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Ele falou que vinha?

Escrito por Márcio Moraes


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Rafaela: Como assim ele não vem?

João: Ele disse que viria, talvez ele venha!

Rafaela: Mas ele falou que vinha mesmo?

João: Falou!

Rafaela: Então ele vem, ele de ter parado, provavelmente em algum bar ou algo assim.

João: Entendo.

Rafaela: Que bom ...

João: Mas o que a gente faz até lá?

Rafaela: Espera né?

João: Você não me entendeu, chegando mais perto da Rafaela o que a gente, faz até lá?

Rafaela: Tudo menos isso que você está pensando João!

João: O que eu estava pensando era só o começo!

Rafaela: João!!!

João: Vai dizer que você nunca ...

Rafaela: João! Eu sou uma menina de família!

João: Mas não tem nada de mais brincar de ...

Rafaela: Eu já disse não!

João: Então tá, agente faz outro coisa então, mas, o quê?

Rafaela: Sei lá? Quer inventar uma historia?

João: Como assim?

Rafaela: Ah, sei lá, eu começo contando daí você continua também ...

João: Tipo um joguinho pra passar o tempo?

Rafaela: Isso!

João: É, mas quando eu queria você nem deixou eu terminar de falar né?

Rafaela: Mas você quer ou não quer brincar?

João: Quero!
Rafaela: Então tá! Eu começo!

João: Oquei

Rafaela: Era uma vez...

João: Pera aí! Era uma vez, que clichê ...

Rafaela: Ué! Mas é uma historia, tem que ter era uma vez ...

João: “Hamlet” não começa assim ...

Rafaela: Você leu Hamlet por acaso?

João: Não ...

Rafaela: Então, como é que você sabe?

João: Eu li até a primeira página, mas depois eu enjoei ...

Rafaela: A historia era chata?

João: Não, eu estava lendo no carro ...

Rafaela: Ah ... Mas então,vamos brincar, Era uma ...

João: Rafa!

Rafaela: Ta bom, vou começar de novo, Era outra vez ...

João: Sem graça ...

Rafaela: Deixa eu continuar por favor?

João: Tá bom ...

Rafaela: Então, era uma vez um menininho que não gostava de brincar com ninguém!

João começa a interpretar a cena

Rafaela: Mas ele odiava brincar sozinho!

João: Eu odeio brincar sozinho!

Rafaela: Disse o menino, enquanto ele brincava, em seu quintal, sozinho, nos fundos, sem ninguém!

João: Para de enrolar Rafaela, senão as pessoas, vão ficar entediadas!


Rafaela: Que pessoas João?

João: Ué, quem for ler sua historia, “der”. Sem falar que a trama é bem chata, da uma animada.

Rafaela: Então, tá, voltando a historinha, era um menino muito solitário, mas não queria brincar

com ninguém, por que ninguém entendia ele.

Rafaela começa a interpretar a cena junto com ele

Rafaela: Posso brincar também?

João: Pode, mas não erra pra não desmanchar a amarelinha.

Rafaela: Tá bom, lá vou eu!

Rafaela pula a amarelinha até o final

João: Pode voltar, você pisou!

Rafaela: Não pisei!

João: Pisou sim!

Rafaela: Não pisei!

João: Pisou! Pisou! Pisou!

Rafaela: Tá, nossa, como você é chato! Vai você então.

João: Tá legal, lá vou eu.

João pisa na linha

Rafaela: Você pisou!

João: Não pisei, é que desse ângulo e dessa luz pode até parecer que eu pisei, mas não pisei não!

Rafaela: Mentiroso, para de ser tão mentiroso!


João: Sabia que não devia brincar com você. Odeio brincar com muita gente!

Rafaela: Nossa, além de chato é “entojado”, você é filho único?

João: Se eu estivesse falando com você, eu diria que “sim” mas não estou, então deixo somente uma

dúvida para você, pois não respondo a sua pergunta.

Rafaela: Bobo!

João: Se estivesse falando com você diria que bobo é a mãe!

Rafaela: Se fosse a mãe seria boba!

João: Então diria que bobo é o pai!

Rafaela: Faz mais sentido mais ainda é bobo!

João: Já chega! Cansei, não quero mais ficar aqui!

Rafaela: Nem eu, você é muito chato e egoísta!

João: Egoísta é a senhora sua mãe, que eu não apelei nem falei palavrão!

Rafaela: Egoísta não é palavrão, como você é ingenuo!

João: Ingenuo é o pai! Boca suja!

Rafaela: Esquece, fica ai com a sua amarelinha!

João: Vou mesmo!

Rafaela para de interpretar a cena, e volta pra narração do mesmo

Rafaela: E a garotinha foi embora,e ele ficou lá, a principio feliz, mas depois começou a deprimir, e

deprimir, deprimir, até que ele ficou completamente deprimido!

João: Estou deprimido!

Rafaela: E solitário!

João: E solitário!

Rafaela: Disse o menino, e então ele percebeu, que ser chato desse jeito, e não gostar de errar e de

repartir, fica lá sozinho!


Rafaela volta a interpretar a cena

Rafaela: Vem cá, vamos brincar!

Eles dançam uma cantiga de roda, e caem no chão ao final da dança. Após a dança eles param de

interpretar a cena.

João: Muito chata essa historia, a minha vai ser melhor.

Rafaela: Vai lá então!

João: Vai ser demais, super original!

Rafaela: Conta logo!

João: Vai ser demais! Extraordinária! Fenomenal!

Rafaela: Vai logo João!!

João: Tá! A historia se chama, ouve só eu que inventei! Chama, “Chapeuzinho Vermelho”!

Rafaela: Eu já ouvi essa historia! Dá menina do chapéu vermelho que leva doces a vovó!

João: Mas a minha é diferente!

Rafaela: A é?

João: É

Rafaela: Então prova!

João: Era uma vez a chapeuzinho vermelho, cuja a mãe, que já morreu, era daltônica, por isso a

apelidou de chapeuzinho vermelho quando na verdade o chapéu dela era azul!

Rafaela: Azul!

João: Azul!

Rafaela: Que interessante! Sarcástica Que original!

João: É mesmo! Mas então, a chapeuzinho vermelho do capuz azul cuja a mãe era daltônica, estava

brincando no quintal com uma boneca.


Rafaela entra em cena

Rafaela: Dona maria, dona maria, o que tu carrega aí?

Com a boneca Muitos docinhos para dar para ti!

Dona maria, dona maria, o que tu carrega aí?

Com a boneca Muitos docinhos para dar para ti!

João: Até que a o pai dela chegou pra ela e disse.

João entra em cena

João: Filhinha!

Rafaela: Eu!

João: Eu tenho uns remédios que eu tenho que entregar pro seu tio doente, entrega pra mim?

Rafaela: Mas pai é longe!

João: Filhinha, faz esse favor pro pai?

Rafaela: Ah pai, liga pra farmácia que eles entregam.

João: Filha!

Rafaela: Tá bom, eu levo.

João: Obrigado filha.

João sai de cena, e volta a narração, a Rafaela resmunga por causa do remédio.

João: E a chapeuzinho vermelho cuja capuz era azul, levantou, catou os remédio, e foi atrás da casa

do seu tio. Mas o que ela não sabia, era que na casa do seu tio, o tio dela não estava lá, e sim o
caseiro, que à ela queria assaltar!

João volta a cena

Rafaela: “Toc Toc”

João: Quem bate?

Rafaela: Sou eu!

João: Pode entrar. Oi minha ...

Rafaela: Sobrinha!

João: Isso!É o alzheimer queridinha, o alzheimer!

Rafaela: Não, não é o alzheimer não, é a Chapeuzinho!

João: Ah tá, mas enfim, o que você trás aí?

Rafaela: Remédios!

João: Remédios! Mas nem doente eu estou!

Rafaela: Você pode dar pro alzheimer então!

João: Ora menina!

E ele sai correndo atrás dela

Rafaela: Socorro! Socorro! Parando a interpretação da Chapeuzinho Mas pera aí João! Ela fica

correndo e não chama ninguém não?

João: Aparece a policia, depois de um tempo!

Rafaela: Ah tá! Entrando de novo na cena Parado policia!

João: E a chapeuzinho foge deixando o caseiro lá Voltando a cena Mas eu não fiz nada!

Rafaela: Você será preço por trafico de remédios ilegais e por tentar “estrupar” a garotinha!

João: Estuprar
Rafaela: “Estruprar”

João: Estuprar, “Estu”! “Tuprar”!

Rafaela: Tá legal, você entendeu!

João: Tudo bem prossiga!

Rafaela: Vem comigo!

Ela puxa ele, e eles param de interpretar a cena

João: E então ele foi preso e condenado a anos e anos de cadeia, e nem te conto o que aconteceu

com ele lá dentro, e tudo isso por querer enganar uma criancinha!

Rafaela: Odiei a sua historia.

João: Chata!

Rafaela: Não sou chata, sou critica, e sua historia não tinha nem pé nem cabeça!

João: Tinha sim ou onde mais a chapeuzinho colocaria o chapéu

Rafaela: Sem graça ...

João: Só por que eu te disse isso no começo da historia, né?

Rafaela: É, olho por olho, dente por dente!

João: A vingança nunca é plena! Mata a alma e envenena!

Rafaela: Você tem que parar de ver tanta TV.

João: Para de ser chata!

Rafaela: explode Chato é você!

João: Ninguém tem paciência comigo ...

Rafaela: Essa piada não tem graça, nem na TV nem aqui!

João: Tá bom então ...

Rafaela: Será que ele chega hoje?

João: Ele disse que chegava!


Rafaela: Disseram que o mundo ia acabar, mas ainda estamos aqui né?

João: É verdade.

Rafaela: Não é?

João: É. Agora eu faço um comentário levemente engraçado.

Rafaela: E eu concordo, mas fala algo completamente diferente!

João: E então eu chamo ela de alguma coisa.

Rafaela: E eu digo que essa coisa é a mãe dele!

João: Daí eu falo que ...

Rafaela: Espera! Ele chegou!

João: Chegou?

Rafaela: Chegou!

João: Certeza?

Rafaela: Eu falei que chegou então, chegou!

João: Mas e se não for ele?

Rafaela: Como assim?

João: Pode ser que não seja ele.

Rafaela: Então vai ver que não é então ...

João: Eu disse!

Rafaela: Não posso errar agora?

João: E eu, não posso acertar agora?

Rafaela: Por mim tanto faz, se você acertar ou errar, desde que não me afete em nada!

João: Por que?

Rafaela: Por que sim.

João: Por que sim não é resposta!

Rafaela: Já não falei com você sobre a TV?

João: Mas esse eu acho que ninguém lembrou!


Rafaela: Eu lembrei!

João: Mesmo que tenham lembrados de que importa? Ele não chegou ainda e não tem mais nada pra

fazer!

Rafaela: É ...

Momento de tédio entre os dois

João: E se ele só chegar amanhã?

Rafaela: Vão avisar a gente!

João: Certeza? E se não avisarem a gente?

Rafaela: Daí a gente dorme aqui ...

João: Mas eu não gosto daqui, tem muita gente, e vai ficar muito escuro!

Rafaela: O menininho tem medo de escuro, é?

João: Tenho!

Rafaela: Eu também!

As luzes se apagam

Rafaela: João! O que você fez?

João: Eu to com medo!

Rafaela: Eu to com mais medo!

João: Eu to com muito mais medo mesmo!

Rafaela: Você tem sempre que ganhar né João?

João: Ganhar é viver!

Rafaela: Vida chata essa sua.

João: É ... Rafaela ... Eu to com medo.


Rafaela: Eu sei,também estou, mas ajuda então!

João: A fazer o quê?

Rafaela: Tenta achar o interruptor de luz.

João: Interruptor?

Rafaela: A tomadinha sem buraco que faz acender a luz!

João: Assim fica muito mais simples.

Rafaela: Pra você né! Imagina se eu tivesse que falar, toda vez, João, procura a tomadinha sem

buraco que faz acender a luz, se a mesma tomadinha sem buraco que faz acender a luz se chama

interruptor!

João: Mas ela não interrompe nada! Por que interruptor?

Rafaela: Sei lá! Procura aí.

João: Ta bom, achei!

Rafaela: Então acende!

João acende a luz, eles estão do mesmo de quando a luz foi apagada

Rafaela: Ele tá demorando muito.

João: Quer brincar?

Rafaela: Do quê?

João: Sei lá, tudo eu que tenho que dar ideia?

Rafaela: Foi você quem sugeriu ...

João: Então! Eu já fiz minha parte!

Rafaela: Vamos brincar da primeira coisa que vem a sua cabeça?

João: Tá bem, começa!

Rafaela: Luz.

João: Luz.
Rafaela: Verde.

João: Verde.

Rafaela: Não é assim não,é assim, começa você!

João: Tá, chatice.

Rafaela: Você!

João: Entendi! Vai lá, começa você, e ... chato é a mãe.

Rafaela: Pai!

João, Que seja, começa logo!

Rafaela: Tá bem, hum, Água.

João: Rio

Rafaela: Riacho

João: Cachoeira

Rafaela: Cataratas

João: Niagra

Rafaela: Canadá

João: Inglês

Rafaela: Estados Unidos

João: entusiasmado Pisca-pisca!

Rafaela: em duvida Pisca-pisca?

João: bravo Pisca-pisca!

Rafaela: Tá bom então, Natal.

João: Neve

Rafaela: Branca de Neve

João: Contos de Fadas

Rafaela: Já chega! Que coisa mais chata!

João: É, esse tipo de jogo não funciona aqui, ninguém gostou ...
Rafaela: As vezes se erra, as vezes se acerta.

João: Eu estou sempre certo!

Rafaela: Eu estou sempre alegre!

João: Eu estou sempre ...

Rafaela: interrompendo Competindo!

João: Eu cansei, ele não chega nunca, agente fica só enchendo lingüiça aqui!

Rafaela: Também acho. Ele falou que vinha?

João: Não lembro, acho que sim.

Rafaela: Se você acha, quem sou eu pra “desachar”.

João: Perder, não “desachar”, porque quem acha perde!

Rafaela: Perde o quê?

João: Não sei, se eu soubesse nem teria perdido.

Rafaela: É verdade, quem perde nunca sabe que perdeu, e quando sabe ele acha!

João: Achei!

Rafaela: O quê?

João: Não sei, perdi de novo ...

Rafaela: Ah ...

Mais um momento tedioso, a luz apaga novamente

Rafaela: João, o que que isso?

João: O que?

Rafaela: A luz apagou, você não pagou a conta de luz?

João: Não, eu acho que eu esbarrei no interurptor, mas perdi ele.

Rafaela: Mas já que você sabe que perdeu logo você acha.

João: Quem espera sempre alcança.


Rafaela: A não ser que esteja muito alto e a pessoa seja baixinha.

João: Achei!

A luz acende.

Rafaela: Isso que dizer que você é “auto suficiente”.

João: Eu sempre “sobe”.

Rafaela: Subiu aonde?

João: Fazendo cocegas na rafaela Por aqui, por aqui por aqui.

Rafaela: Ah! Tira, tira, tira!

João: Em quem? Em quem?

Rafaela: apontando pra alguém da plateia Nele!

João: Nele?

Rafaela: Pode ser.

João: Não to afim.

Rafaela: Nem eu de ver.

João: Quero ver que horas ele vai chegar!

Rafaela: Eu também.

João: Que tal as duas?

Rafaela: Tenho curso, pode ser as 3?

João: Vou estar em reunião, podemos marcar para as 4?

Rafaela: daí eu vou estar em reunião, até as 6 horas.

João: Então deixa, já acabou o horario comercial, a gente se encontra pra um “Brunch” amanhã.

Rafaela: Pode ser ... Mas ele não chegou ainda.

João: Vamos esperar.

Rafaela: Esperando.
João: Esperando.

Rafaela: Eu vim!

João: Quem eu?

Rafaela: Você!

João: Eu não! Então quem foi?

Rafaela: Ele, mas ele não chegou ainda.

João: Que chato.

Rafaela: É, sem graça.

João: Rafaela, eu não consigo mais esperar, acho que ele não vem.

Rafaela: Vem sim, tenha fé!

João: Eu tenho fé, eu vou a igreja todos os dias!

Rafaela: Mas você presta atenção em alguma coisa de que eles estão falando lá?

João: Não, mas eu gosto das figuras nas janelas.

Rafaela: As janelas são bonitas e coloridas.

João: Amo coisas coloridas, acho que se fosse cego, eu rezaria para deus deixar eu ficar com no

minimo, uma cegueira azul, por que se fosse tudo preto, eu acho que eu não agüentava.

Rafaela: Entendo, não gosto de escuro.

João: Nem eu ... Acho que ele não vem.

As luzes se apagam.

Rafaela: Como assim ele não vem?

João: Ele disse que viria, talvez ele venha!

Rafaela: Mas ele falou que vinha mesmo?

João: Falou!

Rafaela: Então ele vem, ele de ter parado, provavelmente em algum bar ou algo assim.
João: Entendo.

Rafaela: Que bom ...

João: Mas o que a gente faz até lá?

Rafaela: Espera né?

FIM

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