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EA e DH - Possibilidades Interdisciplinares
EA e DH - Possibilidades Interdisciplinares
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4 authors, including:
Jaílson Bonatti
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI)
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All content following this page was uploaded by Jaílson Bonatti on 08 January 2019.
Laiza Buzatto1
Jaílson Bonatti2
Claudia Felin Cerutti Kuhnen3
Introdução
1
Acadêmica de bacharelado em Ciências Biológicas pela Universidade Regional Integrada
do Alto Uruguai e das Missões URI Campus de Frederico Westphalen-RS, Brasil. Bolsista de
Extensão da URI/FW. E-mail: laizabuzatto@gmail.com
2
Acadêmico de licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Regional Integrada do
Alto Uruguai e das Missões URI Campus de Frederico Westphalen-RS, Brasil. Membro do
Grupo de Pesquisa em Educação (GPE/URI). E-mail: jailson.1bio@gmail.com.
3
Mestre em Biologia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Professora do
Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e
das Missões URI Campus de Frederico Westphalen-RS, Brasil. E-mail: claudia@uri.edu.br.
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outros, mas mostrando o meio ambiente em sua totalidade, analisando os
aspectos naturais, econômicos, sociais, políticos, históricos e culturais.
Nas palavras de Reigota (2009, p. 21) ―[...] a Educação Ambiental tem
uma história quase oficial, que a relaciona com conferências mundiais e com
os movimentos sociais em todo o mundo‖, diante disso, a seguir citamos
alguns pontos importantes na história da Educação Ambiental.
Embora os primeiros registros da utilização do termo ―Educação
Ambiental‖ datem de 1945, ano em que se inicia o uso da expressão ―estudos
ambientais‖ e no ano de 1948 em um encontro da União Internacional para a
Conservação da Natureza (UICN) em Paris. Logo depois, em 1968 realiza-se
na cidade de Roma uma reunião de cientistas de países industrializados,
para a discussão sobre o consumo e as reservas de recursos naturais não
renováveis e sua preservação para o futuro. Após esse acontecimento o
Clube de Roma expõe a necessidade da preservação dos recursos naturais e
o controle populacional. Porém, os rumos da Educação Ambiental começam
a ser realmente revistos a partir da Conferência de Estocolmo, em 1972, ano
em que se atribui a inserção da temática da Educação Ambiental na agenda
internacional. Em 1975, lança-se em Belgrado (na então Iugoslávia) o
Programa Internacional de Educação Ambiental, no qual são definidos os
princípios e orientações para o futuro.
Outro momento importante é a elaboração do Tratado de Educação
Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global
elaborado pela sociedade civil planetária em 1992 no Fórum Global, durante
a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(Rio 92). Esse documento estabeleceu os princípios fundamentais da
educação para sociedades sustentáveis, destacando a necessidade de
formação de um pensamento crítico, coletivo e solidário, de
interdisciplinaridade, de multiplicidade e diversidade. Estabelecendo ainda
uma relação entre as políticas públicas de Educação Ambiental e a
sustentabilidade.
No Brasil, em 1977, foi fundada a Secretaria Especial do Meio
Ambiente (SEMA) e em 1984, o Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA) que busca em sua resolução estabelecer diretrizes para as
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ações de EA, aprovada a Resolução 001/86 (1986) que estabelecia as
responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e
implementação da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) como um dos
instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente. (Dias, 1994).
Diante disso no Brasil em 1989, cria-se o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama – tendo como
objetivo coordenar e formular uma política nacional do meio ambiente. No
mesmo ano o Ministério da Educação (MEC) cria o grupo de Trabalho para a
Educação Ambiental. Sendo assim, em meados de 1996 inicia-se a
construção da primeira Agenda 21 Brasileira, sendo concluída em 2002. No
mesmo ano em Johannesburgo na África do Sul foi realizada a Conferência
das nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a mesma ficou
conhecida como Rio+10. E atualmente tivemos a Rio+20, cujo alvo é
pensar/discutir e elaborar metas que resultem em um objetivo final que é a
preservação do ambiente. O Rio+20 realizou-se no Rio de Janeiro – Brasil,
contou com aproximadamente 188 países. Ao que tange o Desenvolvimento
Sustentável (DS), as principais metas são desenvolver uma economia verde
com base no DS e a erradicação da pobreza.
Diante da breve história sobre a Educação Ambiental, a mesma
tornou-se essencial para garantir o desenvolvimento sustentável da
sociedade e um novo olhar perante as atitudes desenvolvidas em relação ao
meio ambiente. Assumindo um papel de ação que hoje está presente em
todas as nações que buscam o desenvolvimento e o equilíbrio com a
natureza.
A preservação do meio ambiente depende muito da forma de atuação
das gerações presentes e futuras, e o que estão dispostas a fazer para
diminuir o impacto ambiental das suas ações. Nesse sentido é importante
sinalizar que o usufruto ao ambiente deve também ser um direito universal,
inerente a todos os seres humanos, assim como qualquer outro Direito
Humano fundamental. A educação ambiental é um componente essencial e
permanente da educação nacional, sobretudo se aliada com a Educação em
Direitos Humanos (CANDAU, 2012), devendo estar presente em todos os
níveis e modalidades do processo educativo e de forma articulada, onde
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essencialmente deva ser esquematizada de modo interdisciplinar e integrada
à perspectiva dos Direitos Humanos, visando uma promoção a não violação
dos direitos ambientais de usufruto comum. De acordo com o Programa
Nacional de Educação em Direitos Humanos
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Quadro 1 - Resultados das buscas.
- Preservação e Direitos
- -
humanos
Conservação da
- - - biodiversidade e
Direitos Humanos
- Biodiversidade e
- -
Direitos humanos
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―[...] inegáveis as relações de interdependência e complementaridade [...]‖
(SANTOS, SANTOS e FREITAS, 2010, p. 64) entre ser humano e natureza.
Para tanto, Bagliardi e Cruz (2009) voltam suas atenções quando
afirmam que a Educação Ambiental é uma possibilidade para interligar
práticas frente à ampliação dos Direitos Humanos. Nesse ponto concordamos
com os autores e vamos além ao sugerir que, tanto Educação Ambiental
como os Direitos humanos precisam ser (re)vistos e (re)pensados na
perspectiva de sujeitos que estão diante de situações socioambientais
críticas (e.g.: poluição de rios, lagos e oceanos, desmatamento, queimadas,
caça ilegal, etc.). Essa questão nos faz reconhecer que a urgência pôr a
(re)ligação desses dois temas objetiva, então, um trabalho interdisciplinar e
de caráter autônomo, visando ouvir as vozes de resistência de sujeitos que
são vítimas de uma exploração dos recursos naturais, e por isso solicitam
uma vivência com a natureza e o meio ambiente mais sustentável,
equilibrada e harmônica.
As análises anteriores emergem próximas também das ideias de
Hammarströn e Cenci (2012) e de Oliveira (2012) quando esses ressaltam
que a perspectiva interdisciplinar deverá ser um modo prático para se
trabalhar com a Educação Ambiental e os Direitos Humanos. Essas
possibilidades, solicitadas a partir de uma condição em que a sociedade cada
vez mais consumista e de relações fluídas (BAUMAN, 2007), (re)visitam os
princípios para o surgimento de uma ética imperativa das responsabilidades
comuns do ser humano com o meio ambiente e a natureza, buscando
diminuir ou mitigar os impactos ambientais.
Na escrita de Avzaradel (2010) podemos observar que esse autor
também se preocupou com a questões dos impactos ambientais sobre o
meio ambiente ao relacionar com a perspectiva dos Direitos Humanos. O
autor coloca que esses esforços devem ser trazidos para discussão, a fim de
alertar a comunidade internacional sobre essas situações críticas em torno
das questões ambientais, próximo do que também Mazzuoli e Teixeira (2013)
destacam enquanto a proteção internacional do meio ambiente e dos Direitos
Humanos na promoção e garantia de direitos civis e políticos aos sujeitos.
Já para Silva, Adolfo e Carvalho (2015), esses autores nos alertam
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para a possibilidade de observar como modelos de desenvolvimentos
sustentáveis têm sido ligados à perspectiva de proteção e conservação do
meio ambiente, por meio das políticas neoliberais, e em torno disso os
autores atribulam sobre a intrínseca relação entre meio ambiente como
direito humano e sustentabilidade, como marca de ação em um projeto
econômico e político, são processos inalienáveis para a garantia de uma
sociedade justa e igualitária para o futuro da humanidade.
Próximas dessas atribulações levantadas pelos autores acima, um
filósofo já em percursos do século passado nos alertava sobre questões
relativas à responsabilidade ambiental, enquanto ética de um princípio
responsável que todos os seres humanos devem assumir em consonância de
um bem-estar futuro de toda a humanidade sobre o cuidado com a natureza
e meio ambiente. De acordo com ele
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complementa que todos teríamos como um direito comum um meio ambiente
ecologicamente equilibrado, pois trata-se de um direito fundamental, ou seja,
os direitos sociais, políticos e jurídicos que são previstos na Constituição
Federal de uma nação. Desse modo, as questões críticas relacionadas à
distribuição urbana e demográfica situam e solicitam a emersão da
disponibilidade de ambientes ecologicamente adequados e equilibrados o
suficiente para o usufruto da população enquanto um direito civil. Esses
direitos impetram uma condição onde os sujeitos necessitam, e tem como
direito básico de ir e vir em um lugar onde se possa fazer presente o meio
ambiente como recurso político e social para uma boa qualidade de vida nas
cidades.
Nas ideias de Grijo e Wenceslau (2017, p. 119) as políticas públicas
angariadas na promoção dos direitos e deveres para a sustentabilidade,
encontram-se como propiciadoras de vínculos entre a efetiva ―[...]
participação cidadã e a educação em Direitos Humanos [...]‖. As autoras
reforçam que, haja vista ser a sustentabilidade uma perspectiva em processo
de sempre construção e elaboração nas políticas públicas, torna-se
precursora de um desenvolvimento sustentável sinalizando a contribuição de
diferentes atores sociais, valorizando as diferenças socioambientais a fim de
confrontar as latentes desigualdades socioeconômicas.
Na apresentação de um dossiê proposta pelos autores Silva, Ferreira e
Buendía (2017) os autores elaboram a possibilidade reflexiva de um espaço
para se pensar as diferentes experiências ao torno da proteção do meio
ambiente como Direito Humano. Nessa perspectiva o arcabouço teórico e
prático possibilitado pelos autores sinaliza a urgência da inserção da guisa
sobre proteção e conservação da natureza e do meio ambiente assim como
qualquer outra seguridade básica dos Direitos Humanos, bem como de um
campo de investigação que merece destaque no espaço acadêmico.
Desse modo, ressaltamos muitos questionamentos que fazem
justamente a interligação da proteção dos Direitos Humanos e à preservação
do meio ambiente na perspectiva interdisciplinar da Educação Ambiental.
Entretanto os autores Cyrous (2012), Costa e Pinheiro (2011), abordam a
mesma temática, mas nos apresentam primeiramente um contexto histórico
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onde citam as transformações que ocorreram ao longo dos anos com a
perspectiva da sustentabilidade, e os Direitos Humanos, buscando traçar
maneiras de assegurar a preservação do meio ambiente como uma
necessidade para a garantia das presentes e futuras gerações. Sendo assim,
é de suma necessidade a reflexão por parte da sociedade perante o meio
ambiente e seus direitos, buscando o equilíbrio em relação às vontades
substituíveis como a reflexão permanente perante o consumo e exploração
de recursos naturais e às ações concretas voltadas à conservação,
preservação e sensibilização do meio ambiente.
Conclusão
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interligação da Educação Ambiental e Direitos Humanos enquanto campo
teórico e prático. Essa perspectiva epistemológica suscita o ―agir ambiental‖
enquanto pressuposto gnosiológico, epistêmico e transgressor de
paradigmas. Portanto, a ética do agir em prol do meio ambiente e do saber a
respeito da natureza é uma atitude essencial para espaçarmos e
possibilitarmos a vivência do futuro da humanidade e de toda biosfera.
Referências
ARAÚJO, José Salvador Pereira Direitos. Humanos, meio ambiente e
sustentabilidade. Revista Direito Ambiental e Sociedade.2013.
FREIRE, Jaqueline L.; SILVA, Laisa F.; NETTO, Mário B. A escola como
espaço dos saberes e da educação em direitos humanos pelo respeito às
diversidades. Revista Interface, n. 14, p. 53-63, dez., 2017.
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públicas de sustentabilidade e a participação do cidadão: educação em
Direitos Humanos. Revista de Direito Sociais e Políticas Públicas, Brasília, v.
3, n. 1, p. 119-134, jan./jun., 2017.
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