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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

FACULDADE DE FILOSOFIA
DISCIPLINA: LABORATÓRIO DE FILOSOFIA II
PROFESSORA: ELIZABETH DIAS

ANOTAÇÕES SOBRE O LUGAR DA FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA


CONFORME A LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL

1. LEGISLAÇÃO NACIONAL:
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96) em seu artigo 35, ao
conjugar humanismo e tecnologia, delineia o perfil do alunado que o Ensino Médio deve formar.
Diz a Lei: “O Ensino Médio, etapa final da Educação Básica, com duração mínima de três anos, terá
como finalidades:
I. a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino
fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;
II. a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar
aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação
ou aperfeiçoamento posteriores;
III. o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética
e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;
IV. a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos
produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina”.

Dentre os conteúdos elencados para compor a “base nacional comum” estão os de Filosofia
de acordo com a LDB, Art. 36 § 1, inciso III:
Art. 36- O currículo do Ensino Médio observará o disposto na Seção I deste Capitulo e as
seguintes diretrizes:
I. destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência, das
letras e das artes; o processo histórico de transformação da sociedade e da cultura; a língua
portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania:
§1- Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão organizadas de tal forma
que ao final do ensino médio o educando demonstre:
III. “o domínio dos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia necessários ao exercício
da cidadania”
§ 2º O Ensino Médio, atendida a formação geral do educando, poderá prepará-lo para o
exercício de profissões técnicas.

Resolução CEB n.º 03/98, ao instituir as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
Médio, em seu artigo 2º, inciso I, II e III, define os valores que deverão presidir a organização
curricular do Ensino Médio:
Art. 2º A organização curricular de cada escola será orientada pelos valores apresentados
na Lei 9394, a saber:
I. os fundamentais ao interesse, aos direitos e deveres dos cidadãos, do respeito ao bem
comum e a ordem democrática;
II. os que fortaleçam os vínculos de família, os laços de solidariedade humana e de
tolerância reciproca.
. Esta Resolução em seu Artigo 3º define três grandes princípios que deverão nortear a
organização curricular, as situações de ensino e aprendizagem e os procedimentos de avaliação, a
saber: princípios estéticos, políticos e éticos.
A Resolução CNE/CEB nº 03/98, também, ao enfocar a interdisciplinaridade, como eixo
estruturante a ser privilegiado em toda reformulação curricular e o modo como devem ser tratados
os conhecimentos filosóficos no que diz respeito a este eixo, diz em seu Art. 10, § 2º, alínea b: “as
propostas pedagógicas das escolas deverão assegurar tratamento interdisciplinar e
contextualizado para os conhecimentos de Filosofia e Sociologia necessários ao exercício da
cidadania”.

O parecer nº 15/98 MEC/CNE/CEB, que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais


para o Ensino Médio, prescreve a inclusão curricular da Filosofia na área de ensino intitulada
“Ciências Humanas e suas Tecnologias”. Diz o parecer:
“Nesta área (das Ciências Humanas) se incluirão, também, os estudos de Filosofia
necessárias ao exercício da cidadania para cumprimento do que manda a letra da lei” ( pág. 60)

A Resolução nº 2 de 30 /01/2002 que define as diretrizes curriculares nacionais para o


Ensino Médio, em seu artigo 8º determina que os currículos devem ser organizados por áreas, a
saber: Linguagens, Matemática, Ciências naturais e Ciências Humanas e o artigo 9º ao definir os
componentes curriculares obrigatórios que integram essas áreas determina que a Filosofia é um
componente obrigatório da área das Ciências Humanas.

A Resolução nº 4, de 16 /08/2006 do CNE/CEB, alterou o artigo 10 da Resolução


CNE/CEB nº 3/98 que instituiu as Diretrizes Curriculares para o Ensino Médio. E determinou em
seu Art. 2º § 3º “No caso de escolas que adotarem, no todo ou em parte, organização curricular
estruturada por disciplinas, deverão ser incluídas as de Filosofia e Sociologia.”

A Lei 11.684/2008 da Presidência da República, alterou o artigo 36 da LDB, lei nº 9394/96


e tornou obrigatório o ensino das disciplinas Filosofia e Sociologia, em todas as séries do Ensino
Médio. Diz o artigo 36 da referida lei: O art. 36 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa
a vigorar com as seguintes alterações: IV – serão incluídas a Filosofia e a Sociologia como
disciplinas obrigatórias em todas as séries do ensino médio.

O Parecer CNE/CEB nº 22/2008 estabeleceu prazos para a implantação da Filosofia nos


Currículos do Ensino Médio. Determinou que em 2009 a inclusão deveria ser feita em pelo menos
um ano do Ensino Médio. Prosseguindo essa inclusão ano a ano até 2011, para os Cursos de Ensino
Médio de 3 anos de duração e até 2012 para os cursos com 4 anos de duração.
.
A lei 13.415 de 16 de fevereiro de 2017 que estabeleceu as diretrizes para o novo ensino
médio determina em seu art. 3º a alteração do artigo 35 da LDB (lei 9394/1996). Diz o artigo: a
“Base Nacional Comum Curricular definirá direitos e objetivos de aprendizagem do ensino médio,
conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educação e estabeleceu as seguintes áreas do
conhecimento: I - linguagens e suas tecnologias; II - matemática e suas tecnologias; III - ciências da
natureza e suas tecnologias; IV - ciências humanas e sociais aplicadas. E no §2º deste mesmo artigo
determina que “a Base Nacional Comum Curricular referente ao ensino médio incluirá
obrigatoriamente estudos e práticas de educação física, arte, sociologia e filosofia”. O artigo 4º,
altera o art. 36 da LDB que define a composição currículo do ensino médio. Diz o artigo 4º: “O
currículo do ensino médio será composto pela Base Nacional Comum Curricular e por itinerários
formativos, que deverão ser organizados por meio da oferta de diferentes arranjos curriculares,
conforme a relevância para o contexto local e a possibilidade dos sistemas de ensino, a saber: I -
linguagens e suas tecnologias; II - matemática e suas tecnologias; III - ciências da natureza e suas
tecnologias; IV - ciências humanas e sociais aplicadas; V - formação técnica e profissional”. E o §
1º, deste mesmo artigo define a quem compete a organização das áreas: A organização das áreas de
que trata o caput e das respectivas competências e habilidades será feita de acordo com critérios
estabelecidos em cada sistema de ensino.
O Projeto de lei 5330/2023 da Presidência da República, em tramitação na Câmara dos deputados,
propõe várias alterações a LDB (Lei 9394/1996), de modo a dirimir as dificuldades geradas pela lei
13.415 de 16 de fevereiro de 2017, que se mostraram problemáticas em termos da implementação
da nva política curricular proposta para o Ensino Médio. Dentre elas se destacam: 2400 horas para
a formação básica e obrigatoriedade da oferta do conjunto dos 13 componentes curriculares da
formação geral básica, no Ensino Médio, a saber: I - língua portuguesa e suas literaturas; II - língua
inglesa; III - língua espanhola; IV - arte, em suas múltiplas linguagens e expressões; V - educação
física; VI - matemática; VII - história, geografia, sociologia e filosofia; e VIII - física, química e
biologia.
Esse projeto de lei já recebeu propostas de 81 emendas.

2. LEGISLAÇÃO ESTADUAL
A Lei estadual n.º 5583/90 sancionada pelo governador Hélio Gueiros , em seu artigo 1º
determina:
Art. 1º- Fica mantido o ensino de Sociologia e Filosofia nas escolas públicas de 2º grau
respeitando o conteúdo mínimo de ensino estabelecido pela união.

A Resolução 630/1997 do Conselho Estadual de Educação em seu capitulo IV,


intitulado Dos currículos, Art. 15, § 4º determina:
Art. 15- Os currículos do Ensino Fundamental e Médio devem Ter uma base nacional
comum, estabelecida pelo Conselho Estadual de Educação e uma parte diversificada para atender
as peculiaridades regionais e locais.
§ 4º- O currículo do Ensino Médio deverá oferecer ao educando domínio dos
conhecimentos de Filosofia e Sociologia, através do conteúdo programático dos diversos
componentes curriculares, podendo constituir-se, a critério da Escola, em disciplina(as) da parte
diversificada.

A Resolução nº 443 de 17/11/2006 do Conselho Estadual de Educação determina a


inclusão da Filosofia como disciplina especifica nos currículos do Ensino médio e recomenda o
mínimo de duas horas de aulas semanais, em pelo menos duas series.

A Resolução n° 001 de 05 de janeiro de 2010 do Conselho Estadual de Educação, em


seu capitulo IV, que trata do Ensino médio, mais especificamente no art. 31, inciso IV determina:
“serão incluídos conteúdos obrigatórios de Filosofia e Sociologia em todo o Ensino Médio e,
quando a organização desse nível de ensino for seriada, em todas as séries e, ainda, caso sua
organização se dê disciplinarmente, tais conteúdos serão ofertados em disciplinas próprias e
específicas”.
A Resolução nº 504 de 09/11/2023 do Conselho Estadual de educação aprovou as
matrizes curriculares dos Ensinos Fundamental e Médio da rede estadual de ensino da secretaria de
estado de educação do Pará-SEDUC/Pará e definiu que a Filosofia passa a ter uma hora-aula por
semana, nos três anos do Ensino Médio.

3. LEGISLAÇÃO MUNICIPAL:

A Lei municipal 8338/2004, aprovada pelo prefeito Edimilson Rodrigues estabeleceu em


seu artigo 1º, a s disciplinas filosofia e sociologia como componentes curriculares do Ensino
Fundamental:
Art. 1º Ficam estabelecidas às disciplinas filosofia e sociologia como componentes
obrigatórios da estrutura curricular da Rede Municipal de Ensino, devendo ser asseguradas aos
alunos das escolas públicas da Rede Municipal de Ensino, da 5ª à 8ª séries ou equivalentes.
A Resolução n° 001 de 05 de janeiro de 2010 do Conselho Estadual de Educação, que
dispõe sobre a regulamentação e a consolidação das normas estaduais e nacionais aplicáveis à
Educação Básica no Sistema Estadual de Ensino do Pará, estabelece em seu capitulo III, que trata
do Ensino Fundamental, mais especificamente no artigo 26: “o currículo do Ensino Fundamental
no Sistema Estadual de Ensino do Pará incluirá, obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos
das crianças e dos adolescentes, aqueles elencados nas respectivas Diretrizes Curriculares Nacionais
e na presente Resolução, bem como uma parte diversificada, que deverá ser constituída a partir da
seleção dos seguintes conteúdos: a) Língua estrangeira; b) Redação e expressão; c) Literatura; d)
Estudos regionais; e) Educação ambiental; f) Estudos paraenses; g) Informática; h) Formação
profissional e de preparação para o trabalho; i) Higiene e saúde; j) Educação para o trânsito; k)
Sociologia; l) Filosofia; m) Ciências da natureza (física, química e biologia); n) Ciência e
tecnologia; o) Cultura e sociedade; p) Informação sexual; q) Educação para a cidadania”.
Parágrafo único. As Instituições de ensino poderão incluir na parte diversificada de seu
currículo conteúdos não elencados no caput, visando ao atendimento das necessidades locais.

Texto elaborado pela Profª Elizabeth de Assis Dias

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