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O Pracinha

Elenco:
Angello - Gregory
Capitão Rocha - Valter
Dalva - Fernanda
Emma - Camila
Ernesto - Rodrigo
Franccesco - Muller
Geraldo - JB
Iracema - Jennifer
João - Rogério
Olga - Allana
Tchesco - Raphael

Cena I
Ernesto: Depois de tanto tempo minha mãe volta ao Brasil, graças ao netinho que está para
chegar! (Coloca a mão sobre a barriga da esposa).

Iracema: Até que enfim vou conhecer a minha sogra! Seria bem melhor se fossemos buscá-la
no aeroporto, uma viagem da Itália para o Brasil é cansativa!

Ernesto: Com certeza. Entretanto ela não quis que fossemos ao aeroporto, ela insistiu que a
pegássemos aqui na estação Jaçanã. Há cerca de 20 anos mamãe me pegou no colo e viemos
até esta estação e logo partimos para a Itália para tentarmos ficar um pouco mais perto de
meu pai, somente na minha adolescência que retornei ao Brasil, pois minha mãe mandou eu
ficar com a minha avó paterna que estava muito debilitada. Este lugar guarda muitas
memórias de meus pais, por isso é muito especial para ela.

Iracema: Acho tão linda a história do seu João e da D. Olga, enquanto ela não chega você
poderia contar ela, não é, meu amor!?

Ernesto: Iracema, você não se cansa das minhas histórias? (sorrindo) Vamos lá, era julho de
1943, papai tinha 25 anos e mamãe 21 anos, você vai ver como ela ainda é jovem, então meus
pais estavam já para casar e minha mãe grávida de um mês…

(Blackout. Os atores saem. Cenário muda para a sala de João em julho de 1943, estão João,
Olga, Geraldo e Dalva ensaiando para um evento e ao fim da música sentam-se, João coloca
as mãos sobre o ventre de Olga).

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Cena II
Música: Leva meu samba - Ataulfo Alves - Rogério e Alana

Olga: Gente está bom, mas precisamos de mais ensaios, pois a apresentação na escola será
daqui duas semanas.

Geraldo: Não se preocupe Olga, tudo dará certo!

Dalva: É só acertarmos alguns arranjos e ficará ótimo, podem confiar!

João: É minha Olga, sabe que no final tudo dará certo! E você está grávida e precisa ficar
calma. (Acariciando Olga) É muita alegria para um homem só, faltando apenas dois meses
para o nosso casamento e você descobre que está esperando nosso filho, que ele venha para
trazer paz e harmonia ao mundo (levanta para a plateia) e teremos mais um sambista, mais
um bamba paulistano, que fará a nossa Escola de Samba chegar muito longe. Ah, meu amor,
e o que acha de chamarmos a madrinha Eunice para batizar nosso filho?!

Olga: (levanta) Eu acho ótimo a madrinha Eunice batizar! Porém, João, muita calma, pois
primeiro que pode ser uma filha também não é? Segundo, que se Deus quiser, tudo isso que
está acontecendo no mundo e essa maldita guerra, desse louco do Hitler, em breve acabará.
Esta criança (coloca as mãos sobre o ventre) virá em tempos de paz!

Dalva: Espero também que a paz prevaleça!

Geraldo: E que eliminem esse genocida o mais rápido possível!

João: (Abraça Olga) Se for uma menina, será uma guerreira como a mãe dela e como as avós
dela. Será futura rainha de bateria, baiana, porta-bandeira, será o que ela quiser, se Deus
quiser o tempo dela será outro, onde a mulher poderá ser o que ela quiser! E sabe que não
gosto de falar desta guerra e principalmente desse GENOCIDA! Perdi meu avô durante a
Grande Guerra! Se for um menino, queria muito que tivesse o nome de meu avô, Ernesto! E
prefiro fazer meu samba, fazer minhas músicas e ficar com a minha família! E tenho uma
notícia boa para você!!

Olga: Sério? Então conta logo homem!

Geraldo: Acho que estamos sobrando aqui não é? Já deu a nossa hora! (cumprimenta Olga e
abraça forte João) Nossa, João, quase me esmagou!

João: É força da amizade meu caro, você é meu melhor amigo Geraldo, você, Dalva e meus
irmãos são meus melhores amigos, nunca se esqueçam disso!

Geraldo: João, assim fico sem jeito, mas seja nessa ou em outras vidas sempre estaremos
juntos!

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Dalva: Você sempre será especial e inesquecível para nós, meu amigo. Enfim, vamos embora
e a vocês dois juizo, crianças. (Saem Dalva e Geraldo, João se senta com Olga)

João: O Adoniran Barbosa esteve na Lava Pés, ele ouviu meu samba, elogiou muito e marcou
um encontro numa pracinha que tem rodas de samba na próxima semana lá perto do Vai-Vai!
E tem mais!! (Reação de Olga) Você se lembra daquele amigo meu que foi embora para o
Rio depois que foi deserdado pelo pai, porque estava se relacionando às escondidas com um
colega da faculdade?

Olga : Lembro sim, nós ainda acolhemos ele aqui, na sua Maloca, por uns dias! (Para a
plateia) Como pode em pleno 1943, as pessoas ainda precisarem esconder quem são? Tudo é
crime, tudo não pode, tudo é contra Deus! Nosso Brasil está ultrapassado, todo esse tipo de
preconceito e ódio está imperando no Brasil. A começar pelo nosso presidente! Enfim, o que
houve com ele?

João: E nós temos um presidente? Deixa para lá, pois nem críticas podemos fazer, porque
tudo é culpa dos governos anteriores e o atual é quase Santo! Então, ele mora lá no Morro da
Mangueira, me chamou para ir daqui 15 dias para o Rio e vai me apresentar o Cartola! Ele
falou de mim para o Cartola e ele quer me conhecer! Quem sabe não é agora que saio da
minha Maloca (olhando para a casa) para o mundo…

Música: Carinhoso - João e Olga Dançam - Voz da Coxia

Olga: Meu João, tenho tanto orgulho de você! Você vai ver, seus sonhos irão se realizar.
(Abraça João e em seguida se sente triste).

João: Olga!? (Preocupado) O que houve? Ficou séria, com um olhar triste!

Olga: Não sei… Assim que lhe abracei me deu uma sensação de que não terei mais os seus
abraços, me deu um aperto no peito! João eu te amo tanto!

João: Minha pequena, jamais vou te deixar, estando aqui na minha Maloca, na pracinha ou
em qualquer lugar o meu coração estará sempre com você! E quando eu estiver viajando,
passe pela nossa estação, vá até o Jaçanã onde nós conhecemos e você sentirá a minha
presença lá. Onde tudo começou! Io ti amo!

Olga: Deve ser a gravidez e essas notícias. É muita emoção! Eu preciso ir para casa, minha
mãe está a me esperar para irmos fazer as provas do vestido! E você não se esqueça de
mandar logo a carta aos seus pais e seus irmãos dizendo que meus pais já separaram um
quarto para eles lá em casa!

João: Já enviei, a esta hora a carta já deve estar em Valinhos! Vai com Deus minha pequena!

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(Dão um selinho, Olga olha firme para João e sai. João ouve baterem
palma na porta. Ele atende espantado e pede para entrar e é um capitão do exército
com um envelope nas mãos)

João: Pois um soldado vem a minha Maloca me procurar? Olhe, eu sou artista, sou sim da
boêmia e sou do samba, mas não tenho nada com coisa errada meu senhor!

Capitão Rocha: Não é nada disso, apresentando Capitão Rocha e apenas vim lhe trazer essa
carta de convocação!

João: Convocação!? (Abre a carta e fica inconformado) Como assim?

C. Rocha: O senhor está sendo convocado a apresentar-se às forças do exército brasileiro,


receberá treinamento nos Estados Unidos e partirá para a Itália para lutar contra o
nazifascismo! O senhor não ama sua pátria? (Deboche) O mundo está em guerra caso não
percebeu.

João: Eu amo muito a minha pátria e sei sobre a guerra e sou totalmente contra ela!

C. Rocha: Ótimo! Mais um motivo para lutar a favor da paz! O aguardamos amanhã às 7h da
manhã. (Sai, mas João o chama)

João: Senhor, eu vou ser pai! Irei me casar em dois meses, e meus pais estão no interior, não
dará tempo de falar com eles!

C. Rocha: O senhor agora é um pracinha que lutará por sua família e por sua pátria! (Seco)
Todos nós temos família, você não é o único! (Repete em um tom mais sério) O aguardamos
amanhã às 7h da manhã. (Sai soldado)

Música: As Rosas não falam - Rogério à capela


Música: Saudosa Maloca - Rogério Voz - CD

João: (João lê a carta, se dá o início do pequeno monólogo, ao final João canta e coloca o
fardamento, se despede da maloca e sai. Blackout)

Cena III
(São Paulo, agosto de 1945, casa dos pais de João, personagens estão em focos, estão na
cena os pais e os irmãos de João Angello e Tchesco, no outro foco entra um C. Rocha com
uma medalha)

(Som de palmas)

Franccesco: Emma, meninos, esse senhor veio trazer notícias de João! (Empolgado)

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Emma: Franccesco, graças a Deus notícias do meu filho amado!

C. Rocha: D. Emma, seu Franccesco, sou o Capitão Rocha. Fiz questão de eu mesmo vir
entregar esta menção honrosa, uma medalha pela bravura heróica do nosso jovem soldado!
Seu filho é um herói de guerra e honrou o nosso país.

Angello: Uma medalha?! Mas e meu irmão? Onde ele está?

Tchesco: Ele tem um filho de um ano e ainda não o conheceu!

C. Rocha: Meu jovem, (para Angello) infelizmente o nosso pracinha, teu irmão, foi atingido
por uma granada e não resistiu, aliás um amigo dele que havia sido convocado no mesmo dia
que ele, tentou salvá-lo quando a granada foi arremessada, e os dois acabaram sendo
atingidos e morreram juntos. Acabo de ir até a casa da família do pracinha Geraldo, para
entregar a mesma medalha!

Franccesco: Geraldo também?! Esses dois cresceram juntos! Foram para capital se encontrar
com Dalva que já estava lá para fazer a vida e vocês tiraram a vida de dois jovens!

Emma: Onde estão os corpos de meu filho e o amigo dele?

Rocha: Senhora, ambos estão sepultados na Pistoia em Toscana… Por isso estou trazendo
estas homenagens às famílias! Eu sinto muito…

Franccesco: O senhor sente muito? O senhor tem filhos, capitão? Criei o meu filho para
morrer numa guerra maldita? E o Senhor vem com uma medalha!? Eu quero o meu filho que
vocês tiraram de nós!

Emma: Sabe o que é para um pai e uma mãe ouvir isso? E ainda nem pude enterrar meu
menino! Já não basta o que fizeram com o meu mais velho, que era só um menino, (abraça
Tchesco) naquela luta sangrenta de 1932 em que ele ainda está superando as sequelas e agora
vocês levam o meu filho do meio? Vão querer levar o meu caçula também? (abraça Agello)
Por favor (pega a medalha) retire-se da minha casa imediatamente, ASSASSINOS!!

C. Rocha: (Nervoso) Senhora por favor, eu também tenho dois filhos da mesma idade deles…

Angello: E seus filhos foram para a guerra?

C. Rocha: (Sério) Não, eles não foram!

Angello: Foi o que eu imaginei, já que entregou a medalha, por favor queira se retirar e
entenda a dor da minha família.

C. Rocha: Claro, o exército brasileiro está à disposição de vocês! (Sai)

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Franccesco: (enlouquecendo ao centro do palco com a medalha nas mãos) Isto é o que
sobrou do meu filho… Uma medalha… Não posso aceitar isto. (segura nos braços de Emma
transtornado) Nosso filho está vivo! Eu tenho certeza disso! Ele virá para conhecer o
Ernestinho! Eu vou para o quarto escrever para ele dizendo que estamos o esperando! (solta
Emma e sai)

Emma: Franccesco!!

Angello: (Segurando o choro) Calma mamãe, o papai é forte. Ele vai aceitar, eu irei para o
meu quarto… Qualquer coisa me chame (beija a testa da mãe e sai Angello e Tchesco).

Emma: (Vai ao centro do palco canta, ao término da música senta-se num banco ou cadeira e
lança a pedrada pra fazer todo mundo chorar) Dói, mas dói muito… Nem me despedir eu
tive esse direito! Ele estava tão feliz que ia ser pai, ia se casar com seu grande amor… Não
teve tempo de levar suas músicas para o Cartola! Nem ficou sabendo que o filho nasceu em
pleno carnaval quando sua escola desfilava! Meu Deus me dê forças, para cuidar do meu
marido, dos meus filhos, da minha nora e do meu neto! Minha nora, tão jovem e agora pode
até ficar falada porque tem um filho sem pai, o mundo está virado! (Levanta) Eu vou lutar
meu filho, por sua amada, pelo nosso Ernestinho, por sua arte, seu samba, sua boêmia! Deus,
me mande forças, por favor, porque eu vou precisar! Como pode? Um poeta obrigado a pegar
em armas! (Um “minuto” de silêncio) Meu Deus… ARMA! (olha para a coxia rapidamente,
som de tiro e grito de Angello na coxia clamando pelo pai) FRANCCESCO! (Sai correndo
para coxia. Blackout).

Cena IV
Capitão Rocha: (Em foco) Antes o seu filho do que o meu! Não era para eles irem para guerra
e sim meus filhos, mas dei um jeitinho. Usei as minhas forças e contatos, precisava de dois
para o lugar dos meus únicos filhos e como os nomes eram iguais eu consegui fazer com que
eles fossem para a Itália. Lamento, mas João e Geraldo sabiam demais… Descobriram tudo!
E como eles conseguiram descobrir… Eu dei um jeito de lançar uma granada neles no campo
de batalha. Geraldo pulou para salvar João e acabou morrendo, (Debocha) coitadinho… E
sem ninguém ver consegui atirar em João! Me arrepender? Por que? Claro que não! Ao
menos os meus filhos estão vivos e salvos!

Cena V
(Olga está na Estação Jaçanã com uma mala, seu filho no colo e olhando ele dormir)

Olga: Meu filho amado… Agora seremos só eu e você. Vamos para o Porto pegar o navio
para Pistoia na Itália é lá que o seu pai está enterrado. Essa é uma forma de estarmos juntos,
(emocionada) bem perto dele! (Angello entra)

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Angello: (Com uma sacola em mãos) Olga, me espere! (Olga se vira e fica surpresa com a
presença de Angello) Minha mãe pediu para lhe trazer bolo para você se alimentar durante a
viagem e um agasalho de meu irmão caso sinta frio, sabe como dona Emma é preocupada.
(Sorri sem jeito)

Olga: Ah, Angello, não precisava, D. Emma é incrível, mesmo com as dores de perder o filho
e o marido ainda se preocupa com a gente, muito obrigada. E agora? O que vocês irão fazer?

Angello: Vou trazer mamãe para morar aqui em São Paulo, ela quer ficar por um tempo na
maloca e ir na nossa escola, acredito que fará bem para ela. Será que eu posso me despedir do
meu afilhado? (Olga entrega o bebe no colo de Angello) Que Deus te abençoe meu afilhado,
você será um grande homem. Saiba que o padrinho estará sempre aqui rezando muito por
você! (Beija a criança a entrega-a e dá um abraço de despedida em Olga) Que Nossa
senhora proteja vocês, boa viagem (Se despede e sai).

Música: Tempos idos - Alana


Olga: (Olhando para Ernesto) Meu Ernesto, foi aqui, nesta estação, que eu conheci seu pai.
Quem sabe um dia não voltaremos! (Olga coloca o filho num cesto ou carrinho e canta, ao
fim da música ouve o som do trem chegando, pega a criança e a mala) Vamos, Ernesto, o
nosso trem chegou! Grazie mio San Paolo, até breve Jaçanã! Um dia eu voltarei aqui... (Sai.
Blackout)

Cena VI
Música: Nada será como antes - CD - Retroprojetor passando os anos.

Ernesto: (Emocionado) E agora estou aqui, na estação onde eles se conheceram, onde deram
o primeiro beijo e onde papai a pediu em casamento. Estamos aqui esperando minha mãe
chegar, com minha esposa e meu filho (passa a mão na barriga da esposa).

Iracema: (Acariciando o marido) Meu amor, histórias como essas, são como lição de vida
para muita gente! Ernesto, eu vou lá fora comer algo na lanchonete aqui na frente da estação,
creio que este momento de encontro tem que ser só entre mãe e filho!

Ernesto: Tudo bem. Vá com cuidado, encontraremos você lá! (Iracema sai, ao som de
Adoniran Barbosa, entra Olga com uma mala). Mamãe!?

Olga: Ernesto mio figlio amado (Se abraçam emocionados) Ti amo tanto figlio mio!

Ernesto: Io ti amo mamma! (Se abraçam rapidamente) Sempre linda e nem parece que o
tempo passa para a senhora!

Olga: Imagine meu filho, eu já passei dos meus 40 já (risos). Quanta saudade de você, quanta
saudade disso tudo aqui! E você? Está muito magro, Ernesto!

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Ernesto: Imagina mamãe estou igual a quando fui para a Itália te visitar e assinar a papelada
do translado do corpo do papai para São Paulo! Nossa, meu sogro sempre foi muito generoso,
ele ajudou em tudo no translado e agora ele pôde pagar sua passagem de volta para o Brasil!

Olga: Fico feliz que encontrou uma mulher boa e com uma ótima família, filho! (Empolgada)
E lá na Lava Pés? Como estão as coisas!? Ah! E você está firme na bateria da escola? E a
Maloca de seu pai? E seus tios? Tem ido visitá-los? Faz tão pouco tempo que sua avó faleceu,
que Deus tenha minha sogra, D. Emma era tão boa…

Ernesto: (rindo pega a mala da mãe) Vamos com calma (risos). Fui ver meus tios sim, o titio
Tchesco já está muito melhor e tio Angello está ótimo também sem tempo para choro, afinal,
com 9 filhos e esperando o décimo! A Maloca está muito bem, nós pintamos e demos uma
arrumadinha até porque estava bem velhinha, mas com tudo que era do meu pai, já que a
senhora insiste em morar lá não é? E na nossa escola eu estou me empenhando muito na
bateria. Verdade! Quase ia me esquecendo… Eu trago uma boa notícia! A história da senhora
e do Papai será o enredo do próximo carnaval e se chamará O Pracinha!

Olga: (emocionada) Eu e seu pai enredo!? É muita emoção gente, ele estaria muito feliz! Meu
Deus, meu João de Bamba, de poeta, conhecido agora como O Pracinha!

Ernesto: Mas calma mamma, teremos muito tempo para matar a saudade e por toda a
conversa em dia, mas mais uma boa notícia! Em breve seu primeiro neto estará em seu colo!

Olga: Um neto! O meu João ia estar tão feliz em ser avô! E eu então, já não vejo a hora
de ele nascer!

Ernesto: Vamos mamãe, a Iracema está lá fora na lanchonete nos esperando.

Olga: Filho, vai indo na frente encontrar sua esposa, eu queria ficar aqui sentada só uns
minutinhos.

Ernesto: Tudo bem mamãe, estaremos lá na frente lhe esperando, mas não demore muito,
tudo bem? A senhora precisa descansar.

(Da um beijo na mãe e sai deixando Olga sozinha, João aparece próximo a Olga, de terno
branco, gravata vermelha e chapéu branco com fita vermelha, Olga sente um arrepio e sorri
olhando para a estação e percebe que João está ali, começam a cantar Tiro ao Álvaro, João
se afasta um pouco de Olga que fica ao centro do palco)
Música: Tiro ao Álvaro - Alana e Rogério

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Olga: Meu amor, você disse naquele nosso último abraço que era só eu vir na Estação
Jaçanã, que você estaria aqui! Tenho tanto orgulho de você João, não só por lutar por nosso
país e pelo bem do mundo, mas por tudo o que você foi! Para o nosso país e o mundo. Você é
um herói de guerra, um Pracinha brasileiro, mas para mim sempre será o meu poeta, o meu
cantor, o meu eterno amor.

(João se aproxima um pouco, Olga sente outro arrepio sorri e sai... João canta trem das
onze, ao fundo está Geraldo tocando todo de roupa azul clara e ao final vai ao centro do
palco toca trem das onze samba e vira de costas para a plateia, uma luz forte aparece, João
vê seus pais de braços abertos, João caminha até os pais e entre os dois sai em direção da
luz. Blackout e o espetáculo se encerra).
Música: Trem das Onze - Rogério Voz - CD

Fim.

Por Rogério Santos Silva

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