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conselho tutelar
Salvar
POR:
Aurélio Amaral
01 de Outubro de 2011
Evasão, maus tratos, dependência química. Quando os problemas que envolvem os
alunos fogem da competência da escola - seja porque se esgotaram todos os recursos
para tentar solucioná-los internamente, seja porque as questões envolvem infrações
penais e tratamentos de saúde -, a equipe gestora deve ter como parceiro de prontidão
o conselho tutelar, órgão que tem como missão zelar pelos direitos da criança e do
adolescente e com o qual a escola precisa buscar um diálogo permanente. Essa
parceria, inclusive, está prevista em lei. O artigo 56 do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) confere aos dirigentes de estabelecimentos de Ensino Fundamental
e de Educação Infantil o dever de comunicar ao conselho tutelar os casos de faltas
frequentes injustificadas, evasão escolar e repetência. Se necessário, é possível ter
sempre conversas presenciais com a entidade (saiba o que fazer para ter uma boa
parceria nas ilustrações abaixo). "É positivo que os conselheiros sejam convidados
para discutir os casos com a equipe gestora e propor encaminhamentos. Quanto mais a
escola buscar o órgão e exigir providências, mais sólida será a rede de proteção da
criança e do adolescente", explica Raimunda Núbia Lopes da Silva, do Conselho
Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda).
O conselho tutelar costuma ter cinco membros, que podem ser eleitos pela comunidade
ou indicados (saiba mais sobre a formação desse órgão no quadro da última página).
Contudo, ele só deve ser acionado quando estiverem esgotados todos os recursos ao
alcance dos gestores escolares e professores: conversar com o aluno e, se necessário,
visitar a família. Só quando os responsáveis apresentam resistência ou são eles
próprios o cerne do problema - como acontece nos casos de violência doméstica - é
que ele vai entrar em ação. Quando há evasão escolar - considerado um dos exemplos
mais graves de desrespeito aos direitos da criança e do adolescente -, a escola é a
entidade que mais dispõe de ferramentas para localizar o aluno e trazê-lo de volta:
além do telefone e do endereço residencial, ela tem o histórico escolar, os registros das
conversas com os pais ou responsáveis, a frequência nas aulas e as notas dos últimos
bimestres. Todos esses dados podem dar pistas sobre os motivos do abandono (saiba
em que casos o conselho tutelar deve ser acionado no quadro da última página).
4. Cobrar as instâncias locais se o órgão não tiver condições de trabalhar por falta de
estrutura ou recursos humanos.
O conselho tutelar de Taboão da Serra atende até quatro chamados em um dia. Apesar
do movimento intenso, chegou a ficar meses com dois membros a menos por causa de
um pedido de exoneração feito muito antes das eleições para uma nova formação do
conselho e uma licença médica. "Em todos as ocasiões, procuramos responder
prontamente às escolas. Porém, por conta da demanda, nem sempre isso é possível",
reconhece a conselheira Ednara Matos.
Situações que configuram infração penal por parte dos responsáveis devem ser
reportadas imediatamente ao órgão para que ele faça a intermediação com a assistência
social, a Justiça ou as delegacias especializadas. Para casos de indisciplina e questões
familiares, vale a regra de usar todos os recursos para resolvê-los internamente. "O
gestor tem de saber distinguir problemas internos de crimes", enfatiza Fábio Meirelles,
coordenador-geral de direitos humanos do Ministério da Educação. Porém nem tudo é
tão claro e evidente. Um episódio envolvendo o uso de armas brancas ou de fogo
configura claramente infração penal. Mas se o caso for uma briga, ainda que violenta?
Vale a pena acionar o conselho? "Depende do histórico dos estudantes envolvidos e
das causas que motivaram a agressão. O poder de discernimento do diretor é
fundamental nessas horas", pondera Miriam Abramovay, da Faculdade Latino-
Americana de Ciências Sociais (Flacso), de Brasília.
Embora não seja necessário contatar o conselho em situações que possam ser
resolvidas internamente, a escola pode incluir no seu relatório periódico - a
recomendação é enviá-lo a cada mês ou bimestre - as preocupações da equipe gestora
com algum aluno. Dessa forma, o órgão fica por dentro do histórico recente do
estudante tem mais ferramentas para solucionar o caso se as preocupações tiverem
fundamento. "Os relatos funcionam como um controle para o gestor e para os
conselheiros", afirma Adriana de Fátima Santos, professora-mediadora da EE Ernesto
Quissak, em Guaratinguetá, a 174 quilômetros de São Paulo, encarregada de fazer a
comunicação entre a escola e o conselho.
Quem são os conselheiros Pode ser qualquer cidadão maior de 21 anos que tenha
idoneidade moral, ou seja, que demonstre integridade. Os municípios têm a liberdade
de incluir outras exigências, como ter diploma de Ensino Superior ou formação
específica em Pedagogia, Direito ou Psicologia.
Como são escolhidos os membros São cinco conselheiros que podem ser eleitos ou
indicados. Eles cumprem um mandato de três anos e é permitida uma recondução. O
pleito é convocado e divulgado pelo próprio conselho, mas a regulamentação depende
do município.