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FIGUEIRÓ, Adriano S.

A educação ambiental em tempos de globalização da


natureza. Revista Brasileira de Educação Ambiental (online), v. 6, p. 41-47, 2007.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Lei Federal nº 9.795 de 27 de abril de 1999.
Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação
Ambiental e dá outras providências. Brasília, DF, 1999.

RESENHA

A educação ambiental tem sido colocada como necessária em diversos


documentos, inclusive na Constituição Federal, e mais recentemente pela sendo
obrigação do Estado promover políticas públicas que promovam-na, assim como as
instituições de ensino, como ambiente ideal de disseminação e conservação do meio
ambiente e de apropriação de conhecimentos e práticas salutares de posturas
condizentes com a conscientização ambiental.
Figueiró menciona em seu texto que atualmente a globalização, ou ao que
denomina de planetização do capitalismo, contribuiu para o desenvolvimento de uma
tripla crise da humanidade: social, ambiental e do saber. Entendendo a educação
como instrumento de geração de conhecimento e construção de saberes, tem-se na
educação ambiental uma proposta de contraponto à alienação ambiental.
Considerando a Política Nacional de Educação Ambiental, tem-se os
diversos parâmetros definidos para a consolidação da educação ambiental em todos
os níveis de ensino, favorecendo a construção do conhecimento e apropriação de
saberes que devem fazer com que todos tenham acesso à informações que levem
ao entendimento da importância da questão ambiental em todo mundo.
Relacionando o capitalismo à questão ambiental, tem-se de um lado um
processo econômico-produtivo onde o lucro é o objetivo máximo, sendo todos os
recursos disponíveis utilizados para obtê-lo. A necessidade cada vez mais forçosa
de maior produtividade, menores custos e maiores lucros regem globalmente o
capitalismo. Para essa ordem social o dinheiro vem em primeiro lugar, em
detrimento de todo e qualquer outro atributo ou valor que lhe permeie o caminho,
incluindo o próprio ambiente.
Entendendo que sem um ambiente adequado e equilibrado, protegido e
cujos recursos naturais sejam bem aproveitados, mas não superexplorados, não
possibilidade de permanência da vida humana nos padrões conhecidos e aceitos
como salubres na atualidade, há a contingência de mudança dos modelos
capitalistas de produção e de exploração ambiental.
Neste sentido, a educação ambiental é essencial como forma de
conscientizar sobre a necessidade de: mudança de atitude diante do quadro geral do
meio ambiente global, de preservação e cuidados com o meio ambiente,
entendimento sobre as consequências da manutenção do atual quadro de produção
industrial mundial e consumo indiscriminado dos recursos naturais, desenvolvimento
e uso das formas alternativas de produção, de uso e reutilização de bens, assim
como o desenvolvimento de processos mais eficientes e eficazes de reciclagem das
materiais já utilizados e posteriormente desprezados, de redução do consumo que
têm se configurado em consumismo exacerbado, dentre outros.
Importante frisar que a Política Nacional de Educação Ambiental chama a
sociedade como um todo à participar do processo educacional, da conservação,
recuperação e melhoria do meio ambiente. Delega atribuições e ações às
instituições educacionais, aos meios de comunicação de massa, às empresas,
entidades de classe, instituições públicas e privadas.
Os princípios da educação ambiental apontam para um enfoque humanista,
holístico, democrático e participativo, ou seja, a sociedade deve então se posicionar
de forma a colocar o ambiente dentro do contexto humano e humanitário,
respeitando-o como um ente vivo, que deve ser cuidado, preservado, protegido;
holístico, olhando-o como um todo, suas interações com a natureza de forma geral,
com o homem enquanto ser vivente e com as consequências dessas interações;
democrático, dando espaço a discussão sobre o tema em todas as esferas sociais; e
participativo, buscando o engajamento da sociedade na questão ambiental.
Quanto as atividades relacionas com à Política Nacional de Educação
Ambiental, segundo a Lei Federal nº 9.795 de 27 de abril de 1999 que a instituiu,
não se limitam a educação a nível escolar, mas vai além, sendo o objetivo que o
trabalho atinja a educação em geral. Para tanto são necessárias ações inter-
relacionadas de capacitação de recursos humanos, desenvolvimento de estudos,
pesquisas e experimentações, produção e divulgação de material educativo e
acompanhamento e avaliação. Vê-se que a educação ambiental não se limita, neste
contexto, a sala de aula e ao planejamento dos trabalhos no ambiente escolar.
Transcende este espaço e segue para o aprofundamento da análise e estudo da
questão ambiental, visando a pesquisa, que leva a construção do conhecimento e,
retomando a crise do saber, combatendo mais esse mal decorrente do capitalismo
potencializado pela globalização.

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