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FACULDADE DE FILOSOFIA
DISCIPLINA: FILOSOFIA DA CIÊNCIA II
“Com efeito, o homem pode observar aquilo que lhe é exterior; ele pode observar certas
funções de seus órgãos além do órgão pensante. Pode mesmo, até certo ponto, observar-se no
que diz respeito às várias paixões que experimenta, porque os órgãos cerebrais dos quais
dependem são distintos do órgão observador propriamente dito, e novamente isso supõe que o
estado de paixão é muito pouco pronunciado. Mas é obviamente impossível para ele observar a
si mesmo em seus próprios atos intelectuais, porque o órgão observador e o órgão observado
sendo, neste caso, idênticos, por quem seriam feitas as observações ? A ilusão dos psicólogos a
esse respeito é análoga à dos físicos antigos, que pensavam explicar a visão dizendo que os raios
de luz traçavam imagens de objetos externos na retina. Fisiólogos sabiamente indicaram a eles
que, se impressões luminosas agem como imagens na retina, outro olho seria necessário para
observá-las. O mesmo ocorre com a chamada observação interior da inteligência. Seria
necessário, para que fosse possível, que o indivíduo pudesse se dividir em dois, um dos quais
pensaria, e o outro, neste tempo, o veria pensar. Assim, o homem não pode observar
diretamente suas operações intelectuais; ele pode apenas observar os órgãos e os resultados.”
(COMTE, A. Opuscules de philosophie sociale (1819-1828). Paris: Ernest Leroux
éditeur, 1883).
“Crê-se muitas vezes que os fenômenos sociais devem ser muito fáceis de observar,
porque são muito comuns, além de que o próprio observador, quase sempre, deles
participa mais ou menos. Mas, são precisamente esta vulgaridade e esta personalidade
que devem necessariamente concorrer, com uma complicação superior, a tornar mais
difícil esta espécie de observação, afastando diretamente o observador das disposições
intelectuais conveniente a uma exploração verdadeiramente científica . Só se observa
bem, em geral, colocando-se de fora [...]”.(COMTE apud MORAES FILHO, 1978, p.88).
A IMPARCIALIDADE DO OBSERVADOR:
“Que ciência poderia sair do estado nascente, que verdadeira divisão do trabalho intelectual
poderia organizar-se, mesmo diminuindo a extensão das especulações próprias, se cada um só
quisesse empregar suas observações pessoais?” (COMTE apud MORAES FILHO, 1978, p.88).
“A admiração e a censura dos fenômenos devem ser banidas com igual severidade de toda a
ciência positiva, porque cada preocupação deste gênero tem por efeito direto e inevitável
impedir ou alterar o exame”. (COMTE,A. Reorganizar a sociedade, 1977, p.157-158).