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Notas - Um Guia para a Terra do Transe (Bill O’Hanlon, 2009)

(A Guide to Trance Land, Notas de Mauricio Aguiar, 2020)

Os objetivos destas anotações são: (1) Para quem leu o livro - poder
relembrar vários tópicos do mesmo, lendo apenas 22 páginas, ao
invés das 106 do original. (2) Para quem não leu - ter uma razoável
ideia do tipo de assunto que o livro aborda e, quem sabe, decidir pela
aquisição e leitura do mesmo, ou de outros livros de Bill O’Hanlon.
Bill teve o privilégio de estudar pessoalmente com o grande Milton
H. Erickson... e até de ser o jardineiro de Erickson.

Estas anotações foram elaboradas a partir da versão original em


inglês. À época, não existia edição brasileira deste livro. Alguns
livros de Bill O’Hanlon em português, embora esgotados, podem ser
eventualmente encontrados na Estante Virtual.

Notas: Os trechos sem aspas, ou entre colchetes, podem conter


comentários e esclarecimentos de minha autoria.

Prefácio

“Bem-vindo à terra do transe! Gastei um bocado de tempo neste território ao longo dos últimos 30
anos, tanto pessoalmente quanto guiando outras pessoas. Escrevi dois outros livros sobre transe e
sua utilização no trabalho de mudanças (Hipnose Orientada à Solução e Raízes Profundas - Solution
-Oriented Hypnosis e Taproots).”

“A hipnose pode nos ensinar muitas coisas sobre como funcionam a mente humana, as percepções e
as emoções. Também pode nos mostrar como ajudar as pessoas a mudarem essas percepções,
processos mentais e emoções, a fim de resolver problemas.”

“Este livro é o resultado de muitos anos ensinando profissionais a convidar, de forma convincente,
seus clientes para o transe, e a ajudar tais clientes a reduzir ou eliminar o sofrimento que os levou a
pedir ajuda.”

“A hipnose pode intimidar as pessoas, então procurei torná-la amigável e não assustadora. Espero
ter conseguido, e que você aprecie profundamente este livro (e mais profundamente ainda).”

“Bill O’Hanlon
Santa Fe, New Mexico,
Setembro de 2008.”

Introdução à Hipnose Ericksoniana ou Orientada à Solução

“Há dois tipos principais de hipnose: autoritária e permissiva. A tradição que pratico e que vim a
chamar de hipnose orientada à solução, é permissiva. Estudei com o falecido psiquiatra Milton H.
Erickson alguns anos antes de sua morte em 1980 (na verdade fui o jardineiro de Erickson enquanto
estava frequentando a pós-graduação, estudando para ser um terapeuta familiar e de casais. Não
tinha dinheiro suficiente para pagar as aulas de Erickson).”
“A pedra fundamental da abordagem permissiva para a hipnose é: a pessoa sabe o caminho. A tarefa
do hipnoterapeuta é manter o cliente em movimento.”

“A hipnoterapia tradicional apoia-se na autoridade e poder do hipnotizador, para ‘colocar’ a pessoa


em transe. Também utiliza a sugestibilidade, que é requerida para o sucesso neste tipo de
abordagem, mais autoritária. Uma vez que o cliente esteja em transe, o hipnoterapeuta possui uma
direção clara para onde prosseguir - descobrir traumas escondidos ou reprimidos que podem estar
criando os problemas presentes; implantar novas crenças, mais positivas, e assim por diante).”

“A abordagem orientada à solução é, por outro lado, baseada mais na evocação do que na sugestão.
Os hipnoterapeutas orientados à solução acreditam que as pessoas possuem respostas e
conhecimento dentro de si, que podem ser tocados e liberados por convites adequados. Os convites
adequados são aqueles que realmente ressoam com uma certa pessoa. É por isso que esta
abordagem, embora possua um conjunto de orientações genéricas, não possui fórmulas. Cada
indução de transe é diferente das outras. Cada tratamento é único.”

Diferenças Entre a Hipnose Orientada à Solução e a Tradicional


Orientada à Solução Tradicional
Permissiva Autoritária
Evocação Sugestão
Especialista Colaboração e Postura Não-Especialista

Hipnose Autoritária vs. Permissiva

Exemplos de hipnose autoritária, adaptados do original:

- Você está entrando em um transe profundo.


- Você não conseguirá abrir os olhos.
- Sua mão subirá até o seu rosto, sem que você consiga impedir isso.
- Você não consegue sentir sua boca e seu queixo. Estão dormentes.
- Seus olhos estão ficando cada vez mais pesados.
- Quando eu estalar os dedos, você sairá completamente do transe.

Exemplos de hipnose permissiva, adaptados do original:

- Você pode entrar em um transe tão profundo quanto for confortável para você agora.
- Seus olhos podem estar ficando pesados. Eles podem ficar abertos e você pode decidir fechá-los
quando quiser.
- Você pode ir onde quiser. Não precisa sequer ouvir o que estou dizendo.
- Você pode nem notar que está entrando em transe.
- Não há uma maneira certa ou errada de fazer isto. Você pode encontrar a sua própria maneira de
entrar em transe.

Um hipnotizador autoritário poderia dizer:

- Volte até a época na qual você tinha cinco anos de idade e encontre um momento que mudou tudo.
- Vá cada vez mais fundo no transe e volte até lá.
- Você ficará cada vez mais confiante em situações sociais.
Um hipnotizador permissivo poderia dizer:

- Eu não sei como você vai resolver esta questão, mas sei que algo dentro de você sabe o que
precisa acontecer e com quem poderá precisar falar para seguir em frente.
- Você só precisa ir tão fundo quanto for apropriado para se conectar com os recursos que precisa
para se sentir melhor e ter clareza no que virá a seguir.”

Enquanto a abordagem autoritária utiliza a sugestão, a abordagem permissiva utiliza a evocação. Na


sugestão, são utilizados:

- Autoridade/leitura mental/previsão
- Palavras e tempos de verbo como é/são/será/serão
- Palavras e tempos de verbo como irá/irão, não irá/não irão
- Expressões como não consegue/não conseguirá

Na evocação, são utilizados:

- Permissão/convite/abertura de possibilidades
- Palavras e tempos de verbo como pode/poderá
- Palavras e tempos de verbo como poderia/faria
- Opções com várias escolhas possíveis

Um Guia para a Terra do Transe

Elementos da Indução Orientada à Solução

“Aqui consideraremos os elementos mínimos que podem servir para convidar, de maneira poderosa
e convincente, uma pessoa a entrar em transe, utilizando esta abordagem.”

1. Permissão

“Sua tarefa é criar uma atmosfera de aceitação e conforto, não invasiva, na qual a pessoa não possa
fracassar ou fazer algo errado.”

“Erickson tinha este conceito, que chamava utilização. (...) A essência da utilização era que o
hipnoterapeuta deveria aceitar e utilizar o que a pessoa apresentasse, como parte do transe e do
tratamento.”

“Cada pessoa tem o seu próprio método de entrar em transe. Nesta abordagem, nada é visto como
resistência, mas apenas como a resposta e experiência únicas à pessoa. Qualquer resposta (exceto
violência) é vista como aceitável e é encorajada, sendo incluída como parte do processo hipnótico,
ao invés de ser considerada um bloqueio.”

1.1 Aceite, Normalize, Assegure e Valide o Que a Pessoa Apresentar

“Dê a eles a impressão de que o que quer que façam está correto e é parte do processo de entrada no
transe. Isto inclui quaisquer preocupações, medos, resistências ou distrações.”
1.2. Dar Permissão Para Fazer

“Há, basicamente, dois tipos de permissão que utilizamos na indução: permissão para fazer e
permissão para não ter que fazer.” Exemplos, adaptados:

- Você pode ser distraído pelos sons ao redor. Tudo bem.


- Você pode achar que não vai entrar em transe, ou que vai entrar em transe hoje. Tudo OK.
- Você pode ir onde quiser. Não há maneira certa ou errada de entrar em transe. Todo mundo tem a
sua maneira de entrar.
- Você pode fazer quaisquer ajustes que precise fazer: físicos, emocionais, psicológicos ou de
qualquer outro tipo.
- Você pode mudar quaisquer palavras que eu disser e que não estejam corretas para você,
substituindo-as por outras que funcionem para você, ou simplesmente esquecê-las.

1.3 Dar Permissão Para Não Ter Que Fazer

Exemplos, adaptados:

- Você não tem que focar em nada especificamente.


- Você não precisa relaxar para entrar em transe.
- Você não precisa nem prestar atenção à minha voz.
- Você não precisa acreditar que vai entrar em transe. Basta apenas seguir a sua experiência.

1.4 Note e Inclua Quaisquer Distrações, Dificuldades, Negatividade ou Resistência

Exemplos, adaptados:

- Você pode notar os sons ao redor. Pode escolher entre ser conscientemente distraído por eles, ou
simplesmente ignorá-los.
- Você pode estar analisando cada palavra que eu digo. Tudo bem.
- Algumas pessoas acham que ficarão “fora” e não perceberão nada do que acontecer enquanto
estiverem em transe. Você pode ter pensamentos enquanto entra em transe. Pode estar dividido, de
alguma forma: parte de você entrando em transe, e parte observando o processo.
- Você diz que está ficando com medo. Não há problema em ficar com medo e continuar entrando
em transe, se estiver tudo bem para você.
- Você não tem que fazer nada acontecer. Isto é mais como simplesmente deixar as coisas
acontecerem, mas se houver problema em deixar acontecer, tudo bem também.

1.5 Use Palavras e Frases Que Abram Possibilidades (Ao Invés de Leitura Mental ou
Linguagem Preditiva)

Exemplos, adaptados:

- Você pode entrar em um transe tão profundo quanto for confortável para você agora.
- Seus olhos podem estar se sentindo pesados, ou podem ficar abertos e você pode decidir fechá-los
intencionalmente.
- Você pode ir para onde quiser. Não precisa sequer ouvir o que estou dizendo.
- Você pode nem notar que está entrando em transe.
- Não há maneira certa ou errada de reagir. Você pode encontrar seu próprio jeito de entrar em
transe.
1.6 Forneça Várias Possibilidades de Reação

Exemplos, adaptados:

- Uma das suas mãos pode começar a subir, ou você pode apenas notar um leve deslocamento nas
sensações da mão, ou pode sentí-la como se estivesse colada em sua coxa.
- Você pode prestar atenção a tudo o que estou dizendo, ou pode se deixar perambular junto com
seus pensamentos.

Criando Conexão e Abrindo Possibilidades

“Esta é a primeira habilidade que você precisa dominar neste estilo de hipnose. Você precisa ser
capaz de ajudar as pessoas a se sentirem confortáveis e não sob pressão.” Exemplo, adaptado:

- Sua mente pode divagar e ir para longe. Sua mente pode estar analisando o que estou dizendo, ou
você pode transitar por dois tipos diferentes de atenção, ou você pode estar fazendo algo totalmente
diferente, que eu nem sei o que é. E tudo isso está muito bom.

Domine: Observação, permissão, validação, linguagem de possibilidades, reações às reações da


pessoa e conexão.

Evite: Afirmações e ações agressivas ou chocantes, leitura mental (pressupor que sabe o que a
pessoa está pensando) e pressão sobre as pessoas.

2. Pressuposição

2.1 Antes

“Este caso é quando você supõe que a pessoa vai entrar em transe em algum momento futuro.”
Exemplos, adaptados:

- Você já esteve alguma vez em transe?


- Já esteve em transe antes desta vez?
[A segunda pergunta pressupõe que a pessoa entrará em transe.]

- Antes de você entrar em transe, quero conversar sobre alguns mitos a respeito da hipnose.
- Não entre em transe ainda. Vamos esclarecer o que você pretende conseguir quando entrar em
transe.

2.2 Depois

“Aqui você presume que a pessoa entrará em transe, mencionando coisas que acontecerão ou
poderão acontecer depois que o transe estiver concluído.” Exemplos, adaptados:

- Depois que sair do transe, você poderá lembrar tudo que aconteceu, ou poderá ser como um sonho
que desaparecerá cada vez mais, conforme o tempo passar.
- Como foi? O transe foi diferente do que você esperava?

2.3 Velocidade

Exemplos, adaptados:
- Quão rapidamente você acha que entrará em transe? Eu não sei. É diferente para cada pessoa.
- Você pode entrar em transe no seu próprio ritmo. Não precisa ir mais rápido do que é apropriado
para você.

2.4 Tempo

Exemplos, adaptados:

- Quando você entrará totalmente em transe? Eu não sei e você não sabe. Seu inconsciente decidirá
e deixará que nós dois saibamos.
- Você entrará em transe agora, ou somente na próxima sessão? Só o tempo dirá.

2.5. Profundidade

Exemplos, adaptados:

- Você vai entrar em um transe leve, médio ou profundo?


- Você só precisa aprofundar o transe tanto quanto precisar para alcançar os resultados que quer.
- Quanto mais você vai aprofundar o transe?

2.6 Meios, Caminhos ou Método

Exemplos, adaptados:

- Você vai se descobrir deixando de sentir seu corpo, conforme entrar em transe? Eu não sei. Talvez
comece apenas a se perder em seus pensamentos e experiências, conforme aprofundar o transe.
- Há várias maneiras diferentes para entrar em transe. Tenho certeza de que a sua será tão original
quanto as suas impressões digitais.

2.7 Consciência

Exemplos, adaptados:

- Fico imaginando do que você está consciente, conforme aprofunda seu transe.
- Talvez você esteja notando algumas sensações diferentes. Talvez esteja muito focado na minha
voz, conforme aprofunda o transe.
- Já notou as mudanças na sua respiração, conforme continua a entrar em transe?
- Já está consciente de aprofundar o transe? Tudo bem se não estiver.

2.8 Tempos de Verbo

Exemplos, adaptados:

- Onde você está agora? O que está vendo?


- OK, estamos a 5 anos de hoje, no futuro, e há muito tempo você resolveu aquele problema que
teve há vários anos atrás. O que você está fazendo com sua vida agora?
- Como foi isso? Foi diferente do que você esperava?
3. Dividindo, Partindo, Distinguindo (“Splitting”)

“A mente humana tem a tendência de dividir as coisas, de fazer distinções. (...) Podemos usar esta
tendência para facilitar o processo de indução do transe e tratamento.”

3.1 Fazer Distinções

Exemplos, adaptados:

- Você tem uma mente consciente e uma mente inconsciente.


- Você pode ouvir com a sua mente, mas estou realmente falando com o seu corpo.
- Uma parte de você pode estar confusa e uma outra parte de você pode entender perfeitamente.

3.2 Partir Alguma Coisa Anteriormente Considerada como Uma em Duas ou Mais Partes

Exemplo, adaptados:

- Você pode ter o sentimento que teve ao assistir uma cena favorita de um filme, sem lembrar que
cena foi essa.

3.3 Fazer a Distinção Não-verbalmente e Verbalmente

“É possível e importante fazer as distinções não-verbalmente, assim como verbalmente. A distinção


não-verbal é, geralmente, feita utilizando-se tonalidades de voz diferentes, volumes diferentes e a
localização espacial da voz. Se os olhos da pessoas estiverem abertos, pode haver distinção visual.”

“Erickson frequentemente utilizava tons e volumes de voz diferentes, quando estava falando do
inconsciente e quando falava de processos conscientes. Também se inclinava para um lado quando
falava do insconsciente, e para o outro quando falava do consciente. Dessa forma, mesmo quando a
pessoa estava de olhos fechados, podia ouvir essas mudanças (muitas vezes sem notá-las
conscientemente) e responder de forma apropriada à distinção.”

4. Ligando, Vinculando (“Linking”)

“O elemento complementar à distinção é a ligação, que envolve juntar dois conceitos ou


experiências até então não relacionados.”

4.1 Juntar as Coisas Verbalmente

Exemplos:

- Enquanto você ________________, você pode _____________.


- Conforme você _______________ , você pode _____________.
- Quando ____________ acontece, você pode _______________.
- Você pode não conseguir _________ até __________________.
- Conforme você começa a ______________, você nota que ________________.
- Conforme _____________ acontece, ______________ pode começar a acontecer cada vez mais.
- Quanto mais sua mente consciente ________________, mais fácil fica para a sua mente
inconsciente ______________________.
- Depois que ______________ acontecer, ____________ pode continuar/acontecer/começar.
- Quanto mais _____________, mais ________________.
- Quanto mais _____________, menos _______________.
- Conforme você ouve o som da minha voz, você pode aprofundar o transe.
- Quanto mais você é distraído pelos sons lá fora, mais fácil pode ser para a sua mente inconsciente
libertar-se do domínio da sua mente consciente e assim fazer o seu trabalho.
- Quando essa mão tocar o seu rosto, você poderá aprofundar o transe.
- Conforme você começa a entrar em transe, seu inconsciente pode começar a preparar as mudanças
que você precisa fazer para se sentir melhor; para ficar mais confortável, para sentir algum alívio.

4.2 Ligue Algo na Sua Fala ou Comportamento a Algo Que a Pessoa Está Fazendo

“Por exemplo, Milton Erickson uma vez fez isto com um homem que andava para um lado e para o
outro em seu consultório e falava de um modo ansioso e apressado. Ele disse a Erickson que estava
tão ansioso que não conseguia sentar e conversar sobre seu problema; estava a ponto de sair
correndo do consultório. Andar para um lado e para o outro, falando compulsivamente, era o que
permitia que ele continuasse lá. Erickson começou a falar rapidamente com o homem, espelhando
sua velocidade da fala e dos movimentos. Depois, de maneira quase imperceptível, Erickson
começou a diminuir a velocidade de sua fala e o homem começou, igualmente, a desacelerar a fala e
os movimentos. Os dois haviam se conectado.” Exemplos, adaptados:

- Você pode ver sua mão subindo (ajustando esta última palavra para seguir o movimento da mão ou
inalação da pessoa) automaticamente.
- (o hipnotizador se inclina para a direita) Conscientemente, você pode se perguntar se entrará em
transe; (inclinando-se para a esquerda) e a sua mente inconsciente já está se preparando para
aprofundar.

5. Intercalação (“Interspersal”)

“Erickson acreditava ter feito duas contribuições originais à prática da hipnose: a intercalação e a
utilização. A intercalação é uma combinação da divisão (“splitting”) com a ligação (“linking”). (...)
Erickson dizia que as pessoas usam tal forma de comunicação frequentemente, enfatizando uma
palavra ou expressão. Por exemplo, a pessoa poderia estar falando de um problema no trabalho e
dizer, ‘Preciso me separar das críticas do meu chefe. Não posso deixar que ele me bote para baixo.’
A partir desse comentário, Erickson perguntaria sobre o casamento da pessoa.”

“Intercalação é enfatizar ou distinguir, não-verbalmente, certas palavras ou expressões, para criar


uma mensagem dentro de outra mensagem. Isto pode ser conseguido utilizando-se vários canais
não-verbais.”

[Conforme a PNL (Programação Neurolinguística), a intercalação pode envolver “comandos


embutidos” e “marcação analógica”.]

5.1 Enfatizar Usando o Volume da Voz

Exemplos adaptados, com negrito nos trechos onde a voz deve ter volume mais alto ou mais baixo
(usar volume mais alto ou mais baixo conforme orientação abaixo):

- Não sei quanto tempo levará para que você [próximas palavas um pouco mais alto] entre em
transe.
- Não é necessário que você [próximas palavras mais suaves] aprofunde o transe.
- Você pode estar convencido de que não consegue mudar ou de que não possível que você
[próximas palavas um pouco mais alto] mude muito.
5.2 Enfatizar Usando o Local da Voz

Exemplos, adaptados:

- Não sei quanto tempo será necessário para que você [próxima frase dita enquanto o terapeuta se
inclina para a direita] faça as mudanças que você realmente precisa fazer.
- Não é realmente preciso que você [próxima frase dita enquanto o terapeuta se inclina para a
frente] mude.

6. Introdução aos Outros Elementos

Neste capítulo, o autor discute alguns outros elementos úteis para a criação do transe.

6.1 Descrição

No diálogo com o cliente, utilize apenas descrições de fatos incontestáveis. Por exemplo, diga
“Enquanto você está aí sentado, respirando...” porque está vendo a pessoa sentada e ela estará
respirando. Diga, por exemplo, “Imagine que você está naquele lugar seguro e confortável, onde já
esteve antes, ou simplesmente um lugar da sua imaginação...” pois a se pessoa nunca tiver estado
em um lugar seguro e confortável, ainda assim poderá imaginar um. Não diga, “Imagine que você
está em uma praia linda, em uma tarde de sol...” pois a pessoa poderá não apreciar praia e sol,
podendo até ter tido uma experiência negativa associada à água. Você deve usar isso apenas se tiver
conversado com a pessoa, durante a anamnese, e determinado que ela adora praia e sol. Exemplos
de afirmações a respeito de fatos observados:

- Seus olhos estão piscando levemente.


- Seus pés estão dentro dos sapatos, apoiados no chão. Você está sentada na cadeira, com os braços
apoiados nos braços da cadeira e seus olhos estão piscando.
- Seus dedos estão se movendo, levemente.

6.2 Truísmos

São afirmações necessariamente verdadeiras, ou provavelmente verdadeiras mas difíceis de


comprovar ou contestar. Exemplos, adaptados:

- Há um bocado de coisas acontecendo dentro de você.


- Seu inconsciente está ativo e trabalhando para você durante o dia e à noite, quando você está
dormindo.
- Muitas coisas podem acontecer quando você está em transe.

6.3 Espelhamento

O espelhamento consiste no hipnoterapeuta alinhar algumas partes do seu comportamento ou


comunicação com algo análogo no comportamento do cliente.

6.3.1 Espelhamento do Ritmo

Normalmente, espelha-se o ritmo da fala ou da respiração do cliente. Pode-se espelhar, também, o


movimento rítmico do pé, perna, mão ou dedos do cliente. Espelhamento cruzado é, por exemplo,
espelhar o movimento do pé do cliente com um movimento parecido dos dedos das mãos.
6.3.2 Espelhamento do Comportamento Corporal

Pode-se espelhar a postura ou movimentos corporais do cliente, tais como cruzamento das pernas,
piscos, etc. É importante fazer isso de forma que a iniciativa não seja conscientemente detetada.

6.3.3 Espelhamento do Tom de Voz

Pode-se espelhar a tonalidade (aguda ou grave), tendo-se o cuidado de não parecer uma “imitação”,
o que poderia ser interpretado como desrespeitoso. Não espelhe tonalidades correspondentes a
sentimentos ou eventos negativos. Seria totalmente errado, por exemplo, espirrar porque o cliente
tossiu.

6.3.4 Espelhamento do Volume da Voz

Semelhante ao item anterior, mas com relação ao volume da voz do cliente.

6.3.5 Espelhamento da Gramática ou Vocabulário

Pode-se espelhar o estilo do cliente, dentro de certos limites. O’Hanlon cita um exemplo em que
Erickson espelhou o estilo de conversa do cliente, que falava como uma pessoa do interior.
[Pode-se, também dentro de certos limites, espelhar o sotaque do cliente.]

O’Hanlon menciona uma paciente que, toda a vez que ouvia o termo “inconsciente”, lembrava-se
do momento em que havia sido anestesiada e estava sendo levada para a sala de operação de um
hospital. O’Hanlon passou a usar o termo “subconsciente” com essa paciente.

6.4 Conduzindo a Atenção e Associações

Evite criar associações a tópicos desagradáveis tais como dor, fracasso e coisas semelhantes, a não
ser que tenha uma razão específica para isso.

6.5 A Técnica de Confusão

Erickson achava que a resistência à hipnose vem da mente consciente. Para lidar com isso, ele usava
a técnica denominada “confusão”, que se destina a “confundir” a mente consciente do cliente,
facilitando a entrada no transe.

Exemplo, adaptado:

- Agora você pode estar consciente de certos processos inconscientes e alguém também poderia não
estar consciente de certas coisas conscientes, assim como há coisas de que se pode estar consciente
agora e que então alguém se esquece de lembrar, e pode de vez em quando lembrar de esquecer.
Esses esquecimentos podem ser fáceis de lembrar agora, mas se eu perguntasse a você por eles
depois, você poderia não lembrar que os esqueceu. Isto é, conscientemente, você poderia não
lembrar, mas é provável que sua mente insconsciente lembre agora o que o seu inconsciente
esqueceu então. Assim, então, como é que o seu inconsciente decide o que lembrar, o que tornar
consciente e o que esquecer, e o que manter inconsciente? Realmente não sei como explicar tudo
isso, mas você não precisa entender. Pode apenas entrar em transe da maneira mais conveniente
para você.

[Esta técnica deve ser pouco utilizada e com cuidado, para que “o tiro não saia pela culatra”.]
A Cultura e Território da Terra do Transe

Nos próximos capítulos, o autor tratará de linguagem hipnótica, hipnoterapia e inclusão (este último
termo corresponde tanto a um método de hipnose, quanto a uma forma de utilizar métodos
permissivos fora do contexto hipnótico).

7. A Linguagem do Transe

7.1 Utilizar Linguagem Passiva

Na hipnose, somos encorajados a utilizar a linguagem passiva, escondendo intencionalmente o


sujeito das ações. Tudo que é “escondido” e vago poderá ser “preenchido” pelo cliente.

7.1.1 Remova o Ator e o Verbo da Sentença

O primeiro método é esconder o sujeito da sentença. O segundo é utilizar nominalizações, ou


transformar verbos em substantivos. Exemplos, adaptados:

- Usar “O relaxamento pode acontecer”, ao invés de “Você pode relaxar”


- Muitas coisas podem acontecer durante o transe. Vários movimentos podem acontecer no seu
corpo, na sua mente, nas suas emoções. Notar essas coisas pode acontecer ou não, mas não é
preciso dar atenção ou ter preocupação com elas se não forem importantes. Isso... apenas
permitindo... o que quer que aconteça... se desenrolar de seu próprio jeito... no seu próprio ritmo.
- A atenção pode se desviar para os móveis da sala, para a respiração, para a voz, para os
pensamentos errantes, para as sensações fluidas, ou qualquer outra coisa que a capture.

7.1.2 Transformar Verbos em Substantivos

Pense em um verbo e transforme-o em um substantivo. Utilize este último na indução.


Alguns casos (verbo ==> substantivo):
Comunicar ==> Comunicação
Pensar ==> Pensamentos
Aprender ==> Aprendizados
Experimentar ==> Experiências

Exemplos, adaptados:

- A comunicação pode acontecer entre o consciente e o inconsciente, mas a percepção não acontece,
necessariamente, quando isso ocorre. Vários processos que são parte da experiência diária não estão
sempre acessíveis à nossa consciência e isso provavemente é uma boa coisa. Os pensamentos
passam pela mente, não sendo necssário que dediquemos atenção a eles, ou que ajamos em função
dos mesmos.
- Há pensamentos que podem vir a você quando estiver em transe, pensamentos que você pode ter,
pensamentos que podem ‘pensar’ você. Tais pensamentos podem influenciar sentimentos,
sensações, percepções, conclusões e experiências. Você pode ter pensamentos a respeito de
pensamentos, pensamentos sobre sentimentos, sentimentos sobre pensamentos e sentimentos sobre
sentimentos.
- O medo pode ser um amigo ou um inimigo. Como você se relaciona com o medo pode mudar em
poucos instantes, durante a sua vida. Você pode parar e olhar o medo nos olhos; você pode caminhar
através do medo; você pode usá-lo como um sinal. Como o ex-presidente dos EUA, Franklin
Roosevelt, disse, “A única coisa que precisamos temer é o próprio medo”, o que parece um
paradoxo. Você pode aprender a ficar confortável com o medo.
7.1.2 Usar Palavras Vazias

O’Hanlon chama essas palavras de “palavras de político” ou “palavras de charlatão”, pois são
palavras suficientemente genéricas para que possam assumir vários significados - aí, cada um
interpreta como quiser. Deve-se ser tão vago quanto possível. Frases vazias geralmente contém
palavras tais como: muitos, alguns, coisas, vários, algumas vezes, algumas pessoas, etc. Exemplos,
adaptados:

- Você pode fazer várias coisas em transe; coisas que ajudam de várias maneiras.
- Você pode ir aonde quer que queira, ou descobrir-se divagando e fazer o que for preciso em transe.
Você não precisa fazer nada ou ir a nenhum lugar que não seja correto para você.
- Você pode visitar um tempo e lugar específicos e eu não preciso sequer saber onde,
especificamente, você foi.
- As pessoas muitas vezes percebem coisas, durante o transe, que levam a mudanças significativas
em suas vidas.

8. Tudo o Que Você Sempre Quis Saber sobre a Natureza da Hipnose e Estava em um Transe
Profundo Demais para Poder Perguntar

Neste capítulo, o autor fornece uma visão geral da hipnose.

8.1 Indicadores Comuns de Transe

Achatamento dos músculos faciais; mudança na cor da pele; imobilidade; diminuição dos
movimentos; um membro (normalmente a mão ou o braço) fica no mesmo lugar (fenômeno
frequentemente chamado catalepsia); mudanças no piscar ou engolir; pulso e respiração alterados;
movimentos erráticos; olhar no infinito; olhar fixo; mudança na voz; demora na resposta;
continuação da resposta além do tempo usual (por exemplo, continuar balançando a cabeça
afirmativamente por muito tempo em resposta a uma pergunta); literalismo (por exemplo, se você
perguntar, ‘Pode me dizer seu sobrenome?’ a pessoa pode responder ‘Sim.’; músculos relaxados
(isto não é universal; algumas pessoas não relaxam em transe). Outros indicadores, como a perda da
noção do tempo, podem ocorrer.

8.2 Quatro Caminhos para os Estados Alterados

O transe hipnótico é um dos vários tipos de estados alterados. Todos os estados alterados possuem
quatro elementos comuns - o autor chama esses elementos ‘os quatro portais do transe’.

8.2.1 Ritmo

Ritmos repetidos, como existem na música, balanço, respiração, padrões de linguagem rítmicos,
etc., podem levar uma pessoa a um estado alterado. Nesta abordagem hipnótica, o que mais usamos
são ritmos de voz. Falamos quando as pessoas expiram. Exemplo, adaptado:

- (Observando a respiração da pessoa subir e descer durante algum tempo, antes de falar) E você
pode... (falando quando a pessoa expira e parando quando ela para de inspirar) deixar-se ficar
exatamente onde está... mesmo que...
8.2.2 Desfocar a Atenção

Este estado é semelhante ao que podemos experienciar durante uma palestra chata ou ao dirigir
durante um longo período de tempo em uma estrada reta. A mente fica ativa, mas perde o foco em
algo específico. Exemplo, adaptado:

- Você pode lembrar de vezes nas quais estava apenas divagando, sem pensar em nada
especificamente. A hipnose pode ser assim. Não há nada que você precise fazer, basta divagar de
um pensamento para outro, seguir de um estado mental para outro.

8.2.3 Atenção Intensamente Focada

Isto pode parecer contraditório em relação ao item anterior, mas a atenção intensamente focada é
uma outra porta para o transe. Este estado é semelhante a prestar toda a atenção a um palestrante
interessante ou a um filme que apreciamos muito. Quando a atenção se foca intensamente, o transe
pode surgir. Exemplo, adaptado:

- Algumas vezes em que escuto música, torno-me bastante dedicado a identificar um dos
instrumentos, por exemplo, o baixo ou a bateria, seguindo-o durante toda a música. Mas tarde,
percebo que estava em um tipo de transe. Você pode lembrar de uma experiência semelhante e focar
a atenção dessa maneira, continuando a entrar em transe de um jeito correto para você.

8.2.4 Dissociação

Trata-se de convidar a pessoa a se dividir de alguma forma, muitas vezes tendo a impressão de que
uma parte dela age independentemente. Isto pode acontecer espontâneamente, mas também por
convite. Exemplo, adaptado:

- Uma vez, quando estava dando uma demonstração de hipnose na Finlândia, pedi que quatro
voluntários que falassem e entendessem inglês muito bem participassem da demonstração. Durante
o transe, convidei as pessoas a sair do transe do pescoço para cima e permanecer em transe do
pescoço para baixo. Depois disto, convidei todos a experienciar a levitação da mão. Posteriormente,
uma das participantes contou-me que, durante o transe, percebeu que não conseguia mais entender
inglês, mas que seu corpo ainda conseguia. Disse que, quando a convidei para a levitação da mão,
não conseguiu entender o que eu estava dizendo, tendo que esperar pela tradução finlandesa que
estava sendo fornecida. No entanto, sentiu movimentos espontâneos na mão antes de ouvir a
tradução, o que levou-a a saber que seu corpo ainda entendia inglês, embora sua mente não
conseguisse. Há partes de você que podem entender coisas que outras partes não conseguem
entender.

[Uma dissociação muito comum é supor que a pessoa tem uma parte inconsciente (ou
subconsciente) e uma parte consciente.]

8.3 Por Que Usar Transe?

O transe pode complementar a terapia convencional e, às vezes, produzir resultados não alcançados
pelos métodos comuns. O transe é particularmente bom para influenciar e modificar experiências
automáticas, isto é, aquelas não facilmente controláveis pelos esforços conscientes das pessoas.
8.4 Quando Usar Hipnose

O autor usa hipnose, basicamente, para sintomas ou problemas de natureza involuntária, isto é,
aqueles problemas e sintomas que a pessoa não consegue produzir ou controlar voluntariamente.
Normalmente, não utiliza hipnose com problemas que podem ser resolvidos por meio de esforços,
atividades ou mudanças voluntárias, realizadas pelo controle consciente da pessoa. A hipnose
provavelmente será selecionada quando a pessoa já tentou métodos voluntários sem conseguir
resolver o problema. Pode-se, também, utilizar uma combinação de hipnose com outros métodos. A
seguir, alguns problemas psicoterápicos e comentários sobre sua natureza.

8.4.1 Ataques de Pânico

São normalmente involuntários, já que os sentimentos e sensações de pânico surgem fora da


consciência da pessoa. Tratáveis com hipnose.

8.4.2 Tabagismo

Trata-se de uma combinação de elementos voluntários (comprar ou pedir cigarros, colocá-lo na


boca, acendê-lo, inalar a fumaça) e involuntários (sentir falta da nicotina, sentir-se relaxado após
uma inalação). Dessa forma, o problema pode ser tratado por uma combinação de métodos
hipnóticos e não hipnóticos. [No livro, o autor fornece sugestões sobre como tratar o tabagismo]

8.4.3 Insônia

É um bom assunto para usar hipnose, já que é basicamente involuntário.

8.4.4 Dissociação

Outro caso para hipnose, já que ocorre sem participação da consciência. Neste caso a pessoa sente-
se desligada de tudo.

8.4.5 Depressão

É, geralmente, uma combinação de ações conscientes e experiências involuntárias. É comum as


pessoas abandonarem as conexões sociais antes de ficarem deprimidas. Começam a pensar de várias
maneiras que dão ensejo à depressão. Tornam-se fisicamente menos ativas. Os aspectos
involuntários da depressão, geralmente tratados com remédios, também podem ser tratados com
hipnose, que pode ser um tratamento complementar ou alternativo.

[O autor posteriormente escreveu, em 2014, o livro ‘Out of the Blue: Six Non-Medication Ways to
Relieve Depression’ (‘Saindo da Tristeza: Seis Maneiras de Aliviar a Depressão sem
Medicamentos’), que trata especificamente da depressão]

8.5 Fenômenos de Transe

Para que servem os fenômenos de transe?


- Convencem você e o cliente de que ele está em transe
- Geralmente aprofundam o envolvimento do cliente com a experiência de transe
- Também são usados como tratamento (mais sobre isto adiante)
Em seguida, no livro, o autor fornece uma lista de mudanças que podem ser obtidas em um estado
de transe, nas seguintes áreas: percepção do corpo, percepção visual, percepção auditiva, percepção
gustativa e olfativa, percepção do tempo, atenção, memória, mudanças fisiológicas, mudanças
musculares, associações e dissociações, emoções.

8.6 Métodos para Evocar Fenômenos de Transe

Nos fenômenos de transe não se acrescenta nada do exterior. Tais fenômenos já existem nas pessoas
e são evocados pelas interações entre o cliente e o hipnotizador.

8.6.1 Dar Permissão

Exemplos, adaptados:

- Sua mão e braço podem começar a subir, um pouquinho de cada vez, sem que você faça nada.
- O tempo pode mudar. Pode ficar mais esticado, ou pode ficar mais condensado, assim como você
pode perder completamente a noção do tempo.
- Você pode notar que algumas partes do seu corpo estão ficando dormentes.
- Você não tem que fazer nada que não seja importante para você.

8.6.2 Pressupor uma Resposta/Reação

Exemplos, adaptados:

- Em quanto tempo uma das suas mãos vai subir?


- Qual mão vai subir primeiro?
- O que você vai notar primeiro e que vai indicar qual mão vai subir primeiro?
- Quão relaxada você vai ficar? Eu não sei.
- Quando você vai começar a sentir essa dormência? Seu inconsciente vai decidir e vai nos informar
de um jeito certo e no momento apropriado.

8.6.3 Lembrar e Guiar Associações a Experiências Anteriores Comuns

Exemplos, adaptados:

- Talvez você possa lembrar uma vez em que dirigiu um longo tempo na estrada; o tempo
simplesmente desapareceu.
- Quando o dentista deu a você uma anestesia, você sentiu uma dormência. Seu corpo e sua mente
podem lembrar disso fisiologica e experiencialmente, e criar uma dormência semelhante onde você
precisar disto agora.

8.6.4 Analogias, Relatos e Histórias

Exemplos, adaptados:

- Quando eu era criança, não podia esperar a hora da saída da escola, ao final do dia. Durante a
última meia hora - a saída era às 3 da tarde, eu era um garoto dividido (isto é um convite à
dissociação). Uma parte da minha atenção estava no relógio, na parede da sala de aula; uma parte
da minha atenção estava na professora e no que ela estava dizendo (os castigos eram duros para a
gazeta na minha escola); uma outra parte de mim já estava imaginando como eu ia me divertir
depois que saísse da escola. O problema era que os relógios industriais que havia nas salas de aula
tinham uma tendência a ficar com os ponteiros parados e presos no mesmo lugar (isto é um convite
à imobilidade dos braços e mãos). Parecia que eram 2:33 durante 15 minutos (isto é um convite à
distorção do tempo). O ponteiro do relógio simplesmente não se mexia. Finalmente, ele daria um
pulo e subiria 2 ou 3 minutos de uma vez só (isto é um convite à levitação da mão ou braço).

- Há alguns anos, eu estava em um avião voltando aos Estados Unidos, vindo da Austrália. Quando
atravessamos a Linha Internacional das Datas, o capitão anunciou que ‘Em dois minutos, será
ontem’. Isso fez-me entender que o relógio e o calendário podem ser diferentes do tempo subjetivo.
Você pode alterar o tempo interior, de modo a ter tempo suficiente para arrumar tudo o que precisa
ser arrumado. E você pode se transportar para qualquer tempo que precisar ser visitado, no passado
ou no futuro, para resolver o que precisa ser resolvido.

8.6.5 Frases Intercaladas

(para evocar a levitação da mão e braço até a face)


- Mudei de casa no ano passado. Muitas coisas mudaram de lugar quando me mudei. Todas essas
mudanças exigiram alguma adaptação. Algumas delas me levaram para cima e outras foram
desafiadoras. Tive que encarar alguns problemas interiores e tocar em forças e fraquezas das quais
eu não tinha muita consciência antes. Olhando para trás, sei que fiz um movimento para
crescimento pessoal. Às vezes vamos para cima por meio de desafios e dificuldades.

[para relaxar]
- Você pode voltar para um tempo quando se sentia mais relaxada e melhor. Você veio a mim
buscando alívio e eu gostaria que você se sentisse aliviada e melhor. De fato, poderia parecer
difícil, mas eu gostaria que você... sinta-se bem. É difícil dizer se há algo nos seus músculos que
poderia mudar para que você se sinta melhor, ou alguma outra coisa. De qualquer forma, seu
inconsciente poderá fazer as mudanças que resolverão o que precisa ser resolvido.

[A intercalação, por vezes, exige que as regras comuns da gramática sejam violadas]

9. O Que Você Faz para Obter o Resultado Clínico, depois Que a Pessoa Entrar em Transe?

9.1 Objetivos da Hipnose Tradicional vs. Orientada à Solução

A hipnoterapia tradicional procura encontrar as origens ou causas dos problemas, por meio da
hipnose. Na hipnose ericksoniana ou Orientada à Solução, procuramos descobrir e criar conexões
com as habilidades e recursos dos clientes. A principal orientação é para o presente e para o futuro,
enquanto na hipnose tradicional a orientação é mais para o passado e sua relação com o presente.

9.2 O Modelo de Classes de Problemas e Classes de Solução

Este é o modelo derivado por O’Hanlon para implementar o método ericksoniano.


Na abordagem de O’Hanlon, o foco é no problema existente e nos recursos necessários à respectiva
solução.

9.2.1 Determinar o Foco da Intervenção Hipnótica

Este modelo requer a identificação de um problema específico, tal como “enxaquecas”, “insônia”
ou “ataques de pânico”. O modelo não funcionará bem para problemas descritos como, por
exemplo, “auto-sabotagem” [Esta última expressão parece mais um diagnóstico do que um
problema].
9.2.2 Transformar Problemas em Processos

O problema precisa possuir aspectos abertos à mudança. Pode existir, por exemplo, uma sequência
de coisas que acontece automaticamente, onde poderemos intervir. Por exemplo, uma enxaqueca
pode ser vista como possuindo uma quantidade de elementos que podem ser modificados: alguns
vasos sanguíneos dilatam e outros se contraem. Há uma mudança na química do sangue. Os
músculos de certas partes do corpo se tensionam. Os ouvidos tornam-se mais sensíveis ao som; os
olhos, mais sensíveis à luz, etc. Neste caso, as intervenções podem se dirigir a qualquer um desses
aspectos do processo ou padrão seguido pela enxaqueca.

Pense sobre o problema como um conjunto de ações internas e não como uma “coisa”. Escolha uma
ou mais dessas ações e intervenha, para determinar se o transe pode fazer uma diferença positiva.

9.2.3 Como a Pessoa (ou Seu Corpo) Faz Isto?

Uma das maneiras de obter uma descrição do problema é perguntar a si próprio: “Se eu tivesse
completo controle sobre o corpo e a mente desta pessoa, como eu criaria este problema?”

9.2.4 A Qual Classe de Problemas Este Pertenceria?

Pode-se determinar a classe de problemas a partir de respectiva descrição. Por exemplo, no caso de
um ataque de pânico, uma classe de problemas poderia ser “aumento dos batimentos cardíacos”.
Para uma pessoa que estivesse vivendo relacionamentos (“casos”) fora do casamento, uma possível
classe de problemas seria “ser impulsivo”. Para uma pessoa que tivesse temperamento muito
agressivo, uma possível classe de problemas poderia ser “deixar que sentimentos causem suas
ações”. Para cada classe de problemas especificada, será preciso que você tenha uma ideia do seu
oposto e acredite que a classe seja modificável por meio de hipnose.

9.2.5 Qual Seria a Classe Oposta Que Pode Resolver o Problema?

Pense no oposto da classe de problemas: algum recurso, habilidade, padrão de experiências, etc. que
possa desfazer o problema. Para a classe de problemas “aumento dos batimentos cardíacos”, por
exemplo, o oposto seria “batimentos cardíacos mais lentos”.

9.2.6 Qual Relato, Analogia, Fenômeno de Transe, Atribuição de Tarefa ou Ação Interpessoal
Evocaria o Recurso?

O próximo passo é uma intervenção que acesse ou evoque o recurso, habilidade ou padrão de
experiência que sirva para a classe de solução. Um exemplo de ação interpessoal para evocar um
recurso é fazer alguém se ruborizar a partir de algo dito por você.

9.2.7 Transferir a Habilidade ou Recurso Evocado para a Área Problema

Esta ação é normalmente chamada “sugestão pós-hipnotica”. O autor prefere chamá-la “ligar (ou
vincular) o recurso evocado à área problema”, para retirar a ênfase do aspecto sugestivo da hipnose.
Para executar esta fase, pode ser usada uma história, analogia, fenômeno de transe, ação
interpessoal ou atribuição de tarefa. Exemplos, adaptados:

- Da próxima vez em que você pudesse ter uma enxaqueca, sua mente inconsciente e seu corpo
poderão trabalhar juntos para alterar o comportamento dos vasos sanguíneos, de modo que a
enxaqueca não acontecerá.
- Se o seu inconsciente detetar um aumento na frequência dos seus batimentos cardíacos, o que teria
levado você a um ataque de pânico no passado, o seu corpo poderá diminuir automaticamente a
frequência dos seus batimentos cardíacos.

O’Hanlon avisa que é preciso trabalhar com este modelo durante algum tempo para obter sucesso.

9.3 Confiar no Seu Inconsciente - Eis a Questão

“O Dr. Erickson gostava de dizer: ‘Confie no seu inconsciente. Ele sabe mais do que você.’
Erickson dizia que o inconsciente é um repositório de habilidades e recursos. Tinha uma visão um
tanto positiva, se comparada à de Freud, pois este achava que o inconsciente era um caldeirão de
necessidades primitivas e reprimidas, que necessitavam do ego e do superego para controlá-lo, caso
contrário todos nós seríamos como o Mr. Hyde, cometendo atos violentos e satisfazendo nossas
necessidades egoístas.

Como fui influenciado por Erickson, tenho acreditado, durante anos, nesta visão do inconsciente
mais benevolente e cheio de recursos. No entanto, diversas coisas levaram-me a repensar isto.
Primeiramente, meu amigo e colega aluno de Erickson, Stephen Gilligan, uma vez deu uma palestra
em uma das conferências ericksonianas, com o título Se o Inconsciente é Tão Esperto, Por Que as
Pessoas Têm Problemas e Sintomas? Achei esta uma boa pergunta, que me levou a refletir.

Algum tempo depois, outro colega, Joe Barber, estava comentando durante uma conferência
ericksoniana: “Esses ericksonianos deixam-me louco dizendo para confiarmos no inconsciente! Não
sabem que o inconsciente é burro, burro?”

Considerei este dilema por alguns anos e finalmente cheguei à minha visão sobre o assunto. Eis a
minha resposta:

O inconsciente é esperto a respeito das coisas sobre as quais é esperto, burro a respeito
das coisas sobre as quais é burro e esperto a respeito de algumas coisas sobre as quais
é burrice ser esperto.

Para que você não pense que estou tentando ser engraçadinho, ou tentando usar a técnica de
confusão de Erickson em você, deixe-me explicar.

Digamos que você conseguiu dominar o tênis (o esporte). Você já vem jogando tênis há algum
tempo, fazendo aulas, praticando seu suíngue, seus saques, etc. Você está ficando muito bom nisso.
Em um certo ponto, seus músculos começam a aprender tênis e você não precisa mais pensar nisso.
De fato, você descobre que, se pensar no jogo, acaba jogando pior. Uma forma de descrever isto é
dizer que o seu inconsciente é ‘esperto’ para jogar tênis. Você pode entrar na quadra e confiar no seu
insconsciente, pois ele sabe muito e codificou isto automaticamente.

Toco violão e sou muito bom nisto. Poderia dar uma palestra, ver televisão ou ler um livro e, ao
mesmo tempo, tocar coisas razoavelmente complexas em meu violão. Meus dedos sabem o que
fazer, então não preciso prestar muita atenção a isso. Meu inconsciente é ‘esperto’ a respeito de
tocar violão.

Então, se o seu inconsciente é ‘esperto’ a respeito de alguma coisa, confie nele para isso. No
entanto, há algumas coisas sobre as quais você não deve confiar no seu inconsciente, pois ele é
‘burro’ a respeito disso. Se você não souber digitar rápido no computador, deverá olhar para as
teclas; caso contrário, sua digitação sairá cheia de erros, pois neste caso seu inconsciente é ‘burro’ a
respeito de digitar. Eu não conseguiria dar uma palestra e tocar bandolim ao mesmo tempo. Meu
inconsciente é ‘burro’ a respeito de tocar bandolim.”

O autor prossegue dizendo que, às vezes, o seu inconsciente é inteligente em coisas nas quais é uma
burrice ser inteligente a respeito. Ele quer dizer que, ao longo, da vida, desenvolvemos padrões
inconscientes, automáticos, que não mais nos servem no momento presente. O’Hanlon fala de uma
mulher que foi sexualmente molestada quando criança, tendo se dissociado durante o ato violento.
Já adulta, a paciente dissociava-se durante qualquer manifestação física do marido, privando-se dos
prazeres e boas experiências ligados ao contato físico no casamento. Tais problemas podem ser
resolvidos com hipnose.

9.4 Como Usar Este Conhecimento para Fazer Hipnoterapia

9.4.1 Encontre o Lugar Onde os Padrões Automáticos Ocorrem e Levam a Resultados


Indesejados

Identificar os padrões automáticos que levam a maus resultados e intervir. Utilizar as técnicas Ligar
e Partir.

9.4.2 Introduzir Mudanças no Padrão Automático, Partindo e Ligando

Evoque habilidades e experiências. Ligue-as a outras experiências e sinais. Novas associações


podem ser criadas, usando histórias, sugestões permissivas, etc.

9.4.3 Cenários e Itens de Suporte

Como sempre há uma limitação de tempo, selecione o que for essencial utilizar. Tal equilíbrio virá
normalmente, com o tempo.

9.5 Histórias no Trabalho de Transe

O’Hanlon destaca alguns elementos utilizados em histórias contadas no contexto terapêutico. É


importante que a história tenha personagens, com quem o cliente poderá se identificar; que algo
aconteça na história; que a história tenha um início, um meio e um final, caso contrário parecerá
incompleta. Também é útil ter diálogos e não somente um narrador. A história deve ser interessante
e despertar a curiosidade do cliente a respeito do que acontecerá com os personagens. Utilizar
perigo, confusão ou conflito poderá ajudar a criar o clima de curiosidade (ou suspense) mencionado.

Também é útil ser suficientemente vago para que o cliente preencha as “lacunas” com sua
imaginação. Por exemplo, um conto de fadas implementaria este princípio assim: “Uma vez, há
muito tempo, em um lugar distante, vivia um jovem que possuía um curioso objeto. Esta é a história
do que aconteceu com ele e como conheceu a verdadeira natureza do objeto que iria mudar sua
vida”. Note como vários itens ficam indeterminados, de modo a estimular a imaginação do cliente.

Ao mesmo tempo, tornar a história vaga demais poderá torná-la maçante e não dar suficiente
material ao cliente para querer seguí-la. Pode ser bons incluir nomes, lugares, ações e detalhes
sensoriais a fim de envolver o cliente, ao mesmo tempo deixando vago o suficiente para estimular
sua imaginação.
10. A Inclusão como Intervenção

O autor conta que, depois de usar seu método por algum tempo, algumas pessoas notaram que a
própria indução hipnótica era curativa, mesmo antes da intervenção e tratamento.
Há dois aspectos principais na terapia inclusiva: permissão e inclusão. Estas técnicas são
especialmente úteis em casos de dissociação, vergonha, problemas limítrofes e pós-traumáticos.

Um livro de O’Hanlon, de 2003, descreve especificamente este método: “A Guide to Inclusive


Therapy” (“Um Guia para a Terapia Inclusiva”).

10.1 Permissão

Exemplos, adaptados:

- Não há problema em ficar dormente e não sentir nada naquela área. Isso pode mudar com o tempo
e não precisa mudar agora, ou mudar rapidamente.
- Faz sentido que você tenha medo de se aproximar de alguém. Não significa que o medo vá ficar lá
para sempre e você pode sentí-lo agora.
- Você não tem que saber agora. Está tudo bem se não souber. Você não tem que ficar melhor agora.

10.2 Inclusão de Opostos

O segundo elemento da inclusão entra no aspecto não racional do transe: permitir que dois opostos
coexistam na experiência do cliente.

Exemplos, adaptados:

- Você pode estar com medo e estar calma ao mesmo tempo.


- Você pode ficar exatamente onde está e seguir em frente.
- Você querer continuar sendo a mesma pessoa e querer mudar. Você pode ter medo de mudar e
ainda assim, mudar.
- Você pode nunca se recuperar disso e mesmo assim seguir em frente.
- Você pode ter que se segurar para poder abrir mão.

10.3 Identificar Injunções Que Podem Resultar em Inclusão

Injunções são regras que aprendemos em nossa cultura, nossa educação de gênenero, nossos pais e
famílias, ou decisões que tomamos. Se você determinar que uma dessas regras está limitando seu
cliente, utilize a permissão oposta, que pode ajudar a desfazer a injunção.

Exemplos, adaptados:

- Sei que na sua família a regra era sempre manter a paz, mas às vezes é bom balançar o barco um
pouquinho.
- Na sua casa, ninguém deveria notar o elefante na sala e agora, que você é um adulto, é correto
notá-lo e falar sobre o elefante.
- Você não tem que ser sempre o cara legal. É correto pedir o que você quer, ou até ficar bravo.
11. O Guia do Caroneiro para a Hipnose Orientada à Solução

Neste capítulo, o autor fornece uma visão geral (e revisão) da hipnose ericksoniana, ou Orientada à
Solução - uma visão da floresta, depois de termos ficado bastante tempo olhando as árvores. O
processo é apresentado em seis passos:

Passo 1: Elimine a pressão e aceite a pessoa, onde e como estiver

Exemplos, adaptados:

- Você pode simplesmente ser você mesma, onde você está. Se estiver nervosa, tudo bem. Não
precisa estar relaxada para se interiorizar. Você não precisa ouvir ou acreditar em nada do que eu
disser.
- Está certo. Você pode abrir seus olhos quando quiser e olhar ao redor. Você pode querer fechá-los
novamente, ou deixá-los abertos e continuar em transe, o que for mais confortável para você.

Passo 2: Siga o Ritmo

Fale apenas quando a pessoa expirar. Mesmo se pular uma ou duas respirações, comece a falar
novamente na expiração. [Pular respirações evitará que você fale demais, ou rápido demais]

Passo 3: Crie uma expectativa de resposta à experiência e às sugestões

Assuma que a pessoa entrará na experiência e obterá os resultados pretendidos.

Exemplos, adaptados:

- Não sei com que velocidade ou profundidade você se interiorizará. Cada pessoa é diferente.
- Você pode ou não notar quando começar a relaxar mais e se sentir mais confortável.

Passo 4: Sugira Algumas Mudanças Automáticas

Exemplos, adaptados:

- Sua mão pode começar a subir automaticamente, apenas um pouquinho de cada vez.
- Você pode sentir dormência em alguma parte do seu corpo. Ela pode crescer até que você a note.

Passo 5: Assim que obtiver uma resposta, aceite, estenda e dirija a mudança para o objetivo
clínico

Exemplo, adaptado:

- E, conforme aquela mão sobe, você pode estar indo mais fundo interiormente e se preparando para
relaxar ainda mais. Seu corpo pode se preparar para controlar o sangramento, de forma que você
tenha exatamente o suficiente para limpar a área, sem nenhum sangramento desnecessário.

Passo 6: Convide a pessoa a se reorientar para a realidade externa e sugira resultados


positivos no futuro

Exemplo, adaptado:
- Agora, no seu próprio ritmo e velocidade, você pode retornar daquele foco interior e se reorientar
totalmente, trazendo consigo o relaxamento e a habilidade de controlar seu desconforto. Você pode
continuar a eliminar quaisquer desconfortos adicionais e manter apenas a dor indispensável.

12. Bom Transe / Mau Transe

Neste capítulo, o autor explica a diferença entre um “transe sintomático” e um “transe terapêutico”.
Embora o transe hipnótico guarde certa semelhança com alguns estados negativos, tais como
distúrbios dissociativos e psicóticos, há uma grande diferença entre esses tipos de transes.

Nos transes terapêuticos (ou “bons transes”), o hipnoterapeuta oferece ao cliente um relacionamento
de aceitação e validação. Nos transes sintomáticos (ou “maus transes”) as pessoas são normalmente
invalidadas e não aceitas pelos contextos, por si próprias e por outras pessoas.

O’Hanlon apresenta uma tabela com as diferenças detalhadas entre os bons e maus transes.
fornecendo ainda uma bibliografia sobre o assunto ao final do capítulo.

13. O Processo de Hipnoterapia Ericksoniana

Mais uma visão geral, que pode ajudar a oferecer ao cliente este tipo de orientação
hipnoterapêutica.

1. Avalie as reclamações e identifique os objetivos do cliente. Semeie mudanças e crie uma


expectativa de mudança.
2. Esteja certo de que a reclamação se refira a um processo automático (se não for este o caso,
utilize intervenções não hipnóticas).
3. Introduza o conceito de trabalho interno e hipnose. Dê segurança e ressignifique, se necessário.
4. Induza um foco interior, evoque recursos, obtenha respostas e ajude a pessoa a reorganizar sua
realidade experiencial (partindo, ligando, alterando, deletando e criando sensações e percepções,
assim como experiências fisiológicas, musculares, psicológicas ou emocionais). Ofereça uma série
de possibilidades e note quais eliciam respostas no cliente.
5. Ligue os recursos e alterações evocados ao futuro e aos contextos apropriados.
6. Conclua o trabalho interior ou hipnose.
7. Discuta a experiência, tanto quanto a pessoa queira. Continue a semear mudanças e a criar
expectativas de mudança.
8. No próximo contato, obtenha e utilize informações sobre os resultados posteriores à sessão.
9. Induza o estado interior. Continue ou expanda as respostas que ajudaram. Ofereça novas
possibilidades, se for necessário.
10. Repita os passos 7 a 9 tantas vezes quantas for necessário para que você e o cliente estejam
certos de terem feito todo o trabalho. “Todo o trabalho” significa que você e o cliente estarão
satisfeitos de que todas as preocupações relevantes foram abordadas.
11. Combine um acompanhamento por meio de visitas, correspondências, telefonemas, etc.

Ao final do livro, o autor fornece uma bibliografia sobre hipnose ericksoniana.

* * * Fim das Notas

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