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BIOTECNOLOGIA

Lupini Daniel Tekassala


Mestre em Tecnologias Químicas

Ano lectivo 2019


PLANO SEMESTRAL DA
DISCIPLINA
Capítulo I – Fundamentos da Biologia Molecular
Capítulo II – Biorreatores
Capítulo III – Processo de Esterilização
Capítulo IV – Cinética de Processos Fermentativos
Capítulo V – Outros Processos e serviços de origem
Biotecnológica, em diferentes setores
Capítulo VI – Aspectos ambientais
TEMA 1
Sumário: Introdução
O que é a Biotecnologia?
É a aplicação dos princípios da ciência e da engenharia no
tratamento de matérias por agentes biológicos na produção de bens e
serviços.
A Biotecnologia, de uma forma abrangente, inclui qualquer técnica
que utiliza organismos vivos (ou partes deles) para obter ou modificar
produtos, melhorar plantas e animais, ou desenvolver microrganismos para
usos específicos.
É uso integrado da bioquímica, da microbiologia e da engenharia
para conseguir aplicar as capacidades de microrganismos, células cultivadas
animais ou vegetais ou parte dos mesmos na indústria, na saúde e nos
processos relativos ao meio ambiente.
É o uso controlado da informação biológica.
- Biotecnologia é "bio" + "tecnologia", isto é o uso de processos
biológicos para resolver problemas ou fazer produtos úteis.
- É uma atividade baseada em conhecimentos multidisciplinares, que
utiliza agentes biológicos para fazer produtos úteis ou resolver problemas.
Esta definição é suficientemente abrangente para englobar atividades tão
variadas como as de engenheiros, químicos, agrônomos, veterinários,
microbiologistas, biólogos, médicos, advogados, empresários, economistas.
A Biotecnologia abrange hoje uma área ampla do conhecimento que
decorre da ciência básica (biologia molecular, microbiologia, biologia celular,
genética etc.), da ciência aplicada (técnicas imunológicas e bioquímicas, assim
como técnicas decorrentes da física e da eletrônica), e de outras tecnologias
(fermentações, separações, purificações, informática, robótica e controle de
processos). Trata-se de uma rede complexa de conhecimentos onde ciência e
tecnologia se entrelaçam e complementam.
Subtema 1
Impactos da Biotecnologia
Já não se trata de promessas ou de perspectivas futuras; os produtos
e processos biotecnológicos fazem parte de nosso dia a dia, trazendo
oportunidades de emprego e investimentos. Trata-se de plantas resistentes a
doenças, plásticos biodegradáveis, detergentes mais eficientes,
biocombustíveis, e também processos industriais menos poluentes, menor
necessidade de pesticidas, biorremediação de poluentes, centenas de testes
de diagnóstico e de medicamentos novos.

Conhecimentos Agentes biológicos

Ciência e tecnologia Organismos, células, organelas, moléculas

BIOTECNOLOGIA

Fazer produtos úteis Resolver problemas

Figura 1.1. O campo da Biotecnologia.


Subtema 2
Biotecnologia e Desenvolvimento
Por se tratar de uma coleção de tecnologias diversas, o uso das
biotecnologias não se restringe necessariamente aos países desenvolvidos.
Existe um espaço que os países emergentes podem ocupar, em função de
suas riquezas naturais, desde que existam prioridades econômicas e políticas
definidas claramente. A condição fundamental é contar com instituições
competentes que formem uma massa crítica de pesquisadores e pessoal
técnico treinado.
No entanto, a Biotecnologia suscita ainda opiniões e sentimentos
controversos. Enquanto alguns setores a percebem como uma tecnologia
baseada em um sólido conhecimento científico, para outros se trata de uma
atividade antinatural e perigosa. O enfrentamento de partidários e opositores
ocorre com menos frequência no terreno das razões que no das paixões,
sejam elas políticas, religiosas ou ideológicas. Ao discutir se a biotecnologia é
progressista ou reacionária, boa ou ruim, se esquece que o que caracteriza
uma tecnologia é o uso que fazemos dela.
Produtos e processos inimagináveis trinta anos atrás entram em
nosso cotidiano antes que os alicerces científicos e tecnológicos
correspondentes se insiram em nossa cultura, através de uma divulgação
ampla que atinja também o sistema educativo em todos os seus níveis. Não
existe possibilidade alguma de construir uma sociedade moderna se os seus
integrantes ignorarem os aspectos mais gerais de ciência e tecnologia. O
desconhecimento aumenta o risco de rejeitar tecnologias promissoras,
capazes de abrir perspectivas novas, com vistas a um desenvolvimento
sustentável em áreas tão críticas como a saúde, a produção de alimentos, a
energia e o meio ambiente.
A proposta deste disciplina é estudar os fundamentos das
biotecnologias e mostrar como esses se aplicam em diversos setores
produtivos da sociedade. Esperamos que ele seja de ajuda para todos os que
nos preocupamos com os alcances desta fascinante revolução tecnológica.
Tabela 1.1. Produtos e serviços de origem biotecnológica,
em diferentes setores.
SETORES TIPOS DE PRODUTOS OU SERVIÇOS
Energia Etanol, biogás e outros combustíveis (a partir de biomassa).
Butanol, acetona, glicerol, ácidos, vitaminas etc. Numerosas
Indústria
enzimas para outras indústrias (têxtil, de detergentes etc.).
Recuperação de petróleo, biorremediação (tratamento de águas
Meio ambiente
servidas e de lixo, eliminação de poluentes).
Adubo, silagem, biopesticidas, biofertilizantes, mudas de plantas
livres de doenças, mudas de árvores para reflorestamento. Plantas
Agricultura com características novas incorporadas (transgênicas): maior valor
nutritivo, resistência a pragas e condições de cultivo adversas
(seca, salinidade, etc.).
Embriões, animais com características novas (transgênicos),
Pecuária
vacinas e medicamentos para uso veterinário.
Panificação (pães e biscoitos), laticínios (queijos, iogurtes e outras
bebidas lácteas), bebidas (cervejas, vinhos e bebidas destiladas) e
Alimentação aditivos diversos (shoyu, monoglutamato de sódio, adoçantes
etc.); proteína de célula única (PUC) para rações, alimentos de
origem transgênica com propriedades novas.
Continuidade da tabela 1.1

SETORES TIPOS DE PRODUTOS OU SERVIÇOS


Antibióticos e medicamentos para diversas doenças, hormônios,
Saúde vacinas, reagentes e testes para diagnóstico,
tratamentos novos etc.
CAPÍTULO I
FUNDAMENTOS DA BIOLOGIA
MOLECULAR
TEMA 1
Sumário: Introdução das células
O que é a célula?
A célula é a unidade estrutural dos seres vivos limitadas por
membranas preenchidas com uma solução aquosa concentrada de
compostos e dotadas de uma capacidade extraordinária de criar cópias delas
mesmas pelo seu crescimento. A célula também é a unidade funcional de um
organismo.
Todas as células são formadas por:
- Água;
- Íons inorgânicos;
- Moléculas orgânicas (proteínas, carboidratos, lipídios e ácidos
nucleicos).
E todas elas apresentam uma membrana plasmática que separa o
citoplasma do meio externo e permite o intercâmbio de moléculas entre
ambos. As células variam muito em aparência e função.
As células também são muito diversas nas suas
necessidades químicas (têm uma química básica similar) e atividades.
Algumas requerem oxigênio para viver; para outras, o oxigênio é
letal. Algumas consomem um pouco mais do que ar, luz solar e água como
matéria-prima; outras necessitam de uma mistura complexa de moléculas
produzidas por outras células.
Algumas aparecem em fábricas especializadas para a produção de
determinadas substâncias, como os hormônios, o amido, a gordura, o látex ou
os pigmentos. Outras são máquinas, como músculos, queimando combustível
para realizar trabalho mecânico; outras são geradores de eletricidade, como
as células musculares modificadas na enguia elétrica.
Os organismos cujas células não têm um núcleo são chamados de
procariotos (a partir de pro, significando “antes”). Os termos “bactéria” e
“procarioto” são frequentemente utilizados de forma alternada, embora
veremos que a categoria dos procariotos também inclui outra classe de
células, as arqueobactérias, eubactérias, etc.
Os procariotos têm uma cobertura protetora resistente, chamada de
parede celular, envolvendo a membrana plasmática, que envolve um único
compartimento contendo o citoplasma e o DNA.
A informação genética se encontra em um cromossomo circular
formado por uma molécula de DNA e associado a um mesossomo, com as
pequenas moléculas circulares adicionais (plasmídeos) e que podem também
estar presentes numerosos ribossomos que asseguram a síntese proteica.
Células esféricas,
p. ex., Streptococcus

Células em forma de bastão,


p. ex., Escherichia coli

Célula procariótica (bacteriana)

Células espirais,
p. ex.,Treponema pallidum

Figura 1.1. Representações esquemáticas da estrutura celular.


Os organismos cujas células têm um núcleo são chamados de
eucariotos (a partir das palavras gregas eu, significando “verdadeiro” ou
“real”, e karyon, uma “parte central” ou “núcleo”). O núcleo é o depósito de
informações da célula, significa possuir também uma variedade de outras
organelas, estruturas subcelulares que realizam funções especializadas.
As mitocôndrias estão presentes em essencialmente todas as células
eucarióticas e estão entre as organelas mais evidentes no citoplasma. O
citoplasma é uma solução viscosa onde continuamente ocorrem reações de
síntese e degradação de substâncias, consumindo ou liberando energia. O
citoplasma é percorrido por um sistema de membranas, o retículo
endoplasmático, que está associado aos ribossomos e, por conseguinte, à
síntese de proteínas. Estas reações constituem o que denominamos
metabolismo.
As reações metabólicas são facilitadas por proteínas com atividade
catalítica, denominadas enzimas. Assim como as proteínas estruturais, as
enzimas se sintetizam nos ribossomos, que são pequenos componentes
citoplasmáticos, não membranosos. A estrutura das proteínas depende da
informação genética codificada no ácido desoxirribonucleico (DNA) e
transcrita no ácido ribonucleico (RNA), que a leva do núcleo até o citoplasma.
O metabolismo energético está associado a organelas
citoplasmáticas, complexas e rodeadas de membranas (mitocôndrias,
cloroplastos e peroxissomos). Um citoesqueleto, formado por túbulos e
filamentos proteicos, mantém a forma da célula, além de assegurar o
transporte interno das organelas e os movimentos celulares.
A presença de compartimentos diferenciados, ou organelas, que
cumprem atividades específicas, resulta em uma subdivisão do trabalho que
garante a eficiência do funcionamento celular (Figura 1.2).
Célula eucariótica (animal)

Célula eucariótica (vegetal)

Figura 1.2. Representações esquemáticas das eucarióticas.


Tabela 1.1. A função e a distribuição das estruturas celulares.

CÉLULA CÉLULA CÉLULA


ESTRUTURA FUNÇÃO
BACTERIANA ANIMAL VEGETAL
Manutenção da forma e Presente ou
Parede celular Ausente Presente
proteção da célula. ausente
Manutenção da
estabilidade do meio
Membrana
intracelular; controle das Presente
plasmática
trocas entre a célula e o
meio extracelular.
Carioteca ou Controle do fluxo de
membrana substâncias entre o Ausente Presente
nuclear núcleo e o citoplasma.
Controle da estrutura e Único e circular; Múltiplos e lineares;
Cromossomo(s)
do funcionamento celular. apenas DNA. DNA e proteínas.
Nucléolo(s) Formação de ribossomos. Ausente Presente
Formação de cílios e
Centríolos flagelos; participação na Ausente Presente Ausente
divisão celular.
Continuidade da tabela 1.1

CÉLULA CÉLULA CÉLULA


ESTRUTURA FUNÇÃO
BACTERIANA ANIMAL VEGETAL
Ribossomos Síntese de proteínas. Presente
Retículo
endoplasmático Síntese de proteínas.
rugoso
Retículo Síntese de lipídios;
endoplasmático armazenamento e
liso inativação de substâncias. Ausente Presente

Complexo de
Secreção celular.
golgi
Respiração celular
Mitocôndrias
aeróbia.
Equilíbrio osmótico e
Vacúolo central Ausente Presente
armazenamento.
Lisossomos Digestão intracelular. Presente Ausente
Ausente
Cloroplastos Fotossíntese. Ausente Presente
Subtema 1
Técnicas Laboratoriais
O estudo das células se vê facilitado por um conjunto de técnicas
laboratoriais, tais como:
1. Técnicas microscópicas que permitem uma visualização detalhada
da célula:
- Microscopia óptica, que se utiliza para observar os cortes de
tecidos. Geralmente, estes são fixados (álcool, ácido acético, formaldeído) e
tingidos com corantes que reagem com as proteínas ou com os ácidos
nucleicos, aumentando o contraste da imagem.
- Microscopia de contraste de fase, que transforma as diferenças de
espessura ou de densidade do fragmento observado em diferenças de
contraste.
- Microscopia fluorescente, que associa anticorpos específicos a um
reagente como o PVF (proteína verde fluorescente de medusa), de forma a
marcar as moléculas e visualizar sua distribuição nas células.
- Microscopia confocal, que combina a microscopia fluorescente com
a análise eletrônica da imagem, fornecendo uma imagem tridimensional.
- Microscopia eletrônica, que permite a observação em um plano de
cortes tingidos com sais de metais pesados (microscopia de transmissão) e a
observação tridimensional de células (microscopia de varredura).
- Microscopia de tunelamento, com os diversos tipos de
microscópios de varredura por sonda que, além de fornecer uma imagem de
moléculas e átomos, permitem medições e a manipulação de moléculas e
átomos.
2. Técnicas físicas como a centrifugação diferencial (ultracentri-
fugação, centrifugação em gradiente) para separar os componentes celulares
para estudos bioquímicos posteriores.
3. Técnicas instrumentais que possibilitam a contagem de células e a
separação de populações celulares ou de cromossomos.
4. Técnicas de cultura de células com objetivos diversos.
Microscópio óptico
Microscópia Flourescência

Olho
Olho
Ocular
Ocular

Espelho difusão
Objetiva de feixe

Espécime
Condensador Lentes objectivas

Fonte de Luz Objeto

Figura 1.3. Funcionamento dos diferentes tipos de microscópios.


TEMA 2
Sumário: Elementos de Microbiologia
O processo fermentativo depende muito de quatro pontos básicos:
- O microrganismo;
- O meio de cultura;
- A forma de condução do processo fermentativo;
- As etapas de recuperação do produto.
O termo “microrganismos” se aplica a um grupo heterogêneo de
seres que vivem como células independentes ou como agregados celulares:
bactérias, arqueas, protozoários, algas e fungos e, também, vírus.
Basicamente as necessidades nutritivas dos microrganismos são as
mesmas que as de todos os seres vivos, que para renovarem seu protoplasma
e exercerem suas atividades, exigem fontes de energia e fontes de material
plástico.
Nos seres superiores, todavia encontramos apenas dois tipos de
nutritivos:
- Os vegetais são fotossintéticos, isto é obtêm energia da luz solar, e
autotróficos, nutrindo-se exclusivamente de substâncias inorgânicas;
- Os animais são quimiotróficos, obtendo energia às custas de
reações químicas e heterotróficos, por exigirem fontes orgânicas de carbono.
Microrganismos que possam ter interesse industrial, podem ser
obtidos basicamente das seguintes formas:
- Isolamento apartir de recursos naturais
- Compra em coleções de culturas
- Obtenção de mutantes naturais
- Obtenção de mutantes induzidos por método convencionais
- Obtenção de microrganismos recombinantes por técnicas de
engenharia genética.
Para uma aplicação industrial, espera-se que os microrganismos
apresentem as seguintes características gerais:
- Apresentar elevada eficiência na conversão do substrato em
produto;
- Permitir o acúmulo do produto no meio, de forma a se ter elevada
concentração do produto no caldo fermentado;
- Não produzir substâncias incompatíveis com o produto;
- Apresentar constância quanto ao comportamento fisiológico;
- Não ser patogênico;
- Não exigir condições de processo muito complexas;
- Não exigir meios de cultura dispendiosos;
- Permitir a rápida liberação do produto para o meio.
Tabela 1.2. As bactérias (Eubactérias e Arqueas) como agentes biológicos.

AGENTES BIOLÓGICOS APLICAÇÕES


Tratamento de resíduos e de águas servidas.
Produção de energia (metano).
Biorremediação, extração de minério.
Indústria química (acetona, butanol, ácido láctico, ácido
acético).
Enzimas industriais.
Bactérias Agricultura (rizóbios, biopesticidas).
Alimentos (laticínios, vinagres, picles, azeitonas, silagem).
Indústria de alimentos (vitaminas B12 e β-caroteno,
aminoácidos lisina e ácido glutâmico; polissacarídeos
xantana e dextrana*).
Indústria farmacêutica (enzimas de uso médico,
antibióticos, vacinas e toxinas).
Tabela 1.3. As algas como agentes biológicos.

AGENTES BIOLÓGICOS APLICAÇÕES


Tratamento de efluentes, biomonitoramento de
poluição, obtenção de energia.
Biomassa Agricultura (adubo).
Produção de alimentos (alimentação humana, ração
para avicultura e aquicultura).
Indústria de alimentos (aditivos, complementos
Algas nutricionais, substitutos proteicos, espessantes e
emulsionantes).
Indústria de cosméticos (ácidos graxos e outras
Moléculas substâncias tais como ficocoloides, pigmentos,
glicerol, abrasivos finos etc.).
Indústria farmacêutica (compostos biologicamente
ativos, tais como toxinas, antibióticos, antivirais e
antitumorais).
Tabela 1.4. Os fungos como agentes biológicos.

AGENTES BIOLÓGICOS APLICAÇÕES


Agricultura (controle biológico de insetos e nematoides,
micorrizos).
Produtos de fermentação (etanol, glicerol, ácido cítrico).
Enzimas industriais.
Biomassa (fermento de padaria, micoproteína).
Fungos Indústria de alimentos (panificação, queijaria).
Indústria de bebidas (cervejas e vinhos, destilados).
Produtos metabólicos (extrato de levedura, hormônios de
crescimento vegetal).
Indústria farmacêutica (antibióticos, vitaminas, vacinas,
esteroides).
Subtema 1
Crescimento Microbiano
Considera-se como crescimento, em sistemas biológicos, o aumento
de massa resultante de um acréscimo ordenando de todos os componentes
do protoplasma. Assim, aumentos de tamanho decorrentes de fenômenos
como absorção de água ou acúmulo de material de reserva não podem ser
considerados como crescimento.
Fases da curva de crescimento microbiano são:
- Fase inicial ou fase de lag;
- Fase de crescimento exponencial ou fase log;
- Fase de estacionária;
- Fase de declínio ou de morte.
O crescimento de uma população microbiano em meio líquido pode
ser determinado das seguintes formas:
- Determinação do peso seco ou úmido (o processo não pode ser
aplicado quando contém partículas sólidas em suspensão);
- Determinação química de componentes celulares;
- Turbidimetria, consiste na turvação de uma suspensão microbiana.
Factores que influência no crescimento microbiana são:
- Temperatura (temperatura mínima e máximo, na qual não há
crescimento e temperatura ótima, onde o crescimento é máximo);
- pH;
- Oxigênio;
- Agitação (favorecendo o crescimento aeróbios e facultativos).
TEMA 3
Sumário: Meios de cultura
Meio de cultura é o conjnto de nutrientes necessários para que
ocorra a multiplicação ou manutenção dos microrganismos.
A composição do meio de cultura depende das necessidades
metabólicas do microrganismo escolhido. Este deve conter todos os
nutrientes necessários nas concentrações adequadas, que variam em função
do microrganismo e do objetivo do processo. Em geral, os meios de cultura
utilizados no laboratório incluem:
- Água;
- Uma fonte de energia e de carbono: glicose, amido etc.
- Uma fonte de nitrogênio: inorgânica (sulfato de amônia, nitrato de
potássio etc.), orgânica (asparragina, succinato de amônia, glutamato, ureia
etc.) ou complexa (farinha de soja, peptona etc.);
- Sais minerais, tais como fosfato de potássio (K2HPO4), sulfato de
magnésio (MgSO4-7H2O), cloreto de cálcio (CaCl2) etc.
- Elementos-traço: ferro, zinco, manganês, cobre, cobalto,
molibdênio.
Meios de cultura constituídos apenas por essas substâncias
costumam ser chamados de meios definidos, ou meios sintéticos, cuja
composição química é sempre muito bem conhecida e pode ser reproduzida a
qualquer instante. Por essa razão, para as células que apresentam bom
desempenho em meios desse tipo, espera-se a ocorrência de um sistema
produtivo muito estável, além de, em geral, não apresentarem problemas
quanto à recuperação e purificação do produto final.
No entanto, para uma grande variedade de linhagens, há a
necessidade da adição de alguns aminoácidos específicos ou vitaminas. Claro
está que, quando se conhecem essas necessidades específicas, o que nem
sempre é o caso, é possível adicionar essas substâncias puras, a fim de
manter o meio em sua forma mais definida, mas o custo destes meios pode
tornar-se inviável, particularmente para instalações de grande porte, a menos
que isto signifique um enorme ganho econômico na recuperação do produto,
ou preserve alguma característica fundamental deste produto,
necessariamente de alto valor agregado.
O desempenho de um dado microrganismo depende muito da
composição do meio de cultura em que é colocado.
Algumas características gerais, que devem ser consideradas, são:
- Ser o mais barato possível;
- Atender às necessidades nutricionais do microrganismo;
- Auxiliar no controle do processo, como é o caso de ser ligeiramente
tamponado, o que evita variações drásticas de pH, ou evitar uma excessiva
formação de espuma;
- Não provocar problemas na recuperação do produto;
- Os componentes devem permitir algum tempo de armazenagem, a
fim de estarem disponíveis todo o tempo;
- Ter composição razoavelmente fixa;
- Não causar dificuldades no tratamento final do efluente.

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