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INSTITUTO FEDERAL DE MINAS GERAIS - CAMPUS SÃO JOÃO

EVANGELISTA
CURSO TÉCNICO INTEGRADO EM AGROPECUÁRIA - 2º ANO
DISCIPLINA DE FILOSOFIA II

aluno 1
aluno 2
aluno 3
aluno 4
etc

ANÁLISE DO FILME BLADE RUNNER A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA


FILOSÓFICA

São João Evangelista, 2022.


ANÁLISE DO FILME BLADE RUNNER A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA
FILOSÓFICA

Trabalho apresentado à
disciplina de Filosofia II do
curso Técnico Integrado de
Agropecuária do Instituto
Federal de Minas Gerais.

Professor: Bruno Camargo

São João Evangelista, 2022.


O filme Blade Runner busca refletir sobre a essência humana, tratando dessa
condição a partir de um futuro distópico em que a humanidade foi capaz de desenvolver
ciborgues aparentemente idênticos a nós. Os replicantes nos levam a questionar sobre o que
nos faz humanos, especialmente por causa da forma como são tratados: a caça aos replicantes
nos remete a governos autoritários que buscavam perseguir grupos minoritários. No entanto,
essa interpretação não pode ocorrer sem perceber o dilema fundamental do filme: os
replicantes, como criação humana, não são conceitualmente humanos, mas sim uma
representação do princípio de Descartes segundo o qual “Penso, logo existo”. A capacidade
dos replicantes de pensarem e mesmo terem sentimentos em relação à suas memórias
implantadas os aproximam dos humanos.
No começo do filme o personagem principal Deckard acredita que os replicantes são
meras ferramentas, máquinas que devem ser descartadas quando não são mais úteis. À
medida que sua relação com os replicantes, especialmente Rachel, se desenvolve, ele muda
sua opinião em relação a eles. A forma como os replicantes tratam suas memórias - que
podem ou não ser reais - assim como o sentimento de perda representado pelo monólogo do
personagem Roy nos faz questionar se somos humanos simplesmente pela nossa genealogia
ou origem, e não pela forma como sentimos o mundo e percebemos a realidade.
A partir do filme, a condição humana pode ser tratada não como uma coisa inata e
objetiva, mas sim como uma soma de percepções, influências e processos de identificação.
“Ser humano” não é meramente pertencer a uma categoria biológica, mas significa também
tomar parte em diferentes papéis sociais, morais, culturais etc; os replicantes são
absolutamente capazes de performar essas características, no entanto por uma condição
orgânica e biológica são impedidos de exercer sua humanidade. Nesse sentido, é possível
perceber também como o conceito de humanidade pode mudar no decorrer do tempo: muitos
filósofos liberais esclarecidos apoiavam a escravidão pois não consideravam os negros
humanos como os brancos, da mesma forma que o Holocausto foi realizado sob um pretexto
parecido.
O filósofo Martin Heidegger busca compreender o ser humano não como um
peculiar animal que existe na natureza, mas sim a partir de sua existência em relação ao
mundo em que vive. A relação do ser humano com a linguagem, a cultura, a ciência e a
sociedade são partes do que constitui o ser humano; o significado de ser humano portanto
está submetido a condições históricas e sociais.
De uma perspectiva filosófica, não é um absurdo dizer que os replicantes são
seres humanos a partir da forma como eles são capazes de exercer esses papéis sociais e
culturais, assim como possuem uma percepção e uma relação emocional e autêntica com o
mundo em que vivem. Essa é a conclusão do protagonista Deckard, que acaba fugindo com a
replicante Rachel.
Platão defendia em sua filosofia a teoria das ideias que se dividiam em
inteligível e aparência, e também que para ser um ser humano ele precisava ser composto por
uma alma e um corpo físico, como vimos no filme os Androides eram compostos por um
corpo físico(a sua estrutura metálica) e sua sua inteligência artificial que imita a consciência
humana seria a sua alma.
Talvez ao aplicar uma outra teoria que Platão defendia, a dialética não teria ocorrido
derramamento de sangue durante o filme, já que no filme temos os cientistas que criaram os
Androids com a intenção de mandá-los pra outro planeta em busca de conhecimento e temos
na Terra, pessoas que temem os Androids, se em algum momento eles tivessem conversado
entre si e trocado informações sobre o assunto até chegarem a um senso comum, o final dessa
história poderia ter sido diferente, mesmo que cada um defendesse um ideal diferente.
Segundo Descartes, a alma está ligada ao corpo, o que é um erro comum na
interpretação profunda pensar que o corpo tem uma mente e não que eu (corpo e alma) seja a
própria mente em suas manifestações. Segundo Descartes, na correspondência que relatou em
Meditações, o objetivo principal era conceber conceitos que aparecem apenas na alma, que
não são o mesmo que o conceito de apreciar apenas o corpo. Esta é uma questão filosófica
para entender a filosofia.
No filme O Caçador de Andróide Blade Runner, tem robôs que foram criados por
cientistas. René tinha em sua concepção, que o corpo é formado por uma matéria e tem poder
só de outras matérias também, como a forma de andar, o peso, o tamanho, e os robôs no filme
tinham essas habilidades, ele foram criados de forma com que o seu criador desejasse, sem
dor, e principalmente sem sangue, passando por cima da natureza do corpo, e da divindade.
Pelo fato deles terem um equipamento que substituem o cérebro, eles não tinham o poder que
o cérebro humano tem, já que o cérebro capta no seu inconsciente, e daí sai os movimentos
do corpo, qualquer tipo de reação realizada pelo corpo.
E por mais que eles pareçam idênticos aos humanos, eles não têm esse
desenvolvimento que o homem não pode criar.
Complementando sobre Platão, ele também fala sobre “o amor é a eternidade dada aos
seres mortais". Uma frase que podemos fazer uma observação no filme sobre o amor de
Rachel por Deckard.
Pegamos esses filósofos, pois achamos o pensamento deles parecidos com algumas
cenas do filme escolhido para apresentação.
O filme nos permite refletir sobre muitas questões em relação ao que é ser
humano, fazendo também uma reflexão sobre o egoísmo e sobre a crueldade presente na
humanidade: se o futuro representado é distópico, ele reflete questões atuais, como a bioética
e os direitos humanos. Essa reflexão acontece a partir de seres fictícios, mas ela pode ser
muito bem aplicada à forma como tratamos o que consideramos diferente: de modo geral, é
possível dizer que o filme trata também dos nossos preconceitos e da nossa dificuldade de
reconhecer o próximo.
Refletir sobre o filme a partir de uma posição filosófica nos permitiu compreender
melhor as ideias dos filósofos citados, de modo a aplicar esses conhecimentos. A aplicação
do conhecimento adquirido em uma obra artística nos permite colocá-lo sobre diferentes
perspectivas, enriquecendo a compreensão da filosofia.

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