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Desconstruindo

falácias
abortistas
Marlon Derosa
O aborto tem sido vendido como uma solução para mulheres deses-
peradas em uma gravidez não planejada. Porém o aborto não resolve
o problema; ele troca um problema por outro.

O discurso pró-aborto despreza a vida do feto e todas as consequências negativas


do aborto para a mulher, como problemas psicológicos associados, traumas
e depressão.

No Brasil, infelizmente, quando se busca informações sobre a questão do aborto,


seja pela mídia ou por artigos acadêmicos, encontramos predominantemente
informações pró-legalização do aborto. Isso ocorre devido à hegemonia de
pensamento progressista nas universidades e na mídia.

Os tópicos a seguir foram elaborados por Marlon Derosa, sendo baseados em


suas pesquisas, mas guiados e inspirados pela leitura, com trechos traduzidos
e adaptados, do e-book 28 Pro-Choice Lies Exposed em inglês, bem como
pesquisas adicionais.
Aborto em caso
de estupro #1
No discurso abortista, recorre-se comumente à situação dos abortos em caso
de estupro, ou mesmo ao número de crimes de estupro, que é bem elevado,
para sensibilizar o defensor da vida.

Por vezes o problema é apresentado como se todo estupro resultasse em uma


gravidez, mas isso é mentira. Não se deve e não se pretende menosprezar cada
crime hediondo que é uma violência sexual, mas ao se usar o número absoluto
de casos de estupro para tratar do aborto em casos de estupro, desconsidera-se
que, na verdade, cerca de 1% dos abortos realizados nos países onde a prática é
liberada, são devidos a casos de estupro. No Uruguai e em Portugal, eles repre-
sentam menos de 0,5% dos casos de abortos legais. Assim, cerca de 98 a 99% dos
abortos nos EUA, e mais de 99% dos abortos legais no Uruguai e em Portugal se
dão por outras razões, como “escolha da gestante”.

Como podemos justificar a morte de uma criança inocente? É fato inegável que o sofrimento
de uma mulher vítima de abuso sexual é indescritível, e que ela poderá enfrentar uma
série de problemas de ordem emocional e social por causa disso. Devemos considerar
certos fatos que não mudam em função das circunstâncias na qual o bebê é concebido:

• Uma criança será uma criança se ela for concebida pelo amor
ou pela violência;
• Metade da criança é gene da mãe: carne da sua carne, sangue
do seu sangue.
• A criança não tem culpa pelos erros de seu pai ou pelas circuns-
tâncias em que foi concebida;
• O aborto não é uma cura para o trauma do abuso sexual. Ele
não irá resolver os problemas psicológicos e poderá muito pro-
vavelmente ser mais um problema psicológico, de difícil solução;
• A mulher já sofreu uma agressão; submeter-se ao aborto é sofrer
uma segunda agressão;
• Se a mulher não pode criar a criança ela, pode optar pela adoção.

Esses casos são bastante complexos emocionalmente. Cabe considerar, nova-


mente, que os casos de aborto após estupro correspondem a cerca de 1% dos
abortos feitos nos Estados Unidos e menos de 0,5% na maioria dos outros países.
“Aborto em caso de
estupro já é permitido,
portanto não há
que se restringir
outros casos.”
#2
Primeiramente, aborto em caso de estupro não é permitido no Brasil. O que
ocorre é que não há punição para a mãe e os médicos envolvidos em um aborto
quando este é resultado de um estupro, mas o ato permanece sendo crime.
Portanto, o aborto mesmo em caso de estupro é crime no Brasil.

Tempos atrás o YouTuber “Mamãe falei” fez um debate sobre aborto e argu-
mentou mais ou menos neste sentido: “se o feto é uma vida humana, como
pode então ser permitido o aborto em caso de estupro?” Nada mais ilógico
e irônico, para um dito liberal, considerar que já que o “Estado permite o
aborto em caso de estupro”, então não há uma vida na fase intrauterina a
ser protegida. A afirmação traz implícita a lógica absurda de que seriam as
instituições que diriam o que é certo ou errado. A verdade é que não importa
se o Estado libera o aborto até 12, 24 ou 40 semanas de gestação. O feto é o
que é, independente de se permitir aniquilá-lo ou não. Se o Estado o permite,
está errando, desrespeitando a vida.

É interessante notar como a prerrogativa do aborto em caso de estupro é


defendida sempre em conjunto com a condição de que não se exija boletim
de ocorrência para a gestante. Curioso, né? Quem defende aborto em caso de
estupro, mas é contra o aborto legalizado, não percebe que está trabalhando
contra suas próprias convicções, pois o precedente do aborto em caso de estupro
é usado para avançar o aborto em outros casos. É questão simples e lógica: se
a vida pode ser desrespeitada em uma situação, por que não pode em outras?
A vida pode ser eliminada por conveniência? Jamais!
A ladeira escorregadia
#3
Vemos com esse argumento dos casos de estupro e tantos outros que, a cada
precedente que se abre, o discurso pró-aborto avança mais um passo para a
legalização completa do aborto. Os defensores do aborto mentem quando
dizem querer legalizar o aborto somente até o terceiro mês de gestação. Eles
querem o aborto sem qualquer restrição, mas sabem que a proposta não
pode ser apresentada por completo. Eles precisam avançar por etapas, para
dessensibilizar a população gradativamente.

Depois que conseguem legalizar o aborto até 12 semanas, começam a reivindicá-lo


até 16 semanas, ou 20 semanas. Não tem fim. Isso precisa ser exposto pelos
defensores pró-vida logo no início, porque neste ponto a sociedade ainda não está
totalmente dessensibilizada. Como a população não está acostumada a matar
fetos de 12 semanas de gestação, ainda é capaz de perceber claramente que
quem defende o aborto até 6 ou 7 meses de gestação, de fato, defende a morte.

Já há quem defenda, em debates sérios (livros e artigos acadêmicos) o aborto


até a hora do nascimento e logo após o nascimento – ou seja, o assassinato de
um recém-nascido. O partial-birth (nascimento parcial) é objeto de debates há
muitos anos no Canadá e EUA, e há registros de que ocorra em muitas clínicas.
O procedimento consiste em um parto normal, só que pélvico, onde se retira
apenas parte do corpo da criança, deixando sua cabeça dentro da mãe, para
então perfurar o pescoço da criança. Desculpem-me os mais sensíveis, mas é
preciso descrever o que de fato ocorre, para que todos percebam que estamos
tratando de um tema realmente nefasto. Mais importante que isso: se você quer
defender a vida, terá de ter condições de descrever questões como essas para
pessoas que porventura estejam no erro de achar que o aborto é uma questão
de “saúde da mulher”, “direito da mulher” ou “empoderamento feminino”.
“Meu corpo,
minhas regras.” #4
O embrião (ou feto) não faz parte do corpo da mulher, sendo um organismo
vivo e autônomo. Assim, como o direito de uma pessoa termina onde começa
o direito de outra, e as gestantes carregam em seus ventres a vida de um
terceiro, não há que se falar em direito da mulher sobre o próprio corpo em
detrimento da vida do embrião. A mulher tem todos os direitos sobre seu corpo,
mas não sobre o corpo da criança. Assim, é papel do governo legislar sobre o
comportamento dos cidadãos quando estes possam atentar contra a vida de
um ser humano indefeso (o embrião ou feto).

O embrião, a partir da concepção, é uma vida humana. Isso é confirmado pela


embriologia, em livros e estudos de pesquisadores respeitados na área médica
– inclusive abortistas profissionais concordam que a vida inicia na concepção!

Embora muitos acadêmicos abortistas tentem dizer o contrário, manipulando o


conceito de vida humana, eles não têm qualquer fundamentação científica. O que
existe são tentativas de criar conceitos e condições para determinar quem tem ou
não direito de viver, baseando-se em características da pessoa, como capacidade de
sentir dor ou capacidade de refletir sobre a própria vida. Essas teorias relativistas
têm levado abortistas a defender inclusive o infanticídio, aplicando a crianças a
ética do aborto – veja neste artigo. Devemos lembrar que os direitos humanos são
inatos e inalienáveis, e não adquiridos ou conquistados sob qualquer condição. Basta
ser um ser humano para fazer jus aos direitos humanos. Os direitos humanos são
garantidos aos seres humanos pelo fato de que eles são seres humanos.
Não podemos impor condições, a partir de nossas interpretações, para deter-
minar que um ser humano faça jus a estar protegido pelos direitos humanos.
Isso é extremamente cruel. Basicamente, foi isso que se fez na escravidão, dos
séculos XVI ao XIX, quando ficou determinado que negros tinham menos direitos
humanos. Dentre todos os direitos humanos, o mais fundamental é o direito à
vida. A vida é o direito fundamental porque um ser humano não poderá gozar de
nenhum outro direito se for privado da vida. Uma mulher não poderia reivindicar
o direito ao aborto se tivesse sido abortada. Nenhum governo ou organização
internacional pode ter legitimidade para determinar se um novo ser tem ou não
direito à vida. Os direitos humanos são inatos (devido à nossa natureza humana)
e inalienáveis (não podem ser alterados, transferidos ou retirados).
“Aglomerado
de células” #5
Muitos alegam que o embrião ou feto seria apenas um amontoado de células,
como um tumor, e que por isso basta retirá-lo do corpo da mulher. Primeiro,
esse argumento ignora todas as comprovações científicas que mostram que o
embrião é uma vida (organismo vivo e autônomo). O fato do feto necessitar dos
nutrientes do corpo da mãe não muda a sua natureza. Veja, ele só precisa de
nutrientes. Basta lembrar que um bebê recém-nascido também não tem chances
de sobreviver sozinho e morrerá de fome se for deixado ao relento relento sem
alimento; assim como pessoas portadoras de determinadas necessidades ou em
situações especiais, bem como idosos, também podem necessitar de cuidado
de outro ser humano para manterem-se vivos e se alimentar.

Se o embrião fosse um aglomerado de células ou um parasita, o corpo da mãe


tentaria expulsá-lo. Mas o que ocorre? O corpo da mulher adapta seu sistema
imunológico para acolher a vida do embrião, desde o momento da fecundação.
Isso prova, novamente, que o embrião é um ser humano e não um parasita.

A estratégia aqui é também evitar que as pessoas pensem no bebê que virá
depois de alguns meses.

Um adulto não é mais ou menos humano do que um bebê ou um embrião. Você


não precisa ser um cientista para ver que a vida começa na concepção. Um esper-
matozoide humano, se não fecundar um óvulo, não se tornará nada – ele é apenas
uma célula com o DNA do homem que o gerou. O óvulo humano, sozinho, também
não se torna nada – é apenas uma célula que possui o DNA da mulher. Nenhum
dos dois chegará a ser um ser vivo isoladamente. Mas, uma vez combinados o
esperma e o óvulo, ocorre a concepção e o surgimento de um embrião humano,
que se desenvolverá plenamente igual a você – o embrião tem sua carga genética
própria, seu próprio DNA.

Ainda que houvesse incerteza, caberia o benefício da dúvida: os sistemas legais


e judiciais praticamente em todo o mundo baseiam-se nesse princípio. Por que,
então, negá-lo neste caso?

Façamos mais um exercício: suponhamos que não houvesse diversas comprovações


científicas de que o feto é um ser humano; uma vida. Ainda assim, na dúvida
deveríamos preservar o feto. A analogia da implosão do prédio: imagine que você
é responsável por coordenar a implosão de um prédio antigo. Depois de isolada a
área ao redor, você precisa se certificar de que não há ninguém dentro do prédio.
Porém, não foi possível fazer essa confirmação e, pelo seu planejamento, é hora
de implodir a edificação. Você faria a implosão mesmo sem ter certeza de que
há uma vida humana dentro do prédio? Tenho certeza que não.
Aborto vs Pena
de Morte #6
“Você é hipócrita! Diz que é contra o aborto, a favor da vida,
mas você defende a pena de morte” –“Você diz ‘Bandido bom
é bandido morto’, mas diz que é pró-vida”

Os abortistas às vezes usam esses argumentos. Querem colocar as-


pas no termo pró-vida , dizendo que defendemos a pena de morte.
Isso é uma estratégia de discurso, baseada em generalização e criação de
espantalho. Cria-se um personagem fictício com uma atitude aparentemente
contraditória para atacar o inimigo, ao invés de se adentrar no tema que
interessa. Segundo, nem todo opositor do aborto legal é defensor da pena de
morte − talvez seja minoria. Terceiro, os que defendem a pena de morte e são
contra o aborto legal, estes partem da premissa de que a pena de morte retira
a vida de quem cometeu crime grave e provado, enquanto o aborto retira a
vida de uma pessoa inocente que não cometeu crime algum. Por fim, e mais
importante, sob a ótica do direito humano inalienável e da valorização da vida
humana, nós devemos sim ser contrários tanto ao aborto quanto contrários à
pena de morte. Inclusive, é assim que defende a nossa Constituição Federal no
Brasil, colocando a vida como direito inalienável. No artigo Nem pena de morte
nem aborto, é o que diz a Constituição Federal no Brasil, trago mais detalhes
sobre isso. Ninguém pode condenar alguém à morte ou tirar-lhe a vida, exceto
para salvar sua própria vida (ou em caso de guerra, que inclui salvar a própria
vida, vida de seus familiares etc). A legítima defesa é a única situação em que
um defensor da vida pode julgar correto um desfecho em que se tira a vida de
uma pessoa, pois o objetivo da ação foi salvar uma vida (a da própria pessoa
ou a de um terceiro).

Esse debate quase sai do nosso tema, mas pode ser importante para você
saber se posicionar quando atacado. Alguém pode dizer até que você de-
veria lutar contra a pena de morte (isso seria bem tolo, mas tudo é possível
vindo de um abortista). Nesse caso, vale destacar algo de ordem prática: as
fundações internacionais e clínicas de aborto têm uma estratégia de longo
prazo, alimentada com milhões de dólares há cerca de um século, junto com
ideólogos e toda uma literatura para defender o aborto. Por trás disso estão
sonhos inconfessáveis de eugenia, controle populacional e ideologia feminista
e de gênero. POR OUTRO LADO, não existe nada parecido, em termos de mo-
vimentos ideológicos, indústria ou literatura, que defenda a pena de morte na
sociedade, especialmente no Brasil. Outro detalhe se mostra curioso. Alguns
que chegaram a falar publicamente em defesa da pena de morte nos últimos
anos no Brasil, já desistiram (inclusive publicamente), devido ao fato de terem
entendido que o art. 5º da Constituição Federal impossibilita qualquer ameaça
contra a vida humana, e que tal artigo é cláusula pétrea, que não se altera nem
por PEC (Proposta de Emenda à Constituição). Por outro lado, abortistas não
têm a mesma conduta. Os abortistas não aceitam e não respeitam cláusulas
pétreas nem qualquer Constituição.
“Ninguém é a
favor do aborto.” #7
“...somos contra, mas achamos que legalizar é a melhor saída”

Fala-se com frequência que as mulheres abortam de qualquer maneira, seja


o aborto crime ou não, e que com aborto legalizado a sociedade poderia dar
maiores condições de acolhimento e aconselhamento para evitar abortos.
Considere esses dados:

• A indústria do aborto não ganha dinheiro algum desencorajando


as mulheres em relação ao aborto.
• Os conselheiros das clínicas são partidários e evangelizadores da
indústria do aborto. Eles pregam a doutrina pró-aborto para garantir
seus empregos e lucros. Nesses países, as mulheres vão às clínicas
de aborto e, antes de efetivarem o agendamento do aborto, são
“orientadas” pelo vendedor de abortos. O que é dito a elas, com
frequência, é que o feto é um amontoado de células ou parte do corpo
dela, o que é uma mentira. Usam da estratégia da desumanização,
para que não haja o risco da mulher não querer abortar.
• Não raro verifica-se casos de clínicas negligenciando situações em
que o estuprador leva a vítima para abortar, contra a sua vontade,
permitindo assim a perpetuação dos abusos sexuais por anos.
• Assim, argumentar que a mulher tomará sua decisão sozinha e
em privado também é uma mentira, como mostra a realidade
dos abortos forçados.
• As clínicas desconsideram o papel do pai na decisão, o qual perde
todos os direitos sobre a proteção do seu filho.
• Onde o aborto é legalizado, sempre que um grupo pró-vida
propõe uma medida de restrição ou, por exemplo, tempo mínimo
e número mínimo de consultas antes da realização do aborto,
os abortistas se opõem.
• Todas as ações voltadas a reduzir o número de abortos são
feitas por movimentos pró-vida e sempre enfrentam oposição
dos “pró-escolha”.
• Os países onde a prática é liberada, como EUA, Canadá, Austrália,
e muitos outros, enfrentam graves problemas de subnotificação
do número de abortos e isso mostra que nem para saber o número
correto a legalização serve.

Então, os abortistas mostram-se contraditórios nesse argumento também,


porque não fazem nada para reduzir a incidência de abortos após a legalização.
“O Estado é laico!”
#8
O aborto não é uma questão de religião devido ao fato de que a ciência deixa
bem claro que a vida se inicia na concepção. O fato de pessoas adeptas a uma
religião serem pró-vida não faz da causa pró-vida uma causa religiosa. Há
inclusive pessoas religiosas que são a favor do aborto e pessoas sem religião
que são a favor da vida. Existem ateus que são contra o aborto. Senão pode-
ríamos dizer que a lei do homicídio também tem base religiosa, por conta do
mandamento “Não Matarás”, que é o mesmo mandamento pelo qual cristãos
se opõem ao homicídio, pena de morte e aborto. É falacioso dizer que o aborto
é uma questão religiosa.

Ao mesmo tempo, o estado laico não significa que se deve ignorar os valores


religiosos da sociedade, porque os valores religiosos fazem parte dela. A constituição
da maioria dos países ocidentais foi estabelecida com base em conceitos sociais
e religiosos cristãos firmados ao longo de séculos: legislações sobre temas como
assassinato, discriminação, abuso sexual, uso de drogas, divórcio, pornografia
e prostituição, calúnia e difamação, entre outros. Se a sociedade quiser agora
abolir todas as leis em que houver conceito religioso coincidente, voltaremos ao
caos do início da Idade Média. Há uma grande diferença entre questões sociais
e religiosas. Se a Igreja pedisse ao governo para legislar sobre o batismo, isso
seria uma situação religiosa que atentaria contra o conceito de Estado laico, por
forçar pessoas a ter conduta claramente religiosa. Mas problemas sociais e de
direitos humanos transcendem as ideias religiosas porque envolvem pessoas
de todas as partes da sociedade e direitos fundamentais. O discurso pró-aborto
propositalmente busca rotular qualquer defesa da vida como discurso religioso
e atentado contra o Estado laico, como forma de silenciar e cercear o direito de
defesa da vida. Isso é uma atitude que de fato atenta contra o Estado laico, porque
um religioso não pode ser privado de ter voz em debates públicos pelo fato de
ser religioso. Trata-se de censura. Sempre que alguém usar esse argumento
contra você, lembre-o disso. É nossa obrigação mostrar a todos que o abortista
está fazendo uma discriminação, que não deve ser tolerada. Ninguém pode
ser discriminado por sua crença – isso está amparado na Constituição Federal.
“Eu não acredito
que as mulheres
devam fazer aborto,
pessoalmente eu
sou contra o aborto,
#9
mas eu acho que as
mulheres devem ter o
direito de escolher.”

Esse argumento tem sido bastante repetido em prol do politicamente correto.


Especialmente porque a grande mídia faz campanha pela causa abortista de
forma massiva. Para perceber a incoerência dessa frase, basta analisar essa
lógica aplicada a outros “problemas sociais” que temos hoje em dia:

• Eu não acredito que os adolescentes devam beber e dirigir,


pessoalmente eu sou contra isso, mas eu acho que eles devem
ter o direito de fazer se quiserem;
• Eu não acredito que as pessoas devam roubar, pessoalmente
eu sou contra isso, mas eu acho que elas devem ter o direito de
fazer se quiserem;
• Eu não acredito que as pessoas devam matar outras pessoas,
pessoalmente eu sou contra isso, mas eu acho que elas devem
ter o direito de fazer se quiserem;
• Eu não acredito que os homens devam estuprar mulheres, pes-
soalmente eu sou contra isso, mas eu acho que eles devem ter
o direito de fazer se quiserem;
• Eu não acredito que os pais devam abusar sexualmente de seus
filhos, pessoalmente eu sou contra isso, mas eu acho que eles
devem ter o direito de fazer se quiserem.

Os exemplos acima, bastante agressivos, servem para mostrar como essa falsa
lógica do respeito ao direito da mulher em detrimento do direito do bebê é
completamente errônea.
“As mulheres
continuarão fazendo
aborto, mesmo
que seja ilegal.”
#10
Uma variação desse argumento é: “o número de abortos cai
após a legalização”.

Esse argumento simplesmente subverte a lógica da sociedade e de todo o


direito. As leis proibitivas têm função de punir atos ilícitos e com isso evitar
que se repitam pelas mesmas pessoas e desencorajar novos infratores,
protegendo, assim, os direitos daqueles que são lesados. Além disso, as leis
existem exatamente porque existem pessoas praticando esses atos lesivos ao
direito de outros. Por isso, a frase é completamente falaciosa, não tem a menor
lógica. Se ninguém cometesse e jamais tivesse cometido um aborto, ou um
roubo, em toda a história do planeta, seria até possível que as leis contra isso
sequer existissem. Dessa forma, a ocorrência do delito (neste caso, o aborto)
é justamente o motivo da lei existir, e não um motivo para ela não existir.

Esse argumento parte da falácia de que se uma lei não é 100% efetiva, ela deve
ser abolida. Se assim fosse, poderíamos dizer:

• As pessoas vendem e compram sexo (prostituição), mesmo que


essa prática seja ilegal;
• As pessoas continuarão usando drogas, sendo isso ilegal ou não;
• Os adolescentes continuarão bebendo antes da maioridade,
sendo ilegal ou não;
• As pessoas vão ultrapassar o limite de velocidade, sendo isso
ilegal ou não;
• As pessoas vão cometer roubos, estupros e assassinatos, sendo
isso ilegal ou não;
• Milhares de pessoas bebem e dirigem diariamente no Brasil,
vamos liberar isso também?

Os argumentos acima, evidentemente absurdos, são “tão lógicos quanto” o


argumento usado para legalização do aborto. Se houver uma lógica no argu-
mento de legalizar o aborto porque as pessoas praticam abortos mesmo sendo
crime, então deveríamos legalizar dirigir alcoolizado, já que muito certamente
muito mais gente comete esse delito e desejaria ter esse direito de beber e
dirigir sem riscos de ser punido. Os mentirosos e superestimados 1 milhão de
abortos clandestinos ao ano no Brasil não chegam nem perto do número de
pessoas que dirige sob efeito de álcool no país. Desculpem-me, mas se essa
for a lógica, primeiro vamos legalizar dirigir bêbado! (ironia)

Lembrando: o objetivo das leis é também minimizar os comportamentos


indesejáveis.
“Aborto legalizado
protege a mulher
contra abortos
inseguros.”
#11
Para responder a isso, é extremamente pertinente conhecermos os números
relativos a aborto e mortalidade materna por aborto no Brasil. O número de
abortos é superestimado por grupos pró-aborto, e isso já foi objeto de inúmeros
artigos meus disponíveis no site Estudos Nacionais. A mortalidade materna
por aborto é outro tema sujeito a manipulações propagadas pela mídia abor-
tista. Segundo o DataSUS, sistema oficial do Ministério da Saúde, em 2014
ocorreram no máximo 55 mortes de mulheres que se submeteram a abortos
clandestinos. Clique aqui e veja artigo específico sobre esse tema.

Mas ainda que o número fosse maior, primeiramente, devemos lembrar que
o feto, vítima em todos os abortos, é um ser humano, conforme provado cien-
tificamente. Em todo aborto, clandestino ou não, uma criança tem sua vida
tirada. Em segundo lugar, não é cabível legalizar o aborto por haver mulheres
que queiram realizar o aborto a qualquer custo, inclusive da própria vida. É
amplamente discutido e sabido que o aborto é crime e o feto é uma vida humana.
Então, se há mulheres que ainda assim buscam fazer um aborto, pondo em
risco a própria vida, cabe à sociedade dar atenção preventiva a elas para que
não cometam esse mal consigo mesmas e com seus filhos, mas se preserve a
vida e se dê condições dignas para o exercício da maternidade. Não cabe ao
Estado e à legislação dar subsídios para que as pessoas cometam crimes com
mais segurança. Um pai de família, por exemplo, que esteja desempregado,
deveria contar com apoio da sociedade para cometer assaltos sem riscos à sua
integridade física e saúde?

Se todos os membros de sociedades e ONGs pró-aborto criassem iniciativas


voltadas ao apoio das mães que se veem desesperadas frente a uma gravidez
não planejada, quantas vidas salvaríamos? Em vez de legalizar práticas cruéis
como o aborto, a sociedade deveria reavaliar a responsabilidade de cada um
na sociedade e valorizar a obediências às leis.

Um detalhe que não é dito por defensores do aborto é que, mesmo onde o
aborto é legalizado, as mulheres terão, sim, riscos para sua saúde. No livro
Precisamos falar sobre aborto: mitos e verdades, temos quatro capítulos tra-
tando dos males físicos e psicológicos que acometem mulheres que abortam
nas clínicas de abortos ao redor do mundo, com “profissionais qualificados” e
toda a tecnologia disponibilizada pela indústria da morte.
“Exigir que uma
mulher mantenha sua
gravidez indesejada é
cruel e desumano.”
#12
É interessante como algo que é próprio da mulher e deveria ser a maior rea-
lização da vida de qualquer mulher e homem, passa a ser considerado uma
tragédia. Somente com muita lavagem cerebral uma pessoa com intelecto
não debilitado pode imaginar que ter de mudar seus planos e arcar com as
responsabilidades de uma gravidez não planejada seja mais cruel e desumano
do que dilacerar um feto, arrancando-lhe as pernas, depois os braços e cada
pedaço de seu frágil corpo em formação. Desumano e cruel é tirar a vida de
um feto. Só numa sociedade que colocou o egoísmo e o consumismo acima
de todos os valores pode-se pensar que é cruel ter um filho.

A criança não forçou sua concepção. Como vimos, em cerca de 99% dos
casos de abortos em países com a prática legalizada, o bebê é fruto de um
ato voluntário do casal. Casais estes que deveriam estar cientes da possível
consequência de seus atos, que é a geração de uma nova vida – e todo método
contraceptivo, mesmo os mais modernos, tem taxa de falhas divulgada pelos
próprios fabricantes.

Depois do assassinato do feto ou embrião, a mulher tem que conviver em sua


consciência com o fato de ter acabado com a vida do próprio filho. Muitos estu-
dos têm mostrado estatísticas aterrorizantes sobre os problemas psicológicos
que as mulheres sofrem depois de cometer um aborto. Testemunhos bastante
chocantes e comoventes também demonstram isso.

Milhares de mulheres sofrem a vida inteira pelo arrependimento de uma decisão


que tomaram naqueles dias, semanas ou meses de total desespero frente a
uma gravidez indesejada. Olham para a vida que passou e para o lugar vazio
na poltrona e imaginam a companhia do filho ou da filha que poderiam estar
ao seu lado na velhice, mas não está porque não pôde nascer.

Muitas mulheres testemunham que é muito mais fácil ter o bebê do que enfrentar o
trauma físico e emocional de um aborto. Em muitos casos, mulheres sofrem pressão
para fazer um aborto enquanto têm vontade de seguir em frente na gravidez.
Muitas pessoas, amigos, membros da família ou aquele namorado irresponsável
pressionam a mulher, fazendo prognósticos de que ela terá de enfrentar uma
gravidez e uma maternidade repleta de dificuldades e de sofrimento; e que o
aborto, já legalizado em muitos países, será a situação mais fácil para “acabar
com o problema”. Desconhecem, porém, o sofrimento que a mulher terá de
enfrentar se optar pelo aborto. As leis pró-aborto vêm como mais uma pressão
para a mulher abrir mão daquilo que lhe foi conferido como dom pela natureza.
“É cruel colocar
uma criança neste
mundo cheio de
sofrimentos. Ela será
só mais um problema
#13
para a sociedade.”

Esse argumento, em outras palavras, diz que para proteger a vida da criança
devemos matá-la. Certa vez em um debate sobre pena de morte, um dos
debatedores, ateu, disse:

Creio que só temos direito de condenar alguém a uma


punição que conhecemos. Eu não conheço a morte
e, até que se prove o contrário, ninguém aqui sabe
como é a morte. Já a prisão, sabemos o que é e como
é, portanto só podemos condenar alguém à prisão.

Nesse raciocínio, cabe condenarmos a criança inocente ao aborto, diante de


nosso total desconhecimento da morte? Pior ainda, mataremos a criança
porque talvez seu futuro não seja bom? Sequer sabemos se ela não será uma
história de superação.

Como podemos saber se a vida dessa criança será só sofrimento? São milhares
os casos de mães que testemunham terem chegado à beira de cometer um
aborto e desistiram. Anos mais tarde, testemunham que viram seus filhos
realizados, sendo pessoas boas, benevolentes, capazes de diminuir o sofrimento
do mundo e ajudar as pessoas, a começar pela própria mãe.

Abraham Lincoln, por exemplo, sofreu por décadas desilusões e dificuldades


em sua vida pessoal e profissional para, depois dos 40 anos de idade, tornar-se
um grande homem e entrar na história. Segundo a lógica abortista, ele não
deveria ter nascido, afinal sua vida seria repleta de sofrimento.

Viktor Frankl é outro exemplo. Ele foi para um campo de concentração nazista
e durante anos e diante de todo aquele sofrimento, ainda via sentido na vida.
Saiu dali e tornou-se famoso por ensinar e ajudar as pessoas a encontrarem
o sentido da vida.
“É melhor optar por
um aborto do que
dar à criança um
lar desestruturado;
vivendo assim,
#14
se tornará uma
criminosa.”

Mais uma vez o argumento abortista toma o prognóstico mais pessimista como
algo certo, para trocar essa incerteza pela morte do feto (como se também não
fosse desconhecido o sofrimento de ser envenenado, mutilado, queimado e
morto – que é como se dão os abortos).

Assim como vimos na resposta da questão anterior, sobram exemplos


felizes de pessoas que nasceram em famílias desestruturadas e ajudaram
a estruturar os pedaços do projeto de família. Filhos de mães que foram
estupradas tornam-se crianças que ajudam e protegem suas mães. O filho
do estuprador não carrega os crimes do pai, mas, sim, carrega o gene da
mãe e é seu filho.

No Brasil, as filas de pais que querem adotar uma criança são gigantes, e a
burocracia e a ineficiência do sistema fazem com que muitas delas cresçam antes
de serem adotadas nas idades mais procuradas (desejadas) pelos candidatos
a pais adotivos. Também não se fala em termos de políticas de incentivo para
adoção de crianças com mais idade para os candidatos nas filas de adoção.

Diversas ONGs e partidos políticos pró-aborto buscam (e conseguem) fundos


para investir em campanhas pelo “direito” ao aborto, mas NADA fazem para
dar subsídio para as mulheres que optaram por ter seus filhos apesar de suas
condições materiais, sociais e psicológicas.

Muitas vezes a mulher quer ter seu filho, mas por falta de apoio ou mesmo
por pressão de pessoas próximas, acaba optando por abortar. Imaginem se
cada dólar gasto em campanhas pró-aborto fosse revertido em apoio para
mulheres: os 100 ou 150 mil abortos clandestinos anuais no Brasil poderiam
se transformar em milhares de histórias de famílias felizes.

Em um mundo em que a população fica a cada dia mais velha, só se fala em


reduzir a natalidade e nada é feito para construir novas gerações de crianças
saudáveis e felizes. Os abortistas e eugenistas preferem a “solução mais simples”:
matar aqueles que “têm menos chances de ser bons cidadãos”.
“Se você não quer
permitir que as
mulheres façam
aborto, então você
deve dar condições
#15
para elas criarem
seus filhos, prover-
lhes comida, roupas,
plano de saúde,
escola − e até um
tablet, quem sabe.”

Em tempos em que o vitimismo se tornou esporte tão praticado, o objetivo


desse argumento é constranger e culpar os defensores da vida pelas mazelas
da sociedade. Aqui busca-se meio que exigir uma fiança de cada vida que você
tentar defender. O argumento deixa alguns desavisados confusos porque faz
o defensor do feto e da mulher se sentir culpado pela situação da mãe (ou
da família) com a gravidez não planejada. Trata-se de uma falácia discursiva.
Muitos deles são de esquerda, grupo ideológico que muitas vezes faz uma
defesa cega de bandidos que cometem crimes hediondos e nenhuma (ou pouca)
assistência presta às vítimas dos crimes. Os direitistas muitas vezes provocam
esses esquerdistas com algo do tipo: “Tá com pena do bandido? Leva pra casa!”.
Isso seria dar-lhes o troco na mesma moeda. Eles normalmente não levam o
bandido para casa. Mas sob a ótica dos direitos humanos, defender presos no
sistema carcerário de maus tratos e excessos, e mais ainda as pessoas que
ainda não foram condenadas (ou seja, que podem ser inocentes). Portanto, ao
tratar de um tema político, ninguém pode ser “obrigado” a resolver as mazelas
da sociedade para tomar posição. Isso se dá por uma razão básica: não somos
deuses, nem conseguiremos resolver tudo num passe de mágica. Um defensor
do aborto e dos direitos humanos (pacote completo das ONGs financiadas por
George Soros) pode sim continuar defendendo sua pauta, mesmo que não
leve os bandidos perigosos que defende para morar em sua casa. Da mesma
forma, nós que sequer temos financiamento de alguma fundação internacional,
podemos e devemos continuar defendendo as pessoas da injustiça que é o
aborto, mesmo sem pegar para criar cada criança salva – ainda que muitos de
nós, tenho certeza, adorássemos fazer isso (eu inclusive).
“A responsabilidade
recai somente sobre
as mulheres, por isso
qualquer lei contra o
aborto desrespeita o
#16
direito das mulheres.”

Com o objetivo de desclassificar o debatedor, tenta-se aplicar-lhe o rótulo de


machista. Argumentam que o homem pode eximir-se mais facilmente da respon-
sabilidade da paternidade simplesmente fugindo, desaparecendo, negando-se
a pagar pensão, enquanto a mulher terá de carregar esse fardo que é a criança.

Na verdade, o que se quer com esse discurso é dar “direitos iguais” para as
mulheres. Mas não é qualquer direito. Trata-se de reivindicar o “direito” de matar
o bebê porque alguns homens sentiram que têm o “direito” de abandonar seus
filhos. É o rebaixamento de si justificado pela miséria do outro.

Nenhum homem tem direito a abandonar seus filhos. Trata-se de um crime


previsto em lei. Por óbvio, estender à mulher essa “liberdade” só a leva a cometer
também um crime, que é o aborto. No momento que um abortista concorda que
os homens que fazem isso cometem um crime e que essa liberdade deve ser
estendida também às mulheres, precisará concordar que a liberdade que pregam
é a liberdade de cometer outro crime. Portanto, o aborto deve ser mantido ilegal, a
menos que se legalize o abandono paterno também, para termos “direitos iguais”.
Imagine, se as mulheres tiverem total liberdade para fazer aborto, esses
péssimos exemplos do sexo masculino poderiam reivindicar inocência frente
ao abandono da paternidade nos casos em que não desejavam a gravidez e
a mulher porventura não optou pelo aborto. E isso de fato está acontecendo
no mundo. Em diversos países, como Portugal e Reino Unido, homens têm
apresentado ações na Justiça reivindicando o direito de não ser pai da criança,
sob a alegação de igualdade de direitos – já que eles preferiam que a mulher
tivesse abortado; como elas não fizeram isso, não querem ser obrigados a
cuidar da criança. Clique aqui para ler artigo sobre esse tema.
Marlon Derosa
Colunista do site Estudos Nacionais, aluno do Master Internacional em Bioética
da Fundación Jérôme Lejeune, pesquisador independente na área de bioética,
saúde pública, direitos humanos e geopolítica. Administrador com pós-graduação
em administração e marketing (UFSC) e gestão de projetos (IESB). Organizador
e coautor do livro “Precisamos falar sobre aborto: mitos e verdades” (2018).

Coautor dos livros “Abortos Forçados” (2019) e “Abortos Ocultos e Mentalidade


Contraceptiva” (2020).

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