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‫בס’’ד‬

ACADEMIA
merkabah
Introdução à Ética do Sinai

1º/1ª – B’nei Noach

Yossef ben Avraham


Elâ liche vodechá assí ti

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‫בס’’ד‬
A constituição espiritual do mundo pré-diluviano.
Depois que Adam e Chavá comeram do fruto do conhecimento do bem e do mal1, o mal que
era externo tornou-se interno ao homem. Cáin recebeu a influência desse mal, no que ficou
conhecido como kiná dimsaabuta [“ninho da impureza”]2. Cáin por sua vez não conseguiu se
arrepender do pecado de ter matado seu irmão Hevel3, se ele suportasse a tentação do mau impulso
ele corrigiria o pecado de seus pais, no segredo de “O filho dá méritos ao pai” (Sanhedrin 104b).
Como não houve arrependimento, resultou em um desencadeamento de uma configuração no
mundo, tornando o mundo um local não propício para o arrependimento.
Estas foram as gerações de Caín: Caín conheceu sua mulher e ela deu à luz à Chanoch, de
Chanoch nasceu Irad; Irad gerou a Mechuiael [“Eliminado por D‟s]; Mechuiael gerou Metushael
[“Extirpado por D‟s]; Metushael gerou Lemech; Lemech se casou com duas mulheres. Elas eram
Adá [“Afastada”] e Tzilá [“Sombra”]; Adá deu à luz a Iabal, ele foi o primeiro a construir templos
para a adoração de ídolos. O seu irmão era Iubal, ele foi o ancestral daqueles que tocam harpa e
flauta com finalidades idólatras. Tzilá deu luz a Tubal-Cáin [“O que aperfeiçoa a arte de Caín”], ele
afiava utensílios de cobre e ferro, fornecendo armas para assassinos. Sua irmã era Naamá
[“aprazível”], que fora desposada por Noach.
Estas foram as gerações de Shet, o terceiro filho de Adam: Shet teve um filho e o chamou de
Enosh, e foi a partir desta personagem que começou-se a invocar o nome de D‟s profanamente, eles
pensavam que já que D‟s criou corpos celestes e “forças" que dirigem os acontecimentos no mundo,
eles deveriam ser louvados e reverenciados. Enosh teve um filho, Keinan; Keinan teve um filho,
Mahalalel; Mahalalel teve um filho chamado Iered; Iered teve um filho chamado Chanoch;
Chanoch teve um filho, Metushelach; Metushelach teve um filho, Lemech; Lemech gerou Noach, o
justo.
O mundo pré-diluviano estava assolado pela idolatria, roubo e assassinato, somente aqueles
que receberam a tradição de Adam e tiveram a capacidade de seguir os Seus caminhos que
conseguiam uma conexão verdadeira com o único D‟s. Este não foi o caso das gerações de Caín
composta por perversos e delinquentes. Eles eram os pais das ciências idolatras e não tinham
qualquer traço de moralidade correta, por exemplo, o motivo de Lemech se casar com duas
mulheres era porque nas gerações de Cáin tinha-se o costume de ter uma esposa para procriação e
outra a qual se dava contraceptivos para der desposada somente pela sua beleza, isso é (Bereshit
4:19): “Lemech casou-se com duas mulheres...”
Os nossos sábios nos disseram em (Avot 4:2): “(...)pois uma mitsvá, atrai outra, e uma
transgressão atrai outra” isto é comprovado pela descendência de Cáin, a qual vemos o potencial
destrutivo de “uma transgressão atrai outra transgressão.” Como está escrito (Bereshit 4:23):
“Lemech disse a suas mulheres: “Adá e Tzilá, ouve minha voz; Mulheres de Lemech, escutai a
minha fala. Acaso eu matei um homem [Cáin] o ferindo e um menino [Tubal-Caín] o
contundindo?” Uma transgressão além de puxar outra, nunca fere somente um, ela cria uma
corrente de transgressões e afeta todas as pessoas ao seu redor, consequentemente essas pessoas
afetadas, afetarão outros. As nossas ações contam muito e por meio de nossas boas ações, o
cumprimento das 7 mitzvot Bnei Noach e o estudo da Torá, podemos servir como pilares da
bondade de D‟s, servindo como ponte para as bençãos de D‟s para a humanidade.
Quando Adam fez teshuvá (“arrependimento”), retornou a Chavá e gerou Shet; Adam
começou a transmitir o conceito do sacerdócio para um D‟s único, e é por isso que mais a frente

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Bereshit 3:6
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Tamareira de Devorá – Moshe Cordovero
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Bereshit 4:8

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está escrito em (Bereshit 4:26): “Um filho também nasceu para Shet, deu-lhe o nome de Enosh.
Então, o nome de D‟s foi invocado.” - Visto que a terra estava corrompida, e precisava de pilares
fundamentais para que fosse reerguida, estas invocações acabaram por substituir a adoração ao
Criador, pois por fim acabaram por substituir o Criador por Suas criaturas, mesmo que com a
intenção de agradar a D‟s. De acordo com Rashi, as idolatrias tinham como objetivo a comunicação
com as entidades dos corpos celestes, tornando-os intermediários, cometendo a transgressão do
mandamento de idolatria.
Consequentemente, a partir desta confusão, construíram os templos, ofereceram sacrifícios, se
prostraram diante dos ídolos por pensarem que estavam cumprindo a vontade de D‟s. Estas ações
resultaram em um surgimento de falsos profetas, que incentivaram os sacrifícios aos ídolos estelares
associarando a eles [os ídolos] poderes Divinos independentes, para que as pessoas se sentissem
estimuladas a cometer idolatria, resultando em uma cosmologia de múltiplas forças de atuação, ao
contrário do que nos é ensinado na tradição. Isto vem nos ensinar que nem tudo o que achamos bom
é agradável aos olhos do Eterno. Rashi ensina que nos tempos de Enosh, D‟s inundou parcialmente
o mundo para servir como aviso de suas más ações, mas não foi o suficiente. Este cenário foi mudar
com Chanoch [“Educado”], que recebeu o cajado de Adam e serviu a D‟s de uma forma inédita em
toda Torá, unindo-se a ele por completo, como está escrito: “Chanoch andou com D‟s.” (Bereshit
5:24) – Seu filho Metushelach, também instruído nos caminhos de D‟s, foi o homem que mais viveu
na terra, vivendo 969 anos, aprendemos daqui que o justo vive muito, e o perverso tem seus dias
diminuídos, este ensinamento é refletido em (Mishlei 10:27): “O temor de YHVH aumenta os dias,
mas os anos dos ímpios serão abreviados.” Não só que seus dias foram prolongados, mas a ele foi
dado o mérito, em homenagem a sua morte houve um adiamento do dilúvio por mais 7 dias, como
vemos em (Bereshit 7:4): “Porque, passados ainda sete dias, farei chover sobre a terra quarenta dias
e quarenta noites; e desfarei de sobre a face da terra toda a substância que fiz.” – Daqui aprendemos
que a morte de um justo sempre traz benefícios a humanidade, neste caso, lhes foi concedido mais
tempo para que se arrependessem.
Logo depois veio Lemech que profeticamente deu o nome do seu filho de Noach [“Alivio”]
dizendo: “Este nos dará alivio de nosso trabalho e da agonia de nossas mãos causada pelo solo que
D‟s amaldiçoou.” (Bereshit 5:29). Antes de Noach, as pessoas eram chamadas de B‟nei Adam, pois
eram filhos do pecado, mas agora com Noach, a humanidade passou a ser reconhecida como Bnei
Noach, filhos da retidão.

Noach, o agricultor
Apesar de viver em tempos que as pessoas plantavam o mal, perpetuando enganações e
imoralidades não se satisfazendo jamais, Noach suportou a maldade do mundo e conseguiu cultivar
a terra, viver em paz e educar seus filhos nos caminhos de D‟s, como está escrito (Tehilim 37:25-
26): “Já fui jovem e agora sou velho, mas nunca vi o justo desamparado nem seus filhos
mendigando o pão. Ele é sempre generoso e empresta com boa vontade; seus filhos serão
abençoados.”
Segundo a tradição, Noach inventou o arado e assim foi possível se tirar benefícios da terra
novamente, isto não era possível desde os pecados de Adam. Isso ocorre porque D‟s ama o justo,
pois ele se assemelha aos seus caminhos, como está escrito (Devarim 32:4): “Ele é a Rocha, as suas
obras são perfeitas, e todos os seus caminhos são justos. É Deus fiel, que não comete erros; justo e
reto ele é.” O justo sempre achará graça aos olhos de D‟s, viverá uma vida feliz aqui e no Mundo
Vindouro, ele é uma peça fundamental para a continuidade da humanidade, como está escrito
(Bereshit 6:8): “Noach achou graça aos olhos de Deus” – Rashi comenta que Noach e seus filhos

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eram justos, e isso vem nos ensinar que onde quer que tenha um Ben Noach que cumpre suas 7
mitzvot e estuda a Torá, certamente aquele lugar tem a shalom (“paz”) do Eterno, como
“agricultores” arrancam as ervas daninhas e fazem a terra florescer, é por isso que o primeiro
versículo da Parashat Noach está escrito (Bereshit 6:9): “Estes são as gerações de Noach.”

Os três filhos de Noach


“Estas são as gerações de Noach”. Shem, o sacerdote do Altíssimo, Ham, aquele cujos
descendentes serão escravos de escravos e Yafet, o filho mais velho, que recebeu a benção material.
Estes são os três pilares de onde saem as 70 nações.

Shem - É o filho do meio, mas é citado primeiro na Torá, pois é ele quem vai exercer o papel
mais importante na história, dentre os três filhos. Dentre os três, ele é o que pensa como o pai, busca
o caminho do sacerdócio, isto é servir a D‟s e invocar o Seu Nome.
Está escrito (Zohar II, 56b): “Na época de Enosh, até mesmo os jovens e as crianças eram
versados na Sabedoria Superior (...)” – Contudo, como citamos anteriormente, eles acreditavam
que, por causa de seu relacionamento com as forças dos corpos celestes, eles poderiam impedir o
dilúvio. Isto foi antes de Chanoch nascer, pois ele receberia o cajado de Adam, que depois passaria
para Noach. Por meio destes justos, a tradição e seus mistérios foram mantidos selados no mundo.
Shem, honrando esta tradição, montou uma Academia de Torá, como nos diz o comentário de
Rashi: “Shem notou que os seres humanos de novo se afastavam das instruções originais que D‟s
lhe dera. Por isso ele fundou, junto com seu bisneto Éber, uma academia cujo objetivo era preservar
esse corpo de ensinamento que mais tarde seriam entregues formalmente por D‟s como Torá.”4
Shem também foi o único dos filhos a preservar a língua hebraica, como está escrito (Chumash
Torá Rashi 11:8): “A corte celestial concordou. Com exceção de Shem e sua família, todos os
descendentes de Noach subitamente esqueceram sua língua original, o hebraico, e cada clã começou
a falar seu próprio idioma. Por eles não conseguirem comunicar-se, eles se dispersaram. Dessa
mesma maneira, D‟s espalhou-os daquele lugar por toda a face da terra, e eles pararam de erigir a
cidade.” A Shem também é concedido o mérito dos seus descendentes usarem o talet (“manto de
orações”), em referência a quando ele “cobriu a nudez” de seu pai. A Academia de Shem era
responsável por ensinar as halachot que dizem respeito ao recato, abate animal e todas as leis sobre
a liturgia da tradição, enquanto que a Academia de Éber era responsável pelos ensinamentos
místicos da estrutura espiritual do Ano, da Alma e do Mundo.
São dez gerações de Adam a Noach e de Shem até Avraham, que estudou nas academias de
Shem e Éber, de onde aprendeu os segredos que mais tarde foram instituídos como “Sefer Ietsirá”;
ao nosso patriarca Avraham foi dada a missão de continuar a tradição na difusão da ciência de um
D‟s único, como um povo de sacerdotes, colaborando para a existência do mundo e embaixadores
do reinado da kedushá (“santidade”) na terra. Como encontramos no (Talmud Bava Kamma 38a):
“Portanto, você aprendeu que até mesmo um gentio que se dedica ao estudo da Torá é considerado
um Sumo Sacerdote.” Os filhos de Shem, em todas as gerações, são indivíduos separados e
santificados para D‟s.
Estes são os descendentes de Shem: Shem gerou Arpachshad; Arpachshad gerou Shélach;
Shelách gerou Éber; Éber gerou Péleg gerou Reú; Reú gerou Serug; Serug gerou Nachor; Nachor
gerou Terach; Terach gerou Abrão, Nachor e Charan; Charan gerou Lot.

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Rashi sobre Bereshit 11:17

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Yafet – Ele ajudou Shem a esconder a vergonha do pai. Yafet recebeu a benção material de
Noach, como está escrito: (Bereshit 9:27): “Expanda D‟s a Yafet, mas habite nas tendas de Shem.”
Por meio das gerações de Yafét se mantem as engrenagens das grandes indústrias do mundo
material, do desenvolvimento tecnológico, econômico e político. Quando Yafet não habita nas
tendas de Shem, esquecendo-se do seu propósito de desenvolver a sociedade para a santidade, ele
deixa de cumprir com sua função de „expandir na terra‟ causando o oposto, „contraindo a terra‟, isso
é, causando destruição e engano, D‟s nos livre! É por isto que é dito que somente Shem preservou a
língua hebraica, para preservar o serviço sacerdotal e sua pureza. A Yafet também foi dado o mérito
de um dos seus descendentes (Gog) ser sepultado na Terra de Israel.
Estes são os descendentes de Yafet: Yafet gerou Gomer, Magog, Madai, Iavan, Tubal,
Meshech e Tirás, que mais tarde ficou conhecido como Pérsia. Os filhos de Gomer foram
Ashkenaz, Rifat e Togarmá. Os filhos de Iavan foram Elishá, Tarshish, os Quititas e Dodanitas.

Ham – Ham é o filho mais novo de Noach, e deriva da kiná dimsaabuta, ele também é uma
ferramenta essencial desta engrenagem de pilares, visto que ele é a ferramenta pelo qual o exílio é
aplicado. Apesar de Ham ser uma peça que é utilizada para o bem, no segredo de “Ish gam zu”
(Taanit 21a): “Isto também é para o bem.” Não quer dizer que este estado espiritual é permanente,
aprendemos isto do que já foi dito para Cáin (Bereshit 4:7): “Porventura se podes bem suportar”,
que significa “Por mais que suas inclinações provenham do Outro Lado, você tem reparo, se tu
podes bem suportar, você irá se grudar no segredo do arrependimento e „ser-te-á perdoado‟. Moshe
Cordovero, de abençoada memória, nos ensina: “Toda coisa amarga tem uma raiz superior doce.”
Um dos nossos deveres no mundo é retificar a Shechiná [“Presença Divina”], que de acordo com o
sábio cabalista Abir Yaacov, pode ser chamada de Terra de Canaã, isso é (Bamidbar 34:2): “Dá
ordem aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando entrardes na terra de Canaã, esta há de ser a terra
que vos cairá em herança: a terra de Canaã, segundo os seus termos.” - Canaã é um dos filhos de
Ham, e “Quando entrardes na terra” é o aspecto das engrenagens corrigidas em sua raiz doce.
Os filhos de Ham foram Cush, Mistraim (Egito), Put e Canaã. Os filhos de Cush foram Sebá,
Chavilá, Sabtá, Raamá e Sabtechá. Os filhos de Raamá foram Shebá e Dedan.

Por que o mundo e o homem foram criados?

D‟s queria se tornar Rei, e um Rei é aquele que possui poder absoluto sobre tudo e todos no
reino, por isso ele é chamado Mêlech ha’olam (“Rei do mundo”) isso vem nos ensinar que até
mesmo nos lugares mais inóspitos e com a presença dele aparentemente oculta, ele é Rei e comanda
todas as forças, como está escrito (Tehilim 47:7): “Pois Elohim é o Rei de toda a terra, cantai
louvores com inteligência.” D‟s criou este cenário para que possamos participar de Sua Kedushá
[“Santidade”], e este é o trabalho de reconhecer e exaltar D‟s em todas as suas obras como está
escrito (Tehilim 92:5): “Quão grandes são, YHVH, as tuas obras! mui profundos são os teus
pensamentos.” – Essas obras são as Faces, Nomes, Apelativos e outras diversas configurações que
podemos investigar graças à construção deste reinado. D‟s por si só é indivisível, o que podemos
quantificar e qualificar é sua criação. Para conhece-lo melhor precisamos desse sistema de filtros
que retêm a sua radiação de Luz infinita, como nos é ensinado: “Como um reator atômico. Não se
pode ligar uma lâmpada incandescente ao reator, a menos que se queira desintegrá-la. É necessária
uma usina geradora que reduza a potência da energia para que ela possa ser usada sem causar
danos.”5

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Anatomia da Alma – Ensinamentos do Rebbe Nachman de Breslev

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Da mesma forma, existem quatro elementos básicos do mundo material: água, fogo, ar e terra,
e o quinto elemento é o tsadic (“justo”), o pilar do mundo que vai unificar esses elementos com D‟s.
Estes elementos permeiam toda a criação, dentro e fora de nós. O homem é feito para ser o
“embaixador” de D‟s neste mundo; ele é o principal representante da Divindade, e por ser Imagem e
Semelhança, o homem não deve se enganar achando que neste mundo está tudo o que é reservado
para ele, pois nossos Sábios já disseram (Avot 4,21): “Este mundo é parecido com um corredor...” e
também (Eruvin 22a): “Hoje para cumprir e amanhã para receber sua recompensa”, portanto, este
mundo deve tornar-se prazeroso para ele, como um príncipe que passeia nas províncias do Rei.
É neste mundo onde o homem pode libertar seu coração conforme o mérito, tornando-o assim
resistente para receber mais irradiação da luz divina no Mundo Vindouro, como está escrito
(Tehilim 63:9): “Minha alma a Ti se une, e tua Destra me sustenta”. O homem está aqui para se unir
a D‟s por sua própria vontade, uma demonstração de amor verdadeira.

O que é a Torá?

A Torá é a instrução de D‟s para todos da terra, e isto é indicado pela própria palavra Torá
[“instrução”], ela vai nos ensinar a viver uma vida em harmonia com a Vontade do Criador, bendito
seja. Ela é o manual para o “Bem-viver”. O Rei David nos ensina sobre o que é viver com a Torá:
“Bem-aventurado o homem que não segue os conselhos dos ímpios, não trilha o caminho dos
pecadores e nem participa da reunião dos insolentes; mas, ao contrário, se volta para a Torá do
Eterno e, dia e noite, a estuda. Ele será como a árvore plantada junto ao ribeiro que produz seu fruto
na estação apropriada e cujas folhagens nunca secam; assim também florescerá tudo que fizer.”
(Tehilim 1:1-4) A Torá é a própria Árvore das Vidas, contem em si todas as almas de Israel, como
aprendido em (Pituchei Chotam, Ki Tissá): “Y esh S hishim R ibo O tiot L aTorah” que significa
“Existem seiscentas mil letras na Torá” tem as mesmas letras que Israel. Estudar a Torá é estudar os
caminhos que estão unidos com a vontade de D‟s. A Torá nos livra do Anjo da Morte, e isto é
indicado nas palavras Negef [“Um flagelo”] e Sami-el [“Anjo da Morte”], o valor numérico de
Negef é 133, e a de Anjo da Morte é 131, os dois ausentes no nome de Sami-el se alude a Torá
Escrita e a Torá Oral, ela é um escudo para alma.
A sabedoria contida dentro da Torá está além do espaço e tempo, portanto, a cada
envolvimento que o indivíduo tem com a Torá, é possível que lhe seja revelado coisas profundas de
sua espiritualidade. Para a alma, a Torá é o verdadeiro alimento, pois ela equivale ao cumprimento
de todas as mitzvot, isto é aludido no número 613 que é o total de mandamentos contidos na Torá, a
qual são 248 positivos que representam os órgãos do corpo, e 365 proibitivos, que representam os
365 vasos sanguíneos e os dias que compõem um ciclo solar (um ano). E também na própria palavra
Torá, cujo valor numérico é 611, quando somando aos dois mandamentos que saíram da boca do
próprio D‟s, o resultado é 613. E ainda, quando somamos os 613 mandamentos dos judeus com os 7
mandamentos dos B‟nei Noach, o valor total é de 620, o mesmo valor da palavra kéter (‫ כתר‬-
“coroa”), refere-se ao mais elevado dos mundos, de onde a vontade do Criador é emanado para a
existência de todas as coisas.
O sabío Abir Yaacov6 nos ensina: “Quando o Criador formou as letras pela primeira vez, Ele
as criou como luz oculta que não pode ser compreendida. Ele então os abaixou, um passo de cada
vez, até que eles foram incorporados na forma das letras celestiais, que são luzes espirituais. E
quando Ele os deu a nós, Ele os incorporou em uma forma física, no modelo da neshamá (“alma
Divina”) que não pode habitar neste mundo sem um corpo físico para carregá-la.” – Aprendemos

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Pituchei Chotam, Parashat Picudei.

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daqui que devemos ter a consciência que a Torá é a santidade das santidades, absolutamente
integrada a vontade de D‟s, assim como as águas correntes que fluem da fonte, a Torá flui dos
Mundos Superiores para o mundo material.

O que são as mitzvot?


A palavra mitzvá tem sua raiz em tsav (“ordem”) e por isso, significa tanto “instrução” como
“ordenanças”; são os caminhos de D‟s no mundo. A mitzvá se assemelha as águas que preenchem
uma cisterna ou a uma engrenagem fundamental para o funcionamento do sistema não só do
indivíduo, mas do mundo, assim como a engrenagem, ela age em pares, como vimos anteriormente
“(...)pois uma mitsvá, atrai outra, e uma transgressão atrai outra”, toda mitzvá verdadeiramente
cumprida é acompanhada de um sentimento de felicidade e satisfação em D‟s, por exemplo, quando
se cumpre a mitzvá de não cometer idolatria, ele também cumpre com a mitzvá de “Amarás pois
YHVH teu D's de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder.” (Devarim 6:5),
pois elas se atraem. Quando você está cumprindo mitzvá, você está se unindo com D‟s e essa união
é um estado de amor, como está escrito (Bereshit 6:9): “(...)Noach foi um homem justo; perfeito em
suas gerações. Noach andou com D‟s.” – Isto é aludido também pela palavra ahavá (“amor”) cujo
valor numérico é 13, assim como echad (“um”), como está escrito (Tehilim 11:7): “Porquanto justo
é YHVH, e ama a justiça; os íntegros verão a sua face!”
Como explicamos, a mitzvá pode significar tanto “instrução” como “ordenança”, o que vem
nos ensinar que as mitzvot são, além de benéficas, uma obrigação, pois está escrito (Shmuel Alef
2:6): “O YHVH é o que tira a vida e a dá: faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela.” –
Cumprir as mitzvot é andar nos caminhos de D‟s por todas as suas gerações, assim como Noach,
como nossos Sábios ensinaram (Avot 2:1) “(...) reconheça o que existe acima de você: um Olho que
vê, um Ouvido que escuta, e todos seus atos estão registrados em um Livro.” - D‟s fornece as
ferramentas necessárias para aqueles que querem viver de uma forma justa, isto é, “Se andardes nos
meus estatutos e guardardes os meus mandamentos, e os fizerdes, então eu vos darei as vossas
chuvas a seu tempo; e a terra dará a sua novidade, e a árvore do campo dará o seu fruto: E a debulha
se vos chegará à vindima, e a vindima se chegará à sementeira: e comereis o vosso pão a fartar, e
habitareis seguros na vossa terra. Também darei paz na terra, e dormireis seguros, e não haverá
quem vos espante: e farei cessar os animais nocivos da terra, e pela vossa terra não passará espada.
E perseguireis os vossos inimigos, e cairão à espada diante de vós. Cinco de vós perseguirão um
cento, e cem de vós perseguirão dez mil; e os vossos inimigos cairão à espada diante de vós. E para
vós olharei, e vos farei frutificar, e vos multiplicarei, e confirmarei a minha aliança convosco. E
comereis o depósito velho, depois de envelhecido; e tirareis fora o velho por causa do novo. E porei
o meu tabernáculo no meio de vós, e a minha alma de vós não se enfadará. E andarei no meio de
vós, e eu vos serei por Deus, e vós me sereis por povo. Eu sou YHVH vosso Deus, que vos tirei da
terra dos egípcios, para que não fôsseis seus escravos: e quebrei os timões do vosso jugo, e vos fiz
andar direitos.” (Vayicrá 26:3-13) e isto é todo dever do homem (Cohelet 12:13): “De tudo o que se
tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque este é o dever de todo o
homem.”
Aqueles que andam nos caminhos de D‟s têm o benefício de se aprimorarem e manterem o
funcionamento do mundo, como também, ajudar para atrair os dias do Mashiach para a terra, nos
dias de hoje que D‟s permita. Cada mitzvá é uma árvore que sobe eternamente até o Santo, criando
uma conexão entre Céus e terra, e os frutos dessa árvore é a redenção, como está escrito (Shir
HaShirim 2:13): “A figueira já deu os seus figuinhos, e as vides em flor exalam o seu aroma:
levanta-te, amiga minha, formosa minha, e vem.”

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