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FACULDADE TEOLÓGICA BATISTA DE SÃO PAULO

VOS FAREIS PESCADORES DE HOMENS: O CHAMADO DE JESUS E


SUAS IMPLICAÇÕES PARA A OBRA MISSIONÁRIA.

Dilean Baptista de Melo Souza

SÃO PAULO
2017
Dilean Baptista de Melo Souza

VOS FAREIS PESCADORES DE HOMENS: O CHAMADO DE JESUS E


SUAS IMPLICAÇÕES PARA A OBRA MISSIONÁRIA.

Trabalho de Conclusão do
Módulo de Missões como
requisito parcial no curso de Pós
Graduação em Teologia Bíblia e
Missões da Faculdade Teológica
Batista de São Paulo
Professora: Analzira Nascimento

SÃO PAULO
2017
SUMÁRIO

1. Introdução .................................................................................................... 1
2. O texto nos sinóticos.................................................................................... 2
2.1 O contexto de Mateus ............................................................................... 2
2.2 O contexto de Marcos ............................................................................... 2
2.3 O contexto de Lucas ................................................................................. 3
2.4 A singularidade de Lucas.......................................................................... 3
3. Vos fareis pescadores de homens ............................................................... 6
4. Conclusão .................................................................................................... 7
5. Bibliografia ................................................................................................... 9
1

1. INTRODUÇÃO

O chamado de Jesus continua válido para nós hoje. Somos chamados e


comissionados a espelhar Cristo em todo lugar, em todos os âmbitos da nossa
vida. Somos confrontados pela Palavra a vivermos como os cristãos da igreja
primitiva, que foram chamados pela primeira vez de cristãos na cidade de
Antioquia da Síria, conforme registrado por Lucas em Atos capítulo 11.

Porém, creio que os cristãos de hoje têm perdido o foco do seu


comissionamento. O Cristão tem cada vez menos se parecido com Jesus e mais
parecido com o contexto no qual estão inseridos. Precisamos aprender a viver
bem onde estamos, mas sem perdermos nosso grande diferencial, o sermos sal
e luz neste mundo.

Para entendermos nosso chamado hoje, analiso neste trabalho os textos


de Mateus, Marcos e Lucas, onde Jesus chama Pedro para ser pescador de
homens. Abordo as semelhanças e a diferenças, dando maior ênfase as
particularidades de Lucas na narrativa.

Precisamos compreender muito bem qual nosso chamado e quem nos


chamou. É necessário entender corretamente também o que fomos chamados a
fazer por Aquele que nos chamou. Muito se tem escrito e falado sobre
discipulado, mas poucos tem entendido como o discípulo de Cristo deve viver a
Missio Dei, o participar do que Deus tem feito no mundo.

Alguns entendem que o fazer discípulo é um período de tempo da vida


cristã, onde eu participo de uma classe de discipulado logo após a conversão,
mas que assim que terminar essa classe, eu me graduei e minha parte na missão
terminou. Bosch nos adverte quanto a isso dizendo

Para o discípulo de Jesus, entretanto, o estágio do discipulado não é


o primeiro passo rumo a uma carreira promissora. Ele é em sim mesmo
o cumprimento do seu destino. O discípulo de Jesus nunca se forma e
vira rabino. (BOSCH, 2002, p. 60)
2

2. O TEXTO NOS SINÓTICOS

Os três primeiros evangelhos (Mateus, Marcos e Lucas) são chamados


de evangelhos sinóticos. A palavra sinóticos significa ver junto, ou ver com o
mesmo ponto de vista. O problema sinótico se dá pelo fato de muitos textos dos
três primeiros evangelhos apresentarem narrativas muito semelhantes, não
somente quanto a história narrada, mas até mesmo quanto a estrutura do texto
e quanto a linguagem. O problema sinótico, portanto, procura harmonizar e
explicar as semelhanças e diferenças entre Mateus, Marcos e Lucas.

Os evangelhos sinópticos apresentam o texto da seguinte forma, segundo


a versão Revista e Atualizada da SBB:

Mateus 4:19–20 Marcos 1:17–18 Lucas 5:10–11


17Disse-lhes Jesus: Vinde 10bem como de Tiago e
19E disse-lhes: Vinde após
após mim, e eu vos farei João, filhos de Zebedeu, que
mim, e eu vos farei pescadores de homens. eram seus sócios. Disse
pescadores de homens. 18Então, eles deixaram Jesus a Simão: Não temas;
20Então, eles deixaram
imediatamente as redes e doravante serás pescador
imediatamente as redes e o seguiram. de homens. 11E, arrastando
o seguiram. eles os barcos sobre a praia,
deixando tudo, o seguiram.

2.1 O CONTEXTO DE MATEUS

Em Mateus, o texto é apresentado logo após o Senhor Jesus ser tentado


no deserto pelo Diabo. Jesus retorna para a Galileia após saber que João havia
sido preso e ali começa a anunciar sua mensagem. Enquanto andava pela beira
do mar da Galileia, Jesus vê dois irmãos, Pedro e André pescando. Jesus lhes
chama e o texto é enfático em afirmar que “eles deixaram imediatamente as
redes ...” para obedecer o chamado. O texto segue com Jesus encontrando e
chamando os outros discípulos.

2.2 O CONTEXTO DE MARCOS

Em Marcos, o contexto é basicamente o mesmo de Mateus. Após o


batismo e tentação no deserto, Jesus vai para a Galileia. Quando andava a beira
do mar, vê Pedro e André lançando rede ao mar e os chama para serem
“pescadores de homens”. Marcos faz a mesma observação de Mateus, de que
eles responderam positivamente ao chamado de prontidão.
3

2.3 O CONTEXTO DE LUCAS

Lucas introduz o chamado de Jesus com muitos detalhes. Quando Jesus


andava junto ao mar da Genesaré1 vê dois barcos a margem, pois os pescadores
estavam lavando suas redes após a noite toda pescando. Jesus então entra no
barco que pertencia a Simão e dele começa a ensinar a grande multidão que
estava na praia. Ao terminar, diz a Simão que vá até a parte mais funda e lance
as redes. Simão, um experiente pescador, que havia pescado durante a noite
toda sem pegar nada (v.5), diz que fará o que Jesus está dizendo, pelo fato de
ser Jesus quem está mandando. Ao lançarem as redes, pegaram tantos peixes
que foi necessário pedirem ajuda ao outro barco. O texto faz questão de revelar
que ambos os barcos ficaram cheios.

Lucas registra que a reação de Simão foi prostrar-se diante de Jesus


reconhecendo ser pecador. Havia admiração não só em Pedro, mas em todos
os que participaram dessa manifestação poderosa de Jesus. É nesse contexto
que Lucas então traz as palavras de Jesus à Pedro, primeiramente lidando com
seu espanto, dizendo para que não temas, pois a partir daquele momento Pedro
se tornaria pescador de homens.

2.4 A SINGULARIDADE DE LUCAS

Ao analisarmos os três primeiros evangelhos, encontramos a mesma


história do encontro de Jesus com Simão Pedro sendo contada. De forma
especial, para nosso trabalho, consideraremos o chamado de Jesus para Pedro
em Lucas, onde este se tornaria pescador de homens.

Conforme falamos acima, os evangelhos sinóticos trazem muitas vezes a


mesma história, com a mesma estrutura literária, contexto e até mesmo as
mesmas palavras. Quanto ao nosso texto, a questão linguística é particular a
Mateus e Marcos, que apresentam a frase da seguinte forma2:

1Outro nome para o mar da Galileia. João chama o mesmo mar de Tiberíades (Jo 6.1).
2Textos extraídos de The New Testament in the original Greek: Byzantine Textform 2005, with
morphology. Bellingham, WA: Logos Bible Software, 2006.
4

Mateus Marcos
καὶ ποιήσω ὑμᾶς ἁλιεῖς ἀνθρώπων καὶ ποιήσω ὑμᾶς γενέσθαι ἁλιεῖς
ἀνθρώπων
e farei de vocês pescadores de homens e farei que vocês se tornem pescadores de
homens

A diferença entre os textos de Mateus e Marcos, então, é o verbo


γενέσθαι3 que aparece somente em Marcos. Com o γίνομαι temos o acréscimo
de “se tornem” pescadores. De certa forma, podemos dizer que Mateus e Marcos
trazem o mesmo texto.

Porém, no texto de Lucas, o substantivo “pescadores” (αλιευω) não

aparece no verso 10, como nos outros sinóticos. O texto de Lucas é: Μὴ φοβοῦ·

ἀπὸ τοῦ νῦν ἀνθρώπους ἔσῃ ζωγρῶν.4 Colocarei os 3 versos paralelamente para

uma melhor visualização:

Mateus Marcos Lucas


καὶ ποιήσω ὑμᾶς ἁλιεῖς καὶ ποιήσω ὑμᾶς Μὴ φοβοῦ· ἀπὸ τοῦ
ἀνθρώπων γενέσθαι ἁλιεῖς νῦν ἀνθρώπους ἔσῃ
ἀνθρώπων ζωγρῶν.

Em Lucas, temos então duas singularidades que abordarei neste trabalho:


1 - Μὴ φοβοῦ·(Não temas); 2 - ἔσῃ ζωγρῶν – a versão Revista e Atualizada traz
como serás pescador. Literalmente, podemos traduzir como tu estarás
capturando pessoas vivas.

Dentro da estrutura do texto, Μὴ φοβοῦ tem um significado especial.


Lucas nos revela que a luz da grande pesca que haviam realizado pela ordem
de Jesus, “a admiração se apoderou dele” (Θάμβος γὰρ περιέσχεν αὐτὸν).
Jesus primeiro então lida com o coração de Pedro, tranquilizando e preparando
para uma grande missão.

3Verbo no Aoristo, Médio, Infinitivo de γίνομαι.


4 The New Testament in the original Greek: Byzantine Textform 2005, with morphology.
(Bellingham, WA: Logos Bible Software, 2006), Lc 5.10.
5

Lucas usa a mesma expressão 5 vezes no seu evangelho (1.13; 1.30;


5.10; 8.50; 12;32), e 2 vezes em Atos (18.9; 27.24). A expressão vem
acompanhada de um espanto ou admiração muito grande e uma declaração
divina de cuidado ou de missão. Como exemplo, cito Lc 1.30, onde o anjo
aparece para Maria e lhe diz que não temas, pois ela havia achado graça diante
de Deus. A partir disso, revela para Maria que ela ficaria grávida de Jesus. Em
Atos 27.24, Paulo está a caminho de Roma, mas seu barco naufraga. Os homens
que estavam no barco estavam cansados e famintos, mas Paulo lhes diz que um
anjo havia aparecido na noite anterior e lhe disse que nenhum deles perderia a
vida. Também reafirmou a missão de Paulo de chegar diante de César, para ser
testemunha da mensagem libertadora do evangelho de Jesus.

A palavra ζωγρῶν5, derivada do verbo ζωγρέω, significa “capturo vivo


para a vida”(TAYLOR, 1986). Louw e Nida explicam o termo nos dizendo que

Em muitas línguas, pode ser difícil falar sobre ‘trazer uma pessoa sob
controle’. Pode, portanto, ser mais apropriado usar a frase “não permitir
que uma pessoa faça exatamente aquilo que ela quer” ou “fazer uma
pessoa se comportar”. (LOUW; NIDA, 1988 verbete: ζωγρέω)

Para uma melhor compreensão do texto, analisaremos alguns textos onde


o verbo ζωγρέω é encontrado nas Escrituras. No Antigo Testamento, é
encontrado 8 vezes e no Novo Testamento 2 vezes.

Encontramos ζωγρέω 2 vezes no texto de Números, no capítulo 31. Neste


capítulo, Israel conquista Midiã. A primeira vez que o verbo aparece é no verso
15 “Porque deixaram viver todas as mulheres?” 6 A segunda é no verso 18 que
nos diz: “... tragam-nas para viver entre vocês.” O verbo aparece uma única vez
em Deuteronômio, no capítulo 20, verso 16 “... não deixarás com vida tudo o que
tem fôlego.” Em Josué, três ocorrências, 2.13 “... conservareis a vida a meu pai
e minha mãe ...”; 6.25 “Mas Josué conservou com vida a prostituta Raabe ...”;
9.20 “... conservar-lhes-emos a vida”. No livro de 2 Samuel encontramos uma
vez, no capítulo 8.2 “... para os deixar com vida.”. Em 2 Crônicas no capítulo

5Presente, Particípio, Ativo, Masculino, Nominativo, Singular - ζωγρέω


6Todos os versos em português são extraídos da versão Revista e Atualizada, da Sociedade
Bíblica do Brasil.
6

25.12 “Também os filhos de Judá prenderam vivos dez mil ...”. No Novo
Testamento, as duas aparições do verbo são em Lucas 5.10 e 2 Timóteo 2.26
que diz “... tendo sido feitos cativos por ele ...”.

Explicando o entendimento correto desta palavra, Vincent nos diz que

O verbo ζωγρέω, apanhar, é composto por ζωός, vivo, e ἀγρεύω,


pegar ou tomar. Por isso, literalmente, tomar com vida; em guerras,
levar cativo, em vez de matar ... Existe, seguramente um motivo para
o uso deste termo, no sentido de indicar que os ministros de Cristo são
chamados para ganharem os homens para a vida.(VINCENT, 2012, p.
246)

Vincent ainda nos informa como a palavra era usada por autores
seculares, como Homero, que em sua obra Ilíada nos diz que “... quando
Menelau ameaça matar Adrasto: Adrasto se agarrou aos joelhos do guerreiro e
disse: Ó filho de Atreu, leva-me como prisioneiro (ζώγρει)”(VINCENT, 2012, p.
246)

Podemos então perceber que Jesus está tencionando demonstrar a Pedro


a sua tarefa de capturar pessoas vivas, para coloca-las sob o senhorio de Jesus.
Jesus chama Pedro para fazer parte de um ministério de resgatar pessoas.

3. VOS FAREIS PESCADORES DE HOMENS

Jesus não passou seu tempo aqui na terra sozinho. Ele chamou homens
para treinar e para que, depois que fosse assuntos aos céus, esses homens
continuassem o ministério que Ele começou.

No chamado de Pedro, de forma muito especial e singular, podemos


perceber Jesus mais do que o chamando para que ande com Ele, para que veja
Seus milagres e compartilhe Sua vida. Vemos Jesus convocando Pedro para
uma missão especial, para uma tarefa extraordinária. Pedro fora convocada para
levar pessoas cativas à presença do Senhor Jesus.

A analogia fica clara dentro da passagem. Assim como Pedro pescava


peixes, mas que pela palavra do Senhor pode realizar uma pesca sem igual,
pesca que deixou aquele pescador experiente maravilhado, Jesus o estava
comissionando para pescar pessoas para o Senhor. Pelos textos paralelos,
podemos entender que esse comissionamento não foi exclusivo à Pedro. No
7

texto de Marcos, o evangelista retrata que a palavra do Senhor foi dirigida a


Pedro e a André. A resposta positiva de Tiago e João, mais adiante nos dá
indícios de crer que eles também foram incluídos nessa tarefa.

O comissionamento dos apóstolos, em todos os evangelhos, acontece no


começo do ministério do Senhor. Isso nos ensina que Jesus estava convocando
aqueles homens, que seriam pescadores de homens, para andar com Ele
durante aqueles três anos de ministério sobre a terra.

O treinamento seria intenso. Viveriam cada momento com o Senhor.


Como diz Marcos 3. 13 - 14, cada um dos doze que foram escolhidos estariam
com Ele, O seguindo e sendo preparados para anunciarem Sua mensagem. Mas
Lucas faz questão de registrar que a conclusão desse treinamento e a
oportunidade para colocarem em prática tudo o que haviam recebido do Senhor
aconteceria somente após a capacitação sobrenatural da descida do Espírito
Santo, registrada em Atos capítulo dois. Isso é particularmente notável no uso
dos verbos no tempo futuro: Mateus e Marcos usam ποιήσω (eu farei) e Lucas

usa ἔσῃ (serás), indicando que Jesus começaria naquele momento a preparar o
que haveriam de se tornar no futuro, após o treinamento com Cristo e a
capacitação que o Espírito traria no Pentecostes.

Pescar pessoas é mais do que suprir suas necessidades, as quais a pesca


e venda dos peixes fariam. É maior do que a possibilidade de ofertar os peixes
aos pobres para que possam ter sua fome suprida. No contexto, pescar homens
traz a ideia de resgatar pessoas, salvar pessoas, colocando-as sob os pés de
Jesus. Nas palavras de Vincent “Existe, seguramente um motivo para o uso
deste termo, no sentido de indicar que os ministros de Cristo são chamados para
ganharem os homens para a vida.” (VINCENT, 2012, p. 246)

4. CONCLUSÃO

Desde quando Deus chamou Abrão de Ur dos Caldeus, a promessa de


abençoar a todas as famílias da terra está presente. Deus tem levantado Seu
povo como fonte de benção e possibilidade de que, aqueles que estão “mortos
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em seus delitos e pecados” (Ef. 2.1) possam receber a vida, e vida em


abundância (Jo 10.10)

Não podemos negligenciar o fato de que todos nós somos chamados.


Paulo nos lembra que fomos chamados (Rm 8. 29-30) para sermos conforme a
imagem de Cristo. Jesus convocou pessoas para que Sua mensagem de
resgate, de salvação, de libertação, continuasse a ser pregada até os confins da
terra. Coleman nos diz que “O objetivo inicial do plano de Jesus foi alistar
homens que pudessem dar testemunho acerca de Sua vida, dando
prosseguimento ao trabalho do Senhor, depois que Ele retornasse ao
Pai.”(COLEMAN, 1969, p. 19)

Para aqueles que são chamados não deve haver outra alternativa, outro
meio ou caminho para viver. Seu foco agora é servir Àquele que os convocou.
Paulo usa os seguintes termos em 2 Timóteo 2.4 “Nenhum soldado em serviço
se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele
que o arregimentou”. Bosch nos ensina que

... o chamado não parece esperar outra coisa do que uma resposta
imediata e positiva. E a resposta é registrada como se fosse a coisa
mais natural do mundo, sem qualquer sugestão da possibilidade de
reservas e dificuldades por parte das pessoas que são chamadas ...
Não há qualquer meio termo; a pessoa chamada ‘deixa tudo’, seja a
coletoria ... seja os barcos de pesca ... O chamado ao discipulado é um
chamado para entrar no reinado de Deus, sendo, como tal, um ato de
graça. (BOSCH, 2002, p. 59)

Creio que a igreja de hoje precisa resgatar seus valores e sua missão
como “pescadora de pessoas”. Bosch ainda nos ensina que

Esse presunçoso da Galileia e seu bando maltrapilho de simples


pescadores estão de fato subvertendo as convenções bem
estabelecidas da sociedade. Eles entram no palco público com uma
pretensão verdadeiramente estupenda: que Jesus é a corporificação e
expressão da presença de Deus entre as pessoas, e que isso é apenas
o início, que ainda virá mais. (BOSCH, 2002, p. 55)

A igreja hoje precisa compreender que foi chamada para continuar a


realizar os feitos de Cristo, de atingir as pessoas e de trazê-las a Cristo. Stetzer
nos orienta, quanto a função da igreja que

... uma igreja ou um plantador de igrejas missional é alguém voltado


inteiramente para a missão de Deus (missio Dei), ciente do que Deus
está fazendo na cultura e unindo-se a ele nessa obra. Uma igreja
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missional está disposta e ansiosa para confrontar a cultura com as


verdades do evangelho.(STETZER, 2015, p. 38)

Como então confrontar a cultura e sermos pescadores de homens?


Goheen nos dá direções plausíveis do que a igreja hoje precisa, e como
direcionar seus esforços para combater a cultura vigente. Em seu livro A igreja
missional na Bíblia ele nos informa que precisamos ser uma comunidade

... de justiça em um mundo de injustiça econômica e ecológica ... uma


comunidade de generosidade e simplicidade em um mundo
consumista ... uma comunidade de pessoas que contribuem
financeiramente de modo generoso em um mundo egoísta que busca
os seus próprios direitos mais do que os dos outros ... uma comunidade
que testemunha humilde e ousadamente da verdade em um mundo de
incertezas ... uma comunidade de esperança em um mundo desiludido
e saturado pelo consumo ... uma comunidade de alegria e gratidão em
um mundo hedonista que busca freneticamente o prazer e, finalmente,
uma comunidade que experimenta a presença de Deus em um mundo
secular. (GOHEEN, 2014, p. 248 – 250)

Antes de ser assunto aos céus, Jesus disse aos seus discípulos, o que se
estende a nós hoje, que Ele tinha toda autoridade e por isso nos enviava a fazer
discípulos, batizando e ensinando a que pessoas guardem a todas as coisas que
Ele nos ensinou (Mt 28. 16 – 20). Nestes versos temos a base da nossa missão
de hoje e a autoridade necessária para que, como igreja, possamos participar da
Missio Dei, nos entendendo como convocados para resgatar com vida pessoas
que estão perecendo e caminhando para o inferno.

5. BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, J. F. DE. Bíblia Sagrada: Almeida Revista e Atualizada. Barueri


SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.

BOSCH, D. J. Missão transformadora: mudanças de paradigma na teologia


da missão. São Leopoldo: EST Sinodal, 2002.

COLEMAN, R. E. O plano mestre de evangelismo. São Paulo: Mundo Cristão,


1969.

GOHEEN, M. W. A igreja missional na Bíblia: luz para as nações. São Paulo:


Vida Nova, 2014.

JACKSON, J. G. Synopsis of Matthew, Mark and Luke. Bellingham, WA: Logos


Bible Software, 2009.

LOUW, J. P.; NIDA, E. A. (EDS.). Greek-English lexicon of the New


Testament: based on semantic domains. 1st ed ed. New York, NY, USA:
United Bible Societies, 1988.
10

PERKINS, P. Introduction to the Synoptic Gospels. Cambridge, UK: Grand


Rapids, 2007.

STETZER, E. Plantando igrejas missionais: como plantar igrejas bíblicas,


saudáveis e relevantes à cultura. São Paulo: Vida Nova, 2015.

TAYLOR, W. C. Dicionário do Novo Testamento Grego. Rio de Janeiro: Juerp,


1986.

VINCENT, M. R. Vincent - Estudo no vocábulo grego do Novo Testamento.


Rio de Janeiro: CPAD, 2012. v. 1

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