SEÇÃO 4
DESCRIÇÃO DA CALDEIRA
DE LEITO FLUIDIZADO E SEUS
COMPONENTES
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4.1. Geral
A caldeira fornecida é do tipo suspensa, sistema de tiragem balanceada, único tubulão,
circulação natural e projetada para instalação ao tempo.
Quando um gás ou fluido ascende através de partículas sólidas do leito a uma baixa
vazão, é requerido uma grelha ou uma placa porosa para suportar parcialmente o peso
da camada sólida. As partículas são estacionárias e formam um leito compacto. Se a
vazão é aumentada, atinge-se um ponto onde as partículas sólidas são suportadas ou
quase suportadas pelo arraste do fluido. Então as partículas se tornam móveis e é dito
estar no ponto mínimo ou início da fluidização. Se a vazão do gás é aumentada ainda
mais, bolhas começam a aparecer na grelha, as quais propagam em ascensão através
do leito, regime este chamado de borbulhamento.
As bolhas são regiões vazias que se formam no “grid” ou próximo dele e, se propagam
em ascensão. Elas conferem ao leito fluidizado uma aparência de uma piscina de
líquido em ebulição, e existe uma analogia entre estas bolhas e as que se formam nos
líquidos. No percurso até a superfície, as bolhas individuais se associam formando
bolhas de dimensões maiores, as quais podem então se dissociar e se associar
novamente. As bolhas são similares na aparência e comportamento às bolhas
esféricas nos líquidos. Suas formas se tornam distorcidas quando se associam e
dissociam.
Os vazios crescem quando se aumenta a vazão de ar. As bolhas contêm algumas
partículas, mas o seu arraste induzido causa uma mistura vertical vigorosa e um
deslocamento lateral das partículas sólidas no leito. As bolhas arrastam os sólidos para
cima, e o refluxo dos sólidos arrasta o gás intersticialmente para baixo, resultando em
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O movimento das bolhas e dos sólidos induzidos pelas bolhas confere ao leito
fluidizado muitas das suas mais importantes propriedades, notadamente, a
uniformidade de temperatura, troca térmica favorável e a mobilidade dos sólidos, o que
o torna conveniente para muitas reações envolvendo partículas sólidas, gases e
líquidos. A transferência de calor do leito para os tubos das paredes é favorecida
devido à renovação contínua das partículas induzidas pelo deslocamento das bolhas. A
mistura axial das partículas é rápida devido ao seu movimento associado ao das
bolhas.
A função dos bicos é a fluidização uniforme do material do leito. Isto requer uma
pressão mínima do ar primário nos bicos do leito que garanta a fluidização e, portanto,
um fluxo de ar primário mínimo. Mesmo para baixas cargas da caldeira a vazão do ar
primário fica limitada a este valor mínimo.
Isto resulta numa zona expandida de combustível com alta turbulência, intimo contato
dos sólidos com o ar e uma elevada taxa de transferência de calor dentro do leito.
O combustível sólido é extraído dos 2 (dois) Silos SHW através de 4 (quatro) roscas
extratoras/dosadoras e é descarregado nos chutes de alimentação de combustível até
as válvulas alimentadoras rotativas, através das quais, o combustível é suprido à
fornalha. Os 8 (oito) pontos de alimentação estão localizados nas paredes laterais
direita e esquerda, à uma altura de 2,135 m acima do grid.
6) Refratário
Existem duas razões para utilizar-se refratários nas caldeiras de leito fluidizado:
A prevenção da erosão nas partes de pressão da caldeira é muito importante para sua
confiabilidade a longo prazo. Experiências têm mostrado que a erosão nas caldeiras de
leito fluidizado pode ser eliminada através de cuidados no projeto detalhado do arranjo
das partes de pressão, recobrindo com refratário resistente à abrasão as “regiões
chaves”.
A cobertura de refratário utilizada para a proteção das partes de pressão é feita nas
áreas principais da câmara de combustão.
A parte inferior do leito é onde o material mais denso (areia) se mistura mais
vigorosamente, causando turbulências. O material do leito é misturado com o
combustível que entra e é fluidizado pelo ar admitido pelos coletores de ar dos bicos do
grid. As partículas menores são levadas no fluxo ascendente e as partículas pesadas
caem de volta ao leito. As partículas nesta área são muito abrasivas.
8) Processo de Combustão
9) Seção de Convecção
No tubulão de vapor é feita a separação primária de vapor e água através dos painéis
de chicanas verticais e a separação da umidade residual é executada através dos
filtros de secagem primário e secundário (vide descrição detalhada no item 4.3.3.
Internos do tubulão de vapor).
Uma parte da água é purgada através do tubo de descarga contínua para diminuir a
concentração dos sólidos.
O vapor e uma pequena quantidade de água escapam pela parte superior dos painéis
e passam para a parte principal do corpo. Então, o vapor saturado úmido sobe e passa
através dos filtros de secagem primário e secundário, constituídos de diversas
camadas de telas quadradas de malha 2,5 e 6, onde a última porção residual de água
é removida. Essa água retorna pelo tubo de drenagem para a parte inferior do corpo.
Os vazamentos podem ser originados por diversos motivos: parafusos dos flanges
desapertados, desalinhamento dos flanges, alguns parafusos podem não ter sido
colocados,etc.
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b) Para prevenir que a umidade passe pela parte superior do filtro de secagem e
misture com o vapor seco, todas as juntas do conjunto do filtro precisam estar
absolutamente estanques.
O tubo de alimentação d’água ocupa toda a extensão do tubulão de vapor por onde
passa a água, que é injetada através de pequenos furos localizados uniformemente
através de toda extensão do tubulão.
As paredes da fornalha em sua totalidade são resfriadas a água, que consiste de tubos
de diâmetro 76,2 mm espaçados em 102 mm. Os espaços entre os tubos são
preenchidos por aletas de 25,8 mm de largura, que são soldadas aos tubos na fábrica,
formando uma vedação completa do gás.
A água da caldeira é distribuída por toda a fornalha através dos tubos de downcomer
das paredes da fornalha e do rear pass que alimentam os coletores inferiores das
paredes da fornalha localizados abaixo do piso e do rear pass localizados na elevação
FL+15.835 mm.
Os tubos da parede traseira formam o “screen” de saída dos gases da fornalha logo
após o superaquecedor terciário, aonde temos a separação com a câmara traseira de
passagem de gases da caldeira (rear pass), e onde estão montados os painéis do
superaquecedor primário e do evaporador.
O teto da fornalha é formado pelos tubos da parede traseira do rear pass, bem como
as paredes laterais do rear pass estão conectados ao tubulão através dos tubos de
circulação de vapor (risers).
Os tubos das paredes frontal, traseira e laterais da fornalha são conectados aos
coletores superiores das paredes que se interligam ao tubulão de vapor por meio de
tubulações “risers”.
O fundo da fornalha é formado pelos hoppers de cinza e areia do leito e são do tipo
aberto e auto-suportados, a vedação entre a fornalha e os hoppers é realizado por uma
junta de expansão especial.
2) Acessórios
A fornalha possui porta coberta com concreto refratário para proteção contra contato
direto com gases a alta temperatura, evitando danos ao invólucro externo. Após a
entrada de homem ser aberta para alguma inspeção, recolocar os tijolos
cuidadosamente, refazendo a superfície de acabamento com argamassa refratária de
forma a assegurar estanqueidade total.
O acesso principal é para a entrada no leito fluidizado e está localizado nas 2 (duas)
paredes laterais (esquerda e direita) da fornalha na elevação FL+10.300 mm.
4.3.5 - Superaquecedores
1) Construção
2) Precauções
Durante todas as partidas, deve ser tomado cuidado para não permitir um excessivo
aquecimento dos elementos do superaquecedor. A taxa de aquecimento deve ser
controlada visando manter o superaquecimento do vapor na saída de cada estágio,
dentro dos limites seguros. Este procedimento é estabelecido durante os testes de
comissionamento e deverá ser seguido em todos os procedimentos de partida da
caldeira.
4) Manutenção
4.3.7 - Evaporador
O evaporador está instalado dentro da câmara do “rear pass” da caldeira logo abaixo
do superaquecedor primário. Sua função é a absorção do calor dos gases quentes
oriundos da saída do superaquecedor, sendo responsável por parte da produção de
vapor gerado pela caldeira.
Devido a grande área de troca térmica dos tubos do evaporador, pode-se reduzir a
temperatura dos gases na saída da caldeira de modo a se obter a temperatura do ar
ideal nos preaquecedores de ar a gás primário e secundário para a combustão da
biomassa.
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2) Acessórios
Possui portas de visita acima e entre os tubos dos painéis do evaporador possibilitando
o acesso para inspeção e/ou manutenção.
3) Manutenção e operação
Este arranjo de fluxos cruzados de água e gases garante melhor eficiência de troca
térmica no conjunto.
1) Construção
2) Acessórios
3) Manutenção e operação
A porta e tampo deverão estar bem fechados, para evitar a infiltração de ar externo
para dentro do economizador.
A função dos pré aquecedores de ar a gás é de recuperar parte do calor dos gases de
exaustão que deixam a caldeira e o economizador e pré-aquecer o ar de combustão.
a) Ar primário de combustão.
Uma pequena parte da vazão de ar primário é direcionada para a selagem dos chutes
de biomassa (evitando o retorno de gases quentes para o interior dos chutes) e para o
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b) Ar secundário de combustão.
Durante a operação normal da caldeira com biomassa uma pequena parte da vazão de
ar secundário é direcionada para a selagem e resfriamento dos bocais dos
queimadores de partida (resfriamento necessário devido a exposição dos bocais ao
calor radiante da fornalha) e dos bocais dos queimadores de carga.
Obs:
a) Estas vazões deverão ser ajustadas durante a operação da Caldeira e poderão ser
reduzidas conforme avaliação local (medição das temperaturas na chaparia frontal
dos Queimadores e difusores) de modo a garantir a selagem dos Queimadores;
b) Após o ajuste estas Vazões de Ar secundário de selagem medidas nos ramais dos
dutos de ar e nos Queimadores deverão ser mantidas sempre iguais,
principalmente nos queimadores de carga, de modo a não acarretar em
desbalanceamentos de fluxo de gases no Leito BFB e na fornalha acarretando
desbalanceamento de gases nos painéis dos superaquecedores.
1) Construção
c) São formados por tubos lisos e arranjados em linha, montados na horizontal. O fluxo
de ar flui internamente aos tubos e o fluxo de gás flui externamente e
transversalmente aos tubos.
Este tipo de construção traz vantagens como alto coeficiente de troca térmica,
facilidade de limpeza, fácil inspeção e manutenção, menor perda de carga no lado do
gás e menor ocorrência de deposição de incrustações externas aos tubos.
2) Acessórios
Possui portas de visita entre os feixes (passes de ar) dos tubos dos preaquecedores de
ar a gás possibilitando o acesso para inspeção e/ou manutenção.
3) Manutenção e operação
4.3.10 - Invólucro
1) Invólucro interno
2) Invólucro externo
4.3.11 - Buckstay
Esta caldeira está provida de sopradores de fuligem para manter limpas as superfícies
de troca de calor. Sopradores são requeridos principalmente na seção de convecção
da caldeira.
Areia e cinzas pesadas geradas na fornalha são removidas por gravidade através de
16 (dezesseis) hoppers no leito.
Após a câmara de combustão, partículas finas arrastadas pelo fluxo de gás quente
(areia fina e cinzas leves) são removidas pelo hopper localizado na saída da caldeira) e
pelo hopper entre os preaquecedores de ar a gás 1ário e 2ário.
Tanto as cinzas/ areia extraídas do leito, quanto as cinzas leves e areia fina coletadas
nos hoppers acima descritos, são conduzidas até o transportador de arraste localizado
abaixo da caldeira.
O arranjo da árvore de alimentação dos sopradores de fuligem foi feito com ênfase na
eficiente remoção do condensado através de purgadores de vapor.
Mais detalhes sobre este ventilador vide Seção 15 - item 15.05 – Ventiladores.
Nesses coletores estão os bicos fluidizadores, por onde o ar primário entra na fornalha,
a fim de fluidizar o leito de areia e alimentar a combustão. Tal conjunto é chamado de
“grid”.
Além disso, o ar primário também é utilizado para selagem das calhas de alimentação
de biomassa, ou seja, previne o fluxo reverso de gases e combustível nos chutes de
alimentação, além de resfriar a parte inferior desses chutes.
. Secundário inferior
. Secundário intermediário
. Secundário superior
. Queimadores de partida
. Queimadores de carga
OBS:
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Ajustes de vazão mínima de selagem dos queimadores deverão ser realizados durante
a fase de comissionamento e operação inicial, quando estes valores poderão ser
reduzidos, de modo a garantir a correta selagem e refrigeração dos queimadores de
carga.
Nota:
Esse sistema compreende a passagem do gás através das várias partes da caldeira
até a descarga à atmosfera feita pela chaminé.
Então o gás de combustão entra nos ventiladores de tiragem induzida, passando pelos
registros veneziana em sua sucção, os quais mantêm, automaticamente, a pressão na
saída da fornalha em torno de -5 mmCA.
A recirculação de gases tem como objetivo reduzir a temperatura do leito quando esta
atingir valores acima da faixa normal de operação (> 850oC).
Pelo acionamento das válvulas rotativas na saída do silo, a areia desce por gravidade,
alimentando a fornalha.
O nível de areia do Leito BFB será monitorado através dos transmissores de nível do
Leito LT-4374A/B e LT-4373A/B localizados nas paredes laterais direita e esquerda da
fornalha próximos a elevação do Leito.
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Contudo, o momento correto para que se promova a reposição da areia no leito deve
ser determinado pela experiência adquirida pelos operadores.
O acionamento da válvula rotativa localizada na saída do silo, através do SDCD, irá
promover a reposição de areia no leito com vazão constante, até que a quantidade
necessária seja alcançada.
Para a manutenção dessas válvulas rotativas sem que seja necessário retirar-se a
areia do silo, foram previstas duas válvulas guilhotina, de acionamento manual,
localizadas uma abaixo do silo e outra acima da válvula rotativa.
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As cinzas pesadas geradas na fornalha e a areia são removidas por gravidade através
dos 16 (dezesseis) hoppers e 16 (dezesseis) calhas de dreno previstos no leito
levando-as até o transportador de arraste localizado abaixo da caldeira em seu eixo
longitudinal.
Após a câmara de combustão, partículas finais e cinzas são arrastadas pelo fluxo de
gás quente (cinzas leves e areia fina) são removidas no hopper do duto de gases na
saída da Caldeira e entre o pré-aquecedor de ar a gás primário e secundário através
de uma rosca transportadora e uma válvula rotativa.
Essas cinzas são conduzidas por calha (pela ação da gravidade) até o transportador
de arraste.
Quando o leito fluidiza, as partículas mais pesadas dirigem-se para baixo em direção
aos hoppers.
A abertura das válvulas Dome só é permitida pelo sistema de Inter travamento previsto
quando o transportador de arraste resfriado a água estiver operando e quando há fluxo
de água de resfriamento.
Cinzas leves são finas partículas que entram no fluxo de gás que deixa a fornalha da
caldeira. Essas partículas depositam-se sobre as seções onde ocorre resfriamento do
gás ou nas regiões onde o fluxo de gás sofre alteração de direção. As seções onde
ocorre resfriamento do gás são os superaquecedores, evaporador, economizador e
pré-aquecedores de ar a gás. Essas partículas aderidas são periodicamente removidas
pelos sopradores de fuligem e, então, são coletadas nos hoppers.