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Oficina de Psicologia
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Nota introdutória
Este é um manual para pais e filhos. Contém informação útil e importante, para
ambos, para a compreensão da ansiedade. Leiam-no em conjunto.
Sabiam que...
Aproximadamente uma em cada dez crianças reunirá critérios para diagnóstico de uma
perturbação de ansiedade no decurso da infância?
À medida que a criança cresce e se desenvolve cognitivamente o foco dos seus medos
e preocupações passam do concreto para preocupações mais abstractas?
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Ansiedade... O que é?
A ansiedade é FREQUENTE – existem alturas em que todos nós, adultos e crianças, nos
sentimos preocupados, ansiosos, chateados ou stressados.
As perturbações ansiosas nas crianças e jovens são comuns e das dificuldades mais
frequentes na infância. Podem ter um impacto significativo no funcionamento
quotidiano, com consequências no desenvolvimento e com interferência nas
aprendizagens, no estabelecimento de amizades e nas relações familiares. Muitas
perturbações de ansiedade, quando ignoradas na infância, persistem na vida adulta,
aumentando a probabilidade de se desenvolverem outro tipo de patologias.
Estudos de prevalência realizados no Reino Unido e nos EUA indicam que entre 2 e 4%
das crianças entre os 5 e os 16 anos reúnem critérios de diagnóstico para uma
perturbação de ansiedade com interferência negativa no seu funcionamento habitual.
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Existe uma elevada percentagem de comorbilidade das perturbações de ansiedade
com a depressão. Além disso, crianças com perturbações ansiosas possuem um maior
risco de vir a desenvolver comportamentos de risco face ao álcool na adolescência.
Ansiedade ou ansiedades?
Como saberes se é uma fobia? Pergunta a ti próprio se o medo te afasta de coisas que
queres e precisas mesmo de fazer. O medo é tão grande que parece querer controlar a
tua vida?
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Ansiedade de Separação. Medo de estar longe dos adultos de referência.
Muitas crianças crescidas sentem-se assustadas quando ficam sózinhas em casa. Por
vezes, mesmo na companhia de um familiar ou uma ama, ficam nervosas depois da
mãe ou do pai sairem. Mas para algumas crianças, separarem-se dos pais, mesmo por
um período de tempo reduzido, gera muito medo e nervosismo. Às preocupações
intensas sobre estar longe dos familiares chama-se ansiedade de separação.
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Perturbação Obsessivo-Compulsiva. Pensamentos e acções que não se conseguem
controlar.
Como o nome parece indicar, crianças e jovens com esta perturbação têm
pensamentos, sentimentos e comportamentos que consideram estranhos e sentem
não conseguir controlá-los. Obsessões são pensamentos que parecem não
desaparecer, por mais que a pessoa tente afastá-los. Podem, por exemplo, ser
pensamentos muito intensos relacionados com preocupações de limpeza ou
relacionados com a sensação de que algo catastrófico vai acontecer. Compulsões são
acções que a criança sente que tem de fazer, mesmo reconhecendo que não fazem
sentido e que não quer realizar, mas ela sente-se como não tendo outra escolha se não
fazê-los. A criança sente que realizar essas compulsões é a única forma de parar com
os pensamentos obsessivos.
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Quais as causas da ansiedade?
Existem múltiplos factores que parecem estar na origem das perturbações de
ansiedade em crianças e adolescentes, envolvendo uma complexa relação entre
biológicos, ambientais e individuais. Os factores genéticos e o temperamento
predispõem à vulnerabilidade. Os factores ambientais assentam em aspectos
familiares, nas experiências de vida e aprendizagens, e em valências cognitivas.
Sintomas
Estes são alguns sintomas que podem estar presentes nas várias “formas” de
ansiedade. A presença de vários sintomas, durante várias semanas, com interferência
no quotidiano da criança ou jovem, pode ser um sinal de alerta, merecendo ser
avaliados por um especialista.
Emocionais Físicos
Tristeza Dificuldade em adormecer
Medo Sono agitado
Preocupação Inibição/lentidão de movimentos
Culpa Agitação
Sensação de não ter valor Mãos e pés frios, ou suados
Desesperança “Borboletas no estômago”
Alterações repentinas de humor Náuseas, alterações
Sensação de confusão mental gastrointestinais
Rubor facial
Arrepios
Músculos tensos
Dores no corpo
Boca seca
Alterações na forma de respirar
Tonturas
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Comportamentais Pensamentos
Crises de choro Auto-crítica frequente
Isolar-se Pensamento de que não é possível
Fechar-se em casa ser ajudado
Evitar novas actividades Pessimismo
Ataques de zanga Perda de confiança e auto-
Ausência de realização de imagem negativa
actividades que davam prazer Pensamento de que se é estranho
Incapacidade de lidar com as Pensamentos enviesados
tarefas diárias Pensamentos de que algo
Diminuição da capacidade de verdadeiramente mau pode
atenção, concentração, memória e acontecer
tomada de decisão Pensamentos de que se está a
Arrumar todos os objectos por cor ficar maluco
ou tamanho Pensamentos de ausência de
Lavagens/banhos demasiado controlo
frequentes Pensamentos de perfeição
Contar os passos que dá ao andar; Foco no que corre mal
pisar apenas as pedras da calçada
pretas (ou só as brancas)
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Em que consiste a TERAPIA?
Aquilo que sentimos e aquilo que fazemos relaciona-se com o que pensamos.
Sabe-se que muitos problemas de ansiedade estão relacionados com a forma como
pensamos. Como podemos alterar a forma de pensar, podemos aprender a controlar a
nossa ansiedade.
Pensar mais positivamente pode ajudar a sentirmo-nos melhor.
Pensar mais negativamente pode-nos fazer sentir com medo, tristes, tensos,
zangados ou desconfortáveis.
Ensinar a criança a compreender os seus pensamentos é importante.
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Deixar de concluir tarefas importantes;
Evitamento de sítios, pessoas e situações;
Inadequação social;
Dificuldades escolares...
Poderá ser doloroso ver o seu filho lutar contra a ansiedade e tudo o que ela pode
implicar. Simultaneamente todo o tempo investido para lidar repetidamente com as
preocupações da criança pode ser cansativo. Poderá sentir-se frustrado quando,
apesar de todas as suas garantias de que nada há a temer, a criança continua com
medo. Mas a criança precisa do seu contínuo apoio!
Mostre à criança como poderá ter sucesso. Mostre como poderá abordar e lidar, com
sucesso, as situações ansiogénicas. Modele o sucesso.
Compreenda que a criança está a passar por uma dificuldade. Lembre-se que a
criança não está a ser malandra ou resistente de forma deliberada. A criança tem um
problema e precisa da sua ajuda.
Adopte uma postura paciente. Não espere que as coisas mudem de um dia para o
outro. Seja paciente e encoraje a criança a não desistir.
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Valorize as novas competências. Encoraje e relembre a criança para praticar e usar as
suas novas competências.
Observe a criança. Atente na criança e reforce aquilo que de positivo ela consegue
fazer e alcançar.
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Estratégias de Auto-Ajuda
Outras vezes, a ansiedade pode ser muito forte e aparecer com alguma frequência.
Pode tornar-se difícil perceberes porque te sentes tão ansioso e podes achar que essas
sensações te impedem de fazer as coisas habituais.
Se te sentires preocupado com um assunto escolar, poderás querer deixar de ir
para a escola e preferir ficar em casa onde te sentes melhor.
Se falar com outras pessoas te deixa ansioso, poderás querer evitar sair de casa
e preferir ficar sozinho em casa.
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Algumas vezes, é a forma como PENSAMOS sobre as coisas que nos faz sentir ansiosos.
Nós...
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Dica de auto – ajuda 1: Assume os teus receios como reais.
Tens andado a fingir que os teus medos e preocupações não existem? Ou tens andado
a ignorá-los na esperança que deixem de existir?
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Dica de auto – ajuda 2: Muda o interruptor do negativo para o positivo.
Respiração
Respirar profundamente – “encher a barriga de ar” – é
relaxante. Ajuda o oxigénio a chegar aos músculos e ao cérebro,
que os ajuda a funcionar adequadamente e, ao mesmo tempo,
ajuda-te a acalmar.
Quando te sentes nervoso, poderás começar a respirar de uma
forma acelerada e superficial, não inalando ar suficiente. Respirar desta forma poderá
fazer-te sentir ainda mais zonzo.
Pode parecer-te estranho isto de aprender a respirar, mas a verdade é que há muitas
pessoas que não o fazem de uma forma adequada.
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Aqui fica uma ajuda:
1. Coloca uma mão sobre a barriga.
2. Inspira calma e profundamente pelo nariz. Conta até cinco, enquanto inspiras,
e novamente enquanto expiras. Contar ajuda-te a respirares devagar e
profundamente.
3. Quando inspiras tenta encher de ar os pulmões ao máximo – mesmo aquela
pontinha que está perto do estômago e sente o estômago a empurrar
ligeiramente a tua mão. Colocar a mão sobre a barriga ajuda a sentir-te o que
se está a passar. Deverás sentir/ver a barriga a subir e descer enquanto
respiras.
4. Quando tiveres os pulmões cheios de ar, expira devagar. Imagina que à medida
que o ar sai, todas as tuas preocupações saem também.
5. Repete estes passos dez vezes. Se no final ainda te sentires nervoso,
experimenta mais dez respirações profundas.
Visualização
Depois de dominares a arte da respiração profunda poderás usar também a
visualização. Esta é uma ferramenta que te ajudará a focar os pensamentos em algo
positivo e calmo. Aqui ficam duas inspirações:
Boneco de neve. Imagina que és um boneco de neve, que está sozinho no meio da
neve, numa manhã de sol. À medida que o dia avança, sentes-te a derreter gota a
gota. E à medida que o corpo do boneco de neve derrete, tu sentes-te mais quente e
relaxado.
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Oceano. Imagina o oceano azul. Tu és uma onda, que vai e vem. Sente o movimento.
Deixa-te embalar e sentir relaxado. Ouve o som das ondas na tua cabeça e imagina que
estão a levar as tuas preocupações para longe.
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3 – Faz um desenho de ti a enfrentar com sucesso o teu medo, usando o
máximo de detalhes positivos.
Todos os dias, olha para o desenho e diz para ti próprio que aquele é o teu objectivo –
aquilo que conseguirás que aconteça.
Nota final
Este pequeno documento visa informar sobre algumas expressões da ansiedade nos
jovens, e apoiar os pais com estratégias simples que permitem manter a situação
regulada enquanto não é iniciado um processo acompanhado por um profissional de
saúde mental. Por favor, tenha em atenção que as perturbações ansiosas são
progressivas, isto é, tendem a piorar, se não forem eficazmente tratadas e este
documento não visa substituir um acompanhamento terapêutico correcto.
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