Você está na página 1de 16

BIOTECNOLOGIA

Lupini Daniel Tekassala


Mestre em Tecnologias Químicas

Ano lectivo 2019


CAPÍTULO II
BIORREATORES
TEMA 1
Sumário: Introdução
Denominam-se "biorreatores", "reatores bioquímicas", ou ainda
"reatores biológicos", os reatores químicos nos quais ocorrem uma série de
reações químicas catalisadas por "biocatalisadores". Esse biocatalisadores
podem ser enzimas ou células vivas (microbianas, animais ou vegetais).
Encontram-se indicadas na literatura várias formas possíveis de
classificar os biorreatores, como por exemplo:
- Quanto ao tipo de biocatalisador (células ou enzimas);
- Quanto à configuração do biocatalisador (células/enzimas livres ou
imobilizadas);
-Quanto à forma de se agitar o líquido no reator.
Um reator biológico pode ser operado das seguintes formas:
1-Descontínuo;
- Com um inóculo por tanque;
- Com recirculação de células;
2- Semicontínuo;
- Sem recirculação de células;
- Com recirculação de células;
3- Descontínuo alimentado;
- Sem recirculação de células;
- Com recirculação de células;
4-Contínuo;
- Executado em um reator (com ou sem recirculação de células);
- Executado em vários reatores (com ou sem recirculação de células).
Subtema 1
Classificação Geral dos Biorreatores
I. Reatores em fase aquosa (fermentação submersa)
1.1. Células/enzimas livres
- Reatores agitados mecanicarnente (STR: "stirred tank reactor")
- Reatores agitados pneumaticamente .
- Coluna de bolhas ("bubble colurnn")
- Reatores "air-lift"
- Reatores de fluxo pistonado ("plug-flow")
1.2. Células/enzimas imobilizadas em suportes
- Reatores com leito fixo
- Reatores com leito fluidizado
- Outras concepções ·
1.3. Células/enzimas confinadas entre membranas
- Reatores com membranas planas
- Reatores de fibra oca ("hollow-fiber")
II. Reatores em fase não-aquosa (fermentação semi-sólida)
- Reatores estáticos (reatores com bandejas)
- Reatores com agitação (tambor rotativo)
- Reatores com leito, fixo
- Reatores com leito fluidizado gás-sólido
Meio Figura 2.1. Tipos de
Produto
Inóculo
Reatores de
biorreatores
fluxo pistonado

Meio

Reatores
de fibra oca
Reatores com Produto
células imobilizados Meio
(leito fixo)
Reatores agitados
mecanicarnente

Reatores de Reatores com


air-lift membranas planas

Reatores de Reatores com


células imobilizados Produto
Coluna de bolhas
(leito fluidizado)
TEMA 2
Sumário: Aeração em Biorreatores
O objetivo central de um sistema de agitação e aeração é o
fornecimento de oxigênio para a manutenção de uma dada atividade
respiratória de um certo conjunto de células. Assim, o que se visa é transferir
o oxigênio da fase gasosa para o líquido, fazer com que este oxigênio
dissolvido chegue às células suspensas, penetre nestas células e, finalmente,
seja consumido na reação.
Entre os processos biotecnológicos de interesse industrial,
envolvendo o cultivo de células microbianas, sem dúvida os processos
conduzidos em aerobiose encontram uma situação de enorme destaque.
Assim, por exemplo, a produção de antibióticos, enzimas, vitaminas,
fermentos e inoculantes, proteínas recombinantes (hormônios de
crescimento, insulina; etc.), constitui em sua grande maioria processos
aeróbios. Igualmente, o cultivo de células animais, visando a produção de
produtos ou a posterior infecção por vírus para a obtenção de vacinas, são
processos aeróbios.
Dessa forma, os processos fermentativos envolvendo o cultivo de
células aeróbias ou aeróbias facultativas, visando para a realização do
tratamento biológico de águas residuárias, têm todos o aspecto comum de
exigirem um adequado dimensionamento do sistema de transferência de
oxigênio, ou seja, da operação de dissolução do oxigênio contido na fase
gasosa (normalmente o ar, ou ar enriquecido com oxigênio) para a fase
líquida, de onde o microrganismo irá consumir este oxigênio para a
respiração.
O oxigênio é muito pouco solúvel em água, o que acaba causando a
necessidade de se fornecer este elemento ao longo de todo o processo
fermentativo.
Do ponto de vista bioquímico, o oxigênio é o último elemento a
aceitar elétrons, ao final da cadeia respiratória, sendo então reduzido a água,
permitindo que ocorra a reoxidação das coenzimas que participam das
reações de desidrogenação e, ainda, permitindo o armazenamento de energia
através da passagem das moléculas de ADP para ATP.
Estas últimas, por sua vez, irão participar necessariamente nas
reações de síntese de moléculas, para a sobrevivência das células e para o
surgimento de novas células, no processo de proliferação da biomassa
microbiana, para as quais é fundamental a introdução de energia.
Assim sendo, um cultivo que seja altamente eficiente, ocorrendo
com elevadas velocidades de crescimento celular, significa altas velocidades
de consumo da fonte de carbono, a fim de que haja abundância de elétrons
transportados na cadeia respiratória (geração de ATP), mas significa também,
obrigatoriamente, a necessidade da existência de oxigênio dissolvido, a fim de
que estes elétrons sejam drenados ao final desta cadeia.
A equação estequiométrica de oxidação completa da glicose ilustra
bem esta situação:
C6H12O6 + 6O2 → 6CO2 + 6H2O
Para que ocorra a oxidação de 1 mol de glicose, é necessário o
consumo de 6 mols de O2. É preciso lembrar que é sempre possível dissolver
quantidades significativas das fontes de carbono, nitrogênio, fósforo e demais
nutrientes necessários.
A obtenção de elevadas concentrações do produto desejado,
depende enormemente da capacidade de se transferir o O2 para a fase
líquida, especialmente nos instantes mais avançados do processo, onde a
concentração celular pode ser elevada e concentração de oxigênio dissolvido
diminui com o aumento da temperatura, assim como diminui com o aumento
da concentração de um sal dissolvido.
A operação com pressões parciais de oxigênio no gás mais elevadas,
é de fato uma alternativa interessante, sendo mesmo praticada através do
enriquecimento do ar atmosférico com oxigênio.
O fato de se observar uma redução da concentração de oxigênio
dissolvido, quando se dissolvem outras espécies químicas em um líquido,
permite lembrar que sempre se fermenta soluções de nutrientes, o que
significa a presença de muitas substâncias dissolvidas, as quais, no cômputo
final, reduzem a concentração de saturação do oxigênio em relação ao valor
observado para a água.
Gases

Gases Gases

Ar

Reatores de Chicanas
fluxo pistonado

Entrada Turbinas
Gases
Ar Reatores de
Entrada Entrada
Gases Draught-tube
Ar Ar Reatores agitados
Reatores de
air-lift mecanicarnente

Entrada do
Meio

Entrada Entrada Reatores com


Ar Ar células imobilizados
(leito fixo)

Reatores de Saída do
Coluna de bolhas Liquído

Figura 2.2. Sistemas diversos para a transferência de oxigênio em biorreatores


TEMA 3
Sumário: Variação da Escala
No desenvolvimento de processos químicos, quando são
encontradas condições econômicas adequadas de operação em escala de
bancada, as quais com frequência correspondem à obtenção de valores
elevados para a produtividade e rendimento do produto de interesse, sob o
ponto de vista econômico, há a necessidade de se ampliar a escala de
produção até uma escala industrial.
Portanto, o grande problema da variação de escala está exatamente
em reproduzir, na escala industrial, condições ambientais responsáveis pelo
bom desempenho do sistema, obtidas nas de bancada e piloto.
O desenvolvimento tradicional de processos fermentativos é
usualmente executado em três estágios ou éscalas, a saber:
- Escala de bancada
- Escala piloto
- Escala industrial
Subtema 1
Critérios para a ampliação de escala
O procedimento usual de uma ampliação de escala com base nos
critérios de ampliação baseia-se em, mantendo-se a semelhança geométrica
na escala maior, selecionar o critério e, a partir daí, encontrar as novas
condições de operação na nova escala que, supostamente reproduziriam as
condições encontradas na escala menor.
A seguir estão listados alguns critérios de ampliação de escala
normalmente recomendados para fermentadores ou biorreatores
convencionais. São eles:
- Constância da potência no sistema não aerado por unidade de
volume de meio (P/V);
- Constância do coeficiente volumétrico de transferência de oxigênio
(kLa);
- Constância da velocidade na extremidade do impelidor (vip);
- Constância do tempo de mistura (tm);
- Constância da capacidade de bombeamento do impelidor (FL/V);
- Constância do número de Reynolds (NRe);
- Constância da pressão parcial ou concentração de O2 dissolvido (C).
O critério de ampliação de escala a ser fixado varia de processo para
processo, pois depende das especificidades de cada um.
Bancada
Industrial

Piloto

200 -400 ml 1 -10 L

50 -100 L
5 -200 m3

Figura 2.3. Escala de trabalho no desenvolvimento dos


processos fermentativos

Você também pode gostar