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REPERCUSSOES
DOS DISTURBIOS
OSTEOMUSCULARES
RELACIONADOS
AO TRABALHO

ERGONOMIA E
@UALIDADE DE VIDA

EXCELÊNCIA EM EDUCACAO A DISTANCIA


REPERCUSSOES DOS DISTURBIOS
OSTEOMUSCULARES
RELACIONADOS AO TRABALHO
Caro(a) Aluno(a),

Nesta aula analisaremos as conseguências gue as lesêes osteo-


musculares podem trazer ao individuo e como elas inflyenciam no seu
relacionamento com toda a sociedade e chegaremos ao entendimento
de gue o adoecimento das pessoas traz muito mais prejuizos do gue
somente a doenca dlinica e seutratamento, mas as conseguências emo-
cionais, econêmicase de relacionamento.
Bom estudo!

O diagnéstico do trabalhador com uma doenca ocupacional,


mais especificamente um Disturbio Osteomuscular Relacionado ao
Trabalho (DORT), baseia-se na sua histêria profissional, nas condicêes
ambientais e ergonêmicas do posto de trabalho e na sintomatologia
trazida pelo funcionêrio aos profissionais de saude.
Os profissionais de satide devem trabalhar em conjunto (egui-
pe multidisciplinar para gue possam coletar a maior guantidade de
dados necessêrios para uma conclusêo diagnéstica correta, o gue pode-
rê favorecer o trabalhador individualmente (guando observado os
aspectos relacionados a microergonomia) e coletivamente (guando
observado os aspectos relacionados a macroergonomia ou ergonomia
organizacional). A prépria natureza de trabalho desses profissionais de

02 Unidade 17. Repercussêes dos Distirbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho.


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satide os coloca, muitas vezes, frente a suas préprias limitac6es, na ten-
tativa de promover a cura ou mesmo de impedir o avanco de determi-
nada doenca.

Nos casos de DORT, o sujeito est exposto a uma reducë&o ou a


uma total incapacidade laboral, temporêria ou permanente. Isso signifi-
ca gue, guando se atua na prevencao dessas doencas, deve-se identifi-
Car Nnêo apenas a parte musculoesguelêtica gue foi acometida, mas
também as condicêes de trabalho do trabalhador e o contexto no gual
ele estê inserido, avaliando-o de forma holistica.

O diagnêéstico da DORT

Conforme estudamos na Unidade 16, a DORT deve ser enten-


dida como produto das interacées gue ocorrem entre o trabalhador e
seu ambiente de trabalho. Freguentemente sêo encontrados fatores
fisicos e psiguicos gue contribuem para essa relacêo.

" CHD
BEREA EM EoUcRGHO ADISTANGIA Unidade 17. Repercussêes dos Distirbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho.
ME
Em relacao afisiopatologia da DORT, Deliberato (2002)
apontou gue as principais estruturas anatêmicas acometi-
das pelos Disturbios Osteomusculares Relacionados ao Tra-
balho podem ser dlassificadas em dois grandes grupos: o de estruturas
localizadas no interior das articulacêes (sinévias, cêpsulas articulares e
ligamentos) e o das estruturas posicionadas ao redor das articulacées
(tendêes, musculos, fêscias e nervos).

Segundo Bau (2002) e Barbosa (2009) o diagnéstico dos distur-


bios dlassificados como DORT devem passar por etapas de investiga-
€&o clinica, conforme a seguir:
e Historia da doenca atual: os relatos mais freguentes dos portadores
de DORT sêo a gueixa de dor (localizada, irradiada ou generalizada),
conforme a sua cronicidade, acompanhada de desconforto, fadigae
sensacêo de peso ou de gueimacëo. Alguns trabalhadores relatam
também fragueza muscular, formigamento, parestesia local e diver-
sas outras gueixas encontradas em diferentes graus de gravidade do
guadro clinico.
- Comportamentos e hêbitos relevantes: sêo as rotinas diërias do
trabalhador, dentro ou fora de seu ambiente de trabalho, gue
podem causar ou agravar os sintomas do sistema musculoesgueléti-
CO.
e Antecedentes pessoais: é o histêrico clinico de traumas, fraturas ou
outras situacêes gue possam ter desencadeado ou agravado a gueli-
xa atual do trabalhador, devendo ser investigado.
e Histêria Ocupacional: to importante guanto o histêrico dinico, é
muitissimo importante entender onde o trabalhador trabalha, o gue
ele faz e como faz, nêo economizando nos detalhes, pois é o
momento em gue se pode fazer a relac&o da patologia apresentada

7E Unidade 17. Repercussêes dos Distirbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho.


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pelotrabalhador com o seu trabalho.
e- Exame Fisico: independentemente do profissional de saude gue
esteja atendendo o trabalhador, o exame fisico pode contribuir ou
ratificar o histérico clinico relatado por ele.
- Exames Complementares: sozinhos, normalmente naêo sêo conclusi-
vos, devendo ser solicitados de acordo com as hipoteses diagnosti-
Cas.
Fsses dados devem ser associados as condicêes psicossociais,
as caracteristicas da organizac&o do trabalho, da ergonomia do posto
de trabalho, além de a idade e sexo do trabalhador afim de ratificar uma
hipotese diagnostica para um possivel estabelecimento do nexo entre o
guadro clinico e o trabalho e a necessidade ou nêo de afastamento do
trabalhador para tratamento e reabilitacao ocupacional (BELLUSCI,
1996).
Com relac&o as patologias mais comumente indluidas no
grupo dos Disturbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, Bar-
bosa (2009) e Deliberato (2002) destacam as apresentadas no guadro a
seguir:

f N edEklE) If Caracteristica |
Inflamacêo dos tendêes, podendo ou néo haver degeneragëo
Tendinite de suas fibras. Como &é um termo amplo, pode estar
relacionado com tendêes de diferentes musculos.
Inflamacao das bainhas sinoviais, due envolvem alguns tendêes
Tenossinovite
durante sua passagem por estruturas mais estreitas do corpo.
Sindrome
do Tunel | Compressêo do nervo mediano e das demais estruturas
do Carpo contidas no tunel osteofibroso carpiano.
E uma nomencdlatura especifica para um tipo de tendinite, mais
Epicondilit especificamente para os tendêes proximais dos musculos
picondilite oe ag
extensores e flexores do carpo (na regiëo do epicéndilo lateral
e medial, respectivamente).
S Ep

" CHD
BEREA EM EoUcRGHO ADISTANGIA Unidade 17. Repercussêes dos Distirbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho. 05
Inflamacao dos tendêées dos flexores dos dedos, produzindo
Dedo em gatilho um espessamento due dificulta o seu deslizamento em suas
bainhas.
Inflamacao de pedguenas bolsas periarticulares (bursas), causada
Bursite pela friccao e compressêo excessiva, sendo a regiëo do ombro
o local mais predisponente.
Dor gerada pela compressêo das raizes nervosas ao nivel
Cervicobraguialgia | cervical, gue podem levar a reducdo da forca e da sensibilidade
em membros superiores.
Apresenta etiologia controvertida, porém o mecanismo
patogenético ocorre pela fadiga muscular localizada, devido a
contracdo estêtica e freguente da musculatura, gerando um
Mialgia Tensional : E ;
actimulo de produtos finais metablicos nos musculos
associado a insuficiëncia de oferta de oxigênio. Acomete
normalmente os ombros, coluna cervical e coluna lombar.

METER
Para o tratamento da DORT, os profissionais de saude devem
utilizar de suas respectivas técnicas e habilidades, a fim de reabilitar o
trabalhadore reinseri-lo no ambiente ocupacional.
O sucesso para o retorno do trabalhador ao trabalho depende
sempre de medidas preventivas associadas as medidas corretivas no
ambiente de trabalho, envolvendo atenc&o tanto aos fatores ergonê-
micos do posto de trabalho guanto aos fatores educacionais do traba-
Ihador: treinamento, aperfeicoamento e condicionamento as modali-
dades e particularidades de cada posto de trabalho (BAU, 2002;
LUONGO e FREITAS, 2012). Figueiredo e Mont'alvêo (2008, p. 58) refor-
cam gue “a deteccêo precoce dos agravos ê& sade constitui-se objetivo
permanente dos profissionais". Para isso, conforme ja estudamos em
outras unidades, deve-se identificar os riscos presentes no ambiente de

06 Unidade 17. Repercussêes dos Distirbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho.


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trabalho, analisando o modo operatério, as posturas, os movimentose
a exigência de forca muscular por parte do trabalhador, além da identi-
ficacê&o de aspectos organizacionais e psicossociais.
Segundo Bellusci (1996, p. 117), “a interrupcêo dos estimulos
Causadores e agravadores do guadro clinico deve acompanhar todo o
processo de recuperac&o da satde"”. Cabe a empresa possibilitar gue a
eguipe de satde ocupacional acompanhe e garanta gue os resultados
de tratamento sejam satisfatérios, permitindo o retorno do trabalhador
as suasatividades laborais.
O processo de tratamento normalmente é lento, e nêo é inco-
mum o trabalhador desistir do tratamento ou ainda retornar ao traba-
ho sem ague o mesmo esteja concluido. Para Barbosa (2009) o trata-
mento do paciente com um Disturbio Osteomuscular Relacionado ao
Trabalho pode incluir:
e Medicacêo prescrita pelo médico;
e Fisioterapia para reduzir a sensacêo de dor e da inflamacëo alêm de
relaxar as regiëestensas e correcao das posturas inadeguadas;
e. Apoio psicolégico (psicoterapia);
e Atividades coletivas em grupos psicoterapêuticos e pedagégicos,
ou ainda em terapias corporais de relaxamento, alongamento, ree-
ducac&o postural e hidroterapia;
e Cirurgia, cuja indicacê&o exige avaliacêo acurada e especializada,
devido a sua baixa resolutividade.

O retorno & atividade ocupacional deve ser gradual, devendo


haver a correcêo no posto de trabalho, no modo operatêrio e na orga-
nIzZacêo do trabalho das fontes geradoras da patologia, reduzindo a
possibilidade de recidivas, gue geram mais sofrimento e desilusêo por
parte do trabalhadore de suafamilia.

BKERLENGIA EM EOUcRGRO ADISTANGIA Unidade


i 17. Repercussêes
6 dos Distirbios
istu i Osteomusculares Relacionados
i ao Trabalho.
Repercussao Socioeconêmica das DORTS

Uma vez suspeito um caso de DORT, deve-se proceder com o


registro da ocorrência da doenca, através da emissêo da Comunicacêo
de Acidentes de Trabalho (CAT), mesmo gue nêo ocorra a incapacidade
laboral do trabalhador. Segundo o Artigo 336 do Decreto 3048/1999, a
empresa deve sempre comunicar a Previdência Social sobre os aciden-
tes com o trabalhador. E, para este Decreto, incuem-se como acidente
as doencas do trabalho gue se enguadram como DORT.
Ap6s passar por pericia médica do INSS, e se constatado o
nexo-causal, o trabalhador tem direito a receber durante o periodo de
afastamento e tratamento o auxilio-acidente. Jê a aposentadoria aci-
dentêria é concedida apenas para os casos irrecuperêveis e com incapa-
cidade total e permanente, ou seja, para os casos nêo passiveis de reabi-
litacao profissional, caracterizando a impotência funcional severa
(LUONGO
e FREITAS, 2012).

Dados apresentados por Deliberato (2002, p.117) indi-


cam gue o Ministêrio da Previdência e Assistência Social
concedeu, em 1980, 21.799 beneficios para acidentêrios. Em
1996, esses dados subiram para 178.106 casos e, em 1997, foram
registrados impressionantes 421.343 casos. Ressalta-se gue o C6digo
Internacional de Doencas (CID) mais incidente foio 727.0/2, referente a
sinovites e tenossinovites, patologias enguadradas como DORT.

NE Unidade 17. Repercussêes dos Distirbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho.


"CHAD EKeRNGA EM EDUcAGAO A DISTANEIA
O National Institute for Occupational Safety and
Health (NIOSH), entidade governamental norte-
americana, divulgou em 1992 gue o custo anual médio
para cada caso de DORT foi de US$8.070, comparado com o gasto de
US$824 para o tratamento de outras doencas ocupacionais. Em 1997, 0
governo norte-americano calculou um prejuizo de mais de US$418
bilhêes em custos diretos e indiretos com as lesêes musculoesgueléti-
Cas ocupacionais.

Os gastos com os afastamentos dos trabalhadores nêo ocor-


rem unicamente por conta do governo, por meio do auxilio-acidente
do INSS. As empresas gastam, também, ao ter gue pagar o salêrio do
colaborador por 30 dias antes da realizac&o da pericia médica, a partir
da apresentacêo do atestado médico, impossibilitando o trabalhador
de realizar suas atividades ocupacionais.
Alêm disso, a empresa deve substi-
tuir a vaga deixada pelo traba-
Ihador afastado, gastando
com treinamento e demais
custos diretos e indiretos
39. COMO NOVO funcionario.

Se o trabalhador retornar para suas atividades ocupacionais,


ele terê estabilidade no emprego por 12 meses, nêo podendo ser exigi-
do o mesmo ritmo de trabalho do periodo anterior ao seu afastamento.

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Conforme vimos nesta unidade, reforca-se gue o funcionêrio deve ter
um processo de re-inclusêo a atividade ocupacional lento e gradativo.
Porêm, fundamentalmente, guem mais tem prejuizo é o traba-
Ihador. Prejuizo econêmico, ao ter, muitas vezes, cessados os ganhos
sobre produtividade ou beneficios pagos pela empresa gue nêo sêo
atribuidos no auxilio-acidente; prejuizo social, ao ter gue se afastar de
atividades gue aproximam colegas de trabalho e amigos; prejuizo a
saude, por danificar (temporêria ou permanentemente) o seu principal
instrumento de trabalho: o seu corpo.

Diante de diversos pontos apresentados, percebe-se gue a


DORT jê representa guase 70% do conjunto das doencas profis-
sionais registradas no Brasil, necessitando de atenc&o imediata das
eduipes de satude do trabalhador para utilizar a prevenc&o continua
como a melhor forma de combater a doenca. A adocëo de posturas e
ritmos de trabalhos adeguados também é uma das ferramentas neces-
sêrias para conter essa epidemia.

ra
Fêscias: So estruturas gue envolvem e separam os ossos, musculos e
6rgêos, preenchem os espacos e dêo unidade a estrutura, ao mesmo
tempo em gue criam as condicées necessêrias para gue cada segmento
do corpo funcione de maneira adeguada.
Holistica: um fenêmeno gue se analisa na sua totalidade.
Parestesia: Sensacê&o anormal devido a um disturbio funcional do sis-
tema nervoso.

10 Unidade 17. Repercussêes dos Distirbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho.


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Sinévias: Substêancia transparente e viscosa gue lubrifica as articula-
cÊes.

Sintomatologia: Area da medicina gue estuda os sintomas das doen-


cas.
OO

BARBOSA, L. G. Fisioterapia Preventiva nos Distirbios Osteomus-


culares Relacionados ao Trabalho - DORTS: a Fisioterapia do Traba-
ho aplicada.2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.
BAU, L.M. S. Fisioterapia do Trabalho: Ergonomia, Legislac&o, Reabili-
tacao. Curitiba: Clêdosilva, 2002.
BELLUSCI, M. Doencas Profissionais ou do Trabalho. Sao Paulo:
Editora Senac So Paulo, 1996.
DELIBERATO, P. C. P. Fisioterapia Preventiva: fundamentos e aplica-
cêes. Barueri: Manole, 2002.

LUONGO, J; FREITAS, G.F. Enfermagem do Trabalho. S&o Paulo: Ride-


el, 2012.

Listade imagens

fig.01: http://s3.amazonaws.com/magoo/ABAAAATLAAL-6 jpg


fig.02: http://img.icta.com.br/dinheiro
9%20remedio-20140306-142143.png

o, jaldeve
$e vocé prestou atenca
conteudo:
saberitudolsobre esse
Nos vemos
Continue estudando-
na préxima il bele(2D

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