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Análise do filme: A Ilha

1. Resumo do filme
O filme “A Ilha” procura recriar a realidade que é viver no séc. XXI, mais especificamente o ano de 2019. Lincoln Six
Echo (Ewan McGregor) e Jordan Two Delta (Scarlett Johansson) são as personagens que orientam o filme, vivendo,
desta forma nesta mesma recriação. Recriação esta que consiste num laboratório com grandes dimensões que
estaria a proteger a população do mundo exterior, já que o mesmo se encontrava contaminado, sendo o único lugar
seguro “a ilha”, considerada o paraíso, dado que é mostrada como o lugar onde se encontra a felicidade. O filme
aborda de uma forma mais detalhada a clonagem, visto que as personagens principais o são, apesar de sentirem
emoções, possuírem memórias, algo que não é considerado normal numa réplica uma vez que, são “robots”, ou seja,
qual é a diferença entre cópias do Homem e seres humanos? Se ambos pensam, reagem, apresentam memórias,
sentem, quem pode impor o rótulo de clones ou de seres humanos? Se uma réplica tem a capacidade de criticar e de
julgar, que do nosso ponto de vista é algo positivo, já que desaprovar algo ou pensar por nós mesmos é uma
competência imprescindível ao Homem então podemos afirmar que se um clone consegue ponderar decisões,
mesmo não sendo totalmente um ser humano, não é algo/alguém totalmente “oco de vida”. Ao se questionar, Lincoln
Six Echo, descobre a mentira criada por aquele que os comanda (as personagens principais, também como todas as
outras réplicas, eram apenas clones daqueles que viviam no mundo exterior, sendo usadas como “segunda chance”
para o ser humano caso precisasse de um transplante - a ilha era para onde as cópias iriam caso o “seu humano”
necessitasse de algo), fugindo com Jordan Two Delta para o “mundo real”, onde observaram um planeta
descontaminado. Depois da descoberta Lincoln Six Echo e Jordan Two Delta decidem salvar os restantes clones,
para não terem um fim como muitos outros experienciaram. Vendo isto podemos compreender que os clones sentem
a necessidade de se vingar daqueles que os deixaram em cativeiro, mesmo não sabendo de forma completamente
correta no que consiste ficarem presos e serem usados quase com marionetas, sabem que é errado. Na nossa opinião
o criador/ mandante pode sim ter as suas semelhanças com a figura de Deus, ao prometer um lugar na “ilha” – o
paraíso é relativamente parecido com a crença dos católicos de terem um lugar no paraíso depois da morte; outro
exemplo é a ideia de que o criador era um sinónimo de perfeição, sabedoria, segurança. Mas ao mesmo tempo o
criador também pode ser visto como alguém que os está a desviar do bom caminho, do caminho da verdade para os
persuadir a dirigirem-se para a mentira e para a nocividade, desta forma poderíamos comparar o inventor com o
Diabo.

2. Função das Personagens


No filme, as personagens tinham os seus comportamentos controlados pelo ambiente de maneira arbitrária.
Ou seja, faziam aquilo que o ambiente determinava. Ao longo da história é possível verificar que alguns clones,
clones esses que foram criados artificialmente om algumas memórias dos indivíduos reais, começaram a
questionar-se sobre alguns aspetos ambientais, por exemplo, o facto de comerem, vestirem-se quando o
ambiente assim o determinasse.

Tom Lincoln : desenha navios, é fascinado pela velocidade. Aprovou a criação do seu clone porque o seu
médico deu 2 anos de vida ao seu rim, rim esse que seria retirado do seu clone para garantir a sua
sobrevivência. Importante será referir que esta personagem aparece a meio do filme fingindo ser uma boa
pessoa e fingindo também estar interessado na fuga dos dois clones. Contacta a “Instituição” para
apanharem os dois clones e é quando o Albert Lauren vai ao encontro deles para capturar o six echo, ele
consegue engana lo fazendo o pensar de que o verdadeiro Tom é o clone, colocando lhe a pulseira. O Albert
acaba assim por matar o Tom.

Lincoln Six-Echo (clone): Clone de Tom Lincoln. Esta personagem apresentava sonhos
repetidos. Esses sonhos adivinham certas memórias limitadas, toda a composição cerebral desta
personagem era composta por características de Tom Lincoln, como por exemplo as características
genéticas do mesmo. Este clone passa vivenciar algumas experiências que eram vividas por Tom, passa
então a discriminar situações a partir dessas vivências. Six- Echo demonstra, por meio de uma
característica puramente humana, que devemos questionar o nosso habitat para vivermos melhor,
conhecer e compreender para vislumbrar e vivenciar todo potencial e riqueza de nossa existência.
Jordan Two-Delta (clone) : Clone de Sarah Jordan. criado para dar órgãos que Sarah precisaria, acaba
por fugir com Lincoln Six-Echo após ser avisada pelo mesmo quando foi escolhida para ir para A Ilha.

Sarah Jordan : Personagem que necessita de órgãos

Dr. Bernard Merrick : Personagem que gere toda a vida do clones. A certa altura do filme, esta
personagem compara-se ao Ser Supremo dem várias religiões e afirma que só ele e Deus conseguem criar
vida. Diz a Six-Echo : “(...) é da sua natureza questionar as coisas (...)” – Esta frase remete a um princípio
radicalmente filosófico que é :questionar, analisar, debater e criticar a sua vida e o seu ambiente natural e
cultural, desta maneira podemos reivindicar nossa liberdade e viver a nossa existência da melhor forma
possível.

Albert Laurent : Contratado por Dr.Bernard Merrick para encontrar os dois clones que se encontravam
em fuga. No fim, torna-se num aliado e ajuda os clones a salvarem os restantes, acabando por ficar contra
Bernard, homem que o contratou.

Mac : Trabalha no Serviço Técnico da Instituição. Esta personagem tenta ajudar os dois clones ( SIX- ECHO
E TWO-DELTA) a fugir. Morre então a tentar ajudar estas duas personagens.

Jones: trabalhava nas linhas de nutrientes que eram as que forneciam os nutrientes aos corpos que
estavam a ser formados. Esta personagem queria ganhar a lotaria, ou seja, queria um passaporte para a
Ilha. Grande amigo de Six-Echo, demonstra preocupação quando justificam o desaparecimento do Clone
com a contaminação. Ganha a ida para a ilha juntamente com outros clones.

3. Abordagem Filosófica
A ambição desmedida de se tornar perfeito e imortal a qualquer situação pode levar o Homem a construir um
clone. Esse clone resolveu um dos seus problemas e foi deitado fora como se de um objeto se tratasse. Na
atualidade, a situação vista no filme não acontece e ainda está muito distante a possibilidade de produzir um ser
humano completo. Este filme mostra-nos um ponto drástico que poderemos vir a presenciar com a clonagem, dado
que o Homem faz qualquer coisa para sobreviver, nem que para isso seja necessário destruir outras vidas, para o
seu próprio bem, não pensando assim nos outros mas apenas na sua vontade própria. Ao analisar filosoficamente
este filme, deparamo-nos com uma teoria já estudada em aula : Teoria de David Hume. Tomando os sentimentos
morais como certos, falamos sobre a razão que é o que faz o juízo da realidade, assim podemos identificar as
nossas ações como certas ou erradas. Ao visualizar este filme a pergunta que é mais frequente é “ Do que somos
capazes para nos mantermos vivos?”. E é esta pergunta que exalta a teoria de David Hume, segundo essa teoria o
que nos indicaria se estamos a agir de forma correta ou não, seriam os atos morais. Atos Morais que estão
demasiado ligados à sociedade e aos valores que recebemos ( Por exemplo, valores que nos são transmitidos desde
pequenos pelos nossos pais ou, até mesmo pelos amigos). Valores esses que não colocam uma barreira entre o
bom e o mau, falso ou verídico, tornando-nos incapazes de decifrar o certo do errado. Importante será referir que
existem vários dilemas filosóficos neste filme, tais como: “ Quando é que começa a vida humana?” , “Que ponto
poderemos alcançar para melhorar o nosso estilo de vida e garantir a nossa sobrevivência?” , “ Seria ético criar
uma vida instantânea para salvar outra?” , “ Os clones têm direitos?” . Por fim, este filme lida com questões éticas,
como a clonagem para proveito pessoal e a propriedade de outros seres humanos.
4. A clonagem e a engenharia genética
A ideia central do filme é demonstrar o progresso das ciências ligadas à genética e às novas tecnologias que, com
certeza, proporcionam diversos benefícios para os seres humanos em geral. A Ética é vista como o princípio orientador
para o avanço das ciências. Sendo a ética um campo das relações intersubjetivas, ou seja, a minha convivência com o
outro, A relação de sujeito com um outro sujeito consciente, responsável e, naturalmente, livre.

QUAIS SÃO OS OBJETIVOS DA CIÊNCIA? Por exemplo, no caso do filme assistido, é evidente que o cientista pretende e
consegue dar a vida a um ser humano com todas as capacidades e características, isto é, a razão, a responsabilidade e a
liberdade de um ser humano anterior. Ou até mesmo mais perfeito ainda, neste caso, seriam precisos menos de seis
meses para a criação de um clone. Efetivamente, o cientista poderia dar a vida assim como tirá-la, atendendo assim às
escolhas dos clientes. A clonagem apresenta algumas vantagens, como por exemplo, ser utilizada para tratamentos de
doenças genéticas e também por ser utilizada para a recuperação de espécies em extinção. Como também apresenta
desvantagens, tendo o exemplo de gastos financeiros. Os médicos neste filme não têm uma boa reputação a nível
profissional porque falsificam a realidade para bel-prazer, possivelmente para adquirirem algum estatuto, chegando
igualarem-se a um Deus, correspondente a uma figura que dá e tira a vida. A realidade conhecida pelos médicos que
trabalhavam no centro mas que vivem no mundo exterior é completamente diferente da dos clones, aos quais foram
impingidas falsas memórias. Para além disso, a ciência é vista, neste contexto, como algo que manipula a realidade, o
que, de certa forma, acaba por alterá-la. A realidade é que os clones ainda não podem ser feitos, pois a tecnologia
ainda não o permite , mas com certeza muitas pessoas optariam pela criação de um clone, dando-lhe vida e assim
respetivos sentimentos e, talvez, algumas responsabilidades - para simplesmente matá-los. (Esta questão pode ser
comparada com o aborto, já que é um caso polémico e bastante presente nos dias de hoje. Suponhamos que o aborto
mesmo causando riscos à saúde individual, é utilizado por muitas mulheres , porque é o que realmente acontece,
mesmo quando essas têm consciência de que essa escolha é proibida e muitas das vezes julgada, imaginemos então que
essa decisão é algo que lhe daria mais expectativa de vida e uma vida com melhores condições ). Relacionando este
exemplo com a liberdade, que é um assunto que podemos encontrar nas entrelinhas do filme. Digamos que a liberdade
é apenas e somente a possibilidade de escolha, a própria escolha para, eventualmente, atingir uma realização plena,
isto é, A FELICIDADE. Relativamente ao filme, os seres humanos criados em laboratório não possuíam liberdade. Estes
viviam isolados e com isso, a sua liberdade era oprimida e, nomeadamente, manipulada. Mas no final, este grupo de
Clones consegue conquistar a liberdade individual e Coletiva. A questão que se mantêm é: Será que somos manipulados
por algum sistema ideológico: seja a natureza ou a própria ciência? Será que Podemos pensar que o ser humano é um
objeto de consumo descartável? O que é certo é que o Ser Humano, segundo Epícuro (filósofo grego do período
helenístico), é rodeado por questionamentos éticos que requerem respostas urgentes. E tais questões evidenciam a
existência de uma realidade factual (“aquilo que é”) e de uma realidade normativa (“aquilo que deve ser”). Na tentativa
de transformar “aquilo que é” em “aquilo que deve ser” o homem se apresenta como um ser moral. Sendo assim,
homem é atraído pelo bem, pela verdade, pela honestidade, e é compelido a repelir o mal, a injustiça, a falsidade. E
como ser estético, é permanentemente atraído pelo belo. Sendo a sua identidade pessoal dependente de emoções
estável e comportamentos – de experiências. Diferenciando-se assim dos clones.

Período Helenístico - fase da história da Grécia Antiga marcada pela difusão da cultura grega
pela Ásia Central e bacia do Mar Mediterrâneo. Na Filosofia Houve três importantes escolas
filosóficas neste período: - Estoicismo; - Epicurismo; - Ceticismo

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