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Os objetivos destas anotações são: (1) Para quem leu o livro - poder
relembrar vários tópicos do mesmo, lendo apenas 22 páginas, ao
invés das 106 do original. (2) Para quem não leu - ter uma razoável
ideia do tipo de assunto que o livro aborda e, quem sabe, decidir pela
aquisição e leitura do mesmo, ou de outros livros de Bill O’Hanlon.
Bill teve o privilégio de estudar pessoalmente com o grande Milton
H. Erickson... e até de ser o jardineiro de Erickson.
Prefácio
“Bem-vindo à terra do transe! Gastei um bocado de tempo neste território ao longo dos últimos 30
anos, tanto pessoalmente quanto guiando outras pessoas. Escrevi dois outros livros sobre transe e
sua utilização no trabalho de mudanças (Hipnose Orientada à Solução e Raízes Profundas - Solution
-Oriented Hypnosis e Taproots).”
“A hipnose pode nos ensinar muitas coisas sobre como funcionam a mente humana, as percepções e
as emoções. Também pode nos mostrar como ajudar as pessoas a mudarem essas percepções,
processos mentais e emoções, a fim de resolver problemas.”
“Este livro é o resultado de muitos anos ensinando profissionais a convidar, de forma convincente,
seus clientes para o transe, e a ajudar tais clientes a reduzir ou eliminar o sofrimento que os levou a
pedir ajuda.”
“A hipnose pode intimidar as pessoas, então procurei torná-la amigável e não assustadora. Espero
ter conseguido, e que você aprecie profundamente este livro (e mais profundamente ainda).”
“Bill O’Hanlon
Santa Fe, New Mexico,
Setembro de 2008.”
“Há dois tipos principais de hipnose: autoritária e permissiva. A tradição que pratico e que vim a
chamar de hipnose orientada à solução, é permissiva. Estudei com o falecido psiquiatra Milton H.
Erickson alguns anos antes de sua morte em 1980 (na verdade fui o jardineiro de Erickson enquanto
estava frequentando a pós-graduação, estudando para ser um terapeuta familiar e de casais. Não
tinha dinheiro suficiente para pagar as aulas de Erickson).”
“A pedra fundamental da abordagem permissiva para a hipnose é: a pessoa sabe o caminho. A tarefa
do hipnoterapeuta é manter o cliente em movimento.”
“A abordagem orientada à solução é, por outro lado, baseada mais na evocação do que na sugestão.
Os hipnoterapeutas orientados à solução acreditam que as pessoas possuem respostas e
conhecimento dentro de si, que podem ser tocados e liberados por convites adequados. Os convites
adequados são aqueles que realmente ressoam com uma certa pessoa. É por isso que esta
abordagem, embora possua um conjunto de orientações genéricas, não possui fórmulas. Cada
indução de transe é diferente das outras. Cada tratamento é único.”
- Você pode entrar em um transe tão profundo quanto for confortável para você agora.
- Seus olhos podem estar ficando pesados. Eles podem ficar abertos e você pode decidir fechá-los
quando quiser.
- Você pode ir onde quiser. Não precisa sequer ouvir o que estou dizendo.
- Você pode nem notar que está entrando em transe.
- Não há uma maneira certa ou errada de fazer isto. Você pode encontrar a sua própria maneira de
entrar em transe.
- Volte até a época na qual você tinha cinco anos de idade e encontre um momento que mudou tudo.
- Vá cada vez mais fundo no transe e volte até lá.
- Você ficará cada vez mais confiante em situações sociais.
Um hipnotizador permissivo poderia dizer:
- Eu não sei como você vai resolver esta questão, mas sei que algo dentro de você sabe o que
precisa acontecer e com quem poderá precisar falar para seguir em frente.
- Você só precisa ir tão fundo quanto for apropriado para se conectar com os recursos que precisa
para se sentir melhor e ter clareza no que virá a seguir.”
- Autoridade/leitura mental/previsão
- Palavras e tempos de verbo como é/são/será/serão
- Palavras e tempos de verbo como irá/irão, não irá/não irão
- Expressões como não consegue/não conseguirá
- Permissão/convite/abertura de possibilidades
- Palavras e tempos de verbo como pode/poderá
- Palavras e tempos de verbo como poderia/faria
- Opções com várias escolhas possíveis
“Aqui consideraremos os elementos mínimos que podem servir para convidar, de maneira poderosa
e convincente, uma pessoa a entrar em transe, utilizando esta abordagem.”
1. Permissão
“Sua tarefa é criar uma atmosfera de aceitação e conforto, não invasiva, na qual a pessoa não possa
fracassar ou fazer algo errado.”
“Erickson tinha este conceito, que chamava utilização. (...) A essência da utilização era que o
hipnoterapeuta deveria aceitar e utilizar o que a pessoa apresentasse, como parte do transe e do
tratamento.”
“Cada pessoa tem o seu próprio método de entrar em transe. Nesta abordagem, nada é visto como
resistência, mas apenas como a resposta e experiência únicas à pessoa. Qualquer resposta (exceto
violência) é vista como aceitável e é encorajada, sendo incluída como parte do processo hipnótico,
ao invés de ser considerada um bloqueio.”
“Dê a eles a impressão de que o que quer que façam está correto e é parte do processo de entrada no
transe. Isto inclui quaisquer preocupações, medos, resistências ou distrações.”
1.2. Dar Permissão Para Fazer
“Há, basicamente, dois tipos de permissão que utilizamos na indução: permissão para fazer e
permissão para não ter que fazer.” Exemplos, adaptados:
Exemplos, adaptados:
Exemplos, adaptados:
- Você pode notar os sons ao redor. Pode escolher entre ser conscientemente distraído por eles, ou
simplesmente ignorá-los.
- Você pode estar analisando cada palavra que eu digo. Tudo bem.
- Algumas pessoas acham que ficarão “fora” e não perceberão nada do que acontecer enquanto
estiverem em transe. Você pode ter pensamentos enquanto entra em transe. Pode estar dividido, de
alguma forma: parte de você entrando em transe, e parte observando o processo.
- Você diz que está ficando com medo. Não há problema em ficar com medo e continuar entrando
em transe, se estiver tudo bem para você.
- Você não tem que fazer nada acontecer. Isto é mais como simplesmente deixar as coisas
acontecerem, mas se houver problema em deixar acontecer, tudo bem também.
1.5 Use Palavras e Frases Que Abram Possibilidades (Ao Invés de Leitura Mental ou
Linguagem Preditiva)
Exemplos, adaptados:
- Você pode entrar em um transe tão profundo quanto for confortável para você agora.
- Seus olhos podem estar se sentindo pesados, ou podem ficar abertos e você pode decidir fechá-los
intencionalmente.
- Você pode ir para onde quiser. Não precisa sequer ouvir o que estou dizendo.
- Você pode nem notar que está entrando em transe.
- Não há maneira certa ou errada de reagir. Você pode encontrar seu próprio jeito de entrar em
transe.
1.6 Forneça Várias Possibilidades de Reação
Exemplos, adaptados:
- Uma das suas mãos pode começar a subir, ou você pode apenas notar um leve deslocamento nas
sensações da mão, ou pode sentí-la como se estivesse colada em sua coxa.
- Você pode prestar atenção a tudo o que estou dizendo, ou pode se deixar perambular junto com
seus pensamentos.
“Esta é a primeira habilidade que você precisa dominar neste estilo de hipnose. Você precisa ser
capaz de ajudar as pessoas a se sentirem confortáveis e não sob pressão.” Exemplo, adaptado:
- Sua mente pode divagar e ir para longe. Sua mente pode estar analisando o que estou dizendo, ou
você pode transitar por dois tipos diferentes de atenção, ou você pode estar fazendo algo totalmente
diferente, que eu nem sei o que é. E tudo isso está muito bom.
Evite: Afirmações e ações agressivas ou chocantes, leitura mental (pressupor que sabe o que a
pessoa está pensando) e pressão sobre as pessoas.
2. Pressuposição
2.1 Antes
“Este caso é quando você supõe que a pessoa vai entrar em transe em algum momento futuro.”
Exemplos, adaptados:
- Antes de você entrar em transe, quero conversar sobre alguns mitos a respeito da hipnose.
- Não entre em transe ainda. Vamos esclarecer o que você pretende conseguir quando entrar em
transe.
2.2 Depois
“Aqui você presume que a pessoa entrará em transe, mencionando coisas que acontecerão ou
poderão acontecer depois que o transe estiver concluído.” Exemplos, adaptados:
- Depois que sair do transe, você poderá lembrar tudo que aconteceu, ou poderá ser como um sonho
que desaparecerá cada vez mais, conforme o tempo passar.
- Como foi? O transe foi diferente do que você esperava?
2.3 Velocidade
Exemplos, adaptados:
- Quão rapidamente você acha que entrará em transe? Eu não sei. É diferente para cada pessoa.
- Você pode entrar em transe no seu próprio ritmo. Não precisa ir mais rápido do que é apropriado
para você.
2.4 Tempo
Exemplos, adaptados:
- Quando você entrará totalmente em transe? Eu não sei e você não sabe. Seu inconsciente decidirá
e deixará que nós dois saibamos.
- Você entrará em transe agora, ou somente na próxima sessão? Só o tempo dirá.
2.5. Profundidade
Exemplos, adaptados:
Exemplos, adaptados:
- Você vai se descobrir deixando de sentir seu corpo, conforme entrar em transe? Eu não sei. Talvez
comece apenas a se perder em seus pensamentos e experiências, conforme aprofundar o transe.
- Há várias maneiras diferentes para entrar em transe. Tenho certeza de que a sua será tão original
quanto as suas impressões digitais.
2.7 Consciência
Exemplos, adaptados:
- Fico imaginando do que você está consciente, conforme aprofunda seu transe.
- Talvez você esteja notando algumas sensações diferentes. Talvez esteja muito focado na minha
voz, conforme aprofunda o transe.
- Já notou as mudanças na sua respiração, conforme continua a entrar em transe?
- Já está consciente de aprofundar o transe? Tudo bem se não estiver.
Exemplos, adaptados:
“A mente humana tem a tendência de dividir as coisas, de fazer distinções. (...) Podemos usar esta
tendência para facilitar o processo de indução do transe e tratamento.”
Exemplos, adaptados:
3.2 Partir Alguma Coisa Anteriormente Considerada como Uma em Duas ou Mais Partes
Exemplo, adaptados:
- Você pode ter o sentimento que teve ao assistir uma cena favorita de um filme, sem lembrar que
cena foi essa.
“Erickson frequentemente utilizava tons e volumes de voz diferentes, quando estava falando do
inconsciente e quando falava de processos conscientes. Também se inclinava para um lado quando
falava do insconsciente, e para o outro quando falava do consciente. Dessa forma, mesmo quando a
pessoa estava de olhos fechados, podia ouvir essas mudanças (muitas vezes sem notá-las
conscientemente) e responder de forma apropriada à distinção.”
Exemplos:
4.2 Ligue Algo na Sua Fala ou Comportamento a Algo Que a Pessoa Está Fazendo
“Por exemplo, Milton Erickson uma vez fez isto com um homem que andava para um lado e para o
outro em seu consultório e falava de um modo ansioso e apressado. Ele disse a Erickson que estava
tão ansioso que não conseguia sentar e conversar sobre seu problema; estava a ponto de sair
correndo do consultório. Andar para um lado e para o outro, falando compulsivamente, era o que
permitia que ele continuasse lá. Erickson começou a falar rapidamente com o homem, espelhando
sua velocidade da fala e dos movimentos. Depois, de maneira quase imperceptível, Erickson
começou a diminuir a velocidade de sua fala e o homem começou, igualmente, a desacelerar a fala e
os movimentos. Os dois haviam se conectado.” Exemplos, adaptados:
- Você pode ver sua mão subindo (ajustando esta última palavra para seguir o movimento da mão ou
inalação da pessoa) automaticamente.
- (o hipnotizador se inclina para a direita) Conscientemente, você pode se perguntar se entrará em
transe; (inclinando-se para a esquerda) e a sua mente inconsciente já está se preparando para
aprofundar.
5. Intercalação (“Interspersal”)
“Erickson acreditava ter feito duas contribuições originais à prática da hipnose: a intercalação e a
utilização. A intercalação é uma combinação da divisão (“splitting”) com a ligação (“linking”). (...)
Erickson dizia que as pessoas usam tal forma de comunicação frequentemente, enfatizando uma
palavra ou expressão. Por exemplo, a pessoa poderia estar falando de um problema no trabalho e
dizer, ‘Preciso me separar das críticas do meu chefe. Não posso deixar que ele me bote para baixo.’
A partir desse comentário, Erickson perguntaria sobre o casamento da pessoa.”
Exemplos adaptados, com negrito nos trechos onde a voz deve ter volume mais alto ou mais baixo
(usar volume mais alto ou mais baixo conforme orientação abaixo):
- Não sei quanto tempo levará para que você [próximas palavas um pouco mais alto] entre em
transe.
- Não é necessário que você [próximas palavras mais suaves] aprofunde o transe.
- Você pode estar convencido de que não consegue mudar ou de que não possível que você
[próximas palavas um pouco mais alto] mude muito.
5.2 Enfatizar Usando o Local da Voz
Exemplos, adaptados:
- Não sei quanto tempo será necessário para que você [próxima frase dita enquanto o terapeuta se
inclina para a direita] faça as mudanças que você realmente precisa fazer.
- Não é realmente preciso que você [próxima frase dita enquanto o terapeuta se inclina para a
frente] mude.
Neste capítulo, o autor discute alguns outros elementos úteis para a criação do transe.
6.1 Descrição
No diálogo com o cliente, utilize apenas descrições de fatos incontestáveis. Por exemplo, diga
“Enquanto você está aí sentado, respirando...” porque está vendo a pessoa sentada e ela estará
respirando. Diga, por exemplo, “Imagine que você está naquele lugar seguro e confortável, onde já
esteve antes, ou simplesmente um lugar da sua imaginação...” pois a se pessoa nunca tiver estado
em um lugar seguro e confortável, ainda assim poderá imaginar um. Não diga, “Imagine que você
está em uma praia linda, em uma tarde de sol...” pois a pessoa poderá não apreciar praia e sol,
podendo até ter tido uma experiência negativa associada à água. Você deve usar isso apenas se tiver
conversado com a pessoa, durante a anamnese, e determinado que ela adora praia e sol. Exemplos
de afirmações a respeito de fatos observados:
6.2 Truísmos
6.3 Espelhamento
Pode-se espelhar a postura ou movimentos corporais do cliente, tais como cruzamento das pernas,
piscos, etc. É importante fazer isso de forma que a iniciativa não seja conscientemente detetada.
Pode-se espelhar a tonalidade (aguda ou grave), tendo-se o cuidado de não parecer uma “imitação”,
o que poderia ser interpretado como desrespeitoso. Não espelhe tonalidades correspondentes a
sentimentos ou eventos negativos. Seria totalmente errado, por exemplo, espirrar porque o cliente
tossiu.
Pode-se espelhar o estilo do cliente, dentro de certos limites. O’Hanlon cita um exemplo em que
Erickson espelhou o estilo de conversa do cliente, que falava como uma pessoa do interior.
[Pode-se, também dentro de certos limites, espelhar o sotaque do cliente.]
O’Hanlon menciona uma paciente que, toda a vez que ouvia o termo “inconsciente”, lembrava-se
do momento em que havia sido anestesiada e estava sendo levada para a sala de operação de um
hospital. O’Hanlon passou a usar o termo “subconsciente” com essa paciente.
Evite criar associações a tópicos desagradáveis tais como dor, fracasso e coisas semelhantes, a não
ser que tenha uma razão específica para isso.
Erickson achava que a resistência à hipnose vem da mente consciente. Para lidar com isso, ele usava
a técnica denominada “confusão”, que se destina a “confundir” a mente consciente do cliente,
facilitando a entrada no transe.
Exemplo, adaptado:
- Agora você pode estar consciente de certos processos inconscientes e alguém também poderia não
estar consciente de certas coisas conscientes, assim como há coisas de que se pode estar consciente
agora e que então alguém se esquece de lembrar, e pode de vez em quando lembrar de esquecer.
Esses esquecimentos podem ser fáceis de lembrar agora, mas se eu perguntasse a você por eles
depois, você poderia não lembrar que os esqueceu. Isto é, conscientemente, você poderia não
lembrar, mas é provável que sua mente insconsciente lembre agora o que o seu inconsciente
esqueceu então. Assim, então, como é que o seu inconsciente decide o que lembrar, o que tornar
consciente e o que esquecer, e o que manter inconsciente? Realmente não sei como explicar tudo
isso, mas você não precisa entender. Pode apenas entrar em transe da maneira mais conveniente
para você.
[Esta técnica deve ser pouco utilizada e com cuidado, para que “o tiro não saia pela culatra”.]
A Cultura e Território da Terra do Transe
Nos próximos capítulos, o autor tratará de linguagem hipnótica, hipnoterapia e inclusão (este último
termo corresponde tanto a um método de hipnose, quanto a uma forma de utilizar métodos
permissivos fora do contexto hipnótico).
7. A Linguagem do Transe
Exemplos, adaptados:
- A comunicação pode acontecer entre o consciente e o inconsciente, mas a percepção não acontece,
necessariamente, quando isso ocorre. Vários processos que são parte da experiência diária não estão
sempre acessíveis à nossa consciência e isso provavemente é uma boa coisa. Os pensamentos
passam pela mente, não sendo necssário que dediquemos atenção a eles, ou que ajamos em função
dos mesmos.
- Há pensamentos que podem vir a você quando estiver em transe, pensamentos que você pode ter,
pensamentos que podem ‘pensar’ você. Tais pensamentos podem influenciar sentimentos,
sensações, percepções, conclusões e experiências. Você pode ter pensamentos a respeito de
pensamentos, pensamentos sobre sentimentos, sentimentos sobre pensamentos e sentimentos sobre
sentimentos.
- O medo pode ser um amigo ou um inimigo. Como você se relaciona com o medo pode mudar em
poucos instantes, durante a sua vida. Você pode parar e olhar o medo nos olhos; você pode caminhar
através do medo; você pode usá-lo como um sinal. Como o ex-presidente dos EUA, Franklin
Roosevelt, disse, “A única coisa que precisamos temer é o próprio medo”, o que parece um
paradoxo. Você pode aprender a ficar confortável com o medo.
7.1.2 Usar Palavras Vazias
O’Hanlon chama essas palavras de “palavras de político” ou “palavras de charlatão”, pois são
palavras suficientemente genéricas para que possam assumir vários significados - aí, cada um
interpreta como quiser. Deve-se ser tão vago quanto possível. Frases vazias geralmente contém
palavras tais como: muitos, alguns, coisas, vários, algumas vezes, algumas pessoas, etc. Exemplos,
adaptados:
- Você pode fazer várias coisas em transe; coisas que ajudam de várias maneiras.
- Você pode ir aonde quer que queira, ou descobrir-se divagando e fazer o que for preciso em transe.
Você não precisa fazer nada ou ir a nenhum lugar que não seja correto para você.
- Você pode visitar um tempo e lugar específicos e eu não preciso sequer saber onde,
especificamente, você foi.
- As pessoas muitas vezes percebem coisas, durante o transe, que levam a mudanças significativas
em suas vidas.
8. Tudo o Que Você Sempre Quis Saber sobre a Natureza da Hipnose e Estava em um Transe
Profundo Demais para Poder Perguntar
Achatamento dos músculos faciais; mudança na cor da pele; imobilidade; diminuição dos
movimentos; um membro (normalmente a mão ou o braço) fica no mesmo lugar (fenômeno
frequentemente chamado catalepsia); mudanças no piscar ou engolir; pulso e respiração alterados;
movimentos erráticos; olhar no infinito; olhar fixo; mudança na voz; demora na resposta;
continuação da resposta além do tempo usual (por exemplo, continuar balançando a cabeça
afirmativamente por muito tempo em resposta a uma pergunta); literalismo (por exemplo, se você
perguntar, ‘Pode me dizer seu sobrenome?’ a pessoa pode responder ‘Sim.’; músculos relaxados
(isto não é universal; algumas pessoas não relaxam em transe). Outros indicadores, como a perda da
noção do tempo, podem ocorrer.
O transe hipnótico é um dos vários tipos de estados alterados. Todos os estados alterados possuem
quatro elementos comuns - o autor chama esses elementos ‘os quatro portais do transe’.
8.2.1 Ritmo
Ritmos repetidos, como existem na música, balanço, respiração, padrões de linguagem rítmicos,
etc., podem levar uma pessoa a um estado alterado. Nesta abordagem hipnótica, o que mais usamos
são ritmos de voz. Falamos quando as pessoas expiram. Exemplo, adaptado:
- (Observando a respiração da pessoa subir e descer durante algum tempo, antes de falar) E você
pode... (falando quando a pessoa expira e parando quando ela para de inspirar) deixar-se ficar
exatamente onde está... mesmo que...
8.2.2 Desfocar a Atenção
Este estado é semelhante ao que podemos experienciar durante uma palestra chata ou ao dirigir
durante um longo período de tempo em uma estrada reta. A mente fica ativa, mas perde o foco em
algo específico. Exemplo, adaptado:
- Você pode lembrar de vezes nas quais estava apenas divagando, sem pensar em nada
especificamente. A hipnose pode ser assim. Não há nada que você precise fazer, basta divagar de
um pensamento para outro, seguir de um estado mental para outro.
Isto pode parecer contraditório em relação ao item anterior, mas a atenção intensamente focada é
uma outra porta para o transe. Este estado é semelhante a prestar toda a atenção a um palestrante
interessante ou a um filme que apreciamos muito. Quando a atenção se foca intensamente, o transe
pode surgir. Exemplo, adaptado:
- Algumas vezes em que escuto música, torno-me bastante dedicado a identificar um dos
instrumentos, por exemplo, o baixo ou a bateria, seguindo-o durante toda a música. Mas tarde,
percebo que estava em um tipo de transe. Você pode lembrar de uma experiência semelhante e focar
a atenção dessa maneira, continuando a entrar em transe de um jeito correto para você.
8.2.4 Dissociação
Trata-se de convidar a pessoa a se dividir de alguma forma, muitas vezes tendo a impressão de que
uma parte dela age independentemente. Isto pode acontecer espontâneamente, mas também por
convite. Exemplo, adaptado:
- Uma vez, quando estava dando uma demonstração de hipnose na Finlândia, pedi que quatro
voluntários que falassem e entendessem inglês muito bem participassem da demonstração. Durante
o transe, convidei as pessoas a sair do transe do pescoço para cima e permanecer em transe do
pescoço para baixo. Depois disto, convidei todos a experienciar a levitação da mão. Posteriormente,
uma das participantes contou-me que, durante o transe, percebeu que não conseguia mais entender
inglês, mas que seu corpo ainda conseguia. Disse que, quando a convidei para a levitação da mão,
não conseguiu entender o que eu estava dizendo, tendo que esperar pela tradução finlandesa que
estava sendo fornecida. No entanto, sentiu movimentos espontâneos na mão antes de ouvir a
tradução, o que levou-a a saber que seu corpo ainda entendia inglês, embora sua mente não
conseguisse. Há partes de você que podem entender coisas que outras partes não conseguem
entender.
[Uma dissociação muito comum é supor que a pessoa tem uma parte inconsciente (ou
subconsciente) e uma parte consciente.]
O transe pode complementar a terapia convencional e, às vezes, produzir resultados não alcançados
pelos métodos comuns. O transe é particularmente bom para influenciar e modificar experiências
automáticas, isto é, aquelas não facilmente controláveis pelos esforços conscientes das pessoas.
8.4 Quando Usar Hipnose
O autor usa hipnose, basicamente, para sintomas ou problemas de natureza involuntária, isto é,
aqueles problemas e sintomas que a pessoa não consegue produzir ou controlar voluntariamente.
Normalmente, não utiliza hipnose com problemas que podem ser resolvidos por meio de esforços,
atividades ou mudanças voluntárias, realizadas pelo controle consciente da pessoa. A hipnose
provavelmente será selecionada quando a pessoa já tentou métodos voluntários sem conseguir
resolver o problema. Pode-se, também, utilizar uma combinação de hipnose com outros métodos. A
seguir, alguns problemas psicoterápicos e comentários sobre sua natureza.
8.4.2 Tabagismo
8.4.3 Insônia
8.4.4 Dissociação
Outro caso para hipnose, já que ocorre sem participação da consciência. Neste caso a pessoa sente-
se desligada de tudo.
8.4.5 Depressão
[O autor posteriormente escreveu, em 2014, o livro ‘Out of the Blue: Six Non-Medication Ways to
Relieve Depression’ (‘Saindo da Tristeza: Seis Maneiras de Aliviar a Depressão sem
Medicamentos’), que trata especificamente da depressão]
Nos fenômenos de transe não se acrescenta nada do exterior. Tais fenômenos já existem nas pessoas
e são evocados pelas interações entre o cliente e o hipnotizador.
Exemplos, adaptados:
- Sua mão e braço podem começar a subir, um pouquinho de cada vez, sem que você faça nada.
- O tempo pode mudar. Pode ficar mais esticado, ou pode ficar mais condensado, assim como você
pode perder completamente a noção do tempo.
- Você pode notar que algumas partes do seu corpo estão ficando dormentes.
- Você não tem que fazer nada que não seja importante para você.
Exemplos, adaptados:
Exemplos, adaptados:
- Talvez você possa lembrar uma vez em que dirigiu um longo tempo na estrada; o tempo
simplesmente desapareceu.
- Quando o dentista deu a você uma anestesia, você sentiu uma dormência. Seu corpo e sua mente
podem lembrar disso fisiologica e experiencialmente, e criar uma dormência semelhante onde você
precisar disto agora.
Exemplos, adaptados:
- Quando eu era criança, não podia esperar a hora da saída da escola, ao final do dia. Durante a
última meia hora - a saída era às 3 da tarde, eu era um garoto dividido (isto é um convite à
dissociação). Uma parte da minha atenção estava no relógio, na parede da sala de aula; uma parte
da minha atenção estava na professora e no que ela estava dizendo (os castigos eram duros para a
gazeta na minha escola); uma outra parte de mim já estava imaginando como eu ia me divertir
depois que saísse da escola. O problema era que os relógios industriais que havia nas salas de aula
tinham uma tendência a ficar com os ponteiros parados e presos no mesmo lugar (isto é um convite
à imobilidade dos braços e mãos). Parecia que eram 2:33 durante 15 minutos (isto é um convite à
distorção do tempo). O ponteiro do relógio simplesmente não se mexia. Finalmente, ele daria um
pulo e subiria 2 ou 3 minutos de uma vez só (isto é um convite à levitação da mão ou braço).
- Há alguns anos, eu estava em um avião voltando aos Estados Unidos, vindo da Austrália. Quando
atravessamos a Linha Internacional das Datas, o capitão anunciou que ‘Em dois minutos, será
ontem’. Isso fez-me entender que o relógio e o calendário podem ser diferentes do tempo subjetivo.
Você pode alterar o tempo interior, de modo a ter tempo suficiente para arrumar tudo o que precisa
ser arrumado. E você pode se transportar para qualquer tempo que precisar ser visitado, no passado
ou no futuro, para resolver o que precisa ser resolvido.
[para relaxar]
- Você pode voltar para um tempo quando se sentia mais relaxada e melhor. Você veio a mim
buscando alívio e eu gostaria que você se sentisse aliviada e melhor. De fato, poderia parecer
difícil, mas eu gostaria que você... sinta-se bem. É difícil dizer se há algo nos seus músculos que
poderia mudar para que você se sinta melhor, ou alguma outra coisa. De qualquer forma, seu
inconsciente poderá fazer as mudanças que resolverão o que precisa ser resolvido.
[A intercalação, por vezes, exige que as regras comuns da gramática sejam violadas]
9. O Que Você Faz para Obter o Resultado Clínico, depois Que a Pessoa Entrar em Transe?
A hipnoterapia tradicional procura encontrar as origens ou causas dos problemas, por meio da
hipnose. Na hipnose ericksoniana ou Orientada à Solução, procuramos descobrir e criar conexões
com as habilidades e recursos dos clientes. A principal orientação é para o presente e para o futuro,
enquanto na hipnose tradicional a orientação é mais para o passado e sua relação com o presente.
Este modelo requer a identificação de um problema específico, tal como “enxaquecas”, “insônia”
ou “ataques de pânico”. O modelo não funcionará bem para problemas descritos como, por
exemplo, “auto-sabotagem” [Esta última expressão parece mais um diagnóstico do que um
problema].
9.2.2 Transformar Problemas em Processos
O problema precisa possuir aspectos abertos à mudança. Pode existir, por exemplo, uma sequência
de coisas que acontece automaticamente, onde poderemos intervir. Por exemplo, uma enxaqueca
pode ser vista como possuindo uma quantidade de elementos que podem ser modificados: alguns
vasos sanguíneos dilatam e outros se contraem. Há uma mudança na química do sangue. Os
músculos de certas partes do corpo se tensionam. Os ouvidos tornam-se mais sensíveis ao som; os
olhos, mais sensíveis à luz, etc. Neste caso, as intervenções podem se dirigir a qualquer um desses
aspectos do processo ou padrão seguido pela enxaqueca.
Pense sobre o problema como um conjunto de ações internas e não como uma “coisa”. Escolha uma
ou mais dessas ações e intervenha, para determinar se o transe pode fazer uma diferença positiva.
Uma das maneiras de obter uma descrição do problema é perguntar a si próprio: “Se eu tivesse
completo controle sobre o corpo e a mente desta pessoa, como eu criaria este problema?”
Pode-se determinar a classe de problemas a partir de respectiva descrição. Por exemplo, no caso de
um ataque de pânico, uma classe de problemas poderia ser “aumento dos batimentos cardíacos”.
Para uma pessoa que estivesse vivendo relacionamentos (“casos”) fora do casamento, uma possível
classe de problemas seria “ser impulsivo”. Para uma pessoa que tivesse temperamento muito
agressivo, uma possível classe de problemas poderia ser “deixar que sentimentos causem suas
ações”. Para cada classe de problemas especificada, será preciso que você tenha uma ideia do seu
oposto e acredite que a classe seja modificável por meio de hipnose.
Pense no oposto da classe de problemas: algum recurso, habilidade, padrão de experiências, etc. que
possa desfazer o problema. Para a classe de problemas “aumento dos batimentos cardíacos”, por
exemplo, o oposto seria “batimentos cardíacos mais lentos”.
9.2.6 Qual Relato, Analogia, Fenômeno de Transe, Atribuição de Tarefa ou Ação Interpessoal
Evocaria o Recurso?
O próximo passo é uma intervenção que acesse ou evoque o recurso, habilidade ou padrão de
experiência que sirva para a classe de solução. Um exemplo de ação interpessoal para evocar um
recurso é fazer alguém se ruborizar a partir de algo dito por você.
Esta ação é normalmente chamada “sugestão pós-hipnotica”. O autor prefere chamá-la “ligar (ou
vincular) o recurso evocado à área problema”, para retirar a ênfase do aspecto sugestivo da hipnose.
Para executar esta fase, pode ser usada uma história, analogia, fenômeno de transe, ação
interpessoal ou atribuição de tarefa. Exemplos, adaptados:
- Da próxima vez em que você pudesse ter uma enxaqueca, sua mente inconsciente e seu corpo
poderão trabalhar juntos para alterar o comportamento dos vasos sanguíneos, de modo que a
enxaqueca não acontecerá.
- Se o seu inconsciente detetar um aumento na frequência dos seus batimentos cardíacos, o que teria
levado você a um ataque de pânico no passado, o seu corpo poderá diminuir automaticamente a
frequência dos seus batimentos cardíacos.
O’Hanlon avisa que é preciso trabalhar com este modelo durante algum tempo para obter sucesso.
“O Dr. Erickson gostava de dizer: ‘Confie no seu inconsciente. Ele sabe mais do que você.’
Erickson dizia que o inconsciente é um repositório de habilidades e recursos. Tinha uma visão um
tanto positiva, se comparada à de Freud, pois este achava que o inconsciente era um caldeirão de
necessidades primitivas e reprimidas, que necessitavam do ego e do superego para controlá-lo, caso
contrário todos nós seríamos como o Mr. Hyde, cometendo atos violentos e satisfazendo nossas
necessidades egoístas.
Como fui influenciado por Erickson, tenho acreditado, durante anos, nesta visão do inconsciente
mais benevolente e cheio de recursos. No entanto, diversas coisas levaram-me a repensar isto.
Primeiramente, meu amigo e colega aluno de Erickson, Stephen Gilligan, uma vez deu uma palestra
em uma das conferências ericksonianas, com o título Se o Inconsciente é Tão Esperto, Por Que as
Pessoas Têm Problemas e Sintomas? Achei esta uma boa pergunta, que me levou a refletir.
Algum tempo depois, outro colega, Joe Barber, estava comentando durante uma conferência
ericksoniana: “Esses ericksonianos deixam-me louco dizendo para confiarmos no inconsciente! Não
sabem que o inconsciente é burro, burro?”
Considerei este dilema por alguns anos e finalmente cheguei à minha visão sobre o assunto. Eis a
minha resposta:
O inconsciente é esperto a respeito das coisas sobre as quais é esperto, burro a respeito
das coisas sobre as quais é burro e esperto a respeito de algumas coisas sobre as quais
é burrice ser esperto.
Para que você não pense que estou tentando ser engraçadinho, ou tentando usar a técnica de
confusão de Erickson em você, deixe-me explicar.
Digamos que você conseguiu dominar o tênis (o esporte). Você já vem jogando tênis há algum
tempo, fazendo aulas, praticando seu suíngue, seus saques, etc. Você está ficando muito bom nisso.
Em um certo ponto, seus músculos começam a aprender tênis e você não precisa mais pensar nisso.
De fato, você descobre que, se pensar no jogo, acaba jogando pior. Uma forma de descrever isto é
dizer que o seu inconsciente é ‘esperto’ para jogar tênis. Você pode entrar na quadra e confiar no seu
insconsciente, pois ele sabe muito e codificou isto automaticamente.
Toco violão e sou muito bom nisto. Poderia dar uma palestra, ver televisão ou ler um livro e, ao
mesmo tempo, tocar coisas razoavelmente complexas em meu violão. Meus dedos sabem o que
fazer, então não preciso prestar muita atenção a isso. Meu inconsciente é ‘esperto’ a respeito de
tocar violão.
Então, se o seu inconsciente é ‘esperto’ a respeito de alguma coisa, confie nele para isso. No
entanto, há algumas coisas sobre as quais você não deve confiar no seu inconsciente, pois ele é
‘burro’ a respeito disso. Se você não souber digitar rápido no computador, deverá olhar para as
teclas; caso contrário, sua digitação sairá cheia de erros, pois neste caso seu inconsciente é ‘burro’ a
respeito de digitar. Eu não conseguiria dar uma palestra e tocar bandolim ao mesmo tempo. Meu
inconsciente é ‘burro’ a respeito de tocar bandolim.”
O autor prossegue dizendo que, às vezes, o seu inconsciente é inteligente em coisas nas quais é uma
burrice ser inteligente a respeito. Ele quer dizer que, ao longo, da vida, desenvolvemos padrões
inconscientes, automáticos, que não mais nos servem no momento presente. O’Hanlon fala de uma
mulher que foi sexualmente molestada quando criança, tendo se dissociado durante o ato violento.
Já adulta, a paciente dissociava-se durante qualquer manifestação física do marido, privando-se dos
prazeres e boas experiências ligados ao contato físico no casamento. Tais problemas podem ser
resolvidos com hipnose.
Identificar os padrões automáticos que levam a maus resultados e intervir. Utilizar as técnicas Ligar
e Partir.
Como sempre há uma limitação de tempo, selecione o que for essencial utilizar. Tal equilíbrio virá
normalmente, com o tempo.
Também é útil ser suficientemente vago para que o cliente preencha as “lacunas” com sua
imaginação. Por exemplo, um conto de fadas implementaria este princípio assim: “Uma vez, há
muito tempo, em um lugar distante, vivia um jovem que possuía um curioso objeto. Esta é a história
do que aconteceu com ele e como conheceu a verdadeira natureza do objeto que iria mudar sua
vida”. Note como vários itens ficam indeterminados, de modo a estimular a imaginação do cliente.
Ao mesmo tempo, tornar a história vaga demais poderá torná-la maçante e não dar suficiente
material ao cliente para querer seguí-la. Pode ser bons incluir nomes, lugares, ações e detalhes
sensoriais a fim de envolver o cliente, ao mesmo tempo deixando vago o suficiente para estimular
sua imaginação.
10. A Inclusão como Intervenção
O autor conta que, depois de usar seu método por algum tempo, algumas pessoas notaram que a
própria indução hipnótica era curativa, mesmo antes da intervenção e tratamento.
Há dois aspectos principais na terapia inclusiva: permissão e inclusão. Estas técnicas são
especialmente úteis em casos de dissociação, vergonha, problemas limítrofes e pós-traumáticos.
10.1 Permissão
Exemplos, adaptados:
- Não há problema em ficar dormente e não sentir nada naquela área. Isso pode mudar com o tempo
e não precisa mudar agora, ou mudar rapidamente.
- Faz sentido que você tenha medo de se aproximar de alguém. Não significa que o medo vá ficar lá
para sempre e você pode sentí-lo agora.
- Você não tem que saber agora. Está tudo bem se não souber. Você não tem que ficar melhor agora.
O segundo elemento da inclusão entra no aspecto não racional do transe: permitir que dois opostos
coexistam na experiência do cliente.
Exemplos, adaptados:
Injunções são regras que aprendemos em nossa cultura, nossa educação de gênenero, nossos pais e
famílias, ou decisões que tomamos. Se você determinar que uma dessas regras está limitando seu
cliente, utilize a permissão oposta, que pode ajudar a desfazer a injunção.
Exemplos, adaptados:
- Sei que na sua família a regra era sempre manter a paz, mas às vezes é bom balançar o barco um
pouquinho.
- Na sua casa, ninguém deveria notar o elefante na sala e agora, que você é um adulto, é correto
notá-lo e falar sobre o elefante.
- Você não tem que ser sempre o cara legal. É correto pedir o que você quer, ou até ficar bravo.
11. O Guia do Caroneiro para a Hipnose Orientada à Solução
Neste capítulo, o autor fornece uma visão geral (e revisão) da hipnose ericksoniana, ou Orientada à
Solução - uma visão da floresta, depois de termos ficado bastante tempo olhando as árvores. O
processo é apresentado em seis passos:
Exemplos, adaptados:
- Você pode simplesmente ser você mesma, onde você está. Se estiver nervosa, tudo bem. Não
precisa estar relaxada para se interiorizar. Você não precisa ouvir ou acreditar em nada do que eu
disser.
- Está certo. Você pode abrir seus olhos quando quiser e olhar ao redor. Você pode querer fechá-los
novamente, ou deixá-los abertos e continuar em transe, o que for mais confortável para você.
Fale apenas quando a pessoa expirar. Mesmo se pular uma ou duas respirações, comece a falar
novamente na expiração. [Pular respirações evitará que você fale demais, ou rápido demais]
Exemplos, adaptados:
- Não sei com que velocidade ou profundidade você se interiorizará. Cada pessoa é diferente.
- Você pode ou não notar quando começar a relaxar mais e se sentir mais confortável.
Exemplos, adaptados:
- Sua mão pode começar a subir automaticamente, apenas um pouquinho de cada vez.
- Você pode sentir dormência em alguma parte do seu corpo. Ela pode crescer até que você a note.
Passo 5: Assim que obtiver uma resposta, aceite, estenda e dirija a mudança para o objetivo
clínico
Exemplo, adaptado:
- E, conforme aquela mão sobe, você pode estar indo mais fundo interiormente e se preparando para
relaxar ainda mais. Seu corpo pode se preparar para controlar o sangramento, de forma que você
tenha exatamente o suficiente para limpar a área, sem nenhum sangramento desnecessário.
Exemplo, adaptado:
- Agora, no seu próprio ritmo e velocidade, você pode retornar daquele foco interior e se reorientar
totalmente, trazendo consigo o relaxamento e a habilidade de controlar seu desconforto. Você pode
continuar a eliminar quaisquer desconfortos adicionais e manter apenas a dor indispensável.
Neste capítulo, o autor explica a diferença entre um “transe sintomático” e um “transe terapêutico”.
Embora o transe hipnótico guarde certa semelhança com alguns estados negativos, tais como
distúrbios dissociativos e psicóticos, há uma grande diferença entre esses tipos de transes.
Nos transes terapêuticos (ou “bons transes”), o hipnoterapeuta oferece ao cliente um relacionamento
de aceitação e validação. Nos transes sintomáticos (ou “maus transes”) as pessoas são normalmente
invalidadas e não aceitas pelos contextos, por si próprias e por outras pessoas.
O’Hanlon apresenta uma tabela com as diferenças detalhadas entre os bons e maus transes.
fornecendo ainda uma bibliografia sobre o assunto ao final do capítulo.
Mais uma visão geral, que pode ajudar a oferecer ao cliente este tipo de orientação
hipnoterapêutica.