o número de óbitos de menores de 5 anos.
c) o número de óbitos na idade de 7 a 27 dias.
d) o número de óbitos na idade de 0 a 6 dias.
d) o número de óbitos no período perinatal.

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3. (EBSERH/HUPAA-UFAL/IDECAN/2014) A mortalidade materna é um bom


indicador de saúde. A partir das análises das condições de óbitos de mulheres, pode-se
avaliar o grau de desenvolvimento de uma determinada sociedade. Para elaborar o
cálculo desse indicador de saúde, o número de óbitos de mulheres em decorrência de
situações associadas à gravidez deve ser dividido pelo (a)
a) total de óbitos.
b) população local.
c) número de nascidos vivos.
d) total de óbitos de população adulta.
e) número de habitantes da macrorregião de saúde

4. (EBSERH/HUPAA-UFAL/IDECAN/2014) Para a efetivação do cálculo da


mortalidade infantil e da mortalidade materna, é correto afirmar que a divisão
do número de óbitos em específico seria pelo número
a) de nascidos vivos.
b) total de habitantes.
c) de menores de 5 anos.
d) de menores de 18 anos.
e) de mulheres em idade fértil.

Gabarito
1. E
2. B
3. C
4. A

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