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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

LICENCIATURA DE FILOSOFIA

FILOSOFIA DA LINGUAGEM – FIL01024

PROF. M.e JOÃO BATISTA MOREIRA FILHO

PAULO HENRIQUE DA COSTA MONTEIRO

(202108040055)

RESENHA DOS CAPÍTULOS 1 E 3 DO LIVRO “LINGUAGEM E MITO” E OS


CAPÍTULOS 1 E 8 DO LIVRO “ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA” DE ERNST
CASSIRER

BELEM/PA

2023
LIVRO: LINGUAGEM E MITO

A linguagem mítica foi uma das primeiras interpretações que o homem utilizou
para explicar o mundo, através de seus elementos simbólicos que representavam algum evento
da natureza e fazendo a ligação com alguma ação de uma divindade grega, e essa forma de
explicar o mundo e seus eventos predominou por um longo período. E estudiosos de épocas
seguintes tentaram explicar a relação da linguagem e o mito, e de que forma essa relação
levantou questões em outros momentos na história da filosofia e trouxe discussões a cerca do
conhecimento da origem do homem.

No livro Linguagem e mito de Cassirer, tem uma passagem no inicio do primeiro


capítulo, em que Fedro indaga Sócrates sobre o lugar onde estavam, se seria o local onde
segundo o mito, havia ocorrido um rapto de uma personagem da mitologia. Daí Fedro conclui
que as donzelas poderiam se banhar. E Sócrates indaga que esse tipo de interpretação é
superficial e artificiosa. E quem desconfia desse tipo de saber deveria dedicar maior tempo
para desvendar esse conhecimento que segundo ele, inadequada.

Esse tipo de interpretação ao passar dos anos, foi sendo revisitado por eruditos e
estudiosos de épocas seguintes, que se interessavam pelo estudo de forma investigativa da sua
origem, a representação lingüística do período onde houve o contato do homem com esse tipo
de conhecimento, e de que forma ocorreu essa interpretação que influencia a origem da arte,
cultura, religião, ciência, etc...

A investigação lingüística e a etimologia foram tidas como veículos de


interpretação pelos estóicos e neoplatônicos do período helenístico. A relação entre nome e
essência que pode ser definida como necessária e que dentro de si contem a força do ser, são
suposições da concepção mítica, e aquilo que o mito considera como intuição imediata e
convicção vivida, serão convertidas em postulado reflexivo à ciência da mitologia.

Alguns filósofos como Spencer tentou provar que a veneração mítico-religiosa de


fenômenos naturais tinha origem de uma falsa interpretação de nomes conferidos a este tipo
de fenômeno. Entre os filólogos foi Max Muller quem foi responsável pelo emprego da
análise filológica não como o meio de revelar a natureza desses seres míticos, e sim como
uma conexão entre linguagem e mito. Max Muller diz que o mundo mítico é um mundo de
ilusão, e que só é explicável se descobrir o original do auto-engano do espírito, em que
decorre o erro. E explica que esse auto-engano está enraizado na linguagem.
LIVRO: ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA

No primeiro capítulo deste livro, o autor inicia a obra dizendo que a meta mais
elevada da indagação filosófica seria o conhecimento de si próprio. E esse tipo de indagação
mostra-se importante em vários momentos do estudo da filosofia quando se trata de
conhecimento de si, cada estudioso do assunto irá explicar de forma levando em consideração
critérios que serão fundamentais para chegar a certas conclusões.

O conhecimento de si próprio mostra-se importante no contexto filosófico que


configura um método que pode ser decisivo na investigação da natureza. A desconfiança dos
mais céticos despertou uma linha de investigação mais segura, e tem se tornado durante a
história da filosofia como contrapartida do humanismo. E através da negação da certeza
objetiva do mundo externo, é esperado pelo cético que o todo pensamento do homem volte a
concentrar-se no próprio ser. O conhecimento de si é importante e como é declarado, é uma
pré-condição da auto-realização. É necessário romper a chamada cadeia que nos leva atados
ao mundo exterior para que possamos usufruir da nossa liberdade.

O método da introspecção não chega a ser seguro no sentido de focalizar o


problema, contra todas as dúvidas céticas e a filosofia moderna iniciou o principio de que essa
prova do nosso ser é inconquistável e inexpugnável. Porém os progressos do conhecimento
psicológico não provaram essa tese cartesiana. E o pensamento de hoje em dia tem a
tendência a dirigir-se ao pólo oposto. E dizem que esse método de introspecção é precário e
poucos psicólogos modernos seriam capazes de admitir ou recomendar. E estão com a certeza
de que o único possível enfoque da psicologia científica seria a atitude behaviorista objetiva.

A introspecção e a percepção têm suas finalidades porque sem elas não


poderíamos definir o campo da psicologia humana e seguindo esta linha não chegaríamos a
uma visão mais ampla sobre a natureza humana. E a introspecção nos revela uma pequena
parte do setor da vida humana que possa ser acessível a nossa experiência pessoal. Não
cobrirá todo o campo responsável pelos fenômenos naturais.

Aristóteles fala que o conhecimento humano tem inicio em tendência básica da


natureza humana que se denota das ações e reações mais elementares do homem, e as
extensões da vida dos sentidos estão prescritas por essa tendência e nela está contida. E
segundo Aristóteles os homens desejam saber por natureza e que a prova disso seria o prazer
que encontram nos sentidos, e essa afirmação entra em choque com a tese platônica. Na
concepção platônica existe um abismo que separa a vida dos sentidos e o intelecto. O
conhecimento e a verdade são pertencentes à ordem transcendental e ao campo da idéias puras
e eternas. Para Aristóteles, o conhecimento científico não é possível apenas por intermédio do
ato da percepção. E nega essa separação do mundo ideal e empírico. Em um elo comum estão
ligadas a imaginação, a memória, a experiência, a percepção dos sentidos e a razão, ou seja,
são estádios que atingem a sua mais alta perfeição no homem e de alguma forma é partilhada
entre os animais e as formas de vidas orgânicas.

A origem do mundo está ligada a origem do homem, a religião não destrói as


primeiras explicações mitológicas, mantém a cosmologia e antropologia acrescentando uma
nova forma e nova profundidade. Nesse momento não se concebe o conhecimento de si
mesmo como um interesse teórico, e não é um assunto de curiosidade ou especulação, e passa
a ser declarado como fundamental ao homem.

As primeiras fases da filosofia grega tinham o interesse exclusivo do universo


físico. E a cosmologia prevalece sobre os outros ramos da investigação filosófica. E o que
caracteriza o espírito grego é que cada pensador grego representa um tipo novo de
pensamento em geral.

No capítulo 8 deste livro, Cassirer fala sobre a linguagem, e inicia dizendo que ela
e o mito são parentes próximos, e que a relação entre elas são tão estreitas que é quase
impossível separá-las. E são brotos de uma única raiz, e que ao ver homem, vemos na posse
de o dom da linguagem de função mito-criadora. Max Muller seguiu uma teoria onde o mito
era explicado como apenas um produto secundário da linguagem.

Considerava o mito como enfermidade da mente humana, e deveria ser buscada


através da faculdade da fala. A linguagem por sua própria natureza e essência é metafórica, e
por ser incapaz de descrever diretamente as coisas, logo recorre as a termos ambíguos e
equívocos. E através dessa ambigüidade da linguagem diz Max Muller, o mito sempre
encontrou seu alimento espiritual e deve sua origem a ela.

A fascinação que a mitologia e a linguagem exerceram sobre o espírito humano,


fez o homem a se interessar pelo assunto, e através dos contos míticos descrevem como o
homem aprendeu a falar do próprio Deus, ou com ajuda de um ser sobrenatural.

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