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A INCIVILIDADE EM SALA DE AULA

Claudiane Lorini

claudianelorini@hotmail.com

Silvana Rodrigues da Silva

madonalongati@hotmail.com

Tânia Marli Peçanha de Brito

taniam.brito@hotmail.com

RESUMO: O ambiente escolar recebe um vasto e diferenciado público entre


educadores e educandos, formando a comunidade escolar. Essas
características vão determinar de certa forma, como será o andamento do
rendimento escolar e o pessoal do educando. Neste sentido este artigo tem
como objetivo discorrer sobre o termo incivilidade e os problemas causados
pelo mesmo em sala de aula.

PALAVRAS – CHAVE: Educando. Incivilidade. Educador.

1. INTRODUÇÃO

No ambiente escolar, assim como em sociedade, é preciso que exista


respeito mútuo e aceitação de todos que estão inseridos nesse contexto,
quando isso não acontece o respeito e a aceitação não são levados em
consideração, dá-se início a desajustes comportamentais que levarão a atos de
incivilidade, que refletirão em toda a vida do educando.

Neste sentido este trabalho visa discutir sobre a incivilidade no ambiente


educacional. Entende-se por incivilidade Omo um comportamento fora do
padrão dito “normal”, algo que incomoda. Resolvemos discutir sobre esses
atos incivis dentro do ambiente escolar e como esses atos têm influenciado no
processo educacional, visando entender como essa questão se faz presente no
universo escolar, como isso afeta as aulas e quais as ações que os professores
podem tomar para diminuir esse quadro.

2. INCIVILIDADE NO AMBIENTE ESCOLAR

Quando começamos a discutir sobre o problema da incivilidade no


ambiente escolar começamos a notar que a forma como os alunos se
comportam hoje não é a mesma de alguns anos atrás. As mudanças de
comportamento por parte da sociedade têm causado um processo crescente
de casos de incivilidade, principalmente dentro de ambientes, onde há grandes
aglomerações de jovens e crianças.De acordo com Laterman (1999):

Os jovens têm sido protagonistas de atos de violência que viram


notícia nos meios de comunicação. Como vítimas da violência
institucional, são os jovens pobres que sofrem, principalmente nas
mãos da polícia, considerados, muitas vezes injustamente, como
perigosos ou potencialmente bandidos. (ZALUAR apud LATERMAN,
1992, p.13).

Como podemos observar que mesmo sendo a classe pobre a que


mais tenha sofrido com isso, as outras classes da mesma estão se envolvendo
em casos críticos que vêm despertando inquietações na sociedade.

Como sujeitos da violência, tanto jovens provenientes de classe


média e de classes bem favorecidas, quanto provenientes de
situações menos privilegiadas, aparecem nas notícias envolvidos com
atos de crimes bárbaros e, indubitavelmente, violentos. A referência
aqui é a fatos recentes, conforme exemplos freqüentes em nossa
sociedade, como queima de mendigos nas ruas de Brasília, ou
brincadeiras perniciosas entre estudantes universitários. A presença
de jovens de todos os estratos sociais como sujeitos da violência
denuncia a dicotomia exclusão/privilégios como faces da mesma
moeda. (ILANA, 1999, p.31).

Incivilidade é um termo usado nos acontecimentos mais graves como


tem sido notificado pela mídia (TV, Rádio, Internet) onde a agressão moral e
física se estende aos professores e aos próprios alunos. Na maioria das vezes,
o aluno que chega a esse ponto, passou por um processo indisciplinar dentro e
fora da sala de aula, talvez já tenha se envolvido com algum problemas dentro
de casa ou no meio em que vive, muitas vezes esses alunos são provenientes
de uma família desestruturada, assimilando os valores muitas vezes errôneos
que lhes são passados. Agindo assim pode provocar, inconscientemente ou
não, uma desestrutura no meio social em que vive (família, escola, grupos de
amigos, clubes, entre outros). Essa crescente mudança na forma de se
comportar desperta angústias em alguns pesquisadores, pois não sabem de
fato o que está acontecendo. Porém, a pergunta que mais incomoda seria
saber por que em tão pouco tempo as mudanças se acentuaram e começaram
a provocar um desequilíbrio no processo de ensino aprendizagem e nas
estruturas de muitas escolas brasileiras.

Com as mudanças ocorridas na educação, percebemos que nesses


últimos anos, a sociedade também passou por um processo de mudanças e
certamente isso refletiu no comportamento dos alunos. Logicamente que
quando pensamos em tempo não seria o tempo hoje, mas anos, talvez
décadas. Quando falamos em educação, o melhor contribuinte para mediar
essa ciência se torna o próprio professor, que passa mais tempo com os alunos
e que, a realidade de cada um, para esse professor, começa a se tornar mais
acessível à medida que estreita o relacionamento. Esse profissional da
educação exerce uma responsabilidade muito grande dentro do processo
inovador da disciplina de História e o de ensino aprendizagem, porém nem
sempre tudo acontece de maneira tão simples. Existe entre educadores e
educandos uma resistência em aceitar um a natureza do outro, ou seja, adultos
não querem se moldar aos jovens, nem os jovens aos adultos.

Ilana Laterman, nas suas análises faz uma citação onde usa como
base teórica Norbert Elias. Ele chama a atenção que existe uma não adaptação
ao que outras gerações vivem, ou seja, velha e nova geração não se modelam
um ao outro, criando um vácuo, se posso assim dizer, entre um e outro. Esse
endurecimento só prejudica o processo educacional.

Os problemas decorrentes da adaptação e modelação de


adolescentes ao padrão dos adultos – por exemplo, os problemas
específicos da puberdade em nossa sociedade civilizada – só podem
ser compreendidos em relação à fase histórica, à estrutura da
sociedade como um todo, que exige e mantém esse padrão de
comportamento adulto e esta forma especial de relacionamento entre
adultos e crianças. (ELIAS apud LATERMAN, 1994, p.182).
Segundo Ilana Laterman (1994), que analisa essa questão entre nova e
velha geração, que esse comportamento seria um choque entre essas
gerações, pois estaríamos diante de uma (nova) que recebe a todo instante
muita informação e a outra (velha) não estaria acompanhando essa trajetória
de maneira salutar.

A escola a cada momento tem trazido para si responsabilidades que na


maioria das vezes não seria dela; entendemos que tem participação efetiva na
formação desses jovens que, como já comentamos anteriormente, vivem à
mercê de um arsenal de novas concepções consideradas insuportáveis para a
velha geração que ainda encontra dificuldades em entender essas
transformações que atingem os jovens.

Guimarães(2003), chama a atenção para essa problemática:

Todos nós sabemos que a formação do ser humano não é tarefa


exclusiva da escola, nem do processo de ensino. Entretanto as
mudanças sociais, políticas e econômicas ocorridas ao longo do
século XX passaram a exigir da escola uma participação cada vez
mais efetiva na educação das novas gerações. As mudanças no
mundo do trabalho acabaram redimensionando – ora limitando, ora
dificultando – o papel da família na educação dos filhos, ocorrendo
uma transferência dessa responsabilidade para a escola e seus
professores. Ao mesmo tempo, ocorre uma inibição educativa de
outros agentes de formação, tais como a Igreja e os movimentos
sociais e culturais. Tudo isso aumentou enormemente, a
responsabilidade da escola e de seus professores como espaço e
sujeitos de socialização e formação dos indivíduos para a vida em
sociedade. (FONSECA, 2003, p.99).

É interessante frisar mais uma vez esse papel da escola, não para
destituí-la da responsabilidade, mas para refletirmos sobre o assunto e verificar
se de fato vivemos isso dentro de um ambiente escolar e se vivemos, como
explicar o comportamento incivil de alguns alunos?. Notamos como as
situações são postas para a escola e como ela, como lugar social, acaba
exercendo inúmeros papéis que refletem no rendimento escolar dos alunos e
ao mesmo tempo na formação pessoal de cada estudante.

Há algum tempo esse papel da escola não era exercido dessa forma,
ela recebia conceitos fechados que eram passados da mesma forma para seus
alunos como se fosse a única verdade, porém, é sabido que muita coisa mudou
principalmente no ensino de História onde a mesma não era bem vista
anteriormente, mas que após algumas reformulações começa a ser vista e
ensinada com outros olhares.

2 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como podemos observar as mudanças vividas pela sociedade no


decorrer dos anos provocam nas pessoas comportamentos que irão refletir
direta ou indiretamente em sua vida pessoal, social, familiar e na escola. Em
relação à escola, sabemos que ela recebe com mais intensidade essas
mudanças, por ser um local onde agrega por mais tempo do dia uma variedade
enorme de pessoas que estarão se relacionando direta ou indiretamente.
Dessa forma, a incivilidade é uma questão latente nos nossos dias. A
cada dia somos invadidos por notícias sobre casos de violência contra os
professores ou contra os alunos. Portanto, é um problema que a cada dia tem
desafiado os professores e infelizmente tem se agravado e prejudicado o
processo de ensino aprendizagem.

5. BIBLIOGRAFIA

ARAÚJO, Inês Lacerda. Vigiar e punir ou educar? Educação: Edição Especial:


Biblioteca do Professor- Foucault 3 Pensa a Educação, São Paulo: Segmento, n○ 3, p.
26-35, set. 2007.

LATERMAN, Ilana. Violências, incivilidades e indisciplinas na escola: nem vítimas nem


culpados. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 1999.

MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Manual de História Oral, 3 ed. São Paulo: Loyola,
2000.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão; tradução de Raquel


Ramalhete. 30 ed. Petrópolis: Vozes, 2005.

FONSECA, Selva Guimarães. Didática e prática do ensino de história: Experiências,


reflexões e aprendizados; 4 ed. Campinas: Papirus, 2005.
LE GOFF, Jacques. Documento e Monumento, in: Jacques Le Goff- História e
Memória; Campinas: Unicamp, 1990, pp.525-541.

OLIVEIRA, Maria Izete de. Indisciplina Escolar: Representação Social de Professores


que atuam no Ensino Fundamental da Cidade de Cáceres. São Paulo: PUC, 2002.

MAGALHÃES, Marcelo de Souza. História e Cidadania, in: Martha Abreu e Rachel


Sohier (orgs.)- Ensino de História: Conceitos, temáticas e metodologia; Rio de Janeiro:
Casa da Palavra, 2003.

FOUCAULT, Michel. Ordem do Discurso; tradução de Laura Fraga de Almeida


Sampaio, 10 ed. São Paulo: Loyola, 2004.

Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:


introdução aos parâmetros curriculares nacionais- Secretária de Educação
Fundamental: Brasília: MEC/SEF, 1997.

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