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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS – UNILESTE MG

CURSOS DA ÁREA DE EXATAS


DISCIPLINA: METODOLOGIA CIENTÍFICA
PROFESSORA: MARIA APARECIDA DE FARIA GOMES - AULA 04/03
ATIVIDADE: INSTRUMENTAÇÃO PARA FICHAMENTO

1. FICHAMENTO
“O homem aprende como ver o mundo pelos discursos
que assimila e, na maior parte das vezes, reproduz esses discursos em
sua fala.” (FIORIN, 1988 apud MEDEIROS, 2000, p.96),

1.1. O termo

Fichamento é uma técnica de registro do texto que visa à documentação e classificação de


um conteúdo. O fichamento se dava, exclusivamente, por meio de fichas elaboradas
manualmente ou adquiridas em livrarias. Hoje as fichas dos textos/livros são construídas
também por meio do suporte virtual.

Com o fichamento você poderá conhecer melhor uma obra, aprender, discutir e produzir
seus próprios textos. Mesmo diante das possibilidades apresentadas pela técnica do
fichamento

frequentemente, há obstáculos a vencer no início da utilização das fichas


como método de estudo e redação. (...) dificuldades relativas ao
dispêndio inicial de tempo, à metodologia de transcrição do texto, às
anotações bibliográficas (autor, título da obra, local de publicação,
editora, ano, página). Para quem não pratica ou não está acostumado a
fazer o fichamento, essa prática parece demorada, desgastante,
aborrecível e entediante. (MEDEIROS, 2000, p. 97).

Entretanto, conforme o autor, o trabalho inicial reverte-se em ganho de tempo futuro, na


ocasião da escrita sobre determinado assunto.
1.2. Elementos estruturais de uma ficha

Mudança climática: desafios, oportunidades Reservado


para o caso
de serem
Desafios 1.1 várias
Referência JABBOUR, C. J.C; SANTOS, F.C. A. Sob os ventos da fichas
Bibliográfica mudança climática: desafios, oportunidades e o papel da
Refere-se
função produção no contexto do aquecimento global .
Revista Gestão da Produção, São Carlos, v.16. n. 1, p. 111-120, ao
jan./mar. 2009. Disponível em: < esquema
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- do texto.
530X2009000100011&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 20 fev. 2011.

Texto

Local onde
se encontra Biblioteca Scielo
a obra Figura 1: Elementos estruturais de uma ficha.
Fonte: MEDEIROS, 2000.

1.3. Como elaborar um fichamento

De acordo com Medeiros (2000), o trabalho de fichamento é precedido por uma leitura
atenta do texto em quatro níveis:

1.º nível: denotativo. Cuida do vocabulário, das informações sobre o autor, do contexto
sócioeconômico-histórico e do objetivo do texto. Atenta para os conceitos apresentados,
examina as ideias centrais e procura entender como o autor organiza o texto.

2.º nível: interpretação. O leitor interpreta os significados não transparentes. O que o


autor quis dizer? Qual é a relação do texto com a realidade?

3.º nível: crítico. O leitor critica (não diz respeito ao gosto, não gosto), observando se o
autor atingiu o objetivo estabelecido, se é claro e coerente.

4.º nível: problematização. O leitor se indaga sobre as possibilidades de aplicação do


texto, sobre sua contribuição para nova leitura do mundo.

Em seguida, é necessário que se faça um planejamento do assunto com a respectiva divisão


em tópicos, ou seja, o esquema da leitura.
Após a leitura atenta e o registro por meio do esquema faz o fichamento da obra.

1.4. Modelos de Fichamento

Existem modelos de fichamento encontráveis em bibliotecas e fichamentos variados de


leitura necessários para a prática de redação de trabalhos científicos. Esse último modelo é
o que se propõe trabalhar na disciplina Metodologia Científica.

De acordo com Medeiros (2000), os tipos de fichamento para redação de trabalho


científico são:

Fichamento de transcrição direta;

Fichamento de resumo;

Fichamento de comentários avaliativos.

1.4.1. Fichamento de transcrição direta

O autor afirma que a transcrição direta exige colocação de aspas (aspas simples, aspas
duplas), indicação do número da página de onde foi transcrito. “Se houver erros de grafia
ou gramaticais, copia-se como está no original e escreve-se entre parênteses (sic).”
(MEDEIROS, 2000, p. 102).

“A supressão de uma ou mais palavras deve ser indicada, utilizando-se no local da


omissão, três pontos, precedidos e seguidos por espaços, no final e no início e entre
parênteses, no meio.” (MARCONI; LAKATOS, 2007, p.57).

Exemplos:

“A polêmica, contudo, é mais ampla (...). Alguns autores propõem um modelo cognitivo de
representação de linguagem em que habilidades linguísticas específicas”. (LEAL;
MOURA, 2004, p.1).

“Crianças com bons níveis de habituação aos 5 meses apresentavam maior compreensão de
linguagem ...” (p.2).
Tais recomendações encontram-se amparadas nas normas da ABNT – Associação
Brasileira de Normas Técnicas, especificamente, na NBR 6023.

1.4.2. Fichamento de resumo

O resumo ocupa de reduzir um texto a suas ideias principais que engloba duas fases: a
compreensão do texto e a elaboração de um novo texto.

O fichamento de resumo trata-se de uma técnica que compreende segundo Serafini (1986
apud Medeiros, 2000. p. 108) de vários passos – supressão, generalização, seleção e
construção.

A supressão é o apagamento de palavras secundárias do texto. Em geral são advérbios,


adjetivos, preposições, conjunções não necessárias a compreensão do texto.

O autor apresenta o seguinte exemplo:

“A bonita paisagem do Rio de Janeiro estava embaçada por uma neblina densa que
impedia enxergar um palmo à frente do nariz e ver o belíssimo pão de açúcar.”

Com a supressão a frase poderia ficar assim:

“A bonita paisagem do Rio de Janeiro estava embaçada por uma neblina densa que
impedia enxergar um palmo à frente do nariz e ver o belíssimo Pão de Açúcar.”

A nova frase poderia ser:

Neblina impedia enxergar o Pão de Açúcar.

A generalização permite substituir elementos específicos por outros genéricos.

O autor apresenta o seguinte exemplo:

“Os estereótipos tanto podem ser positivos quanto negativos; tanto podem valorizar quanto
depreciar as pessoas. Se um estereótipo é positivo ou negativo, isto depende da categoria
social que o adota” (NOVA, 1995, apud MEDEIROS, 2000, p.109).

Nova frase seria a seguinte:


“Os estereótipos tanto podem ser positivos quanto negativos, dependendo da categoria que
os adota”.

Já a seleção cuida de eliminar obviedades ou informações secundárias e ater-se às ideias


principais.

Marcos gosta de futebol, voleibol, natação e ginástica olímpica.

Nova frase seria:

Marcos gosta de vários esportes.

A construção de um novo texto deve ser realizada, respeitando as ideias do texto original.

Assim, para elaborar um fichamento resumo se faz necessário:

Identificar objetivo do texto;

Identificar os conceitos fundamentais do texto;

Identificar a organização do texto;

Ser fiel às ideias e conceitos do texto.

Utilizar linguagem própria para construir o novo texto.

1.4.3. Fichamento de Comentário

Medeiros (2000, p. 112) afirma que em um fichamento comentário cabe analisar


primeiramente os aspectos quantitativos e, em seguida, os aspectos qualitativos. Assim,
cabe responder pela extensão do texto, sobre sua constituição (ilustrações, exemplos,
bibliografia, citações) e os conceitos abordados. Já para analisar os aspectos qualitativos,
recomenda-se ater à hipótese do autor, ao objetivo, à organização do texto, ao motivo pelo
qual escreveu o texto, às ideias que fundamentam o texto.

O autor firma ainda, que o comentarista deve verificar se a exemplificação é genérica ou


específica, se a organização do texto é clara, lógica, consistente, se é informal ou formal, se
a argumentação apresenta pontos fortes ou fracos, se a terminologia é precisa, a conclusão
é convincente e quem será beneficiado pela leitura do texto. E, finalmente, deve-se fazer
uma avaliação da obra.
2. Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS: NBR 6023: informação e


documentação-referências-elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2002. 24 p.

MARCONI, M.A.; LAKATOS, E.M. Fundamentos de Metodologia Científica. 6. ed.


São Paulo: Atlas, 2007. 315 p.

MEDEIROS, J.B. Redação Científica: a prática de fichamentos, resumo, resenhas. 4. ed.


São Paulo: Atlas, 2000. 237 p.

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